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Cardiopatia Isquêmica A isquemia miocárdica se instala quando o fluxo de sangue arterial é insuficiente para suprir as necessidades metabólicas do coração, principalmente as de oxigênio; resultando em um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio e nutrientes, que na grande maioria dos casos é causado por obstrução das coronárias. Anatomia e Fisiologia Cardíaca O coração é um pouco maior do que um mão fechada, uma bomba dupla, autoajustável, de sucção e pressão. O peso dele é em torno de 250-300g, em uma mulher, e, 300-350g em um homem. O ventrículo direito possui espessura de 3-5mmg e o ventrículo esquerdo de 13-15mmg. O lado D do coração recebe sangue venoso do copo pelas VCS e VCI e o bombeia através do tronco e das artérias pulmonares para ser oxigenado nos pulmões. O lado E do coração recebe sangue arterial dos pulmões através das veias pulmonares e o bombeia para a aorta, de onde é distribuído para o corpo. Vascularização e Suprimento do Coração Os vaso sanguíneos do coração compreendem as artérias coronárias e as veias cardíacas, que conduzem o sangue que entra e sai da maior parte do miocárdio. O endocárdio e parte do tecido subendocárdico imediatamente externo ao endocárdico recebem oxigênio e nutr ientes por d i fusão ou por microvascularização diretamente das câmaras do coração. Aorta → Aa coronárias epicárdicas → Aa intramurais → Arteríolas → Capilares → Vênulas →Veias coronárias epicárdicas → Seio coronário → Atrio D. Artéria Coronária Esquerda (ACE) → principal; Origina-se no seio valvar esquerdo da aorta em sua parte ascendente, passa entre a aurícula esquerda e o lado esquerdo do tronco pulmonar e segue no sulco coronário. Em cerca de 40% das pessoas, o ramo do nó SA origina-se do ramo circunflexo da ACE e ascende na face posterior do átrio esquerdo até o no sinoatrial (SA). Quando entra no sulco coronário, na extremidade superior do sulco IV anterior, a ACE divide-se em 2 ramos: o ramo IV anterior ou artéria descendente anterior -DA- e o ramo circunflexo. Ramo IV Anterior ou DA → ele segue ao longo do sulco IV até o ápice do coração. Distribui sangue para a parede anterior do VE, ⅔ anteriores do septo IV e parede anterior do VD. Ramo Circunflexo E → segue para a esquerda no sulco AV até a face posterior do coração. Distribui sangue para a parede lateral do VE. Artéria Coronária Direita (ACD) → origina-se do seio direito da aorta em sua parte ascendente e passa para o lado direito do tronco pulmonar. Origina ramo Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG DP ou IVP que distribui sangue para a parede livre do VD, parede póstero-basal do VE e ⅓ posterior do septo IV. A c i r c u l a ç õ e s c o l a t e r a l s ã o a n a s t o m o s e s intercoronarianas que progridem de uma alta pressão para baixa pressão. As células do coração são chamados de miócitos e a unidade intracelular contrátil (funcional) do coração é o Sarcômero formado de actina + miosina +troponina + tropomiosina. Condução Elétrica O sistema de condução elétrica, por meio de miócitos especializados, possui a seguinte sequência: nodo sinusal → via internodais → nó SA → nó A-V → Feixe de His/Feixe A-V → Ramos E e D → Fibras de Purkinje. Cardiopatia Isquêmica - CI A cardiopatia isquêmica é causa da morte vascular em cerca de 80-90% dos casos. Além disso, é a principal causa de morte e morbidade no mundo desenvolvido. Isquemia é a redução (isquemia parcial) ou a cessação (isquemia total) do fluxo sanguíneo para um órgão ou território do organismo, ou seja, o aporte insuficiente de sangue para manter as necessidades metabólicas dos tecidos. Com isquemia, portanto, surgem a hipóxia ou anóxia. Embora por definição isquemia seja um processo localizado, há condições me que ela compromete vários órgãos simultaneamente. A isquemia miocárdica é responsável por diversos quadros clínicos: angina pectoris, morte súbita, infarto do miocárdio e cardiopatia isquêmica crônica. A CI atinge principalmente homem a partir da meia idade, com pico de mortalidade na oitava década. Patogênese e Etiologia da CI O aparecimento e evolução da CI depende de vários fatores: velocidade de progressão, extensão, duração e causa da obstrução coronária; estado do miocárdio (hipertrofia, sobrecarga funcional); existência de circulação colateral; condições circulatórias (PA) e capacidade de transportar O₂ no sangue. Ocorre um desequilíbrio entre a oferta e a necessidade de O₂. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Em mais de 90% da redução da perfusão coronariana é causado pela aterosclerose. Entretanto, ela só desencadeia manifestações clínicas quando atinge níveis de obstrução importante e quando sobre ela se forma um trombo. Evolução: aterosclerose → trombose → agregação plaquetária → vasoespasmo. Os locais mais afetados por lesões ateroscleróticas são regiões próximas da artéria coronária direita e o ramos interventricular anterior (descendente anterior) e circunflexo da artéria coronariana esquerda. O vasoespasmo coronário é também um mecanismo capaz de provocar manifestações clínicas de isquemia aguda do miocárdio por facilitar a ruptura da placa ateromatosa e favorecer a trombose. Não é fácil a distinção entre espasmo e trombose, ainda mais por que trombose gera espasmo e espasmo gera trombose. Angina Pectoris É um quadro de crises paroxísticas de dor (angina) precordial (pectoris) com características de opressão, em pontada, cortante, causada por isquemia miocárdica de curta duração. Trata-se de uma síndrome clínica, sendo anatomopatológico variável. Angina Estável (Típica) É a forma mais comum e ocorre por aumento súbito do trabalho cardíaco - atividade física, excitação emocional, etc. Morfologicamente, associa-se a aterosclerose grave em uma ou mais coronariana. Sua patogênese relaciona-se ao fluxo sanguíneo em nível crítico por obstrução coronariana que se torna insuficiente por aumento da demanda por exercício físico, estresse, emoções ou outras causas de sobrecarga. O quadro de angina estável melhora com o repouso ou pelo uso de vasodilatadores. Angina de Prinzmetal Ocorre durante o repouso (não tem relação com exercício físico) e parece ser devida a espasmos das coronárias, muitas vezes, associadas a placas ateromatosas. Responde rapidamente a agentes vasodilatadores. Angina Instável (Progressiva) Possui uma frequência maior nas crises e são desencadeadas com muito menos esforço e duram mais tempo. É o tipo de angina que geralmente precede o infarto do miocárdio. A causa principal é a formação sucessiva de trombos não oclusivos sobre placas ateromatosas. Morte Súbita Cardíaca (MSC) A morte súbita é uma síndrome e pode ocorrer como complicação de qualquer uma das condições, é assim denominada quando o óbito ocorre dentro de minutos ou até 24h do início das manifestações clínicas. A etiologia principal, cerca de 80-90%, é um trombo oclusivo sobre placa aterosclerótica grave com estenose crítica (>75% de estenose). Algumas outros etiologias menos frequentes são relatadas em pacientes mais jovens (10-20%): - Falha no sistema de condução elétrica - Cardiopatia chagásica - Cardiopatia ou coronariopatia congênitas Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG AE→AI→IM - Doenças valvulares: estenose valvar aórtica, prolapso valvar mitral - Miocardite - Hipertensão septal O denominador comum a todas as condições (patogênese) parecer ser o desenvolvimento de uma arritmia grave, particularmente fibrilação ventricular e assistolia. Cardiopatia Isquêmica Crônica Caracteriza-se por comprometimento difuso e insidioso do miocárdio por isquemia, que pode levar tardiamente a insuficiência cardíaca congestiva, geralmente com episódios de angina e/ou infarto do miocárdio prévios. A etiologia pode ser doença arterial coronária obstrutiva sem infarto, infarto do miocárdio prévio e enxertobypass coronariano. Na patogênese ocorre uma descompensação pós exaustão da HTR