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A MUSICA POPULAR BRASILEIRA E SUAS INFLUÊNCIAS LITERÁRIAS correto

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A MUSICA POPULAR BRASILEIRA E SUAS INFLUÊNCIAS LITERÁRIAS
 Tatiana da Silva Cardoso 1
Profa. Maria Paz Pizarro Portilla 2
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo principal apresentar a influência literária na história da nossa música popular brasileira. Tanto a literatura quanto a música são manifestações artísticas que acompanham o ser humano desde sempre. São produções culturais únicas e distintas que se completam. A música tem um papel muito semelhante da literatura por provocar sensações, emoções, revoltas, denúncias, compaixão e efeitos estéticos que ajudam a compreender melhor as pessoas, o mundo e nós mesmos. São manifestações que mexem com o imaginário coletivo da sociedade.
Palavras – Chave: Música. Literatura. Artes. História. 
1 INTRODUÇÃO
Há muita afinidade entre música e a literatura. Ao longo de toda a história da música, a literatura sempre foi fonte inspiradora da criação musical e seus sons. Música e literatura caminham juntas apesar de ainda termos uma visão isolada de ambas. Aliás a divisão delas só se dá com o declínio da oralidade literária, a partir da criação da imprensa, quando o ato de ler se torna então solitário.
Na antiguidade clássica, a junção entre a música e literatura era totalmente natural, porque a ideia de texto e melodia era considerada uma coisa só. Mais tarde, na fase da tradição helenística, vimos a era da poesia lírica cantada pelos seus poetas. Já durante a Idade Média surge a figura do trovador, poeta e musico ao mesmo tempo, que anda de vila em vila entoando suas cantigas satíricas. 
O desenvolvimento dessa relação fica muito clara também na história da música popular brasileira. O processo de modernização do país, a evolução dos meios de comunicação e a convivência intima entre letristas e poetas criaram essa relação harmoniosa principalmente no século XX. 
O presente artigo tem por objetivo contribuir com o campo de pesquisa apresentando alguns exemplos em que ocorreram essas influencias e com isso fazermos uma reflexão introdutória sobre a relação entre música popular brasileira e literatura. Para isso nos debruçaremos sobre alguns de nossos compositores e suas obras, buscando demonstrar claramente como a literatura influenciou seus processos de criação.
Poetas e músicos são membros de uma mesma igreja, relacionados na forma mais íntima: pois o segredo da palavra e do tom é o mesmo e único. (E. T. A. Hoffman)
A relação literário-musical se faz de forma intensificada no Brasil, que dispõe de um grande acervo poético e musical fascinando a todos que com ele tem contato. Segundo Luiz Tatit a canção é organismo que ludibria o observador por jamais se apresentar com o mesmo aspecto. Por isso, a canção brasileira converteu-se em território livre, muito frequentado por artistas que não se consideravam nem músicos, nem poetas, nem cantores, mas um pouco de tudo isso e mais alguma coisa (TATIT, 2001, p12). É por esse motivo que a musica popular brasileira se solidifica e se torna objeto de estudo, porque nossos cantores gravam poesias, valorizam as formas e as melodias. São poetas que buscam inspiração na literatura e na própria musica para compor seus versos, em um movimento em que as duas artes se misturam e se completam. 
2. PRÊMIO LITERARIO PARA COMPOSITORES
2.1 BOB DYLAN E CHICO BUARQUE
A conquista do Nobel de Literatura em 2016 pelo cantor e compositor Bob Dylan levantou mais uma vez a dúvida sobre música ser ou não literatura. A academia começa a perceber que no mundo de convergência em que vivemos, todos os gêneros são híbridos, e o debate se expandiu para fora da academia. 
Bob Dylan, músico e compositor, foi premiado pela contribuição da sua obra à criação literária. O próprio Dylan refletiu sobre o assunto, concluindo que “música é diferente de literatura”. No entanto, diversas manifestações musicais já foram capazes de provar que literatura pode ser cantada e música pode ser lida. 
