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EQUILÍBRIO DINÂMICO A maior ou menor afinidade das moléculas pelas proteínas plasmáticas irão influenciar o tempo de ação das drogas, ou seja, por quanto tempo estarão presentes no organismo. Na imagem acima, do lado esquerdo, as bolas brancas representam as proteínas e as bolinhas azuis representam as moléculas das drogas, na imagem existem poucas moléculas ligadas as proteínas plasmáticas e as demais estão livres, nesse sentido uma grande quantidade de moléculas conseguirá sair do vaso e ir em direção aos tecidos, quando isso acontece o efeito farmacológico será intenso, pois muitas moléculas deixaram o vaso e atingiram o alvo ao mesmo tempo. Da mesma forma que deixaram a corrente sanguínea, essas moléculas entrarão na mesma intensidade dentro dos hepatócitos para que sejam metabolizadas, e o mesmo processo vai ocorrer nos rins, sendo eliminadas com facilidade e rapidez, desse modo, observando o gráfico conclui-se que a concentração plasmática sobe rapidamente e posteriormente cai também rapidamente, pois o metabolismo e a excreção estão predominando sobre a absorção, portanto a curva cai rapidamente. UMA DROGA QUE SE LIGA POUCO AS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS TERÃO UM EFEITO RÁPIDO E UMA METABOLIZAÇÃO E EXCREÇÃO TAMBÉM RÁPIDAS, POSSUINDO UMA MEIA VIDA E O TEMPO DE AÇÃO EFETIVA MENOR. Já a imagem do lado direito representa uma ligação muito maior as proteínas plasmáticas, que consequentemente produzirá um efeito de intensidade menor, porém será um efeito bom. O metabolismo e excreção também serão mais lentos, já que terão menos moléculas passando pelo fígado e pelos rins. Observando o gráfico é possível concluir que embora a intensidade do efeito seja menor, o tempo de ação da droga será maior. Nesse sentido, se desejamos um efeito imediato deve-se escolher uma droga q se ligue menos as proteínas plasmáticas e se deseja um efeito prolongado a droga deverá se ligas mais as proteínas. FATORES QUE INTERFEREM NA LIGAÇÃO DROGA-PROTEÍNA PLASMÁTICA A afinidade química entre a droga e as proteínas, pois se não houver afinidade química entre a droga e algum ponto da proteína ela não realizará a ligação, algumas drogas apresentam uma afinidade maior, e isso não é porque ela se liga fortemente a proteína, e sim porque ela se liga muito, apresentando mais de um sitio de ligação e isso permite uma ligação maior, porém tudo isso depende de afinidade química, existem alguns casos em que as proteína competem pela ligação de um mesmo sitio na proteína e normalmente ambas as drogas que estão competindo apresentam afinidade pela proteína, porém uma delas apresentará uma afinidade maior, e essa tem a capacidade de deslocar aquela que possui uma menor afinidade. Nesse sentido, o efeito da droga que é retirada do sitio da proteína acaba aumentando, pois ela permanece mais disponível no sangue, e em alguns casos esse aumento do efeito pode ser potencialmente tóxico. Outro fator que também pode interferir nessa ligação é a concentração sanguínea da droga, ou seja, se uma droga estiver em uma concentração muito baixa e possuir uma grande afinidade pelas proteínas, haverá a possibilidade dela se ligar demais as proteínas e a quantidade de moléculas livres será inadequada para produção de efeito, consequentemente acontecendo de uma forma precária, por esse motivo é importante o estabelecimento de uma dose especifica para os medicamentos. Outro fator que interfere é a concentração das proteínas plasmáticas, exemplo: em uma hipoalbuminemia a fração livre estará aumentada, ou seja, o paciente possui uma concentração menor de albumina no sangue e isso faz com que a fração livre da droga fique em um patamar acima do normal, esse quadro pode acontecer em situações como cirrose e hepatites, que são hepatopatias que levam a uma diminuição da síntese de proteínas plasmáticas, já que estas são sintetizadas em sua maior parte no fígado, nesse sentido a participação do fígado nesse processo é muito importante, desse modo, se uma pessoa tem uma doença grave no fígado, significa que essa pessoa possuirá algum problema em razão da diminuição dos níveis de albumina plasmática quando