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SIGILO MÉDICO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA
CENTRO DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
1ª AVALIAÇÃO DE DEONTOLOGIA
GRUPO 2 – DEONTOLOGIA E MEDICINA FORENSE
SIGILO MÉDICO: O QUE PRECISA SER PENSADO?
Barreiras-BA
2021
 UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA
CENTRO DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA
1ª AVALIAÇÃO DE DEONTOLOGIA
SIGILO MÉDICO: O QUE PRECISA SER PENSADO?
GRUPO 2 – DEONTOLOGIA E MEDICINA FORENSE
PROFESSOR: TÁSSIA MILENNA OLIVEIRA DE SOUZA
Atividade avaliativa apresentada como requisito para 1ª nota da disciplina CBS3005 – Deontologia e Medicina Forense
Barreiras-BA
2021
SIGILO MÉDICO: O QUE PRECISA SER PENSADO?
Alexandre de Oliveira Gois, Bárbara Dryelle de Almeida Coelho, Larissa De Jesus Arruda, Lavínia Prado Artiaga e Lucas Tosta Barbosa
“Aquilo que, no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto”. Hipócrates (460-351 a.C.)
No exercício da medicina é imprescindível garantir o sigilo e a confidencialidade dos dados. O profissional deve saber quando resguardar informações pertinentes, assim como quando compartilhá-la, tudo de forma ética. O sigilo médico é um dos princípios que guia condutas e advém do juramento de Hipócrates. Está respaldado em várias normas, sendo a principal o Código de Ética Médica (CEM). 
Dessa forma, o sigilo médico, ou segredo médico, é um dever profissional previsto no código de ética médica, o qual todo médico no Brasil está subordinado. Tal pressuposto garante ao paciente que as informações provenientes de sua consulta, tratamento ou qualquer outro dado relativo à relação médicopaciente não sejam fornecidas a ninguém senão pela própria vontade do paciente.
O Código de Ética Médica teve sua última atualização publicada no Diário Oficial da União do dia 01 de novembro de 2018, pela Resolução Nº 2.217, de 27 de setembro de 2018. Dentro dele é possível encontrar o cerne do sigilo médico, no Capítulo IX, que dirá o seguinte:
É vedado ao médico: 
Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.
Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento); c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.
Art. 74. Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.
Art. 75. Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou imagens que os tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente.
Art. 76. Revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade.
Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito, salvo por expresso consentimento do seu representante legal.
Art. 78. Deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido.
Art. 79. Deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou extrajudicial.
Duas situações que podemos mensurar em relação à esses artigos são, por exemplo, ao lidar com pacientes menores de idade que já possuam discernimento e determinada autonomia, como por exemplo ao descobrir uma IST ou gravidez. Nesses casos, o médico, assim como com qualquer paciente adulto, tem por obrigação manter o sigilo desses pacientes. A única situação em que o profissional pode justificar a quebra do sigilo é caso seja identificado risco de vida para o/a adolescente e/ou gestação.
Outro exemplo de situação é quando o profissional identifica alguma questão no paciente que coloca em risco a saúde dos colegas de trabalho ou da comunidade, como no caso de um diagnóstico de epilepsia num condutor de transporte público, ou na identificação de doenças infecciosas altamente contagiosas como meningite, tuberculose, entre outras. Em contrapartida a essas patologias, o paciente portador do vírus HIV tem o direito de manter em sigilo a sua condição sorológica no ambiente de trabalho, o que inclui sigilo em testes de admissão, testes periódicos ou de demissão. Segundo a legislação, o médico tem a obrigação de somente averiguar a capacidade laborativa do trabalhador nos exames legais previstos no Art.168 da CLT.
Apesar do inegável processo de democratização universal dos direitos que asseguram a cidadania, ocorrem situações que afrontam tal condição, visto que uma das consequências da quebra desse sigilo é a exclusão social, principalmente no que desrespeito a pacientes testados portadores do vírus HIV. Tal cenário afronta a Lei n°12.984 de junho de 2014 que estabelece como crime a discriminação contra pessoas vivendo com HIV ou AIDS.
