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PRISÃO TEMPORÁRIA: LEI 7960 A prisão temporária não está prevista no CPP, mas na lei 7960, que é uma lei especial. Ela foi criada com o objetivo de assegurar a eficácia das investigações criminais quanto a alguns crimes graves. Outra preocupação era acabar com a denominada prisão para averiguações. → A propósito, consta da própria Exposição de Motivos da referida Lei que “a prisão só pode ser executada depois da expedição do mandado judicial. Com isso, procura impedir que a representação policial se transforme em simples comunicação ao Poder Judiciário”. Como se vê, o principal objetivo da criação da prisão temporária foi o de pôr fim à famigerada prisão para averiguações, que consiste no arrebatamento de pessoas pelos órgãos de investigação para aferir a vinculação das mesmas a uma infração, ou para investigar a sua vida pregressa, independentemente de situação de flagrância ou de prévia autorização judicial. Essa prisão para averiguação é de todo ilegal, caracterizando manifesto abuso de autoridade, nos termos do art. 9º, caput, da Lei n. 13.869/19. Portanto, a prisão temporária veio para substituir a prisão para averiguação. A prisão temporária, portanto, não se confunde com a prisão para averiguações. Como destaca Diaulas Costa Ribeiro, “a prisão temporária é modalidade de prisão para investigação, porque parte de um fato criminoso, delimitado no tempo e no espaço, para uma pessoa certa e determinada. Ao contrário, a prisão para averiguações desenha-se sob um ponto de vista absolutamente diferente, eis que por meio dela as autoridades prendem, aleatoriamente, pessoas, para depois descobrir crimes que não estavam sequer investigando ou para apurar crimes nos quais essas pessoas nem ao menos figuravam como suspeitas, caracterizando o que vulgarmente se conhece como ‘operação arrastão’, realizada em áreas de contingente criminoso e cujo único critério utilizado para limitar o direito de ir e vir é a simples presença nesses locais. Somente após a implementação de uma prisão, neste último sentido discorrido, é que as pessoas serão conduzidas a uma Delegacia e, daí então, se principiará por averiguar eventual envolvimento delas com alguma infração penal, o que é bem diferente de prender para investigar um crime já conhecido e depois de, razoavelmente, consolidada e definida a suspeição de alguém”. A prisão temporária tem como objetivo prender alguém para auxiliar nas investigações (assegura a eficácia das investigações criminais). → Cuida-se de espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase preliminar de investigações, com prazo preestabelecido de duração, quando a privação da liberdade de locomoção do indivíduo for indispensável para a obtenção de elementos de informação quanto à autoria e materialidade das infrações penais mencionadas no art. 1º, inciso III, da Lei nº 7.960/89, assim como em relação aos crimes hediondos e equiparados (Lei nº 8.072/90, art. 2º, § 4º), viabilizando a instauração da persecutio criminis in judicio. → Como espécie de medida cautelar, visa assegurar a eficácia das investigações – tutela-meio –, para, em momento posterior, fornecer elementos informativos capazes de justificar o oferecimento de uma denúncia, fornecendo justa causa para a instauração de um processo penal, e, enfim, garantir eventual sentença condenatória – tutela-fim • Questões preliminares: 1. Juiz competente: a prisão temporária é decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase preliminar de investigações. Portanto, quem decreta a prisão temporária é somente o juiz (não pode, p. ex. delegado – autoridade policial -, etc.). OBS: se o juiz de garantias entrar em vigor, ele será competente. 2. Somente no inquérito policial: se a prisão temporária surge para auxiliar as investigações, então ela só pode ser decretada no inquérito policial (e durar enquanto há inquérito policial). Portanto, só tem prisão temporária no inquérito (diferentemente do que ocorre na prisão preventiva, que pode ser decretada no inquérito ou no processo). Ou seja, a partir do momento que o MP oferece denúncia e inicia o processo, não é mais possível decretar a prisão temporária de alguém. Prestando-se a prisão temporária a resguardar, tão somente, a integridade das investigações, forçoso é concluir que, uma vez recebida a denúncia, não mais subsiste o decreto de prisão temporária, devendo o denunciado ser colocado em liberdade, salvo se sua prisão preventiva for decretada. Prisão temporária, por conseguinte, somente na fase pré-processual. 3. Não pode ser decretada de ofício: portanto, para que a prisão preventiva seja decretada, o juiz deve ser provocado. 4. Prazo determinado: 5 dias + 5 dias. Crimes hediondos: 30 dias + 30 dias. → Portanto, a prisão temporária tem prazo determinado. A regra geral é o prazo de 5 dias que podem ser prorrogados por mais 5. Todavia, tratando-se de crimes hediondos, o prazo será de 30 dias que podem ser prorrogados por mais 30 dias. Importante: ao final do prazo (com prorrogação), ou o investigado é solto, ou se transforma a prisão temporária em preventiva. Pra transformar, o MP deve provoca (deve haver provocação, não é possível decretar prisão preventiva de ofício pelo magistrado). Ex.: quando vencem os primeiros 5 dias (ou 30), ou solta ou fundamentadamente se prorroga por mais 5 dias. Depois desses 5/30 dias prorrogados, ou solta, ou obrigatoriamente transforma a prisão temporária em preventiva (desde que presentes os requisitos – razão de cautela). Existindo razão de cautela é possível transformar a prisão temporária em preventiva. Contudo, depois desses 5 dias de prorrogação se não for transformada em prisão preventiva, o investigado deve ser solto obrigatoriamente. • Requisitos 1. Periculum libertatis: INCISO I ou II Lei nº 7.960/89, Art. 1° Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial Portanto, sempre que o delegado fundamentar e o juiz concordar que aquela prisão temporária é importante para as investigações, será possível decretar a prisão preventiva. Deve ser imprescindível para as investigações – ex. quando polícia tá investigando várias pessoas pelo crime de peculato e a polícia pede a prisão temporária para que elas não combinem versões. Trata-se do primeiro requisito caracterizador do periculum libertatis. É indispensável a existência de prévia investigação (não necessariamente de um inquérito policial), apresentando-se a privação cautelar da liberdade de locomoção do indivíduo como recurso indispensável para a colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade da conduta delituosa. Deve a autoridade requerente demonstrar ao juiz o que faz ser considerado “imprescindível” o encarceramento do suspeito para elucidar o fato delituoso, como, por exemplo, a ocultação de provas, o aliciamento ou a ameaça às testemunhas, a impossibilidade de se proceder ao reconhecimento do acusado por se encontrar em local incerto, etc. IMPORTANTE: Ao decretar a prisão temporária, deve o juiz ter sempre em mente o princípio da proporcionalidade, notadamente em seu segundo subprincípio, qual seja, o da necessidade, devendo se questionar se não existe outra medida cautelar diversa da prisão menos gravosa. Em outras palavras, se uma busca e apreensão já se apresentar idônea a atingir o objetivo desejado, não se faz necessária uma prisão temporária; se a condução coercitiva do acusado para o reconhecimento pessoal já se apresentar apta a alcançar o fim almejado, não se afigura correto escolher medida mais gravosa consubstanciada na privação da liberdade de locomoção do acusado; se uma das medidas cautelares diversas da prisão do art. 319 do CPP já for suficiente para tutelar as investigações, como, por exemplo, a proibição de manter contato com pessoa determinada, ou a suspensão do exercíciode função pública, deve o magistrado se abster de decretar a prisão temporária. Impõe-se, portanto, interpretar extensivamente o art. 282, § 6º, e o art. 310, II, ambos do CPP, com redação determinada pela Lei nº 12.403/11, no sentido de que, quando as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem adequadas ou suficientes para tutelar as investigações, a prisão temporária não poderá ser decretada. II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; → Não ter residência fixa tem sido entendido pela doutrina como sendo a ausência total de um endereço onde possa o indiciado ser localizado. → Trata-se de situação parecida com a de prisão preventiva do art. 313: sempre que uma pessoa não for identificada, não fornecer a identificação ela pode ser presa preventivamente. Se é no inquérito a preferência é pela temporária (decreta a temporária pois ela é específica e menos prejudicial do que a preventiva, na medida que ela se dá por prazo determinado). 