utilizar determinados medicamentos. Em casos de cirrose avançada por exemplo, é muito comum o paciente ficar embriagado com quantidades pequenas de álcool, isso acontece porque o fígado está comprometido, e dessa forma sua capacidade de metabolização é menor e outro motivo está relacionado com a quantidade de albumina circulante, pois menos albumina circulando significa que haverá mais álcool livre e isso significa que a ação do álcool sobre o SNC será maior. Existe ainda outro agravante, que é o edema da nasarca, porque ele não consegue produzir albumina nos níveis necessários, desse modo a pressão coloidosmótica cai e desse modo a água extravasa para os tecidos, por esse motivo esses pacientes alcoólatras geralmente se apresentam inchados. A síndrome nefrótica também pode levar a perda de albumina em razão de lesões nos nefros por vários motivos e consequentemente essa perda de albumina pela urina será refletida na fração de droga livre no plasma. Na desnutrição grave o fígado fica incapacitado de sintetizar a albumina em razão da ausência de aminoácidos envolvidos nesse processo, já que os pacientes não adquirem esses aminoácidos por meio da alimentação. Nas hemorragias prolongadas há a perda da albumina pelo sangramento, e piora em casos de hemorragia interna, por exemplo ulceras, na qual o paciente perde gradativamente pequenas quantidades de sangue silenciosamente. A velhice também pode causar perda de albumina em razão da idade avançada do fígado, o qual não possui mais a mesma capacidade metabólica deum fígado jovem. A gestação também pode causar problemas em razão da hemodiluição, aumentando o volume de líquidos no organismo e isso diminui a proporção de albumina no plasma. Essa hemodiluição contribui para que as gestantes fiquem com os MMII inchados e pesados, além de influenciar nos hormônios. A competição pelas proteínas plasmáticas, existem as drogas deslocadas, as drogas deslocadoras e as consequências clinicas; a Warfarina e outros cumarínicos são a droga deslocada, as drogas deslocadoras desse grupo são o ácido mefenâmico (remédio para cólica), fenilbutazona e oxifenbutazona, essas três drogas se ligam ao mesmo sítio da Warfarina, competindo desse modo pelo mesmo sítio, porém elas possuem uma afinidade maior do que a Warfarina, removendo o medicamento do sítio de ligação e fazendo com que a Warfarina fique livre na corrente sanguínea, desse modo o paciente desenvolverá uma hemorragia. Outra droga que também é deslocada é a Tolbutamida (hipoglicemiante oral, principalmente para diabetes tipo 2), dentre as drogas deslocadoras estão a Fenilbutazona e Sulfafenazol, essas duas drogas competem pelo sítio de ligação da Tolbutamida, e quando ela é removida do sítio fica mais disponível no sangue, causando um quadro de hipoglicemia. Nesse sentido, é muito importante lembrar que é contraindicada a associação dessas drogas citadas, gerando quadros de interação medicamentosa. As drogas também podem se ligar as proteínas encontradas nos tecidos, a palavra utilizada para descrever essa situação é o sequestro, ou seja, a droga foi sequestrada. As Tetraciclinas por exemplo, formam quelatos com o tecido ósseo ficando para sempre alojada nessa região, podendo muitas vezes passar da mãe para o bebê, ficando concentrada nos ossos e nos dentes. Os inseticidas são considerados um grande problema no Brasil, pois as pessoas vão se infectando aos poucos e posteriormente o tecido adiposo passa a ser saturado, principalmente pelo fato desses agrotóxicos serem extremamente hidrossolúveis, sendo muitas vezes absorvidos pela pele; o LSD também é uma droga que possui sequestro pelo tecido adiposo. O lítio é um estabilizador do humor, sendo muito utilizado nos casos de mania e transtorno bipolar, sendorenotóxico e cardiotóxico, sendo necessário um acompanhamento constante para realizar a dosagem de lítio no organismo dessas pessoas. Com relação as barreiras biológicas, sabemos que para uma droga atingir o tecido alvo ela precisa passar por essas barreiras. Essas barreiras existem para proteger, por exemplo, a Barreira Hematoencefálica que é uma associação entre a parede endotelial dos capilares e a bainha dos astrócitos, ela é uma