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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS BRUNO JUNQUEIRA MEIRELLES MARCOLINI DAN SANTIAGO VALENTIM GIROTTO PEREIRA DAVID FERREIRA DA SILVA GABRIEL VALDOMIRO MIELNICZKI FONSECA GABRIEL GARCIA SOARES LEONARDO SOARES BRITO PESSOA JURÍDICA: SOCIEDADE SIMPLES CURITIBA 2018 BRUNO JUNQUEIRA MEIRELLES MARCOLINI DAN SANTIAGO VALENTIM GIROTTO PEREIRA DAVID FERREIRA DA SILVA GABRIEL VALDOMIRO MIELNICZKI FONSECA GABRIEL GARCIA SOARES LEONARDO SOARES BRITO PESSOA JURÍDICA: SOCIEDADE SIMPLES Tese apresentada ao curso de Graduação em Direito, Setor de Ciências Jurídicas, Universidade Federal Do Paraná, como requisito parcial à obtenção de nota escolar referente ao 2° bimestre. Docente: Luciana Pedroso Xavier CURITIBA 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 2. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 5 2.1 UMA BREVE RETOMADA HISTÓRICA ................................................... 5 2.2 CONCEITUAÇÃO PROBLEMÁTICA ........................................................ 7 2.3 REGIME JURÍDICO DA SOCIEDADE SIMPLES: CARACTERÍSTICAS ... 9 2.4 RESPOSTAS ÀS QUESTÔES RELATIVAS A SOCIEDADE SIMPLES .... 10 3. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 15 4. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 16 4 1 INTRODUÇÃO O intuito central do trabalho consiste em esclarecer formalmente e materialmente o que é a pessoa jurídica de direito privado intitulada como "sociedade simples". Para esse fim, há de se percorrer um caminho histórico-teórico árduo e denso; contudo, as aparentes dificuldades nos fornecem ao fim do trabalho respostas bem elaboradas e bastante atentas ao dinamismo do direito. No decorrer da redação, fatos históricos e consequências econômicas serão levantadas para o melhor entendimento do conceito de sociedade simples, uma vez que é de observância do grupo a noção de que o contexto socioeconômico de uma época diz muito a respeito do direito dessa mesma época. O Prof. Dr. Alfredo de Assis Gonçalves Neto, docente do Setor de Ciências Jurídicas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi escolhido como o autor base para a elaboração do trabalho. Não obstante, as aulas proferidas pela Prof. Dra. Luciana Xavier serviram de alicerce básico para a formulação do texto. 5 2 SOCIEDADE SIMPLES 2.1 UMA BREVE RETOMADA HISTÓRICA Antes de analisarmos substancialmente o conceito e as características da chamada sociedade simples no ordenamento jurídico brasileiro e na doutrina dominante, cabe retomarmos de maneira sucinta a evolução histórica do conceito de sociedade e, especialmente, de sua variável que constitui o cerne do trabalho, a sociedade simples. Lato Sensu, podemos entender sociedade de diversas perspectivas; na biologia, sociedade designa uma relação harmônica onde os seres, como formigas, vivem juntas e com divisão de trabalho em seu habitat; na sociologia, o termo se refere a um conjunto de pessoas que formam um todo maior do que as partes, possuindo entre elas laços e dependências, as quais, por exemplo, Durkheim chamará de solidariedade; por fim, no senso comum, sociedade pode ser entendido como pessoas que convivem juntas. Nenhuma dessas definições é cabível para delimitarmos juridicamente o conceito de sociedade. Assim, stricto sensu, o conceito de sociedade para o direito tem, antes de tudo, raízes históricas. Voltemos, de início, as Corporações de Ofício surgida na Baixa Idade Média. A necessidade de possuir um símbolo distintivo que conotasse ao trabalho em conjunto que a Corporação realizava foi essencial para a formulação do conceito de sociedade livre; posteriormente, com o desenvolvimento do capitalismo mercantil no Estado Absolutista, em que o Soberano monopolizava o comércio colonial para a crescente burguesia, concebeu-se as chamadas companhias, como a famosa Companhia Holandesa das Índias Orientais, importante no contexto de Ciclo da Cana no Brasil Colonial. Segundo Alfredo de Assis (2004), o excesso de burocracia, o alto custo para se abrir uma companhia e a exigência de aval estatal fez com que surgisse as sociedades de responsabilidade limitada; dessa forma, no século XX, já podemos enxergar no Código Civil de 1916 a delimitação de dois tipos de sociedade que ganharam status de pessoas jurídicas: a sociedade civil, em que se prevalece a relação pessoal em detrimento da relação do capital, voltada para