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TEMA 4 ESPECIFICIDADES LINGUÍSTICAS DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

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DEFINIÇÃO
Estrutura gramatical da Libras. Parâmetros e sistemática da língua visoespacial.
PROPÓSITO
Compreender elementos básicos da gramática e da estrutura da Libras.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os parâmetros no uso de Libras
MÓDULO 2
Identificar as bases instrumentais da gramática da Libras
MÓDULO 3
Reconhecer a estruturação de sentenças em Libras
INTRODUÇÃO
A facilidade que o surdo tem para aprender a língua de sinais se dá por ela ser uma comunicação visual, que o permite expressar naturalmente suas emoções. É fundamental o papel
da Libras, pois permite a interação entre os mundos do surdo e do ouvinte.
 Fonte: Peakstock/Shutterstock
Desde que nascemos, somos expostos à comunicação. Para crianças ouvintes, o contato com a língua portuguesa ocorre desde os primeiros dias de vida; no entanto, para as
crianças surdas não existe tal estímulo, visto que não há possibilidade de oferecer a aprendizagem por meio auditivo.
Imagine a “enxurrada” de estímulos e informações que um bebê ouvinte recebe a cada minuto por meio dos seus cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Como já
notara Aristóteles alguns séculos antes de Cristo, os sentidos são responsáveis por toda a nossa codificação sensorial. Mas vamos direcionar nossa reflexão para o sentido da
audição.
 Fonte: fizkes/Suttterstock
As crianças aprendem a falar escutando seus pais e as pessoas que estão ao seu redor. E a criança surda? Se não possui o receptor sensorial da audição, como vai aprender a
pronunciar sons? O estímulo da audição não existe.
SÍMBOLO INTERNACIONAL DAS LÍNGUAS DE SINAIS
SÍMBOLO INTERNACIONAL DA SURDEZ
As línguas de sinais surgiram do convívio entre as pessoas surdas e, por isso, são consideradas línguas naturais. Elas são organizadas, complexas e expressivas como as línguas
orais. Assim, por meio delas, qualquer conceito, concreto ou abstrato, emocional ou racional, complexo ou simples, pode ser transmitido.
LIBRAS
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua visoespacial articulada por meio das mãos, das expressões faciais e do corpo e foi oficializada como meio legal de
comunicação e expressão da comunidade surda brasileira. (BRASIL, 2009a)
CODIFICAÇÃO SENSORIAL
Vale a pena ler o trecho da Metafísica, de Aristóteles, em que ele pensa sobre sentidos, memória e aprendizado:
“Ora, os animais [incluindo os seres humanos] nascem naturalmente dotados do poder da sensação, e a partir desta, alguns desenvolvem a faculdade da memória, enquanto
outros não. Consequentemente, os primeiros são mais inteligentes e mais capazes de aprender do que os incapazes de lembrar (...). Apenas são capazes de aprender os que
possuem este sentido somado à faculdade da memória. Assim, os outros animais [que não o ser humano] vivem com base em impressões e lembranças, contando apenas com
uma modesta parcela de experiência; a raça humana, entretanto, vive também com base na arte e no raciocínio.” (ARISTÓTELES, 1984).
MÓDULO 1
 Descrever os parâmetros no uso de Libras
ESTRUTURA DA LIBRAS (LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS)
 Sinal LIBRAS | Fonte: Ensine.Me
É importante partirmos de uma fundamentação legal e, portanto, oficial da Libras:
A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS É UMA LÍNGUA VISOESPACIAL ARTICULADA POR MEIO DAS MÃOS,
DAS EXPRESSÕES FACIAIS E DO CORPO.
(BRASIL, 2009a)
Assim, devemos entender que ela possui uma gramática, além de todos os componentes das línguas orais, como:
FONÉTICA E FONOLOGIA
MORFOLOGIA
SINTAXE
SEMÂNTICA
PRAGMÁTICA
Logo, a Libras apresenta os requisitos científicos, considerados instrumentos linguísticos, para que se caracterize uma língua. A Libras é uma língua, e não uma linguagem. (Isso
ficará mais claro ao longo de nosso estudo).
Pesquisas de diversos estudiosos (como Lucinda Ferreira Brito, à frente dos primeiros estudos no Brasil) demonstram o quanto as línguas de sinais são complexas, completas,
abstratas e ricas (FERREIRA BRITO, 1995). Também se sabe que em diversas situações como pedidos, formas imperativas e atos de solicitação:
As expressões faciais preenchem a função da entonação
(marcadas pelos sinais gráficos nas línguas escritas).
EXPRESSÕES FACIAIS
Nas línguas de sinais, as expressões faciais podem ser gramaticais, ou seja, imprescindíveis para expressão correta do significado.
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Sinal LINGUA DE SINAL | Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
A Libras é constituída a partir de 5 parâmetros, que se combinam e são muitas vezes simultâneos. Os 5 parâmetros são:
CONFIGURAÇÃO DE MÃOS (CM)
Representada pelas formas diversificadas que as mãos realizam ao fazerem os sinais.
PONTO DE ARTICULAÇÃO (PA)
É o espaço diante do corpo, também conhecido como espaço neutro de sinalização, ou uma região do próprio corpo onde os sinais são articulados.
MOVIMENTO (M)
Compreende uma grande quantidade de formas e direções, desde os movimentos da mão, do pulso, movimentos direcionais no espaço e até conjuntos de movimentos no mesmo
sinal.
ORIENTAÇÃO DE PALMA/DIREÇÃO (OP)
Os sinais em Libras têm uma direção em que são realizados: as mãos para frente, para trás ou lateralmente.
COMPONENTES NÃO MANUAIS (EF = EXPRESSÃO FACIAL E EC = EXPRESSÃO CORPORAL)
Podem incluir posição do corpo (movimentação dos ombros, por exemplo) ou de partes da face (testa, bochechas, língua, por exemplo).
Percebamos na realização do sinal em Libras DESCULPA, na figura 1, a sequência de execução dos parâmetros.
Figura 1. A configuração da mão (CM) em Y; o movimento (M) é de baixo para cima até o ponto de articulação (PA), o queixo; com a expressão facial (EF) apaziguadora, ou de pesar.
 Sinal DESCULPA | Fonte: Ensine.me
Outra forma de descrevermos é a seguinte:
Configuração de mão (CM): mão em Y
Orientação da palma (OP): palma para trás
Movimento (M): tocar rapidamente o queixo com o dorso dos dedos, a mão vem de baixo para cima.
Ponto de articulação (PA): queixo
Expressão facial (EF): pesar (apaziguadora) ou neutra.
Expressão corporal (EC): neutra
A mudança de um desses cinco parâmetros altera o significado do sinal e, ainda, um sinal pode ser constituído por mais de uma unidade mínima que não tenha significado
isoladamente. Por isso, vale a pena nos aprofundarmos em cada um desses parâmetros.
CONFIGURAÇÃO DE MÃOS (CM) E ORIENTAÇÃO DA PALMA (OP)
As configurações das mãos também são conhecidas como unidades mínimas, que constituem a estrutura gramatical da Libras; elas podem ser produzidas simultaneamente e sua
variação modifica o significado do sinal.
No parâmetro configuração de mãos, temos as possíveis orientações de palma da mão:
para cima
para baixo
para dentro
para fora
para a esquerda do sinalizador (contralateral)
para a direita do sinalizador (ipsilateral).
 Fonte: Ensine.me
A orientação da palma da mão é um elemento que merece destaque em Libras.
Por exemplo, a configuração de mãos (CM) em V em Libras pode representar:
Fonte: Ensine.me
Uma pessoa caminhando quando a orientação da palma da mão é voltada para o sinalizador e os dedos apontam para o chão.

Fonte: Ensine.me
Ao usar a mesma CM, com a palma orientada para o interlocutor e os dedos apontando para o alto, o significado será o de duas pessoas caminhando lado a lado.
