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UNIVERSIDADE PAULISTA-UNIP
GUSTAVO MIGLIARI
USO DE CRIPTOATIVOS NO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO
SÃO PAULO
2024
USO DE CRIPTOATIVOS NO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO
RESUMO
As criptomoedas são moedas digitais descentralizadas que permitem transações diretas entre usuários, sem a necessidade de intermediários como bancos. Elas são baseadas na tecnologia blockchain, que é um registro público de transações seguro e imutável. Embora ofereçam benefícios como baixas taxas de transação e anonimato, também apresentam desafios, como a falta de regulamentação e o potencial para atividades ilegais, como lavagem de dinheiro. A crescente popularidade das criptomoedas requer uma abordagem cuidadosa para equilibrar inovação, regulamentação, segurança e educação.
Palavras-chave: Lavagem de Dinheiro. Bitcoin. Criptomoedas. Crime
1. Introdução 
Na contemporaneidade, a sociedade enfrenta o desafio da "modernidade líquida", um conceito introduzido por Zygmunt Baumann para descrever um mundo em constante fluxo, onde as relações sociais e econômicas se assemelham às propriedades dos líquidos, frágeis e maleáveis. Este cenário de mudança constante, impulsionado pelo avanço tecnológico, é amplamente explorado por sociólogos como Manuel Castells, que examinam a interação entre tecnologia, economia e sociedade.
O interesse acadêmico nas criptomoedas tem crescido significativamente nos últimos anos, refletindo a ascensão desses ativos digitais e suas implicações. Criptomoedas, como o bitcoin, são definidas como ativos financeiros descentralizados, transacionados em redes peer-to-peer e protegidos por criptografia, o que garante anonimato e baixos custos de transação. No entanto, essa mesma característica de anonimato pode ser explorada para atividades criminosas, como a lavagem de dinheiro.
A natureza descentralizada e a facilidade de transação das criptomoedas representam desafios significativos para a aplicação da lei e para os esforços de combate à lavagem de dinheiro. Organizações especializadas em segurança financeira, como a CipherTrace, ressaltam a necessidade de regulamentação eficaz para mitigar esses riscos.
A União Europeia identificou três características das criptomoedas que podem facilitar a lavagem de dinheiro: descentralização, pseudoanonimidade e globalidade. No Brasil, medidas como a Instrução Normativa da Receita Federal foram implementadas para exigir a prestação de informações sobre transações com criptoativos, embora seu foco principal seja em questões tributárias.
Acadêmicos e especialistas, como Renato de Mello Jorge Silveira, destacam como o ambiente das criptomoedas, com seu anonimato e falta de regulamentação clara, facilita a lavagem de dinheiro. O presente artigo visa explorar o conceito de criptomoedas, sua importância e as implicações contábeis e criminais associadas a elas. A falta de fiscalização adequada e a ambiguidade na contabilização desses ativos contribuem para seu potencial uso em atividades ilícitas, como a lavagem de dinheiro.
Em síntese, o crescente interesse nas criptomoedas e suas características únicas as tornam suscetíveis à exploração por indivíduos envolvidos em crimes financeiros, como a lavagem de dinheiro, destacando a necessidade de regulamentação e fiscalização eficazes.
2. Desenvolvimento 
2.1 Conceito de Criptomoedas
As criptomoedas são tokens digitais que existem em sistemas específicos, sendo caracterizadas pela descentralização, o que significa que não são controladas por uma autoridade central, como bancos. A transferência de criptomoedas ocorre diretamente entre os proprietários e outros usuários, sem a necessidade de intermediários. Além disso, a entrada e saída do sistema são acessíveis a qualquer pessoa, já que não há identidades associadas aos usuários.
Essas moedas digitais estão integradas em redes de pagamento que oferecem uma forma rápida, econômica e global de realizar transações. As taxas de transação geralmente são mais baixas do que as cobradas por sistemas de pagamento tradicionais. As criptomoedas possuem características únicas, como o "pseudoanonimato" nas transações, proteção contra gastos duplos e independência de autoridades centrais para alterar as regras do sistema.
Andreas M. Antonopoulos, em seu livro "Mastering Bitcoin: Unlocking Digital Cryptocurrencies", explora como as transações de criptomoedas, como o Bitcoin, oferecem um certo nível de anonimato usando endereços eletrônicos em vez de informações pessoais. Ele destaca a importância da criptografia para proteger transações, carteiras digitais e chaves privadas, abordando conceitos como chaves assimétricas e assinaturas digitais.
