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Aplicação da Lei Penal III
DIREITO PENAL
APLICAÇÃO DA LEI PENAL III
TEMPO DO CRIME
CP
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja 
o momento do resultado.
O Código Penal adota, no artigo 4º, a teoria da atividade ou da ação, pois se considera 
cometido o crime no momento da ação ou da omissão. A conduta penalmente relevante pode 
ser tanto agir / fazer uma ação, quanto deixar de fazer / omissão. 
Por exemplo: um sujeito que deseja matar um rival, isto é, comenter um crime de homi-
cídio. Para isso, pega a arma de fogo, visualiza o seu desafeto, mira e dispara contra o seu 
desafeto. Entretanto, a vítima não morre imediatamente, sendo conduzida para um hospital. 
Nesse caso, o tempo do crime é quando o indivíduo efetuou o disparo, ainda que a morte 
ocorra depois.
É importante saber o tempo do crime, porque a lei a ser aplicada ao caso concreto é a 
lei vigente na data do crime. Além disso, todos os elementos do crime (tipicidade, ilicitude e 
culpabilidade) devem estar presentes no momento da conduta.
Por exemplo: imagine que o indivíduo que efetuou os disparos tinha 17 anos. Mesmo que 
seu aniversário de 18 anos fosse no dia seguinte ao crime, ele continuaria inimputável, visto 
que menor de idade não tem culpabilidade penal. Portanto, responderia por ato infracional 
penal análogo ao homicídio.
Ademais, o momento do resultado não é relevante. Nesse mesmo exemplo, se a vítima 
tivesse falecido um dia após o agente ter completado 18 anos, isso não mudaria o fato de que 
ele era inimputável no tempo do crime. Por isso, é importante saber sobre o tempo do crime, 
para definir a lei que irá reger o caso e a imputabilidade do agente.
Superveniência de Lei Penal
Súmula n. 711 do STF: Superveniência de lei penal mais severa enquanto não cessada 
a continuidade ou a permanência. Aplica-se a lei nova, ainda que mais grave, já que a con-
duta continua sendo praticada.
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DIREITO PENAL
O crime de homicídio é considerado instantâneo, pois não apresenta nenhum tipo de 
prolongamento no tempo de seus atos executórios. No caso do crime de extorsão mediante 
sequestro (art. 159, CP), trata-se de um crime em que o sujeito fará uma vítima de refém e, a 
partir do momento em que ela tem a sua liberdade privada, é feito um pedido de resgate para 
a família, ou seja, deseja-se uma vantagem ilícita para restituir a liberdade daquela pessoa.
Nessa situação, enquanto a vítima está sendo mantida em cativeiro e os sequestrado-
res estão fazendo a exigência da vantagem indevida, o crime está se protraindo no tempo. 
Portanto, é possível a prisão em flagrante desse indivíduo a qualquer momento, ainda que o 
resgate não tenha sido pago. Logo, trata-se de um crime permanente, cuja consumação se 
prolonga no tempo. Como consequência, a lei penal mais grave que vier a entrar em vigência 
durante a permanência do crime incidirá ao caso concreto. 
Além disso, quando se trata de um crime continuado, em que há um crime inicial e vários 
delitos parcelares que são uma continuação do primeiro, como o furto, a aplicação da pena 
não será isolada para cada um dos furtos. Para isso, pega-se a pena de um crime apenas 
e aumenta-se uma fração. Nesse caso, também há a possibilidade de se aplicar a lei mais 
severa, enquanto não cessada a continuidade.
Crime continuado e crime permanente são coisas distintas. Exemplo de crime perma-
nente: extorsão mediante sequestro. Exemplo de crime continuado: indivíduo que pratica 
vários furtos sucessivamente, no mesmo local e nas mesmas circunstâncias. 
ATENÇÃO
Segundo o art. 111, inciso I, do Código Penal, “a prescrição da pretensão punitiva começa 
a correr da data da consumação do crime” (teoria do resultado). 
