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Resumo das Aulas - Fundamentos em Terapia do Esquema de Jeffrey Young

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Curso de extensão: Fundamentos em Terapia do Esquema de Jeffrey Young
Histórico da Terapia do Esquema 
A terapia do esquema surge em 1990 quando Young publica os questionários de avaliação de esquemas disfuncionais e então, apresenta a concepção de esquemas iniciais desadaptativos, esse é um conceito complementar ao modelo cognitivo tradicional dos transtornos de personalidade (Beck e Freeman)
O modelo composto por Beck e Freeman busca levar o paciente a uma reestruturação cognitiva baseada prioritariamente em uma análise racional das distorções cognitivas, dos erros de pensamento desse paciente fazendo com que ele identificasse crença centrais e a partir do momento que ele identificasse a irracionalidade ou a não adaptabilidade dessas crenças para a realidade do paciente, ele poderia refletir sobre isso e modificar. 
Entretanto, o que Young se dá conta é que pacientes com essa característica não conseguem avaliar claramente a irracionalidade das suas crenças, até porque, diferente de pacientes que tem transtornos mais agudos, quando nós estamos falando de transtornos de personalidade, o que ocorre é que o paciente não percebe que ele tem um problema (com exceção dos Borderline, pela carga de sofrimento intensa) os pacientes acham que o mundo é que é injusto com eles.
A TE enfatiza a importância fundamental da relação terapêutica como veículo de mudança para pacientes graves. Historicamente, a terapia do esquema tem crescido tanto como uma terapia em si como uma ideia e concepções terapêuticas que tem contribuído para o refinamento de outros sistemas psicoterápicos, como a própria TCC tradicional para transtornos de personalidade.
A TE é essencialmente cognitiva, o foco central é a cognição, principalmente na concepção de esquema inicial desadaptativo que é uma concepção nova trazida por Young que vai ser englobada pela ideia dos modos esquemáticos que vão englobar vários esquemas iniciais desadaptativos, entretanto, embora seja de base cognitiva, a TE hoje é considerada uma terapia integrativa, ela integra os elementos cognitivos prioritários das TCC’s mas também integra concepções e técnicas comportamentais dos modelos de técnicas de modificação do comportamento, integra técnicas e concepções de terapias emocionais, como os modelos psicodinâmicos e focado nas emoções. Então, a TE é integrativa, fundamentalmente cognitiva, respeitando toda a estrutura de tratamento da TCC (Agenda de sessão, tarefas de casa, descoberta guiada, etc) além disso, mostra-se como uma terapia focada dentro das concepções de terceira onda onde trabalhos como mindfulness, aceitação e compromisso acabam sendo incrementadas dentro da TE tradicional, fazendo com que a sua utilização fique cada vez mais ampla.
Avanços da Terapia do Esquema no Entendimento da Evolução da Personalidade e suas Disfunções
Young, ao trabalhar com transtornos de personalidade, percebeu que a investigação racional de esquemas funcionava para transtornos do eixo I mas não era igualmente poderosa para trabalhar questões mais arraigadas da personalidade, nesse momento, ele começa a fazer as postulações da TE, uma das mais importantes é a ideia de Esquemas Iniciais Disfuncionais.
Necessidades Básicas e Domínios Esquemáticos 
As necessidades básicas fundamentais no desenvolvimento da personalidade e sua vinculação com os domínios esquemáticos propostos na terapia do esquema e, portanto, na teoria da personalidade de Young.
A ideia que revolucionou o entendimento da personalidade dentro das terapias cognitivas nos mostra que no desenvolvimento normal ou patológico da personalidade nós temos 5 grandes tarefas evolutivas (domínios esquemáticos), que ocorrem sucessivamente de modo geral, com algumas interconexões e concomitâncias em alguns desses processos. 
É importante entendermos cada um desses domínios esquemáticos e quais são os tipos de necessidades que os cuidadores precisam apresentar e quais são os tipos de famílias ou contextos ambientais e sociais que tendem a gerar problemas no desenvolvimento dos esquemas iniciais disfuncionais contidos em cada um desses domínios esquemáticos.
A importância do clínico dominar a teoria da terapia do esquema:
· Psicoeducação do paciente sobre os esquemas iniciais desadaptativos
· Validação das necessidades básicas não atendidas do paciente
Dentro dessa teorização, nós temos 5 domínios esquemáticos, e em cada um deles nós temos um número x de esquemas iniciais desadaptativos. Quais são esses domínios e quantos esquemas são constituídos em casa um desses domínios?
1º Domínio Esquemático – conexão e pertencimento afetivo (em alguns lugares descritos como Desconexão e rejeição): o que vai ser gerado na cabeça do nosso paciente quando ele tiver esse problema no seu desenvolvimento? Ele vai ter expectativas de que suas necessidades de afeto, amor, empatia e aceitação não serão supridas ou serão atendidas minimamente. Porque no momento do seu nascimento e desenvolvimento ele precisaria ter uma família que lhe acolhesse, validasse e aceitasse. Ou seja, a necessidade básica fundamental do primeiro domínio é afeto. 
A pessoa que tem problemas nesse primeiro domínio, ou seja, crenças fortalecidas de desconexão e rejeição, vai ter dificuldades na troca afetiva e nas relações interpessoais, mas algumas pessoas apesar de viverem em um ambiente pouco afetivo, não demonstram essa dificuldade, é importante lembrar que existem diferenças individuais herdadas geneticamente quanto ao nível de afeto necessário, que determinará, em boa medida, qual a intensidade da necessidade básica desse domínio que o paciente precisa. Existem pessoas que nascem com uma necessidade de afeto muito maior do que outras, embora todos nós necessitamos de doses de afeto no início de vida. 
Portanto, podemos fazer uma predição de qual é o tipo de ambiente ou família que gerará problemas nesse domínio de desconexão e rejeição. A família geralmente é fria, rejeitadora, abusadora, desconectada da necessidade de seu filho, imprevisível, que não suprem as necessidades básicas de empatia e segurança. 
Dentro desse domínio, nós temos um total de 5 esquemas iniciais desadaptativos que podem surgir, são eles: abandono/instabilidade, desconfiança/abuso, privação emocional, defectividade/vergonha, isolamento social/alienação
 2º Domínio Esquemático – Competência e Autonomia: é o momento onde nós teremos a tarefa evolutiva de se sentir autônomo e capaz de realizar nossas tarefas e sobreviver sozinhos. Sem depender de outras pessoas, isso não quer dizer que eu não possa gostar de ter contato e convivência com eles, só não acredito que eu necessito do outro para conseguir fazer as coisas. Esse domínio, quando gera problemas, são constituídas crenças de pouca ou nenhuma capacidade de sobreviver, de se adequar e se adaptar aos ambientes independente de outras pessoas, ou seja, consigo viver, desde que haja alguma ou algumas pessoas para me dar suporte e me orientar, muitos transtornos de personalidade estão relacionados a isso, e transtornos do eixo I também, indivíduos com transtornos de ansiedade apresentam EIDs do 2º domínio
A necessidade básica do 2º domínio que a família deveria ter oferecido e que o processo terapêutico vai tentar suprir desses pacientes são o olhar de investimento, confiança, incentivo e a valorização desse sujeito enquanto criança e a capacidade de permitir que a criança faça coisas por si só, se aventurando em certo nível. Podemos ver que ter pais amorosos e cuidadosos nos ajuda a passar pelo primeiro domínio esquemático sem nenhum problema, entretanto, pais muito cuidadosos e preocupados hiperprotegem o filho no segundo domínio, e isso acarretará em crenças de incompetência no filho, caso o pai faça tudo para ele “se meu pai faz tudo por mim eu não tenho capacidade de fazer sozinho” a criança precisa vivenciar a exploração do mundo em alguns momentos com suporte, mas de forma autônoma.
Características de famílias que tendem a gerar problemas no 2º domínio: superprotetoras, ansiosas, emaranhadas onde um não consegue funcionar sem o outro, e famíliasmuito críticas que vão destruir a capacidade que a criança tem de acreditar em si mesma. O que nos leva a perceber que a validação é muito importante mas validar é um movimento, deixar a criança ser autônoma e correr riscos é outro, mesmo que ela fracasse, ela vai aprender a lidar com esse fracasso e avançar. Professores são fatores relevantes na vivencia deste domínio esquemático, um professor hipercrítico e que não permite modos alternativos da criança se desenvolver, vão estar minando o senso de competência e autonomia dessa criança.
Nesse domínio de autonomia e competência nós temos 4 esquemas iniciais desadaptativos possíveis de aparecer: o senso de incompetência por dependência, o senso de vulnerabilidade, o emaranhamento e o fracasso.
3º Domínio Esquemático – Limites Realistas (Prejudicados)
Esse domínio funciona como uma fronteira entre os esquemas iniciais desadaptativos mais graves e disfuncionalizantes e os que praticamente toda a população mundial vai ter algum, ou seja, nos quadros e nas patologias mais graves, normalmente se encontram problemas significativos nos dois primeiros domínios e também um pouco no terceiro, no quarto e no quinto domínio (até por serem processos mais cronologicamente distantes do início da vida, são esquemas que culturalmente são muito estabelecidos para cada indivíduo na sua cultura, ou seja, eles muitas vezes apesar de serem EIDs, estão adequados ao contexto, embora possa te causar disfunções e desconfortos importantes
Os EIDs dos primeiros domínios têm efeito mais forte de disfuncionalidade
Esse domínio diz respeito ao momento da vida onde você deveria aprender a introjetar crenças sobre a importância de respeitar limites, sejam seus ou em relação ao relacionamento interpessoal, ou seja, eu posso fazer algumas coisas até determinados pontos e outras eu não posso, por me prejudicar ou por causar prejuízo para outros. A necessidade básica que deveria ser suprida pelos cuidadores nesse domínio são os limites afetuosos, tanto a cultura como métodos educacionais tem influência nisso, em algumas culturas os limites são muito bem delimitados mas de maneira extremamente rígida, em outras se deixa a criança agir por ela mesma e aprender sozinha, o que pode ser perigoso também.
