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“POLICIAMENTO MONTADO” - 40 ANOS - - A HISTÓRIA DE UM SONHO - FERNANDO D`AUSTRIA E CARAVELLAS FILHO - CEL QOPM RR BRASÍLIA – DF MARÇO DE 2021 AGRADECIMENTOS A DEUS e aos que ELE colocou no meu caminho ... Aos que se foram... E aos que virão... “SOLDADOS! É FÁCIL A MISSÃO DE COMANDAR HOMENS LIVRES; BASTA MOSTRAR-LHES O CAMINHO DO DEVER!” (MARECHAL MANOEL LUÍS OSÓRIO) DADOS DO AUTOR FERNANDO D’AUSTRIA E CARAVELLAS FILHO CEL QOPM RR - Praça Especial: 01 de março de 1990 (Aluno-Oficial/ Cadete) - Aspirante a Oficial: 11 de dezembro de 1992 - 2º Tenente: 25 de agosto de 1993 - 1º Tenente: 25 de agosto de 1995 - Capitão: 21 de abril de 1998 - Major: 26 de dezembro de 2003 - Tenente Coronel: 26 de dezembro de 2009 - Coronel: 21 de abril de 2015 - Reserva Remunerada: 11 de maio de 2020 FUNÇÕES DESEMPENHADAS - Todas as funções de Oficial Subalterno e Intermediário do Regimento de Polícia Montada - PMDF (1993 a 2000); - Instrutor de Cursos de Policiamento Montado - PMDF (1993 a 2004); - Comandante da 3ª Companhia de Radiopatrulha do 4º Batalhão de Polícia Militar - PMDF (2001); - Oficial de Operações do Comando de Policiamento Regional I - PMDF (2001 a 2002); - Instrutor de Tiro Defensivo na Preservação da Vida – “Método Giraldi” - PMDF (2002); - Oficial de Operações do Comando de Policiamento Regional Metropolitano - PMDF (2003); - Coordenador do 1º Curso de Operações de Choque Montado - PMDF (2004); - Subcomandante do Regimento de Polícia Montada – PMDF (2004); - Comandante do Corpo de Alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) - PMDF (2006); - Chefe da Seção de Pessoal do Grupamento de Operações Aéreas (GOA) - PMDF (2007); - Chefe da Divisão de Ensino da Academia de Polícia Militar de Brasília (APMB) - PMDF (2002, 2007 e 2008); - Chefe da Divisão Administrativa da Academia de Polícia Militar de Brasília (APMB) - PMDF (2008 e 2009); - Comandante do Regimento de Polícia Montada “Regimento Coronel Rabelo” - PMDF (Mar 2010 a Jan 2012); - Chefe da Seção de Apoio da Diretoria de Especialização e Educação Continuada do Departamento de Ensino e Cultura - PMDF (2012); - Subcomandante e Chefe da Seção Operacional do Comando de Policiamento Regional Sul - PMDF (2012 e 2015); - Comandante do 27º Batalhão de Polícia Militar - PMDF (2013 - 2014); - Diretor de Pesquisa e do Patrimônio Histórico e Cultural da PMDF (2015); - Diretor de Projetos da PMDF (2016); - Corregedor-Adjunto da PMDF (2016); - Diretor de Apoio Logístico e Finanças da PMDF (2017); - Comandante do Comando de Policiamento Montado da PMDF (Mar de 2017 a Jan de 2019); - Comandante de Comando de Missões Especiais (Jan de 2019 a Mai de 2020). CURSOS/ESTÁGIOS (MILITARES e CIVIS) - Curso de Formação de Oficiais – PMDF (1990 a 1992) - Curso de Policiamento Montado – PMDF (1993) - Estágio de Choque Montado – PMDF (1993) - Curso Básico em Equoterapia – ANDE BRASIL/ DF (1999) - Extensão em Equoterapia – UNB/ DF (1999) - Curso de “POLICE HIGH RISK PATROL” na TACTICAL EXPLOSIVE ENTRY SCHOOL/ TEES BRASIL (1999) - Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais – PMDF (2000) - Curso de “Patrulhamento Policial de Alto Risco” na SNIPER TREINAMENTOS ESPECIAIS – Brasília/ DF (2001) - Curso de Instrutor de Tiro Defensivo na Preservação da Vida - “MÉTODO GIRALDI” - PMESP (2002) - Estágio Básico de Combatente de Montanha – Exército Brasileiro (2003) - Mergulhador Autônomo - SCUBA DIVER (2003) - Curso de Operações de Choque Montado - PMDF (2004) - Curso de Coordenação de Busca e Salvamento (SAR 005) – Força Aérea Brasileira (2007) - Curso de Paraquedista Operacional – PMDF/ Nível AFF (2007) - Bacharel em Direito – UNIEURO (2008) - 10 º SWAT (Centro Avançado em Técnicas de Imobilização - CATI) – Brasília/ DF (2008) - Curso de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas – Nível Leve/ CBMDF (2009) - Curso de Altos Estudos – Especialista em Gestão Estratégica em Segurança Pública/ PMDF (2009) - Curso de Primeiros Socorros - Nível Básico - CRUZ VERMELHA BRASILEIRA/ Brasília – DF (2011) - Curso de Instrutor de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas– Nível Leve/ CBMDF (2012) - Curso de Atendimento Pré-Hospitalar Tático – Centro de Capacitação e Desenvolvimento Profissional (2013) - Curso de Sistema de Comando de Incidentes – Nível Avançado/ CBMDF (2014) CONDECORAÇÕES - Medalhas de 10, 15, 20, 25 e 30 Anos de Bons Serviços Prestados à Segurança Pública – PMDF - Medalha JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER – “Tiradentes” – PMDF (2004) - Medalha do Pacificador – Exército Brasileiro (2004) - Medalha “Sangue de Heróis” – Força Expedicionária Brasileira (2005) - Medalha Comemorativa aos 200 anos da PMDF (2009) - Medalha da Ordem dos Cavaleiros Honorários – RCECS/ PMERJ – (2010) - Medalha do Centenário do Regimento de Cavalaria “9 de Julho” - PMESP (2011) - Medalha de Mérito Militar da Polícia Militar do Maranhão – PMMA (2011) - Medalha do Bicentenário do Regimento de Cavalaria de Guardas – “Dragões da Independência” – Exército Brasileiro (2011) - Medalha Mérito da Ordem Pública e Social do Distrito Federal – SEOPS (2012) - Medalha da Ordem do Mérito Judiciário Militar – STM (2014) - Medalha da Vitória – Ministério de Defesa (2015) - Medalha “70 anos do Término da II Guerra Mundial” – Associação de Ex-Combatentes do Brasil/ Brasília (2015) - Medalha da Ordem dos Cavaleiros de Rabelo – PMDF (2017) - Medalha Comemorativa do 4º RBG – BMRS (2017) - Medalha Mérito Segurança Pública do Distrito Federal com Colunata em Prata/ SSPDF (2020) “PREFÁCIOS” “CUIDADO COM SEUS PENSAMENTOS, POIS ELES SE TORNAM PALAVRAS; CUIDADO COM SUAS PALAVRAS, POIS ELAS SE TORNAM AÇÕES; CUIDADO COM SUAS AÇÕES, POIS ELAS SE TORNAM HÁBITOS; CUIDADO COM SEUS HÁBITOS, POIS ELES SE TORNAM O SEU CARÁTER; E CUIDADO COM SEU CARÁTER, POIS ELE SE TORNA O SEU DESTINO”. (FRANK OUTLAW) ____________________ Foi com satisfação e orgulho que recebi a presente publicação, a qual me fez voltar aos idos de 1954, quando de minha Declaração de Aspirante a Oficial de Cavalaria, do Exército Brasileiro. Quis o destino que, após servir no 9º Regimento de Cavalaria em São Gabriel/RS, eu fosse para Brasília/DF, onde fui incorporado à Polícia Militar do Distrito Federal e onde, posteriormente, tive a honra de ser indicado para comandar o que hoje é esta grandiosa força, defensora da lei e da ordem. Parabenizo-me com o CEL CARAVELLAS que, com garbo e vibração, elevou com orgulho os sentimentos daqueles que um dia realizaram o que muitos achavam ser impossível. Minha continência ao autor. ALOYSIO MARTINS FERNANDES – MAJ PMDF ____________________ Esclareço que meus contatos, diretos e presenciais, em Brasília, sempre foram muito intensos, embora eu seja do Estado de São Paulo. Eu vivenciei, por muitos anos, os estudos para a transferência da Capital do Brasil para o Planalto Central e suas indefinições; Eu vivenciei a demarcação do local, a polêmica causada pelo nome “Brasília”, que muitos não aceitavam, e as dificuldades que os estrangeiros teriam para pronunciá-lo; Eu vivenciei o projeto para construção de Brasília e todo o trabalho dos “candangos”, normalmente chegados do nordeste, com a “cara e a coragem”, com a finalidade de participar da construção da nova Capital Federal, bem como todas as dificuldades para isso existentes; Eu vivenciei a construção do “Catetinho”, onde Juscelino Kubistchek, então presidente do Brasil, permanecia e despachava quando das suas visitas/inspeções às obras de Brasília; Eu vivenciei as idas e vindas do Presidente“BOSSA NOVA”, do Rio de Janeiro para Brasília e vice versa, a fim de acompanhar sua construção; idas e vindas essas que receberam, da mídia da época, a expressão: “Lá vai ele... Lá vem ele...” Eu vivenciei a inauguração da Capital e a transferência da PMDF, do Rio de Janeiro para o atual Distrito Federal e todas as dificuldades dessa mudança; Eu vivenciei a construção das cidades satélites e a formação do Lago Paranoá; Eu vivenciei a criação do Núcleo do Regimento de Cavalaria “CEL FRANCISCO RABELO LEITE NETO”, a chegada da cavalhada e o lançamento oficial do Policiamento Ostensivo Montado da PMDF; Eu vivenciei as comemorações do 40º aniversário do Policiamento Montado da PMDF, “um sonho” que virou realidade e que deu origem a esta obra; Estou vivenciando o lançamento da esplêndida obra “POLICIAMENTO MONTADO – 40 ANOS” - A HISTÓRIA DE UM SONHO -, de autoria do CEL QOPM RR FERNANDO D’AUSTRIA E CARAVELLAS FILHO, que integra e passa a fazer parte da História do Brasil, do Distrito Federal, de Brasília, da PMDF, e do Regimento Coronel Rabelo; Estou, com muita honra, participando, com outros, do prefácio desse trabalho. “HOMEM/CAVALO - CAVALO/HOMEM”. Qual o mistério que une ambos, a tal ponto que um só se sente bem e completo junto do outro? Uma integração tão grande, que apenas homem/cavalo - cavalo/homem podem sentir. Quem nessa integração não se enquadra e, por isso, nem sempre a entende, terá dificuldades para valorizar tamanha amizade. Mas essa integração e confiança, um no outro, não surge de repente. É fruto de muita análise mútua, até que, em ambos, surge um vínculo de respeito duradouro. O binômio é símbolo histórico de audácia, exemplo, destemor, coragem, luta, abnegação, força, disciplina, determinação... Alguém pode imaginar o “Grito do Ipiranga” sem Dom Pedro montado no seu cavalo? A “Proclamação da República” sem o Marechal Deodoro montado no seu cavalo? Napoleão Bonaparte sem estar montado no seu cavalo? Alguém pode imaginar São Jorge sem estar montado no seu cavalo? E muitíssimos outros heróis que honram nossa História. E isso tudo, e mais ainda, está muito bem contido e explícito na obra, hora referenciada. Agora já estamos no passo seguinte. Sem o primeiro passo HOMEM/CAVALO – CAVALO/HOMEM, retro explanado, jamais teríamos este segundo passo: “HOMEM/CAVALO - CAVALO/HOMEM SERVINDO E PROTEGENDO A SOCIEDADE”, missão nobre da Polícia Militar em todos os rincões do nosso Brasil. O livro esbanja inteligência, sabedoria, conhecimento e profissionalismo, relacionados à atuação do Regimento de Polícia Montada nessa missão, durante os últimos 40 anos. A cada página uma nova emoção, sem que a anterior tenha terminado. A cada imagem, um sonho realizado, dentro do qual nos sentimos como se dele tivéssemos participado. Arrepia! A exaltação e dignificação de pessoas, de todos os níveis, que, de alguma forma, contribuíram para o sucesso do Regimento nesses anos de labor, também emocionam, assim como emocionam as publicações históricas que deram a ele o fortalecimento e o direcionamento correto para chegar aos dias atuais, como chegou. A extraordinária capacidade do autor em transferir a realidade para dentro do volume, faz com que, ao lê-lo, nos sintamos a essa realidade integrados. Impossível começar a ler e não ter ansiedade de continuar até o seu final. Os dados históricos ultrapassam a imaginação do leitor e se perpetuam na sua mente para sempre, tal é a solidez com que são apresentados. Como destaques, também extraordinários estão algumas das principais ações do Regimento na área de Segurança Pública e no controle da Ordem Pública, e nas atividades paralelas, como a equitação e ações sociais que são de uma enorme e valorosa grandeza. O destaque feito pelo escritor, relacionado à atuação do RPMon na “Equoterapia”, junto a integrantes da PMDF e da sociedade carente, o eleva aos píncaros da glória e da dignidade humana. Parabéns, meu “FILHO”! Que Deus o abençoe e o proteja! À sua Família, ao seu lar e aos seus trabalhos! E, também, à nossa querida PMDF e, em particular, ao seu eterno Regimento! Abração. NILSON GIRALDI - CEL PMESP ____________________ Foi com muita alegria e vivo interesse que recebi uma ligação, já no final do mês de dezembro desse ano tão singular e doloroso, do meu amigo e irmão de Cavalaria CEL CARAVELLAS, com quem tive o privilégio de servir. Eu, TEN CEL Comandante do Regimento; ele, um jovem e entusiasmado 1º Tenente. Fez-me um convite para ler algumas páginas escritas por ele, com narrativas de fatos que marcaram a trajetória do nosso Regimento Coronel Rabelo. Já nas primeiras páginas fui tomado pela surpresa e motivação, por encontrar narrativas de acontecimentos que levaram-me a períodos que antecederam a criação do Regimento, transcritos com tamanha fidedignidade, cronologicamente apresentados e com fotografias que ilustram os acontecimentos. Imediatamente fui transportado aos idos de 1973, quando ingressei na Corporação, oriundo da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro. Logo no ingresso, soube que havia um efetivo destinado à criação de um Esquadrão de Cavalaria na PMDF, mas que esse contingente fora utilizado para criar uma unidade tática de Operações Especiais, a COE. Ao ser nomeado Comandante-Geral da Corporação, o CEL CAV do EB RABELO, tratou de iniciar os estudos para implantar um núcleo de cavalaria, não completando seu objetivo, face à sua morte prematura. Assumiu o comando da corporação o então CEL EGÊO, também oriundo da arma de cavalaria do Exército Brasileiro, o qual, finalmente, adquiriu cavalos no Rio Grande Sul, criando, assim, o embrião do Regimento. Recordo-me que no comando do CEL RABELO eu exercia a função de Subcomandante da Companhia de Guardas, situada no aquartelamento ocupado, hoje, pelo 3º Batalhão, situado ao lado da sede do DETRAN e que, naquela época, por ocasião das comemorações do aniversário de criação da Companhia de Guardas, consegui realizar, com o apoio da Sociedade Hípica de Brasília, um concurso hípico. Acredito que tenha sido o primeiro evento da modalidade organizado pela PM, cujo vencedor, foi o então TEN DOMINGUES. Durante algum tempo frequentei, principalmente nos finais de semana, o aquartelamento ocupado pelos nossos pioneiros, nas precaríssimas instalações cedidas pela Fundação Zoobotânica, onde tive o privilégio de conhecer profissionais dedicados e comprometidos com o desenvolvimento do nosso policiamento montado. Esses episódios estão descritos com extrema fidelidade nas páginas do trabalho em comento. Que esses exemplos sirvam de estímulo aos novos e futuros integrantes do Regimento CEL RABELO. A esses bravos pioneiros, minha admiração e eterno reconhecimento. Reverenciar o passado é assumir um compromisso de sucesso com o futuro. Parafraseando Alceu Amoroso Lima “O passado não é aquilo que passa, é aquilo que fica do que passou”. Acrescento que o seu registro escrito é fundamental para que não se perca no tempo. Esta obra, de importância singular, elaborada pelo meu então “pica-fumo”, nos enche de orgulho e de recordações e tem o condão de eternizar a linda história do nosso Regimento de Cavalaria, abrigo de tantos heróis dedicados à causa de servir, inclusive, com o sacrifício da própria vida, à população do Distrito Federal. Minhas reverências ao CEL CARAVELLAS. “FORÇA E HONRA!”. PAULO CÉSAR GAMA FONTANA – CEL PMDF ____________________ ESPAÇO RESERVADO (PREFÁCIO DO CEL QOPM ANTÔNIO RIBEIRO DA CUNHA) ____________________ No ano de 2013 foi financiado e lançado, pela fundação americana Andrew W. Mellon, um projeto para oferecer a educadores, pesquisadores e ao público em geral, uma nova perspectiva sobre a 1ª GuerraMundial. Considera-se que esse evento foi um dos mais importantes para mudanças consolidadas na História dos Estados Unidos da América. Mas, o que deve estar tilintando agora em sua mente é: “Sim... Tudo bem... Mas o que isso tem a ver com essa publicação?”. Bom, isso tem uma conexão com um ativo que precisa ser mais valioso do que qualquer outro existente nos dias atuais, onde informação é lançada aos “litros”, para todos, em canais de comunicação jamais imaginados em nossa humanidade. O ativo a que me refiro se chama HISTÓRIA. Muito da complexidade do que enfrentamos hoje nas relações sociais se repete e, é claro, com aspectos culturais e temporais diferentes. A história explica como nossa sociedade, bem como todas as suas escolhas, chegaram onde estão. Quando se compreende a história de uma nação, uma região ou os fatos que ocorreram nesse espaço, você compreende as pessoas que ali habitam ou transitam. E melhor, como disse um dos grandes filósofos do Século XVII, Benedito Spinoza: “Quando você não estuda e compreende o passado, estará condenado a repeti-lo”. A história presente nas descrições feitas pelo Coronel da reserva da PMDF FERNANDO D’AUSTRIA E CARAVELLAS FILHO tem mais do que fatos. É possível perceber a textura, as cores, o cheiro e a alma de quem incorporou a cada segundo do que será apreciado daqui em diante. Sou suspeito ao falar de história desde que me tornei um apaixonado por ela. E digo isso tendo colocado os pés em quase 40 países (e continuo a jornada). Viajo por ter sido instigado a buscar essa senhora do tempo quando fui alcançado por autores que foram competentes a ponto de traduzir sensações. Mas além disso, que pudessem eternizá-las nas palavras certas, nas imagens bem selecionadas e nas minuciosas descrições. A mesma senhora história revela o quão desafiante é doar-se a escrever sobre o que nos marca cronologicamente. O ápice dessa curva é balizado pelos poucos que têm a coragem e a sensibilidade de fazê-lo. Isso me lembra a dificuldade encontrada por historiadores na descoberta do modo de vida e costume dos Citas, povo nômade que dominou milhões de quilômetros quadrados entre o que nominamos hoje como Rússia e Irã. Ficaram conhecidos pelo exímio controle que possuíam sobre as técnicas de guerra usando arcos e flechas. Mas tudo isso era aliado a um quesito fundamental para a sua respeitabilidade e larga sobrevivência: o apreço e respeito que nutriam pelos cavalos, desdobrando-se em décadas de domínio territorial. Nessa obra, o filho CARAVELLAS nos entrega esse domínio técnico em forma de história. O pai CARAVELLAS nos estende um respeitável tapete didático nas minúcias e detalhes coletados. O Coronel policial militar CARAVELLAS nos lidera a compreender o domínio que devemos ter sobre nossos valores institucionais. Mas o ponto alto de tudo isso vem do meu amigo e irmão FERNANDO. Esse nos mostrará que o mais valioso está nas reflexões do historiador e professor Doutor Christopher Capazzola, do MIT - Massachussets Institute of Technology – contradizendo o pensamento de Spinoza ao remodelar a frase quase negativa sobre condenação de repetir os erros do passado. Capazzola nos mostra o outro lado da moeda: “Pessoas que não conhecem o passado também não têm a chance de repeti-lo.” Em “Policiamento Montado – 40 anos” é possível, sim, ter a certeza de que histórias podem e devem ser parte de um sonho. LEONARDO JOSÉ RODRIGUES DE SANT’ANNA – CEL PMDF ____________________ Com muita honra e privilégio recebi o convite de ser um dos prefaciadores desta obra onde, por muito tempo, pude criar referências de vida. Esta obra reúne os relatos documentais da instituição “Regimento Coronel Rabelo”, denominação conferida ao Regimento de Polícia Montada do Distrito Federal, no dia 30 de julho de 1999, pelo então Governador do Distrito Federal, Joaquim Domingos Roriz. Mais do que isso, esta obra reúne os registros da