 RELEMBRANDO
Ao se alterar um dos cinco parâmetros (no caso do exemplo anterior foi alterada a orientação da palma da mão), modifica-se o significado de um sinal.
Esses dois articuladores da CM V constituem dois classificadores diferentes. Na Libras, os classificadores são formas representadas por configurações de mãos que, relacionadas a
coisa, pessoa e animal, funcionam como marcadores de concordância. Ou seja, os classificadores marcam concordância com pessoas, objetos ou animais.
 ATENÇÃO
É essencial entender que nem todas as configurações de mãos são usadas como classificadores (morfemas).
MORFEMAS
O morfema é um modelo recorrente e com significado que não pode ser analisado em formas recorrentes menores. Cada morfema é um signo mínimo, um “átomo”, com
significado. Assim, a morfologiaé o estudo desses átomos e das combinações que podem ocorrer.
Na língua de sinais, os classificadores são morfemas que, por fazerem parte de uma língua visoespacial, exploram multidimensionalmente o espaço. Logo, os classificadores são
frequentemente usados nas realizações dos sinais. Podemos afirmar, então, como Quadros e Karnopp (2004), que o sistema de classificadores compõe parte do léxico nativo da
Libras.
A seguir, vamos conhecer alguns dos classificadores mais utilizados:
Fonte: Ensine.me
Usado para representar uma pessoa obesa andando, objetos largos de forma irregular (telefone, bule de café, salto de sapato, ferro de passar roupas, avião, submarino, chifre de
boi), roupas, alimentos e outros objetos em uma casa.
Fonte: Ensine.me
CM com algumas variações quanto ao dedo polegar estendido ou não, usado para representar coisas planas, lisas ou superfícies onduladas (os veículos, o telhado de uma casa, um
pé num sapato, um livro, uma casa ou roda).
Fonte: Ensine.me
Usado para descrever formas lineares, para indicar lugares usando a ponta do dedo e para representar objetos longos e finos (uma pessoa, um poste, um prego, o rabo de animais).
Fonte: Ensine.me
Usado para representar pequenos objetos cilíndricos (moedas, botões, uma gota de água), para mostrar o modo de segurar objetos pequenos e finos e, usando as duas mãos, para
descrever objetos cilíndricos longos (um cano fino).
Fonte: Ensine.me
Usado para segurar objetos (uma faca, um guarda-chuva ou um ramalhete de flores).
Fonte: Ensine.me
Usado para representar pessoas (com as variações já indicadas acima).
Fonte: Ensine.me
Usado como um equivalente do substantivo, pode referir-se a várias coisas (plural) ou somente a uma.
Fonte: Ensine.Me
 ATENÇÃO
O mecanismo de produção da língua de sinais é composto por quatro subsistemas: membros superiores, tronco, cabeça e membros inferiores. Cada um desses subsistemas
atua desempenhando funções coordenadas, sucessivas ou simultaneamente – um conjunto de tarefas coordenadas para a realização de um sinal.
Isso significa que o que expressa as palavras na Libras é o conjunto das configurações de mãos, das localizações onde os sinais são compostos, de seus movimentos e
da direção em que é realizado o sinal.
Reveja a descrição dos cinco parâmetros e entenda melhor o uso dos classificadores. Vamos assistir!
PONTOS DE ARTICULAÇÃO (PA) E COMPONENTES NÃO MANUAIS
Dão origem à execução do sinal em Libras, com a mão tocando esse ponto, o PA; os sinais também podem ser realizados no espaço neutro (em frente ao corpo)
O quadro a seguir apresenta uma descrição dos pontos de articulação (PA) no subsistema “cabeça”:
SINAIS LABIAIS (SUPERIOR, INFERIOR E LATERAIS)
SINAIS NA REGIÃO NASAL (NA PONTA E NAS LATERAIS)
SINAIS TOCANDO A REGIÃO DORSAL DA CABEÇA
SINAIS
TOCANDO A
REGIÃO FRONTAL
SINAIS TOCANDO A REGIÃO TEMPORAL (DIR. E ESQ.)
SINAIS TOCANDO A REGIÃO LATERAL DA CABEÇA (DIR. E ESQ.)
SINAIS REALIZADOS PRÓXIMOS
À FACE
SINAIS
NA REGIÃO
OCULAR
SINAIS NA REGIÃO DOS DENTES
SINAIS NAS LATERAIS OCULARES
SINAIS NA REGIÃO DAS BOCHECHAS
SINAIS ACIMA DA CABEÇA
SINAIS
NA LÍNGUA
SINAIS NA REGIÃO AURICULAR
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Sinal BEIJO/BEIJAR | Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
Como podemos perceber, o subsistema “cabeça” é complexo porque reúne muitas estruturas (orelhas, nariz, lábios, língua, dentes, bochechas, olhos, testa, queixo, sobrancelhas e o
próprio pescoço). Algumas dessas estruturas podem apresentar os comportamentos:
Passivo (como a orelha, que será sempre passiva. Exemplo no sinal APARELHO AUDITIVO)
Passivo ou ativo (como a boca, que pode ser passiva, como no sinal VERMELHO, ou ativa, como no sinal PINTINHO)
Tendo um papel de estrutura passiva (como a estrutura lábios, que pode ser um ponto sobre o qual a mão ativa apenas repousa; como no sinal BAR)
Dois gestos articulatórios coordenados, que podem fazer parte de um sinal (projetando-se para frente ao mesmo tempo em que a mão, também ativa, toca a região da bochecha,
como no sinal BEIJAR, ou a mão é articulada na CM L em frente à boca, como em SORRIR.)
 Fonte: Ensine.me
Dentro do parâmetro Componentes não Manuais, algumas expressões expressões faciais (EF) são parte integrante do próprio sinal, podendo determinar a diferença de significado
entre itens lexicais. Logo, as EF são fundamentais para o entendimento e a comunicação da Libras. Há palavras que não têm CM para representação, que somente podem
ser compreendidas pela EF ou ainda sinais que se distinguem apenas pela EF.
Como exemplo, temos a palavra “roubo”, que pode ser representada pelo deslocamento da língua contra a bochecha distendida.
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Sinal ROUBO | Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
As configurações que compõem a EF são apresentadas no quadro a seguir:
SOBRANCELHAS FRANZIDAS
SOBRANCELHAS ARQUEADAS
OLHOS
ENTREABERTOS
OLHOS
ABERTOS
OLHOS
ARREGALADOS
ARCADA DENTÁRIA CERRADA
ARCADA DENTÁRIA ABERTA E APARENTE
ARCADA DENTÁRIA BATENDO OS DENTES
OLHOS FECHADOS, LÁBIOS PROTUBERANTES (BEIJO/BICO)
BOCHECHA
DISTENDIDA PELA PONTA DA LÍNGUA
BATENDO
A LÍNGUA ENTRE OS LÁBIOS
LÍNGUA OU
PONTA DA LÍNGUA
PARA FORA
LÁBIOS
CERRADOS (MASTIGAR)
LÁBIOS
ENTREABERTOS
LÁBIOS
SIMULANDO FALA
LÁBIOS
ESTALANDO
LÁBIOS ABERTOS
BOCHECHAS INFLADAS
BOCEJO
Agora que você já conheceu um pouco sobre o assunto, vamos a um pequeno desafio acerca dos Componentes não Manuais:
CONSEGUE PERCEBER AS EXPRESSÕES FACIAIS NAS FOTOS DOS SINAIS A SEGUIR?
Sinal OI
Fonte: PIMENTEL e BASTOS (2020)
Fonte: PIMENTEL e BASTOS (2020)
Sinal IDADE
Fonte: PIMENTEL e BASTOS (2020)
VAMOS DEIXAR O DESAFIO MAIS ANIMADO. PROCURE DESCREVER OS CINCO
PARÂMETROS DOS SINAIS A SEGUIR.
