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Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 1 de 21 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 1. INTRODUÇÃO 2. PRINCÍPIOS FUNDANTES 2.1. Princípio Federativo ou Federalismo 2.2. Princípio Republicano 2.3. Princípio Presidencialista 2.4. Princípio Democrático 2.5. Separação dos Poderes 2.6. Questões 3. FUNDAMENTOS 3.1. Questões 4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS 4.1. Questões 5. PRINCÍPIOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 1. INTRODUÇÃO Princípios fundamentais é o gênero dentro do qual temos os princípios fundantes, os fundamentos, os objetivos fundamentais e as relações internacionais. ➔ Princípios fundamentais: - Princípios fundantes; - Fundamentos (“So.Ci.Fu.Di.Va.Plu”); - Objetivos fundamentais (“Con.Ga.Erra.Pro”); e - Princípios nas Relações internacionais (“Con.De Pre.So Não Re.In.A, Coopera Igual”). Os princípios fundamentais constam do art. 1º ao art. 4º da CF/1988. TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 2 de 21 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 3 de 21 2. PRINCÍPIOS FUNDANTES Os princípios mais basilares do Estado Brasileiro são o federativo ou do federalismo, o republicano, o presidencialista, o democrático e a separação dos poderes. - Princípio Federativo ou Federalismo (Forma de Estado); - Princípio Republicano (Forma de Governo); - Princípio Presidencialista (Sistema de Governo); - Princípio Democrático; e - Separação dos Poderes. 2.1. Princípio Federativo ou Federalismo (Forma de Estado) A República Federativa do Brasil adota, como forma de Estado, a federação (somos uma federação). a) Formas de Estado: para bem compreender o que é uma federação, temos de estudar as formas de Estado mundialmente existentes, que são duas: - Forma de Estado Unitária: na forma de Estado unitária há apenas um poder político que manda em todo o Estado. É o modelo geralmente utilizado por nações que possuem um território pequeno (tamanho geográfico reduzido): por ser pequeno, um único poder central consegue tomar conta do todo; - Forma de Estado Composta ou Complexa: aqui o poder político é distribuído para vários agentes - por isso ela geralmente é adotada por nações que possuem um grande território, como ocorre no Brasil e nos EUA. A forma de Estado composta ou complexa divide-se em várias modalidades, mas veremos as duas mais importantes, quais sejam: - Federação (Brasil): a federação é a forma de Estado adotada pelo Brasil. Ou seja, o Estado brasileiro é uma federação. As federações possuem as seguintes características: - Entes autônomos: os Entes que compõem uma federação são autônomos. No Brasil isso está previsto no art. 18 da CF. Dessa forma, a República Federativa do Brasil (RFB), que possui soberania, é formada pela união indissolúvel da U+E+DF+M (Entes Federados), os quais possuem autonomia (art. 18, CF); - Constituição Federal: toda união que se preze tem uma formalidade, um documento escrito. Os Entes que formam uma federação formalizam esse ato através de uma Constituição. No Brasil temos, atualmente, a CF/1988; - Não existe direito de secessão: na federação não existe o direito de secessão, ou seja, os Entes que compõem a federação não possuem o direito de se desligar, de sair, de se separar da federação (trata-se do caráter indissolúvel do vínculo federativo). No caso brasileiro, isso está expresso em nossa CF quando ela menciona que a RFB é “[...] formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal [...]” (caput do art. 1º) – a doutrina nos ensina que o Poder Constituinte Originário esqueceu de incluir a União no caput do art. 1º, mas ela foi incluída no art. 18 (“Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”). - Organização livre: apesar de numa federação não existir o direito de secessão, dentro da federação os Entes que a compõem podem organizar-se de forma diferente da inicialmente prevista, ou seja, pode haver fusão, desmembramento, incorporação, criação... entre os Entes. No caso brasileiro, essa forma livre de organização está prevista no art. 18, §§ 2º-4º, da CF. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 4 de 21 - Confederação: as características de uma confederação são as seguintes: - Entes soberanos: a confederação é uma junção de vários países (soberania) que se unem em virtude de interesses em comum; - Tratado internacional: Estados soberanos relacionam-se entre si por meio de documentos internacionais, chamados de tratados internacionais; - Existe direito de secessão: como as nações que compõem a confederação são soberanas, elas são livres para abandonar a confederação. TÍTULO III DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO CAPÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. § 1º Brasília é a Capital Federal. § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.b) Características do federalismo brasileiro: as características da forma de Estado composta ou complexa (federação) adotada pelo Brasil são as seguintes: - Caráter indissolúvel do vínculo federativo: como o Brasil é uma federação, inexiste o direito de secessão, ou seja, os Entes não possuem o direito de se retirar do pacto federativo (formalizado através da Constituição); - Formalização por meio de uma Constituição: os Entes que se uniram formalizaram essa união por meio de uma Constituição, atualmente a CF/1988; - Soberania do Estado Federal (ou Federativo): quem possui soberania é a República Federativa do Brasil (RFB); já os Entes que compõem a RFB (U+E+DF+M) possuem autonomia; - Repartição de competências entre o Poder central (União) e os Entes parciais (estados, DF e municípios): as federações sempre possuem repartição de competências entre os Entes que a compõem; se não houver a repartição de competências, trata-se de um Estado unitário. No Brasil a repartição das competências está prevista no Título III da CF (“Da Organização do Estado”, arts. 18-33); - Direito de participação das vontades parciais na vontade