realização de um sonho coletivo e da perseverança de todos os irmãos cavalarianos que contribuíram para a concretização do Regimento. Muito para além da intenção de se fazer um registro meramente histórico, a obra se concentra em demonstrar alguns dos valores tão caros e raros que permearam a trajetória do RPMon/PMDF e de todos os policiais militares através da exposição de fatos recônditos e memórias. Todos os atores citados neste livro fazem parte da história da PMDF e do Regimento, porém, estes mesmos atores fizeram e fazem parte da história de cada irmão cavalariano com quem dividiram o árduo trabalho do policiamento ostensivo e as memórias afetivas de toda uma carreira profissional. Fazer parte desta história é, para todos os envolvidos, uma maneira de relembrar e guardar em lugar cativo todos os sentimentos e memórias. Um lugar de contemplação não é apenas uma estrutura física ou obra arquitetônica a que se deve admirar. Um lugar de contemplação é tudo aquilo que faz dele uma memória viva que sempre resplandece quando visitada. “CAVALARIA, TU ÉS NA GUERRA NOSSA ESTRELA GUIA!” ARMANDO JOSÉ BASÍLIO – ST PMDF ______________________ Prefaciar esta obra, de tamanha importância histórica para a Polícia Militar da Capital Federal e, por consequência natural, do Brasil, muito me honra, haja vista ter sido produzida por quem , essencialmente, dedicou toda uma vida e carreira à Arma ligeira - força terrestre imponente e notável, que transpõe os montes, pelo caminho da luta e da vitória - sendo importante frisar que o Autor, o caríssimo Comte. CARAVELLAS, um típico exemplo de tropier como perfil, desde os primórdios de sua existência, muito aprendeu com ilustre militar vocacionado - seu amado pai - em quem se inspirou como exemplo de vida, de profissionalismo e de dedicação patriótica. Esse cavalariano-raiz, testado e experimentado em todos os níveis de formação, lapidado, a cada passo profissional, nos postos que ocupou, é a chancela da transferência, para o papel e para os leitores, da genuína “História de Um Sonho” que tornou-se realidade, a qual foi construída pela trajetória do conjunto homem/cavalo, em honra à farda, à população por este protegida e aos patronos da “Estrela Guia” - Mal. Osório e Cel. Rabelo. A Cavalaria é a mais móvel de todas as armas e a segunda mais antiga na história das guerras, sendo precedida pela Infantaria. Apesar de pouco utilizada pelas Forças de Segurança da atualidade, as quais substituíram os animais por máquinas de combate motorizadas, com alto poder de fogo, a Polícia Militar do Distrito Federal constitui honrosa exceção a essa regra mundial, eis que atua com efetividade no dia a dia do cidadão brasiliense, tendo demonstrado sua contundência de precisão cirúrgica por inúmeras vezes no impedimento e na dissuasão de manifestações potencial ou realmente violentas, controlando a ordem pública. Quantas vezes somos impactados psicologicamente ao depararmos com Conjuntos de Cavalaria transitando pelo centro de Brasília, em meio a carros, a vias movimentadas, a palácios dos Poderes da República, situação que imediatamente nos passa a sensação de segurança, diante da visão da imagem quase que medieval dos cavalarianos, com suas armaduras modernas, cujos imponentes cavalos mansamente desfilam a exuberância de suas presenças, não deixando dúvidas de que estão prontos para fazer o que bem sabem: manobrar com agilidade; surpreender pela ligeireza; multiplicar forças, “eis que a cavalhada, numa avançada, ousada e forte, não teme a morte. Os corcéis sabem que a glória só se conquista com a vitória no revés” (“Dobrado - Saudade da Minha Terra”, do 1º Sgt Luiz Evaristo Bastos, 1893). A sabedoria popular, aliada à de grandes pensadores, como William Shakespeare e Ronald Duncan, em seus versos aqui parafraseados, sabe retratar o cavalo como grande amigo do homem, ao defini-lo como “criatura sem igual; poesiaem movimento, que voa sem possuir asas e conquista sem empunhar espadas, nos emprestando a força e a liberdade que não temos; tão importante para o homem, quanto as asas para os pássaros...”. Conhecer os nomes de Francisco Rabelo Leite Neto; de Egêo Correia de Oliveira Freitas; de Hellen José Futuro Rocha Filho; a história da formação do Regimento de Polícia Montada do DF e da Tropa de Choque Montado; bem como as da Tradição do Bigode; da simbologia do Brasão do Regimento; do Forte Apache; das Cargas de Cavalaria; e a da essência da alma cavalariana; é um presente sui generis. Aprender sobre o cavalo - fruto dos ancestrais Eohippus e Equus - essa figura nobre, porém, sem arrogância; amiga, mas, desprovida de inveja; bela, contudo, sem vaidade; leal, sem pedir contrapartidas; e determinada, em qualquer circunstância; faz-nos voltar aos tempos da Grécia antiga, nos quais surgiu o mito do centauro - fruto do melhor dos sonhos filosóficos de seus pensadores - que juntou a inteligência humana ao vigor físico e a tantas outras qualidades dos cavalos, atingindo o que se desenhou como o guerreiro perfeito. Por tudo isto, creio ter o trabalho atingido seus objetivos, mostrando o sucesso da briosa Cavalaria do Distrito Federal, alcançado pela aplicação de fórmula que mescla o exercício do dever policial com a humanidade dos cavaleiros do Regimento Rabelo, e a força, com inteligência, de seus inseparáveis amigos, os cavalos. Esta Cavalaria resta muito bem retratada na figura do Comte. FERNANDO D’AUSTRIA E CARAVELLAS FILHO – CORCEL 03; ESCORPIÃO 280; MONTANHA 13.781 – cujo nome está incrustado indelevelmente na história da Corporação - abrigo dos que carregam o coração de um leão e o penetrante olhar da águia – sendo ele paradigma de grande soldado: patriota, valente, enérgico e devotado. À CARGA! FLÁVIO AUGUSTO NOGUEIRA NORONHA Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil-AHIMTB-DF “O ONTEM É HISTÓRIA, O AMANHÃ É UM MISTÉRIO E O HOJE É UMA DÁDIVA, PORISSO CHAMA-SE PRESENTE!” (MESTRE OOGWAY) SUMÁRIO “INTRODUÇÃO” ............................................................................................................................................... 23 “SE” ......................................................................................................................................................................... 24 “ANTIGO BRASÃO DO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA” ................................................. 25 “ATUAL BRASÃO DO REGIMENTO CORONEL RABELO” ............................................................ 26 “A POLÍCIA MILITAR NO BRASIL E NO DISTRITO FEDERAL” ................................................ 27 “CANÇÃO DA CAVALARIA” ........................................................................................................................ 33 “A CAVALARIA E A POLÍCIA MONTADA” ............................................................................................ 34 “SER DE CAVALARIA” .................................................................................................................................. 39 “POLÍCIA MONTADA NO DISTRITO FEDERAL” .............................................................................. 40 “O PATRONO” ................................................................................................................................................... 41 “AS LANÇAS DE CHICO” .............................................................................................................................. 48 “ORDEM DO DIA” (23 DE JUNHO DE 2011) ........................................................................................... 49 “GALERIA DE HONRA” ................................................................................................................................ 55 “BOLETIM ESPECIAL Nº 006 DE 12DEZ1980” (TRANSCRIÇÃO) ................................................... 66 “ESQUADRÃO DE POLÍCIA MONTADA e o NÚCLEO REGIMENTO DE CAVALARIA” ............................................................................................. 77 “FOTOS HISTÓRICAS” .................................................................................................................................. 78 “ORAÇÃO DO CAVALARIANO” ................................................................................................................. 84 “REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA” ............................................................................................... 85 “PRAÇA DO MEDO” ........................................................................................................................................ 87 “RECEBIMENTO E ENTRONIZAÇÃO DO PAVILHÃO NACIONAL” .......................................... 89 “COMANDANTES DO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA” ................................................... 91 “FOTOS HISTÓRICAS” .................................................................................................................................. 93 “DOBRADO - SAUDADE DA MINHA TERRA” ................................................................................... 102 “REGIMENTO CORONEL RABELO” ...................................................................................................... 103 “COMANDANTES DO REGIMENTO CORONEL RABELO” .......................................................... 104 “CENTRO DE MEDICINA VETERINÁRIA” E “SEÇÃO DE FERRADORIA” ........................... 109 “PROJETOS SOCIAIS” .................................................................................................................................. 