Fonte: Ensine.me
 Fonte: Ensine.me
RESPOSTA
Fonte: Ensine.me
 Fonte: Ensine.me
RESPOSTA
Continuando o parâmetro pontos de articulação, no quadro seguinte, faz-se uma descrição dos PAs nos subsistemas “membros superiores”, “tronco” e “membros inferiores”:
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Subsistemas: cabeça, membros superiores, tronco e membros inferiores (quadril e coxas) | Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAIS NAS
LATERAIS DO PESCOÇO
SINAIS NA REGIÃO FRONTAL DO PESCOÇO
SINAIS NA
REGIÃO DA NUCA
SINAIS NOS OMBROS (DIR. E ESQ.)
SINAIS NA REGIÃODOS BRAÇOS DAS COSTAS
(ALTA E BAIXA)
SINAIS
NA REGIÃO
PEITORAL
SINAIS NAS PARTES VENTRAL (DEFAULT TOOLTIP) E DORSAL (DEFAULT TOOLTIP)
DOS BRAÇOS
SINAIS NAS PARTES VENTRAL E DORSAL DOS ANTEBRAÇOS
SINAIS NA ARTICULAÇÃO DO BRAÇO E ANTEBRAÇO
SINAIS NAS PARTES VENTRAL E DORSAL DOS DEDOS
SINAIS NAS PARTES VENTRAL E DORSAL DOS PUNHOS
SINAIS NAS PARTES VENTRAL E DORSAL DAS MÃOS
SINAIS
NOS COTOVELOS
SINAIS
NO ABDÔMEN
SINAIS NA
REGIÃO DAS COSTELAS
SINAIS NA
REGIÃO DA CINTURA
SINAIS NA REGIÃO DO QUADRIL
SINAIS NA REGIÃO DA PÉLVIS
MOVIMENTO (M)
Para começarmos a compreender a importância desses parâmetros, devemos anteriormente destacar algo sobre o espaço onde esses movimentos (e suas orientações) acontecem.
Os sinais da Libras são realizados no espaço de sinalização (que vai da cintura até um ponto acima da cabeça), formando um paralelepípedo ou triedro egocêntrico, com a horizontal,
tendo uma distância entre a mão direita e a esquerda estendidas (FERREIRA BRITO, 1995). A autora esclarece que esse espaço é medido em centímetros, conforme podemos
verificar na imagem seguinte:
 Medidas do espaço de sinalização
Para Faria-Nascimento (2009), o espaço de sinalização corresponde a toda área circundada pela mão, anterior, posterior e lateralmente ao corpo, até o limite máximo atingido pela
mão com o braço estendido.
Porém, sobre o espaço de sinalização, concorda-se que a maioria dos sinais da Libras se concentra na região à frente da face e do tronco do sinalizante. Isso porque:
AS PARTES CORPORAIS QUE MAIS SE MOVIMENTAM NA PRODUÇÃO DOS SINAIS SÃO OS BRAÇOS,
INCLUINDO OS OMBROS (A RAIZ), E AS MÃOS. NO ENTANTO, AS MÃOS SÃO CONSIDERADAS COMO OS
ARTICULADORES PRIMÁRIOS OU PRINCIPAIS ARTICULADORES EM RAZÃODA MOBILIDADE
ARTICULAR DOS DEDOS, PERMITINDO A PRODUÇÃO DE DIVERSAS FORMAS (QUADROS E KARNOPP,
2004).
Agora, podemos falar especificamente do parâmetro:
MOVIMENTO (M)
Ele se caracteriza pelo deslocamento no espaço durante a realização do sinal.
Alguns sinais possuem movimentos e outros não. Eles podem ser da mão, das mãos ou dos dedos e se caracterizam por: tipo, modo, direção, intensidade e frequência. A imagem
a seguir apresenta a primeira característica:
 Tipos de Movimento | Fonte: Pimentel e Bastos (2020
As junções dos tipos de movimentos com variadas configurações das mãos, acrescentando as expressões faciais e os diversos pontos de articulação dentro do espaço circundado,
geram uma série de sinais em Libras (Default tooltip) . Isso a caracteriza como uma língua multidimensional.
Devemos perceber que seus parâmetros podem se alterar de acordo com a incorporação de informações gramaticais e lexicais, quantificação, negação e tempo (FERREIRA BRITO,
1995).
Por meio de alterações do movimento (M) ou da configuração de mão (CM) dos sinais, obtêm-se aspectos fundamentais para a comunicação, a ideia de algo:
PONTUAL
CONTINUATIVO
DURATIVO
REPETITIVO
É preciso informar que a amplitude do movimento dependerá da intensidade ou frequência.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANTOS E QUAIS SÃO OS PARÂMETROS QUE COMPÕEM OS SINAIS DA LIBRAS?
A) Centenas, uma vez que cada palavra tem um sinal diferente.
B) Cinco parâmetros: configuração de mãos (CM), ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação da palma/direção (OP) e expressão corporal (EF).
C) Cinco parâmetros: configuração de mãos (CM), ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação da palma/direção (OP) e componentes não manuais, que podem ser
expressões faciais (EF) e expressões corporais (EC).
D) Dez parâmetros: configuração de mãos (CM), que pode ser dorsal ou ventral; ponto de articulação (PA), também dorsal ou ventral; movimento (M), lento ou rápido.
orientação/direção (O), dorsal ou ventral, e expressões não manuais (ENM), lentas ou rápidas.
2. O QUE FAZ DA LIBRAS UMA LÍNGUA E NÃO UMA LINGUAGEM?
A) Sua riqueza de componentes.
B) A possibilidade de as expressões faciais do sinalizante suprirem a ausência de entonação oral.
C) A oficialização da língua em território brasileiro.
D) Seus componentes linguísticos: gramática, semântica, pragmática e sintaxe.
GABARITO
1. Quantos e quais são os parâmetros que compõem os sinais da Libras?
A alternativa "C " está correta.
É por meio da combinação dos cinco parâmetros – configuração de mãos (CM), ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação/direção (O) e componentes não manuais – que
se formam os sinais da Libras. A partir deles, em suas inúmeras expressões e combinações, é possível descrever todos os sinais.
2. O que faz da Libras uma língua e não uma linguagem?
A alternativa "D " está correta.
Os estudos descritivos das línguas de sinais começaram nos anos 1960 com Stokoe, que provou que a ASL (American Sign Language) era uma língua natural, dotada de elementos
linguísticos característicos de uma língua. No Brasil, os primeiros trabalhos sobre a Língua Brasileira de Sinais são de Ferreira Brito, nas décadas de 1980 e 1990 e, posteriormente,
de Quadros e Karnopp (2004).
MÓDULO 2
 Identificar as bases instrumentais da gramática da Libras
BASES INSTRUMENTAIS DA GRAMÁTICA DA LIBRAS
 Fonte: Juan Ci/Shutterstock
Como vimos, a Linguística considera a Língua Brasileira de Sinais uma língua, pois esta compartilha uma série de características de cunho específico e que a distingue dos demais
sistemas de comunicação.
LINGUÍSTICA
Linguística é a área de estudo científico das línguas.
AS LÍNGUAS ORAIS HUMANAS ESTÃO ORGANIZADAS POR SEQUÊNCIA: FRASES > PALAVRAS > SONS,
CORRESPONDENDO, ASSIM, À SINTAXE, MORFOLOGIA E FONOLOGIA.
(QUADROS et al., 2009)
SINTAXE
Parte da gramática que estuda as palavras como elementos de uma frase, as suas relações de concordância, de subordinação e de ordem.
MORFOLOGIA
Parte da gramática que estuda as classes de palavras, seus paradigmas de flexões.
