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LIVRO EXPRESSÃO PLASTICA

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1 UNIDADE
Forma, espaço e ordem
1 Elementos primários
Esta unidade apresentará os elementos primários da Forma, explicando o conceito de cada um deles e contextualizando-os dentro do contexto arquitetônico, visando contribuir para o enriquecimento da formação do profissional da área de arquitetura.
O entendimento desta disciplina se faz necessário para que o estudante disponha de ferramentas e saiba utilizá-las em sua vida profissional da melhor maneira possível. O estudante aprenderá sobre as formas, cores, texturas e os materiais com os quais é possível trabalhar no âmbito profissional para além do básico. De acordo com Paul Klee (1961 apud CHING, 2002, p.1):
Toda forma pictórica começa com o ponto que se desloca em movimento [...]. O ponto se move [...] e a reta nasce – a primeira dimensão. Se a reta se desloca para a forma um plano, obtemos um elemento bidimensional. No movimento do plano para espaços, o encontro de planos do surgimento ao corpo (tridimensional) [...]. Uma síntese de energias cinéticas que movem o ponto convertendo-o em reta, a reta convertendo-o em plano e o plano convertendo-o em uma dimensão espacial. 
Figura 1 - CroquiFonte: Svjatoslav Andreichyn, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: na imagem aparece um croqui de uma edificação em plano elevado, com linhas predominantemente retas e fachada de vidro.
1.1 Ponto
Indica uma posição no espaço, é estático, sem comprimento, largura ou profundidade, é centralizado e sem direção. Teoricamente, não possui uma forma ou um formato até que seja inserido em um campo visual central – organizando os elementos ao seu entorno, ou deslocado – criando uma tensão visual com seu campo.
Como um ponto não tem dimensão para marcar uma posição no espaço, é preciso projetá-lo na vertical, onde sua vista em plano é um ponto. Sendo assim, ele conserva a sua característica visual. Torres, obeliscos e colunas são exemplos dentro da arquitetura. 
1.2 Reta
Transladando um ponto se tem uma reta que não possui largura nem profundidade, porém tem comprimento. A reta visualmente exprime movimento, direção e desenvolvimento, sendo de suma importância na formação de uma estrutura visual. Sendo que esta pode ser afeta pela direção da reta, onde na vertical traz equilíbrio e na horizontal estabilidade.
Na arquitetura nem sempre será um elemento visível, a reta pode ser representa por exemplo por um eixo entre dois pontos, onde os elementos são simetricamente colocados ao longo de seu percurso, sendo a reta uma “linha” imaginaria ligando dois pontos.
1.3 Plano
Ao transladar uma reta que não seja em torno de seu próprio eixo, cria-se um plano dotado comprimento, largura, formato, orientação, posição e superfície, não contendo profundidade. O plano, portanto, é muito importante na arquitetura, pois define os limites de um volume. Esse elemento é dividido genericamente em três tipo: plano de base, plano das paredes e plano superior.
· Plano de base
Este se subdivide em plano de solo – que é a superfície em que a construção se apoia, podendo ser assentado ou elevado em relação a ela – e plano de piso – que é a superfície inferior por onde caminhamos, podendo ter terraços ou degraus caso se faça necessário, assim como possuir diversas paginações, cores e texturas a fim de compor o espaço.
· Plano das Paredes
É o plano que molda e delimita o espaço arquitetônico, seja ele externo ou interno. O externo protege a construção dos fenômenos climáticos, trazendo privacidade ao seu interior. Já o interno modela o formato dos espaços e, enquanto elemento arquitetônico, pode se juntar ao plano teto ou ao plano piso, criando uma unidade dentro do ambiente.
· Plano superior
Subdivide-se em plano cobertura – como próprio nome já diz é a cobertura exterior da edificação que a protegerá das intempéries climáticas. Esse plano ajuda a moldar a construção, pois pode ser alinhado à edificação ou ter as laterais sobressalentes. Todas as possibilidades dependem da intenção de sensação que se pretende causar com determinada edificação. O plano teto, que é o lado de baixo de um piso superior, fica situado no lado interno da construção, podendo ser rebaixado ou ressaltado, bem como servir de complemento ao contexto do ambiente quando sobre ele se utilizar, por exemplo, cores, texturas e pinturas.
FIQUE DE OLHO: O estudo dos elementos primários é de grande valia dentro da Expressão Plástica, pois é a partir deles que se começa a criar os traços que irão gerar mais para frente a arquitetura. Sendo assim, recomendamos a leitura do livro Ponto e linha sobre plano, de Wassily Kandinsky.
1.4 Volume 
Quando um plano translada em uma direção que não seja a sua direção intrínseca temos um volume, com comprimento, largura, profundidade, forma, espaço, superfície, orientação e posição. Esse elemento é tridimensional e pode tanto ocupar uma massa no espaço, sendo assim um volume sólido (como os edifícios, por exemplo), quanto estar delimitado por dois planos: base, teto ou parede, assim seria um volume vazio entre os planos.
2 Forma
Forma é um termo muito abrangente; dentro da arquitetura, é fundamental para a concepção de um projeto. Não existe arquitetura sem forma. Forma é luz, cor, textura, por isso é extremamente importante o seu estudo: saber como usar, como compor, como tornar um sólido primário uma construção arquitetônica que imprima sua identidade e que perdure através do tempo, sendo lembrada, estudada e admirada.
Para isso, trataremos aqui do conceito de forma, suas propriedades e seus tipos, apresentando também a sua importância e como ela é aplicada dentro da arquitetura.
2.1 Conceito de forma
Dentro de um projeto, é usado na estrutura formal de um trabalho, na maneira como são dispostos e coordenados os elementos e as partes de uma composição para que se tenha uma imagem coerente, definiu Ching (2002). Por se tratar de um elemento tridimensional, a forma possui propriedades visuais, como o formato, a textura, a cor e o tamanho. Também abrange propriedades que regem a composição de elementos e padrões, sendo elas: posição, orientação e inércia visual da forma. Segundo Gomes Filho (2004, p.39): “a forma pode ser definida como a figura ou a imagem visível do conteúdo. De um modo mais prático, ela nos informa sobre a natureza da aparência externa de alguma coisa. Tudo que se vê possui forma.”
2.2 Propriedades visuais
Dentro das propriedades visuais da forma, o formato é um dos principais aspectos para se identificar e classificá-la já que se trata do contorno característico da forma. Dentro da arquitetura, ele se volta para os formatos de plano de teto, parede e solo responsáveis por delimitar o espaço, para as aberturas das portas e janelas de espaços delimitados e o perfil das formas arquitetônicas.
O tamanho se refere às suas dimensões – comprimento, largura e profundidade.
A cor nada mais é do que o fenômeno de luz e percepção visual que auxilia na distinção da forma em relação ao ambiente.
A textura agrega qualidade tátil à forma e também influencia na questão da absorção e reflexão da luz em relação a ela.
As propriedades visuais trazem também propriedades que regem a composição de seus elementos, assim como seus padrões, sendo elas:
A posição da forma: que é o posicionamento que ela ocupa em relação ao seu campo visual e ou entorno.
A orientação: que é a direção da forma em relação ao seu plano de solo, ao observador ou outras formas.
A inércia visual: que depende da geometria da forma, como ela estará orientada em relação ao seu plano de solo e estabilidade visual.
Todas essas propriedades da forma dependem das condições em que são observadas a questão do ângulo, a incidência ou não de luz, a distância, o entorno, dentre outros fatores que influenciam na maneira como a forma é vista.
Sendo assim, o estudo e a concepção da forma na arquitetura é de alta importância para se criar monumentos, grandes edificações com uma forma impactante... A forma deste elemento construtivo com toda certeza faz a diferença.
2.3 Figuras primárias 
De acordo com a Escola Gestalt, a mente humana tendea simplificar o meio visual para facilitar a sua compreensão. Ching (2002) nos diz ainda que seguimos a tendência de reduzir o tema a formatos mais simples e regulares, novamente com a intenção de tornar mais fácil a sua compreensão e percepção.
Na geometria, figuras regulares são círculos e uma série infinita de polígonos, onde os mais relevantes são os círculos, os triângulos e os quadrados.
O círculo é uma curva plana limitada por uma circunferência, sendo a união desta com todas as partes internas a ela. É também uma figura centralizada, introvertida e estável.
O triângulo é uma figura plana formada por três lados e três ângulos internos, e pode ser considerado estável se apoiado sobre um de seus lados ou instável caso esteja apoiado sobre um de seus vértices.
O quadrado é uma figura plana formada por quatro lados e quatro ângulos retos. Não possui direção dominante, é neutro e estático e representa o puro e racional. Derivando dele, temos os retângulos, obtidos através da modificação da altura ou da largura de um quadrado. Quando está em repouso sobre um de seus lados, é considerado estável, caso o repouso seja sobre um de seus vértices, passa a ser considerado instável.
2.4 Sólidos primários
As figuras primárias, se colocadas em rotação, criam os chamados sólidos primários: do círculo se criam as esferas e cilindros; do triângulo, os cones e as pirâmides; e do quadrado, os cubos.
As esferas são obtidas através da rotação de um semicírculo em torno de um eixo, sendo equidistante do centro em todos os pontos. É concentrada e centralizada, mantendo o seu formato circular preservado de qualquer ponto que se olhar para ela.
Os cilindros são obtidos pela rotação de um retângulo sobre um de seus lados. Podendo ser estável quando sobre uma de suas bases circulares ou instável se sobre um de seus lados.
Através da rotação de um triângulo retângulo sobre um de seus catetos temos o cone, este é estável sobre a sua base ou instável se inclinado ou virado de cabeça para baixo.