111 “TEMPORADAS HÍPICAS” ......................................................................................................................... 114 “A TRADIÇÃO DO TRA-LA-LÁ” ............................................................................................................... 118 “A TRADIÇÃO DO BIGODE” ..................................................................................................................... 119 “O CAVALO” ..................................................................................................................................................... 122 “CARROSSEL MILITAR” E “ENCENAÇÃO HISTÓRICA” .............................................................. 123 “CARGA DE CAVALARIA” .......................................................................................................................... 125 “ESPECIALIZAÇÕES” “CURSO DE POLICIAMENTO MONTADO” ........................................................................................ 126 “CURSO DE OPERAÇÕES DE CHOQUE MONTADO” .................................................................... 129 “ORDEM DOS CORCÉIS” ............................................................................................................................ 136 “PRECE DOS DE CHOQUE MONTADO” .............................................................................................. 143 “ORDEM DO DIA” (30 DE ABRIL DE 2004) .......................................................................................... 144 “COMANDO DE POLICIAMENTO MONTADO” ................................................................................ 147 “ALMA CAVALARIANA” .............................................................................................................................. 149 “MEDALHA DA ORDEM DOS CAVALEIROS DE RABELO” ........................................................ 150 “ORDEM DO DIA” (29 DE JUNHO DE 2017) ......................................................................................... 155 “CANÇÃO DO REGIMENTO CORONEL RABELO” ..........................................................................158 “ALGUNS MOMENTOS DA HISTÓRIA” “BATALHA DO BURITI” (1991) .................................................................................................................. 160 “TERMO DE SACRIFÍCIO Nº 001/90” ...................................................................................................... 163 “TERMO DE NECRÓPSIA Nº 019/90” ...................................................................................................... 164 “OPERAÇÃO POSSE” (2003) ........................................................................................................................ 165 “O DILÚVIO” (2011) ........................................................................................................................................ 167 “TOCHA OLÍMPICA NO RPMON” (2016) ............................................................................................... 171 “OPERAÇÃO COPA DO MUNDO” (2014) ............................................................................................... 173 “FORA DILMA E A NOMEAÇÃO DE LULA PARA A FUNÇÃO DE MINISTRO CHEFE DA CASA CIVIL” (2016) ......................................................................................................................................... 177 “24 DE MAIO DE 2017” – “O DIAS EM QUE A PMDF SALVOU A CAPITAL” ........................... 183 “ESTUDANTES DA UNB PROTESTAM NO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO” (2018) ............. 187 “MOMENTO” .................................................................................................................................................... 192 “ESQUADRÃO DA SAUDADE” ................................................................................................................. 193 “MENSAGEM DE DESPEDIDA” (08 DE FEVEREIRO DE 2017) .................................................... 194 “CONSIDERAÇÕES FINAIS” ..................................................................................................................... 203 “REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS” ..................................................................................................... 204 “REGISTRO” ..................................................................................................................................................... 205 23 “INTRODUÇÃO” O mundo atravessa momentos de horror no tocante à violência, elevados índices de criminalidade, corrupção e descomunal taxa de desemprego. Tais fatores manifestam-se como fortes indícios de colapso social, aumentando a preocupação dos órgãos responsáveis pela preservação da ordem pública. Cabe ao Estado, através dos órgãos responsáveis pela Segurança Pública, proporcionar à Nação uma convivência harmônica entre os cidadãos, impedindo a ocorrência de violação da lei. Assim, quesitos técnicos devem ser seguidos para a preparação dos efetivos policiais, não havendo quaisquer escusas para justificar equívocos ou erros que venham a macular o Estado, a comunidade ou atingir o cidadão. O aprimoramento das tropas policiais militares, por meio da especialização técnico- profissional, envolve quesitos imprescindíveis à sua atuação, no qual os resultados esperados estão diretamente ligados à assimilação dos procedimentos a serem adotados. A aplicação de doutrina na formação de Tropas Montadas apresenta-se com o escopo de aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos, potencializando sua capacidade operacional. Deixo bem claro que o presente trabalho, iniciado em 2010 quando exercia a função de Comandante do “Regimento Coronel Rabelo”, não tem qualquer interesse financeiro da minha parte ou de meus colaboradores e sim, por escopo, trazer ao conhecimento público considerações e curiosidades sobre a epopeia das Unidades de Cavalaria da Polícia Militar do Distrito Federal, deixando-as, por herança, às futuras gerações de cavalarianos. Dito isso comecemos a navegar pela HISTÓRIA de nossas saudosas Unidades Hipo e da nossa briosa e bicentenária Corporação. Boa leitura a todos! 24 “SE” “SE podes conservar o teu bom senso e a calma no mundo a delirar para quem o louco és tu ... SE podes crer em ti com toda a força de alma quando ninguém te crê ... SE vais faminto e nu, trilhando sem revolta um rumo solitário ... SE à torva intolerância, à negra incompreensão, tu podes responder subindo o teu calvário com lágrimas de amor e bênçãos de perdão ... SE podes dizer bem de quem te calunia ... SE dás ternura em troca aos que te dão rancor, mas sem a afetação de um santo que oficia, nem pretensões de sábio a dar lições de amor ... SE podes esperar sem fatigar a esperança ... SE podes sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho ... SE podes fazer do pensamento um arco de aliança, entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho ... SE podes encarar com indiferença igual o triunfo e a derrota, eternos impostores ... SE podes ver o bem oculto em todo o mal e resignar sorrindo o amor dos teus amores ... SE podes resistir à raiva e à vergonha de ver envenenar as frases que disseste e que um velhaco emprega eivadas de peçonha com falsas intenções que tu jamais lhe deste ... SE podes ver por terra as obras que fizeste, vaiadas por malsins, desorientando o povo, e sem dizeres palavra, e sem um termo agreste, voltares ao princípio a construir de novo ... SE puderes obrigar o coração e os músculos a renovar um esforço há muito vacilante, quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos, só exista a vontade a comandar avante ... SE vivendo entre o povo és virtuoso e nobre ... SE vivendo entre os reis, conservas a humildade ... SE inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre são iguais para ti à luz da eternidade ... SE quem conta contigo encontra mais que a conta ... SE podes empregar os sessenta segundos do minuto que passa em obra de tal monta que o minuto se espraie em séculos fecundos ... Então, oh ser sublime, o mundo inteiro é teu! Já dominaste os reis, os tempos, os espaços! ... Mas, ainda para além, um novo sol rompeu, abrindo o infinito ao rumo dos teus passos. Pairando numa esfera acima deste plano, sem receares jamais que os erros te retomem, quando já nada houver em ti que seja humano, alegra-te, meu filho, então serás um homem!" (RUDYARD KIPLING/ 1835-1936) 25 “ANTIGO BRASÃO DO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA” Escudo clássico peninsular ou português de fundo esmaltado na cor branca, orlado por esmalte da cor azul turquesa. Ao centro, um pilar do Palácio da Alvorada, identificador do Distrito Federal, dividido verticalmente em duas partes iguais e subdividido horizontalmente na altura das pontas da colunata, sendo seu lado inferior esquerdo e o lado superior direito na cor azul turquesa e o restante na cor branca, encimada por duas pistolas cruzadas em santor, na cor amarelo ouro, símbolo que significa “POLÍCIA MILITAR1”. Superposta à colunata de Brasília, a abreviatura “PMDF” e, sobrepostas à abreviatura “RPMon”, na cor vermelha, ao fundo do escudo, por trás da colunata, duas lanças cruzadas na cor amarelo ouro (Jalne), com bandeirolas em sua parte superior, divididas horizontalmente em duas partes iguais na cor vermelha, no quarto de cima, e amarelo no de baixo. Sobreposta perto da lança, ao centro, uma estrela de cinco pontas na cor azul turquesa. Acima da colunata, apoiada sobre a lança do lado direito e abaixo da bandeirola, uma cabeça de cavalo, em perfil, à direita. 