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Aplicação da Lei Penal
DIREITO PENAL
APLICAÇÃO DA LEI PENAL
De acordo com a aplicação da lei penal:
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia comi-
nação legal.
Princípios da estrita legalidade e da anterioridade
A norma penal incriminadora deve ser instituída por lei em sentido estrito (lei complemen-
tar ou lei ordinária), de competência privativa da União, e deve ser anterior ao fato criminoso. 
Por não haver crime, nem pena, sem lei prévia que os define, não é possível o emprego da 
analogia para criar um tipo penal ou agravar uma pena.
Obs.: analogia é a integração, suplementação, colmatação de uma lei.
Por exemplo, trata-se de uma situação fática que não é regulada por lei alguma. Por isso, 
por meio do emprego da analogia, pega-se emprestada uma lei que regula uma hipótese 
semelhante para aplicar a essa hipótese fática que não tem uma lei específica. Desse modo, 
é possível fazer isso no Direito Penal? Isto é, pegar o direito penal incriminador que tipifica 
uma conduta para tipificar um comportamento que não é idêntico, embora semelhante, não 
está previsto como crime? A resposta é: não.
Analogia
A analogia é definida pela doutrina como um: “método de pensamento comparativo de 
grupo de casos. Aplicação da lei penal a fatos não previstos, mas semelhantes aos pre-
vistos”. Além disso, o fundamento da analogia reside na equidade. Dito isso, as situações 
semelhantes devem receber igual tratamento.
No Direito Penal, somente se admite a analogia in bonam partem, ou seja, a analogia 
favorável. A analogia in malam partem, isto é, aquela que agrava a situação ou prejudica o 
réu, não é admitida, por ofensa ao princípio da estrita legalidade.
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DIREITO PENAL
Normas penais em branco
São aquelas que não reúnem em si todos os elementos necessários à sua aplicação. 
Também denominadas normas penais abertas ou cegas. Portanto, necessitam de um com-
plemento normativo em seu preceito primário (em regra). O preceito primário de uma norma 
penal é a descrição da conduta criminosa e o preceito secundário é a pena. Dessa maneira, 
segundo o art. 121, matar alguém é o preceito primário – descrição da conduta criminosa – e 
o preceito secundário é a pena – reclusão, de seis a vinte anos.
Ademais, as normas penais em branco podem ser próprias, em sentido estrito ou hete-
rogêneas, quando o complemento é dado por espécie normativa diversa da lei, portaria, por 
exemplo, ou impróprias, em sentido lato ou homogêneas, quando o complemento é fornecido 
pela própria lei.
Por exemplo, art. 312 do Código Penal – crime de peculato. É crime praticado pelo fun-
cionário público, no exercício das funções, ou seja, aquele funcionário público que se apro-
pria, desvia ou subtrai o bem móvel público ou particular que está a ele acessível. Nesse 
caso, não se sabe funcionário público para fins penais, logo, trata-se de uma norma penal 
em branco, porque é preciso quem é o funcionário público, isto é, é necessário completar o 
sentido da norma penal. 
Para isso, recorre-se ao art. 327, CP, que traz o conceito de funcionário público para fins 
penais. Sendo assim, considera-se funcionário público aquele que, embora transitoriamente, 
ainda que sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. Dessa forma, para 
aplicar adequadamente o artigo 312, para tipificar corretamente um crime de peculato, é 
preciso saber quem é funcionário público para fins penais, que é dado por um complemento 
normativo (art. 327, CP). Portanto, trata-se de uma norma penal em branco imprópria homo-
gênea, pois o complemento é fornecido pela própria lei.
As normas penais em branco impróprias ou homogêneas, por seu turno, dividem-se em 
homovitelinas e heterovitelinas.
• Homovitelinas: a lei incriminadora e seu complemento encontram-se no mesmo 
diploma legislativo.
• Heterovitelinas: a lei incriminadora e seu complemento estão em diplomas diversos.
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DIREITO PENAL
Norma penal em branco própria
Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas):
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad; 
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários 
e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e 
ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou os 
produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em 
listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União.