Quando há o encontro das faces de um triângulo em um ponto ou vértice temos a pirâmide. Figura dura e angular.
Já o cubo é o resultado da igualdade de dimensões, com seis faces quadradas e doze arestas iguais.
As formas podem ser regulares, que como o próprio nome já diz são formas que estão relacionadas de maneira consistente e organizada. As formas irregulares se relacionam de maneira incoerente. 
2.5 Transformação da forma
Todas as outras formas que não são os sólidos primários podem ser obtidas através da transformação deles, podendo ser por subtração, quando se tira uma parte do sólido para se ter outro de maneira dimensional, onde se altera comprimento ou largura da forma; ou por adição, onde se agrega outro elemento à forma já existente.
A transformação da forma por adição tem algumas vertentes, sendo elas: a tensão espacial, contato aresta com aresta, contato face a face e volumes interseccionados. Tendo sua relação com a natureza através da forma centralizada, linear, radial, aglomerada ou em malha.
Nem sempre é necessário que as formas sejam idênticas, quadrado com quadrado por exemplo, podemos colidir formas geométricas diferentes para obtermos novas formas. Sendo assim, podemos usar um triângulo com um quadrado, onde elas podem se desenvolver subvertendo-se uma forma a outra, fundindo as suas diferenças e criando uma nova forma, uma das formas pode receber a outra em seu interior, as formas podem conversar uma com a outra preservando suas características originas, ou ainda se ligarem através de um terceiro elemento.
2.6 Articulação da forma
De acordo com Ching (2002), a articulação se refere à maneira como as superfícies de uma forma se juntam com o propósito de definir seu formato e volume, podendo se articular diferenciando seus planos contínuos através da mudança de cor, material ou textura; por exemplo, desenvolver cantos lineares distintos ou remover estes para separar fisicamente os planos ou através da iluminação de cantos e arestas, criando contrates de tons.
A arquitetura é entendida, dentre outras definições, como a arte de articular espaços, isso porque ela é a responsável por adequar os espaços ao seu uso correto, tanto em função quanto em proporção e tamanho, pois de nada adianta ter um amplo espaço se a sua função não o exige, ou ter um espaço muito reduzido em relação ao seu uso.
2.7 Arestas e cantos
Como a articulação de uma forma em grande parte depende da maneira como suas superfícies se encontram nos cantos, esse encontro é crucial para a definição de clareza da forma, sua percepção pode ser afetada pela questão da luz, assim como pelo ponto de vista.
Quando dois cantos apenas se tocam, como nas esquinas, sua volumetria é ressaltada. Se houver uma abertura em um dos cantos, parecerá que eles estão desviando um do outro. Quando nenhum dos cantos se prolonga até seu encontro, é criado um espaço entre eles para o substituir, o que degrada a forma, já que permite que os limites sejam ultrapassados.
Arredondar os cantos traz a continuidade e suaviza a forma, sempre levando em consideração o seu raio para que não seja nem insignificante nem deteriore a forma.
2.8 Superfícies articuladas
A percepção do ser humano em relação a um plano é diretamente influenciada pelas propriedades de sua superfície, onde a cor pode destacar ou não o seu formato em relação ao campo visual. A cor também afeta a questão de escala e absorção de luz de um plano, assim como as texturas.
Para se ter uma vista real do formato do plano, é necessário observá-lo de frente, pois vistas oblíquas distorcem seu real formato.
Na questão da escala, ter um objeto de tamanho conhecido inserido no plano auxilia na relação com o real. De acordo com Ching (2002, p.87): “a cor, a textura e o padrão das superfícies articulam a existência dos planos e influenciam o peso visual da forma.”
Quando falamos em peso visual de uma forma, estamos nos referindo ao impacto visual que essa forma causa, como ela se enquadra em relação ao seu entorno, quanto maior o peso visual, mais impactante será a edificação, mais ela estará em destaque em relação ao seu entorno. A escala exerce grande influência nesta composição. Portanto, é muito importante e ater a essa questão, pois nem sempre é a intenção pretendida.
Figura 2 - Congresso Nacional – BrasiliaFonte: Diego Grandi, shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Na imagem temos o Congresso Nacional em Brasília. Um lago à frente, com duas edificações verticais ao centro e em cada um dos lados uma meia esfera. Do lado direto da imagem, a meia esfera está voltada para cima, e do lado esquerdo está voltada para baixo.
 
2.9 Forma aplicada à arquitetura
Na arquitetura, até se chegar à concepção final de um projeto é um longo processo. Saber entender e interpretar a questão da forma e a função entre outros elementos é muito importante, pois traz confiança, conhecimento e forma um profissional de alto gabarito.
A forma não se define somente por figuras geométricas, porém entender de geometria é primordial, pois na arquitetura ela é muito mais que isso, é o que confere a impressão que a edificação irá passar, a intenção do arquiteto ao projetar de determinada maneira. O profissional pode utilizar diversas técnicas, formas regulares, irregulares, transformado uma forma em outra por subtração, por exemplo, ou por adição. Assim se conferem elementos diferentes ao espaço arquitetônico.
Ao fazer as transformações da forma, o arquiteto cria novas formas que vão construindo o contexto de seu entorno. Sendo assim, cabe ao arquiteto, através de seu conhecimento e de sua criatividade, buscar formas que resolvam e atendam às necessidades de um povo, uma época ou um estilo. Para isso, o profissional precisa saber interpretar para criar.
Por que é importante sabermos essas definições de forma? Se são regulares ou não, sólidos primários, entre outros conceitos citados... Isso é relevante dentro da arquitetura partindo do princípio de que sem forma não se faz arquitetura. O arquiteto deve usar todo conhecimento possível para se guiarna hora de projetar, para que a forma não limite à sua criatividade, e sim some a ela, conseguindo definir com maior clareza os seus projetos.
Importa saber exatamente a sensação que se quer passar com a obra, pois arquitetura não é somente a construção de uma edificação, ela vai muito além disso. Arquitetura é um estado de espirito, envolve sensações ligadas ao emocional que podem remeter tanto a coisas boas quanto ruins. Quando entramos em um edifício no qual o plano teto é muito alto, temos a sensação de inferioridade diante mesmo. Por outro lado, se o teto é muito baixo, a sensação é de achatamento. Assim como as calçadas podem indicar uma direção, também podem trazer a sensação de movimento. Tudo depende do que se quer transmitir com essa construção, seja um cômodo interno de uma residência ou um ambiente comercial.
Figura 3 - Taj Mahal – ÍndiaFonte: Yury Taranik, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem temos um espelho d’água com vegetação horizontal em suas laterais criando um caminho até o monumento Taj Mahal.
3 Conceito de Espaço
Espaço é o volume da forma ou o vazio existente entre as formas. É a realidade onde se concretiza a arquitetura, caracterizando-se como o principal meio para a arquitetura. Sem compreendê-lo em sua essência, não se faz arquitetura. É importante conhecer os elementos que definem e delimitam os espaços, implicando na qualidade do trabalho.
3.1 Elementos que definem o espaço
Estes elementos são planos que podem ser horizontais ou verticais, isto referente a forma, onde a variação em sua configuração altera o campo visual, gerando tipos específicos de espaço.
Elementos horizontais
Os planos horizontais se compreendem em plano de base (rebaixada ou elevada) e plano superior. Sendo o plano de base um plano horizontal que se situa como uma figura sobre um fundo contrastante definindo um campo de espaço simples, segundo Ching (2002) esse campo pode ser reforçado das seguintes maneiras:
· PLANO DE BASE ELEVADO: é um plano horizontal elevado acima do plano de solo com superfícies verticais que reforçam a separação entre o seu campo e o do solo circundante. Implica mudanças de nível que definem os limites de seu campo e interrompem o fluxo de espaço pela sua superfície. Dependendo da escala dessa mudança de nível, pode ter continuidade visual e espacial mantida; continuidade visual mantida e espacial interrompida; ou, ainda, ter ambas interrompidas. O plano elevado pode ser natural, quando o terreno em si já o possui, ou ser construído – utilizado comumente em edificações de templos a fim de enaltecer a construção.
· PLANO DE BASE REBAIXADO: é um plano horizontal onde o solo circundante representa uma depressão utilizando as superfícies verticais rebaixadas para a definição do volume do espaço. Assim como no plano de base elevado, a escala dessa mudança de nível interfere na continuidade visual do espaço ao seu redor.
· PLANO SUPERIOR: é um plano horizontal situado acima do nível da cabeça, determinando um volume de espaço entre ele e o plano de solo. De acordo com seu tamanho, formato e altura que está em relação ao plano de solo, será determinada sua qualidade formal no espaço. Quando apoiado sobre pilares ou colunas, ajudam a organizar visualmente as divisas do espaço sem impedimento do fluxo.
Podendo permanecer como parte integrante do mesmo, caso haja uma interrupção no plano de solo ou caso a escavação tenha sua profundidade aumentada, o plano rebaixado terá sua relação visual diminuída, o que o torna um volume distinto no espaço que traz privacidade, intimidade. Isso ocorre, por exemplo, em ambientes internos amplos que têm uma porção de seu espaço rebaixado. Outros exemplos na arquitetura são as praças, os anfiteatros e as arenas.
Subdividido em plano de cobertura e plano de teto (conceituados anteriormente). O primeiro complementa e protege a construção, além de ser responsável por moldar os espaços de uma edificação, tendo a sua forma determinada pelo material, pela geometria ou pela sua carga estrutural. Já o plano de teto pode refletir a forma do sistema estrutural pelo qual está apoiado, do piso superior ou do plano de cobertura. Visualmente ativo no espaço quando separado dos demais planos, visto que não possui as funções de proteção ou de suportar e transferir grandes cargas como o plano de cobertura.