pós infarto do miocárdio e quando não infartado, corre o risco de sofrer isquemia. Além disso, pode correr uma disfunção miocárdica difusa por conta de uma doença arterial coronária grave (isquemia crônica). Na morfologia, temos uma cardiomegalia, artérias coronarianas com estenose por contra de aterosclerose grave com trombos recanalização e os ventrículos apresentam aumento da espessura de suas paredes por conta de infartos prévios. Infarto do Miocárdio O infarto do miocárdio pode ser provocado por fatores, como predisposição genética, avanço etário, aterosclerose, HAS, tabagismo, DM, dislipidemia, sedentarismo e estresse. IM Transmural x IM Subendocárdico A maioria dos infartos do miocárdio é transmural, no qual a necrose isquêmica envolve toda ou quase toda a espessura da parede ventricular - as 4 camadas - na distribuição de uma única artéria coronária geralmente associado à combinação de aterosclerose coronariana crônica, alteração aguda da placa e trombose superposta. Em contraposição, o infarto subendocárdico (não transmural) constitui uma área de necrose isquêmica limitada ao terço inferior interno à metade da parede ventricular, podendo ocorrer por rompimento de uma placa seguido por um trombo coronário que se torna lisado antes da necrose do miocárdio se estender ao longo de toda espessura da parede ou podem resultar da redução prolongada e intensa da pressão arterial sistêmica, como ocorre no choque, muitas vezes superposta a estenoses coronarianas crônicas, mas não críticas. Nos casos de hipotensão global, os infartos subendocárdicos resultantes geralmente são circunferenciais, em vez de estarem limitados à região irrigada por uma única artéria coronária importante. Etiologia → A causa (etiologia) do IM é de 90% dos casos por rotura da placa de ateroma e 10% por vasoespamo (por uso de cocaína), êmbolos (fibrilação atrial, trombo mural VE, endocardite vegetante e êmbolo D + FO patente) proliferação fibrointimal e dissecção aguda coronariana. Patogênese →O desenvolvimento da doença (patogênese) ocorre com uma placa rota que causa a liberação de substâncias trombogênicas (TBXA2, FP3, FP4 e INF-γ) e o vasoespasmo causando o trombo obstrutivo. Consequências do IM → As principais consequências e complicações do infarto transmural são insufi ciência cardíaca, arritmias, choque cardiogênico, extensão do infarto, ruptura da parede do coração ou de músculo papilar, aneurisma ventricular, pericardite e tromboembolia pulmonar ou sistêmica. Uma das complicações mais graves do IM é a ruptura do miocárdio/ Quando uma parede livre, ventricular, provoca hemopericárdio e tamponamento cardíaco. Reperfusão → Se logo após da obstrução coronariano o fl uxo sanguíneo é restabelecido, pode ocorrer recuperação parcial do tecido, limitação do tamanho do infarto e aumento da sobrevida. Nem sempre a reperfusão ocorre em tempo hábil para impedir a necrose celular. Mesmo quando ocorre, o retorno ao estado bioquímico e funcional normal do micárdio não ocorre de imediato, podendo levar dias. Isso chama-se Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG miocárdio atordoado ou difsunção ventricular pós-isquemia prolongada. Quando a perfusão inadequada permanece por muito tempo, mas ainda não há infarto, e o miocárdio torna-se deficiente, chamados de miocárdio hibernante. Sinais e Sintomas do IM → pulso fi no e rápido, angina, palidez, diaforese, dispnéia, ECG altera (supra ST), alteração nos valores de troponina e CK-MB. Intervenção para Reperfusão → trombólise, angioplastia (cateter-balão ou stent), bypass (veia safena ou anastomose arterial mamária) ou transplante. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Conclusões - CI é a principal causa de morte nos países desenvolvidos; - Aterosclerose é a principal etiologia da CI; - A rotura da placa de ateroma é a patogênese principal; - Existem síndromes cardíacas agudas e cardiopatias isquêmicas crônicas; Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG