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ALTERAÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

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ALTERAÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 
As afecções do sistema respiratório produzem no indivíduo uma incapacitação que pode ser transitória ou até mesmo 
permanente. As infecções decorrentes destas complicações são os principais problemas encontrados. O Enfermeiro deve 
conhecer cada uma das manifestações apresentadas pelos pacientes e intervir de modo a diminuir tais incapacitações. 
Anatomia e fisiologia do sistema respiratório 
O sistema respiratório é composto pelas vias aéreas, pelos pulmões, o tórax ósseo, os músculos respiratórios e o SNC. 
Estas estruturas atuam em conjunto para fornecer oxigênio para a corrente sanguínea e remoção do gás carbônico do 
corpo (SMELTEZER, 2013). As vias aéreas são divididas em superiores e inferiores. A função das vias aéreas superiores é 
aquecer, filtrar e umidificar o ar inalado. Além de participar da fonação e do envio de ar para as vias respiratórias 
inferiores. São revestidas por epitélio ciliado pseudoestratificado que produz muco, garantindo defesa ao sistema 
respiratório. Já as vias aéreas inferiores se iniciam na traqueia brônquios principais, brônquios segmentares e brônquios 
terminais até chegar aos alvéolos, estes responsáveis pela efetiva troca em o oxigênio inspirado e o gás carbônico a ser 
eliminado. Cada pulmão é revestido pela pleura visceral que fica em contato direto com o tecido pulmonar, enquanto a 
pleura parietal desliza sobre a parede torácica durante as incursões respiratórias (SMELTEZER, 2013). O líquido pleural 
preenche o espaço entre as duas camadas de pleura, permitindo o deslizamento entre elas. A pleura parietal contém 
terminações nervosas que emitem impulsos de dor quando ocorre inflamação. 
O diafragma e os músculos intercostais são os principais músculos usados na respiração. Eles contraem quando o cliente 
inala e relaxam quando ele exala criando um gradiente de pressão que permite a entrada e saída do ar. Em situações de 
trauma, dor ou lesão do nervo frênico este mecanismo é prejudicado e a respiração torna-se mais superficial e ajuda a 
aumentar a concentração de gás carbônico no sistema respiratório. Com este acúmulo há uma impregnação tecidual que 
leva à alteração no nível de consciência das pessoas. No cérebro, o bulbo, inicia cada ciclo respiratório enviando sinais 
para os músculos diafragma e intercostais através do nervo frênico. Os impulsos do nervo frênico ajustam a frequência e 
a profundidade da respiração. 
Fisiologia da respiração 
A respiração eficaz exige trocas gasosas nos pulmões e nos tecidos. Esta eficácia somente existirá, se houver o equilíbrio 
entre os três principais processos que envolvem a troca gasosa. São eles: a Ventilação caracterizada pela entrada e saída; 
a Perfusão pulmonar caracterizada pela presença de sangue enriquecido com oxigênio nos capilares pulmonares e a 
Difusão que é representada pela alternância entre as concentrações dos gases na corrente sanguínea, promovendo o 
trânsito entre estas substâncias, formando a oxihemoglobina. Depois de formada a oxihemoglobina, as hemácias são 
levadas para os tecidos (BRUNNER, 2016). Na difusão, moléculas de O2 e de CO2 se movem entre os alvéolos e os 
capilares. O O2 se move dos alvéolos para a corrente sanguínea, onde é captado pela hemoglobina nas hemácias, 
Doenças do sistema respiratório 
A complexidade de estruturas que envolvem o sistema respiratório permite também uma grande variedade de doenças 
que podem comprometer estruturas parenquimatosas, ou seja, do próprio tecido pulmonar ou das vias aéreas que o 
compõem. Em qualquer uma das circunstâncias há o aumento de trabalho, não apenas do próprio sistema respiratório, 
como também, do sistema cardiológico e neurológico e em algumas outras situações do sistema renal devido às alterações 
do equilíbrio ácido-base (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2005). 
A pneumonia é um processo inflamatório do parênquima pulmonar que comumente é causada por agentes infecciosos 
(CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2005). Pode ser classificada de acordo com o seu agente etiológico causador da infecção e 
conforme a estrutura pulmonar em que ocorrer a alteração parenquimatosa. Pode ser classificada em lobar e 
broncopneumonia. A pneumonia lobar ocorre quando uma porção substancial de um ou mais lobos é acometida. Já a 
broncopneumonia está em uma área localizada dentro do brônquio que invade o parênquima pulmonar. 