Arquitetonicamente falando, o plano de teto pode separar ambientes dentro de espaços internos, sendo elevado ou rebaixado afim de mudar a escala do local, abranger abertura que permite a entrada de luz ou iluminação zenital. Dependendo da maneira que um material é aplicado em sua superfície, o plano de teto pode criar movimento que induz à circulação.
Figura 4 - Representação de um plano elevado na arquiteturaFonte: Fotohunter, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem temos uma longa escadaria e no topo uma edificação. Trata-se do Salão da Harmonia Suprema em Pequim, na China.
Elementos verticais
Os elementos verticais são mais eficientes quando falamos em definição de um volume isolado no espaço, isso porque a sua presença nele é maior em comparação aos planos horizontais. Essa colocação é facilmente percebida quando, por exemplo, comparamos uma cobertura com uma coluna, onde visualmente a segunda é notada com maior facilidade. Têm como função, por exemplo, separar um espaço do outro estabelecendo limites comuns entro o interno e o externo. Podem ser formados por um plano único, um plano em L, um pano paralelo, plano em U ou plano fechado.
1. Plano único se configura por um único plano vertical que se articula para frente no espaço, logo, possui características frontais, como as fachadas dos edifícios, os pórticos de passagem ou articulando espaços dentro de um maior que ele.
2. Planos em L são aqueles criados quando há o encontro de dois cantos ao longo de um eixo diagonal. Por serem abertos, conseguem ser utilizados de diversas formas e em diferentes configurações dentro do espaço. Remetem, arquitetonicamente falando a abrigos e delimitações de espaço
3. Planos paralelos são formados por dois planos verticais em paralelo, definindo um campo entre si. O espaço entre eles é naturalmente expansivo, visto que não há encontro entre os planos. Na arquitetura, estão ligados a espaços que remetam a movimento, direção e circulação, como por exemplo as ruas, avenidas, alamedas e bulevares. Dentro das edificações, compreendem os corredores e as galerias.
4. Plano em U existe quando há encontro de três planos unidos por suas arestas, possuindo uma extremidade aberta que lhe permite visão do campo exterior a ele. Dentro da arquitetura, pode formar uma entrada recuada de um edifício ou servir de receptáculo para um elemento que possua maior importância na construção. Sua escala sofre diferentes variações, podendo se tratar desde um nicho na parede, passando por cômodos de uma residência até um complexo de edificações.
5. Plano fechado (plano de fechamento ou quatro planos) acontece quando se juntam quatro planos verticais que delimitam o espaço que, devido à sua configuração, é de natureza reservada. Com certeza é o plano mais utilizado na arquitetura, desde seu uso histórico para formar o campo visual e espacial de edificações sagrada, como os monastérios e santuários, até as grandes praças presentes em centros urbanos de todas as épocas. Também é extremamente comum em ambientes internos, principalmente em recintos reservados, como quartos, banheiros e na organização dos prédios no ambiente urbano.
3.2 Aberturas
Após entendermos os elementos que definem o espaço e como se apresentam na natureza, é importante aprender sobre as aberturas que podem existir nesses elementos, sendo elas as portas e as janelas, responsáveis por permitir o acesso aos recintos, assim como o fluxo dentro deles, visto que uma sequência interminável de portas atrapalha o fluxo de passagem em corredor, por exemplo. As aberturas permitem a entrada de luz e a ventilação natural através das janelas, além de permitir uma vista do lado de fora do recinto, criando um elo de ligaçãono campo visual.
As aberturas podem estar dentro dos planos, em seus cantos ou entre eles, sendo cada uma delas aplicada a fim de se obter um resultado, uma sensação.
· Aberturas dentro dos planos: totalmente inseridas dentro de outro plano, podendo possuir o mesmo formato que ele, criando uma unidade, um padrão; ou ser diferente, destacando a sua individualidade. Pode se tratar apenas de uma abertura ou uma reunião de aberturas dispostas de maneira organizada ou de modo aleatório, criando movimento.
· Aberturas em cantos: localizam-se em um canto do espaço e serve para iluminá-lo de maneira perpendicular.
· Abertura entre planos: são aquelas que se estendem do piso ao teto no sentido vertical através de um plano de parede no sentido horizontal, ou ainda como claraboias que permitem a entrada de luz através do teto.
3.3 Aplicação na arquitetura
Espaço é o vazio entre as formas. De uma maneira mais compreensível dentro da arquitetura, seria o que tem sido modificado pelo homem ao longo da história, com significados próprios ligados à cultura, à psicologia e aos sentimentos dos povos que o ocupam. Conforme Ching (2002, p.92): “à medida que o espaço começa a ser capturado, encerrado, moldado e organizado pelos elementos da massa, a arquitetura começa a existir.”
Esse conceito confere propósito a uma edificação, que acomoda dentro dela diversas funções que cabem ao arquiteto atribuir respeitando o programa de necessidades. Algumas variáveis são manipuláveis pelos arquitetos, podendo facilitar este processo, como por exemplo a questão do tamanho, que pode ser alterado tanto para mais quanto para menos; sua organização, delimitando os acessos, podendo ser comuns ou restritos dependendo do uso; e a utilização de materiais, iluminação e temperatura, determinando a maneira como será percebido no campo visual em que estiver inserido.
As colunas, os pilares e os pilotis, elementos verticais, dependendo da forma como são dispostos podem, por exemplo, oferecer ao espaço uma continuidade tanto visual quanto espacial, criando ritmo e dando movimento à fachada de um edifício.
A obra arquitetônica primeiramente ocupa o âmbito do intelecto. O arquiteto vai imaginar e criar mentalmente o espaço para somente depois passar essa ideia para o papel. Nem sempre sua ideia será executada, e quando for pode ter sido alterada milhares de vezes por diversos motivos, como adequação ao clima, região, topografia, questões ambientais de custo etc. Por isso tamanha importância em conhecer o conceito e as variantes de espaço.
Sendo assim, compreender todos os conceitos que envolvem o espaço é primordial, assim como os elementos que o compõem para que, a partir daí, o arquiteto possa partir para a parte prática de concepção do projeto.
Figura 5 - Representação de elementos verticais organizados de maneira linearFonte: Luciano Mortula, shutterstock, 2020.
4 Qualidade do espaço na arquitetura 
A qualidade do espaço na arquitetura vai muito além do que os diagramas são capazes de retratar, onde o tamanho, o formato e a localização das aberturas influenciam diretamente as qualidades como delimitação do espaço, luz, e vista dentro de um ambiente. Saber manipular essas qualidades dentro do espaço é essencial para oferecer harmonia, equilíbrio de cores, texturas e matérias de luz e sombra dentro dos ambientes. Cada uma guia o arquiteto para a concepção do seu projeto.
No grau de delimitação do espaço, as aberturas podem estar situadas totalmente dentro do plano delimitado do espaço, mantendo a forma deste inalterada; podem estar ao longo das arestas do plano de delimitação, deixando a forma do espaço mais escura, mas mantendo a continuidade visual; ou podem estar situadas entre os planos, fazendo com que ele se isole e proporcione individualidade.
Temos na natureza a maior fonte de luz natural que é o sol. Sua irradiação determina e, portanto, está diretamente ligada às horas do dia, às estações do ano e à localização no globo terrestre. Sabendo disso, é possível optar pelo uso de janelas e claraboias para mediar a quantidade de luz solar que se deseja dentro de um ambiente, levando em consideração o tamanho da abertura e a sua orientação. Enquanto as aberturas são responsáveis pela quantidade de luz que adentra no recinto, a cor e a textura das superfícies afetam a reflexão.
Outro ponto importante dentro da qualidade do espaço é a vista, a paisagem que será enxergada pelo usuário através da abertura. Pequenas aberturas permitem ver a paisagem como se tivesse moldura; por outro lado, quando são maiores temos a sensação de amplitude para fora, como se o ambiente se estendesse para além de suas paredes.
4.1 Organização dos espaços
Raramente uma forma cria um espaço isolado. Na arquitetura, os mais comuns e aplicados são os espaços compostos por um determinado número de edificações organizadas de maneira coerente entre forma e espaço. Os principais esquemas de combinação desses elementos são os espaços dentro dos espaços, os intersecionais, os adjacentes e os ligados por um espaço em comum.
· Espaço dentro de espaço é quando um maior contém um menor em seu interior. É importante ter uma diferença de tamanho, pois caso o espaço menor cresça muito em relação ao maior, este perde a sua forma de espaço envolvente. A forma que abrangem esses espaços pode ser igual com orientação diferente, a fim de chamar mais atenção; ou eles podem possuir formas divergentes para enfatizar um volume livre que pode ter funções diferentes de espaço.
· Espaços interseccionados acontecem quando se faz a superposição de dois espaços e há o surgimento de uma área em comum. Podem esses espaços se fundirem um ao outro ou criar um novo espaço que sirva de ligação entre os espaços originais.
· Nos espaços adjacentes, cada espaço é bem definido, tendo sua própria função e simbologia, sua própria continuidade visual diretamente ligada ao plano que pode tanto uni-los quanto separá-los.
· Espaços ligados por um espaço em comum são aqueles conectados por um terceiro elemento que os une. Podem ser de igual tamanho e formato, criando um espaço linear por exemplo, ou ter o elemento de ligação com formato e tamanho diferentes a fim de criar sequências diferentes.