O 3º domínio, quando prejudicado, leva a deficiência de limites internos, ou seja, a dificuldade ou incapacidade de se autocontrolar e autodisciplinar, o que leva a comportamentos aditivos e condutas impulsivas, antissociais e procrastinadoras. Incluindo a dificuldade de respeitar os limites alheios, não conseguindo ser empático, se colocar no lugar do outro e entender sua dor. 
Características das famílias que geram problemas no 3º domínio: permissivas, indulgentes (justificando ou minimizando os erros da criança) ou muito agressivas, punitivas, críticas na imposição de limites. Geralmente é uma permissividade extrema ou uma imposição de limites de forma tão violenta que a violação desses limites é uma forma de libertação para essa criança no seu funcionamento psíquico.
Existem somente dois esquemas iniciais disfuncionais nesse domínio: merecimento (arrogo/grandiosidade) e autocontrole/autodisciplina insuficientes
4º domínio esquemático – Orientação ao outro (Respeito às aspirações e desejos pessoais)
O 4º e 5º domínio são etapas evolutivas bem mais avançadas, já estamos falando de segunda infância, início da adolescência, onde existem muitas variações e pessoas que vão apresentar alguma dificuldade, que geram uma certa caracterização do colorido da personalidade de uma pessoa (Ex: profissionais da saúde que gostam de ajudar os outros, prefere dar do que receber, pensa sempre no interesse do outro, estão relacionados ao esquema de autossacrifício) 
Todos nós temos esquemas iniciais desadaptativos ativados em algum momento de nossa vida, e muitos deles estão extremamente funcionais ao modo como nós vivemos. 
A orientação para o outro já é a forma patológica, já é visto como um problema, pois, o ponto fundamental seria o respeito aos seus desejos, suas aspirações e necessidades, e nós encontramos nos pacientes que tem déficits nesse domínio um foco excessivo no outro, nas solicitações, desejos, necessidades e sentimentos dos outros, mesmo que isso acabe lhe causando prejuízos importantes. Essa orientação para o outro impede o pleno desenvolvimento da personalidade e o prazer nas suas relações interpessoais.
Necessidade básica do 4º domínio: respeito às aspirações e desejos da criança e respeito à individualidade da criança 
A cultura ocidental e boa parte das religiões colocam a questão da aceitação condicional (“eu te amo, desde que..” “você terá possibilidades de redenção, desde que...”) e isso geralmente está relacionado a suprimir suas necessidades ou desejos, é preciso respeitar a individualidade de cada um. 
Características das famílias que geram problemas no 4º domínio: são famílias onde teremos essa aceitação condicional e a criança/adolescente, deverá suprimir e desconsiderar questões e aspectos importantes relacionados ao seu querer, porque eles percebem que se não preencherem as expectativas de seu cuidador, ele poderá ter déficit no amor, aceitação ou no status social.
A orientação para o outro contém 3 esquemas iniciais disfuncionais: auto sacrifício, subjugação (pode ser “só” das emoções ou das necessidades, quando há prejuízos físicos importantes na sua saúde), busca de aprovação e reconhecimento
5º domínio esquemático – Expressão legítima das emoções e espontaneidade (Prejudicado: hipervigilância e inibição)
Ocorre até aproximadamente meados da adolescência, então podemos dizer que o desenvolvimento dos EIDs poderá ser do nascimento até a adolescência, e eles serão ativados e mantidos ao longo da nossa vida, mas existem momentos cruciais para o desenvolvimento de algumas crenças que vão afetar a minha vida ou não. 
Esse domínio é caracterizado pela ênfase excessiva no controle dos impulsos, dos comportamentos, das emoções e como consequência, uma enorme diminuição da espontaneidade e da expressão emocional. De modo geral, a preocupação nuclear na cabeça desses indivíduos é de que o mundo/as coisas não se manterá estável ou desabará, se houver falhas na vigilância, se eu não controlar ao máximo as situações para que elas se mantenham estáveis. O sentimento de felicidade pode ser completamente inibido por elas podem ser consideradas um risco para o controle, então, o comum na caracterização na personalidade de pessoas com problemas de hipervigilancia e inibição, são pessoas extremamente contidas, parecem não expressar ou não modular adequadamente seus afetos nas diferentes situações, e pessoas que tem uma visão bastante pessimista e negativa do futuro, isso faz com que eles tentem se proteger ao máximo.
A necessidade básica do 5º domínio é a validação de todas as emoções expressas pela criança e adolescente. Respeitar e responder as emoções dessa pessoa
Há dificuldades nas sociedades em validar emoções, principalmente as “negativas” como raiva, ansiedade e tristeza. 
O borderline, por exemplo, tem uma desregulação emocional muito intensa porque nunca foi validado nem em emoções positivas e nem negativas.
Características das famílias que geram problemas nesse domínio: invalidantes das emoções da criança, rígidas, controladoras, punitivas, perfeccionistas onde o erro é visto como algo a ser banido, onde coisas prazerosas são vistas como a beira do abismo para o erro e para a vulnerabilidade
Há 4 EIDs nesse domínio: inibição emocional, caráter punitivo, negativismo, padrões inflexíveis
A dinâmica dos dominios esquemáticos é extremamente importante dentro do desenvolvimento da personalidade porque ele demarca momentos cruciais no desenvolvimento da personalidade que marcarão nosso funcionamento ao longo da nossa vida, porque se as necessidades básicas de cada um desse dominio foi devidamente ou insuficientemente supridas, e quais foram os tipos de crenças desenvolvidas para lidar com a frustração ou a incapacidade do mundo/cuidadores/ambiente de suprir essas necessidades. Já quenão tive minhas necessidades supridas, preciso criar algumas crenças e me comportar para me adaptar a essa realidade. Os EIDs contêm as crenças que se formam para lidar com as necessidades básicas não atendidas em cada domínio esquemático
Os EIDs são teleonômicos, ou seja, são adaptativos ou desadaptativos dependendo do contexto de vida, não existe domínio, esquema ou crença certa ou errada, essas foram as melhores maneiras de lidar com as demandas da vida. O EIDs foi adaptativo no momento em que foi gerado, mas a vida avança e as vezes estamos em situações onde essas necessidades básicas poderiam estar sendo atendidas e não estão pelo nosso filtro mental que não consegue captar isso justamente pelas crenças do EIDs.
Os EIDs e os Processos de Perpetuação Esquemáticos
Young se deu conta de que a estruturação básica da cognição e da mente humana se dá em esquemas mentais, como Beck já havia postulado, ou seja, esquemas mentais são estruturas mentais que armazenam crenças e regras que determinam como interpretamos e agimos no ambiente. As regras fazem a junção entre o que eu acredito, que são minhas crenças e o meu comportamento, e é exatamente isso que são os esquemas.
A maioria dos esquemas que Beck postula, podem ser acessados com uma certa facilidade de forma verbal, por um trabalho de busca, de aprofundamento das cognições do paciente. Mas Young, ao avaliar os pacientes com traços mais arraigados de personalidade, se dá conta que algumas cognições não são facilmente acessadas por um questionamento racional, os EIDs então são níveis mais profundos da cognição, que são como grandes temáticas disfuncionais desenvolvidos muito cedo na vida.
Os EIDs são temas específicos desenvolvidos na infância e influenciarão todos os esquemas mentais dos papeis que desempenhamos na vida, e isso já é um novo componente para o entendimento da personalidade, pois além dos esquemas clássicos postulados por Beck que estão relacionados aos papeis que nós desempenhamos, também existem esses esquemas iniciais que vão ser como uma argamassa na constituição da personalidade desde cedo e vão estar constituindo boa parte dos esquemas dos papeis que nós trazemos. Portando Young nos diz que esses EIDs serão temáticas que nos acompanharam pelo resto da nossa vida, a não ser que a gente trabalhe isso em terapia.
A ideia de domínios esquemáticos de Young explica as tarefas evolutivas que o ser humano passa no desenvolvimento de sua personalidade.
São 5 tarefas evolutivas sucessivas, mas não necessariamente uma depois da outra, algumas podem ocorrer concomitantemente em algum momento, e essas tarefas são conteúdos fundamentais no desenvolvimento de toda a personalidade, e passar adequadamente, funcionalmente, em termos de uma personalidade normal ou patológica, dependerá de como os cuidadores/o ambiente forneceu ou não as necessidades básicas.
As necessidades básicas são demandas afetivas, emocionais e relacionais com os cuidadores, que a criança precisa para o desenvolvimento saudável de sua personalidade. 
Esses 5 domínios também sofrem influência do temperamento, ou seja, além da influência ambiental e da aprendizagem que temos ao longo da vida, nós temos uma bagagem genética, que é o temperamento, nossos comportamentos e tendências geneticamente herdados, por ex: maior ou menor grau de agressividade, introversão, etc, mas as aprendizagens ambientais podem mantes, aumentar ou reduzir as tendências herdadas do temperamento
Há diferenças individuais no nível das necessidades básicas requeridas por cada ser humano.
Os cuidadores não podem ter um protocolo fixo de cuidado para todos os filhos, porque cada um deles vai ter uma tendência temperamental que vai impor necessidades maiores ou menores em cada um dos cinco domínios esquemáticos. 