2. fumus comissi delicti: Fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes listados no inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89 e no art. 2º, § 4º, da Lei nº 8.072/90 Trata-se do rol taxativo no qual o crime objeto da investigação deve se encaixar, sob pena de não ser possível decretar a prisão temporária (fora dessas hipóteses não é possível decretar prisão temporária). → Prisão temporária decretada em relação a crime que não esteja previsto no rol do inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960/89, bem como no tocante a crimes hediondos e equiparados (art. 2º, § 4º, da Lei nº 8.072/90), é completamente ilegal, devendo ser objeto de relaxamento. Assim, será ilegal, por exemplo, a prisão temporária por homicídio culposo, estelionato, apropriação indébita, etc. Importante: Antes de verificarmos o rol taxativo de delitos que admitem a prisão temporária, convém analisarmos o significado da expressão fundadas razões, pressuposto inafastável para a segregação temporária. Há necessidade de elementos indiciários de materialidade e de autoria ou de participação nos crimes ali enumerados. Em sede de restrição de liberdade pessoal, as fundadas razões de que trata a Lei 7.960/1989, e que bastam para justificar o decreto de prisão temporária, têm que ser algo muito mais coeso e convincente que uma simples suspeita. As fundadas razões têm que estar acompanhadas por dados objetivos que apontem para a conclusão de que o suspeito ou indiciado possa ser autor ou partícipe em um dos crimes ali enumerados e em razão do que é requerida a sua prisão temporária, sendo ilegal e repudiável uma captura destinada a fazer nascer referidos indicativos. Em outras palavras, quando da decretação da prisão temporária, deve o juiz concluir, em virtude dos elementos probatórios existentes – essa análise deve ser compatível com o momento em que se requer a prisão temporária, qual seja, logo na fase inicial das investigações – de que é elevada a probabilidade da superveniência de uma denúncia, desenhando-se igualmente viável a pretensão acusatória do órgão ministerial, sendo a constrição cautelar da liberdade de locomoção do agente imprescindível para a eficácia das investigações. Nesse sentido, a 5ª Turma do STJ já concluiu que “a determinação da prisão temporária deve ser fundada em fatos concretos que indiquem a sua real necessidade, atendendo-se os termos descritos na lei. Evidenciada a presença de indícios de autoria dos pacientes no delito de atentado violento ao pudor, praticado, em tese, contra três crianças, para o qual é permitida a decretação da custódia provisória, bem como o fato de o paciente se encontrar em lugar incerto e não sabido, necessária se torna a decretação da prisão temporária, tendo em vista a dificuldade de investigação e conclusão do inquérito quando ausente o indiciado”. Lei nº 7.960/89, Art. 1° Caberá prisão temporária: III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); atente-se para o fato de que o homicídio qualificado (CP, art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII), e o homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, são considerados hediondos (Lei nº 8.072/90, art. 1º, I, com redação determinada pela Lei nº 13.104/15), daí por que, em relação a tais delitos, a prisão temporária poderá ser decretada pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade; b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); com vigência em data de 24 de abril de 2018, a Lei n. 13.654/18 uma nova causa de aumento de pena ao crime de roubo. De acordo com o art. 157, §2º-A, “a pena aumenta-se de 2/3 (dois terços); I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Por sua vez, o Pacote Anticrime introduziu o §2º-B ao art. 157 (“Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo”). A despeito da criação dessas novas majorantes para o crime de roubo, a Lei da Prisão Temporária não foi alterada a fim de se nela fazer inserir expressamente o §2º-A e o §2º-B do art. 157 do CP, do que se poderia concluir que a prisão temporária não seria cabível em relação a tais delitos. Com a devida vênia, esse raciocínio não nos parece ser o mais acertado. As Leis 13.654/18 e 13.964/19 não criaram delitos autônomos. Na verdade, funcionam apenas como um desdobramento do tipo do crime de roubo, uma vez que o legislador apenas definiu um modus operandi do referido delito. Deveras, é pressuposto para o reconhecimento de tais crimes de roubo a prática da ação prevista no caput do art. 157 do CP, razão pela qual não é possível dissociar o crime majorado das circunstâncias a serem sopesadas na figura típica do art. 157. Logo, se a modalidade simples de roubo prevista no caput do art. 157 admite a decretação da prisão temporária, seria absurdo concluirmos que referida espécie de prisão cautelar não seria cabível em relação às figuras circunstanciadas do §2º-A e do §2º-B. Sem embargo, ainda que não se concorde com tal argumentação, é de todo relevante destacar que a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada pelo Pacote Anticrime para fins de prever que o crime de roubo será considerado hediondo em três hipóteses (Lei n. 8.072/90, art. 1º, II, “a”, “b” e “c”), quais sejam, circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (CP, art. 157, §2º, V), circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (CP, art. 157, §2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (CP, art. 157, §2º-B), e quando qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (CP, art. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art121 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art148 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art157 157, §3º), hipótese em que a prisão temporária de tais delitos será cabível com fundamento no art. 2º, §4º, da Lei n. 8.072/90; d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); Por força da Lei nº 11.923/09, foi acrescido o § 3º ao art. 158 do Código Penal, para tipificar o denominado sequestro relâmpago (“Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente”). Com base nosmesmos argumentos acima expostos em relação aos §2º-A e §2º-B do art. 157 do CP, reputamos que a prisão temporária também é cabível em relação ao crime do art. 158, §3º, do CP, o qual também é etiquetado como hediondo (Lei n. 8.072/90, art. 1º, III, com redação dada pela Lei n. 13.964/19); e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) o art. 223, caput, e parágrafo único, do Código Penal, foram revogados pela Lei nº 12.015/09. Quanto à nova figura delituosa do estupro de vulnerável, prevista no art. 217-A do CP, certo é que o legislador não teve o cuidado de fazer inserir o referido delito no rol do art. 1º, inciso III, da Lei nº 7.960/89. Não obstante, a partir do momento em que a Lei nº 12.015/09 inseriu o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A) no rol dos crimes hediondos (Lei nº 8.072/90, art. 1º, inciso VI), admitir-se-á a prisão temporária com fundamento no art. 2º, § 4º, da Lei nº 8.072/9 g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) o art. 214 do Código Penal foi revogado pela Lei nº 12.015/09. Isso, no entanto, não significa dizer que teria havido abolitio criminis, já que houve continuidade normativo-típica. Referida conduta delituosa, consubstanciada no constrangimento de alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal, simplesmente migrou do revogado art. 214 para o atual art. 213 do CP; h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) o crime de rapto (art. 219) foi eliminado do Código Penal pela Lei nº 11.106/05. No entanto, não se pode falar em abolitio criminis, pois não houve descriminalização total da conduta (princípio da continuidade normativo-típica), na medida em que o art. 148, § 1º, V, do Código Penal, acabou absorvendo a figura típica do antigo art. 219. Assim, como o crime de sequestro ou cárcere privado (art. 1º, inciso III, alínea “b”) comporta prisão temporária, esta ainda pode ser decretada em relação a tal delito; i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art158 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art159 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art213. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art214 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art223 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art219 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art267%C2%A71 l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; Com o advento da Lei nº 12.850/13, o antigo crime de quadrilha ou bando foi substituído pelo delito de associação criminosa, cuja tipificação demanda apenas a presença de 3 (três) pessoas. Surge, então, o questionamento: a prisão temporária continua sendo cabível em relação a tal delito? Por mais que o legislador não tenha tido o cuidado de proceder à alteração da Lei da Prisão Temporária, se a tipificação do crime de quadrilha ou bando demandava a associação estável e permanente de pelo menos 4 (quatro) pessoas, não se pode negar que tal conduta continua sendo tratada como tipo penal incriminador pelo art. 288, caput, do CP, que, doravante, exige apenas a presença de 3 (três) pessoas. Em termos bem simples, toda quadrilha ou bando composta por 4 (quatro) pessoas já caracterizava uma associação criminosa. Por consequência, por força do princípio da continuidade normativo-típica, o art. 1º, III, “l”, da Lei nº 7.960/89, continua válido. Todavia, onde se lê “quadrilha ou bando”, deverá se ler, a partir da vigência da Lei nº 12.850/13, “associação criminosa”. Portanto, bando ou quadrilha, hoje, é denominado de associação criminosa (só muda o nomen iuris do crime). OBS – ex.: 4 pessoas se reúnem para ir pra praia e perdem o dinheiro e saem fazendo arrastão na praia pra conseguir dinheiro. Pode ter prisão temporária? Não, pois não há associação criminosa (não possui vínculo estável). Nesse caso, trata-se do crime de furto. m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986). p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. ❖ IMPORTANTE: no art. 1º temos 3 incisos que nos dão os requisitos da prisão temporária: 1) ser imprescindível para as investigações; 2) quando não tiver residência ou identificação; 3) quando se tratar de crime previsto no rol taxativo do inciso III. Diverge a doutrina quanto aos requisitos para a decretação da prisão temporária (ex. se são necessários preencher os 3 requisitos cumulativamente, a presença de apenas um, etc). Contudo, a interpretação correta é de que deve o inciso III estar sempre presente, mas deve ser combinado com o inciso I, seja combinado com o inciso II. Isso se dá, pois, para decretar a prisão temporária (medida cautelar), é necessário o fumus comissi delicti (inciso III – precisa de indícios de materialidade e de autoria de um dos crimes do referido inciso) e o periculum libertatis (inciso I ou inciso II). Portanto, não basta estar sendo acusado de um dos crimes do inciso III. É necessário que seja combinado com uma das hipóteses do inciso I ou do inciso II, que serão o periculum libertatis. Sendo assim, de acordo com a posição majoritária, com o objetivo de consertar a falta de técnica do legislador, somente é possível decretar a prisão temporária quando houver fundadas razões de autoria ou participação do indiciado nos crimes listados no inciso III do art. 1º, associada à imprescindibilidade da segregação cautelar para a investigação policial ou à situação de ausência de residência certa ou identidade incontroversa. Tendo em conta tratar-se a prisão temporária de espécie de prisão cautelar, conjugam-se, assim, seus pressupostos: 1) fumus comissi delicti, previsto no inciso III; 2) periculum libertatis, previsto no inciso I ou no inciso II. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art288 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2889.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm#art12 Procedimento 1. A prisão temporária será decretada pelo juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. 2. Da leitura do art. 2º, caput, da Lei nº 7.960/89, depreende-se que a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz. Preserva-se, assim, o sistema acusatório e o princípio da imparcialidade do juiz. Art. 2° A prisãotemporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. 3. Quando houver representação da autoridade policial, deve o Ministério Público ser obrigatoriamente ouvido, a fim de que se manifeste quanto à presença dos pressupostos indispensáveis à privação cautelar da liberdade – fumus comissi delicti (inciso III do art. 1º) e periculum libertatis (inciso I ou II do art. 1º). Na hipótese de uma prisão temporária ser decretada de ofício, ou diante de mera representação policial, sem a obrigatória e prévia manifestação do Ministério Público, ter-se-á manifesto constrangimento ilegal, haja vista ser o Parquet o titular da ação penal pública, sendo ilógica e arbitrária a adoção da medida cautelar sem que o dominus litis manifeste-se favoravelmente à adoção da medida. Com efeito, basta imaginarmos o quanto inconveniente seria a decretação de uma prisão temporária sem a aquiescência do órgão ministerial, caso o Ministério Público deliberasse posteriormente pelo não oferecimento de denúncia. Art. 2º, § 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. 4. Diante do princípio da obrigatoriedade de fundamentação da prisão pela autoridade judiciária competente (CF, art. 5º, LXI, c/c art. 93, IX), a decisão que decreta a prisão temporária deve ser fundamentada, sob pena de nulidade. Daí dispor o art. 2º, § 2º, da Lei nº 7.960/89, que o despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento. Art. 2º, § 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento. Não se permite ao magistrado, nessa decisão (veja-se que a Lei nº 7.960/89 impropriamente refere- se a essa decisão como mero “despacho” em seu art. 2º, § 2º), limitar-se a repetir os termos da lei, no sentido de que “a prisão do indiciado é imprescindível à investigação do inquérito policial”. Como já se manifestou o STJ, “é válido o decreto de prisão temporária que se encontra devidamente fundamentado, ainda que de forma sucinta, demonstrando a necessidade da custódia para as investigações do inquérito policial e em consonância com os indícios de participação do paciente em fato típico e antijurídico previsto na Lei nº 7.960/89”. 5. Outras disposições do art. 2º da lei 7.960: § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito. § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa. § 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 § 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de mandado judicial. § 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal. § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da decretação da prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária. PRAZO Diversamente da prisão preventiva, que não possui prazo predefinido, o prazo de duração da prisão temporária é de, no máximo, 5 (cinco) dias, prorrogável uma única vez por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. De acordo com o art. 2º, § 4º, da Lei nº 8.072/90, esse prazo é de, no máximo, 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, no caso de crimes hediondos, tortura, tráfico de drogas e terrorismo. Consoante disposto no art. 2º, §4º-A, da Lei n. 7.960/89, incluído pela Lei n. 13.869/19, o mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão temporária, bem como o dia em que o preso deverá ser libertado. Essa prorrogação do prazo da prisão temporária não é automática, devendo sua imprescindibilidade ser comprovada com base em elementos colhidos enquanto o acusado estava preso. Na verdade, apenas diligências novas, diversas daquelas inicialmente pensadas pela autoridade policial, podem efetivamente autorizar a prorrogação do prazo da prisão temporária O prazo da custódia temporária só começa a fluir a partir da efetiva prisão do acusado. Ademais, sua contagem deve ser feita à luz do art. 10 do Código Penal, incluindo-se no cômputo do prazo o dia do começo. É nesse sentido, aliás, o art. 2º, §8º, da Lei n. 7.960/89, incluído pela nova Lei de Abuso de Autoridade: “§8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária”. Assim, se o agente foi preso no dia 05 (independentemente do horário – às 08 horas ou às 23h e 59min.), deverá ser colocado em liberdade à 00h00min hora do dia 10. Como dito antes, o prazo de duração da prisão temporária não começa a fluir a partir do instante em que o juiz a decreta, mas apenas após a captura da pessoa contra quem foi emitida a ordem. IMPORTANTE: Trata-se de prazo limite, ou seja, nada impede que o juiz decrete a prisão temporária por um período menor que o previsto em lei. Ora, quem pode o mais pode o menos. Se o juiz entende que 15 (quinze) dias de prisão temporária são suficientes para auxiliar nas investigações de um crime hediondo, por que seria obrigado a manter o réu preso por mais tempo? Pode-se decretar a temporária por 10 (dez) dias e prorrogá-la por mais 5 (cinco), assim como se afigura viável decretá-la por 5 (cinco) dias, prorrogando-a por mais 15 (quinze), em caso de extrema e comprovada necessidade. IMPORTANTE 2: Se a prisão temporária tiver sido decretada pelo prazo de 30 (trinta) dias, concluindo a autoridade policial, posteriormente, que não há mais necessidade de se manter o indivíduo preso, deve representar à autoridade judiciária competente solicitando a revogação da prisão temporária. Somente o juiz poderá revogar a prisão temporária, jamais a própria autoridade policial. Decorrido o prazo da prisão temporária, o preso deverá ser colocado imediatamente em liberdade, sem necessidade de expedição de alvará de soltura, salvo se houver prorrogação da temporária ou se tiver sido decretada sua prisão preventiva (Lei n. 7.960/89, art. 2º, §7º, incluído pela Lei n. 13.869/19). Relembre-se que a prisão temporária não pode ser decretada ou mantida após o recebimento da peça acusatória. Portanto, após o decurso do prazo da temporária, deve o inquérito ser remetido à Justiça, oferecendo o Ministério Público a denúncia, ao mesmo tempo em que requer a decretação da prisão preventiva, se acaso necessária. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art40 Prisão e extradição A Lei nº 13.445/17, ao lado do Decreto nº 9.199/17, regulamenta a prisão cautelar para fins de extradição, que poderá ser representada pela via diplomática ou por meio de autoridade central do Poder Executivo, até mesmo antes do procedimento formal de extradição.→ O Estado estrangeiro deverá, então, no prazo de 60 (sessenta) dias, apresentar o pedido de extradição, sob pena de restituição da liberdade. A prisão, em tais situações, se fundamentará na garantia da aplicação da lei penal. OBS: essa espécie de prisão visa assegurar a execução de eventual ordem de extradição. Momento da prisão CPP, Art. 283, § 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. De acordo com o art. 283, § 2º, do CPP, a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. Nesse sentido, há importantes restrições: 1. Inviolabilidade do domicílio Consoante dispõe o art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. • Conceito de dia Durante o dia, é possível o ingresso em domicílio nas seguintes hipóteses: 1) com o consentimento do morador; 2) em caso de flagrante delito; 3) desastre, para prestar socorro; ou 4) mediante determinação judicial. Durante a noite, o ingresso em domicílio alheio só pode ocorrer nos seguintes casos: com o consentimento do morador, flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro. Assim, caso a polícia tenha em mãos mandados de busca domiciliar e de prisão, expedidos pela autoridade judiciária competente, só poderá invadir o domicílio durante o dia, mesmo que a casa seja a do próprio indivíduo visado. Ausente o consentimento para ingressar à noite, resta cercar o local para que, ao alvorecer, seja cumprida a ordem de prisão (CPP, art. 293, caput). OBS: obviamente, se uma pessoa perseguida em flagrante delito invadir a casa de outrem, sem o seu consentimento, estará praticando outro crime – violação de domicílio (CP, art. 150) –, ou seja, estará em flagrante delito no interior da residência, autorizando, assim, que o agente público possa ingressar na casa e efetuar sua prisão, mesmo que durante a noite. Doutrina e jurisprudência sempre divergiram acerca do conceito de dia. Em virtude das dimensões continentais do território brasileiro, em que o nascer e o pôr do sol ocorrem em horários diversos a depender da região do país em que estivermos, sempre prevaleceu, aos olhos da jurisprudência, o critério físico-astronômico, considerando como dia o período compreendido entre a aurora e o crepúsculo. Outros doutrinadores, todavia, sempre preferiram usar um critério cronológico, mais seguro, considerando como dia o período compreendido entre 6:00h e 18:00h – posição que o Maurício adota. Por fim, uma última corrente (mista) trabalhava com a aplicação conjunta de ambos os critérios, o que, em tese, atenderia à finalidade constitucional de maior proteção ao domicílio durante a noite, resguardando-se a possibilidade de invasão domiciliar com autorização judicial, mesmo após as 18:00 horas, desde que, ainda, não fosse noite, como ocorre, por exemplo, naquelas localidades em que se adota o horário de verão Reserva de jurisdição A possibilidade de invasão domiciliar para a prisão, durante o dia, está sujeita à cláusula de reserva de jurisdição: compete exclusivamente aos órgãos do Poder Judiciário, com total exclusão de qualquer outro órgão estatal, a prática de determinadas restrições a direitos e garantias individuais: a) violação ao domicílio durante o dia (CF, art. 5º, inciso XI); b) prisão, salvo nas hipóteses de flagrante delito (CF, art. 5º, inciso LXI); LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Portanto, em caso de mandado de prisão mediante determinação judicial, este deverá ser cumprido durante o dia (não pode, em nenhuma hipótese, ocorrer violação de domicílio à noite), salvo em caso de flagrante delito. Ou seja, se a prisão não é flagrante e o juiz manda cumprir um mandado, ele só pode ser cumprido da 6 da manhã às 18h da tarde (durante o dia). Importante: Flagrante delito e violação do domicílio (sem autorização judicial e a qualquer hora do dia) → Independe de prévia autorização judicial. De se ver que a própria Constituição Federal autoriza a violação ao domicílio nos casos de flagrante delito, seja durante o dia, seja durante a noite, e independentemente de prévia autorização judicial. OBS: Nesses casos, para que a polícia possa adentrar em uma residência, sem mandado judicial, exige-se aquilo que se costuma chamar de “causa provável” (no direito norte-americano, probable cause), ou seja, quando os fatos e as circunstâncias permitiriam a uma pessoa razoável acreditar ou ao menos suspeitar, com elementos concretos, que um crime está sendo cometido no interior da residência. A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, portanto, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que, dentro da casa, havia situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. Nessa medida, deve ser considerada arbitrária a entrada forçada em domicílio sem uma justificativa conforme o direito, ainda que, posteriormente, seja constatada a existência de situação de flagrante no interior daquela casa. IMPORTANTE: Enfim, deve haver um controle a posteriori, exigindo-se dos agentes estatais a demonstração de que a medida fora adotada mediante justa causa, ou seja, que havia elementos para caracterizar a suspeita de flagrante delito no interior daquele domicílio, autorizando, pois, o ingresso forçado, independentemente de prévia autorização judicial. Em síntese, o modelo probatório deve ser o mesmo da busca e apreensão domiciliar, que pressupõe a presença de fundadas razões (CPP, art. 240, § 1º), as quais, logicamente, devem ser exigidas de maneira modesta e compatível com o momento em questão. Nessa linha, aos olhos da 6ª Turma do STJ, não configura justa causa apta a autorizar invasão domiciliar a mera intuição da autoridade policial de eventual traficância praticada por indiví duo, fundada unicamente em sua fuga de local supostamente conhecido como ponto de venda de drogas ante iminente abordagem policial. Na hipótese em que o acusado encontra-se em local supostamente conhecido como ponto de venda de drogas, e, ao avistar o patrulhamento policial, empreende fuga até sua residência (por motivos desconhecidos) e, em razão disso, é perseguido por policiais, sem, contudo, haver um contexto fático do qual se possa concluir (ou, ao menos, ter-se fundada suspeita), que no interior da residência também ocorre uma conduta criminosa, a questão da legitimidade da atuação policial, ao invadir o domicílio, torna-se extremamente controversa. Assim, ao menos que se possa inferir, de fatores outros que não a mera fuga ante a iminente abordagem policial, que o evasor esteja praticando crime de tráfico de drogas, ou outro de caráter permanente, no interior da residência onde se homiziou, não haverá razão séria para a mitigação da inviolabilidade do domicílio, ainda que haja posterior descoberta e apreensão de drogas no interior da residência – circunstância que se mostrará meramente acidental –, sob pena de esvaziar-se a franquia constitucional do art. 5º, XI. O que se tem, portanto, é apenas a intuição acerca de eventual traficância praticada pelo recorrido, o que,embora pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para averiguação, não configurou, por si só, “fundadas razões” a autorizar o ingresso em seu domicílio, sem o seu consentimento e sem determinação