A maneira como os espaços são organizados na arquitetura revela a sua importância dentro das edificações. Para saber ao certo qual a melhor forma de organizá-los, é importante levar em consideração as exigências de cada espaço: se o mais importante é a função ou a forma; se serão flexíveis; sua exposição ao lado externo para ventilação, iluminação e vista; privacidade; acessibilidade; significado etc. Para isso, são divididos em organizações centralizadas, lineares, radiais, aglomeradas ou em malhas, onde cada uma traz ao edifício um significado ligado à maneira como está organizado no espaço.
Uma organização centralizada está diretamente relacionada ao centro, este tipo de edificação é dominante em relação ao seu entorno. As lineares são uma sequência repetida de espaços em linha que possuem tamanho, forma e função parecidas. A radial é em raio, a partir de um centro do qual partem organizações lineares. As aglomeradas são espaços que se agrupam pela função ou proximidade e trazem flexibilidade. Por fim, a organização em malha que é aquela em que os espaços são organizados a partir de uma malha estrutural, como por exemplo as vigas e as colunas.
5 Ordem
Os princípios de ordem dentro da arquitetura não são somente as formas geométricas; são, para além disso, os recursos visuais que possibilitam, de forma organizada, única e harmoniosa, a percepção de formas e espaços. De acordo com Ching (2002, p.320): “ordem sem diversidade pode resultar em monotonia e enfado; diversidade sem ordem pode produzir caos. Um sentido de unidade com variedade é o ideal.”
As palavras de Ching (2002) nos induzem à conclusão de que a ordem em que o espaço conduz as formas é de grande importância, pois de nada adianta ter a forma perfeita no espaço ideal se não souber ordená-lo. Assim, pode-se perder toda a intenção pretendida pelo simplesfato de não fazer valer o princípio correto de ordem para determinada edificação.
5.1. Princípios
Os princípios de ordem que auxiliam na organização espacial das formas são o eixo, a simetria, o ritmo, o dado, a hierarquia e, por fim, porém não menos importante, a transformação. A partir de seu estudo e aplicação, o arquiteto consegue imprimir ao espaço o que desejou em projeto.
· O eixo é primordial na organização de formas e espaços. É um recurso poderoso, dominante e regulador, mesmo que exista somente em nossas mentes. Para que mentalmente exista, é necessária uma forma ou um espaço em ambos os lados da linha imaginária traçada entre dois pontos, ladeada por formas regulares.
· A simetria está diretamente ligada à existência de um eixo. Chamamos de simétrico um espaço quando temos elementos semelhantes dos dois lados da linha imaginária traçada em seu eixo, podendo ser bilateral ou radial.
· A hierarquia reflete o grau de importância das formas e dos espaços a partir de um tamanho extremamente maior, um formato único ou uma localização privilegiada.
· O dado é um referencial para outros elementos, podendo ser um plano ou um volume. É através dele que plano e volume se reúnem afim de organizar os espaços.
· O ritmo pode ser o movimento de nossos olhos ou corpos através de espaços que trazem a repetição padronizada de elementos, seja esse padrão encontrado em sua forma, tamanho ou características em comum.
· A transformação é o princípio de que elementos podem ser alterados sem prejuízo de sua identidade, e sim para agregar. Pode-se transformar uma forma em outra a partir de um protótipo para que atenda às necessidades especificas de um projeto.
Conforme exposto, a ordem dentro da arquitetura é complexa e de grande valia. A partir da ordem podemos transformar elementos agregando valor à sua forma original, impor ritmo a uma edificação, usar elementos idênticos ao longo de um eixo, entre outras situações.
O estudo da ordem nos mostra que esta, junto com a forma e o espaço, complementa e faz a arquitetura existir. Alguns exemplos de princípios da ordem na arquitetura são os eixos monumentais em grandes cidades, onde uma forma é ligada a outra de menor ou igual importância no espaço através de uma linha imaginária, o eixo, podendo em sua extensão ter elementos simétricos ou não.
Ao colocarmos lado a lado uma série de colunas de forma ordenada, criamos o ritmo, dando a sensação de movimento ao se percorrer um caminho ladeado por elementos verticais definidores de espaço. Como exemplo, temos a entrada da Igreja de Notre Dame, na França.
A simetria nos traz uma unidade visual quando traçamos uma linha imaginária em seu eixo e, de ambos os lados, temos as mesmas formas e tamanhos; recurso bastante utilizado na arquitetura de interiores, mais especificamente em designer de mobiliário.
Todos esses princípios auxiliam na composição arquitetônica de um espaço tanto externo quanto interno, propiciando uma arquitetura de qualidade não somente pela aplicação de conceitos, mas também oferecendo à construção um viés subjetivo com a oportunidade de desfrutar outras sensações. 
FIQUE DE OLHO: Como vimos, a arquitetura vai além de meras formas geométricas dispostas no espaço visual; ela compreende também o lado subjetivo do ser humano, transmitindo sensações e sentimentos através de suas formas. Para entender melhor a subjetividade das formas, recomendamos a leitura do livro Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma, de João Gomes Filho.
2 UNIDADE
ESPAÇO E FORMA
1 Movimento
Todo estudo possui um contexto apropriado, com um panorama de elementos, sistemas e organizações básicos que compõem uma obra de arquitetura ou um desenho artístico. Estes componentes podem ser percebidos e experimentados. Entretanto, nem todos são imediatamente perceptíveis, enquanto outros se mostram mais obscuros ao nosso intelecto e sentidos. Conforme Ching (2013), alguns talvez sejam dominantes, enquanto outros desempenham um papel secundário na organização de uma edificação. Alguns talvez traduzam imagens e significados, enquanto outros servem como qualificadores ou modificadores dessas mensagens.
Falaremos adiante sobre como os elementos e sistemas devem estar relacionados entre si para formarem um todo integrado com uma estrutura unificadora ou coerente. Novamente conforme Ching (2013), a ordem da arquitetura é criada quando a organização das partes torna visível o seu relacionamento com cada uma delas e com a estrutura como um todo. Quando essas relações são percebidas como reforçando e contribuindo mutuamente para a natureza singular do todo, temos a existência de uma ordem conceitual – uma ordem que pode, inclusive, ser mais duradoura que as visões perceptivas transitórias.
2 Formas que traduzem movimento
Apresentaremos aqui os elementos primários na busca de formas que traduzam o movimento de maneira que, unidas desde o ponto até uma reta unidimensional e de um plano até um volume tridimensional (CHING, 2013, p.16) possam representar elementos visuais. Conforme demonstrado na Figura 1, quando juntamos elementos no espaço tridimensional, seja um ponto, uma reta ou um plano, somos capazes de perceber sua estrutura e até mesmo a presença dos elementos primários. 
Quando buscamos nos comunicar por meio da linguagem gráfica com outras pessoas, precisamos representar e ilustrar graficamente tudo aquilo que “objetivamos” que o leitor perceba. Para isso, utilizamos as formas, sejam elas primárias ou secundárias, como um meio de representação que permite compreender movimento e os elementos em projetos de interiores.
Figura 1 - Uso de elementos primários para criar formasFonte: CHING, 2013, p. 2 (Adaptado).
#PraCegoVer: Na imagem temos as formas primárias representadas por um ponto, seguido de retas que se transformam em planos e volumes.
Ching (2013) afirma que os principais geradores da forma são os seguintes elementos: o ponto, a reta, o plano e o volume. O ponto é apenas um ponto, a reta possui uma dimensão, o plano possui duas dimensões e o volume possui três dimensões. 
Observe o Quadro 1:
Quadro 1 - Formas criadas a partir de elementos primáriosFonte: CHING, 2013, p. 17 (Adaptado).
#PraCegoVer: O quadro apresenta três colunas. Na primeira, estão escritos os nomes dos conceitos: ponto, reta, plano e volume. A segunda coluna contém a descrição de cada elemento, e na terceira coluna há uma representação gráfica de cada um.
FIQUE DE OLHO: Alguns autores exploram muito o uso das formas em seus livros, como por exemplo os arquitetos Francis D. K. Ching e Gildo Montenegro, ambos com diversos livros publicados sobre representação gráfica e projetos de arquitetura. Essas obras são excelentes referências para você iniciar seu projeto de desenho e qualificar suas técnicas de representação.
Nesse contexto, antes de iniciarmos nosso estudo mais aprofundado sobre as formas que traduzem o movimento, conheceremos os elementos básicos citados no Quadro 1 e que são ensinados por Ching (2013) em seu livro Arquitetura: forma, espaço e ordem.
2.1 Ponto
O ponto marca uma posição no espaço. Não possui comprimento, largura e tampouco profundidade, portanto é estático, centralizado e sem direção. Serve para marcar duas extremidades de uma reta, a interseção de duas retas, o encontro de duas retas na quinta de um plano ou volume e o centro de um campo. 
Embora não tenha forma, começa a ser percebido dentro de um campo visual. Um ponto pode ser projetado verticalmente em uma forma linear, como uma coluna, um obelisco ou uma torre. Esses elementos visto em planta é um ponto, portanto, mantém a característica visual de um ponto.
Dois pontos: descrevem uma linha que se une. Conferem à reta um comprimento finito ou uma trajetória que pode ser mais longa. Dois pontos estabelecidos no espaço por colunas ou formas centralizadas podem definir um eixo, um recurso ordenador utilizado na história da arquitetura para organizar as formas e os espaços edificados. Em planta, podem representar um portal, um local de passagemde um lugar para outro. Se forem estendidos verticalmente, definem um plano de entrada e um acesso perpendicular a ele.
2.2 Reta
Uma reta é um ponto estendido. Possui comprimento, mas não possui largura ou profundidade. Enquanto um ponto é estático, uma reta é um ponto em movimento, expressando visualmente direção, movimento e crescimento. É o elemento essencial na formação de qualquer construção visual. Pode servir para unir, sustentar, descrever arestas de planos ou dar formato a elas. Ainda, para destacar a superfície dos planos. 