Portanto, o desenvolvimento da personalidade se dá a partir de como vamos passar cada um desses domínios esquemáticos, por exemplo, o primeiro domínio, que diz sobre se sentir amado, aceito e pertencente ao núcleo familiar, se ele ocorrer bem, vai ser porque os cuidadores repetidamente conseguiram dar uma base de afeto muito importante, se essa dose de afeto não for suficiente, ele terá problemas nesse domínio, desenvolvendo um ou mais esquemas iniciais disfuncionais possíveis dentro desse domínio, por exemplo, posso desenvolver o esquema de abandono, que será uma base que influenciará todos os meus demais esquemas, inclusive os esquemas dos papeis. Ex: eu desenvolvo o esquema de pai, e esse EIDs de abandono vai se constituir numa base disso, então esses EIDs, serão constituídos em temas altamente disfuncionais que serão levados ao longo da vida.
Quando dizemos que algo possui uma estrutura, como a mente humana que é estruturada em esquemas mentais, isso nos imprime dois pontos importantes, a ideia da mente como estrutura nos leva a: hierarquia e a processos de manutenção dessa hierarquia. 
Existem esquemas mais prioritários, com maior peso do que outros, e existem processos cognitivos que mantem a estrutura desses esquemas como se fossem caixas empilhadas para que a personalidade mantenha uma certa dinâmica estrutural, caso contrário, seríamos uma pessoa diferente todos os dias. 
Young nos apresenta 3 processos de perpetuação esquemática: resignação ou manutenção esquemática, evitação esquemática e compensação ou hipercompensação esquemática. Esses processos são mecanismos automatizados, na maioria das vezes inconsciente para o indivíduo, que todos nós temos, de manter a estrutura das nossas crenças, ou seja, manter a crença que nós temos em cada um dos nossos esquemas. Esses 3 processos tem uma questão forte com a questão de estratégias biológicas que se utiliza em resolução de problemas quando somos expostos a situações complicadas. Ex: numa situação de risco, podemos ter 3 respostas: luta, fuga ou congelamento, que seriam correlatos dessas ideias dos processos supracitados. 
Esses processos são importantes para a personalidade porque vão explicar a ideia da proteção que nós fazemos às intervenções e vivências do ambiente que ele tem, que vão, de modo geral contra os seus EIDs. Ex: se eu tenho o esquema de abandono e alguém me diz que eu posso contar sempre com ela, embora logicamente isso seja agradável de ouvir, isso se choca com meu EIDs de abandono e isso gera um afeto negativo em mim, ao invés de aceitar isso e tentar reformular o meu esquema, a minha tendência é evitar, desconsiderar essa informação ou mesmo deturpá-la. Se eu não ouço essa pessoa, estou agindo pelo processo de evitação, mas o mais utilizado é o de manutenção, que é quando agimos exatamente de acordo com as nossas crenças, faz com que se eu tenho um esquema de abandono, eu não procure muitas pessoas e vou me isolar, porque antecipo que as pessoas vão acabar me abandonando. Já a hipercompensação é o mais atípico, por ser mais complexo, aparentemente funcionamos de uma maneira oposta ao que o esquema diz, mas inconscientemente o funcionamento nos leva a confirmação do esquema, posso tentar me relacionar com outras pessoas, mas inconscientemente só me atraio por pessoas casadas, aparentemente estou tentando sistematicamente me aproximar das pessoas, mas considerando a escolha que eu fiz, a tendência é de que essas pessoas não consigam manter um nível sólido de afeto, e aí eu confirmo isso.
A teoria advinda da terapia do esquema gera uma teoria integrada da personalidade. Young explica como os esquemas dos papéis tem relação com níveis mais profundos de cognição, que são os EIDs, consegue mostrar as tarefas evolutivas que temos ao longo do desenvolvimento de nossa personalidade, mostrando que a maior parte de nossa personalidade é formada do nascimento até a adolescência, nos mostra a influência da família e dos cuidadores em cada momento do desenvolvimento e nos fala de toda a dinâmica de processos cognitivos, emocionais e comportamentais que utilizamos através dos processos de perpetuação esquemática para mantermos a estutura básica da nossa personalidade, e é justamente nessa estrutura que o terapeuta do esquema vai trabalhar.Portanto o trabalho do terapeuta do esquema é ser um reparentalizador, ou seja, um fornecedor das necessidades básicas desenvolvimentais não atendidas, além de conseguir ser um agente de mudança na medida em que ele vai empaticamente confrontar o paciente com o seu funcionamento e com o resultado que ele acaba tendo no seu dia a dia e nas relações interpessoais, que é onde os esquemas iniciais disfuncionais mais geram prejuízo para todas as pessoas
Os 18 Esquemas Iniciais Disfuncionais ou Desadaptativos (EIDs)
A apresentação dos EIDs para o paciente é feita para que ele esteja psicoeducado para conseguir fazer seu automonitoramento, ou seja, pensar sobre esses processos e tentar identificar, dentro do processo terapêutico quais são gatilhos (situações, relações pessoais, etc) que ativam esses EIDs, quais são os indicadores da forma que esse esquema está sendo ativado e quais são mecanismos para tentar impedir esses esquemas de serem tão ativados.
No primeiro domínio esquemático de desconexão e rejeição, nós temos 5 EIDs
No segundo domínio esquemático de autonomia e competência prejudicados, nós temos 4 EIDs
No terceiro domínio esquemático de limites prejudicados, nós temos 2 EIDs
No quarto domínio esquemático de orientação excessiva para o outro, nós temos 3 EIDs
No quinto domínio esquemático de supervigilancia e inibição, nós temos 4 EIDs
Os esquemas são verdades absolutas para o paciente, crenças estabelecidas desde o inicio da vida, principalmente na tenra infância e são conteúdos que foram construídos e marcados na cognição do paciente por atividades rotineiras e constantes, não necessariamente por situações traumáticas. Na grande maioria, como eles são temas constantes da vida, o EID é formado através de um padrão sistemático irregular de relacionamento interpessoal na infância e na adolescência com os seus cuidadores, amigos, professores, etc. 
É mais pela repetição continua de situações disfuncionais ao longo da infância e adolescência que cada um dos EIDs será desenvolvido. 
Os EIDs tem algumas características, ou seja, são autoperpetuáveis, sem se dar conta, o individuo reforça e acredita em cada um dos conteúdos desses EIDs, por isso, é que não há inicialmente, uma motivação do paciente para modifica-los, por não vê-los como um problema. outra característica é que eles são altamente disfuncionais quando ativados, posso ter um esquema de abandono e ele não estar ativado em determinados momentos da minha vida, portanto, está funcionando bem, mas algumas situações do meu dia a dia podem acionar esse esquema e isso acabar repercutindo de uma maneira disfuncional no meu funcionamento. 
Outra característica é que eles são associados a altíssimos níveis de afeto, é impossível você ter uma ativação emocional significativa sem você ter uma ativação esquemática considerável. Quando os EIDs estão ativados, o paciente vai estar emocionalmente mobilizado, e é isso que nos possibilita flexibilizar esses esquemas.
1º domínio: desconexão e rejeição
Abandono/Instabilidade: é comum em vários transtornos de personalidade, principalmente em border, narcisista, dependente e paranoide. Esse esquema faz com que o paciente tenha a crença de instabilidade ou completa/parcial indisponibilidade dos outros para lhe darem atenção, estarem presentes. Ou seja, há a crença de que a qualquer momento, em qualquer situação, ela pode vir a ser abandonada e isso gera um sofrimento muito grande. 
As pessoas que desenvolvem essa crença de abandono, além de acharem que podem ser abandonadas a qualquer momento, faz com que elas comecem a acreditar que não adianta se aproximar das pessoas porque mais cedo ou mais tarde eu serei magoado, e isso pode acarretar relações de grande dependência e manipulação como relações interpessoais de distanciamento e isolamento.
Desconfiança e abuso: quando o paciente tem esse esquema ativado, a relação terapêutica se torna mais difícil, porque, se o paciente tem a expectativa de que as pessoas irão magoar, trair, abusar, humilhar eles e as pessoas são perigosas e maldosas, você entende que essa pessoa também vai ter essa expectativa em relação a você. O esquema não funciona para uma ou outra pessoa, ele tem uma amplitude de ativação global, se eu acredito que as pessoas abusam, que eu não posso confiar nas pessoas, eu não vou fazer uma diferenciação, vou agir assim de forma generalizada. Isso faz com que o terapeuta precise ter muita calma e cuidado para buscar informações mais privadas, sempre, validando e considerando que o paciente tem uma postura defensiva em relação a possibilidade de abuso. Muitos desses pacientes, na sua infância e adolescência, sofreram situações terríveis, onde não confiar no outro era adaptativo, para que outras formas de maus tratos e danos não fossem vivenciadas naquele momento.
Privação emocional diz respeito a minhas necessidades básicas de afeto, amor, cuidado, apoio, proteção que não foram atendidos e isso fez com que eu acreditasse que eu não posso esperar que as pessoas estejam disponíveis para me oferecer isso, embora, normalmente a privação emocional atinja um nível global, ou seja, tanto na questão de cuidados, empatia ou mesmo de proteção, se faz uma diferenciação porque alguns pacientes que a privação emocional é fundamentalmente de cuidado e apoio, ou seja, em relação a entender e ter empatia ao outro, ele aceita, mas nunca se sente apoiado para se lançar em desafios
Outros vão ser principalmente uma privação emocional de empatia, considerando que ninguém consegue entende-lo, ninguém realmente o compreende em suas dificuldades, ou ainda a questão de privação de proteção, que é quando a pessoa se sente completamente exposta e desprotegida em relação aos outros
Isolamento social e alienação é o esquema mais comum em pacientes esquizoides, onde o contato com outras pessoas é visto pelo paciente como desagradável, intrusivo. É um sentimento de que se está isolado do mundo, de que se é diferente dos outros e não se faz parte de nenhum grupo, mas isso não necessariamente é visto como uma questão negativa, simplesmente eu não preciso dos outros e eles não conseguem suprir minhas necessidades. Portanto, é um esquema inicial não muito comum de identificar no questionário de Young e na entrevista clínica.