judicial. Em outro precedente, a 6ª Turma do STJ concluiu que a existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. Por isso, concluiu ter havido ofensa ao direito fundamental da inviolabilidade do domicílio, determinado no art. 5°, inc. XI, da Constituição da República, pois, não havia referência à prévia investigação policial para verificar a possível veracidade das informações recebidas, não se tratando de averiguação de informações concretas e robustas acerca da traficância naquele local. Ainda que o tráfico ilícito de drogas seja um tipo penal com vários verbos nucleares, e de caráter permanente em alguns destes verbos, como, por exemplo, “ter em depósito”, não se pode ignorar o inciso XI do artigo 5º da Constituição Federal e esta garantia constitucional não pode ser banalizada em face de tentativas policiais aleatórias de encontrar algum ilícito em residências. Reconheceu, assim, mais uma vez, que a entrada forçada em domicílio, sem uma justificativa prévia conforme o direito, é arbitrária, e não será a constatação de situação de flagrância, posterior ao ingresso, que justificará a medida, pois os agentes estatais devem demonstrar que havia elemento mínimo a caracterizar fundadas razões (justa causa). OBS: O termo “delito”, utilizado no inciso XI do art. 5º da Constituição Federal, merece interpretação extensiva, abrangendo também a contravenção penal. O raciocínio é idêntico em relação ao princípio da legalidade ou da reserva legal, segundo o qual não há crime (e nem contravenção penal) sem lei anterior que o defina (CF, art. 5º, XXXIX). Portanto, mesmo em se tratando de contravenções penais (v.g., jogo do bicho), é possível o ingresso em casa alheia sem autorização judicial. 2. Momento da prisão e Código Eleitoral Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. § 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição. § 2º Ocorrendo qualquer prisão o preso será imediatamente conduzido à presença do juiz competente que, se verificar a ilegalidade da detenção, a relaxará e promoverá a responsabilidade do coator. Ao lado da inviolabilidade do domicílio, outra limitação ao momento da prisão está prevista no Código Eleitoral. → De acordo com o art. 236, caput, da Lei nº 4.737/1965, nenhuma autoridade poderá, desde cinco dias antes e até 48 horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito (v.g., “boca de urna”) ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável com trânsito em julgado, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. Ou seja, 5 dias antes da eleição até 48h depois, não se pode prender ou deter nenhum eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou ainda, por desrespeito a salvo-conduto. Tem como finalidade não dar pressão em eleitores e não influenciar no resultado das eleições. OBS: cabe ressaltar que, nesse caso, o flagrante delito deve ser, necessariamente de crime inafiançável. → Outrossim, em se tratando de candidatos, esse prazo é de quinze dias antes das eleições. Por sua vez, os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito (§1º). Importante: se aplica à todas as modalidades de prisões cautelares. Imunidades prisionais Em regra, toda e qualquer pessoa pode ser presa. No entanto, há exceções. 1. Presidente da República Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. a) O Presidente da República, nas infrações comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória, não estará sujeito à prisão (CF, art. 86, § 3º). Como se vê, não cabe contra o Presidente da República nenhuma prisão cautelar. b) Ademais, por força do disposto no art. 86, § 4º, da Constituição Federal, enquanto vigente o mandato, o Presidente da República não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de sua função (fatos praticados antes ou durante o mandato). Trata-se da cláusula da irresponsabilidade relativa, que não protege o Presidente da República quanto aos ilícitos praticados no exercício da função ou em razão dela, assim como não exclui sua responsabilização civil, administrativa ou tributária. Extinto ou perdido o mandato, o Presidente da República poderá ser criminalmente processado pelo fato criminoso estranho ao exercício da função, ainda que praticado antes ou durante a investidura. É possível estender essa imunidade aos GOVERNADORES DE ESTADO (por simetria)? R: O STF rechaçou a possibilidade de ser estendida essa imunidade aos Governadores, pois trata-se de imunidade excepcionalíssima conferida ao PR que não pode ser estendida. Recentemente, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no curso de inquérito instaurado contra o então Governador do Distrito Federal J.R.A., diante da tentativa deste de frustrar a instrução criminal mediante corrupção de testemunha e falsidade ideológica de documento privado, deliberou pela decretação de sua prisão preventiva com fundamento na garantia da ordem pública e na conveniência da instrução criminal. Entendeu a Corte Especial do STJ que os Governadores dos Estados e do Distrito Federal não gozam de imunidade à prisão cautelar, prerrogativa extraordinária garantida somente ao Presidente da República, na qualidade de Chefe de Estado (reserva de competência da União Federal). Ademais, concluiu que a apreciação do pedido de prisão preventiva pelo STJ independe de prévia autorização da Câmara Distrital, tendo em vista a natureza cautelar da prisão preventiva, bem como o suposto envolvimento de membros da Casa Legislativa no esquema de corrupção. STJ, Corte Especial, Inq. 650/DF, Rel. Min. Fernando Gonçalves, j. 11/02/2010, DJe 15/04/2010. A prisão preventiva do Governador do Distrito Federal foi confirmada pelo Supremo Tribu nal Federal, que entendeu presente de forma clara a prática de atos com o escopo de obstruir a justiça, atraindo a incidência do disposto no art. 312 do CPP, a revelar a possibilidade de prisão preventiva, admitida pela Carta da República no art. 5º, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV e LXVI, em virtude da necessidade de preservar-se não só a regular instrução criminal, no caso retratada nos autos do inquérito, mas também a ordem pública ante a atuação profícua de instituições, como a Polícia Federal, o Ministério Público e o Judiciário. 2. Senadores, deputados federais, estaduais ou distritais Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 2ºDesde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Senadores, deputados federais, estaduais ou distritais, desde a expedição do diploma, não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (CF, art. 53, § 2º, c/c art. 27, § 1º). → Portanto, senadores e deputados federais não poderão ser presos processualmente, salvo em caso de flagrante delito em crime inafiançável. Ainda, nesse último caso, a prisão de congressistas tem que passar pelo crivo de sua respectiva casa legislativa. → Ou seja, na hipótese de prisão em flagrante por crime inafiançável, a autoridade que presidir o auto deve encaminhá-lo à casa respectiva, que, no exercício de função anômala, pelo voto aberto da maioria de seus membros (maioria absoluta: 257 deputados ou 41 senadores), deve deliberar sobre a prisão, mantendo ou não o congressista preso. Tem 24h para votar se permanecem ou não presos. PRECISA DE FLAGRANTE DELITO E CRIME INAFIANÇÁVEL (requisitos cumulativos), SEGUNDO ENTENDIMENTO DO STF. Cabe ressaltar que a referida imunidade que é conferida aos deputados federais e senadores, vale também para deputados estaduais/distritais. É decorrência do princípio da simetria. Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. OBS: Vale ressaltar que vereadores, ao contrário do que ocorre com parlamentares federais, estaduais ou distritais, não gozam de incoercibilidade pessoal relativa (freedom from arrest), embora sejam detentores da chamada imunidade material em relação às palavras, opiniões e votos que proferirem no exercício do mandato e na circunscrição do município (CF, art. 29, VIII) e possuam, em alguns Estados da Federação, prerrogativa de foro assegurada na respectiva Constituição. Ressaltamos, que a impossibilidade de se prender em flagrante os membros do Congresso Nacional por crimes afiançáveis não significa que nada possa ser feito quando colhidos em situação de flagrância. Nesse caso, seja a autoridade policial, seja qualquer do povo, poderá adotar medidas no sentido de interromper a atividade ilícita, registrando a ocorrência, mas não será lavrado o auto de prisão em flagrante, nem tampouco ocorrerá o recolhimento ao cárcere. Na hipótese de prisão em flagrante por crime inafiançável, a autoridade que presidir o auto deve encaminhá-lo à casa respectiva, que, no exercício de função anômala, pelo voto aberto da maioria de seus membros (maioria absoluta: 257 deputados ou 41 senadores), deve deliberar sobre a prisão, mantendo ou não o congressista preso 3. Diplomatas (Imunidade Diplomática) Chefes de governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e membros das comitivas, embaixadores e suas famílias, funcionários estrangeiros do corpo diplomático e suas famílias, assim como funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA, etc.) gozam de imunidade diplomática, que consiste na prerrogativa de responder no seu país de origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo 103/1964, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/1965). Importante: Tal imunidade não é extensiva aos empregados particulares dos agentes diplomáticos. → Em virtude disso, tais pessoas não podem ser presas e nem julgadas pela autoridade do país onde exercem suas funções, seja qual for o crime praticado (CPP, art. 1º, inciso I). → Em caso de falecimento de um diplomata, os membros de sua família “continuarão no gozo dos privilégios e imunidades a que têm direito, até a expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar o território do Estado acreditado” (art. 39, § 3º, da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas). → Admite-se renúncia expressa à garantia da imunidade pelo Estado acreditante, ou seja, aquele que envia o Chefe de Estado ou representante. OBS: Vale ressaltar que essa imunidade não impede que as autoridades policiais investiguem o delito praticado, colhendo as informações necessárias referentes à autoria e materialidade do ilícito, que deverão ser encaminhadas às autoridades do país de origem do agente. Com efeito, o fato de o crime ser praticado por alguém que goze de imunidade diplomática não significa que nada possa ser feito. Supondo, assim, que um embaixador seja surpreendido desferindo tiros contra uma pessoa, sua captura poderá ser efetuada, de modo a se evitar a consumação do delito. Só que, uma vez obstada a prática do delito, o auto de prisão em flagrante delito não poderá ser lavrado. A ocorrência, porém, será registrada para o efeito de se enviar provas ao seu país de origem. Portanto, tratando-se de diplomata, não se aplica a lei brasileira ao crime cometido no território nacional brasileiro. Nesse caso, irá ser aplicada a lei de nacionalidade do diplomata. Isso, pois, uma das imunidades que o diplomata possui é não se submeter à jurisdição do país que ele está (se submete à lei do seu país). → Tal imunidade se estende aos funcionários (em serviço) e familiares dos diplomatas: ou seja, as imunidades diplomáticas atingem qualquer delito praticado pelos agentes diplomáticos, aos componentes de suas famílias e aos funcionários da organização internacional, quando em serviço. → Ou seja, o diplomata possui o direito de não ser preso. O máximo que pode ocorrer é desacreditá-lo, isto é, ser devolvido para seu país (estatuto de Viena). O diplomata e a sua família dispõem dessa imunidade (tanto penal quanto processual – não podem ser presos nos países que estão exercendo sua função. Prisão especial Temos a prisão processual e o preso definitivo (por sentença penal condenatória transitada em julgado). Essas 2 categorias de presos não podem ficar juntos: devem ter alas separadas para os presos provisórios distintas de presos definitivos. Art. 300. As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal. Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades competentes. → Portanto, os presos provisórios serão separados daqueles que já estiverem definitivamente condenados. Segundo o referido dispositivo, com redação dada pela Lei nº 12.403/11, as pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente condenadas, nos termos da lei de execução penal. Esse dispositivo visa evitar a promiscuidade resultante da convivência entre presos provisórios e presos que já tenham contra si sentença condenatória com trânsito em julgado. No mesmo sentido é a redação do art. 84, caput, da Lei de Execução Penal, segundo o qual o preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado. Art. 84, LEP. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado. PRISÃO ESPECIAL Ademais, quanto àqueles que estão presos provisoriamente, temos aqueles que tem direito a cela especial: é o que chamamos de prisão especial.→ O art. 295 do CPP cuida das chamadas prisões especiais, cabíveis para determinadas pessoas (pelo menos até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória). O referido dispositivo refere-se às prisões provisórias, ou seja, às prisões cautelares, não se aplicando àquelas resultantes de sentença penal condenatória passada em julgado, também tratadas como definitivas. → A prisão especial não pode ser considerada modalidade de prisão cautelar. Cuida-se, na verdade, de especial forma de cumprimento da prisão cautelar. Com efeito, segundo o disposto no art. 295 do CPP, só há falar em direito à prisão especial quando o agente estiver sujeito à prisão antes de condenação definitiva. Logo, com o trânsito em julgado, cessa o direito à prisão especial, sendo o condenado submetido ao regime ordinário de cumprimento da pena, ressalvada a hipótese do art. 84, § 2º, da LEP, referente ao preso que, ao tempo do fato, era funcionário da administração criminal, o qual deverá ficar em dependência separada dos demais presos. OBS: Pode ocorrer de o indivíduo estar preso cautelarmente em prisão especial por conta da prática de determinado crime, quando, então, sobrevém condenação definitiva à pena privativa de liberdade em razão da prática de outra infração penal. Nesse caso, prevalece o entendimento de que o preso que ostenta condenações criminais com trânsito em julgado deixa de ser tratado como preso provisório, mesmo que tenha contra si outros processos criminais em andamento, perdendo, assim, o direito à prisão especial. A prisão especial nada mais é do que não estar preso com os presos comuns (em cela diferenciada ou nos quartéis da instituição a que pertencer). Só é possível para os presos preventivamente, não é possível ser concedida aos presos definitivos. Portanto, essa prisão especial em estabelecimento distinto ou em quartéis só existe até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. O art. 295 do CPP define QUEM SÃO AS PESSOAS QUE POSSUI DIREITO À PRISÃO ESPECIAL: Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I - os ministros de Estado; II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados; IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; (Redação dada pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001) → O art. 295, V, do CPP também assegura prisão especial aos oficiais das Forças Armadas e aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. A contrário sensu, aos militares que não forem oficiais das Forças Armadas aplica-se a regra do art. 296, devendo ser custodiados em estabelecimentos militares. Por sua vez, de acordo com o parágrafo único do art. 242 do Código de Processo Penal Militar, a prisão de praças especiais e a de graduados atenderá aos respectivos graus de hierarquia. → Ademais, com as mudanças produzidas pela Lei nº 12.403/11, o parágrafo único do art. 300 do CPP passou a dispor que o militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades competentes. Como adverte Og Fernandes, essa regra volta-se não apenas para a prisão em flagrante delito, mas para toda e qualquer medida cautelar privativa de liberdade, aplicando-se aos militares das Forças Armadas, dos Estados e do Distrito Federal. VI - os magistrados; VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII - os ministros de confissão religiosa; IX - os ministros do Tribunal de Contas; X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função; → O art. 295, X, do CPP, também conferia aos jurados o direito à prisão especial. Apesar de a Lei nº 12.403/11 não ter revogado expressamente o art. 295, X, do CPP, quando se compara o texto antigo do art. 439 do CPP e sua nova redação, fica evidente que o legislador deixou de prever o direito à prisão especial para aquele que tenha exercido a função de jurado. → Portanto, diante da nova redação emprestada ao caput do art. 439, queremos crer que o art. 295, X, do CPP foi tacitamente revogado pela Lei nº 12.403/11. Logicamente, para aqueles que já exerceram efetivamente a função de jurado antes do advento da Lei nº 12.403/11, deverá ser respeitado o direito à prisão especial, em fiel observância ao art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, que assegura que a lei não prejudicará o direito adquirido.15 