O cantor brasileiro que também ganhou um prêmio literário muito importante foi Chico Buarque. O prêmio Camões é o mais prestigiado prêmio da literatura em língua portuguesa. Criado em 1988 pelos governos do Brasil e de Portugal, o prêmio elege a cada ano, pelo conjunto da obra, um escritor de países onde o português é a língua oficial. Chico foi eleito em 2019. Antes de Chico, o último brasileiro premiado tinha sido Raduan Nassar em 2016. Além deles, os brasileiros ganhadores do Camões são: João Cabral de Melo Neto (1990), Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994) Antônio Candido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005), Joao Ubaldo Ribeiro (2008), Ferreira Gullar (2010), Dalton Trevisan (2012) e Alberto da Costa e Silva (2014). 
3. CHICO BUARQUE DE HOLLANDA 
Falando em Chico Buarque vamos começar analisando então alguns de seus grandes sucessos. 
 A letra da canção é um verdadeiro poema que conta a história de um trabalhador da construção civil que sai de casa pela manhã, enfrenta toda a dureza e caminha em direção ao seu trágico fim. Analisemos:
Construção
Amou daquela vez como se fosse a última/Beijou sua mulher como se fosse a última/E cada filho seu como se fosse o único/E atravessou a rua com seu passo tímido/Subiu a construção como se fosse máquina/Ergueu no patamar quatro paredes sólidas/Tijolo com tijolo num desenho mágico/Seus olhos embotados de cimento e lágrima/Sentou pra descansar como se fosse sábado/Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago/Dançou e gargalhou como se ouvisse música/E tropeçou no céu como se fosse um bêbado/E flutuou no ar como se fosse um pássaro/E se acabou no chão feito um pacote flácido/Agonizou no meio do passeio público/Morreu na contramão atrapalhando o tráfego. (Construção, CHICO BUARQUE, 1971).
Como podemos perceber, letra e melodia se unem. Nessa canção o ritmo é dado pela métrica dos versos que são alexandrinos, ou seja, possuem doze sílabas poéticas. O tema da canção reflete o dia a dia de um trabalhador comum da construção civil, daí o título. Também a forma em que os versos são criados nos passam a ideia de uma construção, de um movimento que tem começo, meio e fim. Outra característica importante é que os versos terminam com proparoxítonas. A repetição dessas palavras causa um efeito chamado homofonia, quando os sons que se repetem e refletem uma unidade rítmica, e colaboram com o tema do cotidiano. Os adjetivos e substantivos são os pilares da canção que mostram o decorrer do dia de trabalho do personagem. 
Na primeira estrofe fica evidente o amor pela família e a importância do trabalho, porque o mesmo se despede e sai. Em seguida é descrito o trabalho árduo do personagem erguendo o edifício. Na hora do almoço o homem está cansado, mas parece feliz, come como se fosse um príncipe e dança como se ouvisse música. O autor/compositor usa metáforas profundas e contrastantes: um “príncipe”, “uma máquina” e quando o homem cai se torna “um bêbado”, um “pacote flácido”. O final é o choque entre a realidade e a esperança. Além da métrica espetacular usada, a canção faz uma crítica ferrenha ao sistema, porque a morte do trabalhador não é mostrada como uma tragédia e sim como um infortúnio porque acaba atrapalhando o tráfego. 
A letra dessa canção traz à lembrança outros poemas:
Construção
Um grito /pula no ar como foguete/Vem da paisagem de barro úmido, caliça e andaimes hirtos. /O sol cai sobre as coisas em placa fervendo. /O sorveteiro corta a rua. /E o vento brinca nos bigodes do construtor. Carlos Drummond de Andrade, 2013.
A rua diferente
Na minha rua estão cortando árvores/botando trilhos/construindo casas. /Minha rua acordou mudada. /Os vizinhos não se conformam. /Eles não sabem que a vida/tem dessas exigências brutas. /Só minha filha goza o espetáculo/e se diverte com os andaimes, /a luz da solda autógena/e o cimento escorrendo nas formas. Carlos Drummond de Andrade, 2013.
Os poemas são de Carlos Drummond de Andrade e trazem amesma temática da construção civil, que vai aos poucos tomando conta da paisagem. O grito do primeiro poema poderia ser o mesmo grito do trabalhador que caiu do andaime? E os vizinhos do segundo poema, será que não se conformam com a morte do trabalhador? 
Percebem como os poemas e a letra da música conversam entre si de forma espetacular?
