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C O M T E L M A L E M O S A T L A S E C O M E N T Á R I O S V O L U M E 2 PROF.ª TELMA LEMOS AUTORA Farmacêutica Profa Associada da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN Pós doutorado na Universidade de Chicago na área de Bioquímica Pós Doutorado na Universidade de Pernambuco Doutora em Bioquímica pela unicamp-SP Mestre em Bioquímica pela UFRN Profa da disciplina de Uroanálises Profa da disciplina de Bioquímica clínica - módulo função renal e uroanálise Profa da disciplina de Uroanálise Coordenadora da especialização em ANÁLISES CLINICAS E TOXICOLÓGICAS - ministro o módulo função renal e uro Membro permanente do programa de pós graduação em ciências farmacêuticas Membro permanente do programa de pós graduação em inovação tecnológica e Medicamentos Consultoria a diversos Profissionais das análises clinicas no Brasil e Exterior PROF. PATRICK MENEZES CO-AUTOR Biólogo Clínico com experiência na área de Medicina Laboratorial. Atuando em Consultoria, Ensino e Treinamento em Análises Clínicas. Doutorando no Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM-UFRJ) Mestre em Medicina Laboratorial pela UERJ. MBA Executivo em Saúde pela UCAM. Especialista em Análises Clínicas e Diagnósticos in vitro pela UFRJ e em Gestão Pedagógica Integrada pela UCAM. Lotado no Laboratório Central do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle/UNIRIO. Assessor Científico da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). Membro do programa de Pós-Graduação em Ciências do Laboratório Clínico da UFRJ e professor convidado do curso preparatório para as forças armadas da Academia Brasileira de Farmácia Militar - ABRAFARM. Co-fundador, Diretor adjunto e Coordenador do Curso de Análises Clínicas CAPBio - Grupo Educacional. ÍNDICE DESTE VOLUME CRISTAIS ANORMAIS OU PATOGÊNICOS CILINDRÚRIA CORPÚSCULO OVAL GRAXO BACTERIÚRIA LEVEDURAS OUTRAS ESTRUTURAS 5 CRISTALÚRIA (CONT.) Estes cristais geralmente estão presentes em pacientes que apresentam hiperbilirrubinemia e uma urina com pH ácido, com doenças hepáticas e possuem estruturalmente formato de agulhas isoladas ou agrupadas, com a coloração marrom- amarelada. São solúveis em clorofórmio, acetona e álcalis (hidróxido de sódio) e são insolúveis em álcool e éter. Um importante detalhe é que esses cristais podem ser fagocitados por neutrófilos encontrados em cilindros ou dentro de células epiteliais tubulares renais. CRISTAIS ANORMAIS @xiaoning.zang Cristalúria CRISTAL DE BILIRRUBINA Teste de solubilidade: Em um tubo de hemólise coloca-se 20 μl do sedimento + 40 μl de ácido clorídrico ou ácido acético de média concentração (a literatura não especifica), agitamos lentamente e pipetamos 20 μl do sedimento na lâmina, se solubilizar confirmaremos a presença do cristal. Cristalúria @xiaoning.zang Possuem estruturas esféricas de cor amarela marrom, com estrias radiais e concêntricas. São extremamente raros e associados a hepatopatias graves e doenças hereditárias do metabolismo dos aminoácidos e frequentemente estão associadas no sedimento urinário com a presença de cristais de Tirosina, pela raridade deste cristal no sedimento só devemos liberar a presença no laudo quando fizermos a prova da solubilidade. IMAGEM: Dr Jay R. Seltzer- Chief of Nephorology @MissouriBaptist, St Louis,MO. Cristalúria CRISTAL DE LEUCINA Os cristais de tirosina são cristais anormais de urina ácida e possuem formato de agulhas muito finas, incolores, amarelas ou enegrecidas, isoladas ou formando grumo ou rosetas. Aparecem no sedimento de crianças com erro inato do metabolismo chamado tirosinemia hereditária e síndrome de Smith e Strang e em enfermidades hepáticas graves. São solúveis em hidróxido de Amônia e ácido clorídrico e