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10258.htm#art295v http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/L10258.htm#art295v XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. ❖ OBSERVAÇÕES GERAIS SOBRE A PRISÃO ESPECIAL § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum. § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. Portanto, de acordo com os §§ 1º e 2º do art. 295 do CPP, acrescentados pela referida lei, a prisão especial consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum e, não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento. → Na verdade, o que ocorre na prática é o recolhimento do preso especial a um determinado distrito policial, especificamente destinado a abrigar presos dessa espécie. A inexistência desse local distinto, todavia, não implica em imediata prisão domiciliar, como dispunha o art. 1º da Lei nº 5.256/67. Nesse caso, o preso deverá ser colocado no mesmo estabelecimento prisional que os demais presos, porém em cela distinta. → Portanto, diante do disposto no art. 295, § 2º, do CPP, somente na hipótese de inexistência de cela distinta para preso especial é que poderá ocorrer a prisão domiciliar. Nessa última hipótese, por ato de ofício do juiz, a requerimento do MP ou da autoridade policial, o beneficiário da prisão domiciliar poderá ser submetido à vigilância policial, exercida sempre com discrição e sem constrangimento para o réu ou indiciado e sua família (Lei nº 5.256/67, art. 3º). Ademais, a violação de qualquer das condições impostas na conformidade da Lei nº 5.256/67 implicará na perda do benefício da prisão domiciliar, devendo o réu ou indiciado ser recolhido a estabelecimento penal, onde permanecerá separado dos demais presos. § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana. → A prisão especial pode consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana (CPP, art. 295, § 3º). Cumpre lembrar que esse respeito à dignidade do preso não é exclusividade do preso especial. Pelo menos de acordo com o que consta do texto da Lei de Execução Penal (art. 88, parágrafo único, da Lei nº 7.210/84), são requisitos básicos da unidade celular em penitenciária a salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana, além de uma área mínima de 6 m2 (seis metros quadrados).§ 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum. → Caso seja necessário o traslado do preso especial ao fórum ou à delegacia, dispõe o art. 295, § 4º, do CPP, que seu transporte não pode ser efetuado juntamente com presos que não detenham o mesmo privilégio. § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum. → Mesmo estando recolhido à prisão especial, o preso tem direito à progressão de regimes. É esse o teor da súmula 717 do Supremo Tribunal Federal: “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”. PRISÃO EM SALA DE ESTADO-MAIOR Os conceitos de sala de Estado-Maior e de prisão especial não se confundem e a prerrogativa de recolhimento naquela não se reduz à prisão especial de que trata o art. 295 do CPP. → O direito à sala de Estado-Maior somente se refere às hipóteses de prisão cautelar, assemelhando-se, assim, à prisão especial, cujo direito também cessa com o trânsito em julgado da sentença condenatória. OBS: portanto, são prisões cautelares a prisão preventiva, temporária e em flagrante; em contrapartida, a sala de estado maior a prisão especial e a separada dos presos definitivos (ex. CERESP) são formas de cumprir essas prisões. Importante: Se por Estado-Maior se entende o grupo de oficiais que assessoram o Comandante de uma organização militar (Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar), sala de Estado- Maior é o compartimento de qualquer unidade militar que, ainda que potencialmente, possa ser por eles utilizado para exercer suas funções. Destarte, enquanto uma “cela” tem como finalidade típica o aprisionamento de alguém e, em razão disso, possui grades, em regra, uma “sala” apenas ocasionalmente é destinada para esse fim, além de oferecer instalações e comodidades condignas, isto é, condições adequadas de higiene e segurança. Compreende-se a sala de Estado-Maior, portanto, como uma sala e não cela, instalada no Comando das Forças Armadas ou de outras instituições militares, configurando tipo heterodoxo de prisão, eis que destituída de grades ou de portas fechadas pelo lado de fora. Fazem jus à sala de Estado-Maior: 1) Membros do Ministério Público (Lei nº 8.625/93, art. 40, V; Lei Complementar nº 75/93, art. 18, II, “e”); 2) Membros do Poder Judiciário (LC 35/79, art. 33); 3) Membros da Defensoria Pública (LC 80/94, arts. 44, inciso III, e 128, inciso III); 4) Advogados: de acordo com o Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94, art. 7º, V), ao advogado assiste o direito de não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado-Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar. → Importante destacar que, no julgamento da ADIN 1.127-8, o Supremo declarou a inconstitucionalidade da expressão ‘assim reconhecidas pela OAB’. Por conta do disposto no art. 7º, V, in fine, da Lei nº 8.906/94, a ausência de sala de Estado-Maior implica no recolhimento domiciliar do advogado, benefício este que não foi estendido aos membros da magistratura, do Ministério Público e da Defensoria Pública. A jurisprudência firmada pelo Plenário e pelas duas Turmas do Supremo é no sentido de se garantir a prisão cautelar aos profissionais da advocacia, devidamente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil, em sala de Estado- Maior e, não sendo possível ou não existindo dependências definidas como tal, conceder a eles o direito de prisão domiciliar. OBS: No entanto, o próprio Supremo Tribunal Federal tem considerado válida, a depender das circunstâncias do caso concreto, a manutenção de profissionais da advocacia em penitenciária que possua celas individuais, com condições regulares de higiene e instalações que impeçam o contato do paciente com presos comuns. Não seria razoável interpretar a prerrogativa conferida aos advogados como passível de inviabilizar a própria custódia. Outrossim, consoante disposto no art. 7º-B da Lei n. 8.906/94, incluído pela Lei n. 13.869/19, a violação à prerrogativa em questão pode caracterizar crime de abuso de autoridade. OBS: No entanto, membros do Ministério Público da União (LC nº 75/93, art. 18, inciso II, “e”), integrantes da Polícia Civil do Distrito Federal e da União (Lei nº 4.878/65, art. 40, § 3º) e presos que, ao tempo do fato, eram funcionários da administração da Justiça Criminal (LEP, art. 84, § 2º, c/c o art. 106, § 3º) terão direito à cela separada dos demais presos, mesmo durante a execução da prisão definitiva. Apesar de não existir dispositivo específico para o juiz, compreende-se que o magistrado estaria inserido no permissivo do art. 84, § 2º, da LEP, por tratar-se de funcionário da Justiça Criminal. Tais dispositivos visam preservar a integridade física e moral do preso (CF, art. 5º, inciso XLIX), evitando que esse condenado permaneça no meio de presos que possam nutrir sentimentos de vingança contra o funcionário ou ex-funcionário da Justiça Criminal. Outras medidas cautelares. Há medidas cautelares que incidem sobre a pessoa (pessoais), mas ela não se encontra presa. Ou seja, são colocadas algumas restrições a pessoa determinada, mas ela não está presa (art. 319 e 320). Há, ainda, a prisão domiciliar (art. 317 e seguintes). Espécies ❖ Prisão domiciliar A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar- se com autorização judicial (art. 317 CPP). → Levando em consideração certas situações especiais, de natureza humanitária, a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar visa tornar menos desumana a segregação cautelar, permitindo que, ao invés de ser recolhido ao cárcere, ao agente seja imposta a obrigação de permanecer em sua residência. Para que ocorra essa substituição, que só pode ser determinada pela autoridade judiciária, deve se exigir prova idônea dos requisitos estabelecidos no art. 318 do CPP. OBS: Nada diz a lei quanto à natureza do crime como requisito para a substituição da prisão preventiva pela domiciliar. Destarte, queremos crer que o benefício sob comento é aplicável a qualquer espécie de infração penal, tenha ou não natureza hedionda, desde que, logicamente, preenchidos os requisitos alternativos dos incisos do art. 318 do CPP. Interessante perceber que o legislador estabeleceu a prisão domiciliar no Capítulo IV, denominado “Da prisão domiciliar”. Como este capítulo está inserido no Título IX (“Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória”), e por ser a prisão domiciliar medida