central: no Brasil isso ocorre através do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Enquanto os senadores são representantes dos 26 estados e do DF, sendo 3 por Ente (26+1x3=81 senadores), os deputados são representantes do povo (são 513); Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 5 de 21 - Possibilidade de intervenção: a intervenção federal (a União pode intervir nos estados e no DF) e estadual (os Estados podem intervir nos municípios) destina-se a manter a integridade da federação, ou seja, manter a indissolubilidade do pacto federativo; - Controle jurisdicional de constitucionalidade: a federação precisa ter alguém com o poder de dizer se determinada situação viola ou não a Constituição, para que os Entes que compõem a federação não façam as coisas da maneira que bem entenderem, respeitando o documento que formaliza o pacto federativo (a Constituição Federal). No Brasil esse o controle de constitucionalidade é realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte de justiça brasileira; - Formado por desagregação: desagregar é separar. Antes de o Brasil ser um Estado federado, ele era um Estado unitário, que foi se descentralizando politicamente (desagregando, separando) para formar a federação; - Movimento centrífugo: nossa federação decorre de um movimento centrífugo, ou seja, de dentro para fora (lembrar da centrífuga de roupas, que joga do centro para os lados, para fora). Significa dizer que éramos um Estado unitário que foi se desagregando (de dentro para fora); - Movimento centrípeto: é o contrário, ou seja, ocorre de fora para dentro. Aqui Entes já existentes e autônomos juntam-se para formar uma federação. Ex.: EUA. - Federalismo tríplice ou tricotômico: no Brasil temos três núcleos de poder político, quais sejam, federal, estadual e municipal (o DF não é um quarto núcleo de poder político, pois ele congrega atribuições tanto de estado quanto de município: art. 32, § 1º, CF); - Cláusula pétrea (art. 60, § 4º, I, CF): nossa forma federativa de Estado não pode ser alterada porque ela foi incluída entre as cláusulas pétreas (vem de “pedra”, o “núcleo duro” da CF, que jamais pode ser alterado), que são as situações que não podem ser sequer objeto de deliberação por emenda constitucional. Ou seja, sequer pode ser discutida no Congresso Nacional uma emenda constitucional tendente a abolir a federação: a forma de organização da RFB não pode ser validamente alterada enquanto viger nossa atual Constituição. TÍTULO III DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO CAPÍTULO I DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA Art. 18. [...] CAPÍTULO II DA UNIÃO Art. 20. [...] CAPÍTULO III DOS ESTADOS FEDERADOS Art. 25. [...] CAPÍTULO IV DOS MUNICÍPIOS Art. 29. [...] CAPÍTULO V DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS SEÇÃO I Do Distrito Federal Art. 32. [...] Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 6 de 21 § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. SEÇÃO II Dos Territórios Art. 33. [...] … SUBSEÇÃO II DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO Art. 60. [...] § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. ➔ Mnemônico: Forma de Estado = FEderação. 2.2. Princípio Republicano (Forma de Governo) No Brasil, como forma de governo, adotamos a república, conforme expressamente previsto no caput do no art. 1º da CF: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel [...]”. a) Formas de governo: há duas formas de governo conhecidas em âmbito mundial, que são as seguintes: - República (Brasil): república vem da expressão em latim res publica (coisa do povo), ou seja, a república é do povo, quem governa uma república é o povo: indiretamente, por meio de representantes, ou mesmo diretamente, em algumas situações (exemplos: plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei). Em nosso país adotamos a forma de governo republicana, conforme previsto no art. 1º da CF: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel [...]”. As repúblicas possuem as seguintes características: - Eleição: os governantes são escolhidos por meio de eleições; - Temporário: os governantes ficam no poder temporariamente; - Responsabilidade: nas repúblicas os governantes são responsabilizados por seus atos - isso não ocorre nas monarquias, onde os reis não respondem por seus atos (ex.: Inglaterra). Como exemplo de responsabilização no Brasil, temos a lei dos crimes de responsabilidade do Presidente da República (Lei Nacional n.º 1.079/1950), dos prefeitos e vereadores (Decreto-lei n.º 201/1967), a Lei de Improbidade Administrativa (n.º 8.429/1992)... Relembre-se que os PR’s Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff sofreram impeachment (foram condenados por crime de responsabilidade); - Igualdade perante a lei: todos, povo e governantes, são iguais perante a lei, ou seja, a lei se aplica a todos (os governantes não são imunes à lei). Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 7 de 21 - Monarquia: a palavra monarquia vem de monos, que significa um só). Na monarquia quem governa é uma única pessoa. A monarquia possui as seguintes características: - Hereditária: na monarquia o governante (rei) ascende ao cargo por hereditariedade; - Vitalício: o rei permanece no cargo até sua morte; - Irresponsabilidade: o rei não é responsabilizado pelos seus atos; - Ausência de igualdade perante a lei: como o rei não é responsabilizado pelos seus atos, na monarquia não há igualdade perante a lei entre o povo e o governante. b) Cláusula pétrea (art. 60, § 4º, CF): aqui no Brasil, a princípio pode parecer que a forma de governo república não é uma cláusula pétrea, pois ela não consta do rol do § 4º do art. 60 da CF/1988. Porém, a doutrina e a jurisprudência nos ensinam que se trata de uma cláusula pétrea implícita; - Cláusula pétrea explícita (não): cláusula pétrea explícita são as matérias expressamente (explicitamente) previstas no § 4º do art. 60 da CF. A república não está prevista de modo expresso dentre