os atos civis e a sociedade comercial, em que se prevalece a relação do capital em detrimento da 6 relação pessoal dos membros da sociedade, se aproximando do conceito anterior de companhias. Com o advento do Código Civil de 2002, os conceitos de sociedade que já estavam enraizados em nossa cultura jurídica, isto é, a sociedade civil e a sociedade comercial foram extintos, sendo substituídos, respectivamente, pelos termos sociedade simples e sociedade empresarial. Nota-se que, segundo Rubia Carneiro Neves (2004), a mudança dos termos não foi somente terminológica, mas também conceitual em muitos aspectos; entretanto, para fins de estudos relacionados somente ao Código Civil de 2002 e as caraterísticas das duas sociedades, podemos utilizar os novos termos como sinônimos dos anteriores, mantidas as devidas ressalvas e proporções. Foquemos agora no surgimento e desenvolvimento histórico do conceito de sociedade simples. O primeiro ordenamento que utilizou o termo foi o Código Federal Suíço das Obrigações, de 14 de junho de 1881. O motivo da existência da sociedade simples, para os legisladores suíços, era a necessidade de formular um conceito genérico, primário, inicial de união contratual de duas ou mais parte na qual outros tipos de sociedades poderiam brotar; assim, as novas sociedades poderiam observar as regras da sociedade simples caso ainda não houvesse uma legislação especial regulando suas atividades. Com a mesma pretensão do Código Federal Suíço, o Código Civil Italiano de 1942, sob a influência da ideologia fascista (já que Mussolini se encontrava na figura de ditador do país) recepcionou a ideia de sociedade simples. Segundo Rubia Carneiro, há um contexto jurídico maior para a formulação da sociedade simples que também foi sentido em âmbito endêmico: Pode-se dizer, portanto, que a sociedade simples surgiu como uma necessidade provocada pelos processos de unificação do direito privado tanto no sistema legal suíço quanto no italiano. [...] No Brasil, semelhante processo de unificação foi pretendido, primeiro com o Projeto de Código de Obrigações de 1965, e depois com o Projeto de Código Civil de 1975 que após ser emendado e reformado diversas vezes, transformou-se na Lei n° 10.406 [...] que trouxe dentre outras inovações, a unificação do Direito Civil e do Direito Comercial num único código. (RODRIGUES, 2004, p.169). Por conseguinte, a sociedade simples pode ser entendida muita mais pela sua evolução histórica, ou seja, a evolução do capitalismo na Europa refletido no capitalismo nacional do que uma formulação filosófica e jurídica de cunho estritamente técnico. 7 2.2 CONCEITUAÇÃOPROBLEMÁTICA No nosso ordenamento jurídico, as sociedades podem ser definidas como o contrato entre duas ou mais pessoas que, em conjunto, detém a responsabilidade de contribuir para o exercício de uma atividade econômica. Posteriormente, a renda gerada por essa atividade econômica será repartida entre os membros em consonância com o contrato previamente firmado. Assim, a ideia de contrato, pluralidade de sócios e fim lucrativos são as bases para entendermos a existência das sociedades como pessoas jurídicas Segundo Francisco Amaral (2017), as Sociedades são pessoas jurídicas (tal como reverberado no Art. 44 do Código Civil de 2002) que visam especialmente o objetivo lucrativo dentre as três ideias expostas anteriormente; por outra forma, o fim de suas atividades se pauta na reprodução sistêmica do modo de produção capitalista via obtenção do lucro que, por sua vez, será reinvestido na produção e - no contexto de financeirização da economia mundial após a Crise de 1973- cada vez mais no mercado de ações. Diferentemente das associações, que são pessoas jurídicas que não visam o objetivo lucrativo, as sociedades necessitam de um patrimônio mínimo para serem criadas e, assim, gerarem lucros. A problemática da conceituação de Sociedade Simples começa na própria exposição do termo no Código Civil em seu artigo 982: Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967) e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa." (Código Civil, 2002, Art. 982). De maneira formal, a distinção entre sociedade empresarial e a sociedade simples nos é apresentada como sendo a primeira titular do exercício de uma atividade empresarial e sujeita ao sistema de registro que a criou e a segunda como possuidora de um objeto diferente da primeira. Como aponta