Defectividade e Vergonha é o EID se de achar incapaz de ser amado, é uma crença de ser mal, indesejado, inferior, não tem as qualidades mínimas para ser amado pelos outros, ou, que se se expusesse exatamente como se é, não seria aceito pelos outros. Esse esquema é presente em vários quadros, em quase todos os transtornos de personalidade, nos transtornos de humor, alimentares, etc. 
Normalmente o paciente tem uma crença de desvalia muito grande, isso é perceptível em processamentos inconscientes, não só pelos processamentos emocionais muito primitivos, como também pelo próprio relato do paciente. Um dos sinais, ao lidar com essas pessoas, é que todo elogio, toda valorização do paciente é desconsiderada por ele, que não acredita naquilo. Qualquer demonstração de afeto, qualquer exposição de valor desse paciente é vista como falsa “ele ta falando isso porque quer me agradar”. 
2º domínio – autonomia e competência prejudicados 
Esses esquemas prejudicam prioritariamente a ação autônoma e a colocação do indivíduo em situações onde há maior possibilidade de ganhos maiores e avanço em sua vida, seja nas relações interpessoais como no trabalho.
Incompetência/dependência ou seja, a crença de que se eu fizer as coisas por mim mesmo, se eu fizer tudo da forma que eu acho que é correta, isso vai dar problema, ou seja, a estratégias utilizada é fazer as coisas sempre buscando checagem com os outros, ou se sujeita a ordens dos outros para não assumir as responsabilidades exatamente pelo que eu fiz.
Vulnerabilidade é o EID que pode abrir para vários tipos de vulnerabilidade, por exemplo, eu posso ter uma vulnerabilidade a dano e doença, que vai, provavelmente, me vulnerabilizar para transtornos como o do pânico, hipocondria, etc. 
Também pode haver a vulnerabilidade para catástrofes,ruínas, etc. é, na verdade, uma crença de que a qualquer momento as coisas poderão mudar para pior, é um medo exagerado de que uma catástrofe vai acontecer e eu acredito que esse dano virá mais cedo ou mais tarde, então o paciente tenta controlar excessivamente para evitar, adiar, ou se proteger para quando isso surgir.
Emaranhamento ou Self Subdesenvolvido é um esquema bem incomum. Normalmente aparece em pacientes borderlines graves. É um envolvimento emocional excessivo com uma ou duas pessoas significativas, que pode ser os pais, irmão, companheiro ou amigo, onde a simbiose com essa pessoa seja absurda. Os pacientes com isso têm a sua identidade fundida com esse outro, gerando uma dificuldade de se individualizar. Geram, comumente, um sentimento de vazio e de completa desorientação, e até mesmo sintomas de desrealização, de não se sentir na vida real, como se estivesse em um filme ou está vendo a vida de fora, ou de despersonalização, onde não acredita que se é real, que se é uma pessoa. 
Fracasso é o esquema que vai estabelecer a crença de que ele vai inevitavelmente fracassar, em qualquer que seja a área de realização que ele estabeleça. As vezes esse esquema pode aparecer um pouco mais na área do trabalho, mas, sendo avaliado adequadamente, percebe-se que ele está presente na vida familiar, lazer, etc.
Envolve as ideias absolutas para o paciente de que ele não é talentoso, de que se é ignorante, embora os dados de realidade, ou seja, as evidencias mostrem o contrário, o paciente invalida essas evidencias. Por isso o trabalho se concentra no relacionamento interpessoal e na ativação emocional diferenciada.
3º domínio – limites insuficientes 
Os esquemas desse dominio tem uma prevalência bem maior na população geral,
Autodisciplina e Autocontrole insuficientes esses sujeitos tem grande dificuldade ou até mesmo uma recusa franca em exercer o autocontrole e a autodisciplina e, portanto, de imprimir uma certa tolerância à sua frustração, que é a capacidade de postergar a gratificação em relação a tarefas, retornos afetivos, etc., querendo sempre as coisas instantaneamente, sem conseguir medir as consequências de seus atos a médio e longo prazo.
Encontramos esse EID nos quadros de uso, abuso, dependência de substancia e as adiccoes de forma geral, onde as pessoas buscam sistematicamente fontes de recompensa, gratificação ou alivio sem se dar conta das consequências para si e para os outros. Outra característica desse esquema é uma dificuldade em controlar ou refrear a expressão de algumas emoções e sentimentos que podem ser prejudiciais a médio ou curto prazo. A pessoa, que tem esse esquema muito acentuado, vive a vida focalizada numa dicotomia de desconforto e evitamento, ou seja, qualquer situação que me gere desconforto eu vou evitar. É um esquema que dificulta o processo terapêutico, porque para haver modificação, tem que haver desconforto.
Merecimento/Grandiosidade é a crença de que se é superior, não subjugado a regras usuais de reciprocidade que existem na sociedade, são pessoas que apresentam comportamentos arrogantes, presunçosos e dificuldade de reciprocidade e empatia para com os outros. O transtorno de personalidade onde classicamente temos esse EID é o narcisista, onde ele acredita ser superior, e para ele existem regras especiais. 
Esses dois esquemas do terceiro dominio são comuns em todos os pacientes com transtornos de personalidade do Cluster B, ou seja, narcisista, antissociais, Borderlines e histriônicos.
4º domínio esquemático – orientação para o outro 
Esse domínio muitas vezes também funciona como uma maneira condicional, ou seja, eu faço essas coisas como uma forma de não me defrontar com os esquemas mas primitivos, como por exemplo o abandono, privação emocional, abuso e defectividade.
Subjugação é o mais grave desse domínio, por representar uma completa rendição aos desejos e vontades do outro para se sentir garantido e para não precisar tomar decisões, então, o centro da vida é satisfazer os outros e não correr riscos de ser abandonado, negligenciado.
Temos dois tipos de subjugação, a das necessidades básicas do dia a dia, onde existem pessoas que preferem dar o seu alimento para o outro do que comer, ou, se prejudicar para que o outro tenha a sua necessidade suprida e não suprir sua própria necessidade. Essas pessoas acabam tendo muito sofrimento, até porque quanto maior for a sua tendência à orientação excessiva para o outro, quando eles não te suprem minimamente, a tristeza, raiva e frustração chega para essa pessoa com grande intensidade.
A subjugação das emoções, ocorre quando eu só expresso as emoções que eu acho que o outro suporta, se eu mostrar todo o meu descontentamento, ou minha alegria, se eu suponho que o outro não suporte isso, eu guardo para mim e não compartilho. 
Auto Sacrifício é muito comum nos profissionais da área da saúde. Consiste na crença de que é fundamental fazer uma satisfação voluntária para evitar a possível dor, critica ou culpa de ter sido egoísta e não ter considerado a vontade do outro. Existem religiões e culturas onde esse é um grande princípio de se viver, portanto, quando isso vai muito além, é um esquema.
Busca de aprovação e reconhecimento consiste em uma ênfase excessiva em busca de aprovação e atenção por parte dos outros, algumas vezes por outros específicos mas muitas vezes é generalizado, o sentido de autoestima e autoconceito da pessoa, ao invés de estar vinculado com as suas próprias inclinações naturais, seus próprios anseios e necessidades, ele fica muito mais voltado à consideração e ao feedback que terceiros lhe dão, e, portanto, esse comportamento de buscar um reforço constante, é bem típico, apesar de gerar um prejuízo e um desgaste energético muito acentuado
5º domínio – supervigilância e inibição emocional afetiva
É um domínio muito centralizado na ideia de que as pessoas vão errar, e portanto, vao ser punidas pelo erro, dessa maneira, é mais importante controlar a realidade do que expressar as coisas naturalmente e ser espontâneo.
Negativismo/pessimismo consiste em uma pessoa com o foco, a atenção, voltada aos aspectos negativos da sua vida e do seu dia a dia, a distorção cognitiva de inferência arbitrária e abstração seletiva estão muito presentes quando esse EID está presente. A pessoa antecipa e justifica todos os atos que não ocorreram exatamente como ele queria de uma maneira negativa, e tende a enfatizar em todas as situações os pontos negativos, mesmo que eles sejam menores em relação aos positivos.
Vai haver um foco minimizado nos aspectos positivos e uma expectativa de que as coisas naturalmente ocorrem mal, não evoluem de uma maneira positiva. Encontrado nos transtornos de personalidade paranoide e TPOC.
Inibição emocional, é um esquema que deve ser trabalhado logo na terapia, para fazer com que o paciente consiga validar, se conectar e expressar ao máximo as suas emoções no setting terapêutico, se não, não haverá ativação emocional, que é o que nos leva para as origens dos EIDs.
Esse esquema consiste em uma hiperinibição da ação espontânea, do sentimento e da comunicação das coisas que lhe agrada, buscando com isso, basicamente, garantir um senso de controle e de segurança e de que não vai cometer erros
Normalmente as emoções mais inibidas são as negativas, dentre essas, principalmente a raiva, e a tristeza também. Mas pode haver uma inibição emocional de todas as emoções, a pessoa sente mas não expressa, a pessoa controla compulsivamente a fim de garantir racionalidade sobre a sua vida
Padrões inflexíveis/ hiperresponsabilização consiste na crença de que a pessoa deve se esforçar para atingir padrões ultra elevados de comportamento e de desempenho e isso pode ser desde o trabalho, dinheiro, até mesmo a questões internas, em relação ao que eu posso pensar, sentir. Se caracteriza, por um perfeccionismo excessivo, regras extremamente rígidas, principalmente em termos morais e éticos, para consigo e com os outros também, e preocupações com o tempo, eficiência, lucratividade. 