Embora tenha apenas uma dimensão, precisa possuir alguma espessura para se tornar visível. Mesmo uma simples repetição de elementos de mesma natureza ou semelhantes, pode ser considerada uma reta. A orientação de uma reta, afeta sua função em uma construção visual, enquanto pode ser estado de equilíbrio com a forca da gravidade, simbolizar a condição humana, se for vertical, uma reta horizontal pode representar estabilidade, o horizonte, um corpo em repouso.
Podemos observar na arquitetura, elementos retilíneos como colunas, obeliscos e torres. Estes elementos podem definir ainda, um volume transparente no espaço. Considere a Mesquita de Selim, na Turquia. Elementos retilíneos verticais também podem desempenhar funções estruturais, como é o caso do Pórtico das Cariátides, no Partenon de Atenas (421-405 a.C.); a Ponte Salginatobel, na Suíça (1929-1930); ou a Vila Imperial de Katsura, no Japão (século VXII).
Uma reta pode ainda ser um elemento de arquitetura sugerido, como é o caso dos eixos reguladores de muitos desenhos urbanos, em que uma reta é estabelecida por dois pontos no espaço, distantes em relação ao modo como estão distribuídos. É o caso da Villa Aldobrandini, na Itália (1598-1903). Edificações também podem ter formas lineares, como é o caso do Alojamento dos Graduandos da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos (1974). Edificações lineares têm a vantagem de se adaptarem mais facilmente às condições topográficas de um terreno. As retas podem ainda ser uma malha estrutural, elementos retilíneos de uma fachada e a representação de pilares e vigas. Temos como exemplos o Edifício Seagram, em Nova York (1956-1958); a Crown Hall, Escola de Arquitetura e Desenho Urbano de Chicago (1956) e a Prefeitura de Säynätsalo, na Finlândia (1950-1952).
Elementos retilíneos definindo planos: a união de duas retas paralelas tem a capacidade de descrever visualmente um plano. Uma série de retas paralelas, repetidas, reforça nossa percepção do plano. Uma série de colunatas que sustentam uma parede acabam por si formando um plano. Observe, por exemplo, o Altes Museum, em Berlim (1823-1830) ou a Basílica Palladiana, em Vicenza (1546). Ambos são uma fileira de colunas que sustentam um entablamento. O uso de muitos elementos retilíneos define planos. Elementos retilíneos de treliças e pérgulas podem ajudar a proteger espaços externos, enquanto elementos retilíneos verticais e horizontais podem, juntos, definir um volume de espaço.
2.3 Plano
Uma reta estendida em uma direção que não seja a sua direção intrínseca se torna um plano. Um plano possui comprimento e largura, mas não tem profundidade. Para que possamos ver um plano no seu formato verdadeiro, devemos vê-lo de frente. As propriedades complementares de um plano (cor, padrão e textura superficiais) afetam seu peso e sua estabilidade visual. O plano pode definir limites ou fronteiras de um volume, por isso é um elemento chave no projeto de arquitetura. 
Na arquitetura, temos os planos de cobertura, plano de paredes e plano base. Quando os planos se unem, temos a tridimensionalidade de um espaço com características que o delimitam. O plano do solo sustenta todas as ordens da arquitetura, pois é o plano do solo, de caráter topográfico, onde toda forma de edificação se ergue sobre ele. Exemplos interessantes sobre planos de solo podem ser o Templo Mortuário da Rainha Hatshepsut, no Egito (1511-1480 a.C.) ou a antiga cidade inca de Machu Picchu (1500 d.C.).
2.4 Volume
Um plano que é deslocado em uma direção que não é sua direção intrínseca se torna um volume. O volume possui largura, comprimento e profundidade, ou seja, as três dimensões. Se analisarmos um volume, podemos encontrar todos os conceitos vistos até o momento. A forma é a principal característica de um volume. Ela é estabelecida pelos planos, que descrevem limites do volume. Um volume tridimensional pode ser sólido (cheio) ou vazio. 
Na arquitetura, os volumes podem ser considerados como uma porção de espaço contido e definido em planos de paredes, piso, teto ou cobertura, ou como uma quantidade de espaço ocupado pela massa de uma edificação. 
Agora que já conhecemos os principais elementos que traduzem a forma, veremos a seguir o conceito de Forma enquanto tradutor de movimento. Perceba que direcionamos nossos estudos às figuras simples, primárias, geométricas e trouxemos exemplos mais complexos de formas arquitetônicas. Procure ampliar seus estudos e observar nos projetos como os conceitos estudados se aplicam. 
3 Forma
Anteriormente analisamos os principais elementos utilizados em uma composição, iniciando pelos elementos primários explicados por Ching. Agora estudaremos a Forma enquanto termo abrangente que possui diversos significados e um contexto de formato, tamanho, textura e cor. 
Quando pensamos em forma, podemos relacionar ao formato de algo conhecido, como uma pessoa humana, um copo ou mesmo uma edificação, certo? Nas artes e nos projetos, utilizamos esse termo para referir a estrutura formal de um trabalho, ou seja, a maneira como estão dispostos elementos e partes de uma composição de modo a produzir uma imagem coerente e identificável (CHING, 2013). O arquiteto citado afirma que a forma pode ser uma estrutura interna ou um perfil externo que confere unidade a um todo. É uma ideia de massa ou volume tridimensional, a configuração e disposição das linhas, dos contornos e assim por diante. A forma pode, ainda, apresentar um contorno (formato), um tamanho (dimensão física), uma cor (fenômeno de luz e percepção visual) e uma textura (qualidade visual). As formas, podem possuir propriedades que determinam o padrão e a composição dos elementos. Observe esse fenômeno no Quadro 2.
Quadro 2 - Propriedades que determinam o padrão e a composição dos elementosFonte: CHING, 2013, p. 35 (Adaptado)
#PraCegoVer: O quadro apresenta três colunas. Na primeira, estão escritos os nomes dos conceitos: posição, orientação e inércia visual. A segunda coluna contém a descrição de cada elemento, e na terceira coluna há uma representação gráfica de cada um.
Essas propriedades descritas nada mais são do que as condições sobre as quais olhamos e que, aparentemente, traduzem o movimento das formas. Elas variam conforme a nossa perspectiva ou ângulo de visão, a distância que estamos de um objeto, as condições de iluminação que permitem maior ou menor clareza em relação ao objeto ou o campo visual que circunda nossa capacidade de ver e de identificar os elementos de composição.
Primeiramente percebemos as figuras simples, e posteriormente os demais formatos da imagem. Veja no Quadro 3 as formas consideradas regulares e as consideradas irregulares dentro do processo de formação de formas:
Quadro 3 - Formas regulares e formas irregularesFonte: CHING, 2013, p. 48 (Adaptado).
#PraCegoVer: O quadro apresenta duas colunas. A da direita contém representações gráficas que exemplificam as explicações da coluna da esquerda, que descreve: formas regulares; regulares transformadas dimensionalmente; formas irregulares e, por último, formas irregulares contidas em uma forma regular (ou o contrário).
Perceba que as formas ainda podem ser compreendidas como transformações dos sólidos primários, variações geradas pela manipulação de uma ou mais dimensões ou pela adição e subtração de elementos. Essa transformação da forma, gerando movimento e dinâmica aos sólidos, é muito comum na arquitetura, pois possibilita a transformação da arquitetura de simples elementos primários para composiçõesespaciais dinâmicas. Assim, é importante ter conhecimento sobre as transformações da forma, de maneira a perceber como formas simples e de geometrias básicas transformam e movimentam a percepção do desenho. 
No próximo tópico, abordaremos a forma representada por meio de valores tonais a importância das hachuras para gerar solidez e ilusão de sombreamento ou presença da luz em formas geométricas. Esses conhecimentos poderão ser aplicados em formas simples ou complexas, permitindo a movimentação da forma e a percepção de elementos que a Arquitetura busca representar.
4 Texturas
Texturas podem ser descritas como a utilização das superfícies das formas em busca de tratamento. Na representação gráfica de formas simples, a utilização de tonalidades gráficas nos permite melhorar a comunicação. Por meio do uso de cores e texturas, podemos estabelecer a ordem das imagens visando ampliar a nossa percepção da espacialidade do desenho enquanto nos deslocamos no espaço projetado. 
A forma como percebemos a tridimensionalidade de um espaço projetado depende muito de como os raios solares (ou seja, a luz) incide sobre este espaço. É pela representação da luz que podemos perceber a escultura e a forma daquilo que queremos comunicar ao leitor. O objetivo deste tópico é mostrar a você, aluno, os princípios fundamentais que regem a composição das formas e linhas que auxiliam a transmitir a impressão de textura nos objetos. 
Embora nos projetos de arquitetura a representação tonal seja com o uso de linhas, ela nos permite representar as características de luz, de texturas diversas, de volumes que não podem ser descritos pela representação habitual. A seguir, apresentaremos as informações necessárias para lhe auxiliar nesse processo de aprimoramento dos desenhos tridimensionais com valorização tonal.
4.1 Valores tonais e a ordem da geometria
É por meio dos sombreamentos, texturas ou hachuras que podemos identificar formas e imagens para que nossa visão seja estimulada por padrões de intensidade de luz e cor e, assim, possa formar a imagem mental do projeto. Embora um projeto não utilize efetivamente o uso de cores, com uma simples lapiseira ou um lápis podemos simular a presença da luz nas formas geométricas. 
