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Enzimas são proteínas catalisadoras que aumentam a velocidade das reações, sem sofrerem alterações no processo global. As enzimas seletivamente canalizam reatantes (chamados substratos) para rotas úteis. Direcionam todos os eventos metabólicos. Os nomes de enzimas mais comumente usados têm o sufixo "-ase" adicionado ao nome do substrato da reação ou à descrição da ação realizada. A União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular desenvolveu um sistema de nomenclatura no qual as enzimas são divididas em seis classes principais: Oxidorredutases: Catalisam reações de oxidorredução; Transferases: Catalisam a transferência de grupos contendo C-, N- ou P-; Hidrolases: Catalisam a quebra de ligações pela adição de água; Liases: Catalisam a quebra de ligações C-C, C-S e certas ligações C-N; Isomerases: Catalisam racemização de isômeros ópticos ou geométricos; Ligases: Catalisam a formação de ligações entre carbono e O, S, N, acoplada à hidrólise de fosfatos de alta energia. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Enzimas27/09/2021 Aula 02 Visão Geral Propriedades das Enzimas As enzimas são catalisadores proteicos que aumentam a velocidade de uma reação química. Não são consumidos durante a reação que catalisam. Os RNAs com atividade catalítica são chamados ribozimas. As moléculas de enzimas contêm uma região específica formando uma fenda ou bolso, que é chamada de sítio ativo. O sítio ativo contém cadeias laterais de aminoácidos que criam uma superfície tridimensional complementar ao substrato. O número de moléculas de substrato convertidas em moléculas de produto por molécula de enzima por segundo é chamado de número de renovação (turnover). As enzimas são altamente específicas, interagindo com um ou alguns poucos substratos e catalisando apenas um tipo de reação química. Algumas enzimas se associam com um cofator não proteico, o que é necessário para a atividade enzimática. Os cofatores comumente encontrados incluem íons metálicos, tais como Zn²⁺ ou Fe²⁺, e moléculas orgânicas, conhecidas como coenzimas, que frequentemente são derivadas de vitaminas. O conjunto da enzima com seu cofator é chamado holoenzima. A apoenzima refere-se à porção proteica da holoenzima. Na ausência do cofator apropriado, a apoenzima geralmente não apresenta atividade biológica. Um grupo prostético é uma coenzima firmemente ligada à enzima, que desta não se dissocia. A atividade enzimática pode ser regulada, ou seja, as enzimas podem ser ativadas ou inibidas, de modo que a velocidade de formação do produto responda às necessidades da célula. Alanis Rafaella Muitas enzimas estão localizadas em organelas específicas dentro da célula. Essa compartimentalização serve para isolar o substrato ou o produto da reação de outras reações competitivas. Energia livre de ativação: É a diferença entre a energia dos reatantes e aquela de um intermediário de alta energia que ocorre durante a formação do produto. Devido à grande energia de ativação, as velocidades das reações químicas não catalisadas são frequentemente lentas. Velocidade da reação: É determinada pelo número de moléculas "energizadas". Quanto menor a energia livre de ativação, mais moléculas têm energia suficiente para superar o estado de transição e mais rápida é a velocidade da reação. Uma enzima permite que uma reação ocorra rapidamente nas condições normais na célula, oferecendo uma rota de reação alternativa, com uma menor energia livre de ativação. A enzima não altera a energia livre dos reatantes ou dos produtos e, assim sendo, não altera o equilíbrio da reação. O sítio ativo é uma máquina molecular complexa, empregando uma diversidade de mecanismos químicos para facilitar a conversão do substrato em produto. Esse sítio ativo se liga ao substrato em uma geometria que lembra estruturalmente o estado de transição ativado da molécula. Estabilizando o substrato em seu estado de transição, a enzima aumenta enormemente