FONOLOGIA
Ramo da Linguística que estuda os sistemas de fonemas de uma língua ou das línguas em geral.
As línguas de sinais apresentam semelhanças quanto às estruturas morfológicas das línguas orais que são fixadas sequencialmente por meio da gramaticalização. Logo, todos esses
mecanismos para criar ou gerar palavras (sinais) trazem imensa riqueza linguística à Libras.
Há vários aspectos que constituem a estrutura linguística da Libras. Entre eles, a ocorrência de alguns empréstimos:
EMPRÉSTIMOS
Esse termo é da área da Linguística. Entende-se como “empréstimo linguístico” a incorporação, ao léxico de uma língua, de um termo pertencente a outra língua, seja mediante
a reprodução do termo sem alteração de pronúncia e da grafia (exemplo: layout, pen drive, champignon), seja mediante adaptação fonológica e ortográfica (exemplos: garçom,
futebol).
EMPRÉSTIMO LEXICAL
Alfabeto manual composto por configurações de mão (CM) constitutivas dos sinais que representam as letras do alfabeto da língua portuguesa.
Exemplo:
 Digitalização da palavra Libras no alfabeto manual (L-I-B-R-A-S). Mas lembre-se que há um sinal na Libras para essa palavra. | Fonte: Ensine.me
INICIALIZAÇÃO
Nome dado aos empréstimos que recorrem à utilização de uma configuração de mão (CM) que corresponde à primeira letra da palavra equivalente em português no alfabeto manual.
Exemplo: Sinal BRASIL
Configuração de mão em B
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
EMPRÉSTIMO DE ITENS LEXICAIS DE OUTRAS LÍNGUAS DE SINAIS
Exemplos:
Sinal ANO, cuja origem parece ser o sinal de mesmo valor semântico da Língua de Sinais Americana (ASL).
Sinal VERMELHO e sinal LARANJA, possivelmente emprestados da ASL ou da Língua de Sinais Francesa (LSF).
EMPRÉSTIMO DE DOMÍNIO SEMÂNTICO
Esse empréstimo nem sempre é facilmente identificado. "Funciona como um decalque da carga semântica e cultural da palavra traduzida literalmente para Libras. É muito comum em
expressões idiomáticas como, por exemplo, 'cair o queixo', em que o sinal em Libras foi criado para expressar o sentido literal já existente em português" (RODRIGUES e BAALBAKI,
2014).
EMPRÉSTIMO DE ORDEM FONÉTICA
Este tipo de empréstimo é obtido pela tentativa de representação visual do som que constitui a palavra em língua portuguesa, mas ela é percebida pelo surdo. Exemplo: em São
Paulo, a expressão coloquial utilizada, em Libras, para DICIONÁRIO é PÁ BURRO, que é derivada da expressão portuguesa “pai dos burros”.
 RESUMINDO
A morfologia e sintaxe da Libras (mecanismos gramaticais) são baseadas na simultaneidade e modificação na duração e extensão do movimento, podendo, muitas vezes, acrescentar
a ideia de grau, como acontece com os verbos direcionais.
VERBOS DIRECIONAIS
Verbos direcionais, também chamados de verbos de movimento, verbos flexionados e mesmo verbos com concordância, são aqueles que demandam a flexão de pessoa. Eles
precisam marcar o sujeito, os pontos inicial e final do movimento. Exemplos de verbos direcionais: perguntar, responder, avisar, chamar, dar, zombar. De acordo com o início do
movimento, o sinalizante pode estar afirmando ”Eu pergunto [a] você” ou “Você pergunta [a] mim”; “Eu chamo você”, “Você chama ‘eu’” etc.
ALGUNS MECANISMOS GRAMATICAIS NA LIBRAS
GÊNERO
Na Libras, não existe flexão de gênero. Os substantivos e os adjetivos, em geral, não são marcados. Quando se quer explicitar substantivos em determinados contextos, a indicação
de gênero (masculino e feminino) é feita com os sinais “homem/macho” ou “mulher/fêmea”, tanto para pessoas quanto para animais.
SINAIS SIMPLES
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAL MULHER
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAL HOMEM
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAIS COMPOSTOS
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAL PAI
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAL MÃE
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)EXEMPLO DE SINAL: HOMEM^BÊNÇÃO [significa PAI] /MULHER^BÊNÇÃO [significa MÃE].
^
O sinal ^ é usado na notação para esse tipo de composição na Libras. (Sinais compostos.) Ou seja: [sinal] HOMEM + [sinal] BÊNÇÃO significa pai.
 DICA
Para representar a Libras em português, nos substantivos que possuem sua escrita semelhante quanto ao gênero (masculino e feminino), usa-se "@" para referir-se à palavra no
masculino ou feminino.
Exemplos: ESPOS@ = esposa ou esposo
FILH@ = filha ou filho
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Sinal NOIV@ | Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
SINAIS COMPOSTOS
Português Libras
Vovó MULHER^VELHA
Vovô HOMEM^VELHO
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
TÍTULO 1
Na estrutura da Libras, podemos ter dois ou mais elementos especificadores de uma palavra núcleo.
 EXEMPLOS
CAFÉ, AMIGO, CONHECER são sinalizados com sinais simples, enquanto ZEBRA apresenta um sinal composto: um núcleo (CAVALO) e um especificador (LISTRAS).
• ZEBRA: CAVALO (Default tooltip) ^LISTRAS (Default tooltip)
• FAQUEIRO: (Default tooltip) CAIXA (Default tooltip) ^GUARDAR (Default tooltip) ^COLHER (Default tooltip) ^FACA (Default tooltip) ^GARFO (Default tooltip)
NUMERAIS
Os numerais têm diferentes formas de apresentação, conforme sejam utilizados como cardinais, quantidades, ordinais, medidas, idade, dias, mês, horas e valores. Vejamos alguns
exemplos:
Configurações de mãos para numerais cardinais:
CARDINAIS
Têm as mesmas configurações de mão dos números ordinais, mas sem o movimento.
CARDINAIS REPRESENTANDO QUANTIDADE
Os numerais de UM até QUATRO apresentam configuração de mão diferente da dos cardinais que não sejam de quantidade, no entanto, a partir do QUINTO, têm a mesma
configuração.
ORDINAIS
Têm as mesmas configurações de mão dos números cardinais, mas com movimento, que varia conforme o regionalismo – podendo ser para cima e para baixo (mais comum) ou para
os lados.
VALORES MONETÁRIOS
São sinalizados com movimentos rotacionais do 1 ao 9, seguindo a configuração de mão dos números cardinais. Do número 10 em diante acrescenta-se o sinal da moeda (REAL).
Sinais soletrados R-L “real” ou R-S “reais”.
 Fonte: Ensine.me
GRAU DOS ADJETIVOS
Há formas variadas de modificar os adjetivos. Por exemplo, pode-se aumentar a velocidade de um sinal para significar um aumento. Veja mais a seguir:
MUITO NERVOSO
Fazem-se os movimentos do sinal do adjetivo mais rápidos e curtos. Assim, o aumento de velocidade tem uma função intensificadora.

MUITO FRACO
Por outro lado, faz-se o movimento do adjetivo desejado mais lento e frouxo.
 DICA
Para alguns sinais, os pontos de articulação com o advérbio MUITO poderão mudar de lugar e ainda pode ocorrer mudanças nas expressões faciais.
Por exemplo, ao se reforçar a expressão facial ao sinalizar BONITO, entende-se que se está falando de algo muito bonito.
 Fonte: Kalah_R/Shutterstock
Na Libras, o processo de representar objetos quanto ao formato ou à textura (arredondado, quadrado, listrados etc.) ocorre por meio de traçados no espaço ou no corpo do sinalizador
em uma tridimensionalidade permitida pela língua.
Quanto à colocação dos adjetivos na frase, eles geralmente vêm após o substantivo que qualificam.