DIRETO DO CONCURSO
1. (FGV/31º EXAME DE ORDEM) André, nascido em 21/11/2001, adquiriu de Francisco, 
em 18/11/2019, grande quantidade de droga, com o fim de vendê-la aos convidados de 
seu aniversário, que seria celebrado em 24/11/2019. Imediatamente após a compra, 
guardou a droga no armário de seu quarto. Em 23/11/2019, a partir de uma denúncia 
anônima e munidos do respectivo mandado de busca e apreensão deferido judicial-
mente, policiais compareceram à residência de André, onde encontraram e apreen-
deram a droga que era por ele armazenada. De imediato, a mãe de André entrou em 
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contato com o advogado da família. Considerando apenas as informações expostas, na 
Delegacia, o advogado de André deverá esclarecer à família que André, penalmente, 
será considerado:
a. inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de trá-
fico, em razão de sua menoridade quando da aquisição da droga, com base na Teoria 
da Atividade adotada pelo Código Penal para definir o momento do crime.
b. inimputável, devendo responder apenas por ato infracional análogo ao delito de trá-
fico, tendo em vista que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir o 
momento do crime.
c. imputável, podendo responder pelo delito de tráfico de drogas, mesmo adotando o 
Código Penal a Teoria da Atividade para definir o momento do crime.
d. imputável, podendo responder pelo delito de associação para o tráfico, que tem natu-
reza permanente, tendo em vista que o Código Penal adota a Teoria do Resultado 
para definir o momento do crime.
COMENTÁRIO
O ato de armazenar drogas é considerado um crime permanente, isto é, a consumação se 
prolonga no tempo. 
Territorialidade
A regra é aplicar a lei penal brasileira aos crimes, delitos e contravenções ocorridas no terri-
tório brasileiro. Isso porque cada país é soberano em seu território para ter as suas próprias leis. 
Por isso, as leis penais variam de país para país. Todavia, não se trata de uma regra absoluta.
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito interna-
cional, ao crime cometido no território nacional.
Tendo isso em vista, a territorialidade é a regra, independentemente da nacionalidade 
do agente, da vítima ou do objeto jurídico. Com isso, a exceção ocorre quando o brasileiro 
comete crime no exterior e quando o estrangeiro comete crime no Brasil. Nessa circunstân-
cia, permite-se a eficácia de convenções e tratados internacionais. Assim, o Código Penal 
adotou o princípio da territorialidade mitigada ou temperada.
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Território
É um espaço em que o Estado exerce sua soberania política.
Território brasileiro por extensão:
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações 
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto mar.
Obs.: � o avião da Força Aérea Brasileira, por exemplo, é uma aeronave de natureza públi-
ca a serviço do governo brasileiro. Não importa onde esse avião da FAB esteja, pois 
será considerado território brasileiro por extensão. Portanto, se ocorrer um crime 
dentro de uma aeronave, em meio a um espaço aéreo, ou embarcação, em alto mar, 
do serviço público do governo brasileiro, será aplicada a lei penal brasileira.
§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticadosa bordo de aeronaves ou embarca-
ções estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou 
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
Obs.: � nesse parágrafo, não se trata de território brasileiro por extensão, mas sim da aplica-
ção da lei penal brasileira às aeronaves e embarcações de propriedade privada de 
bandeira estrangeira, quando estão em pouso no território brasileiro. 
DIRETO DO CONCURSO
2. (FGV/EXAME DE ORDEM) John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particu-
lar de bandeira americana, é assassinado por José, cidadão brasileiro, dentro do alu-
dido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de São Paulo. 
Nesse contexto, é correto afirmar que a lei brasileira:
a. não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser proces-
sado de acordo com a lei estadunidense.
b. é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava 
atracada em território nacional.
c. é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território estran-
geiro, foi praticado por brasileiro.
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d. não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é competência 
do Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarca-
ção estrangeira atracada em território de país diverso.
COMENTÁRIO
A lei brasileira é aplicável, por se tratar de crime praticado em embarcação estrangeira 
privada atracada em porto brasileiro. 
Tabela para Memorização
Embarcações e Aeronaves Aplicação da Lei Brasileira
Públicas ou a serviço do governo brasileiro. Sempre (estejam em território nacional ou estran-
geiro). Extensão do território nacional.
Mercantes ou particulares de bandeira brasileira. Em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente.
Estrangeiras (privadas). Apenas em território brasileiro.
GABARITO
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2. b
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��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula pre-
parada e ministrada pela professora Michelle Tonon. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo 
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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