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Redes sem Fio Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Mauricio Gagliardi Diniz Paiva Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Sistemas de Comunicação sem Fio • Introdução; • Tecnologias sem Fio; • Padrões e Características; • Wireless LANs. • Apresentar os impactos das tecnologias sem fi o na vida das pessoas; • Apresentar os principais tipos de tecnologia sem fi o; • Apresentar os padrões IEEE defi nidos para as tecnologias sem fi o; • Discutir o funcionamento das Wireless LANs, apresentando o conjunto de serviços oferecido por elas. OBJETIVO DE APRENDIZADO Sistemas de Comunicação sem Fio Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio Introdução As tecnologias sem fio têm causado grandes transformações na vida das pesso- as. Áreas urbanas e privadas têm se tornado locais de conexão permanente, permi- tindo mobilidade e troca de informações a qualquer momento e em qualquer lugar. Cidades como Nova York, Londres e Paris têm sido transformadas pelas mudanças que as redes sem fio tem causado na mobilidade urbana dessas cidades. É a era da computação onipresente, em que usuários podem acessar o que quiserem, de onde quiserem, quando e como desejarem, por meio da virtualização das informações, serviços e aplicações. Projetos de inclusão digital são acelerados. Tudo isso com o auxílio de tecnologias como o Bluetooth, Wi-Fi, 3G, 4G, WiMax, etc. Tecnologias sem Fio Nesta seção, serão apresentadas as principais tecnologias utilizadas nas redes sem fio. Infravermelho Tecnologia sem fio, de baixa potência, utilizada em tranmissões a curtas dis- tâncias. Geralmente, empregada quando sinais sem fio podem interferir em um equipamento eletrônico existente, como, por exemplo, em um hospital. Pode ser configurada como uma tecnologia direcionada ou difusa. No primeiro caso, é ne- cessário haver visada direta entre os equipamentos que estão envolvidos no pro- cesso de comunicação. No segundo, o sinal é refletido em paredes e obstáculos até chegar ao seu destino final. Atualmente, o infravermelho é utilizado para conectar laptops, impressoras, dispositivos pessoais etc. Radiofrequência Do termo inglês Radio Frequency (RF), trata-se de uma tecnologia de rede sem fio que suporta múltiplas frequências e velocidades distintas. Envolve dois ou mais transceptores que nada mais são do que dispositivos capazes de transmitir e receber informações, por meio de radiofrequência, por uma distância de aproxima- damente 16 quilômetros, através de uma topologia ponto a ponto ou multiponto. Micro-ondas Tecnologia sem fio, semelhante à de radiofrequência, porém, neste caso, opera por micro-ondas, percorre distâncias maiores (cerca de 48 quilômetros ou mais) e pode alcançar velocidades mais elevadas (155 Mbps ou até mais). 8 9 Uma desvantagem significativa deste tipo de tecnologia é que suas frequências são regulamentadas e precisam ser licenciadas antes de serem utilizadas. No Brasil, o órgão responsável pela sua regulamentação é a ANATEL - Agência Nacional de Telecomunicações. Nos Estados Unidos, o órgão responsável pela sua regulamen- tação é a FCC (Federal Communications Commission). Padrões e Características As tecnologias sem fio estão definidas nos padrões IEEE do Institute of Electrical and Electronics Engineers. A Tabela 1 ilustra alguns desses padrões. Tabela 1 – Padrões IEEE-802.11 e suas características Classifi cação Padrão Cobertura Distância Tecnologia WWAN (Wireless Wide Area Network) IEEE-802.20 global Conecta dispositivos globalmente WiMAX GSM/GPRS WMAN (Wireless Metropolitan Area Network) IEEE-802.16 cidade Conecta dispositivos até aproximidade 48Km de raio WiMAX GSM/GPRS WLAN (Wireless Local Area Network) IEEE-802.11 local Conecta dispositivos até aproximadamente 90 metros WLAN WPAN (Wireless Personal Area Network) IEEE-802.15 pequena Conecta dispositivos até aproximadamente 10 metros Bluetooth Zigbee Fonte: Adaptado de automacaoindustrial.info O foco desta unidade é o padrão IEEE-802.11 - Wireless LANs. Antes de ver este padrão com maiores detalhes, vejamos de forma breve, como se comportam os