Com a identificação da presença de luz, podemos perceber mentalmente tons claros ou tons escuros e, assim, identificar características específicas de um objeto: os contornos da edificação, tamanhos e profundidades de elementos, tonalidades e arestas. Quando olhamos para uma edificação, por exemplo, percebemos que ela possui saliências, entrâncias, elementos mais próximos ou mais distantes. Assim, quando buscamos representar essa imagem vista pelo olho na forma gráfica, precisamos representar no desenho as tonalidades, linhas e contornos da forma mais realista possível. Aos olhos do leitor ou observador, essa imagem deve ser formada mentalmente, além de gerar a correta representatividade de volumes, objetos ou contrastes observáveis. (CHING, 2011). 
Podemos utilizar materiais simples para a representatividade tonal em projetos de arquitetura. Os materiais mais utilizados por arquitetos são canetas nanquins e lápis com espessuras maiores, como os lápis 6B. Com o uso destes materiais, o desenhista consegue sombrear superfícies, desenvolvendo hachuras paralelas, hachuras cruzadas e hachuras com movimentos circulares ou pontilhadas. Independentemente de como será hachurado, haverá tonalidades diferentes, valores e superfícies sombreadas também diferentes. 
No desenho artístico, as hachuras são muito utilizadas. Chamamos de “hachura” a técnica artística de criar efeitos de sombras, efeitos tonais a partir do desenho de linhas, sejam elas paralelas ou cruzadas. O conceito principal é a quantidade de linhas utilizadas, a espessura do traço e o espaçamento entre as linhas – isso determina o sombreamento do projeto, ou da imagem, enfatizando a sua forma e gerando uma ilusão volumétrica, presença de cor ou o efeito da luz sobre o objeto dando a noção de tonalidade. 
Um tom é expresso pelas áreas que são iluminadas e sombreadas sobre a superfície do desenho. É muito importante observar que o espaçamento entre as linhas é fundamental. Quanto mais próximas as linhas, mais teremos a noção de ausência de luz, enquanto linhas mais distantes representam menos cor e parecem áreas mais iluminadas. Os valores de tons também dependem de como são justapostos, incluindo texturas, granulações e direcionamento da aplicação da hachura.
As composições podem ser desenvolvidas em programas gráficos. Ferramentas CAD podem contribuir em composições de projetos, permitindo a representação gráfica de texturas e espaços com ferramentas rápidas e eficientes. Ainda assim, é recomendado observar diferentes imagens tridimensionais de projetos e perceber a diferença entre o desenho feito em ferramentas CAD e o manual. 
4.2 Representação de tonalidades com hachuras
Estudaremos agora as técnicas de sombreamento que podemos utilizar para representar os valores tonais. Segundo Ching (2011), todas essas técnicas exigem uma gradação crescente ou camadas sobrepostas de riscos ou pontos para que se possa representar o efeito visual desejado. Seja qual for a técnica de sombreamento utilizada, é importante estar alerta ao tom que se deseja representar e, ainda, é recomendado testar em desenhos diversos para aprimorar a técnica e a correta força aplicada no pulso. 
Ching, em seu livro Representação gráfica em Arquitetura (2011), expõe uma infinidade de ilustrações e apresenta quatro formas para criar valores tonais. O autor esclarece onde se pode aplicar diferentes tipos de hachuras, sejam elas paralelas ou cruzadas, pontilhadas ou cruzadas. A seguir, são apresentados os quatro meios de criação de valores tonais segundo o autor: 
Hachuras paralelas: São uma série de linhas relativamente paralelas. Os riscos podem ser de diferentes tamanhos, desenhados com o auxílio de equipamentos ou à mão livre. Nesse caso, para controlar a luminosidade são utilizadas apenas técnicas de espaçamento e densidade dos traços.
Hachuras cruzadas: Utilizam traços em diferentes direções para criar os valores tonais. Da mesma forma que a paralela, os traços podem ser longos ou curtos, à mão livre ou com réguas e em papeis ásperos ou macios. Na prática, é sugerida a combinação das duas técnicas.
Hachura com movimentos circulares: Conforme o próprio nome diz, essa técnica utiliza traços circulares em diferentes direções para criar a tonalidade da textura.
Pontilhismo ou pontilhado: Essa técnica é desenvolvida somente com pontos de diferentes tamanhos. Pode ser realizada com canetas de diferentes espessuras caso se queira representar diferentes valores de iluminação.
O uso da hachura proporciona um efeito visual de tridimensionalidade ao objeto, parecendo ser uma esfera. Entretanto, tenha cuidado para não perder o fundo branco do papel, pois cobrir inteiramente a superfície causa a perda de profundidade do desenho. No livro Representação gráfica em Arquitetura (2011), Ching expõe muitas informações sobre o desenho de arquitetura, principalmente com exemplos práticos e muito didáticos sobre o uso da luz e da sombra e como representá-los em projetos arquitetônicos. 
Na técnica de texturas por pontilhado é feito um sombreado com pontos muito pequenos e constantes. É preciso muita habilidade para controlar o tamanho e o espaçamento dos pontos. Para essa técnica, a sugestão é o uso de caneta nanquim com ponta fina e papeis macios. Usamos pontilhados para estabelecer os valores de luz e sombra em desenhos puramente tonais que não possuem linhas. A figura a ser recoberta é desenhada apenas com pontos de diferentes tamanhos e espessuras. Como não existem linhas para delimitar o contorno da forma, é a intensidade dos pontos que orienta a silhueta e os limites espaciais do desenho, podendo, assim, mostrar sua forma. Conforme mencionado, essa técnica exige muita habilidade e observação do projetista ou desenhista. 
É possível, ainda, representar muitas texturas de materiais construtivos oumateriais encontrados na natureza com a combinação de diferentes técnicas de hachuras. Você pode utilizar linhas paralelas e pontilhismo, por exemplo, para representar a textura de um concreto moldado, ou ainda, linhas paralelas em diferentes direções para representar a textura de um tijolo. As possibilidades são muitas e podem ser feitas de maneira a qualificar todos os tipos de projeto. 
Para utilizar a técnica de pontilhismo, é indicado primeiramente cobrir toda a área do desenho com pontos para uniformizar e demarcar onde serão feitos os traços mais fortes por meio de um tom mais leve. Depois, deve-se estabelecer o valor tonal de cada forma (é possível ir aumentando o número de pontos de maneira metódica até que os tons mais escuros sejam definidos e estabelecidos conforme o resultado que se pretende atingir).
FIQUE DE OLHO: Francis D. K. Ching (ou simplesmente Ching, como é conhecido) nasceu em 1943, cresceu no Havaí e é um importante autor de livros sobre temáticas gráficas na Arquitetura e no Design. Seus livros são influentes e amplamente utilizados em todas as áreas do Design. Ching é professor emérito da Universidade de Washington e atualmente faz parte do corpo docente da Universidade de Ohio, onde ensina técnicas de desenho. Todos os livros do autor são fundamentais no processo de amadurecimento dos alunos das áreas de design, arquitetura e engenharias, pois apresentam de forma muito diádica as principais técnicas construtivas, as formas gráficas de representação, um dicionário visual de arquitetura e muito mais!
Até aqui, abordamos as principais técnicas de hachuras em que se aplica valores de tonalidade, ou seja, de luz e sombra a diferentes tipos de desenho. Você aprendeu a desenvolvê-las com o uso de canetas nanquins ou de lápis e lapiseiras em figuras geométricas simples, bem como as principais diferenças entre elas para poder aplicar nos seus projetos de arquitetura. 
Nas próximas unidades, serão demonstradas essas técnicas de hachuras e diferenças tonais em projetos de arquitetura. Assim, você será capaz de aplicar as técnicas em cortes, vistas e perspectivas arquitetônicas. É recomendado exercitar inicialmente as técnicas de hachuras em figuras simples para aprimorar o seu desempenho.
3 UNIDADE
COR E INDIVÍDUO
1 Conceito de cor
O conceito de cor é muito amplo e diverge de autor para autor em alguns aspectos. Neste estudo, traremos o conceito genérico de cor, cores primárias, secundárias, terciárias e o disco cromático das cores. Também abordaremos sua aplicação dentro da arquitetura e as sensações que diferentes cores causam no ser humano.
A cor se trata da manifestação que a luz refletida ou absorvida sobre uma superfície transmite aos olhos. O espectro de luz visível pelo ser humano está compreendido entre 400 e 700 nanômetros. Estes são os estímulos eletromagnéticos que estão contidos na luz branca, que absorve, refrata, ou reflete os raios luminosos que incidem sobre ele. Quando falamos em “branco” estamos nos referindo à sobreposição de todas as cores, ou seja, quando o objeto reflete toda a luz que recebeu. Já o “preto” é a absorção total da luz, onde não há nada refletido. 
A cor não é algo que tenha existência física, e sim apenas uma sensação que se tem quando nossos olhos decodificam a luz. Pois cada objeto, quando atingido pela luz, absorve uma parte dela e reflete o restante. Assim, a parte que não é refletida de volta é captada e interpretada por nós como a cor do objeto em questão.
Figura 1 - Espectro eletromagnéticoFonte: Af Udaix, shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: Na imagem temos o espectro de eletromagnético onde está compreendido o que é visível ao ser humano de 400 a 700 nanômetros com olho, à direita, que “vê” as cores azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.
Dentro do estudo das cores, temos as suas propriedades que são a matiz, a saturação e o valor de luminosidade que fazem grande diferença dentro do entendimento do conceito de cor e da sua aplicação. Matiz é a cor pura e tem relação com a sua tonalidade, é a cor em si, sem a adição de preto ou branco. O valor de luminosidade se refere ao grau de luz ou brilho que a cor tem, sendo determinada pela proximidade com o branco ou o preto. Assim, é considerada de alto brilho quando está mais perto do branco e mais escura quando está mais próxima do preto. A saturação se refere à definição de quão “viva” a cor é. Quanto mais próxima do cinza, menos saturada, e quanto mais perto de seu matiz original, maior será a saturação.
