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APS - PROCESSO PENAL - 7º Semestre - FMU

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS 
 
 
Gabriele Campos Zara – RA 2397828 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS – PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo - SP 
30 de Abril de 2021. 
APS 
O artigo estudado para a elaboração do presente estudo é uma 
comparação entre “Homo Sacer” de Agamben e “O Direito Penal do Inimigo” de 
Jackobs. O artigo estudado teve por objetivo contrapor os dois textos, que foram 
marcos na formação do pensamento jurídico. 
Além disso, o artigo aborda os conceitos de “inimigo” e de “direito penal 
do inimigo” como questões subjetivas, que são definidas como objetos filosófico, 
sociológico e jurídico, onde o maio exemplo usado no artigo é a morte do 
terrorista Osama Bin Laden. 
Em uma primeira análise, pode-se observar que o autor faz referência à 
“cultura do medo” que se instalou no mundo após o ataque às torres gêmeas nos 
EUA, em 11 de setembro, que foi o marco inicial para a chamada “guerra do 
terror”. 
Para esclarecer de forma mais simples os argumentos utilizados nessa 
época é necessário observar e entender o que foi o “Estado de exceção”, 
conceituado por Agambem como uma suspensão da ordem jurídica, trazendo 
dualidade às perspectivas, em que, de um lado os direitos humanos são 
impassíveis de serem suspensos, além de serem totalmente irrevogáveis, 
qualquer que seja o contexto. Por outro lado, tem-se a ideia de adotar o estado 
de exceção em questões relacionadas à guerra ao terror. 
Tais conceitos antagônicos, como a observância dos direitos humanos e 
a aplicação do estado de exceção, criaram um ciclo interminável de mortes, pois 
os EUA optaram por seguir o ponto de vista de Jackobs, que consiste 
exatamente na exceção, anulando totalmente a humanidade do indivíduo que 
propaga o terrorismo ou atos terroristas, e escusa-o de receber tratamento pelo 
processo penal. 
A escolha dos EUA em aplicar a linha de raciocínio de Jackobs, que 
considera o terrorista inimigo e não merecedor de direitos, traz insegurança 
jurídica ao ordenamento pela inobservância de princípios intrínsecos dos direitos 
humanos e de nossa Constituição. 
O autor critica arduamente a postura adotada pelos EUA na guerra do 
terror, não pela atitude de combater o terrorismo e manter seu povo em 
segurança, mas sim pelas ações violadoras dos direitos humanos referentes ao 
direito penal do inimigo, considerando tal país como um dos maiores violadores 
dos direitos humanos. 
Não obstante, observa-se ainda a política adotada por Bush, que 
considerava os talibãs capturados no Afeganistão como inimigos, não sendo 
possível a conversão dos capturados em prisioneiros de guerra, como estipulado 
na Convenção de Genebra. 
Os talibãs capturados não tinham direito nem mesmo de serem acusados 
e julgados pela justiça Americana, pois se encaixavam no conceito de “homer 
scaner”, sendo aqueles tão impuros que não merecem serem submetidos à 
jurisdição humana, conforme pensamento de Agambem, e ainda, considerados 
inimigos pela teoria de Jackobs. 
No direito penal do inimigo, o inimigo é tratado como “não pessoa”, logo, 
o direito é dirigido àqueles que não são considerados humanos, seus direitos ao 
processo legal são retirados, assim como sua liberdade, de tal modo que a 
punição será mais rígida e ocorrerá o mais breve possível. 
O Estado, como defensor maior de sua Constituição e da ordem jurídica, 
não deve, de forma alguma, negar à qualquer um que seja, direitos e garantis 
constitucionais. Nesse sentido, observa-se que existe uma sobreposição ao 
direito de defesa do Estado sobre os direitos e garantias fundamentais, 
ultrapassando os limites de soberania. 
Por fim, conclui-se que há uma inversão de valores e até mesmo uma 
contradição do Estado na aplicação do Direito, ao passo que, todas as nações 
defendem arduamente os direitos humanos, a dignidade, os direitos 
fundamentais de cada um, mas, em contrapartida, reconhecem um indivíduo 
como inimigo, e negam-lhe até mesmo o devido processo legal, o contraditório 
e ampla defesa. 
Há uma polícia social construída em torno da figura do inimigo, mas além 
disso, uma política criminal, que motiva e impulsiona sentimentos de intolerância, 
que muitas vezes são fundamentadas por embasamentos científicos 
apresentados e oferecidos pelo Direito Penal do Inimigo, deixando a sensação 
de que o inimigo não merece qualquer tipo de tratamento humano e digno. 
Isto é, o Estado que defende a dignidade é o mesmo que a nega ao 
inimigo, mas agindo dessa forma, não estaria o Estado sendo o inimigo?

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