2º VERSÃO 3º VERSÃO 4º VERSÃO 1 POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL 26 “ATUAL BRASÃO DO REGIMENTO CORONEL RABELO” “Escudo peninsular português boleado, contornado de jalne, rematado pela coroa da Família Real Portuguesa em timbre (alusivo à Guarda Real de Polícia – GRP), terciado em faixa, partido o 2º de jalne e blau, carregado em chefe com a sigla “PMDF” em sable, sobre fundo goles.Na segunda faixa, à destra, em jalne, a imagem das linhas criadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer das colunas do Palácio da Alvorada em prata e a sinistra em blau. A sigla da Unidade Policial Militar, em prata e em abismo sable, representa a prudência, a abnegação, a humildade, a honestidade e a modéstia. A efígie de um equino cosido de prata e sable por entre duas lanças cruzadas com bandeirolas de goles, cosidas de jalne, unidas ao ponto de honra pela representação estilizada do Brasão de Armas do Distrito Federal, esquartelado em jalne e sinopla. Sobrepostas, ao centro, duas pistolas cruzadas em santor, em jalne, representando o Comando de Policiamento Montado da Polícia Militar do Distrito Federal.” Em meados de 1953, esta medalha de prata, de origem francesa, foi encontrada em uma das nas baias do antigo 8º Regimento de Artilharia Montada (atual 14º GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA do Exército Brasileiro - Pouso Alegre/ MG). Em 2010, com a edição do Manual de Identidade Visual da PMDF, tal efígie foi inserida no atual brasão do Regimento Coronel Rabelo. A medalha foi encontrada pelo meu saudoso pai, TEN CEL INT AER FERNANDO D’AUSTRIA E CARAVELLAS (IN MEMORIAM), então um jovem de 10 anos de idade. 27 “A POLÍCIA MILITAR NO BRASIL E NO DISTRITO FEDERAL” Desde os primórdios da civilização, o homem, preocupado com a sua segurança, a preservação da vida e a sobrevivência do grupo, viu-se obrigado a deixar a condição de isolado e criar as primeiras comunidades. Com o passar dos tempos, os direitos individuais foram limitados e, consequentemente, os choques de interesses começaram a abalar os alicerces da convivência ordenada e pacífica. Surgiu, nesse momento, a necessidade da criação de uma força destinada a exercer vigilância nos núcleos sociais, no intuito de garantir ao organismo social condições propícias à sua evolução. A Polícia foi criada pelo Estado, visando, através de prescrições legais e regulamentares estabelecidas, exercer a vigilância, mantendo a ordem pública, as condições morais, o bem-estar coletivo, a garantia da propriedade e distintos direitos individuais. A Polícia no Brasil foi instituída por D. João III, em 1530, nas Capitanias Hereditárias, para administração, organização da ordem pública e justiça, haja vista incidências de invasões por holandeses, franceses e ingleses. Em 1760, em Minas Gerais, foram criadas as Companhias de Dragões, tropas pagas e subalternas ao Governo da Província, que tinham aspecto ostensivo com incumbências de ronda, condução de presos e patrulhamento local, e autonomia em manter a ordem pública. Em 1775 é criada a mais antiga Força Pública do Mundo, hoje Polícia Militar de Minas Gerais. No Brasil Colônia, a justiça era de posse dos Juízes, de Oficiais de Justiça e de homens escolhidos, juramentados, os quais respondiam pelos deveres de polícia para defender as vilas, bem como o patrimônio. 28 Em 1808, com a Família Real já instalada no Brasil, após a fuga de Portugal em decorrência do bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte, é criada a Intendência-Geral de Polícia e, em 13 de maio de 1809, o primeiro estatuto a dar vida à Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, nos moldes da já existente Guarda Real de Polícia de Portugal. Essa Divisão, subordinada ao Governador das Armas da Corte, tinha a incumbência de guardar a família real e vigiar a cidade do Rio de Janeiro. Posteriormente, seu nome é substituído por Corpo de Quadrilheiros. O período regencial brasileiro foi um dos momentos mais conturbados do Império Brasileiro devido à natureza da época, revoltas, problemas internos e movimentos revolucionários contra o governo, considerados perigosos para a estabilidade do Império e para a manutenção da ordem pública. Por esses motivos foi criado, por meio de um decreto regencial, o Corpo de Guardas do Rio de Janeiro. O modelo das polícias modernas surge na primeira metade do século XIX, com a criação de um órgão de força interna visando a evitar a utilização do Exército na repressão das revoltas sociais, tornando-se, desde então, inerente ao Estado como instituição fundamental para manter a preservação da incolumidade das pessoas, do patrimônio e da ordem pública na comunidade. Assim, conforme a particularidade e a história de cada país, começam a se destacar as polícias dos tipos Gendarmerie2 (do francês “gente de armas”), com cunho militar e que tem como escopo a presença ostensiva e a prevenção dos crimes, e Civilis3, com a missão investigativa e judiciária. Em 1889, no Brasil República, houve a descentralização da administração pública, segundo premissas do regime federativo, conferindo aos estados-membros autonomia administrativa para organizar sua própria polícia. 2 Força Policial Militar Francesa. 3 Relativa à Polícia Civil. 29 No início do século XX, depois da instauração da República, as províncias se constituíram em estados autônomos e, logo, seus governadores passaram a constituir pequenos exércitos estaduais (Forças Públicas)4 que depois se transformaram na Polícia Militar. Por determinação do Regime Militar (1964-1985), tomaram a forma atual de Polícias Militares, vez que, naquela época, visando a manter rígido controle sobre as corporações policiais armadas, o governo militar extinguiu as Guardas Civis e regulamentou as normas fiscalizadoras do Exército sobre as Polícias Militares, inclusive, nomeando oficiais do Exército para comandá-las em todos os estados. Com isso, passaram a agir não só nas revoluções internas do país, mas também de forma gradual na segurança pública e no policiamento ostensivo, por força do Decreto-Lei nº. 667, de 02 de julho de 19695. Até a Constituição Federal de 19886, Carta Magna da República, as polícias praticamente não existiam na ordem constitucional e, por longo tempo, eram como agregados do Estado e não como parte da Administração Pública. Em seu artigo 144, no capítulo relacionado à Segurança Pública, a missão precípua da Polícia Militar é firmada. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos (...) V - polícias militares (...) § 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública (...) § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (BRASIL, 2004, p. 88). Com a transição do regime militar para o regime democrático, houve significativa transformação estratégica nas Polícias Militares que, preocupadas com a integração do policial 4 Conhecida, atualmente, como Polícia Militar. 5 Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, e dá outras providências. 6 BRASIL, Constituição (1988). Constituição da república federativa do Brasil. 28. ed. Brasília, DF: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2004. http://pessoas.hsw.uol.com.br/proclamacao-da-republica.htm 30 com a comunidade, ou melhor, com o cidadão, assumiram um compromisso com o Estado Democrático Social de Direito, atuando na garantia dos direitos fundamentais do cidadão. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) recebeu sua denominação atual em 1920, em substituição à de Brigada Policial do Distrito Federal. Quando da construção e instalação da nova capital, em Brasília, criou-se um mecanismo para atender às necessidades de proteção e segurança dos canteiros de obras e dos núcleos habitacionais.A Guarda Especial de Brasília (GEB), organização fardada, mas de caráter civil, que prestava serviço de vigilância ligado à Companhia Urbanizadora da Nova Capital (NOVACAP)7, era enquadrada como força policial e responsável pelo policiamento urbano em apoio ao Serviço de Polícia Metropolitana (encarregada das atribuições de Polícia Judiciária, pelos distritos policiais e delegacias especializadas). 7 Companhia Urbanizadora responsável pela construção da futura capital do Brasil. Durante o período das obras recebeu a incumbência de tratar da educação, cultura e lazer, saúde, segurança e transporte, finanças, telecomunicações e habitação, abastecimento de água e luz. 31 Com a mudança da Capital Federal para Brasília, em 1960, a Corporação foi, compulsoriamente, “incorporada” ao efetivo da Polícia Militar do recém-criado Estado da Guanabara, sem perder, no entanto, sua denominação. Injustamente e de maneira depreciativa, passou a PMDF ser responsável tão somente pela guarda das instalações do próprio federal, remanescentes, no Rio de Janeiro. Em 1965, o Diretor do Departamento Federal de Segurança Pública, ao qual a PMDF era subordinada, determinou ao Comandante-Geral da Corporação, através da portaria n.º 120, que instalasse em Brasília uma Unidade Administrativa, com efetivo orgânico de uma Companhia de Polícia Militar e com a finalidade de executar o serviço de trânsito do DF. Assim, em 20 de janeiro de 1966, cumprindo planejamento administrativo e de intendência e com o objetivo de preparar a vinda da tropa designada, chega a Brasília o Pelotão Precursor, composto de artífices e profissionais qualificados (pintores, mecânicos, motoristas, eletricistas, datilógrafos, cozinheiros, entre outras especialidades). 