Exemplos:
LEÃ@ COR CORPO AMAREL@ PERIGOS@
GAT@ PEQUEN@, COR PRET@, ESPERT@
PESSOA
É a forma de representar pessoas no discurso, ou seja, um sistema pronominal, e para tanto se usa a seguinte configuração de mão.
Fonte: Ensine.me
 Fonte: Ensine.me
SINGULAR
Todas as representações têm a mesma configuração, mudando somente a orientação. Na primeira pessoa do singular, o dedo indicador aponta para o peito do próprio sinalizador
(locutor);
Na segunda pessoa, aponta para o interlocutor.
Pimentel e Bastos (2020)
EU
Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
Pimentel e Bastos (2020)
VOCÊ
Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
PLURAL
A configuração muda de acordo com o número de participantes, mudando também a orientação conforme a pessoa do discurso. No plural utiliza-se o movimento semicircular para a
segunda pessoa e o movimento circular para a primeira pessoa.
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
PRONOMES POSSESSIVOS
Os pronomes possessivos em Libras estão relacionados às pessoas do discurso e aos objetos de posse, e não possuem marca de gênero. Logo, a direção do olhar e da mão é
importante. Os movimentos de olhar e sobrancelhas possuem papel gramatical na Libras.
Fonte: Ensine.me
 Fonte: Ensine.me
Essa é a configuração de mão (CM) em P, usada nos pronomes possessivos:
MEU – 1ª PESSOA
TEU – 2ª PESSOA
DELE – 3ª PESSOA
TEMPO
O tempo é expresso usando locativos temporais manifestados conforme a relação espacial do sinalizador:
HOJE, AGORA
O sinalizador indica em frente do seu corpo no plano vertical
AMANHÃ
O futuro próximo é indicado por um movimento curto direcionado para a frente do sinalizador
DAQUI A MUITO TEMPO
Para o futuro distante deve-se realizar um movimento amplo que se afasta mais ainda do corpo do sinalizador para frente
ONTEM
O passado é indicado por um movimento sobre o ombro até atingir o espaço imediatamente anterior ao ouvido
HÁ MUITO TEMPO
Para o passado distante, o movimento no ombro fica amplo e se estende além das costas
Para tratar das horas, usa-se a mesma configuração dos numerais para quantidade e, após doze horas, não se continua a contagem, começa-se a contar novamente:
1 HORA, 2 HORA, 3 HORA etc.

Sinal TARDE
TARDE
Quando necessário, porque geralmente pelo contexto já se sabe se está se referindo à manhã, tarde, noite ou madrugada.
 DICA
A expressão interrogativa QUE-HORAS? (um apontar para o pulso) está relacionada ao tempo cronológico. Ao passo que a expressão interrogativa QUANTAS-HORAS? (um círculo
ao redor do rosto) está sempre relacionada ao tempo gasto para se realizar alguma atividade.
INTERROGATIVOS E EXCLAMATIVOS
As expressões faciais gramaticais sentenciais estão ligadas às sentenças.
QUEM?
QUANDO?
QUAL?
Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
Não há diferença entre o “por que” interrogativo e o “porque” explicativo. O contexto mostra, pelas expressões facial e corporal, quando se está usando em frase interrogativa ou em
frase explicativa à pergunta.
Exemplos:
BLUSA MAIS BONITA. ESTAMPADA OU LISA, QUAL?
VOCÊ LER LIVRO? QUAL NOME?
POR-QUE FALTAR ONTEM TRABALHAR?
POR-QUE ESTAR DOENTE.
ASPECTOS PONTUAL, CONTINUATIVO, DURATIVO E ITERATIVO
Esses aspectos são obtidos por meio de alterações do movimento ou da configuração de mão.
Exemplos:
FALAR (PONTUAL)
“Ele falou”: o sinal FALAR é feito uma vez somente

FALAR (CONTINUATIVO)
“Ele fala sem parar”: o sinal FALAR é feito repetitivamente
OLHAR (PONTUAL)
“Ele olhou”: o sinal OLHAR é feito uma vez somente

OLHAR (DURATIVO)
“Todos ficaram olhando”: o sinal OLHAR fica estático – com uma duração maior
VIAJAR (PONTUAL)
“Ele viajou”: o sinal VIAJAR é feito uma vez somente

VIAJAR (ITERATIVO)
“Ele viaja sempre”: o sinal VIAJAR é feito repetitivamente
No vídeo a seguir, veja mais exemplos dos aspectos continuativo, durativo e iterativo. Vamos assistir!
COMPARATIVO DE IGUALDADE, SUPERIORIDADE E INFERIORIDADE
Para os comparativos de superioridade e inferioridade, usam-se os sinais MAIS ou MENOS antes do adjetivo comparado, seguido da conjunção comparativa DO-QUE:
COMPARATIVO DE SUPERIORIDADE
MAIS (...) DO-QUE
COMPARATIVO DE INFERIORIDADE
MENOS (...) DO-QUE
 Fonte: Ensine.me
Para o comparativo de igualdade, podem ser usados dois sinais:
DOIS SINAIS
Assim como no português brasileiro, a Libras possui características vinculadas à sua regionalidade decorrente de aspectos geográficos e culturais. De norte a sul, há danças,
tradições, culinária e outros artefatos culturais que não fazem parte do folclore de outra parte do país; isso influencia também o léxico da região.
Qual palavra está correta, macaxeira, aipim ou mandioca?
Todas elas. Cada região, no entanto, utiliza uma variante diferente. Além disso, é possível que as línguas de sinaistenham uma variação ainda maior que as línguas orais, já
que não • contam com registro escrito difundido. No caso da palavra “igual”, em português, o Dic-Brasil (CAPOVILLA, RAPHAEL, TEMOTEO e MARTINS, 2017) registra seis
variantes na Libras.
IGUAL
Dedos indicadores e médios das duas mãos roçando um no outro
IGUAL
Palmas (PA) viradas para baixo, com a CM das duas mãos em B encostadas lado a lado, geralmente no final da frase
Exemplos:
VOCÊ MAIS VELH@ DO-QUE EL@
VOCÊ MENOS VELH@ DO-QUE EL@
VOCÊ BONIT@ IGUAL (a mim (Default tooltip) )
PRONOMES DEMONSTRATIVOS E ADVÉRBIOS DE LUGAR
Pronomes demonstrativos e advérbios de lugar têm o mesmo sinal, somente o contexto os diferencia, tanto pelo sentido da frase quanto pela expressão facial. Eles estão
relacionados às pessoas do discurso e representam, na perspectiva do emissor, o que está bem próximo, perto e distante.
Fonte: Ensine.me
 Fonte: Ensine.me
Esses pronomes ou advérbios têm a mesma configuração de mãos dos pronomes pessoais, no entanto, os pontos de articulação e as orientações do olhar são diferentes.
EST@ / AQUI
ESS@ / AÍ
AQUEL@ / LÁ
NEGATIVAS
O uso da negação na Libras é obtido por meio do léxico NÃO ou pelo uso simultâneo do lexema verbal e a negação com o balanço da cabeça.
LEXEMA
Nas línguas orais, lexema é a unidade mínima distintiva do sistema semântico de uma língua que reúne todas as flexões da mesma palavra. Em termos simplificados, é a parte
de uma palavra que constitui a unidade mínima dotada de significado lexical.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANTO ÀS BASES INSTRUMENTAIS DA LIBRAS, PODE-SE DIZER QUE:
A) A língua é pobre por não existir flexão de gêneros nos substantivos.
B) A Libras não apresenta aspectos pontuais, continuativos ou durativos.
C) Há apenas uma maneira de usar a negativa.
D) Existem sinais simples e compostos.