insolúveis em ácido acético e éter. Teste de solubilidade: Em um tubo de hemólise colocamos 20 μl do sedimento +40 μl de solução alcalina quente ou álcool de média concentração (a literatura não especifica), agitamos lentamente e pipetamos 20 μl do sedimento na lâmina, se solubilizar confirmaremos a presença do cristal. Cristalúria CRISTAL DE TIROSINA IMAGEM: Dr Jay R. Seltzer- Chief of Nephorology @MissouriBaptist, St Louis,MO. São cristais anormais, de urina ácida e estruturalmente possuem formato de placas hexagonais de espessura variável, incolores e podem aparecer isoladas ou em grumos. Na microscopia da luz polarizada são muito birrefringentes à luz polarizada. Estes cristais podem aparecer em paciente com cistinúria que é um defeito metabólico que compromete o transporte transmembranar de aminoácidos. A presença destes cristais tem sempre importância clínica em patologias chamadas cistinose e com cistinúria aonde 1% dos cálculos renais é constituidos deles. Teste de solubilidade: Em um tubo de hemólise, colova-se 20 μl do sedimento +40 μl de solução alcalina ou calor de média concentração (a literatura não especifica), agitamos lentamente e pipetamos 20 μl do sedimento na lâmina, se solubilizar confirmaremos a presença do cristal. Cristalúria CRISTAL DE CISTINA Cristalúria Dr Jay R. Seltzer- Chief of Nephorology @MissouriBaptist, St Louis,MO. Teste de solubilidade: Em um tubo de hemólise coloca-se 20 μl do sedimento + 40 μl de amônia ou ácido clorídrico diluído de média concentração (a literatura não especifica), agitamos lentamente e pipetamos 20 μl do sedimento na lâmina, se solubilizar confirmaremos a presença do cristal. Cristalúria IMAGEM: Dr Jay R. Seltzer- Chief of Nephorology @MissouriBaptist, St Louis,MO. São cristais de urina ácida ou neutra com aparência de placas como se fossem de vidro grosso, com um entalhe em um ou mais vértices, altamente birrefringentes e possuem uma importante associação com a síndrome nefrótica e nefroses lipóica. Teste de solubilidade: Em um tubo de hemólise, coloca-se 20 μl do sedimento +40 μl de clorofórmio de média concentração (a literatura não especifica), agitamos lentamente e pipetamos 20 μl do sedimento na lâmina, se solubilizar confirmaremos a presença do cristal. Cristalúria CRISTAL DE COLESTEROL 6 CILINDRÚRIA Os cilindros são as estruturas do sedimento urinário de origem exclusivamente renal, são importantes indicadores de doença renal intrínseca e auxiliam na diferenciação entre uma nefropatia primária de doenças do trato urinário baixo. Formam-se principalmente no lúmen dos túbulos contorcidos distais e ductos coletores aonde a urina está em sua concentração e acidificação máximas, possuem como principal componente a mucoproteína denominada de proteína de Tamm-Horsfall, uma glicoproteína secretada pelos túbulos renais. As principais condições que proporcionam a formação dos cilindros são as seguintes: intensa redução do volume urinário, pH urinário ácido (em torno de 5), concentração de solutos e presença de constituintes anormais proteicos ou iônicos. Os cilindros apresentam formas semelhantes a luz dos túbulos renais, ou seja, lados paralelos delicados e extremidades arredondadas, sem bordas escuras e grosseiras, podendo apresentar-se enrugados ou contorcidos dependendo do tempo de permanência nos túbulos. Podemos encontrar cilindros largos que se originam quando ocorre uma grande distensão tubular, no caso de extrema estase urinária ou ainda quando o comprometimento tubular é intenso e os túbulos ficam desprovidos do epitélio de revestimento. Os cilindros formados parte na alça do néfron (ou de Henle) e no início do túbulo contorcido distal apresentam formas com extremidades afiladas, chamadas de cilindroides e que possuem um importante