Outra obra que nos remete a literatura é a música Geni e o Zepelim. Apesar do compositor nunca ter dito se a obra foi realmente inspirada no conto “Bola de Sebo” do francês Guy de Maupassant, fica evidente as semelhanças no tratamento dado a Geny, por todos de uma localidade, e os dez personagens franceses que viajam junto com a Bola de Sebo, Elizabeth Rousset, enfrentando a hostilidade dos prussianos. 
O conto de Maupassant conta história de uma pequena cidade que entra em pânico com a invasão dos prussianos. Os mais ricos alugam um carro pra fugir, mas sem que ninguém saiba, nele se instala a mais famosa prostituta da cidade, de apelido Bola de Sebo por ser muito gorda. Todos se sentem incomodados com a presença dela e as mulheres ficam indignadas. A história muda quando o carro é interceptado pelos inimigos e o comandante decide que todos só serão libertados se Bola de Sebo passar uma hora com ele. Todas as donzelas e os ricos homens tentam convencer a prostitua a ir com o comandante já que todos dependem dela para serem salvos. A prostitua cede aos pedidos, mas quando volta percebe que não é agradecida pela sua ação e sim é apenas desprezada e sua presença é ignorada. Todos comem e o único ruido que se ouve é o choro da pobre prostituta. A mesma história é contada na canção, com algumas modificações, mas é nítida a semelhança, conforme os versos abaixo:
De tudo que é nego torto/Do mangue, do cais, do porto/Ela já foi namorada/O seu corpo é dos errantes/Dos cegos, dos retirantes/É de quem não tem mais nada/Dá-se assim desde menina/Na garagem, na cantina/Atrás do tanque, no mato/É a rainha dos detentos/Das loucas, dos lazarentos/Dos moleques do internato/E também vai amiúde/Com os velhinhos sem saúde/E as viúvas sem porvir/Ela é um poço de bondade/E é por isso que a cidade/Vive sempre a repetir/Joga pedra na Geni/Joga pedra na Geni/Ela é feita pra apanhar/Ela é boa de cuspir/Ela dá pra qualquer um/Maldita Geni./Um dia surgiu, brilhante/Entre as nuvens, flutuante/Um enorme zepelim/Pairou sobre os edifícios/Abriu dois mil orifícios/Com dois mil canhões assim/A cidade apavorada/Se quedou paralisada/Pronta pra virar geleia/Mas do zepelim gigante/Desceu o seu comandante/Dizendo: Mudei de ideia!/Quando vi nesta cidade/Tanto horror e iniquidade/Resolvi tudo explodir/Mas posso evitar o drama/Se aquela formosa dama/Esta noite me servir/Essa dama era Geni!/Mas não pode ser Geni!/Ela é feita pra apanhar/Ela é boa de cuspir/Ela dá pra qualquer um/Maldita Geni!/Mas de fato, logo ela/Tão coitada e tão singela/Cativara o forasteiro/O guerreiro tão vistoso/Tão temido e poderoso/Era dela, prisioneiro/Acontece que a donzela/(E isso era segredo dela)/Também tinha seus caprichos/E ao deitar com homem tão nobre/Tão cheirando a brilho e a cobre/Preferia amar com os bichos/Ao ouvir tal heresia/A cidade em romaria/Foi beijar a sua mão/O prefeito de joelhos/O bispo de olhos vermelhos/E o banqueiro com um milhão/Vai com ele, vai, Geni!/Vai com ele, vai, Geni!/Você pode nos salvar/Você vai nos redimir/Você dá pra qualquer um/Bendita Geni!/Foram tantos os pedidos/Tão sinceros, tão sentidos/Que ela dominou seu asco/Nessa noite lancinante/Entregou-se a tal amante/Como quem dá-se ao carrasco/Ele fez tanta sujeira/Lambuzou-se a noite inteira//Até ficar saciado/E nem bem amanhecia/Partiu numa nuvem fria/Com seu zepelim prateado/Num suspiro aliviado/Ela se virou de lado/E tentou até sorrir/Mas logo raiou o dia/E a cidade em cantoria/Não deixou ela dormir/Joga pedra na Geni!/Joga bosta na Geni!/Ela é feita pra apanhar!/Ela é boa de cuspir!/Ela dá pra qualquer um!/Maldita Geni!/Joga pedra na Geni!/Joga bosta na Geni!/Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir!/Ela dá pra qualquer um!/Maldita Geni! (Geni e o Zepellim, CHICO BUARQUE, 1978)
Outra canção que traz também referências literárias é a música Mulheres de Athenas. Ela faz um comparativo das mulheres da atualidade, mas que ainda são submissas ao marido, como as mulheres retratadas nos poemas épicos “Odisséia e Illiada” ambos atribuídos a Homero. 