a concentração do intermediário reativo que pode ser convertido no produto e, assim, acelera a reação. O sítio ativo pode fornecer grupos catalíticos que aumentam a probabilidade de se formar o estado de transição. Em algumas enzimas, esses grupos podem participar de uma catálise ácido-básica geral, na qual os resíduos de aminoácidos doam ou aceitam prótons. Em outras enzimas, a catálise pode envolver a formação transitória de um complexo covalente enzima-substrato. Fatores que Afetam a Velocidade da Reação Concentração do substrato: A velocidade de uma reação é o número de moléculas de substrato convertidas em produto por unidade de tempo. A velocidade é expressa como µmol de produto formado por minuto. A velocidade de uma reação catalisada por enzima aumenta conforme a concentração do substrato. 1. A curva de velocidade de reação inicial (vₒ) contra a concentração do substrato (S) possui uma forma hiperbólica. Essa curva é semelhante à curva de dissociação do oxigênio da mioglobina. As enzimas alostéricas frequentemente mostram uma curva sigmoide, a qual é semelhante à curva de dissociação do oxigênio da hemoglobina. Alanis Rafaella A velocidade da reação aumenta com a temperatura, até um pico da velocidade ser atingido. Esse aumento é devido ao aumento do número de moléculas com energia suficiente para atravessar a barreira de energia e formar os produtos da reação. Uma elevação maior da temperatura resulta em redução na velocidade da reação, como resultado da desnaturação da enzima. 2. Temperatura: O processo catalítico geralmente requer que a enzima e o substrato tenham determinados grupos químicos em um estado ionizado ou não ionizado, de modo a interagirem. Valores extremos de pH também podem levar à desnaturação da enzima, pois a estrutura da molécula proteica cataliticamente ativa depende do caráter iônico das cadeias laterais dos aminoácidos. O pH no qual a atividade máxima da enzima é atingida difere para cada enzima e, geralmente, reflete a [H⁺] na qual a enzima funciona no organismo. 3. pH: Equação de Michaelis-Menten A enzima combina-se reversivelmente com o substrato, formando um complexo ES que, subsequentemente, degrada-se em produto, regenerando a enzima livre. Onde: k₁ k₂ E + S ⇌ ES → E + P k₋₁ S é o substrato E é a enzima ES é o complexo enzima-substrato P é o produto k₁, k₂ e k₋₁ são as constantes de velocidade A equação de Michaelis-Menten descreve como a velocidade da reação varia com a concentração do substrato. Onde: A concentração de substrato (S) é muito maior do que a concentração da enzima (E), de modo que a porcentagem de substrato ligado à enzima em qualquer tempo é pequena. A enzima-substrato não varia com o tempo, isto é, a velocidade de formação de ES é igual àquela da degradação de ES (para E + S e para E + P). Um intermediário em uma série de reações é dito estar em estado de equilíbrio quando sua velocidade de síntese é igual a sua velocidade de degradação. Somente as velocidades iniciais da reação são utilizadas na análise das reações enzimáticas. O Kₘ não varia com a concentração da enzima. vₒ é a velocidade inicial da reação vₘₐₓ é a velocidade máxima Kₘ é a constante de Michaelis (k₋₁+k₂/k₁) [S] é a concentração do substrato Alanis Rafaella Um Kₘ numericamente pequeno reflete uma alta afinidade da enzima pelo substrato, pois uma baixa concentração de substrato é necessária para atingir a metade da saturação da enzima. Um Kₘ numericamente grande (elevado) reflete uma baixa afinidade da enzima pelo substrato, pois é necessária uma alta concentração de substrato para atingir a metade da saturação da enzima. A velocidade da reação é diretamente proporcional à concentração da enzima em qualquer concentração de substrato. Se a concentração da enzima é reduzida pela metade, a velocidade inicial da reação, assim como sua velocidade máxima, são reduzidas à metade da velocidade original. Em altas concentrações de substratos ([S]>Kₘ), a velocidade da reação é deordem zero, isto