2. QUANTO À ESTRUTURA LINGUÍSTICA DA LIBRAS, É CORRETO DIZER QUE:
A) É composta por empréstimo lexical, inicialização, empréstimo de itens lexicais de outras línguas de sinais, empréstimo de domínio semântico e empréstimo de ordem fonética.
B) É composta pelo alfabeto da língua portuguesa, pela datilologia, pelo empréstimo de léxico de outras línguas de sinais, empréstimo de ordem fonética e empréstimo semântico.
C) É composta somente das configurações de mão (CM) constitutivas dos sinais que representam as letras do alfabeto da língua portuguesa.
D) É composta pelo alfabeto manual, pela datilologia, pelas configurações de mãos e pelo empréstimo de itens lexicais de outras línguas de sinais.
GABARITO
1. Quanto às bases instrumentais da Libras, pode-se dizer que:
A alternativa "D " está correta.
As bases instrumentais da Libras apresentam sinais simples e compostos, ao menos duas maneiras de expressar sentenças negativas, aspectos pontuais, continuativos e durativos
(obtidos por intermédio de alterações na CM e no M), e mesmo que a língua não apresente flexão de gênero, suas bases instrumentais são variadas e ricas, seja na formação das
palavras ou na estrutura das frases.
2. Quanto à estrutura linguística da Libras, é correto dizer que:
A alternativa "A " está correta.
São vários os aspectos que constituem a estrutura linguística de Libras. Entre eles, a ocorrência de alguns empréstimos (FERRERA BRITO, 1995). As demais alternativas estão
parcialmente corretas, incompletas e falsas.
MÓDULO 3
 Reconhecer a estruturação de sentenças em Libras
PONTOS DE PARTIDA
 Photographee.eu/Shutterstock
Antes de tratarmos sobre a estrutura da sentença na Libras, é importante expor que alguns surdos têm a tendência de alterar a estrutura da Libras para que ela se torne mais
compreensível quando falam com ouvintes ou se expressam em sua presença (FERREIRA BRITO, 1995). Também vale lembrar do recurso:
DATILOLOGIA
Utilizado em interpretações e ensino/aprendizagem, a datilologia é a soletração de uma palavra usando o alfabeto manual de Libras.
Para realizar a datilologia de duas ou mais palavras, consecutivamente, deve-se fazer o sinal de ESPAÇO entre cada palavra ou fazer uma pequena parada dando sequência à
palavra seguinte.
 Fonte: Ensine.me
A representação da datilologia em português deverá ser escrita com letras maiúsculas e entre hífen, como podemos verificar nos exemplos a seguir.
Exemplos:
D-I-A
F-E-R-I-A-D-O
F-É-R-I-A-S
 SAIBA MAIS
Por enquanto, o melhor recurso para registrar a Libras, diante de seu caráter visoespacial, tem sido a imagem em vídeo. Há alguns sistemas de notação (escrita) das línguas de
sinais, como o SignWriting, mas ainda se encontram em fase de pesquisas e aceitação. Com isso, é comum a transcrição da Libras para palavras da língua portuguesa com o intuito
de representar aproximadamente os enunciados.
Como você deve ter notado, os sinais em Libras são representados por uma glosa (sistema de nota explicativa) da língua portuguesa em letras maiúsculas.
Exemplos: DESCULPA, SORRIR, VERMELHO, BEIJAR, BRASIL.
 RELEMBRANDO
Vamos lembrar aqui das configurações das mãos (CM), que são unidades mínimas da Libras, constituindo parte de sua estrutura gramatical, produzidas simultaneamente com os
outros parâmetros (ponto de articulação, movimento, orientação/direção, componentes não manuais) para compor o sinal.
Conheça as configurações de mãos das unidades mínimas na Libras. Alguns autores são mais detalhistas e descrevem 75 CM. Abaixo, estão registradas as 52 CM mais usadas
MODAIS
Na Libras, a maneira como o sinalizador se expressa em relação ao conteúdo da frase influencia a estrutura frasal; é assim que o sinalizador se refere a conceitos ou modalidades
epistêmicas e deônticas. Advérbios, alguns verbos e algumas categorias gramaticais podem contribuir para modalizar o discurso.
EPISTÊMICAS
A modalidade epistêmica diz respeito ao conhecimento e à certeza do que se fala. Nessa modalidade, o usuário da língua manifesta seu conhecimento em relação a um
enunciado e o quanto está comprometido com determinada proposição.
DEÔNTICAS
A modalidade deôntica se relaciona à conduta. É a linguagem das normas, obrigações, proibições, ordens, permissões etc.
Observe os exemplos em português:
1
Jorge viajou.
2
Eu acho que Jorge viajou.
3
É improvável que Jorge tenha viajado.
4
Jorge viajaria hoje.
Na frase 1, a entonação indica qual o grau de certeza que o falante credita na afirmação.
Nas frases 2 e 3, os modais do discurso acho e improvável indicam incerteza de modo explícito e claro, e ainda se referem aos conceitos de “certeza”, “incerteza”,
“inveracidade” ou “exclusão”.
Na frase 4, a incerteza do falante torna-se explícita pela forma condicional do verbo (viajaria), que dá a noção de futuro.
O FUTURO NA LIBRAS É GERALMENTE MARCADO PELO SINAL FUTURO. QUANDO ACOMPANHADO
POR UM SINAL MODAL (AQUI TALVEZ), O CONCEITO SEGUINTE É REFORÇADO PELA NOÇÃO DE
FUTURO.
(FERREIRA BRITO, 1995)
Assim, essa sinalização em Libras equivale à seguinte frase em língua portuguesa:
JORGE TALVEZ FUTURO PROFESSOR

“Jorge será provavelmente um professor no futuro.”
Há, também, modos de discursos (modais) no português que demonstram espectro de “necessidade” (polo positivo) e “impossibilidade” (polo negativo).
A Libras possui sinais equivalentes para todos os modos de discurso (precisar, desnecessário, impossibilidade, obrigação, proibição, permissão ou que não é obrigatório etc.).
DÊIXIS
Para compreender a estrutura de Libras, é importante conhecer a dêixis ou o elemento dêitico. Esse elemento é um recurso para a compreensão do discurso imagético e é utilizado
para referenciar pessoas, animais, personagens da ficção, objetos e lugares. Logo, é composto por pronomes pessoais, possessivos, interrogativos e demonstrativos (PRADO e
LESSA-DE-OLIVEIRA, 2012) e indica o tempo verbal. Veja mais sobre isso a seguir:
DÊIXIS
Aspecto da linguagem humana, em especial do ato de enunciação, que consiste em se referir a um contexto situacional (real ou imaginário) criado pelo enunciado, por meio de
marcas ou categorias de:
a) pessoa (1ª pessoa, o que fala;2ª pessoa, aquele com quem se fala; 3ª pessoa, aquilo, o assunto de que se fala);
b) tempo (o momento da enunciação); e
c) espaço (o local onde acontecem as ações, os eventos, processos etc.).
Fonte: Dicionário Michaelis Online
Veja o exemplo a seguir para entender a importância dos apontamentos para a constituição dos enunciados imagéticos:
Fonte: Pimentel e Bastos (2020)
 AJUDAR | Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
No sinal anterior, temos a seguinte informação: AJUDAR. Somente com esse sinal não se pode determinar quem praticou a ação, isto é, não se sabe o sujeito da oração. Isso porque
não há “sujeito oculto” em Libras como acontece na língua portuguesa.
PORTUGUÊS
É possível não citar o pronome pessoal, pois o verbo estará conjugado no tempo e flexionado na pessoa que faz parte do enunciado, por exemplo: “Ajudei”, “Ajudamos”, “Ajudaremos”
etc.

LIBRAS
Sem o sujeito, o sinal AJUDAR do exemplo está isolado e fora de um contexto.
Veja a mudança no enunciado ao se utilizar a dêixis pronominal.