A bela Penelope, padece da solidão por causa da separação de seu marido Ulisses, herói do poema Odisseia. Durante a ausência do companheiro a mulher se perfuma e se arruma e implora aos deuses o retorno de seu esposo. Sua beleza e sua riqueza atraem vários pretendentes que querem tomar o lugar do marido tido como morto. Na esperança de se preservar, Penelope diz tecer uma mortalha para poder enterrar o marido que acha estar morto e com isso tenta fazer com que esses pretendentes desistam de tomar o lugar de Ulisses, porque sempre a noite a bela desmancha a mortalha e recomeça o trabalho outra vez.
“(...) Urgem-me os procos, e eu maquino enganos. Um gênio me inspirou tramar imensa larga teia delgada, e assim lhes disse: - Amantes meus, depois de morto Ulisses, vós não me insteis, o meu lavor perdendo, sem que do herói Laertes a mortalha toda esteja tecida, para que quando no sono longo o sopitar o fado: nenhuma argiva exprobre-me um funéreo manto rico não ter quem teve nato. – A diurna obra desfazia à noite, e os entretive ilusos por três anos (...) “ (Homero, p. 335,2002)
A seguir a letra da música de Chico Buarque e Augusto Boal
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas/Quando amadas, se perfumam/Se banham com leite, se arrumam/Suas melenas
Quando fustigadas não choram/Se ajoelham, pedem, imploram/Mais duras penas, cadenas/Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas/Quando eles embarcam, soldados/Elas tecem longos bordados/Mil quarentenas/E quando eles voltam sedentos/Querem arrancar violentos/Carícias plenas, obscenas/Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas/Quando eles se entopem de vinho/Costumam buscar o carinho de outras falenas/Mas no fim da noite, aos pedaços/Quase sempre voltam pros braços/De suas pequenas Helenas/Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas/Elas não têm gosto ou vontade/Nem defeito nem qualidade/Têm medo apenas/Não têm sonhos, só têm presságios/O seu homem, mares, Naufrágios/Lindas sirenas morenas/Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas/As jovens viúvas marcadas/E as gestantes abandonadas/Não fazem cenas/Vestem-se de negro, se encolhem/Se conformam e se recolhem/Às suas novenas serenas/Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas/Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas (Mulheres de Athenas, CHICO BUARQUE, 1976)
Os autores de “Mulheres de Atenas” remetem sem dúvida a essa referência histórica desses poemas épicos para falarem e chamarem a atenção das mulheres que ainda vivem e secam por seus maridos ao estilo ateniense. 
4. FAGNER e FERREIRA GULLAR
Outro cantor que teve músicas inspiradas na literatura foi o cantor Fagner. A música Canteiros foi proibida durante muito tempo, por conta de um processo que envolvia a família da escritora Cecília Meireles, já que a música transcrevia um trecho do poema Marcha: 
Quando penso no teu rosto, /fecho os olhos de saudades;/tenho visto muita coisa, /menos a felicidade. /Soltam-se os meus dedos tristes,
dos sonhos claros que invento. /Nem aquilo que imagino/já me dá contentamento. Cecilia Meirelles, 1939.