barreira glial onde os capilares são recobertos por prolongamentos dos astrócitos (responsáveis pela sustentação dos neurônios e evolvidos na transmissão de impulsos, além de estarem relacionados com algumas patologias). As células endoteliais são unidas por junções muito íntimas, ou seja, os poros dos capilares são poucos e muito estreitos, na imagem abaixo é possível observar um capilar, sendo que sua parede endotelial é envolvida pelos prolongamentos dos pés dos astrócitos, desse modo, para uma molécula conseguir atingir o neurônio, ela necessita atravessar as três barreiras demonstradas na imagem, sendo a barreira endotelial, a barreira representada em vermelho e os pés dos astrócitos, nesse sentido a molécula para conseguir atravessar precisa ser ou muito pequena, como é o caso do álcool, ou precisa ter uma lipossolubilidade muito boa, se ela possuir ambas as características não possui dificuldade nenhuma de atravessar a barreira, saindo do vaso para o interstício para chegar diretamente no neurônio. Existem alguns psicofármacos ou psicotrópicos que possuem um tropismo muito maior pelos neurônios do que as moléculas do etanol, e possuem uma ótima lipossolubilidade. Essa barreira hematoencefálica possui importância clínica no combate de infecções do SNC e para ação de psicotrópicos, todos os psicotrópicos necessariamente precisam ser muito lipossolúveis, pois se não ele passa para o SNC, mas não consegue passar do sangue para o tecido, tanto drogas quanto medicamentos. Com relação a infecções, é de extrema importância que no momento de escolha de antibióticos, por exemplo, eles tenham a capacidade de atravessar essa barreira, podendo sair do vaso e atacar a bactéria em outro tecido, pois se ele não for capaz de sair da correndo sanguínea e chegar ao tecido não possuirá eficácia nenhuma, nesse sentido pode se dizer que as drogas psicotrópicas possuem um volume de distribuição alto. A penicilina não atravessa a BHE facilmente, pois é um ácido orgânico muito ionizado e sua fração não ionizada é pouco lipossolúvel, pois isso depende do arranjo atômico da molécula, existem vários tipos de penicilina, desse modo nem todas possuem essa característica. Alguns medicamentos que possuem essa lipossolubilidade alta possuem um efeito rápido no organismo, pois a mesma facilidade que ele possui para entrar na BHE ele também possuirá para sair, sendo muito utilizados como indutores de anestesia, pois sua ação dura pouco tempo (exemplo Tiopental). Drogas muito lipossolúveis atravessam a BHE rapidamente (anestésicos, álcool, ansiolíticos, etc). Com relação a barreira placentária, ela é pouco seletiva, permitindo a passagem de diversas drogas como antibióticos, álcool, morfina, heroína, nicotina, cocaína, fenobarbital, etc. Existe uma droga chamada Talidomida que foi muito usada nos anos 60 para enjoo na gestação, além de possuir uma ação tranquilizante, muitas mulheres tomaram e quando as crianças nasceram todas possuíam deformações chamadas de Focomélia, na qual os MMII e MMSS possuíam deformidades. Isso ocorreu pois a Talidomida possui dois isômeros, sendo um R chamado de sedativo e um isômero S chamado teratogênico, no comprimido do medicamento existiam os dois isômeros, porém o isômero de R talidomida era transformada em S talidomida na barreira placentária sofrendo um metabolismo, em razão disso, na circulação tanto da gestante quanto do feto acabava existindo muito mais S do que R talidomida. Mais tarde percebeu-se que o isômero S era uma droga anti-angiogênica e por isso motivo ela não permitia a chegada dos fatores de crescimento que são conduzidos pelo sangue até os tecidos, por esse motivo os membros superiores e inferiores não se desenvolviam. Há 10 anos atrás a Talidomida retornou ao mercado para o tratamento de câncer de pulmão, e em caso do uso por mulheres em idade reprodutiva é necessário a assinatura de um termo de que a paciente precisa fazer o uso de pelo menos 5 métodos contraceptivos durante o tempo que estiver em uso do medicamento. Ela é utilizada no tratamento de câncer por ser angiogênica, impedindo o crescimento do tumor por meio do impedimento da circulação.
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