Quando esse esquemaestá ativado, a capacidade de ser espontâneo, de dar atenção aos desejos e respeitar alguns de seus impulsos fica completamente suprimida por essa tentativa de manter o controle das situações e se manter acima de um nível mediano de funcionamento. A procrastinação é um dos sintomas das pessoas com esse esquema, porque, enquanto o seu trabalho ou as condições para iniciar o trabalho não estão suficientemente boas, ele não inicia, e isso faz com que as coisas demorem muito tempo para serem realizadas. 
Caráter punitivo é a crença de que as pessoas deveriam ser severamente punidas por cometerem erros, é uma intolerância contra o erro, contra qualquer questão que vá contra o código moral ou o padrão vigente de comportamento ou de relacionamento. O nível exagerado de exigências que o paciente tem com ele, tem com os outros, se autocritica e autodeprecia e faz isso com os outros também
O paciente que tem TPOC é duro com o outro não por um sadismo em si, mas sim para que o outro aprenda e não cometa mais o erro, a intenção é louvável, mas o impacto que ele causa para os outros é destrutivo. Por isso é importante diferencia-los dos Antissociais
Esses 18 esquemas também representam formas globais do modo como o paciente foi tratado na sua infância e na sua adolescência. O quarto domínio, comumente é a expressão do que nós chamamos dos pais punitivos e exigentes internalizados
O Processo Diagnóstico e a Avaliação dos EIDs na TE
No processo terapêutico que se dará em duas grandes etapas, a etapa inicial é de avaliação e psicoeducação do paciente sobre seu funcionamento e a etapa de mudança, onde as principais técnicas serão utilizadas no paciente. No primeiro momento, trabalhamos com o paciente para conseguir ter uma visão global desse paciente, no sentido de entender o seu funcionamento atual e qual é a relação desse funcionamento atual com as suas vivencias infantis e adolescentes.
A teoria por trás da TE nos diz que ao longo do nosso desenvolvimento, nós passamos por 5 grandes etapas de desenvolvimento, que são os 5 domínios esquemáticos, em que, em cada uma dessas tarefas evolutivas, em cada um desses 5 domínios esquemáticos, nos podemos vir a desenvolver ou não EIDs caracterizados por eles. Ex: se meus cuidadores não conseguiram suprir minhas necessidades básicas de aceitação e pertencimento no primeiro domínio, eu poderei desenvolver o esquema de abandono, que seguirá comigo ao longo da vida. Portanto, nas primeiras entrevistas com o paciente, é importante atentar-se ao modo do paciente lidar com a gente, para conseguirmos chegar a um diagnóstico. A utilização de instrumentos também é importante, na TE, Young criou 3 grandes questionários, o questionário para os EIDs que tem várias versões, o questionário de estilos parentais, que nos dá fortes indicadores de quais cuidadores foi mais influente na geração de EIDs, ex: a mãe pode não ter suprido adequadamente as necessidades do paciente no primeiro domínio, e o pai sim, porem no segundo domínio o inverso pode ter ocorrido. Essa dinâmica é importante até posteriormente, para os trabalhos de imagens mentais ou de recuperação de situações do passado vivenciados de maneira muito dolorida para o paciente e que até hoje, de alguma maneira, acompanha o paciente no seu dia a dia.
Muitas vezes os processos de perpetuação de esquemas, como por exemplo, processos de evitação esquemática podem fazer com que o paciente pontue baixo em EIDs que pela avaliação clínica, se esperaria que a pontuação fosse alta.
No momento do processo diagnostico e avaliação, você já vai entrar automaticamente com um dos mecanismos mais importantes da TE que vai acontecer durante todo o processo, que é, ao psicoeducar o paciente, trabalhar com a validação dessas emoções negativas que o paciente tem, mas, fazendo o perceber que esse EID hoje gera emoções desconfortáveis para ele, mas ao ser desenvolvido ele foi construído porque ele foi necessário, foi o melhor que ele pode fazer naquele momento para conseguir se adaptar. Só que o que foi válido lá atrás, hoje em dia não precisa mais ser da mesma maneira, e é essa a postura que o terapeuta vai ter, validando o esquema inicial e poder convidá-lo a repensar isso e a reviver esses esquemas para que na atualidade esses esquemas possam perder sua valência e outros esquemas mais adaptativos possam substitui-lo ou coexistir junto com o antigo. Pela confrontação empática levar o paciente a repensar novas formas de lidar com os contextos de vida atuais.
Pacientes altamente refratários ou com transtornos caracteriológicos, tem os seus EIDs extremamente enraizados e, de modo geral, visto por eles como naturais, verdadeiros e legítimos, portanto, não vai ser de um momento para o outro que vamos apresentar isso para ele e mostrar a necessidade instantânea de modificação, porque isso vai ser visto por ele como mais uma pessoa no mundo que não entende, não fornece as necessidades que ele tem, portanto, deve ser mais uma pessoa a ser evitada ou combatida, e é fundamental que a relação terapêutica seja solida, porque é dentro da relação terapêutica que os terapeutas começam a funcionar como repaternalizadores limitados, ou seja, fornecedores de afeto, de limites, de confiança, para que o paciente possa se lançar em experimentos novos, sejam comportamentais, cognitivos ou afetivos.
O Inventário Young dos EIDs, O Inventário Young dos Estilos Parentais, O Inventário Young nos Estilos de Enfrentamento
Os inventários de Young são utilizados para trabalhar e investigar questões relativas aos EIDs, bem como as questões relacionadas aos cuidadores, ou seja, aos estilos parentais que influenciaram no desenvolvimento dos EIDs.
Os inventários de Young são, prioritariamente para ser respondido com base no que aquilo gera para o paciente emocionalmente, ou seja, o mais importante é como ele percebe isso emocionalmente e não racionalmente. 
Às vezes, ao responder o questionário, mecanismos defensivos do paciente como processos evitativo, podem fazer com que ele leia essas afirmativas e interprete de maneira errônea, e isso faz com que ele dê notas baixas para essas afirmações. 
No questionário longo, há uma sequência de questões, todas relacionadas ao mesmo EID, ou seja, você responde 10 questões uma atrás da outra que dizem respeito ao mesmo conteúdo, o que pode gerar uma tendenciosidade do sujeito ao responder, portanto, o que nós temos mais comumente utilizado é a forma reduzida, com 90 questões.
O questionário de esquemas nos permite fazer uma verificação de várias hipóteses do funcionamento do paciente e na formulação de caso. É recomendado que ele só seja aplicado a partir da 2ª sessão em diante, porque, dependendo do grau de sofrimento do paciente, ler essas afirmativas pode gerar um nível de sofrimento maior, ativar EIDs e pacientes mais graves, como transtornos de personalidade, consideram o questionário em si como uma agressão que o terapeuta está fazendo a ele.
No levantamento de respostas dos inventários Young, consideramos que um EID está ativado no paciente se a média do EID seja igual ou superior a 4,5. Mas as vezes temos um paciente grave, onde vários esquemas estão ativados, mas só tem um ou dois EIDs ativados, isso acontece porque as vezes o paciente tem alguma dificuldade de pontuar alto nessas questões pelo seu funcionamento. Quando isso ocorre, fazemos uma análise qualitativa, avaliamos, dentro do bloco dessas 5 questões, se ele tem pelo menos uma resposta 5 e 6 e você já considera aquilo como possivelmente ativado e conversa com o paciente sobre essas questões, porque pode ser que ele tenha interpretado erroneamente alguma afirmativa onde ele pontuou baixo, até mesmo pelos seus processos defensivos, que não lhe permitem pontuar alto em todas essas questões.
Além desse questionário, temos o questionário de estilos parentais, o de estilos de enfrentamento e o de modos esquemáticos.
O de estilos parentais tem como função explicar ou buscar através de afirmativas, descobrir qual ou quais dos cuidadores foram mais responsáveis pelo desenvolvimento dosEIDs, em termos de quantificação, também se utiliza o princípio da média 4,5, mas nesse caso é ainda mais importante se fazer uma análise qualitativa dos dados, porque as vezes o paciente demonstra uma ativação esquemática importante, do EID de abandono, por exemplo, mas no questionário isso não aparece, mas você vê que tem uma ou duas questões altamente pontuadas para um dos cuidadores, as vezes, além dos cuidadores, irmãos, professores, babás, podem ser pessoas muito influentes no desenvolvimento de EIDs.
Os modos esquemáticos são formas de funcionamento que englobam diversos EIDs e estilos de enfrentamento do paciente, esses modos são uma linguagem mais moderna, onde, se fossemos psicoeducar os pacientes para cada um dos EIDs, levaria muito tempo e isso seria pouco proveitoso e intelectualmente demandante para o paciente. Os modos esquemáticos são mais fáceis de identificar.
No questionário de modos, nós temos afirmativas que vão fazer com que o paciente identifique quais desses modos ele tem, existe o modo criança, que são criança vulnerável, zangada, impulsiva, feliz, tem os modos dos pais disfuncionais internalizados, que são pai e mãe punitiva e hiperdemandante, além desses, temos os modos desadaptativos de enfrentamento, onde temos 3 modos, o modo protetor desligado (estar desconectado com o mundo, funcionamento robótico, é onde ocorre maior resistência a terapia, evita o contato com emoções desagradáveis), o modo captulador complacente é um modo de subjugação do paciente às demandas externas, onde o paciente aceita todas as demandas e não expressa suas vontades a fim de evitar maus tratos, e o outro modo de enfrentamento desadaptativo é o hipercompensador, que abre para uma gama enorme de comportamentos hipercompensadores, tem a função de fuga de emoções negativas e podem aparecer em diversos formatos, ex: ataque, racional, manipulador, controlador... é uma forma de agir, aparentemente, de modo inverso ao que o EID dita, mas que, no final das contas, como todos os modos desadaptativos, vão acabar confirmando e solidificando os EIDs do paciente. O modo que a terapia do esquema mais busca desenvolver é o modo adulto saudável
O questionário dos modos nos ajuda a identifica-los e tem uma função de auxiliar os terapeutas a ensinar os terapeutas sobre esses modos, só que normalmente ele já é trabalhado posteriormente ao processo inicial de psicoeducação do paciente.