1.1 Cores primárias, secundárias e terciárias
No estudo das cores, temos o chamado círculo cromático, que é dividido em cores primárias, secundárias e terciárias a fim de facilitar o estudo e a compreensão da cor. Com ele em mãos, abre-se um leque de possibilidades para a combinação e a intenção que se quer transmitir em um ambiente ou em uma obra de arte.
As cores primárias ou cores puras são aquelas que não podem ser obtidas através da mistura de outras cores, ou seja, é através da mistura delas que obtemos as demais cores. São cores primárias o amarelo, o vermelho e o azul. 
As cores secundárias são as obtidas através da mistura das cores primarias. O laranja é obtido quando misturamos amarelo e vermelho. O violeta é a mistura de vermelho e azul. E o verde é obtido pela mistura do azul com o amarelo.
Quando misturamos uma cor primária com uma cor secundária obtemos as cores terciárias. Vermelho com roxo resulta em uma cor semelhante ao vinho. Ao se misturar o vermelho com o laranja, surge o vermelho alaranjado. Amarelo com verde resulta no amarelo esverdeado e assim por diante.
1.2 Harmonização das cores
As cores, independentemente de serem utilizadas na arquitetura, nas artes plásticas, em computação gráfica etc., são sempre combinadas umas com as outras. Essa combinação é chamada de harmonização. Para que uma combinação seja harmoniosa, é necessário conhecer o círculo cromático e, a partir dele, criar a harmonia, ou seja, colocar juntas as cores que se relacionam dentro do círculo.
A harmonia pode ser conseguida por uma combinação monocromática que, ao contrário do que se pensa, não precisa ser feita exclusivamente em escala de cinza. Uma combinação monocromática consiste em usar a mesma cor em diferentes tons. Ou seja: pegar uma cor primária e adicionar o branco, depois novamente pegar a cor pura e adicionar o preto; assim se cria uma palheta monocromática.
A analogia que origina as cores análogas é quando uma cor primária é combinada com duas cores vizinhas a ela no círculo cromático. Utilizando-se uma cor como a dominante e as adjacentes para enriquecer a harmonia.
As cores complementares são as que estão dispostas num ângulo simétrico de 180 graus no círculo cromático. Essa é uma harmonia de contrates. Escolhe-se uma cor dominante e se emprega a sua complementar para dar destaque, por exemplo: usar uma cor de fundo e a outra para destacar algo de maior importância.
2 Psicologia das cores
Consiste no estudo das cores no âmbito subjetivo e emocional. Trata-se da sensação que cada cor ou combinação traz ao homem quando aplicada sobre a superfície dos objetos, das casas etc. Cores e sentimentos não são uma combinação ao acaso, e sim algo que está intrínseco no ser humano por questões culturais e regionais, algo que desde a infância esteve presente. Não existe cor sem significado, e este é atribuído de acordo com o contexto em que está inserido.
Segundo Heller (2013), cada cor atua de uma maneira de acordo com a ocasião. O mesmo vermelho pode ter efeito erótico ou brutal, nobre ou vulgar. O mesmo verde pode atuar de maneira salutar, venenosa ou calmante. O amarelo pode ser caloroso ou irritante. 
Isso ocorre porque nenhuma cor existe por si só. As cores são cercadas por diversas outras, e para cada efeito se intervém diferentes cores. Isso é chamado de acorde cromático, que não é uma combinação de cores, e sim um conjunto infinito delas que definem o efeito principal ou esperado de cada cor.
2.1 Significado das cores
O efeito que uma cor pode causar depende deuma infinidade de questões referentes à subjetividade do ser humano. Essas sensações podem ser de proximidade, distância, calor, frio, ansiedade, irritabilidade, fome, prazer, e cada cor causa um efeito diferente. A lista de sensações causadas pelo conjunto de cores é extremamente extensa. Falar das sensações que cada cor pode causar é praticamente impossível; portanto, neste estudo iremos nos ater às sensações causadas somente pelas cores primárias.
AZUL: Essa cor é considerada “predileta” pela maioria da população, independentemente do sexo. Isso é facilmente entendido, visto que essa cor está associada a sensações boas, pois remete ao céu, à tranquilidade, serenidade e harmonia. Dificilmente será ligada a algum sentimento negativo. O azul é considerado uma cor fria, pois quanto mais distante do vermelho, mais fria a cor se torna. Essa referência ao frio está diretamente ligada às experiências humanas sobre o gelo e a neve, por exemplo, que possuem tons azulados e são coisas materialmente frias.
VERMELHO: Essa cor é supostamente a primeira cor que os recém-nascidos enxergam. Por esse motivo, a grande maioria das crianças associa o vermelho à sua cor favorita, assim como pela sua associação aos alimentos de sabor doce. Considerada também a cor da paixão, também está ligada à excitação a à euforia. Trata-se de uma cor quente e está relacionada aos sentimentos humanos – nervosos, apaixonados ou envergonhados a face fica vermelha. Enquanto o azul está ligado ao gelo, o vermelho está ligado ao fogo.
AMARELO: É uma cor contraditória, simboliza o ouro e a riqueza, assim como a luz. Porém, devido à sua instabilidade, não é apreciada pela maioria das pessoas. Quanto mais perto do branco se torna radiante, porém próximo ao preto se torna uma cor muito forte. Associada à alegria, mas também à irritabilidade. Sendo assim, é uma cor quente e subjetivamente ambígua. 
Conforme exposto, as cores dificilmente são usadas de maneira isolada, e sim em conjunto, onde a composição pode alterar a sensação de determinada cor. Por exemplo, se em um acorde cromático o azul estiver associado ao branco e a um cinza claro em igual proporção, poderá remeter à inteligência, mas caso essa associação seja com cinza mais escuro, branco e verde em proporções menores, remeterá à distância. Portanto, o acorde cromático utilizado é um grande influenciador no significado que as cores passam.
2.2 Cores quentes e frias
Dentro da psicologia das cores, estas são separadas entre quentes e frias. Na arquitetura, comumente vemos estas definições ao se descrever um ambiente no âmbito da subjetividade, o que torna relevante ter conhecimento sobre os conceitos, quais são essas cores e quais as sensações que trazem ao ser humano ao serem aplicadas.
Cores quentes, como o próprio nome já diz, estão ligadas ao sol, ao calor e ao fogo. São elas o vermelho, o laranja e o amarelo. Trata-se de cores que estimulam e são ligadas à vivacidade, ao dinamismo e ao movimento. São mais comuns em ambientes grandes para despertar a sensação de proximidade e aconchego. 
Já as cores frias estão ligadas ao distanciamento e ao frio. Remetem paz, tranquilidade, serenidade e introspecção. São elas o azul, o verde e o violeta. Possuem presença mais marcante em ambientes privados, como quartos, que necessitam passar tranquilidade para o descanso de seus usuários. 
2.3 Aplicação prática na arquitetura
Na arquitetura, assim como a forma e o espaço, a cor também é de grande importância em sua concepção, visto que uma cor aplicada em uma superfície pode trazer sensações contraditórias ao usuário e, se não aplicada da maneira correta, descaracteriza a obra. Pois de nada adianta ter pensado e estudado a forma, adequando-a ao espaço, utilizado várias ferramentas de organização espacial, princípios de ordem e ao final empregar uma cor que não condiz com o todo. 
As sensações que uma cor pode trazer ao ser humano estão diretamente ligadas à cultura, umas gradam mais que outras, porém todas são de grande valia para a arquitetura se utilizadas adequadamente. Quando queremos que um ambiente passe uma sensação aconchegante, obviamente empregaremos cores quentes, como vermelho ou laranja; caso a intenção seja um local mais sombrio, utilizaremos cores frias, como azul ou violeta. 
Não podemos esquecer que as cores não são empregadas sozinhas, por isso é importante pensar nas cores que forem aplicadas juntamente com elas porque irão interferir na sua percepção. Muito se fala em acorde cromático e harmonia das cores, e isso dentro da arquitetura é indispensável, pois a falta de conhecimento pode causar um tremendo caos visual que poderá gerar irritação e incômodo aos ocupantes de um determinado ambiente. Saber fazer uso destas ferramentas norteará o arquiteto.
As cores, quando aplicadas devidamente, são harmoniosas e passam a sensação pretendida. Por exemplo, caso se queira diminuir o campo visual de um plano de teto muito elevado, o mais recomendado é fazer o uso de uma cor mais escura do que as que estão presentes nas paredes. Caso se queira ampliar este campo visual, o indicado e fazer ao contrário.
FIQUE DE OLHO: Para enriquecer seu repertório recomendo a leitura do livro A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria Goethe, de Lilian Ried Miller Barros.
3 Cor e forma na arquitetura
A cor não é aplicada ao acaso em qualquer objeto aleatório. Na arquitetura, para ter significado ela será aplicada em formas arquitetônicas de maneira ordenada em um espaço. Do mesmo jeito que a concepção de uma forma arquitetônica é pensada, estudada e tem variantes, na aplicação da cor nessas formas ocorre o mesmo.
Obviamente, não se trata de pintar uma edificação de uma cor qualquer e está pronto. Pelo contrário, é necessário o conhecimento da cor aplicada, do acorde cromático e de suas variações para gerar uma harmonia e ter impresso nessa forma o que foi pretendido na sua concepção. Temos que levar em consideração principalmente a incidência de luz sobre a superfície para não ter um resultado desagradável.