32 No dia 14 de fevereiro de 1966, sob o comando do então CAP PM ABENANTE DE MELLO E SOUZA, 150 (cento e cinquenta) policiais militares embarcam com destino ao Planalto Central e, às 15h30 do dia 15, após 30 (trinta) horas de viagem, a 1ª Companhia Independente de Brasília firma pé, definitivamente, em terras brasilienses, em substituição à Guarda Especial de Brasília (GEB). A PMDF foi composta de militares que optaram por permanecer no novo Distrito Federal e que aguardavam o seu remanejamento definitivo do estado da Guanabara para o Planalto Central - Oficiais Temporários do Exército Brasileiro (R/2), pessoal oriundo da extinta GEB e mais alguns remanejados de outras instituições de segurança pública, em virtude da reorganização do Distrito Federal. O Grupamento ocupou, inicialmente, um tosco galpão de madeira improvisado, apelidado de "FORTE APACHE" (atual Departamento de Polícia Federal), enquanto aguardava a construção do 1º Batalhão de Polícia Militar do Distrito Federal - Batalhão “PIONEIRO”, hoje Academia de Polícia Militar de Brasília8. 8 Unidade - Escola da PMDF responsável ensino superior da Corporação. http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Academia_de_Pol%C3%ADcia_Militar_de_Bras%C3%ADlia&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Academia_de_Pol%C3%ADcia_Militar_de_Bras%C3%ADlia&action=edit&redlink=1 33 “CANÇÃO DA CAVALARIA” ARMA LIGEIRA QUE TRANSPÕE OS MONTES, CAUDAIS PROFUNDOS, COM ARDOR E GLÓRIA, ESTRELA GUIA EM NEGROS HORIZONTES, PELO CAMINHO DA LUTA E DA VITÓRIA. CAVALARIA, CAVALARIA, TU ÉS NA GUERRA A NOSSA ESTRELA GUIA. ARMA DE TRADIÇÃO QUE O PEITO EMBALA, CUJA HISTÓRIA É DE LUZ E DE FULGOR, PELO CHOQUE, NA CARGA, ELA AVASSALA, E, AO INIMIGO, IMPÕE O SEU VALOR. CAVALARIA, CAVALARIA, TU ÉS NA GUERRA A NOSSA ESTRELA GUIA. MONTADO SOBRE O DORSO DESTE AMIGO: O CAVALO QUE, ALTIVO, NOS CONDUZ, LEVAMO-LO, TAMBÉM, PARA O PERIGO, PARA LUTAR CONOSCO SOB A CRUZ. CAVALARIA, CAVALARIA, TU ÉS NA GUERRA A NOSSA ESTRELA GUIA. DE ANDRADE NEVES O OSÓRIO, LEGENDÁRIO, E OUTROS HERÓIS QUE HONRAM A NOSSA HISTÓRIA, EVOCAMOS O VALOR EXTRAORDINÁRIO PELO BRASIL A NOSSA MAIOR GLÓRIA! CAVALARIA, CAVALARIA, TU ÉS NA GUERRA A NOSSA ESTRELA GUIA. GEN BDA TEÓFILO OTTONI DA FONSECA 34 “A CAVALARIA E A POLÍCIA MONTADA” Por anos o homem empregou o cavalo como arma de guerra, travando batalhas, conquistando territórios, riquezas, poder, defendendo sua soberania, sua dignidade e escrevendo a história. Nesse período, a cavalaria atingiu seu máximo desenvolvimento e sua reconhecida importância como arma decisiva no combate. Nascia, assim, uma nova Casta Guerreira - cavaleiros com Código de Honra e valores éticos. Suas façanhas proporcionaram abundante literatura que, muitas vezes, exagerou os fatos épicos daquela época, misturando realidade, lenda e mito. O cavaleiro tinha que ser um valente, um homem corajoso, um ousado que tinha que respeitar, sobretudo, o código moral de combater pela justiça, pela religião, pela defesa dos fracos e oprimidos, pelas donzelas em perigo ou pela honra delas. Seus ideais eram a generosidade e a lealdade, o desprezo pela morte, devendo ir até o sacrifício pessoal em busca de seus ideais, com pleno destemor, e o combate lhe era prazeroso, desejado e considerado nobre. Infelizmente as potências não se preocuparam com a evolução das táticas e o adestramento das tropas, deixando de lado vários ensinamentos adquiridos ao longo dos anos. O esplendor para a Arma de Cavalaria chegava, temporariamente, ao fim. Durante as grandes Guerras Mundiais os combates a cavalo diminuíram consideravelmente e passou-se a empregá-lo em reconhecimentos, incursões, segurança, ação retardadora, aproveitamento do êxito, perseguição ao inimigo e, particularmente, nos momentos de crise, em que era necessário o sacrifício. O crescimento industrial e bélico fez com que o cavalo fosse, gradualmente, substituído, deixando de estar presente nas frentes de batalhas, nos deslocamentos de suprimentos e 35 equipamentos. Porém, pela sua versatilidade e sociabilidade, foi remanejado para prestar serviços a Unidades Policiais em todo o mundo. Deixou de ser uma antiga “arma de guerra” para tornar-se agente na preservação e manutenção da ordem pública. Assim, voltou ao cenário, indiferente a todas as evoluções tecnológicas que poderiam julgá- lo ultrapassado. A Cavalaria Brasileira teve origem nos Regimentos Auxiliares, sendo o mais antigo, o Regimento Regular de Cavalaria de Minas - “DRAGÕES REAIS DE MINAS”, atual REGIMENTO DE CAVALARIA ALFERES TIRADENTES (RCAT), da Polícia Militar de Minas Gerais. É referenciada com a Unidade-Mater das Polícias Militares do Brasil. Páginas de bravura, lealdade, disciplina e devotamento foram escritas com lanças, espadas e pontuadas a patas de cavalo. Visando fortalecer os Regimentos de Cavalaria do Exército e disseminar nas forças auxiliares a adaptação do cavalo à atividade de segurança pública, lançou-se mão das doutrinas das escolas europeias. Na província de São Paulo, entre 1831 e 1832, foi criado um Corpo de Guardas Municipais Voluntários (núcleos de infantaria e cavalaria com missões de guarda da lei e manutenção da ordem), o qual deu origem à atual Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP9). Em continuidade aos atos previstos, em 1892, é criado o Corpo de Cavalaria (atual Regimento de Cavalaria “9 de Julho”). Propondo instruir as tropas paulistas que foram chamadas para enfrentar revoltas pelo país afora e precisavam estar em condições de atender a esses reclamos, decide-se pela contratação de Missões Militares com doutrina francesa. Os seus membros vinham de uma Unidade do Exército Francês que realizava atividade de polícia em Paris. 9 Polícia Militar do Estado de São Paulo http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar36 CAPITÃO DA FORÇA PÚBLICA FRÉDÉRIC STATTMULLER Busto, em bronze, localizado na lateral da Pista de Saltos do Regimento “9 de julho” da Polícia Militar do Estado de São Paulo A firme ação francesa fez-se sentir na organização e na formação do caráter da Polícia Militar como instituição, aliando a estética militar ao serviço de policiamento executado para segurança da sociedade. Os ensinamentos franceses introduziram uma visão globalizada, a qual permitiu que a Força Pública se reformulasse e se modernizasse, contribuindo, sobremaneira, para a formação moral e patriótica do policial militar. A tática da Cavalaria acompanhou o ritmo frenético de modernização e a Unidade conheceu dias de instruções constantes, manobras e exercícios diários, participando ativamente dos principais eventos que marcaram a história nacional. 37 A identidade da Força Pública Paulista com a Cavalaria Francesa foi tamanha que esta a influenciou quanto à utilização do símbolo das lanças cruzadas com bandoleiras, em substituição ao símbolo português (dois sabres cruzados). A mudança de símbolo atingiu o próprio Exército Brasileiro, consagrando-se nacionalmente, no ano de 1935, para toda a arma de Cavalaria. LANÇAS FRANCESAS SABRES PORTUGUESES O Policiamento Montado apresentou um crescente desenvolvimento no Brasil. Mesmo passando por várias inovações, com importantes tecnologias e equipamentos para a execução do Policiamento Ostensivo, ainda não foi apresentado um substituto para o processo, mostrando-se cada vez mais relevante, não como forma perfeita de se realizar o policiamento, mas como uma das mais efetivas na prevenção de delitos. As Unidades de Polícia Montada no Brasil consolidaram sua doutrina e hoje são referências no manejo e emprego do cavalo na atividade policial. A irmandade entre os elementos de Cavalaria é tão grande que em 2010, durante o 1º SEMINÁRIO NACIONAL DE POLICIAMENTO MONTADO, no Regimento de Polícia Montada “REGIMENTO CORONEL ENYR CONY DOS SANTOS”, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, foi fundada a “CONFRARIA DOS RR - CAMARADAS DE CAVALARIA”. O fato despretensioso e simples, porém extremamente marcante, ocorreu debaixo de umas árvores, ao lado do Júri da pista de saltos daquela Unidade, ao sabor de um churrasquinho, cervejas geladas e ao entoar do “TRA-LA-LÁ”10, bem aos moldes da tradição da Arma Ligeira. 10 Será esclarecido em tópico específico. 