significado clínico CILINDROS Cilindrúria Descrição do resultado: Os cilindros são observados e quantificados no menor aumento (100x) e quando se tem dúvida sobre a sua composição, faz-se a análise microscópica no aumento de 400x, identifica-se, volta para o menor aumento e quantifica. Deve-se focalizar continuamente com ajuste micrométrico, pois facilita a detecção dos elementos, principalmente aqueles que têm índice de refringência semelhante ao da urina. A descrição do resultado da contagemde cilindros deve ser de acordo com a média aritmética dos campos lidos. Em relação aos cilindros largos, coloca-se em observação a presença do tipo de cilindro que se encontra largo. Se encontrar cilindro misto deve quantificar e descrever a presença como tal (leucocitário + granuloso + céreo). Atualmente recomenda-se liberar o resultado pela média aritmética dos campos lidos para o especialista ter a noção real da quantidade e possível lesão renal. Cilindrúria Os cilindros hialinos possuem pouca significância clínica no sedimento urinário, constituído basicamente de proteína de TAMM-HORSFALL, sem inclusões. São praticamente incolores com índice de refração próximo ao da água, homogêneos e quase transparentes à primeira vista dificultando assim sua visualização de microscopia de campo claro de luz direta, devendo assim serem analisados com baixa intensidade de luz ou na microscopia de contraste de fase, para evitar que passem despercebidos. Apresentam morfologia variável e delicada, desde a forma normal cilíndrica típica, até a contorcida e enrugada. Seu comprimento também é variável, os lados são paralelos e as extremidades arredondadas. Normalmente sendo aceito como valor de referência até 2 cilindros hialinos por campo de pequeno aumento (100x). Podemos encontrar um número elevado de cilindros hialinos em casos que não sejam renais, tais como, exercício físico intenso, estresse emocional, desidratação, exposição ao calor excessivo, insuficiência cardíaca congestiva e pacientes em uso de diuréticos. Nas doenças renais encontramos numerosos cilindros hialinos com aproximadamente 25 cilindros hialinos por campo por exemplo nos casos de glomerulonefrites e nas nefrites intersticiais. Cilindrúria CILINDRO HIALINO Estruturalmente delicados se degeneram facilmente, por isso temos que evitar agitar o sedimento no vórtex ou agitar vigorosamente. São encontrados em urinas concentradas e ácidas. NOTA: OS CILINDRO DEVEM SER CONTADOS COM A OBJETIVA DE PEQUENO AUMENTO. LAUDO: Segundo a Recomendação da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), o laudo deve ser liberado pela média aritmética dos campos lidos devido a sua significância clínica. A quantidade por campo é decisiva para o médico no auxílio do diagnóstico. Alguns fatores pré-analíticos influenciam muito na coleta de urina com presença de cilindros. O sedimento não pode de forma nenhuma ser homogeneizado de forma vigorosa, já que os cilindros são estruturas muito delicadas. Um outro fator importante é orientar o paciente a não realizar exercício físico extenuantes aonde podemos encontrar em sua urina hematúria, proteinúria e cilindros. DICA Cilindrúria LEMBRETE: Podemos observar o baixo índice de refração (muito claro), o ideal que em microscopia de campo claro diminua a luz para conseguir ver melhor, e muito cuidado em se certificar que não possui nenhuma granulação. Cilindrúria Cilindrúria Cilindro hialino e um cristal de colesterol incorporado na malha hialina Cilindrúria Os cilindros leucocitários são formados quando os leucócitos entram na luz tubular agregado-se à matriz proteica, esse cilindro aparece quando ocorre uma exsudação intensa de leucócitos, sendo assim, sua presença tem uma importância fundamental para confirmar a origem das