3.1 Forma
Para melhor compreender a aplicação de cores nas formas, vamos definir rapidamente o que são formas. Dentro de arquitetura, são a estrutura formal de um trabalho, ou seja, é um elemento tridimensional que possui formato, textura, cor e tamanho e com propriedades visuais, como posição, orientação e inércia visual.
Pode ser um único elemento ou um conjunto deles. Para se chegar à forma final, esta passa por processos de transformação que podem ser por adição, subtração ou alteração de dimensão. Ao ser inserida no espaço, também se tem maneiras para fazer isso, que podem ser centralizadas, lineares, radiais, aglomeradas ou em malhas. Tudo irá depender do contexto arquitetônico pretendido.
3.2 Aplicação de cor a forma
Falaremos agora do estudo da aplicação das cores em uma forma arquitetônica. A incidência de luz em uma superfície altera a percepção que temos de determinada cor. Sendo assim, a posição da forma em relação ao sol, assim como o posicionamento das aberturas, deve ser previamente estudada de acordo com os princípios de conforto ambiental. Somente após esta definição é que se pode pensar nas cores a serem aplicadas à edificação. Isso tanto em seu exterior quanto em seu interior. 
Essa escolha não pode ser aleatória, levando somente a posição solar em consideração. Esta é a primeira parte a se pensar, mas o formato e o tamanho da forma também são relevantes quando se pensa em aplicar cor no exterior da edificação, pois será uma quantidade maior de combinação de cores. Nessa combinação, o impacto visual é muito grande, então se deve estudar e escolher o acorde cromático correto para uma boa harmonização. 
Se a pretensão for de que a edificação passe a sensação de proximidade, que seja atraente e quente aos olhos, deve-se usar o acorde de cores com vermelho. Caso se deseje uma sensação mais tranquila, passiva e que passe confiança, o recomendado é o acorde de cores derivadas do azul. 
Para os ambientes internos se segue a mesma linha de raciocínio. Normalmenteas cores frias são usadas em ambientes voltados ao repouso e descanso, onde se faz necessária tal sensação, como nos quartos por exemplo. Já as cores quentes têm seus usos em ambientes residenciais um pouco mais restrito, pois as sensações causadas remetem ao fogo e à excitação, paixão e irritabilidade. Assim, quando usadas em ambientes com grandes dimensões, empregam a ele uma certa proximidade devida a essa sensação de calor, fazendo com que se torne mais confortável. 
Em contrapartida, em locais que se exige que as pessoas permaneçam atentas, alegres e vibrantes (como em redes de fast-food, por exemplo) são comumente utilizados o vermelho e o amarelo. O vermelho “acelera o coração” e instiga a entras na lanchonete. Além disso, estimula o apetite e fornece a sensação de poder e de domínio do ambiente comercial. Não por acaso é empregado junto do amarelo, pois este representa a felicidade, a amizade e a confiabilidade.  
Portanto, podemos perceber a real importância das cores nos ambientes, sejam eles internos ou externos, residenciais ou comerciais. As possibilidades derivadas das cores são infinitas, basta ao profissional possuir o conhecimento necessário para utilizar isso de maneira apropriada.
4 A arquitetura e o indivíduo
A arquitetura está diretamente ligada à psicologia. Uma forma, um espaço, as cores e as texturas, não são meramente matérias físicas, estão além disso. A arquitetura tem ligação com o lado subjetivo, ou seja, com os sentimentos. Uma forma simples e pura em um espaço não é arquitetura se não transmitir algo ao ser humano. A arquitetura é a arte em que o ser humano vive e transita, onde ele é a peça fundamental. A arquitetura é a arte do ser humano.
Não podemos considerar essa arte como meramente ilustrativa, constituída somente da parte material. Ela é totalmente relacionada às emoções e às sensações do ser humano que a habita. Portanto, falaremos um pouco mais dessa relação entre o espaço e o indivíduo dentro da arquitetura.
4.1 Espaço
Conceitualmente, consiste no volume de uma forma ou do vazio criado entre elas. É onde tudo acontece, e nele estão inseridos os contextos da arquitetura. É no espaço que a arquitetura acontece. Porém, para se tornar um espaço para o ser humano, precisa haver ligação entre eles. Seja através de um tempo, de uma cultura ou de uma religião, o espaço cria uma relação de existência e de pertencimento com o indivíduo que o habita.
Tem caraterísticas e métricas de composição para transmitir as mais variadas sensações e emoções. Entender o conceito e os princípios e saber ordená-los é o que permite ao arquiteto criar espaços propícios a serem habitados e vivenciados por todos.
4.2 Indivíduo
O indivíduo se trata de cada ser humano, dotado de emoções, sentimentos, vivências, culturas e histórias das mais variadas. Cada qual ao seu modo e à sua maneira, com as suas verdades e os princípios que determinam o seu jeito de viver e conviver em sociedade. Uma diversidade que coexiste em um mesmo espaço-tempo e que se relaciona com o meio em que vive.
Devido à pluralidade da humanidade, é muito importante levar em consideração o estudo do espaço correlacionado ao indivíduo, pois dependendo de sua localização geográfica, ele terá modos diferentes de ver, sentir e encarar as coisas. Seja pela cultura, pela religião ou por algo que está em seu subconsciente. Saber analisar de maneira subjetiva o ser humano permite melhorar o conhecimento sobre o seu estilo de vida, e assim poder projetar um espaço que atenda às suas necessidades tanto físicas como mentais.
4.3 O indivíduo e o espaço
Apesar de ser um assunto de grande importância para a sociedade em um geral, principalmente no âmbito da arquitetura, este é um tema pouco tratado nas literaturas da área: a correlação existente entre o espaço e o ser humano que o habita.
`` O homem e suas extensões constituem um sistema inter-relacionado. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa e sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sua língua, fossem algo diferente. (CHING, 2002, p.166-167). ``
A arquitetura e a psicologia têm seus estudos específicos. Enquanto o foco da psicologia é o indivíduo e estuda algo ligado ao subjetivo do homem, a arquitetura estuda formas, cores e espaços que esse indivíduo irá ocupar. Porém, ambas se encontram quando a arquitetura se volta para a subjetividade do ser humano, importando-se tanto com a estética e a funcionalidade quanto com a percepção e as consequências que isso desencadeará no indivíduo. Neste ponto, arquitetos e psicólogos se completam enquanto profissionais de áreas diferentes.
Ao projetar uma edificação, o arquiteto precisa se ater à forma, à estética e à funcionalidade sem se esquecer que este espaço será habitado, seja a fim de trabalho ou moradia. Então, o espaço tem que atender às necessidades de seus usuários. 
Relacionando a psicologia arquitetônica às residências, a casa precisa se tornar um lar. Assim, deve possuir boa estética e ser funcional, mas, acima de tudo, tem que ser adequada aos seus moradores. Para ser um lar, ela deve transmitir o subjetivo: ir além das paredes, penetrar o subconsciente e se tornar o local onde as necessidades de cada indivíduo (ou grupo) é entendida e atendida.
Em um ambiente coorporativo, o espaço precisa atender à necessidade de um grupo de pessoas com um conjunto de subjetividades, onde cada ser humano é único. Assim, é necessário entender a individualidade, porém é impossível criar um espaço de trabalho que atenda às necessidades pessoais de cada um. Portanto, nesses ambientes se deve atender às necessidades coletivas, voltadas ao trabalho, pensando sempre no indivíduo: oferecer a ele conforto em termos de temperatura, ergonomia e ainda fazer com ele se sinta bem no local de trabalho, confortável não só fisicamente, mas também mentalmente para que possa ter um bom desempenho.
O arquiteto tem uma infinidade de ferramentas que o auxiliam nessas questões. Assim, ao fazer o seu uso de maneira adequada se chega ao resultado desejado, criando espaços humanizados para o convívio coletivo.
FIQUE DE OLHO: A título de curiosidade, para ampliar a sua visão e o seu conhecimento sobre a relação da arquitetura com a psicologia, recomento a leitura do artigo Psicologia e arquitetura: em busca do locus interdisciplinar, de Gleice Azambuja Elali.
5 Estruturas e vedações de volumes
A arquitetura, mesmo que envolvendo toda a parte psicológica e a relação interpessoal com o ser humano, parte do princípio da concepção de formas construtivas, advindas de diversos sistemas construtivos, como alvenaria estrutural, alvenaria convencional, stell frame, wood frame. Essa escolha do método construtivo e da vedação da estrutura deve ser pensada e planejada de acordo com cada edificação, utilizando o mais viável financeiramente e para o uso pretendido.
Sendo assim, iremos discorrer sobre os mais utilizados atualmente no Brasil com uma breve apresentação do tipo de material e método construtivo.
5.1 Estruturas
Na arquitetura, a estrutura é a “casca” de uma edificação, ou seja, é a armação responsável por manter a forma sustentada. É a parte mais resistente de uma construção, já que é responsável por absorver e transmitir os esforços. Leva-se em consideração o peso dela para se escolher o melhor método construtivo. Uma estrutura é composta por elementos estruturais, sendo estes as fundações, as lajes, as vigas, os pilares, as escadas e as caixas d’água. Quando combinados, esses elementos geram os sistemas estruturais.
5.2 Sistemas construtivos no Brasil
No Brasil, os mais utilizados são a alvenaria estrutural, a alvenaria convencional ou de vedação, as paredes de concreto, e vem ganhando espaço o steel frame e o wood frame.
· Alvenaria convencional é muito utilizada no pais por não precisar de mão de obra especializada para sua execução. É composta por vigas, pilares e lajes em concreto armado, servindo para a suspenção da edificação, onde a alvenaria tem a função somente de vedação e separação dos ambientes feita com blocos cerâmicos sem características

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