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Conceito Analítico de Crime III
DIREITO PENAL 
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME III
Nesta aula, estudaremos as teorias que foram formuladas ao longo da história para expli-
car as categorias que compõem o delito e explicar o conceito de conduta.
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
Teoria do Crime
Vejamos o processo de elaboração histórica das diferentes escolas penais, que procu-
raram abordar o fenômeno do crime, os fundamentos e o objeto, a missão do Direito Penal.
• Conceito: teoria do delito ou do fato punível. Estudo das categorias da tipicidade, antiju-
ridicidade e culpabilidade e demais conceitos interligados. Características que devem 
estar presentes em qualquer delito. Tipicidade, ilicitude e culpabilidade convertem uma 
ação em delito.
• Desenvolvimento histórico das escolas penais. Diferentes doutrinas que procuraram 
abordar o fenômeno do crime, os fundamentos e o objeto (missão) do Direito Penal.
Além disso, toda formulação teórica, toda doutrina, é elaborada em conformidade com 
o seu momento histórico, com os paradigmas científicos e da filosofia que estão vigentes 
naquele momento histórico específico.
• Longo processo de elaboração histórica, em constante desenvolvimento.
• Teorias elaboradas em conformidade com os paradigmas científicos e da filosofia.
Abaixo, a evolução de todas as teorias do crime:
Evolução das Teorias
• Causalismo (clássica ou naturalismo);
• Neokantismo (neoclássica);
• Finalismo (teoria que prevalece atualmente);
• Social da ação;
• Funcionalismo (ou pós-finalismo);
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Teoria causal.
Na época em que essa teoria foi criada, havia uma grande proeminência do positivismo 
científico, com grande destaque para tratamento das ciências naturais. É a época de formula-
ção desses postulados que regem as leis da natureza, sendo tudo visto como causa e efeito, 
um tratamento exageradamente formal e científico. 
Esse rigor científico foi trazido para o Direito Penal, tratando a conduta humana desta 
forma exageradamente formal. Ou seja: o tratamento dado à natureza foi trazido para o 
Direito Penal.
• Também chamada de naturalista, mecanicista ou clássica. O Direito é submetido ao 
método próprio das ciências naturais, regidas pela lei da causalidade (relação cau-
sa-efeito).
• Positivismo científico. Tratamento exageradamente formal ao comportamento humano.
• Início séc. XIX. Von Liszt, Beling.
• A conduta é um processo puramente causal, naturalístico, como movimento corpo-
ral e modificadora do mundo exterior. Não há vontade quanto à produção do resul-
tado. Logo, se uma pessoa adota um determinado comportamento, vai causar uma 
modificação no mundo dos fatos e não se investiga exatamente qual a intenção por 
detrás daquilo.
Por exemplo: um corpo sem vida no chão denota comportamento doloso ou comporta-
mento culposo. Mas sem outras informações além do corpo não há como precisar a inten-
ção da pessoa que realizou aquela conduta humana – que certamente foi o que causou o 
resultado.
Para os causais, não havia diferença entre acidente e vontade, só importava o ato em si, 
de forma objetiva.
• O tipo é a descrição objetiva de uma modificação no mundo exterior. A antijuridicidade 
é a contrariedade a uma norma do direito e a culpabilidade é a relação psíquica entre 
o agente e o fato. Tripartite.
• Concepção psicológica da culpabilidade, não da atipicidade.
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• Desvalor do resultado (“fotografia do resultado”), ou seja, aquilo de mais relevante a 
ser analisado é o resultado, enquanto dolo e culpa são analisados no âmbito da culpa-
bilidade. 
O principal defeito que se pode enxergar nessa teoria é justamente a separação entre 
conduta humana e o elemento volitivo, pois está desprovida de elementos que analisem 
aquilo que levou o agente a agir de tal forma. Ignora-se, por exemplo, os crimes por omissão, 
ou aqueles que não possuem resultado.
Para os teóricos causais a culpabilidade é gênero, e dentro deste gênero estão as espé-
cies dolo e culpa, o que acaba por criar a impossibilidade de se distinguir culpa e dolo, justa-
mente por não pesquisar a intenção do agente.
• Principal defeito: separação entre a conduta e o elemento volitivo.
• A caracterização da conduta criminosa depende somente de o agente produzir um 
resultado previsto em Lei como infração penal.
• Como explicar os crimes omissivos? Como explicar os delitos sem resultado (formais 
e de mera conduta)?
• A teoria causal adota a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem intenção?
• Não. A intenção é considerada, porém no âmbito da culpabilidade.
• Culpabilidade como gênero, dentro do qual dolo e culpa são espécies.
• Assim, decorre a impossibilidade de distinção entre condutas dolosas e culposas, vez 
que ao analisar a conduta, a teoria clássica ou causal não faz nenhuma pesquisa 
sobre a intenção do agente.
Teoria Neokantista
• Também chamada de neoclássica e causal-valorativa. Final do séc. XIX, início séc. XX.
• Expoentes: Gustav Radbruch, Mezger (influenciados pelas teorias e Kant).
• Positivistas: prioridade ao ser.
• Neokantistas: prioridade ao dever ser.
• Diferente dos teóricos causais, os neokantistas vão além das definições formais e 
explicações puramente causais, abandonando as definições meramente formais e 
avançando na introdução de conceitos de valor. 