inflamações renais, quase sempre causadas por processos inflamatórios túbulo- intersticiais, nefrites agudas, crônicas e alérgicas, pielonefrites agudas, rejeição a transplantes, dentre outras. Esse tipo de cilindro pode conter apenas um leucócito ou estar completamente saturado, tornando-se difícil a sua identificação quando houver degeneração dos núcleos. Quando a visualização do sedimento dificultar a distinção entre cilindros leucocitários e cilindros epiteliais pode-se usar a coloração no sedimento a fim de visualizar melhor o núcleo dos leucócitos e das células, ou então se analisa por microscopia de contraste de fase. DICA PARA DIFERENCIAR O CILINDRO LEUCOCITÁRIO DO EPITELIAL: A melhor forma de observarmos o núcleo da célula epitelial presente no cilindro é observar na objetiva de 10x. Cilindrúria CILINDRO LEUCOCITÁRIO Cilindro Leucocitário (400x) Cilindro Leucocitário (400x) AT EN ÇÃ O: NÃ O C ON FU ND IR CO M CIL IN DR O E PIT ELI AL Cilindrúria Cilindro Leucocitário com dois corpusculos ovais graxo ao lado e corado com Sternheimer-malbin (400x) Imagem: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Glomerulonefrite Difusa Aguda (GNDA); Nefropatia por IgA; Nefrite Lúpica; Síndrome de Goodpasture, dentre outras. Os cilindros hemáticos estão sempre associados a um dano glomerular, já que o glomérulo é pritegido por barreiras que impedem a passagem de células sanguíneas quando está íntegro. É um cilindro aonde as hemácias ficam agregadas à matriz proteica de Tamm-Horsfall na luz do túbulo. Reforçando sua forte associação com as glomérulopatias ou qualquer outra patologia em que haja lesão glomerular, lesão nos túbulos ou nos capilares renais. A presença deste cilindro é extremamente importante no diagnóstico das seguintes patologias: Aparece raramente nas doenças túbulo-intersticiais e nas pielonefrites severas. Cilindrúria CILINDRO HEMÁTICO Cilindro Hemático (400x) Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindro Hemático (400x) Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria DICA: Quando as hemácias estão bem aglomeradas tentamos usar as bordas do cilindro para identificar a estrutura que ajuda muito. Neste caso, nocontraste de fase conseguimos ver bem melhor a hemácia. Temos que ter cuidado ao identificar cilindros hemáticos pois são os cilindros das nefrites. Cilindrúria A superfície dos cilindros granulosos é constituída por grânulos que podem ser finos ou grosseiros e que variam de tamanho e número. Mesmo estes cilindros quase sempre indiquem doença renal podemos encontra-los com certa frequência em situações não renais, tais como, exercício vigoroso intenso ou em dieta rica em carboidratos. Nos casos patológicos esses grânulos são provenientes da desintegração das células tubulares renais e sanguíneas presentes nos cilindros epiteliais, leucocitários e hemáticos. Essa desintegração ocorre principalmente quando há uma estase urinária aonde os cilindros celulares permanecem muito tempo nos túbulos e suas células se desintegrem liberando os grânulos. Podem estar associados a pielonefrites, infecções virais, doenças do glomérulo e do interstício tubular e rejeição a transplantes. Estruturalmente possuem uma largura uniforme, bordas desiguais, podendo encontrar uma borda mais larga e a outra mais fina. Cilindrúria CILINDRO GRANULOSO DICA: bem comum encontrarmos cilindros granulosos grosseiros ou finos, mas não é necessário fazer mais esta distinção, todos são granulosos Cilindrúria Contraste de fase (400x) Cilindrúria Cilindrúria Cilindro Hialino) DICA: Quando nos deparamos com um sedimento desta forma que não conseguiremos identificar as demais estruturas sugiro colocar no laudo: CILINDRÚRIA MACIÇA IMPEDINDO A VISUALIZAÇÃO DAS DEMAIS ESTRUTURAS, pois de acordo com as boas práticas de laboratórios não devemos diluir a urina pois aumenta o erro. Devemos ler o sedimento da forma que vier. Cilindrúria Os cilindros céreos são datados do século XIX e sua denominação se deve a sua aparência de cera derretida e temos relatos que não é constituído da mucoproteína de TAMM-HORSFALL na sua matriz. Apenas um estudo de Haberand Lindner publicado em 1977 que através de microscopia eletrônica verificou uma estrutura irregular divididas em placas na matriz de proteína de TAMM HORSFALL e isso levou aos cientistas a acreditar na presença hialina neste cilindro. Fogazzi e colaboradores em 2013 não encontrou a presença de matriz hialina no cilindro céreo, mas ainda não foi elucidado esta hipótese da formação do cilindro céreo precisando assim de mais estudos.Estruturalmente possuem fendas, ranhuras ou convoluções nas laterais, de bordas irregulares e que, segundo alguns estudiosos, pode refletir a fase final da dissolução dos grânulos finos dos cilindros granulosos formando uma massa homogênea refringente. Como a lise desses grânulos requer tempo, a presença desses cilindros céreos significa obstrução no néfron com extrema estase urinária e oligúria. Cilindrúria CILINDRO CÉREO CONTRASTE DE FASE CAMPO CLARO Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria Sua presença no sedimento pode estar associada à insuficiência renal rapidamente progressiva ou insuficiência renal crônica degeneração tubular, rejeição a transplantes, rabdomiólise, síndrome nefrótica e glomérulo nefrite pós-estreptocócica, quando se apresentam largos são chamados de cilindros da insuficiência renal LAUDO: PRESENÇA DE CILINDROS LARGOS). Cilindrúria CONTRASTE DE FASE CAMPO CLARO Cilindrúria Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria Constituído da descamação de células que pavimentam os túbulos renais chamadas células tubulares renais. São infrequentes e sua identificação fica mais fácil quando corados ou em microscopia de contraste de fase. Para diferenciá-lo dos leucócitos, pois as células tubulares possuem um núcleo excêntrico tomando quase toda a totalidade do citoplasma, assim possuindo um tamanho bem semelhante a um leucócito. Estão associadas a todas as condições de dano tubular como necrose tubular, glomerulonefrite difusa intersticial aguda de qualquer causa e doenças glomerulares. Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria CILINDRO EPITÉLIAL Cilindro epitelial (400x) Cilindrúria DICA: Quando o cilindro estiver saturado desta forma use o recurso de procurar pelas bordas estruturas que identifique-os melhor. Cilindro epitelial ( 400x) Cilindrúria DICA: Quando o cilindro estiver saturado desta forma use o recurso de procurar pelas bordas estruturas que identifique-os melhor(SETAS). DICA: Cilindro de difícil identificação pois esta bastante saturado e as células epiteliais estão muito aglomeradas, temos que procurar alguma célula que nos ajude a identifica-las (SETAS). Cilindro epitelial (400x) Cilindrúria Formado pela incorporaçã de material lipídico à matriz proteica dentro do lúmen tubular. O material lipídico que constitui esse cilindro pode ser formado por gordura neutra, colesterol, ésteres de colesterol ou uma mistura de todos os lipídeos. São ligeiramente refringentes e as gotículas de gordura podem se apresentar de cor verde brilhante. A sua melhor identificação pode-se corar o sedimento pelo Sudam III ou observar ao microscópio de luz polarizada que mostrará a presença de estruturas na forma de “cruz de-malta”. Cilindrúria CILINDRO GRAXO Cilindrúria Cilindro graxo (400x) Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A CAMPO CLARO LUZ POLARIZADA Cilindrúria Pode ser de qualquer tipo de cilindro mencionado anteriormente, variando o tamanho e a largura do