38 (Arte produzida pelo CEL PMMT ALBERTO NEVES) 39 “SER DE CAVALARIA” SER DE CAVALARIA – É MAIS DO QUE UM PRIVILÉGIO. É, PRINCIPALMENTE, UMA PESADA RESPONSABILIDADE. QUEM NÃO SOUBER MEDIR A VERDADEIRA EXTENSÃO DESTA RESPONSABILIDADE: PARA TRÁS! SÓ ASSIM NÃO VIRÁ A SER UM PIGMEU ENTRE GIGANTES! SER DE CAVALARIA – É SER DIFERENTE, COM ESPONTANEIDADE E SEM ARROGÂNCIA, COM DISCRIÇÃO E LEALDADE. SER DE CAVALARIA – É PERSEGUIR UM IDEAL QUE NÃO SE OFUSCA. PELA GLÓRIA, O CAVALARIANO PELEJA, SE SUPERA E SE SACRIFICA ATÉ CHEGAR, PELO MENOS, À VIZINHANÇA DO INFINITO. PELA TRADIÇÃO ELE SE MOLDA, SE ROBUSTECE, AGE E REAGE, SOB A INSPIRAÇÃO DA PERPETUIDADE, QUE É O FUNDAMENTO EXISTENCIAL DA ARMA. SER DE CAVALARIA – É SER DA ASTÚCIA, ENAMORADO; DA BRAVURA, AMANTE; DA AUDÁCIA, APAIXONADO. SER DE CAVALARIA – É FAZER DA RENÚNCIA UM CREDO E DA RESIGNAÇÃO UM APOSTOLADO. A RENÚNCIA É A INESGOTÁVEL FONTE DE ENERGIA QUE MANTÉM ACESA A CHAMA INTERIOR DO CAVALARIANO. A RESIGNAÇÃO RETEMPERA SUA ALMA, PARA TRANSMUDAR ESPINHOS EM FLORES E PARA VENCER O VÍRUS DO DESESTÍMULO. SER DE CAVALARIA – É AMAR COM EXALTAÇÃO O CAVALO, NUM MISTO SENTIMENTO DE AMIZADE E DE RECONHECIMENTO. RECONHECIMENTO PELA SUA CAPACIDADE DE PAGAR COM AFETO, O AFETO QUE LHE É DEDICADO. RECONHECIMENTO PELA SUA COOPERAÇÃO NAS GLÓRIAS IMORREDOURAS DA ARMA. SER DE CAVALARIA – É PRESTIGIAR OS BLINDADOS E SENTIR QUE NELES TAMBÉM PULSA UM CORAÇÃO CAVALARIANO. A ELES CABERÁ NOS CONDUZIR NA GUERRA MODERNA, IMPULSIONADOS PELA CHAMA IMORTAL QUE ARDE EM NOSSAS ENTRANHAS. SER DE CAVALARIA – É, AO MESMO TEMPO, SER MONARCA E SER ESCRAVO. MONARCA DOS ESPAÇOS LIVRES E PROFUNDOS, DE ÍNVIAS E ÁSPERAS VEREDAS. ESCRAVO PENOSO DO TRIBUTO, SÓ COMPARÁVEL À BELEZA DE SUAS MISSÕES CLÁSSICAS, ANTES, DURANTE E DEPOIS DA BATALHA. SER DE CAVALARIA – É, ANTES DE MAIS NADA E APESAR DE TUDO, NASCER, VIVER E MORRER SEMPRE DE CAVALARIA! “Carta a um Cadete” CEL CAV LUIS FELIPE AZAMBUJA 40 “POLÍCIA MONTADA NO DISTRITO FEDERAL” A Guarda Especial de Brasília (GEB) e sua “Cavalaria” Como dito anteriormente, ao tempo da construção e instalação da nova capital, a GEB era uma força policial responsável em atender às demandas de segurança pública, no que se referia ao policiamento ostensivo nos diversos canteiros de obras espalhados em Brasília. Naquela época, já com uma visão proativa e inovadora, implantaram, temporariamente e de maneira empírica, um Pelotão para desempenhar o “Policiamento Montado” em áreas rurais. Seu primeiro Comandante foi o TEN GEB WASHINGTON BATISTA ALVES, falecido em um acidente automobilístico na Av. W3, em Brasília, em 1960. Em decorrência da tragédia foi substituído pelo TEN GEB JOSÉ CARLOS GENTIL. No início de 1962, é nomeado para comandar a “Cavalaria da GEB” o então TEN GEB ALOYSIO MARTINS FERNANDES, o qual viria a ser o primeiro Comandante do 1º Esquadrão de Polícia Montada/ Núcleo do Regimento de Cavalaria “CEL FRANCISCO RABELO LEITE NETO”. Por questões de logística, essa subunidade foi desativada e extinta pouco tempo depois. 41 “O PATRONO” O então CEL CAV QEMA FRANCISCO RABELO LEITE NETO nasceu em Riachuelo – Sergipe, em 10 de julho de 1931, apesar de que, em sua Certidão de Nascimento, conste como sendo no mês de junho. Sentou Praça nas fileiras do Exército Brasileiro em 02 de março de 1949, no 3º Ano da Escola Preparatória de Porto Alegre/ RS. Em 06 de novembro de 1952 foi declarado Aspirante a Oficial da Arma de Cavalaria, na AMAN11. Integrou equipes Brasileiras de Hipismo nos Jogos Pan-Americanos (1959 e 1963) e nos Jogos Olímpicos (Roma/1960). Sagrou-se Campeão Militar Sul-Americano (Caracas – Venezuela) e, por diversas vezes, Cavaleiro Campeão do Exército Brasileiro. Bagdá e o então Cap Rabelo (1959) 11 Academia Militar das Agulhas Negras - instituição de ensino superior responsável pela formação dos oficiais combatentes de carreira do Exército Brasileiro. 42 Durante a carreira comandou o Esquadrão de Cavalaria do Colégio Militar do Rio de Janeiro, o Esquadrão de Cavalaria Mecanizada, em Recife, o 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (1º RCG), em Brasília, entre outros. Em 10 de abril de 1979, assumiu o Comando-Geral da PMDF envergando as cores de nossa farda. “Chico”, como era carinhosamente tratado pela família e pelos amigos mais próximos, faleceu em 01 de novembro de 1979, no pleno desempenho da função. Seu corpo foi velado no Palácio Tiradentes (QCG/PMDF) e transladado para o Cemitério Campo da Esperança (Brasília/DF), onde foi sepultado em área especial reservada aos “PIONEIROS”, próximo ao Mausoléu da família Kubitschek. 43 44 Post mortem, foi promovido ao Posto de General de Brigada. 45 Em junho de 1987, sua espada, símbolo do oficialato, foi entregue aos cuidados e guarda do Regimento de Polícia Montada/PMDF por sua esposa, Sr.ª Therezinha Rabelo, sendo utilizada, desde então, exclusivamente, pelo Comandante da Unidade. À esquerda, o Ten Cel Jair Assumpção (Comandante do RPMon), Sr.ª Therezinha Rabelo e o então 1º Ten Hellen José Futuro Rocha Filho A espada e algumas condecorações do Patrono46 Seus ASSENTAMENTOS, entregues à Unidade em 2005 pelos formandos da Escola de Equitação do EB/ 2004 (Turma Coronel Francisco Rabelo Leite Neto), em um almoço nos “Dragões da Independência”, encontram-se em local de destaque na Galeria de Honra do Patrono. Em 08 de junho de 2011, com a formal autorização da família, seu corpo foi exumado e cremado e, no dia 23, durante as festividades do aniversário da Unidade, as cinzas, de forma solene, foram conferidas ao Comando do Regimento, onde, desde então, repousam sob o Monumento em Homenagem à Tropa Montada, sob a guarda de seus soldados. 47 Aposição da urna contendo as cinzas do GEN RABELO no Monumento em Homenagem à Tropa Montada. Em segundo plano vemos a Sr.ª Therezinha Rabelo (viúva), Fátima Rabelo (filha) e Cel Dornelles “SENTINELA DO PLANALTO” 48 “AS LANÇAS DE CHICO” Alguns presentes que nos são ofertados possuem, agregados, valores inestimáveis, principalmente quando são pessoais ou fruto de lembranças dos que fizeram parte de nossas vidas. Após a formatura de inauguração do Monumento em Homenagem à Tropa Montada e da aposição das cinzas do CEL RABELO, fui surpreendido pela Sr.ª Therezinha Rabelo informando que as insígnias de Cavalaria pertencentes ao Patrono seriam repassadas às minhas mãos para que, como “filho”, as usasse durante o serviço ativo e, posteriormente, as guardasse, entre minhas recordações. Naquele instante, tomado de grande emoção e honrado com a altiva distinção, jurei usá-las para sempre, como respeito e gratidão. E, assim, o fiz! Estas insígnias estarão comigo até o dia em que minh’alma for recolhida pelo Criador e meu corpo, reduzido a cinzas. Que fique aqui registrado esse meu desejo. “CORONEL! A CAVALARIA SELECIONA HOMENS!” (CAP QOPM LUIZ COELHO RODRIGUES JÚNIOR ao CEL QOPM LUIZ ANTÔNIO DA ANNUCIAÇÃO) 49 “ORDEM DO DIA” 23 de junho de 2011 (TRANSCRIÇÃO) SENHORAS E SENHORES! NÃO QUERO QUE, NA TENTATIVA DE EXPRESSAR SENTIMENTOS, PALAVRAS EMBARGADAS VENHAM A TURVAR O MOMENTO DE NOSTALGIA E REFLEXÃO. ENTÃO, APRUMEMOS A POSTURA, RESPIREMOS FUNDO E SIGAMOS EM FRENTE. A HISTÓRIA REFLETE A AÇÃO DO HOMEM E ANALISA OS EVENTOS OCORRIDOS EM DETERMINADOS MOMENTOS. ESSE PROCESSO COMEÇA QUANDO ENCONTRAM OS ELEMENTOS DE SUA EXISTÊNCIA NAS REALIZAÇÕES DAQUELES QUE OS ANTECEDERAM. A HISTÓRIA É, CERTAMENTE, PRODUTO DE SONHOS... NÃO SE PASSA PELA VIDA SEM DEIXAR RASTROS DO CAMINHAR, ERROS COMETIDOS, TOMADAS DE DECISÕES, MÁGOAS, PRINCÍPIOS, HONRA, ENFIM, MARCAS INDELÉVEIS DE ATITUDES. AS AÇÕES SÃO BALIZAS QUE MOSTRAM O CAMINHO A SER SEGUIDO FAZENDO COM QUE, DIA APÓS DIA, O AZIMUTE ESTABELECIDO PELA BÚSSOLA DA VIDA SELE O CARÁTER E A RETIDÃO. COMO A AFRONTAR O DESCONHECIDO, UM DIA ALGUNS OUSARAM SONHAR O QUE OS OUTROS DIZIAM SER IMPOSSÍVEL ALCANÇAR. OUTROS, MAIS ADIANTE, MESMO NA INCERTEZA OU IMPOSSIBILIDADE DE SUCESSO, OUSARAM TRANSFORMAR A ASPIRAÇÃO EM REALIDADE. ASSIM, POR UM INSTANTE, TENTEMOS VOLTAR NO TEMPO. 50 O RELÓGIO DA MEMÓRIA, EM SUA CADÊNCIA DE REGRESSO, DESCOMPASSA O CORAÇÃO INQUIETO E EMOCIONADO. É HORA DE RECORDAR! RELEMBRAR A FATÍDICA TARDE DE 01 DE NOVEMBRO DE 1979 É MEXER NA DOR MAIS PROFUNDA DA ALMA. A MORTE PREMATURA DO SR. CEL CAV QEMA FRANCISCO RABELO LEITE NETO, ENTÃO COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL, ATINGE A TODOS COMO UM GOLPE INESPERADO E SENTIDO. AS DORES DA PERDA E DA SAUDADE NÃO PASSAM. SÃO ETERNAS E, INFELIZMENTE, TEMOS QUE CONVIVER COM ELAS. OS QUE VIVERAM TAL EPISÓDIO, ENTRETANTO, MAL SABIAM QUE NAQUELA TARDE, DIANTE DE TÃO INGRATO INFORTÚNIO, O SONHO COMEÇAVA A DAR SEUS PRIMEIROS PASSOS E A TOMAR FORMA. SEU SUCESSOR, CEL EB EGÊO CORREIA DE OLIVEIRA FREITAS, HOJE GENERAL, FOCADO EM PENSAMENTO QUE JÁ O ATORMENTAVA, DETERMINA QUE SEJAM RELACIONADOS VOLUNTÁRIOS PARA COMPOREM UMA NOVA UNIDADE NA PMDF. OFICIAIS E PRAÇAS, REFERENCIADOS COMO PIONEIROS, SÃO SUBMETIDOS A UM ESTÁGIO DE EQUITAÇÃO MILITAR COM O OBJETIVO DE HABILITÁ-LOS NA ARTE EQUESTRE. SALIENTO QUE NOSSA CARTILHA, NO QUE SE REFERIA À DOUTRINA DE POLICIAMENTO MONTADO, FORA REGIDA PELO QUE DE MAIS RECONHECIDO HAVIA À ÉPOCA. APRESENTO, AQUI, NESTA OPORTUNIDADE, NOSSO PREITO DE GRATIDÃO E RESPEITO AO 1º REGIMENTO DE CAVALARIA DE GUARDAS “REGIMENTO DRAGÕES DA INDEPENDÊNCIA” E ÀS POLÍCIAS MILITARES DE MINAS GERAIS, RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO, NA PESSOA DE SEUS COMANDANTES, POR TUDO O QUE FIZERAM E REPRESENTAM 51 PARA O REGIMENTO CORONEL RABELO. SEGUINDO A TOADA DA HISTÓRIA, EM 10 DE JULHO DE 1980 É ASSINADA PORTARIA PMDF QUE CRIAVA O NÚCLEO DO REGIMENTO DE CAVALARIA CORONEL FRANCISCO RABELO LEITE NETO, O QUAL ERA COMPOSTO INICIALMENTE POR UM ESQUADRÃO HIPO E SUBORDINADO ADMINISTRATIVA E OPERACIONALMENTE AO 2º BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR. PERMITAM QUE EU, TARDIAMENTE, FAÇA UM AGRADECIMENTO ESPECIAL À SECRETARIA DE AGRICULTURA E À FUNDAÇÃO ZOOBOTÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. AMBAS FORAM PRIMORDIAIS NO QUE CONCERNE À CESSÃO DE CAMPOS, INSTALAÇÕES E ASSISTÊNCIA VETERINÁRIA PARA QUE O NÚCLEO PUDESSE ESTABELECER, PROVISORIAMENTE, SUA SEDE NA GRANJA MODELO DO RIACHO FUNDO. COM A CHEGADA DOS OITENTA PRIMEIROS CAVALOS ADQUIRIDOS PELA PMDF, ORIUNDOS DO RIO GRANDE DO SUL, E A INCLUSÃO DE NOVOS VOLUNTÁRIOS, INCORPORADOS AO EFETIVO INICIAL, A TROPA COMEÇA SEUS TREINAMENTOS. MUITOS AQUI ESTÃO PARA ESTE MOMENTO DE JÚBILO. PEÇO ESCUSAS EM NÃO CITÁ-LOS NOMINALMENTE, O QUE PARA MIM SERIA, ALÉM DE UM PRIVILÉGIO, UMA HONRA. TEMO, PORÉM, SER INJUSTO COM AQUELES QUE, INDIRETAMENTE, TENHAM CONTRIBUÍDO PARA COM A IMPLANTAÇÃO DE NOSSA UNIDADE. EM DEZEMBRO DE 1980, O POLICIAMENTO OSTENSIVO MONTADO É, OFICIALMENTE, IMPLANTADO EM TERRAS CANDANGAS, ATIVIDADE ESTA QUE, INCANSAVELMENTE, VEM SENDO DESEMPENHADA DESDE ENTÃO. O NÚCLEO, COMO ERA CONHECIDO, EM 23 DE JUNHO DE 1982, POR FORÇA DO DECRETO GDF Nº. 6.828, É