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• Introdução de considerações axiológicas e do conceito de conduta omissiva
• Conceituação dos elementos da culpabilidade (como juízo de reprovabilidade). Dolo e 
culpa continuam alocados na culpabilidade.
Portanto, podemos dizer que os neokantistas preparam o terreno para a teoria finalista de 
Wezel, que veremos a seguir.
Essa teoria não faz a grande ruptura que a teoria finalista faz.
Teoria Finalista
• Adotada pelo Código Penal. Concebe o crime como fato típico e antijurídico. A culpa-
bilidade diz respeito à reprovabilidade da conduta. O dolo, que integrava o juízo de 
culpabilidade, passa a ser elemento estruturante do fato típico. O que Welzel faz é 
conjugar a conduta humana ao elemento psíquico.
Obs.: a teoria tem esse nome, porque Welzel diz que toda ação humana é uma ação 
final, direcionada a produzir algo, uma vez o indivíduo estando no pleno gozo de suas facul-
dades mentais. Logo, não é possível separar a conduta humana de seu aspecto intencional.
• Correção das contradições da teoria causal;
• Desenvolvida por Welzel entre 1930 e 1960;
• A ação humana é exercício de atividade final. A ação é um acontecer final e não pura-
mente causal. A conduta não pode ser dissociada da intenção;
• O caráter final baseia-se em que o homem pode prever, dentro de certos limites, as 
consequências possíveis de sua conduta. “A finalidade é vidente e a causalidade é 
cega.” Por exemplo: uma pessoa no pleno uso de suas faculdades mentais consegue 
antever, com certos limites, as consequências de dirigir um carro a velocidades altíssi-
mas em uma pista cheia de outros veículos. 
• Retirada de todos os elementos subjetivos da culpabilidade, que passa a ter uma con-
cepção puramente normativa, a tipicidade.
• Desvalor da ação: para o teórico, analisa-se o prejuízo que emerge da ação, punindo 
o indivíduo não de acordo com o resultado que ele produziu no mundo dos fatos, mas 
com a intenção que ele tinha ao agir, uma vez que pode haver um descompasso entrea intenção e o resultado naturalístico.
• O dolo é natural (sem valoração). Elementos: consciência e vontade.
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• Com o finalismo, dolo e culpa deslocam-se da culpabilidade para a tipicidade, já que 
é a finalidade da ação, o dolo, que dirá, por exemplo, se estamos diante de um crime 
de tentativa de homicídio ou de lesão corporal (se a intenção é matar, homicídio; se a 
intenção é apenas ferir, lesão corporal).
• A teoria final da ação eliminou a separação entre a vontade e seu conteúdo, isto é, eli-
minou a separação dos aspectos objetivos e subjetivos da ação.
• O finalismo permitiu a distinção entre delitos dolosos e culposos, o que não era pos-
sível pela teoria causal. Logo, os crimes dolosos e culposos não poderiam receber a 
mesma pena.
• Como explicar a estrutura dos crimes culposos, à luz da teoria finalista, já que a inten-
ção do agente é dirigida a um fim conforme o direito?
• Nos crimes culposos, a reprovação não recai na finalidade do agente, mas sim nos 
meios que ele elegeu para a consecução de um fim (agir imprudente, negligente ou 
imperito).
Além disso, para o finalismo, o dolo é natural. Isto é, como toda ação humana é uma ação 
final, não há como separar a vontade, a consciência, da conduta, por ser algo inerente do 
ser humano. 
Obs.: nos crimes culposos, a reprovação não vai recair sobre o que o agente pretendia 
fazer, porque sua finalidade ao atuar era uma finalidade lícita. A reprovação, nos crimes cul-
posos, vai recair sobre a escolha da forma de agir, os meios (perigosos, imprudentes, negli-
gentes ou imperitos) eleitos para chegar ao fim.
Funcionalismo ou Pós-finalismo
• Causalismo e finalismo partem de um conceito pré-jurídico de conduta, isto é, que per-
tence ao mundo da realidade. Conceito ontológico de ação;
• Já o funcionalismo relega o conceito de ação a segundo plano. Preocupação pragmá-
tica. Ênfase nas funções político-criminais do Direito Penal: prevenção geral e espe-
cial. Teleologia da norma. A intenção é conhecer o Direito Penal para aplicá-lo de forma 
pragmática para prevenir outros crimes;
• Vinculam-se à teoria da imputação objetiva (crítica ao conceito tradicional de conduta), 
conceito que acaba enriquecendo o conceito de tipicidade; 
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• Teorias relativas ou prevencionistas sobre a função do Direito Penal;
• O fim da pena é a prevenção de novos delitos;
• Modelos funcionalistas (teleológicos-funcionais);
• Década de 1970. Claus Roxin. Reação ao ontologismo e à excessiva abstração do 
finalismo;
• Preocupação prática, pragmática. Elaboração de conceitos com base em juízos de valor;
• Orientação da teoria do delito e da pena segundo as funções político-criminais do 
Direito Penal;
• Tipicidade enriquecida com o conceito de imputação objetiva (risco permitido);
• Roxin: Escola de Munique. Funcionalismo ou normativismo teleológico (moderado);
• Jakobs: Escola de Bonn. Funcionalismo ou normativismo sistêmico (radical).
���������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula 
preparada e ministrada pela professora Michelle Tonon. 
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conte-
údo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura 
exclusiva deste material.
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