cilindro. Quando moldados nos túbulos contorcidos distais, o tamanho pode variar à medida que a patologia altera a estrutura tubular e os ductos coletores eles serão formados quando houver um comprometimento severo do fluxo urinário dos túbulos para os ductos coletores. A presença de numerosos cilindros céreos largos são observados na insuficiência renal crônica e sugere prognóstico desfavorável. Cilindrúria CILINDRO LARGO DICA Os cilindros largos na maioria das vezes são céreos e devem ser citados em observação, pois são os cilindros característicos da Insuficiência Renal. OBS a ser liberada no laudo: PRESENÇA DE CILINDROS LARGOS. Cilindrúria Eventualmente, podemos encontrar cilindros com mais de uma estrutura celular aonde chamamos de misto (células epiteliais + leucócitos ou leucócitos + hemácias). Esta forma híbrida significa a presença de doença túbulo-intersticial. Quando não se consegue identificar o tipo de célula, o cilindro é chamado de celular, devido a aglutinação de elementos celulares presentes na luz tubular à matriz proteica e têm grande importância clínica. Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A LAUDO: Cilindro Misto: Leucócitos + Hemácias + célula tubular renal Cilindrúria CILINDRO MISTO Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A LAUDO: Cilindro misto: Leucócitos + Hemácias + células brilhantes. Cilindrúria 1- HEMOGLOBINA- São cilindros hemáticos que sofreram degeneração e ficam com aparência granular. Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria CILINDRO PIGMENTADO 2-BILIRRUBINA: Qualquer tipo de cilindro pode ser pigmentado com a bilirrubina presente na urina, este é um cilindro céreo. Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A Cilindrúria 7 CORPUSCULO OVAL GRAXO Corpúsculo oval graxo ou corpos graxos ovais são células tubulares renais ou macrófagos que fagocitaram gotículas de lipídeos encontrados no sedimento urinário. São bem identificados em microscopia de luz polarizada aonde vemos uma estrutura com um formato da Cruz de Malta, porém podem ser identificado em microscopia de campo claro, mas devemos ter cuidado em ver as gotículas de lipídeos que possuem um brilho verde e em microscopia de contraste de fase apresentam-se brilhantes devido ao alto índice de refringência. Existe uma forte relação desta estrutura e a dos cilindros graxos em pacientes com síndrome nefrótica. Estes pacientes possuem uma poteinúria maciça acima de 3,5 g/24hs e com essa perda de albumina na urina o paciente entra em um quadro de hipoalbuminemia (Albumina no soro abaixo dos valores de referência mínimo), o organismo tentando compensar esta diminuição da albumina no sangue estimula o fígado, orgão que sintetiza albumina, a aumentar sua síntese e inespecificamente aumente a síntese de LDL e VLDL colesterol, levando o paciente a dislipidemia e excretando na urina o colesterol HDL, levando o paciente a um quadro de lipidúria. Podemos encontrar essas estrutura em pacientes diabéticos, eclampsia, intoxicação renal, nefrose lipoídica dentre outras. LAUDO: Presença de corpúsculo oval graxo Corpúsculo Oval Graxo CORPÚSCULO OVAL GRAXO Microscopia de campo claro (400x) Corpúsculo Oval Graxo Microscopia de campo claro (400x), célula tubular renal que fagocitou gordura Corpúsculo Oval Graxo Microscopia de campo claro (400x)-Macrófago que fagocitou gordura Corpúsculo Oval Graxo ES TA S ES TR U TU RA S BR A N CA S S Ã O M O RF O LO G IA D A CR U Z D E M A LT A D O L IP ÍD EO N A L U Z PO LA RI ZA D A . Imagem: Dr Florian Buchkremer - Swissnephro Corpúsculo Oval Graxo Imagem: Dr Florian Buchkremer - Swissnephro Corpúsculo Oval Graxo 8 LEVEDURAS Leveduras são organismos unicelulares de brotamento e separação de células irmãs. Há várias espécies de leveduras que podem ser