as cláusulas pétreas, ou seja, o princípio republicano não é uma cláusula pétrea expressa; - Cláusula pétrea implícita (sim): mas a doutrina e a jurisprudência nos ensinam que, além das cláusulas pétreas expressamente previstas no texto constitucional, também temos cláusulas pétreas que não estãoescritas, ou seja, que são implícitas na Constituição, sendo que a forma de governo republicana é uma cláusula pétrea implícita; - Plebiscito de 1993 (art. 2º, ADCT): em 1993 houve um plebiscito no qual o povo foi às urnas para optar entre república ou monarquia, tendo escolhido manter a forma de governo republicana. Esse é o motivo pelo qual a doutrina e a jurisprudência dizem se tratar de uma cláusula pétrea implícita, pois o povo já disse que a forma de governo deve ser a república e, mudar isso, seria violar a vontade do povo. LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências. DECRETO-LEI Nº 201, DE 27 DE FEVEREIRO DE 1967. Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências. Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. ➔ Mnemônico: “República é Fo.Go” (Forma de Governo: República). 2.3. Princípio Presidencialista (Sistema de Governo) O princípio presidencialista está relacionado ao exercício dos Poderes, ou seja, como os Poderes se relacionam. a) Sistemas de governo: há duas espécies de sistema de governo mundiamente conhecidas, quais sejam: Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 8 de 21 - Presidencialismo: no Brasil adotamos o sistema presidencialista, cujas características são as seguintes: - Unipessoalidade da chefia de Estado e de governo: no presidencialismo temos a figura do Presidente da República, o qual é, ao mesmo tempo, chefe de Estado (plano internacional: RFB = soberania) e chefe de governo (plano interno: União = autonomia). No Brasil o PR age como chefe de Estado quando representa a RFB nas relações internacionais (soberania) e como chefe de governo quando toma as decisões políticas em nome da União (autonomia). Ainda, em nosso país temos apenas um chefe de Estado (o PR) e diversos chefes de governo, sendo um por Ente federativo: União (PR), estados e DF (governadores) e municípios (prefeitos); - Legitimidade popular direta: no presidencialismo quem escolhe o chefe de Estado e de governo é o povo, de maneira direta através do voto; - Exceção: dupla vacância (art. 81, § 1º, CF): no Brasil, se vagarem os cargos de PR e vice-PR nos dois últimos anos do mandato, a escolha de quem irá assumir os cargos é realizada pelo Congresso Nacional e não pelo povo. Ou seja, quem vai escolher o novo PR e seu vice será o CN. - Independência entre Executivo e Legislativo: no sistema presidencialista os Poderes Executivo e Legislativo são independentes. Isso significa que a pessoa escolhida pelo povo para ser o chefe do Executivo (PR, governadores e prefeitos) não precisa ser submetida à sabatina perante o Legislativo (CN, assembleias legislativas e câmaras de vereadores). Ou seja, mesmo que o Legislativo não concorde com o chefe do Executivo escolhido pelo povo, nada poderá fazer (no parlamentarismo é diferente). - Parlamentarismo: as características do parlamentarismo são as seguintes (mundo afora há muitas repúblicas parlamentaristas, mas para facilitar o estudo vamos pensar na Inglaterra, que é uma monarquia parlamentarista): - Chefe de Estado: é o rei, cargo atualmente ocupado por Elizabeth II (nasceu em 1926 e assumiu o trono britânico em 1952); - Chefe de governo: é o Primeiro Ministro, cargo atualmente ocupado por Boris Johnson, o qual é escolhido pelo Parlamento (Poder Legislativo); - Legitimidade popular indireta: no parlamentarismo, o chefe de governo é escolhido pelo povo de maneira apenas indireta, ou seja, o povo elege os representantes do Parlamento (Poder Legislativo) e este escolhe (elege) o Primeiro Ministro; - Interdependência entre Executivo e Legislativo: o Parlamento possui o poder de escolher e de destituir o Primeiro Ministro (“moção de desconfiança”), ou seja, se o Poder Legislativo “não gostar” do trabalho que vem sendo realizado pelo chefe de governo (Primeiro Ministro), pode destituí-lo do cargo e escolher outro. Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. § 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores. b) Cláusula pétrea (art. 60, § 4º, CF): do mesmo modo que ocorre em relação à forma de governo, o sistema de governo não é uma cláusula pétrea expressa, mas implícita; - Cláusula pétrea explícita (não): o sistema de governo republicano não consta do rol do § 4º do art. 60 da CF; - Cláusula pétrea implícita (sim): o povo, no plebiscito de 1993, além de escolher a forma de governo (república), também escolheu o sistema de governo (presidencialismo), sendo que esta vontade do povo não pode mais ser alterada por meio de emenda constitucional. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 9 de 21 ➔ Mnemônico: “Si.Go o Presidente” (Sistema de Governo: presidencialismo). 2.4. Princípio Democrático Por fim, temos o princípio democrático, o qual significa que nós adotamos a democracia, conforme também consta do caput do art. 1º da CF: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:” a) Espécies de Estados: as nações podem ser: - Democráticas: na democracia admite-se a participação do povo nas decisões, de forma direta ou indireta (a democracia é o governo da maioria); - Autoritárias: os regimes autoritários não admitem a participação popular nas decisões. b) Espécies de democracias: em nível mundial as democracias, por sua vez, podem ser de três espécies: - Democracia direta: na democracia direta o povo toma algumas decisões políticas do Estado de forma direta, ou seja, é o próprio povo quem escolhe. No Brasil a democracia direta ocorre por meio dos seguintes institutos (art. 14, CF): - Voto: o voto é direto, secreto, universal e periódico, estando incluso no rol expresso das cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, II, CF). Cuidado: voto obrigatório não é cláusula pétrea; - Plebiscito (“pré-biscito”: antes): o plebiscito é uma consulta ao povo antes da criação de uma lei ou da realização de um determinado ato administrativo. A consulta popular é vinculativa, ou seja, o que o povo decide, vincula a Administração Pública. Ex.: criação de estados e municípios (art. 18, §§ 3º e 4º, CF); recentemente houve plebiscito no Pará questionando se o povo queria dividir o estado em três (Carajás, Tapajós e Pará), o que foi reprovado pela população e, dessa forma, não pode ser implementado; - Referendo (depois): o referendo é como um plebiscito; a diferença é que o plebiscito ocorre antes e o referendo depois. Ou seja, o referendo é uma consulta realizada ao povo em momento posterior: o povo irá referendar uma escolha já realizada. O referendo também é vinculativo (assim como o plebiscito), ou seja, se o povo não concordar com a escolha feita, ela não valerá. Ex.: no Brasil tivemos referendo para votar se queríamos manter a vedação à venda de armas de fogo, prevista no art. 35 da Lei Nacional n.º 10.826/2003, o que foi rechaçado pelo povo (população votou contra o desarmamento e o art. 35 deixou de “valer”);- Iniciativa popular de lei: é a possibilidade de o povo iniciar um projeto de lei. A Lei da Ficha Limpa é decorrente de uma iniciativa do povo (Lei Complementar Nacional n.º 135/2010: impede que pessoas com condenação criminal possam disputar cargos nas eleições). Uma vez iniciado, esse projeto de iniciativa popular vai passar pelo trâmite normal de aprovação das leis: deliberação e votação no Congresso Nacional e, se aprovado, encaminhamento ao PR para sanção ou veto. Ou seja, a iniciativa popular de lei é apenas o start para que o projeto inicie; não significa que a vontade do povo irá, efetivamente, tornar-se uma lei. Os requisitos para que o povo inicie um projeto de lei são os seguintes (art. 61, § 2º, CF) – mnemônico “1503”: - 1% do eleitorado nacional (“1”): apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional (eleitor é a pessoa que tem título de eleitor e que pode votar, ou seja, que está em dia com suas obrigações eleitorais); - 5 estados (“5”): o eleitorado que participou da iniciativa popular (assinou o projeto) de lei deve estar distribuído pelo menos por cinco estados; Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 10 de 21 - 0,3% do eleitorado dos 5 estados (“0,3”): em cada um dos cinco estados, o projeto de lei deve ter sido assinado por pelo menos três décimos por cento (0,3%) dos eleitores desses estados. - Democracia indireta ou representativa: na democracia representativa ou indireta o povo escolhe representantes políticos, os quais tomam todas as decisões em nome do povo. Ou seja, o povo não participa diretamente da tomada de decisões: estas são tomadas pelos representantes eleitos pelo povo. A democracia representativa também está presente em nosso país, pois a maioria das decisões políticas é tomada pelos representantes que nós, o povo, elegemos; - Democracia semidireta ou participativa (Brasil): como no Brasil está presente tanto a democracia direta quanto a indireta ou representativa, diz-se que possuímos uma democracia semidireta, que é a junção das duas. Constituição Federal Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. [...] Art. 60. [...] § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: II - o voto direto, secreto, universal e periódico; Art. 61. [...] § 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Lei Nacional n.º 10.826/2003 Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei. § 1º Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado em outubro de 2005. § 2º Em caso de aprovação do referendo popular, o disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral. ➔ Mnemônico: versinho: O Estado fede (f.e.de) -> forma de Estado é federativa; A república é fogo (fo.go) -> forma de governo é republicana; O presidente é sistemático -> sistema de governo é presidencialista; E o regime é democrático -> democracia é semidireta. 2.5. Separação dos Poderes Conforme já estudamos, o poder nos Estados soberanos é uno e indivisível; o que se separa são as funções estatais. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 11 de 21 Todavia, como o termo “separação dos Poderes” está consagrado na doutrina e jurisprudência, é como ele que seguimos nosso estudo. a) Funções do Estado: são cinco as funções do Estado: - Função representativa: é a função de representar o Estado, em âmbito internacional, que é realizada pelo chefe de Estado (RFB = soberania = PR como chefe de Estado); - Função governativa: é a função de governar, tomar as decisões políticas, que é realizada pelo chefe de Governo (PR + governadores + prefeitos); - Função administrativa: é a função de colocar as decisões políticas do chefe de Governo em prática, por meio de atos administrativos. Ex.: quando o PR toma a decisão de erradicar a pobreza (função governativa), deve ser criado todo um aparato (órgãos, servidores) para colocar em prática essa decisão (função administrativa), do que são exemplos os programas de distribuição de renda, como o bolsa família; - Função legislativa: é a função de criar normas gerais (para todas as pessoas), abstratas (para todos os fatos) e imperativas (as normas devem ter poder de coerção para serem efetivas); - Função jurisdicional: é a função de dizer o Direito no caso concreto. b) Separação dos Poderes (das funções): no Brasil, as funções estatais foram divididas, separadas, em três (tripartição dos Poderes), da seguinte maneira (art. 2º, CF): - Poder Executivo: desenvolve as funções representativa, governativa e administrativa; - Poder Legislativo: exerce a função legislativa; - Poder Judiciário: desempenha a função jurisdicional. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. c) Funções típicas e atípicas: deve-se lembrar que os 3 Poderes possuem tanto funções típicas quanto atípicas: - Poder Executivo: - Função típica: administrar (executar os serviços públicos); - Funções atípicas: legislar (exs.: quando algum governador edita um Decreto para regulamentar uma lei, quando o PR edita uma medida provisória) e julgar (ex.: quando o INSS indefere uma aposentadoria, o segurado pode apresentar um recurso no âmbito administrativo, que será julgado por um agente público do próprio Poder Executivo – é o mesmo que ocorre nas Jaris em relação às multas de trânsito). - Poder Legislativo: - Funções típicas: legislar e fiscalizar (o Legislativo é o único Poder que possui duas funções típicas); - Funções atípicas: administrar (exs.: quando uma câmara de vereadores realiza um concurso público para contratar servidores ou realiza uma licitação para comprar computadores) e julgar (exs.: quando o PR comete um crime de responsabilidade, quem julga ele é o Senado Federal - art. 52, I, CF). - Poder Judiciário: - Função típica: julgar (exercer a jurisdição); Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 12 de 21 - Funções atípicas: legislar (exs.: quando um Tribunal de Justiça elabora o seu regimento interno) e administrar (ex.: quando um Fórum realiza uma licitação para a compra de mesas e cadeiras). d) Cláusula pétrea (art. 60, § 4º, III): a separação dos Poderes é cláusula pétrea expressamente prevista no texto da nossa Constituição Federal; - Separação dos Poderes (funções): o que é cláusula pétrea é a separação dos Poderes, mas não o modelo tripartite, que é atualmente adotado no Brasil (Poderes Executivo + Legislativo + Judiciário). Isso significa dizer que os Poderes podem vir a ser divididos em apenas dois ou mais que três; inclusive, já tivemos no Brasil a divisão das funções estatais (Poderes) em quatro. O que a CF veda é a ausência de separação, ou seja, a unificação dos Poderes, pois a separação visa justamente evitar abusos, o arbítrio que ocorre quando todo o poder está concentrado nas mãos de apenas uma pessoa ou órgão. Art. 60. [...] § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: III - a separação dos Poderes; 2.6. Questões Q973345Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase A população do Estado X, insatisfeita com os rumos da política nacional e os sucessivos escândalos de corrupção que assolam todas as esferas do governo, inicia uma intensa campanha pleiteando sua separação do restante da Federação brasileira. Um plebiscito é então organizado e 92% dos votantes opinaram favoravelmente à independência do Estado. Sobre a hipótese, com base no texto constitucional, assinale a afirmativa correta. ( ) A) Diante do expressivo quórum favorável à separação do Estado X, a Assembleia Legislativa do referido ente deverá encaminhar ao Congresso Nacional proposta de Emenda Constitucional que, se aprovada, viabilizará a secessão do Estado X. ( ) B) Para o exercício do direito de secessão, exige-se lei estadual do ente separatista, dentro do período determinado por Lei Complementar federal, dependendo ainda de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos demais Estados, após divulgação dos estudos de viabilidade, apresentados e publicados na forma da lei. ( ) C) Diante da autonomia dos entes federados, admite-se a dissolução do vínculo existente entre eles, de modo que o Estado X poderia formar um novo país, mas, além da aprovação da população local por meio de plebiscito ou referendo, seria necessária a edição de Lei Complementar federal autorizando a separação. *( ) D) A forma federativa de Estado é uma das cláusulas pétreas que norteiam a ordem constitucional brasileira, o que conduz à conclusão de que se revela inviável o exercício do direito de secessão por parte de qualquer dos entes federados, o que pode motivar a intervenção federal. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 13 de 21 3. FUNDAMENTOS Fundamento é aquilo que sustenta algo, as bases de alguma coisa. A República Federativa do Brasil é fundamentada, sustentada, pelos fundamentos descritos no art. 1º da Constituição. TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. a) Soberania: soberania significa duas coisas, quais sejam, ser supremo e independente: - Supremo (plano interno): ser supremo é no plano interno, significando a capacidade que uma nação possui de dar a última palavra em seu território, seja através do Poder Executivo, Judiciário ou Legislativo. Ou seja, o fato de a RFB ser soberana (suprema), significa que as nações estrangeiras não mandam no Estado brasileiro: quem dá a última palavra em nosso território, somos nós mesmos. - Independente (plano externo): ser independente é no plano externo. No caso brasileiro significa que as demais nações mundiais veem o Brasil de forma independente desde 1822, quando declarou sua independência e deixou de ser colônia de Portugal; - Limitação (grave violação dos direitos humanos): atualmente o conceito de soberania possui um limitador, que é a internacionalização dos direitos humanos. Isso surgiu após a 2ª Guerra Mundial para responsabilizar Hitler e outras pessoas do alto escalão do Governo Nazista pelas atrocidades realizadas às pessoas (judeus, negros, ciganos…) dentro do território alemão durante a guerra. Pelo conceito tradicional de soberania, eles não poderiam ser responsabilizados porque em seu território eles são supremos (soberania no plano interno); mas essa ideia foi superada para que fossem responsabilizados por organismos internacionais em virtude da grave violação aos direitos humanos que eles cometeram. Então, atualmente, a soberania não é absoluta porque o país que violar gravemente direitos humanos (mesmo que em seu próprio território) pode sofrer a atuação de organismos internacionais. b) Cidadania: a cidadania é vista sob os quatro prismas abaixo: - Direitos políticos: o exercício dos direitos políticos diz respeito à participação dos indivíduos nas decisões do Estado, direta ou indiretamente, votando ou sendo votado, apresentando projeto de lei, tomando decisões por meio de plebiscito e referendo… - Direitos civis: direitos civis são aqueles relacionados às liberdades individuais e que estão previstos no art. 5º da nossa CF/1988 (o art. 5º possui 78 incisos e quatro parágrafos); Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 14 de 21 - Direitos sociais: direitos sociais são aqueles que visam resguardar direitos mínimos de qualidade de vida. Estão previstos nos artigos 5º-11 da nossa Constituição Federal; - Deveres: por fim, a cidadania também é vinculada aos deveres que nós cidadãos possuímos para com os demais cidadãos e o próprio Estado (vida em sociedade): respeitar o direito dos outros, pagar tributos, respeitar as normas legais… TÍTULO II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS CAPÍTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - [...] CAPÍTULO II DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I - [...] Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - [...] Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º [...] Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. c) Dignidade da pessoa humana: a dignidade da pessoa humana é o valor fonte da nossa atual Constituição Federal, que foi idealizada com base nessa ideia (no dizer de Brizola, um dos integrantes da Assembleia Nacional Constituinte, nossa CF é uma “Constituição Cidadã”). Inclusive, nossa CF/1988 é uma das que melhor sintetizou toda a evolução dos direitos humanos, que são de 1ª, 2ª e 3ª dimensões. A dignidade da pessoa humana tem um caráter multidimensional, o que significa dizer que irradia seus efeitos para outras áreas, como, por exemplo, vida, igualdade, liberdade, propriedade, direitos políticos, ao nome, de saber sua origem e paternidade, SV.11/STF…; - Deveres do Estado: a dignidade da pessoa humana implica uma série de deveres ao Estado, pois ele deve atuar concretamente para, de maneira efetiva, assegurar a dignidade das pessoas. Os deveres do Estado decorrentes da dignidade da pessoa humana são os seguintes: Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 15 de 21 - Dever de respeito (negativo): o Estado não pode violar a dignidade das pessoas. Para tanto, o Estadodeve adotar um comportamento negativo, de não interferir (deve abster-se de interferir na vida das pessoas); - Dever de proteção (positivo): ao mesmo tempo, o Estado também possui o dever de defender e proteger a dignidade das pessoas, agindo (comportamento positivo) para assegurá-la quando verificar que alguém está sofrendo uma violação aos seus direitos; - Dever de promoção (fazer): por fim, o Estado também deve promover a dignidade na vida das pessoas através de políticas públicas, como as ações sociais que buscam garantir a igualdade material (e não apenas formal) entre as pessoas. A imagem abaixo traz os dois enfoques da igualdade: na esquerda temos a igualdade formal, que é tratar todos do mesmo modo; na direita temos a igualdade material, que é tratar “[...] desigualmente aos desiguais, na medida de em que se desigualam”. SV.11/STF. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. “A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade… Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.” (Rui Barbosa) d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: nossa Constituição traz a livre iniciativa e o trabalho descritos no mesmo inciso porque quer que ambos sejam vistos em conjunto. Dizer que o trabalho tem um valor social significa que ele tem valor para o empregar e para a sociedade, e não apenas para aquele. Do mesmo modo, a livre iniciativa também deve ser social, ou seja, os empreendedores devem buscar a riqueza, mas também trazer benefícios para a sociedade, respeitando e desenvolvendo o trabalho humano. O Brasil adota o capitalismo, mas não o capitalismo selvagem. e) Pluralismo político: pluralismo significa uma sociedade plural, que é aquela que respeita a diversidade: ideias, crenças, opiniões. Pluralismo político não é sinônimo apenas de “política”: também significa política (que é participar das decisões do Estado), mas é mais que isso - pluralismo político significa uma ampla liberdade. Significa que a nossa sociedade possui como fundamento a liberdade, Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 16 de 21 respeitando a diversidade, pois somos uma nação liberal: liberdade de convicção, de pensamento, de gênero, de ideologia… - Pluripartidarismo (≠ pluralismo): pluralismo é a diversidade de ideias e pluripartidarismo é a diversidade de partidos políticos. Disso se conclui que pluralismo é o gênero dentro do qual se encontra o pluripartidarismo (que é espécie do pluralismo); - Limite (discurso de ódio): o limite do pluralismo político (da liberdade de ideias, crenças, da livre manifestação de pensamento…) é o discurso de ódio, que não é tolerado em nosso país. Discurso de ódio é aquele que não respeita as ideias e opiniões dos outros; - Livre manifestação do pensamento (art. 5º, IV, CF): o discurso de ódio não está amparado pela liberdade de manifestação do pensamento. Ex.: não é necessário concordar com a união homossexual; mas isso não dá direito a manifestar opiniões preconceituosas contra os homossexuais. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; ➔ Mnemônico: “So.Ci.Fu.Di.Va.Plu”. - Soberania; - Cidadania; - são os Fundamentos; - Dignidade da pessoa humana; - Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; - Pluralismo político. 3.1. Questões Q299709 Ano: 2007 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2007 - OAB - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase Acerca da teoria geral da Constituição Federal, assinale a opção correta. ( ) A) O constitucionalismo, que pode ser conceituado como o movimento político-social que pretende limitar o poder e estabelecer o rol de direitos e garantias fundamentais, está diretamente relacionado com a ideologia socialista do início da primeira metade do século XX. ( ) B) O poder constituinte derivado decorrente é caracterizado essencialmente pela sua ausência de vinculação a qualquer regra anterior, pela sua autonomia e pela sua incondicionalidade. ( ) C) O poder de reforma está limitado às chamadas cláusulas pétreas, entre as quais se inclui a proibição de mudança do voto majoritário ou proporcional pelo voto distrital misto. *( ) D) O valor social do trabalho e da livre iniciativa é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 17 de 21 4. OBJETIVOS FUNDAMENTAIS Objetivo é uma meta a ser alcançada. Nossa nação possui objetivos traçados pelo art. 3º da Constituição, os quais devem ser buscados pelo Estado (Administração Pública) em conjunto com o povo. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. a) Construir uma sociedade livre, justa e solidária (p. solidariedade): este objetivo também é chamado de princípio da solidariedade e significa que o Estado deve promover a liberdade (1ª dimensão de direitos), a justiça (justiça é igualdade: 2ª dimensão de direitos) e a solidariedade (3ª dimensão de direitos) entre as pessoas. Lema da Revolução Francesa, de 1789: “Liberté, égalité, fraternité” b) Garantir o desenvolvimento nacional: o Estado deve garantir o desenvolvimento nacional focado não apenas no aspecto econômico, mas também na atenção às questões culturais e ambientais (não é desenvolvimento a qualquer preço; como já vimos, adotamos o capitalismo, mas não o capitalismo selvagem). Ou seja, trata-se de um desenvolvimento sustentável, ambientalmente correto e economicamente viável, gerando riqueza e trazendo retorno à sociedade. c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais: este objetivo busca a igualdade material (não apenas formal) entre as pessoas - lembrar da imagem sobre igualdade vista no tópico anterior. O Estado deve atuar para erradicar (acabar) a pobreza e a marginalização (esta não no sentido criminal, mas no sentido de estar à margem da sociedade) – ver art. 79, ADCT. Também deve buscar reduzir as desigualdades sociais e regionais através de políticas públicas. Cuidar em provas: - Erradicar: pobreza e marginalização; - Reduzir: desigualdades sociais e regionais. Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010, no âmbito do Poder Executivo Federal, o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, a ser regulado por lei complementar com o objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência, cujos recursos serão aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e outros programas de relevante interesse social voltados para melhoria da qualidade de vida.(Vide Emenda Constitucional nº 67, de 2010) Parágrafo único. O Fundo previsto neste artigo terá Conselho Consultivo e de Acompanhamento que conte com a participação de representantes da sociedade civil, nos termos da lei. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc67.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc67.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc67.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc67.htm Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 18 de 21 d) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação: em sintonia com o art. 2º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, o Brasil garante o bem de todos sem que haja preconceitos de “c.o.r.i.s” (cor, origem, raça, idade e sexo). Relembre-se que o STF, em 05-maio-2011 (ADI 4.277 e ADPF 132), reconheceu a possibilidade da união estável entre pessoas do mesmo sexo, sendo que um dos fundamentos da decisão foi justamente o objetivo de promoção do bem de todos sem preconceitos de sexo (opção sexual). Com base nesse mesmo objetivo fundamental, o STF, em 28-out-2015 (ADPF 291), entendeu que as expressões “Pederastia ou outro” e “homossexual ou não” do art. 235 do CPM não foram recepcionadas pela CF/1988. Declaração Universal dos Direitos Humanos Artigo 2 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. Código Penal Militar Pederastia ou outro ato de libidinagem Art. 235. Praticar, ou permitir o militar que com êle se pratique ato libidinoso, homossexual ou não, em lugar sujeito a administração militar: Pena - detenção, de seis meses a um ano. ➔ Mnemônico: “Con.Ga.Erra.Pro”. - Verbos: os objetivos fundamentais da RFB sempre iniciam com verbos; - Rol exemplificativo: o rol de objetivos trazido pelo art. 3º da CF é meramente exemplificativo; - Normas programáticas: os objetivos são normas programáticas, que são aquelas que preveem políticas públicas, programas, ações… a serem implementadas pelo Estado; - Prestações positivas: por fim, os objetivos demandam uma ação positiva do Estado, um fazer. Ou seja, o Estado deve agir para implementar os objetivos fundamentais. 4.1. Questões Q207760 Ano: 2007 Banca: VUNESP Órgão: OAB-SP Prova: VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de Ordem - 1 - Primeira Fase A ordem constitucional considera objetivo fundamental da República Federativa do Brasil: *( ) A) a erradicação da pobreza. ( ) B) a proteção ao Estado Democrático de Direito. ( ) C) a prevalência dos direitos humanos. ( ) D) a defesa da soberania. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 19 de 21 5. PRINCÍPIOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Trata-se da forma como a RFB deve atuar no plano diplomático internacional, perante os outros países: nossa postura é claramente pacifista. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. a) Independência nacional: a República Federativa do Brasil respeita a independência das demais nações. Nada mais justo: se queremos que os outros países respeitem nossa independência, conquistada em 1822, também temos de respeitar a deles. b) Prevalência dos direitos humanos: a RFB rege-se em suas relações internacionais pela prevalência dos direitos humanos justamente porque um dos seus fundamentos, em âmbito interno, é a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF). Nada mais natural, então, que também respeite a dignidade da pessoa humana, ou seja, os direitos humanos, no plano internacional. Portanto, o Brasil promove os direitos humanos tanto no plano interno quanto externo. - Grave violação dos direitos humanos: lembrar que a grave violação dos direitos humanos limita o conceito de soberania, que não é absoluta, conforme vimos no tópico ‘2’, alínea ‘a’. c) Autodeterminação dos povos: significa que o Brasil respeita a independência das demais nações e a forma como elas se autodeterminam: sua cultura, desenvolvimento, religiosidade, costumes… O Brasil adota uma postura não intervencionista, respeitando as opções de cada Nação, pregando a defesa da paz e a solução pacífica dos conflitos. d) Não-intervenção: aqui está expressa a vocação pacifista, diplomática, do Brasil, que não se mete nas questões políticas e econômicas de outros países, salvo quando solicitado. - Exceção (razões humanitárias): aqui temos uma exceção, pois o Brasil admite a realização de intervenção em outras nações para fins humanitários. É o que acontece no Haiti, onde há a participação dos boinas azuis brasileiros. Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 20 de 21 e) Igualdade entre os Estados: a igualdade que o Brasil busca entre as nações é uma igualdade apenas jurídica ou formal (não material ou efetiva), pois as nações são diferentes entre si. Essa igualdade pode manifestar-se de três formas: - Igualdade formal (não material): significa que as nações são juridicamente iguais, ou seja, que uma não é superior à outra. Nas relações internacionais os Estados estão num plano horizontal: a soberania de uma nação não deve ser limitada ou anulada por outra; - Igualdade legislativa: os Estados somente podem ser obrigados a fazer aquilo com o quê consentirem. Ex.: não é porque determinado direito é reconhecido em nosso país, que o Brasil pode cobrar isso de outras nações; - Igualdade política: a igualdade política é o reconhecimento da própria existência dos demais países, das suas independências e soberanias. f) Defesa da paz: mais uma vez aparece a vocação pacifista, diplomática do Brasil. A defesa da paz tem uma perspectiva positiva, quando se promove a paz, e também negativa, quando o país não fomenta atos de guerra ou conflitos armados. g) Solução pacífica dos conflitos: de novo a vocação diplomática, pacifista da nossa Nação. Mas isso não quer dizer que o Brasil sempre será um país neutro: ele pode defender-se de agressão estrangeira e até mesmo praticar atos de guerra. O que esse princípio internacional informa é que, num primeiro momento, o Brasil sempre deve buscar a solução pacífica dos conflitos. h) Repúdio ao terrorismo e ao racismo: liga-se à dignidade da pessoa humana. O repúdio ocorre tano no âmbito interno, onde o Brasil tem o dever de prever normas que criminalizem atos de terrorismo e racismo, como no âmbito externo, significando que nao teremos relações diplomáticas e/ou comerciais com nações que promovam atos de terrorismo e racismo. i) Cooperação entreos povos para o progresso da humanidade: não somos um país fechado, pois cooperamos com as demais nações na busca do progresso coletivo da humanidade; j) Concessão de asilo político: asilo político é uma proteção que se concede a um cidadão de origem estrangeira que esteja sendo perseguido, em seu país de origem, em virtude de suas opiniões políticas, suas convicções religiosas e/ou sua situação racial. Ou seja, a pessoa não está sendo perseguida por ter praticado um crime comum, mas sim por causa de um crime de opinião. A concessão de asilo político é um direito humano fundamental, pois está prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, sendo que praticamente todas as Nações do mundo preveem a possibilidade de concederem asilo políticos a estrangeiros. Hipóteses: o asilo político ocorre nas seguintes situações: - Estrangeiro no exterior: se um estrangeiro está sofrendo uma perseguição de natureza política, religiosa ou racial em seu país de origem, ele pode solicitar asilo político ao Brasil. Como se trata de um ato de soberania, o Brasil pode ou não conceder: a decisão sempre cabe ao PR. Deve-se ter em mente que nosso país jamais concederá asilo para alguém que esteja sendo vítima de perseguição em virtude de ter cometido um crime comum (essa é uma perseguição legítima); Direito Constitucional: Teoria Constitucional e Direitos Fundamentais Prof. Rafael Kist Página 21 de 21 - Posterior extradição: a concessão de asilo político pelo Brasil não impede a posterior extradição do asilado quando se concluir que ele cometeu um crime comum. Extraditar é entregar a pessoa ao país de origem que está solicitando a extradição; - Estrangeiro no Brasil (art. 5º, LII, CF): por fim, o Brasil não concederá a extradição de estrangeiro em virtude de crime político ou de opinião. Aqui é a situação em que a pessoa (o estrangeiro) já está em nosso país e a nação estrangeira solicita ao Brasil que a extradite, ou seja, que a entregue para que seja julgada (o estrangeiro já se encontra aqui no Brasil porque lhe foi concedido asilo político ou mesmo porque veio para cá por “conta próprio”). Em qualquer das situações, se o Brasil entender que o crime pelo qual a nação estrangeira está solicitando a extradição é um crime político ou de opinião, não concederá a extradição (ou seja, o estrangeiro poderá continuar em nosso país). Filme “Operação Final”. Constituição Federal Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Declaração Universal dos Direitos Humanos Artigo 14 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. k) Comunidade latino-americana de nações (este princípio não consta do mnemônico, abaixo): o Brasil deve buscar a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina: - Supranacionalidade: a ideia é criar uma comunidade internacional entre os povos da américa latina. Ex.: participação do Brasil no Mercosul. ➔ Mnemônico: “Con.De Pre.So Não Re.In.A, Coopera Igual”. - Concessão de asilo político. - Defesa da paz; - Prevalência dos direitos humanos; - Solução pacífica dos conflitos; - Não-intervenção; - Repúdio ao terrorismo e ao racismo; - Independência nacional; - Autodeterminação dos povos; - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; - Igualdade entre os Estados.
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