Fisiopatologia 
A pneumonia bacteriana cria problemas ventilatórios e de difusão. Uma reação inflamatória, iniciada pelo pneumococo, 
por exemplo. Esta reação ocorre nos alvéolos e produz um exsudato. Esse exsudato, por sua vez, interfere com o 
movimento de secreções pulmonares e na dinâmica ventilatória fazendo com que a difusão do oxigênio e do dióxido de 
carbono (MORTON, 2014). Os leucócitos também, por medida de defesa migram para o interior dos alvéolos e preenchem 
o espaço com ar. As áreas do pulmão não são adequadamente ventiladas por causa das secreções, edema de mucosa e 
broncoespasmo que provoca a oclusão parcial dos brônquios e alvéolos. Isso resultará em queda na pressão alveolar de 
oxigênio. O sangue venoso que entra pelos capilares para as trocas gasosas atravessa este alvéolo hipoventilado e sai do 
pulmão pelas veias pulmonares até o átrio esquerdo sem ser totalmente oxigenado. Essa mistura de sangue oxigenado 
com sangue parcialmente oxigenado pode resultar se não for corrigido, em hipoxemia arterial. Os pacientes diante desta 
situação apresentam sinais e sintomas que refletem esta ineficiência na troca gasosa. Os sintomas são variados quanto a 
sua origem, porém é importante lembrar que se um dos sistemas orgânicos não funciona bem, o outro pode ficar 
comprometido, por isso, esses pacientes podem apresentar (BRUNNER, 2016): 
• Calafrios pela queda na hemostasia e pelo processo infeccioso; 
• Febre de baixa temperatura, porém com elevação rápida; 
• Dor torácica, que é agravada pela respiração e tosse; 
• Taquipneia; 
• Roncos respiratórios; 
• Utilização de musculatura acessórias da respiração compensando o esforço ventilatório. 
A investigação da pneumonia se dá com a Entrevista do paciente para correlacionar os dados informados pelo paciente 
com os dados obtidos no exame físico realizado pelo enfermeiro. O exame físico identificará as alterações na dinâmica 
ventilatória do paciente, observando a existência de abaulamentos no tórax e a assimetria ventilatória durante as 
incursões respiratórias. Auscultará o tórax em busca de sons adventícios que justifiquem a história e entrevista ao 
paciente. Daí o enfermeiro poderá traçar um diagnóstico de enfermagem preciso e baseado nas necessidades do paciente 
e correlacionar estes diagnósticos com o tratamento médico fundamentado na coleta de exame laboratorial, com a 
realização de hemograma completo, radiografia do tórax (ALFARO-LEFREVE, 2005). 
O tratamento medicamentoso é baseado na administração de antibióticos; antitérmicos; já o Plano de cuidados de 
Enfermagem entre outros diagnósticos e intervenções consiste em manter o repouso do paciente no leito; nebulizar o 
paciente com ou sem o uso de substâncias broncodilatadoras do sistema respiratório; oferecer oxigenioterapia em casos 
de alterações nos parâmetros ventilatórios e de saturação do oxigênio na corrente sanguínea; Oferecer líquidos em maior 
quantidade e Estimular a expectoração de secreções broncopulmonares (CINTRA, NISHIDE e NUNES, 2005). 
Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): 
A DPOC é uma classificação ampla para distúrbios respiratórios que incluem a bronquite, bronquiectasia, enfisema e asma. 
É uma condição irreversível, associada à dispneia, ao esforço e fluxo aéreo reduzido para dentro ou para fora dos pulmões. 
São consideradas doenças de interação genética e ambiental. Alguns dos fatores de risco que influenciam o 
desenvolvimento destas doenças são o fumo, a poluição do ar e a exposição ocupacional (BRUNNER, 2016). As incidências 
das DPOC são conforme a idade, poréma imaturidade do sistema imunológico e respiratório assim como os fatores 
ambientais pode antecipar a ocorrência de crises que desencadeiam os sintomas (SMELTZER, 2013). 
Bronquite 
É uma doença definida pela presença de tosse produtiva, por longos períodos podem atingir até meses ao longo do ano. 
O fumo de cigarro e a exposição à poluição são as principais causas de bronquite crônica. As exacerbações da bronquite 
crônica são mais prováveis de ocorrer durante o inverno pela redução da umidade atmosférica e também pela maior 
concentração de poluentes. 
Fisiopatologia 
O agente agressor, seja ele a fumaça de cigarro ou a poluição irritam as vias aéreas, resultando em aumento na secreção 
de muco e inflamação das vias aéreas. A constante irritação faz com que as glândulas secretoras de muco se hipertrofiem, 
há redução na função dos cílios favorecendo a produção de mais muco. Isso faz com que a secreção se acumule nas vias 
aéreas e a obstrua reduzindo a luz do brônquio e consequente estreitamento da passagem do ar nos brônquios. 