é, é constante e independente da concentração do substrato. Em baixas concentrações de substratos ([S] <Kₘ), a velocidade da reação é de primeira ordem, isto é, é proporcional à concentração do substrato. Inibição das Enzimas Inibidor é qualquer substância que possa diminuir a velocidade de uma reação catalisada por uma enzima. Os inibidores reversíveis ligam-se à enzima por meio de ligações não covalentes. A inibição irreversível ocorre quando uma enzima inibida não recupera sua atividade quando o complexo enzima-inibidor é diluído. Esse tipo de inibição ocorre quando o inibidor liga-se reversivelmente ao mesmo sítio que o substrato normalmente ocuparia e, dessa forma, compete com o substrato por esse sítio. O efeito de um inibidor competitivo é revertido pelo aumento da [S]. Em uma concentração de substrato suficientemente alta, a velocidade da reação atinge a Vₘₐₓ observada na ausência do inibidor. 1. Inibição Competitiva: Um inibidor competitivo aumenta o Kₘ aparente para determinado substrato, assim na presença de um inibidor competitivo, mais substrato é necessário para atingir ¹⁄₂Vₘₐₓ. Esse tipo de inibição pode ser reconhecido por seu efeito característico sobre Vₘₐₓ. Acontece quando o inibidor e o substrato ligam-se a sítios diferentes sobre a enzima. O inibidor não competitivo pode ligar-se tanto à enzima livre quanto ao complexo ES, de modo a impedir que a reação ocorra. A inibição não competitiva não pode ser superada pelo aumento da concentração de substrato. Esses inibidores diminuem a Vₘₐₓ da reação. Os inibidores não competitivos não interferem na ligação do substrato com a enzima, assim a enzima mostra o mesmo Kₘ na presença e ausência dos inibidores. 2. Inibição Não Competitiva: Alanis Rafaella A regulação da velocidade das reações enzimáticas é essencial para o organismo coordenar seus numerosos processos metabólicos. Um aumento na concentração do substrato é refletido no aumento da velocidade da reação, o que tende a fazer a concentração do substrato retornar ao valor normal. As enzimas alostéricas são reguladas por moléculas chamadas efetores (ou modificadores ou moduladores), os quais ligam-se de forma não covalente a outro sítio que não o sítio catalítico. Os efetores que inibem a atividade enzimática são denominados efetores negativos, enquanto aqueles que aumentam a atividade enzimática são os efetores positivos. As enzimas alostéricas geralmente possuem subunidades múltiplas e, frequentemente, catalisam o passo comprometido com a via, no início da rota metabólica. Quando o substrato em si atua como efetor, o efeito é dito homotrópico. Um substrato alostérico funciona, mais frequentemente, como efetor positivo. A presença de uma molécula de substrato em um sítio da enzima aumenta as propriedades catalíticas de outros sítios de ligação ao substrato, ou seja, seus sítios exibem cooperatividade. Efetores positivos e negativos de enzimas alostéricas podem afetar tanto a Vₘₐₓ quanto o Kₘ ou ambos. Regulação das Enzimas O efeito é dito heterotrópico quando o efetor é diferente do substrato. A inibição por retroalimentação é um exemplo de efetor heterotrópico, a qual fornece à célula um produto de que ela necessita regulando o fluxo de moléculas de substratos em uma via que leva à síntese daquele produto. Efetores heterotrópicos são comumente encontrados. Muitas enzimas podem ser reguladas por modificações covalentes, mais frequentemente pela adição ou remoção de grupos fosfatos de resíduos específicos de serina, trionina ou tirosina na enzima. As reações de fosforilação e desfosforilação são catalisadas por uma família de enzimas (proteínas-cinases), que utilizam trifosfato de adenosina (ATP) como doador de fosfato. Os grupos fosfatos são clivados de enzimas fosforiladas pela ação das fosfoproteínas- fosfatases. Dependendo da enzima específica, a forma fosforilada pode ser mais ou menos ativa do que a forma não fosforilada. Alanis Rafaella
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