patogênicas para os humanos. No sedimento urinário geralmente encontramos Cândida sp. Estruturalmente as leveduras são verde-pálidas, com paredes lisas e bem definidas. Acomete muito mulheres com diabetes mellitus com candidíase vaginal. Os analisadores devem ter cuidado para não ser confundidas com hemácias e por isso deve-se observar atentamente se há brotamentos. Leveduras LEVEDURAS Leveduras Leveduras Leveduras Leveduras Imagem cedida: Dr Jay R. Seltzer, Chief of Nephorology, St Louis, MO, E.U.A No laudo não precisa citar as formas encontradas das leveduras, tipo hifas, pseudo hifas, etc., pois geralmente no sedmento urinário emmulheres estão relacionadas com CANDIDA sp Sugestão de laudo: leveduras presentes. Leveduras 9 BACTERIÚRIA Normalmente na urina não tem bactérias. Devemos ter muito cuidado na orientação da coleta pois podemos ter bacteriúria sem significado clínico. Podemos encontrá-la na forma de cocos, em formato reto , podem estar isoladass, no formato de correntes ou agregados. O correto é liberar a presença de bacteriúria quando vier associada a leucocitúria (neutrófilos) porque isola pode ser CONTAMINAÇÃO. O padrão ouro para a análise de bactérias na urina é a UROCULTURA, então podemos encontrar bactérias no súmario de urina que não positivem na cultura, e isto não significa que o sumário de urina esteja errado, podem não ter bactérias suficientes para crescer na cultura ou podem ter bacilos longos e etc. Na infecção do trato urinário (ITU) encontramos no sedimento urinário um quadro clássico de associação de bactérias com Leucócitos. Bacteriúria BACTÉRIAS Bacteriúria Bactérias em microscopia de campo claro (400x) Bacilos longos em microscopia de campo claro (400x) Bacteriúria Bacilos longos em microscopia de campo claro (400x) Bacteriúria Bactérias em microscopia de campo claro (400x) Bacteriúria 10 OUTRAS ESTRUTURAS O muco é um é um achado constante no sedimento urinário podendo ser finos ou largos e aparecem em urina normal ou presença ou pessoas com irritação do trato urinário. A higiene genital é necessária já para diminuir a presença deste muco e dificultar a visualização do sedimento. Em microscopia de campo claro é difícil sua visualização devido ao seu baixo índice de refração, porém de fácil visualização em microscopia de contraste de fase. Fios mucosos em microscopia de campo claro e contraste de fase (400x) CONTRAS DE FASE CAMPO CLARO Outras estruturas FIOS MUCOSOS/MUCO É um protozoário flagelado em sua forma e só devemos relatar a presença quando vivos pois podemos confundí-los com um leucócito quando não estão em movimento. Trichomonas sp Outras estruturas FUNGOS CONTAMINANTES ÁCARO Outras estruturas TARDIGRADOPhthirus pubis OVO DE Enterobius vermicularis Outras estruturas LARVA DA MOSCA (Miíase) Outras estruturas Strongyloides stercoralis Schistosoma haematobium O cristal de amido pode ser proveniente do uso de talco nas fraldas de crianças ou pessoas que fazem uso deste, estes cristais apresentam refringência irregular, não citarmos no laudo nem possuem nenhuma significância clínicas ARTEFATOS CRISTAL DE AMIDO FIBRA FIBRA FIBRA VIDRO FIBRA QUE PODE SER CONFUNDIDA COM UM CILINDRO Outras estruturas Crianças: espermatozóides e estruturas sexualmente transmissíveis não devem ser encontradas no sedimento de crianças, se acontecer o profissional deve ter a seguinte conduta: Inicialmente solicitar uma nova amostra, conversando com o responsável e esclarecendo a presença de estruturas que não são de crianças no sedimento urinário. Na recoleta, se persistir a presença dessas estruturas o analista clínico procura a assistente social e a médica do seu local de trabalho, relata o ocorrido, porém não assina o laudo. Fica a critério destes responsáveis chamar o conselho tutelar