substitutiva da prisão preventiva, mantém o mesmo caráter cautelar desta, isto é, a prisão domiciliar também possui natureza cautelar e a sua finalidade será a mesma da prisão substituída. Também é importante notar que a prisão domiciliar foi inserida em tópico diverso daquele pertinente às medidas cautelares diversas da prisão (Capítulo V, arts. 319 e 320). Isso significa que a prisão domiciliar é considerada pelo legislador como uma forma de prisão preventiva domiciliar e não como medida cautelar alternativa à prisão. Portanto, a prisão domiciliar não foi criada, em princípio, com a finalidade de impedir a decretação da prisão preventiva, mas justamente de substituí-la, por questões humanitárias e excepcionais, previstas no art. 318 do CPP Importante: Caso haja descumprimento da prisão domiciliar, o juiz deve analisar se é caso de revogação do benefício, restaurando-se a prisão preventiva do agente, nos termos do art. 282, § 4º, do CPP. ✓ Art. 282, § 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termosdo parágrafo único do art. 312 deste Código. Importante: as hipóteses de cabimento da prisão domiciliar estão no art. 318 – o juiz, atendendo aos requisitos do art. 318, substitui a prisão preventiva pela prisão domiciliar. Ademais, cabe ressaltar que a prisão domiciliar aqui tratada, é diferente da prisão domiciliar de quem está cumprindo pena: aqui é a prisão domiciliar como substituição da prisão preventiva. ► Hipóteses de admissibilidade da prisão domiciliar Antes de analisarmos as hipóteses que autorizam a substituição da prisão preventiva pela domiciliar, convém destacar que a presença de um dos pressupostos indicados no art. 318, isoladamente considerado, não assegura ao acusado, automaticamente, o direito à substituição da prisão preventiva pela domiciliar. → O princípio da adequação também deve ser aplicado à substituição (CPP, art. 282, II), de modo que a prisão preventiva somente pode ser substituída pela domiciliar se se mostrar adequada à situação concreta. Do contrário, bastaria que o acusado atingisse a idade de 80 (oitenta) anos para que tivesse direito automático à prisão domiciliar, com o que não se pode concordar. → Portanto, a presença de um dos pressupostos do art. 318 do CPP funciona como requisito mínimo, mas não suficiente, de per si, para a substituição, cabendo ao magistrado verificar se, no caso concreto, a prisão domiciliar seria suficiente para neutralizar o periculum libertatis que deu ensejo à decretação da prisão preventiva do acusado. Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80 (oitenta) anos: verificando o juiz que se trata de pessoa maior de 80 (oitenta) anos, com o estado de saúde debilitado e fragilizado, o que demonstra a inconveniência e a desnecessidade de sua manutenção no cárcere, é possível a substituição da prisão preventiva pela domiciliar. II - extremamente debilitado por motivo de doença grave: não basta que o acusado esteja extremamente debilitado por motivo de doença para grave para que possa fazer jus, automaticamente, à prisão domiciliar. Há necessidade de se demonstrar, ademais, que o tratamento médico do qual o acusado necessita não pode ser ministrado de maneira adequada no estabelecimento prisional, o que estaria a recomendar que seu tratamento fosse prestado na sua própria residência. → Em caso concreto referente a acusado que foi submetido à cirurgia para a retirada de câncer da próstata e, em razão disso, necessitava de tratamento radioterápico sob risco de morte, além de precisar ingerir medicamentos específicos, entendeu o STJ que, excepcionalmente, pode-se conceder ao preso provisório o benefício da prisão domiciliar, porquanto demonstrada a gravidade do estado de saúde e a impossibilidade de o estabelecimento prisional prestar a devida assistência médica. STJ, 6ª Turma, HC 202.200/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, j. 21/6/2011, DJe 24/08/2011. Em sentido semelhante: STF, 2ª Turma, HC 153.961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 27/03/2018. III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência: ao contrário da LEP, que permite à mulher condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental cumprir a pena em prisão domiciliar, o CPP não exige que se trate de mulher, já que se refere ao agente que seja imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência. Apesar de não ser tão comum, há situações em que a única pessoa responsável pelo menor ou deficiente é o pai ou outro homem da família, como, por exemplo, na hipótese em que o genitor tem a guarda exclusiva dos filhos. → Nitidamente, o objetivo da prisão domiciliar do art. 318, III, do CPP, é não prejudicar a criança menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência em decorrência da decretação da prisão preventiva da pessoa indispensável aos seus cuidados. Trata-se de situação excepcional, tanto que o próprio legislador refere-se à imprescindibilidade do agente para os cuidados especiais. Assim, se houver familiares em liberdade que possam ficar responsáveis por esse cuidado especial, não há necessidade de substituição da prisão preventiva pela domiciliar. IV – gestante: na LEP, o art. 117, IV, permite o cumprimento da pena em regime domiciliar quando se trata de condenada gestante. → Novamente, há de se entender que a substituição da preventiva pela prisão domiciliar só deverá ocorrer na hipótese em que o estabelecimento prisional não puder conceder tratamento adequado à gestante. Nesse sentido, como já se pronunciou o STJ, “não há ilegalidade na negativa de substituição da preventiva por prisão domiciliar quando não comprovada a inadequação do estabelecimento prisional à condição de gestante ou lactante da condenada, visto que asseguradas todas as garantias para que tivesse a assistência médica devida e condições de amamentar o recém-nascido” STJ, 5ª Turma, HC 328.813/SP, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo – Desembargador convocado do TJ/PE –, j. 1º/10/2015, DJe 08/10/2015. Na mesma linha: STJ, 5ª Turma, HC 231.265/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, j. 18/12/2014, DJe 02/02/2015. Admitindo a substituição de prisão preventiva por domiciliar em relação à acusada de tráfico de drogas em estágio avançado de gravidez – 7 (sete) meses –, sobretudo porque a penitenciária em que ela se encontrava não era dotada de estrutura física para acolhimento de presas nessa condição: STF, 2ª Turma, HC 128.381/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 09/06/2015, DJe 128 30/06/2015. OBS: A despeito do silêncio do legislador acerca do termo ad quem dessa prisão domiciliar, conclui-se que o direito à substituição cessa com o nascimento ou, ao menos, findo o puerpério, que se estende, em média, por cerca de três meses após o parto. Findo esse lapso temporal, a manutenção da prisão domiciliar somente será possível se presente uma das hipóteses do art. 318, incisos III e V, do CPP, leia-se, caso a pessoa seja imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência ou se for mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos: a nova hipótese de substituição da prisão preventiva pela domiciliar prevista no inciso V do art. 318, com redação dada pela Lei nº 13.257/16, visa atender ao melhor interesse da criança (CF, art. 227, caput), permitindo que mãe e filho façam uso do direito à convivência familiar em local diverso do cárcere O novel inciso V do art. 318 do CPP deve ser interpretado com extrema cautela. Isso porque, à primeira vista, fica a impressão de que o simples fato de a mulher ter filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos daria a ela, automaticamente, o direito de ter sua prisão preventiva substituída pela prisão domiciliar, o que não é correto. Para fins de concessão do benefício da prisão domiciliar cautelar sob comento, incumbe à interessada comprovar que não há nenhuma outra pessoa que possa cuidar do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Logo, se houver familiares (v.g., avó, tia, pai) em liberdade que possam ficar responsáveis por esse filho, não há por que se determinar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar. VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos: com melhor redação que o inciso anterior, o art. 318, inciso VI, do CPP, com redação dada pela Lei nº 13.257/16, deixa claro que a prisão preventiva só será substituída pela domiciliar quando não houver ninguém que possa assumir os cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. IMPORTANTE: Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
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