O Bitcoin é a criptomoeda mais conhecida e pesquisada globalmente, conforme indicado pelo volume de pesquisas no Google. O interesse público por criptomoedas aumentou significativamente nos últimos anos, conforme evidenciado pelo crescimento exponencial de pesquisas, especialmente em 2017. No entanto, a regulamentação e classificação contábil das criptomoedas variam entre países e órgãos reguladores, o que expõe os investidores a diversos riscos.
No Brasil, as operações com criptomoedas cresceram consideravelmente, com um volume total de transações de R$ 200,7 bilhões em 2021, mais que o dobro do ano anterior. Internacionalmente, o mercado de criptoativos também apresentou um crescimento expressivo, ultrapassando US$ 2 trilhões, dez vezes mais do que em 2020, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
2.2RELAÇÃO DAS CRIPTOMOEDAS COM O CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO.
	De acordo com De Andrade (2017), as criptomoedas, devido à sua descentralização, anonimato e baixas taxas de transação, têm sido objeto de análise quanto ao potencial uso na lavagem de dinheiro. Administradores de moedas virtuais ou empresas que facilitam a troca de criptomoedas entre diferentes países podem recorrer a "lavanderias" virtuais. Esses serviços criam várias carteiras e realizam transações entre elas, aumentando a complexidade das ações e obscurecendo possíveis rastros. O ambiente virtual das criptomoedas, como o Bitcoin, carece de regulamentação e mecanismos de identificação dos usuários além da criptografia, o que proporciona um cenário propício para atividades criminosas.
A Receita Federal trata as moedas digitais como ativos e exige a declaração dos ganhos de capital obtidos com elas no Imposto de Renda. No entanto, as regulamentações atuais têm foco principalmente em questões tributárias, sem abordar adequadamente o combate aos crimes financeiros relacionados às criptomoedas. A instituição busca informações sobre movimentações financeiras acima de R$10.000,00, mas isso não impede que criminosos busquem outras estratégias para evitar a detecção.
A CipherTrace (2018) emitiu um relatório sobre a lavagem de dinheiro com bitcoins, destacando que grandes quantidades de bitcoins, avaliadas em bilhões de dólares, estão envolvidas nesse tipo de atividade em trocas principais. Isso evidencia o uso das criptomoedas para atividades ilegais, aproveitando suas características de descentralização e anonimato.
No Brasil, o Projeto de Lei 2303/15, aprovado pela Câmara dos Deputados em dezembro de 2021, busca estabelecer uma base jurídica para o mercado de criptomoedas. O projeto propõe ajustes em leis existentes, incluindo aquelas relacionadas ao Banco Central, crimes de lavagem de dinheiro e proteção do consumidor. Prevê-se a criação de um órgão fiscalizador para regular e supervisionar as atividades das corretoras de criptomoedas, com o Banco Central do Brasil e o COAF como principais candidatos para assumir essas funções. O projeto também exige autorização prévia para empresas atuarem no mercado de criptomoedas, sujeitando as não autorizadas a penalidades.
2.3 Definição de Blockchain e Exchange 
A rede blockchain é uma tecnologia que funciona como um livro contábil público, armazenando de forma segura todas as informações inseridas nela, como transações financeiras e registros de dados dos participantes. As criptomoedas são criadas através da mineração na blockchaine são negociadas diretamente em exchanges ou através de fundos de investimento e ETFs oferecidos por corretoras. A alta volatilidade das criptomoedas atrai potenciais investidores, motivados pelas especulações do mercado, e sua segurança e vantagens, como a execução de contratos inteligentes, têm despertado interesse entre grandes empresas. A perspectiva é de um alto potencial de rentabilidade, sem interferência política dos países.
Uma exchange de criptomoedas é uma plataforma online que permite a compra e venda de criptomoedas e outros ativos digitais, em troca de outras criptomoedas ou moedas nacionais. As exchanges desempenham um papel importante no ecossistema financeiro, conectando criptomoedas com a economia real, onde as transações são denominadas em moedas locais. Elas oferecem diferentes tipos de atividades, incluindo sistemas de negociação baseados em ordens de compra e venda dos usuários, serviços de corretagem para facilitar transações e plataformas de negociação que agregam diversos sistemas e ofertas, permitindo alavancagem e derivativos de criptomoedas. As exchanges são fundamentais para a transação, liquidez e formação de preços das criptomoedas.