demais. ZigBee Protocolo de rede sem fio, classificado como WPAN, padronizado pelo IEEE, em conjunto com a ZigBee Alliance. Seu principal objetivo é oferecer uma infra- estrutura de rede simples e de baixo consumo de energia para dispositivos que não precisam de altas taxas de transmissão, assim como as que são oferecidas pelo Bluetooth. Bluetooth Uma homenagem ao rei Viking Harald que tinha como sobrenome Blatand, cujo significado era dente azul na linguagem viking. Este rei unificou a Dinamarca, Noruega e Suécia e esta tecnologia ganhou este nome por integrar dispositivos de rede e por conectar dispositivos fixos e móveis, através de redes de curto alcance, com altas taxas de transmissão e alto nível de segurança. 9 UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio WLANs As WLANs são redes sem fio que operam por infravermelho ou radiofrequência. Dentre esses dois tipos de rede, a segunda é a mais popular. Opera por radiofrequ- ência, possui maior largura de banda e maior área de cobertura. São padronizadas pelo IEEE e seus principais padrões estão indicados na Tabela 2. Tabela 2 – Quadro comparativo dos padrões IEEE-802.11 IEEE-802.11 Frequência de Transmissão Cobertura Compatibilidade Alcance (Indoor/Outdoor) IEEE-802.11a 5 GHz 54 Mbps – 15 à 80 metros IEEE-802.11b 2,4 GHz 11 Mbps iEEE-802.11g/n 30 à 160 metros IEEE-802.11g 2,4 GHz 54 Mbps iEEE-802.11b/n – IEEE-802.11h 5 GHz 54 Mbps – 15 à 80 metros IEEE-802.11n 2,4 / 5 GHz 300 à 600 Mbps iEEE-802.11b/g 400 / - metros Fonte: CISCO NETWORKING ACADEMY PROGRAM. Fundamentals of Wireless LANs Companion Guide. Indianapolis: Cisco Press, 2004 GSM Do inglês, Global System for Mobile Communication, ou simplesmente Siste- ma Global para Comunicação Móvel. Também conhecido como 2G. Sua principal vantagem está relacionada ao fato de que com seu uso, as conversas deixaram de ser analógicas e passaram a ser digitais, tornando a ocupação do espectro de fre- quência mais eficiente e colaborando para expansão das redes móveis. As primeiras experiênciascom este tipo de tecnologia permitiram atingir taxas de transferência de até 115 Kbps, o que permitiu implementar alguns tipos de ser- viço, como, por exemplo, o download de e-mails pelo celular. GPRS Considerada por alguns especialistas como rede “2,5G”, o GPRS (General Packet Radio Service) trouxe melhora significativa para as transmissões realizadas sobre as redes móveis, aumentando as taxas de transferência oferecidas pelas redes GSM. Com velocidade máxima de até 171,2 Kbps, o GPRS trouxe algumas funciona- lidades, como a utilização simultânea de dados e voz e acesso permanente e ime- diato à rede de dados. Funcionalidades estas que não estavam presentes no GSM. Apesar de as taxas de transferência não serem tão boas para acesso à Internet, as instituições financeiras utilizaram este tipo de tecnologia nos seus caixas eletrônicos para ofertar serviços bancários, em função da facilidade de instalação que dispensa o uso de cabos. 10 11 WiMax WiMax é um acrônimo para Worldwide Interoperability for Microwave Access (Interoperabilidade Mundial para Acesso por Micro-ondas). É uma evolução da tecno- logia Wi-Fi que permite acesso à Internet, sem fio, a velocidades elevadas. Enquanto o Wi-Fi suporta velocidades de até 54 Mbps a uma distância de 100 metros, o WiMax tem um alcance de cerca de 50 Km e atinge velocidades de até 70 Mbps. O WiMax é uma tecnologia sem fio desenvolvida por um conjunto de empresas lideradas pela Intel e pela Nokia, com base no padrão IEEE-802.16. Opera na faixa de frequência de 2 a 66 GHz. Suas principais vantagens estão no acesso à banda larga, seu longo alcance e a falta de necessidade de visada direta para poder realizar transmissões por longas distâncias. Seu funcionamento está ilustrado na figura a seguir de forma bem resumida. Funcionamento da tecnologia WiMax: https://goo.gl/eAbyRv Ex pl or Importante! Outras tecnologias sem fi o, como, por exemplo, 3G, 4G e 5G, não são fruto de análise desta unidade. Serão abordadas em outras disciplinas de seu curso, da mesma forma que as comunicações via satélite e por rádio frequência. Importante! Wireless