VOCÊ
AJUDAR
Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
Ao acrescentar VOCÊ ao enunciado AJUDAR, pode-se então conjugar o verbo AJUDAR em Libras. Ao contrário do que se pensa, os sinais verbais são passíveis de conjugação
(BENASSI; DUARTE, 2014). Por exemplo:
VOCÊ AJUDAR

“VOCÊ AJUDA”
Para conjugar no tempo presente, precisam-se admitir os sinais correspondentes às palavras AGORA e HOJE, ou pode-se deduzir, ante a ausência de tais sinais, que o verbo esteja
no tempo presente (BENASSI e DUARTE, 2014). Resumidamente, podemos dizer que existem:
Dêixis de pessoas
Dêixis de lugar
Dêixis de tempo
No que se refere ao uso da dêixis temporal, a ausência do uso dos sinais de PASSADO para indicar ações que já aconteceram, ou do FUTURO para designar acontecimentos
vindouros, causaria no interlocutor certa confusão, dependendo do contexto em que se insere o discurso. Isso porque não há desinências verbais na Libras, logo, a marcação
temporal é realizada pela forma dêitica. Veja alguns exemplos:
Em geral, os verbos modais da Libras situam-se no início do enunciado.
EU PENSAR VOCÊ (DÊIXIS TEMPO) CERTO.
“Eu acho que você está certo.”
EU SABER ELE (DÊIXIS TEMPO) SEU IRMÃO.
“Eu sei que ele é seu irmão.”
EU DUVIDAR ELA COMO VOCÊ
“Eu duvido que ela seja como você”.
DÊIXIS TEMPO
A dêixis de tempo, nesse caso, é a falta de sinal expressando passado ou futuro.
DÊIXIS TEMPO
Como no exemplo anterior, essa dêixis é, na verdade, expressa pela ausência de sinal de tempo.
ESTRUTURA FRASAL
Uma questão relevante, pertinente à estrutura frasal da Libras, é a ordem básica da frase. Comparando as estruturas entre o português e a Libras:
LÍNGUA PORTUGUESA
LIBRAS
LÍNGUA PORTUGUESA
A ordem direta (ordem predominante) é:
SUJEITO + VERBO + OBJETO (OBJETO DIRETO + OBJETO INDIRETO) ou SUJEITO + VERBO + PREDICADO.
Exemplo:
Eu (Default tooltip) estou aprendendo (Default tooltip) Libras (Default tooltip) no curso.
LIBRAS
A ordem predominante é:
OBJETO + SUJEITO + VERBO.
Exemplo:
Curso Libras (Default tooltip) eu (Default tooltip) estou aprendendo (Default tooltip) . (CURSO LIBRAS EU APRENDER)
 ATENÇÃO
A Libras não pode ser reproduzida na mesma estrutura da língua portuguesa porque tem sua gramática diferenciada e independente da língua oral. A ordem dos sinais na construção
de um enunciado obedece a regras próprias que refletem a maneira do surdo processar suas ideias, com base em sua percepção visoespacial da realidade
OUTRAS COMPARAÇÕES
1
Libras: CASA EU IR. (verbo direcional)
Português: Eu vou para a casa.
2
Libras: FLOR EU-DAR MULHER^BENÇÃO (verbo direcional)
Português: Eu dei a flor para a mamãe.
3
Libras: PORQUE ISTO (expressão facial de interrogação)
Português: Para que serve isto?
4
Libras: IDADE VOCÊ (expressão facial de interrogação)
Português: Quantos anos você tem?
5
Libras: FILME “O PIANO” MUITO-BOM (omissão do verbo)
Português: O filme “O Piano” é muito bom!
6
Libras: PORQUE PESSOA FELIZ DEMAIS (omissão do verbo)
Português: ... porque as pessoas estão felizes demais!
PARA
Note que a preposição “para” não é usada em Libras. Considera-se que ela já esteja incorporada ao verbo.
 ATENÇÃO
Há regras de estruturação na Libras. Artigos, preposições e conjunções estão incorporados ao sinal, então não são articulados isoladamente, como aconteceria na língua portuguesa.
(Por exemplo: a casa; ir para etc)
CONCORDÂNCIA
Tipos diferentes de concordância podem coexistir no mesmo verbo. Assim, há verbos que possuem concordância de gênero e localização. Pode-se esquematizar o sistema de
concordância verbal da seguinte maneira:
CONCORDÂNCIA NÚMERO-PESSOAL
CONCORDÂNCIA DE GÊNERO E NÚMERO
CONCORDÂNCIA DE LUGAR
CONCORDÂNCIA NÚMERO-PESSOAL
Parâmetro orientação da palma (OP)
CONCORDÂNCIA DE GÊNERO E NÚMERO
Parâmetro configuração de mão (CM)
CONCORDÂNCIA DE LUGAR
Parâmetro ponto de articulação (PA)
 Fonte: New Africa/Shutterstock
É preciso esclarecer que a Libras não é universal. Há diferentes línguas de sinais e elas adquirem características culturais e lexicais de cada país; mesmo dentro do país ou de uma
comunidade linguística oral, como a comunidade dos países de língua portuguesa.
Veja a seguir outras línguas de sinais de diferentes países
LÍNGUA DE SINAIS KAAPOR BRASILEIRA
País: Brasil (Default tooltip)
Povo: índios Urubu-Kaapor
LÍNGUA GESTUAL PORTUGUESA (LGP)
País: Portugal
(Língua oral: Português)
LÍNGUA ANGOLANA DE SINAIS (LAS)
País: Angola
(Língua oral: Português)
LÍNGUA MOÇAMBICANA DE SINAIS (LMS)
País: Moçambique
(Língua oral: Português)
LENGUA DE SEÑAS DE CHILE (LSCH) (DEFAULT TOOLTIP)
País: Chile
(Língua oral: Espanhol)
LÍNGUA DE SINAIS ESPANHOLA (LSE)
País: Espanha
(Língua oral: Espanhol)
LÍNGUA DE SINAIS ARGENTINA (LSA)
País: Argentina
(Língua oral: Espanhol)
LÍNGUA DE SINAIS FRANCESA (LSF)
País: França
(Língua oral: Francês)
AMERICAN SIGN LANGUAGE (ASL)
País: Estados Unidos
(Língua oral: Inglês)
Na Libras existem, ainda, variações regionais, sociais e aquelas relacionadas às mudanças históricas, sinais arcaicos.
Exemplo de variação regional:
COR VERDE
Rio de Janeiro
São Paulo
Curitiba
Fonte: Pimentel e Bastos (2020).
Como vimos, há a possibilidade da produção de inúmeras codificações na estrutura da Libras, mostrando o quão completa e complexa essa língua pode ser.
É essencial apresentar, ainda, os sinais icônicos e sinais arbitrários. Embora a Libras seja uma modalidade gestual-visual-espacial, a maior parte de seus sinais é arbitrária
(PACHECO e ESTRUC, 2011), ainda que também haja iconicidade.
SINAIS ARBITRÁRIOS
São aqueles que não mantêm nenhuma semelhança com o dado da realidade que representam.
Exemplos: PESSOA / CONVERSAR/ DEPRESSA
SINAL ICÔNICO
Refere-se diretamente ao objeto representado; ele faz alusão ao significado do objeto. Um percentual grande de sinais da Libras é icônico.
Exemplos: ESCOVAR OS DENTES / CASA/ BORBOLETA / TELEFONE / ÁRVORE/ CARRO
 SAIBA MAIS
O chamado Paradoxo de Klima e Bellugi traz uma interpretação interessante sobre a iconicidade dos sinais. Em pesquisas, tanto Klima e Bellugi (1979) quanto Martins (2017) se
depararam com a seguinte situação contraditória:
• Quando expostos a sinais não conhecidos anteriormente, informados sobre seus significados e solicitados a atribuir uma nota para avaliar o grau de iconicidade desses sinais,
observadores tendem a atribuir notas elevadas e a persistir em buscar, nos sinais, aspectos que justifiquem, em maior ou menor grau, a sua forma a partir de seu significado.