Os questionários de estilos de enfrentamento, os estilos que são avaliados nesse questionário são os evitativo e a compensação esquemática, ele tenta mostrar quais são os mecanismos de evitação de confrontação com os EIDs que o paciente utiliza, e os mecanismos que o paciente utiliza para tentar compensar algumas das suas ativações esquemáticas.
A Psicoeducação na Terapia do Esquema 
A psicoeducação é uma ferramenta fundamental na TE, que é o processo completo de ensinar o paciente o seu funcionamento, na TCC tradicional a psicoeducação é um dos processos mais importantes para a melhora global do paciente e para a adesão do paciente ao tratamento.
Em primeiro lugar, na TCC tradicional e na TE, psicoeducamos o paciente quanto ao funcionamento do tratamento, onde, explica-se para o paciente a importância da sua cooperação no tratamento, assim como a importância de que o tratamento não fique restrito a apenas uma ou duas consultas semanais com o terapeuta, na verdade, a ideia central da psicoeducação sobre o tratamento é mostrar para o paciente que quanto mais ele fizer as tarefas de casa e os processos combinados no tratamento fora da sessão, mais rapidamente ele conseguirá se apropriar das tecnologias do processo terapêutico para a sua vida.
A ideia é que o paciente faça o processo psicoterápico consigo todos os dias na maior parte do tempo que ele puder fazer isso, assim, com mais brevidade, ele se transformará no seu próprio terapeuta e o processo de alta será mais rápido. 
Na psicoeducação se trabalha a psicoeducação sobre o tratamento, onde, além dessas questões da aliança terapêutica e do comprometimento do paciente, se explica as relações entre os eventos que ocorrem na vida, as emoções que são geradas por essas situações, mas que na verdade não são situações que geram esse processamento emocional e sentimental mas sim a interpretação que fazemos dele, e nesse sentido, a TE é herdeira da TCC tradicional no seu pressuposto filosófico do estoicismo, onde não sofremos pela coisa em si mas sim pela representação que fazemos dessas coisas. 
Então, mesmo na terapia do esquema é muito importante psicoeducar o paciente sobre a importância do monitoramento dos seus pensamentos para que se consiga controlar tanto os estados de animo, sentimentos e emoções, quanto os comportamentos decorrentes desses estados. 
Também é importante ensinar o paciente sobre sua patologia e ou seu funcionamento mental, e é nesse sentido que a TE, vai se diferenciar da TCC tradicional, que basicamente explica para o paciente o processo de distorções cognitivas que geram pensamentos automáticos muitas vezes disfuncionalizantes, já na TE, a psicoeducação se dá de maneira mais complexa, na medida em que vamos mostrar para o paciente os seus EIDs, os modos esquemáticos, seus estilos disfuncionais de enfrentamento das situações e mostrar todos os comportamentos e processamentos emocionais que esse paciente utiliza na busca inconsciente de confirmar, perpetuar os seus EIDs. 
Portanto, o componente principal na TE, além de explicar o processo terapêutico e dar uma noção sobre a patologia e as dificuldades especificas que o paciente tem, é poder ensiná-lo a respeito dos seus EIDs, é importante frisar que isso não é uma aula onde nós descrevemos os EIDs, em primeiro lugar, a psicoeducação visa fazer o paciente conseguir entender quais são as crenças que foram desenvolvidas na sua tenra idade (na infância e na adolescência) que hoje são vistas como verdades incondicionais e absolutas mas que não necessariamente são vistas dessa maneira por outras pessoas, então o paciente começa a ter uma noção de que esses EIDs são espécies de filtros que fazem com que eles percebam a realidade externa e a sua realidade interna, de uma maneira muito característica e, infelizmente, muito disfuncional nas relações interpessoais ou mesmo geradoras de muito sofrimento para ele. 
Então, explica-se os EIDs, mas sempre demarcando uma postura de aceitação e validação, ou seja, embora esses esquemas sejam altamente disfuncionais e geradores de sofrimento para o paciente atualmente, quando eles foram desenvolvidos lá atrás, na verdade eles foram adequados, ou seja, foram crenças que se montaram a partir de uma tentativa de adaptação ao ambiente que se encontrava lá naquela época, ou seja, na sua origem, os EIDs foram crenças adaptativas, pois eles permitiram a adaptação daquela criança e adolescente ao contexto ambiental, social, de relações interpessoais em que ele estava inserido, então, podemos mostrar para o paciente que de acordo com o seu ambiente infantil, da relação que ele tinha com os seus cuidadores. Hoje, como adulto, o paciente gostaria de funcionar de outra maneira mas não consegue, porque aquela crença é acionada constantemente, sem que ele se dê conta, ou seja, embora hoje a realidade externa, talvez levasse a até novos esquemas serem mais adaptativos, aquele EID da infância tem um peso de ativação muito maior.
O psiquismo humano funciona dentro de um princípio de economia psíquica, onde o que eu aprendi, as crenças que eu estabeleci que foram utilizadas desde a minha infância até hoje, para que eu os modifique ou substitua-os, isso requer um nível energético muito grande, porque modificar um esquema é mudar, as vezes, uma organização muito bem montada de diversos esquemas mentais, disfuncionais que a pessoa tem na sua dinâmica do dia a dia, portanto, a modificação de uma crença pode representar a necessidade de modificação de diversos conteúdos e do peso hierárquico que vários outros esquemas, por isso é tão difícil a mudança mental. Esse princípio de economia, de manter algoque funcionou por um tempo da mesma maneira hoje em dia, mesmo que os resultados não sejam tão bons agora, ele é muito forte, e isso precisa ser explicado para o paciente, porque caso contrário, um grande risco que se tem nesse processo da psicoeducação é o paciente ver isso como uma crítica do terapeuta ao seu funcionamento.
Nós explicamos os EIDs, mostramos possíveis bases e gênesis disso, mostramos como isso foi adaptativo lá atrás, mas como hoje esses esquemas geram prejuízos importantes. Também é importante mostrar quais são os contextos de vida atuais dele que fortalecem esse esquema, porque é natural que busquemos coisas que sejam coerentes com o que acreditamos, por mais que essas coisas e crenças podem ser sofridas para nós, e apontar para ele coisas que possam desconfirmar isso. E mostrar contextos onde esses EIDs tendem a ser ativados
É importante mostrar para o paciente quais são os EIDs de maior peso para ele, os que mais comumente são ativados e que geram maior carga de afetos negativos, isso é mostrado a partir dos resultados do questionário de esquemas e o de estilos parentais, então, vai se mostrando para o paciente quais foram os EIDs que apareceram nesses questionários e pedindo feedbacks para ele. Quanto mais o paciente tiver a descoberta guiada de seus EIDs, melhores serão os resultados. É preciso avaliar quais foram os gatilhos lá de trás de sua vida, situações que provavelmente ativaram e geraram esses EIDs e quais são as situações da vida atual dele que confirmam e que também funcionam como gatilhos importantes, porque quando ele começar a sentir cargas afetivas muito fortes, ele vai poder se monitorar, e só o fato de se dar conta disso já se permite que muitas vezes o paciente consiga filtrar seu nível de reação emocional e aumentar a habilidade metacognitiva.
É preciso mostrar para o paciente quais são os padrões de funcionamento dos EIDs na sua vida no dia a dia, que pode ser tanto nos termos dos tipos de cognições (seus pensamentos), quais são os tipos de processamento emocional (emoções e sentimentos mais comuns que ele tem nessas situações) e quais são os tipos de comportamento que ele utiliza.
So pelo processo de psicoeducação o paciente consegue se sentir entendido pelo terapeuta, validado nos seus sentimentos e funcionamento e principalmente, podendo diminuir o nível de crítica que esse sujeito tem consigo próprio
A psicoeducação eficaz vela o paciente a aceitar suas vulnerabilidades oriundas de necessidades emocionais básicas não atendidas no seu desenvolvimento. Há se se psicoeducar o paciente sobre o uso da relação terapêutica como mecanismo de mudança.
O Processo Terapêutico - A Confrontação Empática - A Repaternalização Limitada 
Na TCC tradicional, o processo terapêutico é totalmente baseado na ideia de uma descoberta guiada conjuntamente com o paciente das suas principais distorções cognitivas e, consequentemente, dos erros de pensamento e dos pensamentos automáticos disfuncionais oriundos desse processo. 
Na TE, embora esses processos supracitados sejam utilizados, eles se mostram insuficientes para dar conta de toda a complexidade de pacientes graves. Para Young, a relação terapêutica é o veículo mais importante a ser utilizado para dificuldades mais arraigadas, na TE é fundamental que a relação terapêutica seja o veículo mais importante para as mudanças terapêuticas. O terapeuta do esquema explicita os padrões relacionais do paciente, dentro e fora do setting terapêutico, ou seja, a partir da relação terapêutica o paciente pode se dar conta do padrão relacional que ele tem com o terapeuta é o mesmo que ele tem em suas relações fora do campo terapêutico, e é nesse campo das relações que se encontram a maior parte dos problemas (em pacientes com transtorno de personalidade e mais graves)
O processo terapêutico na TE engloba técnicas comportamentais, cognitivas e experienciais-relacionais, e nessa última técnica, estão incluídas a confrontação empática e a repaternalização limitada, ou seja, as técnicas relacionais são o conjunto de técnicas envolvidos na relação paciente-terapeuta que vai ocorrer tanto no setting terapêutico quando, em alguns momentos, fora. 