LANs Em uma rede sem fio, o transmissor pode contatar o receptor, a qualquer mo- mento, desde que ambos os dispositivos estejam sintonizados na mesma frequência e utilizem o mesmo tipo de modulação e codificação como é mostrado na Figura 1. Este tipo de comunicação é conhecido como comunicação unidirecional. Transmitter Device A Receiver Device B Figura 1 – Comunicação unidirecional Parece simples, não é? Mas, na prática, não é tão simples assim! Ex pl or 11 UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio Para que a comunicação seja efetiva, ela deve ocorrer nos dois sentidos, da mes- ma forma, como é mostrado na Figura 2, em que ambos os dispositivos transmitem e recebem informações ao mesmo tempo. Este tipo de comunicação é conhecida como comunicação bidirecional. Transmitter Device A Receiver Device B TransmitterReceiver Figura 2 – Comunicação bidirecional Mas o que acontece quando um dispositivo de rede recebe informações de outros dispositi- vos por meio de sinais que lhe são transmitidos ao mesmo tempo?Ex pl or Esses sinais interfem uns nos outros. A probabilidade de que a interferência au- mente é proporcional à quantidade de dispositivos na rede. Quanto maior o núme- ro de dispositivos, maior a probabilidade de ocorrer interferência. A Figura 3 ilus- tra o que acontece quando todos, ou alguns dispositivos de rede, sintonizados na mesma frequência (ou canal), realizam a tentativa de transmitir ao mesmo tempo. Device A Device B Device C Device D Figura 3 – Interferência ocasionada por transmissões simultâneas Qual é a solução? Utilizar o meio de transmissão com eficiência, ou seja, todos os dispostivos devem operar no modo half-duplex. Dessa forma, não haverá colisões, elas serão evitadas! Qual o impacto? Nenhum dispositivo poderá transmitir e receber informações, ao mesmo tempo, utilizando a mesma frequência. 12 13 Você sabia que as WLANs IEEE 802.11 operam no modo half-duplex? Sim, isso mesmo! Neste modo de transmissão, os dispositivos transmitem e recebem infor- mações utilizando a mesma frequência. Como vários dispositivos compartilham o mesmo canal, podemos dizer que eles compartilham o “tempo de transmissão” e que o acesso ao canal pode ser feito a qualquer momento. Para evitar que colisões ocorram, apenas um dis- positivo pode transmitir por vez. Para operar no modo full-duplex, as redes sem fi o teriam que utilizar duas frequências dis- tintas: uma para transmitir e outra para receber. Embora isto seja possível, o padrão IEEE 802.11 (2012) não permite operação full-duplex. Esta restrição foi tratada na “2ª onda” da implementação do padrão IEEE 802.11ac. Embora algumas experiências tenham sido bem sucedidas, isso tudo, ainda, é baseado em laboratório e não no mundo real. O modo de transmissão full-duplex é o modo preferencial utilizado na maioria das redes cabeadas. É nele que os equipamentos transmitem e recebem informações ao mesmo tem- po. Já no modo de transmissão half-duplex, colisões podem ocorrer. Quando isso acontece, é o protocolo CSMA-CD (Carrier Sense Multiple Access with Colision Detect) que permite aos dispositivos de rede perceber que uma colisão ocorreu, acionar o algorítmo de Backoff e contar um tempo aleatório, até tentar realizar a transmissão outra vez. A máquina que efe- tivamente pegar o meio livre é aquela que irá realizar sua transmissão. Nas redes sem fi o, os dispositivos não podem enviar e receber informações ao mesmo tempo, nem mesmo detectar colisões. Por esse motivo, os dispositivos de rede utilizam um protocolo chamado CSMA-CA (Carrier Sense Multiple Access with Colision Avoidance). É ele que permite aos dispositivos de rede verifi car se uma frequência está livre ou não para ser utilizada. Ex pl or Em uma rede sem fio, qualquer dispositi- vo que esteja sob sua área de cobertura pode se conectar à rede para transmitir ou receber dados. Basta que este dispositivo tenha um adaptador de rede sem fio e as permissões ne- cessárias para isto. Desta forma, as redes sem fio devem ser dotadas de mecanismos que lhes permitam controlar que dispositivos e usuários tenham permissão para utilizar o meio físico e quais