Segue letra da música Canteiros:
Quando penso em você/Fecho os olhos de saudade/Tenho tido muita coisa/Menos a felicidade/Correm os meus dedos longos/Em versos tristes que invento/Nem aquilo a que me entrego/Já me dá contentamento/Pode ser até manhã/Cedo, claro, feito o dia/Mas nada do que me dizem/Me faz sentir alegria/Eu só queria ter domato/Um gosto de framboesa/Pra correr entre os canteiros/E esconder minha tristeza/E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza/E deixemos de coisa, cuidemos da vida/Pois se não chega a morte/Ou coisa parecida/E nos arrasta moço/Sem ter visto a vida/Quando penso em você/Fecho os olhos de saudade/Tenho tido muita coisa/Menos a felicidade/Correm os meus dedos longos/Em versos tristes que invento/Nem aquilo a que me entrego/Já me dá Contentamento/Pode ser até manhã/Cedo, claro, feito o dia/Mas nada do que me dizem/Me faz sentir alegria/Eu só queria ter do mato/Um gosto de framboesa/Pra correr entre os canteiros/E esconder minha tristeza/E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza/E deixemos de coisa, cuidemos da vida/Pois se não chega a morte/Ou coisa parecida/E nos arrasta moço/Sem ter visto a vida/Eu só queria ter do mato/Um gosto de framboesa/Pra correr entre os canteiros/E esconder minha tristeza/E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza/E deixemos de coisa, cuidemos da vida/Pois se não chega a morte/Ou coisa parecida/E nos arrasta moço/Sem ter visto a vida/Quando penso em você/Fecho os olhos de saudade/Mas a felicidade/Correm os meus dedos longos/É pau, é pedra, é o fim do caminho/É um resto de toco, é um pouco sozinho/São as águas de março fechando o verão/É promessa de vida em nosso coração/E eu ainda sou bem moço pra tristeza/E deixemos de coisa, cuidemos da vida/Pois se não chega a morte/Ou coisa parecida/E nos arrasta moço/Sem ter visto a vida. (Canteiros, FAGNER, 1973)
O compositor misturou trechos do poema Marcha com parte da música “Águas de março” de Tom Jobim e “Hora do Almoço” de Belchior. Os dois últimos levaram as citações como homenagem ao contrário da família de Meireles que entraram com um processo contra o cantor. Polemicas à parte fica evidente a referência literária à Cecilia Meireles.
Fagner teve outra parceria que lhe rendeu um outro grande sucesso, que foi com a música Borbulhas de Amor, canção de Juan Luiz Guerra e que foi adaptado para o português por Ferreira Gullar. Gullar foi um grande escritor e teve seus versos musicados por diversos cantores. 
A adaptação feita por Gullar fez um enorme sucesso. A canção usa diversas metáforas para expressar o desejo sexual do eu lírico. A união carnal é tema recorrente em poemas eróticos. Nos primeiros versos é possível ainda lembrar também da segunda fase do romantismo no Brasil, que ficou caracterizada pela idealização do amor e da mulher amada.
Tenho um coração/Dividido entre a esperança e a razão/Tenho um coração/Bem melhor que não tivera/Esse coração/Não consegue se conter ao ouvir tua voz/Pobre coração/Sempre escravo da ternura/Quem dera ser um peixe/Para em teu límpido aquário mergulhar/Fazer borbulhas de amor pra te encantar/Passar a noite em claro/Dentro de ti/Canta coração/ Que está alma necessita De ilusão/ Sonha coração /Não te enchas de amargura.../ Esse coração /Não consegue se conter /Ao ouvir tua voz /Pobre coração /Sempre escravo da ternura.../ Quem dera ser um peixe/ Para em teu límpido/ Aquário mergulhar /Fazer borbulhas de amor Prá te encantar /Passar a noite em claro/ Dentro de ti... Um peixe /Para enfeitar de corais/ Tua cintura Fazer silhuetas de amor/ À luz da lua /Saciar esta loucura /Dentro de ti... Uma noite/ Para unir-nos até o fim /Cara-cara, beijo a beijo /E viver /Para sempre/ dentro de ti... (Borbulhas de Amor, FAGNER, 1991).
A primeira estrofe nos mostra o devaneio do eu lírico entre a loucura e a razão, ele diz até que seria melhor não ter coração para que não sentisse tudo aquilo. Como se quisesse mostrar como aquele sentimento estava o tornando escravo do amor, como descrito no verso seguinte. Vejamos agora um trecho de um poema do escritor Casimiro de Abreu:
Desejo/Se eu soubesse que no mundo/Existia um coração,/Que só’ por mim palpitasse/De amor em terna expansão;/Do peito calara as mágoas,/Bem feliz eu era então!/Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são,/Se tivesse quinze anos,/Se fosse rosa em botão,/Se inda brincasse inocente/Descuidosa no gazão;/Se tivesse a tez morena,/Os olhos com expressão,/Negros, negros, que matassem,/Que morressem de paixão,/Impondo sempre tiranos/Um jugo de sedução; Casimiro de Abreu, 1859.