Alfredo de Assis Gonçalves (2004), essa definição é dificultosa na medida que o Código Civil de 2002 não traz a essência da distinção entre os dois tipos de sociedade, a não ser uma definição tautológica que carece de aprofundamento. Evidentemente, há de se tomar consciência que a proposta da sociedade simples no nosso ordenamento é a mesma que a vista no ordenamento 8 italiano e no ordenamento suíço: a construção de um conceito genérico para servir de base a outros tipos de sociedade; dessa forma, parece natural que haja aproximação entre o conceito de sociedade simples e sociedade empresarial, como afirma Assis Gonçalves: Pelo sistema adotado, a sociedade simples, enquanto sociedade modelo, supre as lacunas das sociedades empresárias [...]. Uma observação atenta das disposições do Código de 2002 mostra, de fato, que a disciplina de toda matéria societária é praticamente idêntica, pois, se a sociedade simples é a plataforma de sustentação das outras sociedades, contendo normas gerais a elas aplicáveis, também aquelas se aplicam as disposições do Direito de Empresa, relativa às sociedades empresárias. (NETO, 2004, p. 110). Contudo, a natural aproximação se desmancha e retoma a dificuldade de uma definição exata quando relembramos que a sociedade simples do Código Civil de 2002 também tinha a missão de substituiu a tradicional sociedade civil do Código Civil de 1916; assim, a primeira deveria apropriar a definição da segunda, e não servir somente como base epistemológica para a conceitualização de sociedade empresarial. Rubia Carneiro, citando outro jurista, aponta a falha legislativa na mistura de conceitos: Como adapto dessa crítica, cita-se o Professor Rubens Requião, que fundamenta sua posição contra a introdução das sociedades simples no direito brasileiro com o argumento de que não há quaisquer raízes na tradição jurídica de nosso País, quanto a esse tipo societário. Segundo ele, "seria mais conveniente que o Anteprojeto de Código Civil estabelecesse, como no regimento de 1916, os princípios gerais que presidem as sociedades." (RODRIGUES, 2004, p. 173). A luz da doutrina mais atual e dos artigos 982 e 966 do código civil, podemos encobrir a problemática e conceituar a sociedade simples como uma pessoa jurídica que visa o lucro, mas não pelo exercício de atividade empresarial definida como uma atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, mas sim pelo "exercício de profissão intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa” (Código Civil, 2002, art. 966, parágrafo único). Ademais, o tamanho da sociedade (pequena proporção da sociedade simples e grande proporção da sociedade empresarial) pode diferenciar e especificar a sociedade simples, bem como 9 o nível de diferenciação de funções, uma vez que a sociedade simples tende a ter menos complexificação em relação à sociedade empresarial. 2.3 REGIME JURÍDICO DA SOCIEDADE SIMPLES: CARACTERÍSTICAS Visto a conceituação problemática de sociedade simples, podemos elencar as características desse tipo de corporação que, em larga medida, nos ajudarão a responder as perguntas do trabalho. A sociedade simples tem como pré-requisito para ser constituída o mínimo de duas pessoas; essas, por meio de um contrato escrito, escolhem uma forma particular e uma forma pública. Dessa maneira, os futuros sócios devem registrar a sociedade simples no Cartório de Registro civil das Pessoas Jurídicas da sua sede, tendo como tempo máximo trinta dias após a celebração do contrato autenticado (esse deve estar acompanhado do instrumento de procuração caso algum sócio esteja representado e, soma-se a isso, a prova de autorização da autoridade competente). O contrato em si, como afirma Francisco do Amaral (2017), possui normas do tipo dispositiva, isto é, que podem ser alteradas, sendo que o art. 999 do Código Civil estabelece que é necessário a deliberação unânime para modificar as supra comentadas cláusulas contratuais e no caso de outras cláusulas necessita-se somente de maioria absoluta. O contrato deve ser redigido seguindo as cláusulas prevista no artigo 997 do Código Civil; entretanto, existe uma certa liberdade para que os contratantes estabelecem outras cláusulas caso achem pertinente. Acerca da responsabilidade dos sócios, esses estão, doravante à duração do contrato, obrigados a serem leais e colaborarem com o desenvolvimento da sociedade. Caso o sócio não integralize suas quotas em 30 dias a contar da notificação de cobrança da sociedade, esse poderá ser excluído do quadro societário ou ter suas quotas reduzidas ao montante já realizado, como proclama o caput do artigo 1.004 do Código Civil. Os outros casos de exclusão de sócios se dará mediante a iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente, como reverbera o artigo 1.030. 