métodos devem ser empregados para proteger as transmissões sem fio. Conjunto de Serviços Básicos A solução é tornar cada área de uma rede sem fio em um grupo fechado antes que um dispositivo possa participar de um determinado grupo. Para tanto, o dis- positivo deve divulgar informações a respeito de si mesmo e, ao mesmo tempo, receber permissão para participar do grupo. O padrão IEEE 802.11 chama isso de conjunto de serviços básicos (Basic Service Set – BSS). No centro de cada BSS existe um ponto de acesso (Access Point – AP) conforme ilustrado na Figura 4. Note que a qualidade e intensidade do sinal de uma rede sem fio pode ser afetada por diversos fatores que podem reduzir a taxa de transfe- rência entre os dispositivos da rede. Dessa forma, uma rede sem fio pre- cisa ter meios de garantir um con- junto mínimo de parâmetros para cada dispositivo de rede que utiliza o canal, como, por exemplo, a ve- locidade de transmissão, largura de banda, tipo de modulação etc. 13 UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio O Access Point opera no modo de infraestrutura, o que significa dizer que ele oferece os serviços necessários para formar a infraestrutura de uma rede sem fio. Como a operação de um BSS depende do Access Point, o BSS fica limitado à área de cobertura do sinal do Access Point. Isso é conhecido como área de serviço básico (Basic Service Area – BSA) ou, simplesmente, célula. A Figura 4 ilustra uma célula como uma área circular que pode resultar do pa- drão de radiação de uma antena omnidirecional. As células também podem ter outros tipos de formas, dependendo da antena que é conectada ao Access Point e do ambiente físico de rede. BSS AP BSSID: d4:20:6d:90:ad:20 SSID: “MyNetwork”Figura 4 – Conjunto de Serviços Básicos 802.11 O Access Point é o único dispositivo de rede que faz interface com todos os demais dispositivos que desejam utilizar o BSS. É ele quem anuncia a existência do BSS para que outros dispositivos possam encontrá-lo e tentar acessar a rede. Para que isto ocorra, o Access Point utiliza um identificador exclusivo, conhecido como BSSID que é baseado no seu próprio endereço MAC. A associação de um dispositivo de rede ao BSS é chamada, simplesmente, de associação. Quando um dispositivo deseja se conectar a uma rede sem fio, ele deve enviar uma solicitação de associação ao Access Point que deverá concedê-la ou negá-la. Uma vez associado, o dispositivo de rede torna-se um cliente do BSS ou uma estação 802.11 (STA). Desde que ele permaneça associado, as comunicações DE/PARA este dispo- sitivo devem passar, obrigatóriamente, pelo Access Point, conforme ilustrado na Figura 5. 14 15 BSS AP BSSID: d4:20:6d:90:ad:20 SSID: “MyNetwork” Figura 5 – Fluxo de tráfego dentro de um BSS Por que todo o tráfego de um usuário de uma rede sem fi o deve passar, obrigatoriamente, por um Access Point? Por que dois usuários de uma rede sem fi o não podem trocar informações entre eles, sem precisar passar, necessariamente, pelo Access Point? Ex pl or Simplesmente, porque, desta forma, a ideia de organizar e gerenciar um BSS perde o sentido. Ao enviar dados, primeiro, para o Access Point, o BSS permanece estável e sob controle. O padrão IEEE 802.11z é uma exceção à regra. Ele permite que dois usuários troquem informações diretamente entre si, desde que a comunicação tenha sido intermediada por um Access Point. Antena Omnidirecional: Antena na qual o sinal se propaga em todas direções. Não precisa de direcionamento, o que facilita a sua instalação.Ex pl or Sistema de Distribuição Note que cada BSS possui um único Access Point. Não existe conexão com a rede cabeada cujo padrão nos dias atuais é a própria rede Ethernet. Neste cenário, o Access Point e seus clientes estão associados e formam uma rede autônoma. 