Ante o exposto, é importante saber que toda lei criada tem por função permitir a vivência harmônica e mais justa numa sociedade. Ela deve ser seguida, e seu descumprimento pode acarretar sanções. Para o profissional da saúde que não respeita o sigilo médico, existem duas linhas básicas de cunho correcional, uma dentro da Lei Nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, que dispõe sobre os Conselhos de Medicina e outra pelo Código Penal Brasileiro. Pela lei dos Conselhos de Medicina há a previsão da competência e sanções disciplinares possíveis de serem aplicadas a quem transgride o que rege o Código de Ética. Sobre isso ela diz o seguinte: 
Art . 21. O poder de disciplinar e aplicar penalidades aos médicos compete exclusivamente ao Conselho Regional, em que estavam inscritos ao tempo do fato punível, ou em que ocorreu, nos termos do art. 18, § 1º.
Parágrafo único. A jurisdição disciplinar estabelecida neste artigo não derroga a jurisdição comum quando o fato constitua crime punido em lei.
Art . 22. As penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos seus membros são as seguintes:
a) advertência confidencial em aviso reservado;
b) censura confidencial em aviso reservado;
c) censura pública em publicação oficial;
d) suspensão do exercício profissional até 30 (trinta) dias;
e) cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal.
Já o Código Penal Brasileiro, na Seção IV, dos Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos, diz:
Art. 154 – Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem.
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
Está claro que a classe médica não age de forma completamente livre em sua conduta profissional, existem limites que devem ser respeitados e que, se excedidos, podem custar sua carreira e sua liberdade. É importante ressaltar que a leis supracitadas não têm a intenção de tolher o médico no exercício de sua profissão, mas sim de resguardá-lo em eventuais situações de inquirição, investigativas criminais ou mesmo empresariais, e, ates de mais nada, assegurar o direito à privacidade de seu paciente. 
Apesar disso, existem situações pontuais em que violar o sigilo profissional pode não acarretar punição, uma vez que não se trata de um dever absoluto, como seria o caso do silêncio exigido de religiosos, em virtude de confissão, mas sim de um deverrelativo, e este está aberto a exceções. No entanto, essa relatividade não deve ser confundida com banalização, sendo a quebra do sigilo uma exceção, jamais uma regra.
Esse contexto conta com outro agravante: o que é “motivo justo” para a revelação de um segredo, pois o que é visto como justo pela ótica do médico, não costuma ser visto da mesma forma, se avaliado pelo próprio paciente que é o verdadeiro “dono do segredo”. De acordo com Marcos de Almeida, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Câmara Técnica de Bioética do Cremesp. “O médico é mero guardião.”
Se o paciente permitisse a revelação, não haveria conflito. O Código de Ética Médica especifica que o sigilo pode ser quebrado mediante consentimento, por escrito, do paciente. No entanto, muitas vezes esses dois atores (médico e paciente) são ‘estranhos morais’ e, por isso, suas moralidades e seus próprios interesses pessoais podem ser incompatíveis”.
Um outro ponto importante é saber distinguir “justa causa” de “dever legal”. Este último se caracteriza pelo cumprimento do que está registrado na lei, como seria, por exemplo, a notificação compulsória, por questões de saúde pública, de doenças transmissíveis. Entretanto, existem algumas situações que, independente da previsão legal, faz surgir no profissional médico, o que Marcos de Almeida chama de Imperativo Categórico da Consciência Moral, de quebrar ou manter o sigilo.
Na prática, uma das situações comuns apontadas é o “motivo justo para a quebra de sigilo”, desencadeada pela recusa de portador de doença sexualmente transmissível de revelar sua condição aos seus parceiros. Mas existem várias outras, como, por exemplo, a protagonizada pela família de uma criança com meningite meningocócica, que insiste em levá-la à escola, sem comunicar a doença à direção.
Diversas circunstâncias poderiam ser previstas, o universo da justa causa é tão amplo, que pode existir até nos fatos mais triviais de quem exerce uma atividade. A totalidade, no entanto, mereceria ser avaliada com base nos critérios do bom-senso, prudência e da análise caso a caso visto que cada paciente é único, com seus hábitos, cultura, história, origem, religião e visão de mundo”.
Vale também a regra de buscar um forte indício de que há motivo justo para se revelar o segredo. Se um paciente com distúrbio mental grave mostra um artefato semelhante a uma bomba e informa que pretende explodir um avião, e se eu tiver elementos que apontam que não se trata de simples ideação, devo, sim, tentar impedir. 
De qualquer maneira, se o histórico que tiver em mãos não for suficiente para decidir, ou se o profissional tiver dúvidas sobre se deve ou não realizar a quebra de sigilo, ele pode buscar ajuda nos órgãos de classe para saber qual é a melhor conduta. Além disso, é possível buscar por orientação jurídica, pois se os termos da lei não forem observados, o profissional pode ser penalizado e até preso.