10 Por fim, a respeito da dissolução da sociedade simples, Rubia Carneiro Neves elenca as possiblidades do ato: São casos de dissolução da sociedade simples, o vencimento do prazo de duração, o consenso unânime dos sócios, a deliberação dos sócios, que em maioria absoluta decidirem dissolver a sociedade de prazo determinado, a uni-pessoalidade, se o mínimo de 2 sócios não for reconstituído no prazo de 180 dias e a extinção da autorização para funcionar, quando for o caso. (RODRIGUES, 2004, p. 184). 2.4 RESPOSTAS ÀS QUESTÔES RELATIVAS A SOCIEDADE SIMPLES Nesse tópico, as respostas estão sintetizadas e sistematizadas;contudo, a base maior delas está contida ao longo do trabalho que, dessa forma, pode ser considerado como fonte subjacente. I. No que consiste o princípio da autonomia das pessoas jurídicas? Em sentido amplo, como as pessoas jurídicas são formadas à semelhança das pessoas naturais, o princípio da autonomia consiste no fato de uma pessoa jurídica, por ser sujeito de direito, poder participar das relações jurídicas sendo titular de direitos e deveres. Agora, em sentido restrito, o princípio da autonomia Patrimonial e de Personalidade das pessoas jurídicas consiste na ideia de que a pessoa jurídica tem um patrimônio próprio e independente de seus membros, bem como personalidade distinta em relação a esses mesmos membros. Dessa forma, o princípio da autonomia das pessoas jurídicas é um dos principais fatores para que um grupo de pessoal físicas registrem uma pessoa jurídica, uma vez que os riscos do negócio para essas diminuem. II. Como se constitui a pessoa jurídica e quais os pressupostos para sua existência legal? Segundo Francisco Amaral (2017), a pessoa jurídica se constitui a partir do processo de personificação de um grupo de pessoas (que se tornarão associações e sociedades) ou de um conjunto de bens (que, por sua vez, se tornarão fundações). 11 O processo de personificação possui quatro vertentes teóricas: a da ficção, a orgânica, a da realidade técnica e a da instituição. Já em relação aos pressupostos para a existência legal da pessoa jurídica, isto é, os pressupostos que o direito posto exige, estão contidos no artigo 45 do Código Civil : Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. (Código Civil, 2002, Art. 45). e também, com um entendimento mais doutrinário, na noção de que a pessoa jurídica só existe pela necessidade de pessoas naturais combinarem forças e recurso com intuito de realizar um objetivo que sozinhas não conseguiriam. III. Onde ocorre o registro de seu ato constitutivo? O registro do ato constitutivo no caso das sociedades simples acontece no Cartório de Registro civil das Pessoas Jurídicas da sua sede, tendo como tempo máximo trinta dias após a celebração do contrato autenticado (esse deve estar acompanhado do instrumento de procuração caso algum sócio esteja representado e, soma-se a isso, a prova de autorização da autoridade competente). IV. Quais as consequências do registro de seu ato constitutivo? No momento em que a pessoa jurídica é registrada, começa sua personalidade jurídica; nos dizeres de Francisco Amaral (2017), podemos elencar 6 grandes consequências; primeiro, forma-se um novo centro de direitos e deveres; segundo, esse novo centro tem interesses, direitos e deveres distintos das pessoas que dele participam; terceiro, o destino econômico e jurídico do novo centro é totalmente diverso do de em seus membros; quarto, a autonomia patrimonial da pessoa jurídica é completa em face de seus membros; quinto, a responsabilidade civil da pessoa jurídica é independente da das pessoas que a formam; sexto, a pessoa jurídica não tem responsabilidade penal. V. Ela é um conjunto de pessoas ou de bens? Explique. 