15 UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio O papel de cada Access Point, no centro de cada BSS, não se limita apenas a gerenciá-lo. Mais cedo ou mais tarde, dispositivos que fazem parte de um mesmo BSS precisarão se comunicar com dispositivos que fazem parte de outro BSS. Um Access Point pode se conectar a outras redes sem fio e até mesmo às redes Ethernet cabeadas porque possui recursos para isso. O padrão IEEE 802.11 se re- fere à Ethernet cabeada como sistema de distribuição (Distribution System – DS) para um BSS sem fio, conforme ilustrado na Figura 6. Neste padrão, o Access Point pode ser visto como uma ponte entre dois meios distintos (com e sem fio) em que frames são traduzidos e vinculados à camada 2. Em outras palavras, o Access Point é responsável por mapear uma rede local vir- tual (VLAN) para um SSID. Na Figura 6, o Access Point mapeia a VLAN 10 para uma rede sem fio utilizando o SSID “MyNetwork”. Dessa forma, os dispositivos de rede associados ao SSID “MyNetwork” parecem estar vinculados à VLAN10. BSS AP BSSID: d4:20:6d:90:ad:20 SSID: “MyNetwork” VLAN 10 DS Figura 6 – O Sistema de Distribuição que suporta um BSS Este conceito pode ser estendido para que várias VLANs sejam mapeadas para vários SSIDs. Para fazer isso, o Access Point deve ser conectado a um switch por meio de um link de tronco, ou seja, que suporte VLANs. Na Figura 7, as VLANs 10, 20 e 30 se conectam ao DS por meio de um link de tronco. O Access Point 16 17 utiliza o protocolo IEEE 802.1Q para mapear os números de VLAN para os res- pectivos SSIDs. Exemplo, a VLAN 10 é mapeada para o SSID “MyNetwork”, a VLAN 20 é mapeada para o SSID “YourNetwork” e a VLAN 30 é mapeada para o SSID “Guest”. DS BSSID: d4:20:6d:90:ad:22 SSID: “Guest” BSSID: d4:20:6d:90:ad:21 SSID: “YourNetwork” BSSID: d4:20:6d:90:ad:20 SSID: “MyNetwork” 802.1Q Trunk VLANs 10, 20, 30 Figura 7 – Suporte de vários SSIDs por um Access Point Na verdade, quando um Access Point utiliza vários SSIDs, ele está na realidade entroncando várias VLANs pelo ar, para dispositivos sem fio. Esses dispositivos devem utilizar o SSID apropriado para se conectar à rede, transmitir ou receber informações. Em outras palavras, eles devem utilizar o SSID que foi mapeado para cada VLAN quando o Access Point foi configurado. Dessa forma, o Access Point se comporta como vários pontos de acesso lógico - um para cada BSS, com um BSSID exclusivo para cada um deles. Embora um Access Point possa anunciar e dar suporte a várias redes lógicas, sem fio, cada SSID cobre a mesma área geográfica. Isso acontece porque o Access Point utiliza o mesmo transmissor, receptor, antenas e o mesmo canal que é utili- zado para cada SSID que é suportado por ele. Importante! Vários SSIDs podem dar ilusão de escala. Cuidado! Isto é errado! Mesmo que os dispositivos estejam distribuídos através de vários SSIDs, eles comparti- lham o mesmo hardware do Access Point e disputam o tempo de transmissão do canal que é o mesmo. Importante! VLAN: Virtual Local Area Network: rede em que os dispositivos são agrupados de forma lógica e não física. Protocolo IEEE 802.1q: protocolo utilizado na criação de VLANs sobre redes Ethernet. Ex pl or 17 UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio Conjunto de Serviços Estendidos Geralmente, um Access Point não pode cobrir toda a área na qual está locali- zado um dispositivo sem fio. Para aumentar sua área de cobertura, basta adicionar mais pontos de acesso à rede, posicionando esses equipamentos de forma estra- tégica, de modo a ampliar sua área de cobertura, assim como é feito em prédios corporativos, hotéis, aeroportos etc. Quando mais de um Access Point é utilizado em uma rede sem fio, esses dispositivos podem ser interconectados através de uma infraestrutura comutada como é mostrado na Figura 8. O IEEE 802.11 chama esta infraestrutura de conjunto de serviços estendidos (Extended Service Set – ESS). O objetivo desta infraestrutura é fazer com que vários Access Points trabalhem em conjunto de forma que o serviço oferecido por essas redes seja consistente e sem interrupções sob o ponto de vista dos clientes que as utilizam. Para que isso ocorra, um SSID configurado em um Access Point deverá ser configurado em todos os demais Access Point que compõem um ESS. Caso isso não seja feito, à medida que um dispositivo se desloca de uma célula para outra, haverá o inconve- niente de ter que reconfigurar este dispositivo na nova célula. Note que cada célula possui um único