• Quando, porém, não há informação acerca dos significados desses sinais, e solicitados a adivinhar-lhes o significado, esses mesmos observadores tendem a atribuir a esses sinais
significados díspares e inadequados.
Esses estudos revelam que a maioria absoluta dos sinais é, de fato, muito opaca e arbitrária, apesar de ser vista, quase sempre, como bastante icônica. Interessante, não é mesmo?
Reveja alguns exemplos de modais, de usos dos elementos dêiticos e da concordânciaem Libras no vídeo a seguir.
Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. AO SE COMPARAR A ESTRUTURA DAS SENTENÇAS NA LÍNGUA PORTUGUESA E NA LIBRAS, PODE-SE DIZER QUE:
A) Uma reproduz exatamente a outra.
B) O português apresenta a ordem usual Sujeito+Verbo+Predicado, enquanto a Libras usa Predicado+Sujeito+Verbo.
C) A Libras inverte a ordem Sujeito+Verbo+Predicado, apresentando frases na sequência Predicado (ou Objeto)+Verbo+Sujeito.
D) Não há regra para ordenação da frase na Libras.
2. O ELEMENTO DÊITICO NA LIBRAS CONSTITUI UM IMPORTANTE RECURSO PARA A COMPREENSÃO DO DISCURSO IMAGÉTICO. QUANTO
A SEU USO, É CORRETO AFIRMAR:
A) Esse elemento não trata sobre os usos dos verbos na Libras.
B) No uso temporal, a ausência do uso dos sinais de PASSADO para indicar ações que já aconteceram, ou do FUTURO, é normal.
C) No uso temporal, a ausência do sinal que indica PRESENTE é comum.
D) Indica que o sujeito está implícito no sinal.
GABARITO
1. Ao se comparar a estrutura das sentenças na língua portuguesa e na Libras, pode-se dizer que:
A alternativa "B " está correta.
A estrutura das frases em Libras apresenta primeiro o predicado, ou objetos (direto e indireto), em seguida o sujeito, e só então o verbo. Mas vale lembrar que muitos surdos alteram a
estrutura frasal para facilitar o entendimento de pessoas mais acostumadas com a ordem da língua portuguesa.
2. O elemento dêitico na Libras constitui um importante recurso para a compreensão do discurso imagético. Quanto a seu uso, é correto afirmar:
A alternativa "C " está correta.
O componente dêitico é um componente morfológico importante para a compreensão do discurso imagético. Na dêixis temporal é necessário indicar o sinal PASSADO ou FUTURO
para completar o entendimento do tempo do verbo. Quando não há o sinal HOJE ou AGORA, entende-se que, ainda assim, a ação é presente. Por fim, não há sujeito implícito em
Libras, de modo que a dêixis de pessoa também é obrigatória.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda língua tem características próprias e comuns às outras. E com a Libras não é diferente. Mas essa língua tem uma peculiaridade: é de modalidade diferente da língua
hegemônica no Brasil, a língua portuguesa, que é uma língua oral. Assim como outras línguas de sinais, a Libras é visoespacial.
Aprendemos como ela se baseia nos cinco parâmetros – configuração de mãos, ponto de articulação, movimento, orientação da palma da mão/direção, componentes não
manuais –, de compreensão indispensável para qualquer um que deseja aprendê-la. São as combinações desses parâmetros que formam todo o léxico da Libras.
Também aprendemos outras especificidades como a representação dos números, do gênero, dos comparativos, da negação, entre outros, além da importância dos modais e do
elemento dêitico.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Metafísica. Livro 1. São Paulo: Abril Cultural, 1984. (Os pensadores).
BENASSI, C. A.; DUARTE, A. S. Da importância da dêixis para a compreensão do discurso imagético. In: Além dos sentidos: ensaios sobre Libras. 2014.
BRASIL. Secretaria Nacional de Justiça. A Classificação Indicativa na Língua Brasileira de Sinais. 1. ed. Brasília, 2009a.
BRASIL. SDHPR - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência –SNPD. 2009b.
CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D.; TEMOTEO, J. G.; MARTINS, A. C. Dicionário da Língua de Sinais do Brasil: A Libras em suas mãos. v. 2: sinais de E a O. São Paulo: Edusp,
2017.
FARIA-NASCIMENTO, S. P. Representações Lexicais da Língua de Sinais Brasileira: uma proposta lexicográfica. 2009. 325 f. Tese (doutorado) - Universidade de Brasília. Instituto
de Letras. Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Brasília.
FERREIRA BRITO, L. Integração social & educação de surdos. Rio de Janeiro: Babel, 1993.
FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática de Língua de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro/ UFRJ, 1995.
FERREIRA, L. B. J. Língua brasileira de sinais - libras, língua natural do sujeito surdo. In: XII CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE. 2015. V Seminário
Internacional sobre Profissionalização Docente. PUCPR, 2015. p. 22085-22094.
GESUELI, Z. M. Lingua(gem) e identidade: A surdez em questão. In: Educação & Sociedade. Campinas, v. 27, n. 94, p. 277-292, 2006.
KLIMA, E.; BELLUGI, U. The signs of language. Cambridge: Harvard University Press, 1979.
MARTINS, A. C. Lexicografia, metalexicografia e a natureza da iconicidade da Língua de Sinais Brasileira. 2017. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2017.
PACHECO, J. ; ESTRUC, R. Curso básico de Libras, 2011.
PIMENTEL, A. Aplicativo sobre conhecimento de cinesiologia em libras: uma tecnologia educacional em saúde. 2019. 267f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia em Saúde) –
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, Paraná.
PIMENTEL, A; BASTOS, L. A. Libras dinâmica e interativa – Básico 1 – Comunicar. Curitiba, 2020.
PRADO, L.; LESSA-DE-OLIVEIRA, A. Dêixis em elementos constitutivos da modalidade “falada” de línguas de sinais. In: ReVEL - Línguas de sinais: cenário de práticas e
fundamentos teóricos sobre a linguagem, v. 10, n. 19, p.38-57, 2012.
QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
QUADROS, R. M.; PIZZIO, A. L.; REZENDE, P. L. F. Língua Brasileira de Sinais IV. Licenciatura em Letras-Libras na Modalidade à Distância. Universidade Federal de Santa
Catarina, 2009.
RODRIGUES, I. C.; BAALBAKI, A. C. F. Práticas sociais entre línguas em contato: os empréstimos linguísticos do português à Libras. In: Revista brasileira de linguística aplicada
[online]. 2014, v.14, n.4, pp.1095-1120.
EXPLORE+
Existe um provérbio africano que diz O conhecimento é como um jardim: se não for cultivado, não pode ser colhido, logo não há como apropriar-se do conhecimento sem que haja
uma dedicação e busca constante por ele. Três fontes importantes para entender alguns mecanismos da Libras são:
A dissertação de mestrado Uma Descrição da Dêixis de Pessoa na Língua de Sinais, de Renata Lúcia Moreira. Busque no banco de teses da USP.
O artigo de Emmanuelle Félix dos Santos et al. Sintaxe da Libras e a (re)afirmação linguística: o óbvio que ainda precisa ser dito, publicado na Interdisciplinar: revista de estudos em
língua e literatura.
O livro Absurdo ou Lógica. Os surdos e sua produção linguística, de Elidea Bernardino.
Outra referência interessante é a plataforma spreadthesign. O banco de dados reúne 4.000.000 sinais de diferentes linguas de sinais ao redor do mundo; você pode fazer a busca na
caixa de pesquisa.
CONTEUDISTA
Alexsander Pimentel
 CURRÍCULO LATTES
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