Utilizando os princípios da repaternalização limitada e da confrontação empática, conseguimos, ao longo do tratamento, modificar os padrões globais de relacionamento do paciente, sejam eles os que ocorrem na própria relação terapêutica, seja o que vai começar a ser percebido fora do setting terapêutico.
Repaternalização limitada é uma postura terapêutica onde o terapeuta, tendo feito um diagnóstico e conceitualização de caso, identifica quais as necessidades básicas que não foram adequadamente supridas nesse paciente, ou seja, em quais domínios esquemáticos esse paciente encontra suas maiores dificuldades e, a partir disso, o terapeuta vai repaternalizar o paciente, ou seja, vai funcionar como uma figura de afeto, uma figura relacional que tenta suprir aquelas necessidades que não foram adequadamente supridas pelos seus cuidadores na infância e na adolescência. 
É importante diferenciar a repaternalização da repaternalização limitada, por exemplo, se eu tive problemas no meu segundo dominio de competência e autonomia prejudicados, onde meus cuidadores deveriam ter me passado confiança, me dado valor e espaço para eu fazer mais coisa, a função do terapeuta não é me incentivar a fazer coisas que eu não fiz no passado, porque isso é assumir o papel do pai ou da mãe.
Repaternalização limitada é fornecer necessidade de uma maneira adequada para o momento de vida que o paciente tem hoje, então, se o paciente tem o problema supracitado, é importante que o terapeuta possa valorizá-lo, incentiva-lo a ações que o paciente deseja ter, estando sempre no papel de terapeuta.
Se eu for um terapeuta que tenho uma inibição emocional, ou seja, dificuldade de expressar as emoções e afetos de uma maneira adequada, provavelmente eu vou falhar ao tentar fazer a repaternalização limitada.
Então, na repaternalização limitada, seria a postura terapêutica desde o modo de olhar o paciente e validar seu sofrimento, para fazer um fornecimento das necessidades básicas não atendidas, com isso, conseguimos o que chamamos de cura esquemática, que é a diminuição da ativação de EIDs, na medida que novos esquemas adaptativos vão se formando ou se fortalecendo.
A confrontação empática faz com que se consiga vencer “estagnações” no processo terapêutico. O sentimento e os processos defensivos e até hostis, são validados, mas ao mesmo tempo, mostramos que, embora estejamos entendendo, há a necessidade de mudança. 
Exemplo, o paciente Borderline que fica se lamentando, dizendo que a vida foi injusta e que as pessoas abandonam ele, o terapeuta então desafia o paciente a buscar soluções e novos modos de vivenciar e interpretar a sua realidade.
A confrontação empática é o estilo comunicacional do terapeuta que, se por um lado valida o sentimento, por outro tem um quê provocador, de sacudir o paciente para que processos de mudança e foco na resolução de problema venham a acontecer, caso contrário, a terapia se transformar num processo prioritário de ouvir o sofrimento e as confirmações dos EIDs que o paciente vai ter ao longo da vida.
O terapeuta diz ao paciente que faz sentido ele se sentir dessa forma, mas que ele precisa fazer coisas diferentes para poder sentir diferença na sua vida e amenizar o sofrimento, e essas coisas são experimentos comportamentais, relacionais e trabalhos imagísticos. 
Com a confrontação empática, conseguimos vencer os processos de enfrentamento disfuncionais do paciente, que são o protetor desligado, o captulador complacente e os hipercompensadores. Se o paciente entre nesses processos de uma maneira muito intensa, ele fica se justificando ou desconectado. Quando o paciente está com o protetor desligado (não sei, não queria vir para a sessão hoje, e foge do assunto), o terapeuta precisa dizer que entende o funcionamento e o sentimento, consegue perceber que o paciente não deve estar se sentindo muito bem naquele momento,mas vai mostrar para ele que acredita que isso seja o próprio processo do protetor desligado atuando e falando da importância de ir em frente apesar do desconforto, para que as metas estabelecidas possam ser concretizadas.
A confrontação empática é um movimento fundamental, principalmente naqueles momentos terapêuticos onde existe estagnação, uma resistência muito forte, e percebemos que o processo terapêutico está estagnado. 
A confrontação empática e a repaternalização limitada são utilizadas em todas as sessões, e através delas, o terapeuta consegue suprir as necessidades básicas e diminuir a ativação dos EIDs
O Trabalho com os modos esquemáticos para casos refratários e graves transtornos de personalidade
 O trabalho com modos esquemáticos surge como uma tentativa de dar conta do trabalho de avaliação e psicoeducação com os pacientes, principalmente os mais graves, onde, explicar cada um dos EIDs e todas as nuances de estilos de enfrentamento é uma tarefa muito cansativa e de difícil memorização no dia a dia.
O modo de esquema é um conjunto de esquemas ou operações dos esquemas – adaptativos ou desadaptativos – que estão ativados no indivíduo em um dado momento da vida, gerando um modo de ele funcionar, pensar, sentir e se comportar.
O modo é um conjunto de emoções, cognições e comportamentos específicos que o paciente apresenta em um determinado momento.
O modo é o estado predominante em um determinado momento. Incluem sentimentos, enfrentamentos, cognições e reações saudáveis que experimentamos, mudamos para modos desadaptativos quando necessidades primordiais não são cumpridas e os esquemas são acionados, o modo vem para compensar essa necessidade básica do desenvolvimento que não foi atendida.
Os modos esquemáticos funcionam como tentativas do organismo em lidar com as frustrações advindas do não preenchimento de necessidades básicas do desenvolvimento, mas que ocorrem ainda no dia a dia nas relações interpessoais desse indivíduo.
Quando nós utilizamos o trabalho com modos esquemáticos em detrimento ao trabalho com a psicoeducação e o trabalho com cada um dos EIDs?
Principalmente quando um grande número de EIDs estiverem ativados ao mesmo tempo no paciente, o que vai acarretar, naturalmente, uma forte resistência ao processo psicoterápico por esse paciente, portanto, a gente deduz que pacientes com transtornos graves de personalidade, assim como aqueles pacientes mais refratários, possivelmente essa terminologia dos modos vai ser mais útil e mais viável de ser trabalhado com esses pacientes. 
Outra questão é que quanto mais autopunitivo e autocrítico esse paciente for consigo próprio e com as outras pessoas ao seu redor, porque esse funcionamento tende a indicar o modo pais hipercríticos ou pais punitivos internalizados, que são dois modos que tem que ser fortemente combatidos e que, através da linguagem dos modos, o paciente consegue entender que isso não é simplesmente o seu jeito de ser, ele entende que isso foi aprendido ao longo de seu desenvolvimento e que lhe causa um prejuízo significativo.
Portanto, se trabalha com modos quando o paciente tem um número grande de EIDs acionados, quando o paciente é refratário e resistente, e quando o paciente tem o modo pai e mae hipercrítico/punitivo internalizado. 
Existem 4 grandes categorias de modos esquemáticos: 
Modos inatos da criança que consiste em tentar obter as suas necessidades básicas, de afeto nas suas relações interpessoais, portanto, eles nunca podem ser combatidos, precisam ser validados, mas pelo processo de confrontação empática e descoberta guiada, levar o paciente a avaliar se não tem algum outro modo (adulto saudável ou até mesmo criança vulnerável) mais adaptativo para obter essas necessidades), dentro dos modos inatos da criança, temos 4 modos, o principal deles é o criança vulnerável
O modo criança vulnerável se apresenta pela vivencia de sentimentos disfóricos, desconfortáveis, geralmente ansiosos ou depressivos, quando os EIDs são ativados. A criança vulnerável, na verdade, é a expressão de suas necessidades não atendidas na infância e adolescência, e onde a tristeza, o desconforto, o medo e o desamparo acabam aparecendo de uma maneira muito sistemática e o paciente tende a demonstrar a sua necessidade de afeto, validação, limites e expressão emocional na relação com os outros, e assim, conseguimos entender que vários EIDs estarão associados a esse modo (abandono, privação emocional, desconfiança e abuso, defectividade..)
Esse modo deve ser trabalhado no sentido de fazer com que a pessoa aceite essas vulnerabilidades e busque nas suas relações interpessoais suprir essas carências que não foram adequadamente supridas em seu desenvolvimento.
No modo criança zangada, há liberação de raiva diretamente em resposta a necessidades fundamentais não satisfeitas, ou ainda por um senso de injustiça na relação interpessoal com a pessoa, é importante frizar que a criança zangada reclama, é agressiva e brava, mas ela faz isso buscando a justiça, ou seja, uma forma de aparecer a criança zangada é dizer “eu não aceito que você não cumpra seus compromissos comigo, você disse que eu poderia contar com você” a briga não é no sentido de destruir o outro, ele diz é “me supra as necessidades que você disse que iria suprir”. Na criança zangada nós vamos validar essa necessidade ao mesmo tempo que tentaremos mostrar que existem maneiras mais eficazes de fazer isso.
No modo criança impulsiva/indisciplinada é quando o sujeito aje de forma impulsiva, segundo desejos imediatos do seu prazer, sem considerar os limites ou relações de reciprocidade com o outro, na maioria das vezes, existem alguns EIDs específicos que são acionados para ocorrer dentro desse modo, que são os relacionados ao terceiro dominio (merecimento e autocontrole/autodisciplina insuficientes). Esse modo também é uma forma de tentar buscar as necessidades básicas não atendidas. Dependências químicas e transtornos do exagero podem estar relacionados a esse modo de funcionamento.
O modo criança feliz é o modo que é a expressão da pessoa quando está conectada com os outros, quando se sente feliz e satisfeita. E nesse caso não há nenhum EIDs especifico vinculado a essa situação.