BSSID, mas ambas compartilham o mesmo SSID, conforme ilus- trado na Figura 8. Seja qual for a localização de um dispositivo em um ESS, o SSID sempre permanecerá o mesmo. Apesar disso, o dispositivo sempre será capaz de distinguir um Access Point do outro. Em um ESS, os dispositivos sempre ficam associados ao Access Point que está mais próximo deles, fisicamente. À medida que os usuários se deslocam através de um ESS, eles podem ser associados a outros Access Points de forma automática. Este processo é conhecido como roaming. VLAN 10ESS BSS-1 AP-1 BSSID: d4:20:6d:90:ad:20 SSID: “MyNetwork” BSS-2 AP-2 BSSID: e4:22:47:af:c3:70 SSID: “MyNetwork” Figura 8 – Ampliando a área de cobertura de uma rede sem fio com um conjunto de serviços estendidos 802.11 18 19 Conjunto de Serviços Básicos Independentes De maneira geral, uma rede sem fio utiliza os Access Points para prover orga- nização, controle e escalabilidade. Algumas vezes, não é possível (ou conveniente) usufruir desta condição, devido a uma situação improvisada. Você consegue imaginar em que situações isto pode ocorrer? Veja alguns exemplos: 1. Imagine duas pessoas que querem trocar documentos eletrônicos em uma reunião, porém não conseguem encontrar uma BSS disponível. 2. Imagine uma pessoa que quer imprimir um documento utilizando uma impressora pessoal, sem fi o, porém sem depender de uma BSS ou um Access Point. Ex pl orO padrão IEEE 802.11 permite que dois ou mais dispositivos sem fio se comu- niquem diretamente, conforme ilustrado na Figura 9. Este tipo de rede é conhecido como ad hoc ou conjunto de serviços básicos independentes (IBSS). IBSS Figura 10 – Um Conjunto de Serviços Básicos Independentes 802.11 Para que isto funcione, um dos dispositivos sem fio deve tomar a iniciativa, anunciar um nome de rede e os parâmetros de rádio necessários para estabelecer a comunicação. Qualquer dispositivo que esteja próximo poderá se associar. Independente, de sua conveniência, as redes ad hoc são raramente recomenda- das e utilizadas devido as suas limitações. O padrão IEEE 802.11, destinado aos IBSSs, devem ser organizados de maneira improvisada e distribuída. Portanto, não escalam bem a partir de oito a dez máquinas. 19 UNIDADE Sistemas de Comunicação sem Fio Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Microondas IP com Frequência Tradicional de 6 a 42 GHz https://goo.gl/doXX92 Vídeos Trabalho em Altura, Alinhamento de Rádio digital https://youtu.be/fB_Bjq1cLAY Embratel Star One: Lançamento Satélite Star One C4 https://youtu.be/mbjiK_GqXTg Leitura Embratel Star One https://goo.gl/2VrEsp 20 21 Referências AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL, Instrumentação WirelessHART: Segurança dos dados e coexistência com outros protocolos sem fios na indústria. 2018. Dispo- nível em <https://www.automacaoindustrial.info/instrumentacao-wirelesshart-se- guranca-dos-dados-e-coexistencia-com-outros-protocolos-sem-fios-na-industria/>. Acesso em: 27/10/2018. BARRETT, Diane; KING, Todd. Redes de Computadores. Rio de Janeiro: LTC, 2010. BARTHÈS, Jean-Paul A; LIN, ZongkaI; LUO, Junzhou; SHEN, WeiminG. Com- puter Supported Cooperative Work in Design III. Berlin: Springer, 2007. CANALTECH, GSM, 3G, EDGE, HPSA, 4G e LTE: entenda as siglas de cone- xão mobile. 2018. Disponível em <https://canaltech.com.br/telecom/gsm-edge- -hpsa-lte-entenda-as-siglas-de-conexao-mobile/>. Acesso em: 27/10/2018. CISCO, 802.11ac Wave 2 FAQ. 2018. Disponível em <https://www.cisco. com/c/en/us/solutions/collateral/enterprise-networks/80211ac-solution/q-and- -a-c67-734152.html>. Acesso em: 27/10/2018. CISCO, Is wireless half-duplex or full-duplex? 2018. Disponível em <https:// community.cisco.com/t5/wireless-and-mobility/is-wireless-half-duplexor-full-du- plex/td-p/2733098> . Acesso em: 27/10/2018. CISCO NETWORKING ACADEMY PROGRAM. Fundamentals of Wireless LANs Companion Guide. Indianapolis: Cisco Press, 2004. EMBRATEL, Embratel Star One: Lançamento Satélite Star One C4. 2018. Disponível em <http://www.starone.com.br/video-c4.html>. Acesso em: 27/10/2018. EMBRATEL, Star One D1. 2018. 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