3. Conclusão
Em conclusão, os resultados expostos neste estudo ilustram a crescente importância das criptomoedas tanto em âmbito nacional quanto global. O aumento do interesse e da adoção desses ativos reflete-se não apenas no crescimento do volume de transações, mas também na expansão da base de usuários. No entanto, esse crescimento não vem sem desafios, especialmente no que diz respeito à regulamentação e à prevenção da lavagem de dinheiro.
A falta de consenso sobre o tratamento contábil das criptomoedas e a complexidade de suas características demandam uma análise mais profunda por parte das entidades reguladoras. É crucial estabelecer diretrizes claras para o reconhecimento e a mensuração contábil desses ativos, visando garantir a transparência e a confiabilidade das informações financeiras relacionadas a eles. Isso requer a implementação de legislações abrangentes e atualizadas que abordem especificamente o uso e a regulamentação das criptomoedas.
Além disso, a preocupação com a relação das criptomoedas com o crime de lavagem de dinheiro exige a implementação de medidas eficazes de prevenção e fiscalização. Os órgãos reguladores devem desenvolver estratégias para identificar e combater atividades ilícitas envolvendo criptomoedas, sem comprometer a inovação e o potencial econômico desses ativos
Por fim, é crucial promover a conscientização e a educação sobre as criptomoedas, tanto para investidores quanto para autoridades. Compreender a tecnologia blockchain, as exchanges e os riscos associados às criptomoedas é essencial para uma participação segura e responsável nesse mercado em constante evolução. A implementação de legislações adequadas e o investimento em educação são passos fundamentais para garantir a proteção dos investidores, a integridade do sistema financeiro e a prevenção de atividades ilícitas relacionadas às criptomoedas. Em suma, o equilíbrio entre inovação, regulamentação, segurança e educação é essencial para o desenvolvimento sustentável desse mercado e para a proteção dos interesses de todos os envolvidos
Referências 
Riscos das criptomoedas (2022) disponível em: https://www.imf.org/en/Home (acesso em: 10.02.2024). 
CipherTrace. (n.d.). Cryptocurrency Anti-Money Laundering Report. Retrieved from https://ciphertrace.com/cryptocurrency-crime-and-anti-money-laundering-report-august2021/. 
Malinowski, S., Kumar, S., & Liao, L. (2017). Money Laundering in Digital Currencies. Journal of Financial Crime, 24. 
Nakamoto, S. (2008). Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System. Disponível em: https://bitcoin.org/bitcoin.pdf. 
Reid, F., & Harrigan, M. (2011). An Analysis of Anonymity in the Bitcoin System. In Security and Privacy in Social Networks (pp. 197-223). 
Glaser, F., et al. (2014). Bitcoin: Asset or Currency? Revealing Users' Hidden Intentions. In International Conference on Financial Cryptography and Data Security (pp. 64-73). 
Antonopoulos, A. M. (2017). Mastering Bitcoin: Unlocking Digital Cryptocurrencies. O'Reilly Media.
DE LIMA, R. B. (2015). Legislação Criminal Especial Comentada, 3ª edição. Salvador,Bahia: JusPODIVM.
 DE ANDRADE, M. D. (2017). Tratamento jurídico das criptomoedas: a dinâmica dos bitcoins e o crime de lavagem de dinheiro. 
UniCEUB, 45-59. WALTRICK, R. (2018). Como criminosos usam bitcoin para lavar dinheiro. Acesso em 12.02.24, disponível em TecMundo:https://www.tecmundo.com.br/mercado/136630-criminosos-usam-bitcoinlavardinheiro.htm. 
CIPHERTRACE. (2018). CRYPTOCURRENCY ANTI-MONEYLAUNDERING REPORT. Estados Unidos: CipherTrace. Gil,A.C.(1999).Métodos e técnicasde pesquisa social. 5ª ed. SãoPaulo: Atlas. Criptomoedas (2022) disponível em https://www.gov.br/receitafederal/ptbr/search?SearchableText=criptomoedas (acesso em 13.02.2024).

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