Dentro dos modos crianças, podemos dizer que nos buscaríamos fazer com que o paciente consiga aceitar e identificar a sua criança vulnerável, e que possa utilizar, de uma maneira menos intensa a criança zangada/impulsiva/indisciplinada e que consiga expressar adequadamente a sua criança feliz. 
Os modos desadaptativos de enfrentamento são de 3 naturezas, o mais comum é o Protetor desligado, que aparece com um estilo robótico de funcionamento, adota um estilo de retraimento emocional, desconexão das emoções, fazendo com que o paciente pareça completamente fora do setting terapêutico e das relações interpessoais. O paciente adota esse modo toda vez que ele está em contato com emoções negativas, portanto, o protetor desligado tem como função adaptativa a fuga de emoções negativas, podemos usá-lo no nosso dia a dia também, por exemplo, em uma aula chata, acabamos pensando em outras coisas e sonhando acordados, isso é o protetor desligado acionado, é problemático quando alguns pacientes ficam horas funcionando dentro desse modo.
Outro modo que também tem como função a fuga de emoções negativas, é o modo hipercompensador, que se apresenta por um estilo de enfrentamento caracterizado como contra ataque, controle, ou seja, a hipercompensação é: se eu estou com o meu EID de vulnerabilidade ativado, eu posso agir de forma exatamente oposta.
Dentro desse modo existe o modo de auto engrandecimento, onde o sujeito mostra-se como se se sentisse superior, poderoso. Agindo dessa maneira, o paciente se distancia dos outros, mas o que eles mais buscam é não se sentirem solitários
E o modo provocativo e ataque que é se utilizar de ameaças e intimidações para se obter o que deseja, então ataca o outro para de proteger e obter atenção. É preciso ter cuidado na diferenciação da criança zangada e do modo provocativo e ataque, noprimeiro não há intenção de magoar o outro. 
O modo captulador complacente é o modo de resignação de subjugação, diferente do protetor desligado e do hipercompensador, ele funciona para uma fuga de maus tratos reais e é caracterizado pela adoção de um enfrentamento baseado em obediência e dependência. Ele acontece muito em pacientes dependentes, evitativo, e em pacientes que sofreram história de maus tratos e abuso muito grandes na infância e adolescência.
Os modos pais disfuncionais são dois: pai e mãe exigentes e punitivos
O pai e mae exigentes, é aquele funcionamento onde o sujeito estabelece expectativas e níveis de responsabilidade muito acima do que seria natural e lógico para as situações, e estabelece essas expectativas e exige isso de si e dos outros, o que faz com que o paciente nunca se sinta satisfeito com si mesmo e com os outros (EIDs vinculados são padrões inflexíveis, auto sacrifício, negativismo). Quando o paciente não combate esses modos e continua funcionando fortemente nele, é muito comum que ele se ataque, se automutile e tente suicídio.
Já no pai e mae punitivo, o que nós vemos é um comportamento de restringir, criticar e punir os outros ou a si mesmo, de uma maneira muito agressiva. 
Outro modo é o do adulto saudável, que é uma forma de funcionamento não vinculado a nenhum EID, onde o paciente consegue perceber suas vulnerabilidades e dificuldades, aceita-las e buscar formas de enfrentamento adaptativas, ou seja, poder aceitar suas dificuldades, não se criticar, e buscar mecanismos para lidar com elas e ter habilidades de resoluções de problemas adequadas para essas situações. O modo adulto saudável pode se mesclar com a criança vulnerável, podendo admitir suas vulnerabilidades e buscando as suas necessidades. Em alguns pacientes muito graves (por exemplo, border, histriônicos, dependente), não encontramos o modo adulto saudável, e, portanto, o trabalho do terapeuta é ele funcionar como adulto saudável fazendo com que o paciente consiga entender que se pode ter modos diferenciados de enfrentar as situações de uma maneira adulta, mas sem desconsiderar suas vulnerabilidades.
· Modo criança:
· Criança Vulnerável
· Criança Zangada
· Criança Impulsiva/Indisciplinada
· Criança Feliz
· Modos de enfrentamentos desadaptativos:
· Protetor Desligado
· Hipercompensador
· Captulador Complacente 
· Modos Pai/Mãe Disfuncional:
· Pai/Mãe Punitivo-Crítico
· Pai/Mãe Exigente
· Modo Adulto Saudável
Como se trabalham os modos esquemáticos?
É importante saber diferenciar os modos que o paciente apresenta, porque, há casos onde o paciente pode transitar entre o modo criança zangada e o modo hipercompensador de ataque, no modo criança zangada, esse funcionamento tem que ser acolhido, ao passo que o modo de ataque não pode ser permitido, tem que ser combatido. A diferenciação se dá pela experiência gradativa do terapeuta e também pelas próprias reações que a relação com o paciente gera no terapeuta, então, percebamos que no trabalho com os modos, é importante que o terapeuta se dê conta das reações emocionais e seus próprios pensamentos que podem ser ativados no trabalho com o paciente.
Existem 7 grandes passos do trabalho com modos esquemáticos, que valem para todos eles
1. Identificar e dar nome a cada um dos modos do paciente. (Para fazer com que o paciente tenha uma ligação emocional com esse modo, ex: a Vanda tigre)
2. Explorar a origem e o valor adaptativo desses modos na infância ou adolescência
3. Ajudar o paciente a relacionar esse modo desadaptativos ao seus problemas e sintomas atuais (Fazer automonitoramento para conseguir se dar conta de qual é o padrão de funcionamento desse modo, e identificar gatilhos)
4. Ajudar o paciente a avaliar as vantagens de modificar esse modo para que os modos mais saudáveis (criança feliz e adulto saudável) possam funcionar mais amplamente
5. Acessar a criança vulnerável por meio de imagens mentais (e as necessidades básicas que não foram atendidas, para ele poder identificar porque esse modo disfuncional foi adaptativo)
6. Realizar diálogos entre os modos. Inicialmente o terapeuta proporciona modelos do modo adulto saudável, posteriormente o paciente representa esse modo. (Ex: a criança zangada conta que nos finais de semana quando ela tinha 6 anos de idade seus pais não lhe davam atenção, e na medida que ela ficava agressiva, seus pais falavam com ela. Aí a criança vulnerável vai poder dialogar com esses pais nessa cena inicial da infância, e a criança zangada poder conversar com esse modo. Às vezes a criança zangada ou vulnerável na imagem, não consegue negociar com seus cuidadores, então é o terapeuta que faz isso, para, posteriormente, o paciente conseguir representar na cena, com o seu adulto saudável, e conversar com esses pais nessa cena primitiva, como forma de fazer o paciente ouvir e se dar conta de que ela não foi responsável por não ter tido amor dos seus pais.
7. Ajudar o paciente a generalizar o trabalho com modos em situações da vida fora das sessões de terapia.
Apresentações clínicas dos Modos mais importantes a serem combatidos/trabalhados
Protetor desligado é importante porque se constitui na forma mais característica e mais frequente de resistência dos pacientes graves e refratários ao processo terapêutico. Aparece através de uma postura de retraimento emocional, desconexão com a relação terapêutica (parece que o paciente não está presente/ouvindo), isolamento e evitação cognitiva e emocional (funcionamento robótico). Quando o paciente está no funcionamento robótico, por mais que ele concorde com as informações e os insights que ocorrem no processo terapêutico, isso não causa uma mudança significativa porque para que haja uma mudança de EIDs, é necessário que haja impacto emocional. Quando em níveis mais brandos, é considerado saudável, mas jamais deve ocorrer durante as sessões psicoterápicas.
Pais punitivos vão aparecer nas sessões como formas de agressões verbais do paciente, uso sistemático de ironia e desprezo pelas intervenções do terapeuta, frieza emocional constante. Esse modo precisa ser transposto, porque eles são os principais representantes dos funcionamentos agressivos, autopunitivos, automutiladores, ideações suicidas, crítica pessoal. Quando não trabalhamos esse modo, além dos riscos que esse paciente corre para consigo próprio, é muito comum que isso acarrete no término precoce da terapia, porque será hipercrítico consigo e com o terapeuta também.
Modo protetor desligado: Visão geral
A função desse modo é desligar-se de necessidades e sentimentos para evitar sentimentos oprimidos, se separa de pessoas para protege-las do perigo. Desconectar-se de emoções e sentimentos negativos que vão aparecer sempre onde a necessidade básica não tiver sido suprida. Ex: Estou no modo criança vulnerável porque em um encontro com meu namorado eu me senti desconsiderada por ele em um jantar, ao invés de ligar o modo criança zangada e xingar ele, eu posso, no modo protetor desligado, pegar meu celular e jogar a noite inteira, para, ao invés de ficar chateada, eu me desconecto para parar de sentir as emoções negativas. Por um lado, esse modo protege do sentimento e emoções negativas, mas ele não é seletivo, então, ao mesmo tempo que te protege, te impede de sentir emoções positivas em sua plenitude, então é como se o paciente ficasse em uma penumbra cinzenta onde ele não sofre muito, mas também não sente as coisas positivas.
Os sinais e sintomas mais comuns de que o paciente está nesse modo é a ausência de emoções/emoções planas, “intelectualização” (entende tudo, mas não se conecta emocionalmente com as coisas), despersonalização, vazio, tédio, abuso de substancias e outras adições (trabalho em excesso, dependência de internet...), automutilação (é uma forma de desconexão da dor emocional e focar em outra ação)
Reconhecendo o protetor desligado 
Em termos de auto-relato, o paciente diz se sentir bloqueado, disperso, amortecido, desatento.
Sinais não verbais na sessão: afeto embotado, uma postura de rigidez do paciente para com o terapeuta,

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