ELEVADO À CONDIÇÃO DE REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA, COM AUTONOMIA ADMINISTRATIVA, ATRIBUIÇÃO DE EXECUTAR O POLICIAMENTO OSTENSIVO MONTADO EM TODO O DISTRITO FEDERAL E CUMPRIR MISSÕES 52 DETERMINADAS PELO COMANDANTE–GERAL DA CORPORAÇÃO. O FUTURO CARREGA UM POUCO DO PASSADO E ESTE, POR NÃO CONHECER LIMITES DE ESPAÇO E TEMPO, SEMPRE ESTARÁ PRESENTE. ISSO É INQUESTIONÁVEL! O TEMPO PASSOU E AINDA HAVIA MAIS UMA ETAPA A SER CUMPRIDA. CORRIA O ANO 1999 E POR ORDEM DO ENTÃO COMANDANTE DO RPMON, SR TEN CEL HELLEN JOSÉ FUTURO ROCHA FILHO, TEVE, ESTE OFICIAL, A VENTURA DE CONFECCIONAR A MINUTA DO DECRETO, O QUAL SERIA ASSINADO NA ÍNTEGRA PELO EXCELENTÍSSIMO SENHOR GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL. TAL EXPEDIENTE OUTORGAVA, DEFINITIVAMENTE, A DENOMINAÇÃO HISTÓRICA DE “REGIMENTO CORONEL RABELO” AO REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA DA PMDF. EXATAMENTE HOJE, 23 DE JUNHO DE 2011, O REGIMENTO DE POLÍCIA MONTADA “REGIMENTO CORONEL RABELO” COMPLETA 29 ANOS DE RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS À COMUNIDADE, À POLÍCIA MILITAR, AO DISTRITO FEDERAL E À NAÇÃO. GERAÇÕES DE POLICIAIS MILITARES TRANSPUSERAM ESTES PORTÕES, DEFENDERAM NOSSAS CORES E SÍMBOLOS, NOSSAS TRADIÇÕES E IDEAIS. OUTROS AINDA TERÃO ESSA HONRA! ANSIAMOS PELA CHEGADA DE NOVOS VOLUNTÁRIOS. POR PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA QUE COMUNGUEM DAS NOSSAS ALEGRIAS E TRISTEZAS, QUE COMPARTILHEM RISOS E LÁGRIMAS, QUE VIBREM COM O TINIR DAS ESPORAS, OU MESMO COM O RELINCHAR MATREIRO DE ALGUM POTRO DESGARRADO. QUE ACREDITEM NAQUILO QUE ESTARÃO FAZENDO E QUE ESTEJAM DISPOSTOS A PROTEGER SEUS SEMELHANTES, NEM QUE, PARA ISSO, TENHAM QUE SE ENTREGAR EM SACRIFÍCIO. 53 MUITOS NÃO ENTENDEM ESSE SACERDÓCIO. NÃO IMPORTA, ESTAREMOS SEMPRE PRONTOS NOS MOMENTOS DE PROVAÇÕES. AQUI ESTÃO ALGUNS PIONEIROS. AQUI ESTÃO ETERNOS COMANDANTES! AQUI ESTÃO FAMILIARES E AMIGOS, TODOS UNIDOSEM SINGULAR IRMANDADE E EM NOME DE UM PROPÓSITO. ENTRETANTO, NADA DISSO SERIA POSSÍVEL E CONQUISTADO SEM O AUXÍLIO DO NOBRE AMIGO, O CAVALO, ATOR PRINCIPAL DE INÚMERAS HISTÓRIAS CONTADAS AO LONGO DOS TEMPOS. FAÇAMOS, ENTÃO, A “FESTA NA CAVALHADA”. USEMOS NOSSAS MÃOS PARA UM AFAGO E QUE ESTA DEMONSTRAÇÃO DE CARINHO REPRESENTE TUDO AQUILO QUE SENTIMOS POR ESTE SER MAGNÍFICO E, PORQUE NÃO DIZER, QUASE PERFEITO. O MONUMENTO EM HOMENAGEM À TROPA MONTADA, QUE HORA SERÁ INAUGURADO, TAL QUAL UMA SENTINELA VIGILANTE, GUARDA IMPÁVIDO E SOLITÁRIO, O PÔR DO SOL DESTE PLANALTO, NA CERTEZA DE UMA NOVA ALVORADA. CONVICTO DESSA ASSERTIVA E NA CONDIÇÃO DE COMANDANTE DESTA UNIDADE DE POLÍCIA MONTADA, FICO EXTREMAMENTE ENVAIDECIDO PELA DIVINA OPORTUNIDADE QUE ME FOI CONCEDIDA EM PODER PRESTAR A JUSTA HOMENAGEM ÀQUELES QUE FIZERAM A HISTÓRIA DESTE AQUARTELAMENTO E AOS QUE FAZEM COM QUE ELA JAMAIS PEREÇA E SEJA, SEMPRE, COROADA DE SUCESSO. QUE NOS SEJA PERMITIDO, NO MOMENTO DERRADEIRO, QUANDO O ESTRIDENTE CLARIM ANUNCIAR A ÚLTIMA ORDEM, TER A CERTEZA DE QUE ESTAREMOS JUNTOS PARA A CARGA FINAL. NÓS, INTEGRANTES DO REGIMENTO CORONEL RABELO, ESTAMOS DEVERAS LISONJEADOS EM TÊ-LOS AQUI PARA ESCREVERMOS, JUNTOS, MAIS ESTA PÁGINA DA HISTÓRIA DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL. 54 QUE O SENHOR TODO-PODEROSO NOS DÊ FORÇAS E NOS CUBRA DE BENÇÕES! MUITO OBRIGADO! RPMON-DF, 23 DE JUNHO DE 2011 FERNANDO D’AUSTRIA E CARAVELLAS FILHO – TEN CEL QOPM COMANDANTE DO RCR “NÓS CUIDAMOS DOS NOSSOS!" (1º TEN MÉD AER R/2 IELVES ROSA MADUREIRA) 55 “GALERIA DE HONRA” Personalidades que contribuíram diretamente para a criação e o engrandecimento do Policiamento Montado no Distrito Federal. CEL CAV AIMÉ ALCIBÍADES SILVEIRA LAMAISON Governador do Distrito Federal 29MAR1979 - 02JUL1982 CEL CAV QEMA EGÊO CORREIA DE OLIVEIRA FREITAS Comandante-Geral da PMDF e responsável pela criação do Esquadrão de Polícia Montada e do Núcleo do Regimento de Cavalaria “Cel Francisco Rabelo Leite Neto”. 16DEZ1979 - 31JUL1982 CEL CAV PAULO AZAMBUJA DE OLIVEIRA Secretário de Segurança do Distrito Federal 29MAR1979 - 02JUL1982 TEN CEL PM EVANILDO BATHOMARCO PASTORI Comandante do 2º BPM/PMDF – Taguatinga/ DF, ao qual o Esquadrão de Polícia Montada era subordinado. CEL INF QEMA WLADIR CAVALCANTE DE SOUSA LIMA Comandante-Geral da PMDF 27AGO1982 - 11MAR1983 56 Ao nos aprofundarmos em pesquisas e entrevistas obtivemos informações valiosíssimas quanto aos primeiros passos do sonho de instalação da nossa Cavalaria. O então Presidente da República, GEN JOÃO BAPTISTA DE OLIVEIRA FIGUEIREDO, quando Coronel, comandou a Força Pública de São Paulo (1966 a 1967), atual PMESP, e o 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (1967 a 1969), além de ser amigo pessoal do CEL RABELO, amizade essa iniciada em 1958, quando participavam do Campeonato de Hipismo do Exército, em Porto Alegre/ RS. Tal laço afetivo durou por toda a vida, sendo, também, extensivo às respectivas famílias. Amante de cavalos, das nobres tradições da Cavalaria e conhecedor da doutrina de Policiamento Montado, tinha, o Presidente, anseio de ver criado em Brasília, aos moldes da Força Pública Paulista e de outras unidades da federação, uma unidade montada de policiamento. O CEL RABELO, ao assumir a função de Comandante-Geral da PMDF o fez já com a sugestão presidencial para que envidasse esforços nesse sentido. Contudo, como sabido, o destino foi implacável e não permitiu o cumprimento da missão. 57 O CEL EGÊO assume o comando da instituição e, logo nos primeiros dias do ano de 1980, propõe ao Comandante do 2º BPM/PMDF, TEN CEL PASTORI, o desafio de criar nossa Cavalaria, o que, de imediato, é aceito pelo referido oficial. Outra questão foi a indicação do então CAP PM ALOYSIO MARTINS FERNANDES para a função de Comandante da futura Unidade Policial, por ser de extrema confiança do Presidente Figueiredo e com o qual havia servido no Sul do Brasil, quando Oficial R/2. Cavalaria da Força Pública paulista https://www.policiamilitar.sp.gov.br/institucional/historia-da-pm Em março de 1980, cumprindo os objetivos de adequação e modernização traçados pelo Comando da Corporação e aos moldes de diversas polícias espalhadas pelo mundo, a PMDF inicia a implantação, em sua estrutura, do processo montado de policiamento, dando início a um antigo anseio. Esforços foram envidados para que fosse criado, sob a subordinação do 2º BPM/PMDF, o “ESQUADRÃO DE POLÍCIA MONTADA”. MISSÃO DADA! MISSÃO CUMPRIDA! 58 Para a organização do primeiro Quadro Orgânico, os oficiais e praças foram remanejados dos efetivos das diversas Unidades Policiais Militares. Com apoio da Secretaria de Agricultura e da Fundação Zoobotânica do Distrito Federal, cedendo campos, instalações e assistência veterinária, foi possível estabelecer, provisoriamente, a sede da Unidade. Visando habilitar policiais militares na arte equestre para a efetiva inserção desse processo de policiamento no contexto da segurança pública do DF, a PMDF, com o apoio do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas – “DRAGÕES DA INDEPENDÊNCIA”12, do Exército Brasileiro, iniciou um Estágio de Equitação para Oficiais e Praças, passo determinante rumo à efetivação de nossa Unidade Montada. DISTINTIVO DA OM Em julho daquele ano é assinada a Portaria PMDF criando, na Corporação, o “NÚCLEO DO REGIMENTO DE CAVALARIA”. A data da Portaria foi escolhida por ser a mesma de aniversário do CEL RABELO. 12 O 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (1º RCG), oficialmente denominado como Dragões da Independência, é uma Unidade do Exército Brasileiro, cuja missão principal é guarnecer as instalações da Presidência da República. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/1.%C2%BA_Regimento_de_Cavalaria_de_Guardas. Acessado em 26 de dezembro de 2020, às 16h50. https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidade_militar https://pt.wikipedia.org/wiki/Ex%C3%A9rcito_Brasileiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Presid%C3%AAncia_da_Rep%C3%BAblica https://pt.wikipedia.org/wiki/1.%C2%BA_Regimento_de_Cavalaria_de_Guardas 59 60 No dia 29 de agosto de 1980 chegavam a Brasília 80 (oitenta) cavalos oriundos do Rio Grande do Sul, os quais formaram o primeiro plantel hipo da Corporação. Caminhão “boiadeiro” utilizado no transporte dos primeiros cavalos da PMDF. Cel Egêo (Comandante-Geral) e Cap Aloysio (Comandante do Núcleo de Cavalaria) observando a primeira cavalhada 61 Presidente Figueiredo ladeado pelo Cap Aloysio (PMDF) e por “BRIGADIANOS”, os quais foram designados pelo Cel Edson Marconi Goggia, Comandante do 2º Regimento de Polícia Montada da BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL para acompanhar a viagem da primeira Cavalhada Policiais Militares da BRIGADA MILITAR DO RIO GRANDE DO SUL (Regimento de Santana do Livramento) recebendo os agradecimentos das autoridades do GDF pelo apoio prestado quando do transporte dos cavalos do SUL para o DF 62 Cap Aloysio (Comandante do Núcleo do Regimento), Cel Egêo (Cmt-Geral) e Ten Cel Pastori (Cmt do 2º BPM) Cavalhada em frente às antigas instalações do 2º BPM/PMDF, em Taguatinga 63 Em 16 de setembro de 1980, objetivando suprir a necessidade de logo iniciar os treinamentos de homens e animais para a execução do Policiamento Ostensivo Montado, foram incorporados ao 2º BPM e ao “Núcleo”, 80 (oitenta) recrutas, voluntários, da 27ª Turma de Soldados, do Quartel de Sobradinho/DF. Imediatamente tem-se início o 1º Curso de Policiamento Montado da PMDF. Mais uma vez o apoio incondicional do 1º RCG
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