Os crimes previstos na Lei de Drogas são classificados como normas penais em branco 
próprias ou em sentido estrito, pois necessitam de complementação por espécie normativa 
diversa da lei (ato administrativo do Ministério da Saúde/ANVISA). 
Norma penal em branco imprópria homovitelina
Peculato:
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem 
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em pro-
veito próprio ou alheio:
Pena – reclusão, de dois a doze anos, e multa.
O art. 312 se trata de norma penal em branco imprópria ou em sentido lato homovitelina, 
já que a definição de funcionário público é dada pelo próprio Código Penal, em seu art. 327.
Funcionário público
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transi-
toriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em enti-
dade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conve-
niada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
Norma penal em branco imprópria heterovitelinas
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento:
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DIREITO PENAL
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultan-
do-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
A definição dos impedimentos está no Código Civil.
Lei penal no tempo:
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, ces-
sando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Abolitio criminis é a supressão da figura criminosa. Tem-se a causa extintiva da punibi-
lidade (art. 107, inc. III, CP). Com isso desaparecem os efeitos penais (reincidência, maus 
antecedentes), permanecendo os extrapenais (efeitos civis, obrigação de reparar o dano, 
constituição de título executivo). 
Ademais, não se fala de abolitio criminis quando o fato criminoso passa a ser disciplinado 
por dispositivo legal diverso (princípio da continuidade normativa ou continuidade normativo-
-típica), ou seja, quando o endereço do crime ou da contravenção muda, visto que se está 
tutelando o bem jurídico incriminando uma conduta. Por exemplo: art. 214 do CP revogado 
em 200, que contemplava o “atentado violento ao pudor”. Em 2009, o legislador reúne sob 
a epígrafe única de estupro, tanto a conjunção carnal quanto os atos libidinosos diversos. 
Contudo, isso não significa que o atentado violento ao pudor tenha sido abolido da norma, 
somente deslocou-se à tutela penal.
Art. 2º, Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorece o agente, 
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitadaem julgado.
De acordo com o art. 5º, inc. XL, da CF, a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar 
o réu. Desse modo, na hipótese em que há superveniência de uma lei penal mais bené-
fica, esta lei é aplicada para os fatos passados de imediato. Logo, a retroatividade da lei 
penal mais benéfica opera-se de imediato, dispensa cláusula expressa ou regulamentação e 
alcança, inclusive, os feitos já transitados em julgado. Nesse último caso, caberá ao juízo das 
execuções penais aplicar a lei penal mais favorável. Súmula 611 do STF. 
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DIREITO PENAL
DIRETO DO CONCURSO
1. (28º EXAME DE ORDEM) Sílvio foi condenado pela prática de crime de roubo, ocorrido 
em 10/01/2017, por decisão transitada em julgado, em 05/03/2018, à pena base de 4 
anos de reclusão, majorada em 1/3 em razão do emprego de arma branca, totalizando 
5 anos e 4 meses de pena privativa de liberdade, além de multa. Após ter sido inicia-
do o cumprimento definitivo da pena por Sílvio, foi editada, em 23/04/2018, a Lei n. 
13.654/18, que excluiu a causa de aumento pelo emprego de arma branca no crime de 
roubo. Ao tomar conhecimento da edição da nova lei, a família de Sílvio procura um(a) 
advogado(a). Considerando as informações expostas, o(a) advogado(a) de Sílvio:
a. não poderá buscar alteração da sentença, tendo em vista que houve trânsito em jul-
gado da sentença penal condenatória.
b. poderá requerer ao juízo da execução penal o afastamento da causa de aumento e, 
consequentemente, a redução da sanção penal imposta.
c. deverá buscar a redução da pena aplicada, com afastamento da causa de aumento 
do emprego da arma branca, por meio de revisão criminal.
d. deverá buscar a anulação da sentença condenatória, pugnando pela realização de 
novo julgamento com base na inovação legislativa.
COMENTÁRIO
Nesse caso, o advogado deverá postular que redimensione a pena de Silvio afastando a 
majorante. Sendo assim, postula-se a aplicação retroativa da Lei n. 13.654/18 por ser uma 
benéfica. 
GABARITO
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��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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