para averiguar tal situação. O analista clínico só realizará o exame com presença de espermatozóides com um mandado judicial, bem como uma pessoa para acompanhar o exame, que levará uma alíquota do material, assim o analista clínico pode assinar o laudo. Pode ocorrer na recoleta a ausência dessas estruturas citadas acima. Os espermatozóides são os gametas masculinos responsáveis pela reprodução sexuada. Na urina, é relativamente comum encontrarmos presença de espermatozóides, aonde geram algumas dúvidas se é necessário relatar no laudo do exame. Podemos destacar em 3 situações: ESPERMATOZÓIDES Outras estruturas Adultos: em mulheres não há necessidade de relatar presença de espermatozóides porque não há nenhuma significância clínica. No homem existe 2 condições para apresentar espermatozóides na urina: 1. Polução noturna, que é a ejaculação involuntária enquanto dorme, não possuindo assim nenhuma significância clínica; 2. Na EJACULAÇÃO RETRÓGRADA, que é a redução ou ausência de esperma durante a ejaculação que acontece porque o esperma vai para a baxiga em vez de sair pela uretra durante o orgasmo; O médico solicita o exame de urina para investigar a presença de espermatozóides e essa coleta deve ser logo após o orgasmo do casal. Idosos: em idosos a partir de 60 anos, podemos referir no laudo a presença de espermatozóide não por um problema prostático, mas ocasionado pelo tratamento de uma possível hiperplasia prostática. Geralmente esses tratamentos levam os espermatozóides para a bexiga, sendo detectado no sumário de urina. Outras estruturas BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1-AUSIELLO.D e GOLDMAN.L Tratado de Medicina Interna 2 volumes - 25ª edição. ed. Elsevier 2018. 2-Burtis, Carl. A.; Ashwood, Edward R. Tiez – Fundamentos de Química Clínica e Diagnóstico Molecular. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. 3-Corbett, Jane Vincent Laboratory Tests And Diagnostic Procedures – With Nursing Diagnosis – 6 edition, Pearson Education, Inc., Upper Saddle River, NJ, 2004. 4-Dinda, A.K et al Diagnosis of glomerular hematuria: role of diysmorfic red cell, G1-cell and bright- fiel microscopy. Scand. J. Clin. Lab. Invest, 1997. 5-Glassock, R. J. Hematuria. Best Practice of Medice, nov. 2001. Disponível em < http: // merck. Praxis.md >. Acesso em: 10 Jan 2004. 6-Greenspan, Francis S; Baxter, John D. Endocrinología básica y clínica. 9 ed. McGraw, 2016. 7-Guyton, A C; Hall, John E. Fisiologia humana e mecanismo das doenças. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1998. 8-Henry, John Bernard; Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 21 ed. São Paulo: Manole, 2013. 9-Kohler, H.; Wandel, E.; Brunck, B. Acanthocyturia- A characteristic marker for glomerular bleeding. Kidney International, 1991. 10-Laboratório clínico - Requisitos e recomendações para exames de urina. ABNT/CB-036 Análises Clínicas e Diagnóstico In Vitro, 2007 11-McBride, Landy J. Urinalysis and body fluids. A clinical aproach. Philadelphia: Lippincot, 1998. 12-Ravel, Richard. Clinical Laboratory Medicine – Clinical Application of Laboratory Data – 6th ed. Mosby – Year Book, Inc, St Louis, MI, 1995. 13-Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratórial (SBPC/ML): realização de exames de urina. Barueri, SP: Manole, 2017. 14-Riella, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 6th ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 15-Roth, S.; Renner, E.; Rathert, P. Microscopic hematuria: advances in identification of glomerular dismorphic erytrocytes. Journal of urology,1991. 16-Stransiger, S. K. Uroanálise e fluidos biológicos. 5 ed. São Paulo: Premier, 2009. 17-Tsoufakis, G.; Tzanetou, K. Evaluation of hematuria. 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