Os alvéolos próximos aos brônquios terminais podem tornar-se lesionados e fibrosados, tornando que o paciente fique 
susceptível às infecções. O estreitamento dos brônquios é consequência dessas alterações fibrosantes nas vias aéreas. 
Com o passar tempo, as alterações pulmonares se tornam crônicas e podem evoluir para enfisema e bronquiectasia. 
Devido à presença constante de secreção nas vias aéreas em grande quantidade o paciente apresenta uma tosse 
produtiva. Isso pode piorar se o clima estiver frio, a umidade diminuída e haja irritantes pulmonares no ambiente 
(MORTON, 2014). 
Na investigação deste paciente geralmente há história de tabagismo e frequentes infecções respiratórias, portanto os 
hábitos de vida deverão ser investigados, tano em relação ao tabagismo quanto a hábitos alimentares e de higiene 
doméstica. Muitos produtos químicos usados em residências favorecem o aparecimento de crises de bronquite. Além 
destes aspectos da anamnese é importante investigar a função pulmonar com a realização de testes de espirometria e 
também exames laboratoriais e radiografias 
O tratamento assim como na pneumonia se baseará na administração de antibióticos para conter as infecções e não 
comprometer ainda mais a função respiratória, os broncodilatadores inalatórios ou venosos para reduzir o edema pela 
presença da secreção (SMELTZER, 2013). O paciente deverá ser posicionado no leito de modo a drenar ativamente a 
secreção das vias aéreas se colocando em decúbito ventral com o tórax em nível menor do que o restante do corpo. A 
ingestão de líquidos facilitará a umidificação das secreções e consequente expectoração. 
O enfermeiro em seu plano de cuidados deve avaliar o padrão ventilatório do paciente do ponto de vista estático assim 
como, o dinâmico. A avaliação estática do tórax permite que as alterações no formato do tórax, no baqueteamento da 
ponta dos dedos revelem a cronificação da doença. Quanto ao ponto de vista dinâmico seguem as avaliações da 
frequência respiratória. Observará também a coloração da secreção expectorada evidenciando sinais de processos 
infecciosos e incentivará a ingestão de líquidos e a expectoração (NANDA, 2006). 
Enfisema pulmonar 
O enfisema pulmonar é uma das DPOC com maior incidência na população brasileira e tem com principal agente causador 
o hábito do fumo. É definido como uma distensão anormal dos espaços aéreos distal aos bronquíolos, com destruição dos 
septos alveolares. 
Fisiopatologia 
À medida que as paredes dos alvéolos são destruídas, a área de superfície alveolar diminui continuamente, causando um 
aumento no espaço morto e resultante comprometimento da difusão de oxigênio. Este fenômeno levará a hipoxemia. Em 
estágios mais avançado da doença, a eliminação de gás carbônico está comprometida levando à hipercapnia, provocando 
acidose respiratória. À medida que as paredes alveolares continuam a se romper, o leito capilar pulmonar é destruído. O 
fluxo sanguíneo pulmonar é aumentado e o ventrículo direito é forçado a manter maior pressão sanguínea na artéria 
pulmonar. Desta forma, a insuficiência cardíaca direita (cor pulmonale) é uma das complicações do enfisema. As secreções 
brônquicas ficam aumentadas e retidas, pela incapacidade de expectoração contribuindo para a repetição de infecções 
pulmonares agudas e crônicas. 
Os pacientes com Enfisema pulmonar apresentam dispneia de súbita e persistente, além de tosse persistente; devido ao 
estreitamento da via aérea e persistência de área inflamatória são auscultados sibilos, principalmente expiratórios. 
Taquipneia; o paciente já apresenta deformações na estrutura do tórax (tórax em barril); perda de peso, hipoxemia e 
hipercapnia. 
Seguindo a lógica das demais DPOC a investigação do enfermeiro é feita com o Exame físico coletando informações sobre 
hábitos de vida e sobretudo de fumo. O paciente realizará exames radiológicos e de função pulmonar (espirometria) e 
será constantemente avaliada a concentração de gases na corrente sanguínea devido à retenção de gás carbônico, como 
uma das consequências da doença. Por haver possibilidade de agentes infecciosos atuando no sistema respiratório, 
principalmente pelo acúmulo de secreto, o paciente será submetido à coleta de sangue para hemograma complete 
(MORTON, 2014). 
O tratamento se baseará ainda seguindo as demais DPOC, com a antobióticoterapia, administração de broncodilatadores, 
uso de corticoides venosos e inalatórios. A oxigenioterapia, porém esta, em volume baixo, mantendo os níveis de 
saturação de oxigênio próximos ao valor normal máximo, de 90% de saturação de oxigênio. Alguns pacientes precisam 
manter esta saturação em valores de saturação até menores para que o reflexo bulbar da respiração seja mantido.