12 A Sociedade Simples pode ser definida como um conjunto de pessoas, assim como as associações. Contudo, enquanto as associações não visam objetivos de natureza lucrativa, a Sociedade Simples tem como fim a atividade econômica, isto é, a obtenção de lucros. Em face do direito posto, o artigo 981 do Código Civil reverbera tal concepção: "Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados." (Código Civil, 2002, Art. 981). VI. Quais as suas principais características? Do ponto de vista estrutural, as características da Sociedade Simples se encontram exaustivamente expostas no ponto 2.2 "Sociedade Simples: Conceituação problemática" e no ponto 2.3 "Sociedade Simples: Características" desse trabalho acadêmico. De maneira sintética, podemos definir formalmente as sociedades simples como o contrato entre duas ou mais pessoas que, em conjunto, detém a responsabilidade de contribuir para o exercício de uma atividade econômica que vise o lucro; dessa forma, são aquelas que têm por objeto o exercício de atividade própria de cunho não empresarial. Segundo o Código Civil, tais atividades próprias são "exercício de profissão intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa” (Código Civil, 2002, art. 966, parágrafo único). Ademais, como dito anteriormente, o tamanho da sociedade (pequena proporção da sociedade simples e grande proporção da sociedade empresarial) é uma das características da sociedade simples, bem como o nível de diferenciação de funções, uma vez que a sociedade simples tende a ter menos complexificação funcional em relação à sociedade empresarial. VII. É possível incluir ou excluir sócios a bel prazer? 13 Não é possível incluir ou excluir sócios a bel prazer, pois há prescrições dos casos em que se pode excluir sócios no Código Civil; a primeira reside na caso em que o sócio não integraliza suas quotas em 30 dias a contar da notificação de cobrança da sociedade, podendo esse ser excluído do quadro societário ou ter suas quotas reduzidas ao montante já realizado, como proclama o caput do artigo 1.004 do Código Civil. Ademais, sócios também poderá ser excluído mediante a iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente, como reverbera o artigo 1.030 do Código Civil. XI. No caso de formação de uma sociedade simples limitada, explique se esta deverá ser registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas ou no Registro Público de Empresas Mercantis. A sociedade simples limitada deverá ser registrada no Cartório de Registro civil das Pessoas Jurídicas da sua sede, uma vez que segundo o Art. 983: A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos Art. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. (Código Civil, 2002, Art. 983). dessa forma, mesmo que a sociedade simples adote um tipo de sociedade empresarial, como a limitada, ela continuará sendo registrada no Cartório Civil. XII. Quais são as principais características que diferem as sociedades cooperativas das demais sociedades, destacando sua importância social. No atual Código Civil, as sociedades cooperativas são um tipo de sociedade simples; segundo Assis Gonçalves (2004), essa se distingue devido a um traço peculiar: é uma sociedade que não tem como fim o lucro, mesmo sendo uma sociedade simples, uma vez que a filiação de sócios se dá pela possibilidade de utilizar-se dos serviços da sociedade para melhorar de vida. Além disso, as regras do artigo 983 não se aplicam às cooperativas e essas são registradas nas Juntas Comerciais mesmo sendo sociedades simples. 14 Dessa forma, a sociedade cooperativa não possui interesse social próprio, sendo a sua importância social, isto é, comunitária. 15 3 CONCLUSÃO A sociedade simples é uma revoluçãoao mesmo tempo que é uma continuidade; com a entrada do conceito no Código Civil de 2002, tentou-se formular uma base germinadora do conceito de sociedade ao mesmo tempo que também houve um esforço para que a sociedade simples tomasse o lugar da extinta sociedade civil. A mistura de conceitos ofuscou e tumultuou o objetivo da sociedade simples. Contudo, devido a alguns artigos do código civil, da ação doutrinária e da jurisprudência, como dito anteriormente, os juristas brasileiros conseguiram conceituar e firmar o lugar da sociedade simples como uma pessoa jurídica de natureza privada no ordenamento jurídico nacional. 16 REFERÊNCIAS RODRIGUES, Frederico Viana. Direito de Empresa no Novo Código Civil – Rio de Janeiro: Editora Forense, 2004. NETO, Alfredo de Assis Gonçalves. Lições de Direito Societário – São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2004. AMARAL, Francisco. Direito Civil: Introdução – São Paulo: Saraiva, 9ª Edição, 2017.
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