Como forma de ilustrar o nível de conhecimento dos estudantes de medicina sobre o que trata este texto, foi feito um estudo transversal, publicado em 2020, o qual demonstrou que o conhecimento insuficiente perdura por quase todo o curso, só atingindo níveis considerados aceitáveis a partir do 8° semestre, momento em que se inicia o internato. Os autores consideraram que o aprimoramento, associação e aplicação correta dos princípios éticos só é realizada quanto maior for o contato com pacientes, o maior nível de acertos foi no 11°semestre, o 12° semestre não foi analisado. Além disso, em todos os semestres, as melhores porcentagens eram de estudantes que haviam lido o CEM, o juramento de Hipócrates ou, ainda, ter cursado a matéria de ética em sua faculdade.
O questionário com 10 situações-problema teve 3 resultados interessantes, o primeiro referia-se ao uso de imagens em congressos médicos, nos quais se expõe o caso clínico com detalhes identificáveis do enfermo, ainda que com autorização prévia, que foi respondido como ético (infração do artigo 75). Outra situação é o uso da Classificação Internacional de Doenças (CID) em solicitação de guia de exames de paciente assegurado por plano de saúde privado, segunda situação com maior erro (infração do artigo 76).
E, por fim, a exposição de imagens em redes sociais, a qual obteve a maior porcentagem de acertos. A infração nesse caso também seria do artigo 75, mas apesar da alta porcentagem no artigo, é uma das práticas que geram quebra de sigilo médico atual. Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRM-SP), entre 2012 e 2016, foram registrados 379 processos éticos por quebra de sigilo no estado, mas sem nenhuma cassação de registro profissional (pena disciplinar de maior nível segundo art. 22, seção IV, do Código Penal Brasileiro). Recentemente, a Cirurgiã Plástica Caren Trisóglio Garcia, detentora de um ex-grande perfil na rede social TikTok, que contava com cerca de 636 mil seguidores e 11 milhões de curtidas em seus vídeos, foi disciplinada pela Sociedade Brasileira de Cirurgiã Plástica pedindo sua suspensão. A médica não mostrava fotos de pacientes, mas fotos de partes de pacientes (pele, gordura, secreções) e fotos em centro cirúrgico que também são consideradas infrações do CEM.
Percebe-se que o sigilo médico é extremamente importante, sobretudo na realidade atual que têm a característica significativa de exposição, o médico tem cada vez mais entrado no mundo da publicidade, logo necessita de um bom amparo e até mesmo de novos parâmetros para o bom uso da medicina como ferramenta educacional no meio digital. É importante uma avaliação da legislação e discussão dos seus parâmetros frente a nossa nova dinâmica de trabalho. A seção de “Jovens Médicos” da CREMESP é uma ferramenta importante de aplicação da legislação em situações mais atuais. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1) IMPRENSA NACIONAL - DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Resolução Nº 2.217, de 27 de setembro de 2018. Disponível em:<https://bit.ly/3n3OHaw>.Acesso em: 02 out. 2021.
2) SENADO FEDERAL. Código Penal Brasileiro. Disponível em:< https://bit.ly/3lPfUi2>.Acesso em: 02 out. 2021
3) PLANALTO - L3268. Disponível em:<https://bit.ly/3aHpn4q>.Acesso em: 02 out. 2021.
4) CREMESP, BIOÉTICA (org.). Quebra de sigilo por “motivo justo” causa grandes dilemas aos médicos. 289. ed. Informativos CREMESP: CREMESP, 1 fev. 2012. Disponível em:<https://bit.ly/2Z3t5Dl>. Acesso em: 2 out. 2021.
5) LIMA, Sylvia Márcia Fernandes dos Santos et al. Avaliação do conhecimento de estudantes de medicina sobre sigilo médico. Revista Bioética, v. 28, p. 98-110, 2020.
6) PORTAL IPEMED. Você conhece todas as regras sobre o sigilo médico? Disponível em: <https://bit.ly/3aGEoDL>. Acesso em: 2 out. 2021.
7) PORTAL GI. Entidade pede interdição de cirurgiã plástica que aparece em vídeos exibindo pele e gordura humanas após operar em SP. G1. Disponível em: <https://glo.bo/2Xp4uIo>. Acesso em: 2 out. 2021.
8) Agência AIDS. Direitos da pessoa com HIV – sigilo da sorologia e acesso a tratamento estão entre as garantias de quem vive com o vírus. Disponível em:<https://bit.ly/2XiVu7s>. Acesso em: 2 out. 2021.

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