O próprio tema do poema já nos traz a ideia o desejo do eu lírico pela mulher amada e idealizada por ele em seus sonhos, como se fosse um amor proibido e que nunca seria concretizado.
Além da parceria com Fagner, que talvez tenha sido seu parceiro mais conhecido, Gullar teve mais de 30 músicas que ostentam seus versos cantados por diversos nomes da música popular brasileira. Versos que ganharam melodias pela inspiração de compositores como Milton Nascimento parceiro de Gullar em Bela bela e Meu Veneno, lançadas em 1981 e 1990. Há outras participações como na canção Onde Andaras escrita pelo poeta a pedido de Maria Bethânia. Ainda em 1975 escreveu versos para a melodia de O trenzinho caipira e gravado por Edu Lobo em 1978.Foi parceiro também de Adriana Calcanhoto, compositora que musicou versos lúdicos do poeta para o espetáculo infantil Adriana Partimpim em 2004; Flávia Bittencourt (Um instante 2012); Moacyr Cruz (poema obsceno,2005); Paulinho da viola (Solução de Vida, 1996) e Sueli Costa (Escuta Moça, 1984). Com Fagner gravou ainda os poemas contigo (1983); Me leve (Cantiga para não morrer 1984); Rainha da Vida (1986) e Menos de mim (1991).
5. GERALDO VANDRÉ E GUIMARAES ROSA
A música Disparada foi escrita por Geraldo Vandré com o violonista Theo de Barros durante uma viagem a Catanduva no interior de São Paulo, em 1966. “Ele pegou a música caipira, juntou Guimarães Rosa e fez uma coisa completamente nova. Como obra de arte, Disparada talvez seja a música mais perfeita que o Brasil já produziu”, declarou, em depoimento, o jornalista e pesquisador Alberto Helena Jr., um dos primeiros a ouvir a canção.
Fica evidente na análise da letra da música a influência do grande romancista Guimaraes Rosa. O escritor falava com o sertanejo, o matuto, caipira, roceiro. Mas, esse povo interiorano, é dono de tradições, costumes e conhecimentos ricos e capazes de proporcionar sabedoria e orgulho.
“Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Sou muito pobre coitado. Inveja minha pura é de uns conforme o senhor, com toda leitura e suma doutoração. Não é que seja analfabeto. Soletrei, anos e meio, meante cartilha, memória e palmatória. Tive mestre. Mestre Lucas, no curralinho, decorei gramática, as operações, regra de três, até geografia e estudo pátio”. Guimaraes Rosa, 1956.
Prepare o seu coração/Pras coisas que eu vou contar/Eu venho lá do sertão/Eu venho lá do sertão/Eu venho lá do sertão/E posso não lhe agradar / Aprendi a dizer não/Ver a morte sem chorar/E a morte, o destino, tudo/E a morte, o destino, tudo/Estava fora do lugar/E eu vivo pra consertar/Na boiada já fui boi, mas um dia me montei/Não por um motivo meu/Ou de quem comigo houvesse/Que qualquer querer tivesse/Porém por necessidade/Do dono de uma boiada/Cujo vaqueiro morreu/Boiadeiro muito tempo/Laço firme, braço forte/Muito gado e muita gente/Pela vida segurei/Seguia como num sonho/Que boiadeiro, era um rei/Mas o mundo foi rodando/Nas patas do meu cavalo/E nos sonhos que fui sonhando/As visões se clareando/As visões se clareando/Até que um dia acordei/Então não pude seguir/Valente lugar-tenente/De dono de gado e gente/Porque gado a gente marca/Tange, ferra, engorda e mata/Mas com gente é diferente/Se você não concordar/Não posso me desculpar/Não canto pra enganar/Vou pegar minha viola/Vou deixar você de lado/Vou cantar noutro lugar. (Disparada, JAIR RODRIGUES, 1966)
Nos trechos acima, tanto na música quanto no trecho do livro, o personagem se explica dizendo que mesmo sem ter estudo ele não é ignorante e tem muitas coisas importantes pra dizer. Na música o eu lírico já diz que pode não agradar, devido a forma simples de falar, por ser sertanejo retirante já denunciando talvez um preconceito da sociedade. Mas o que ele diz é importante, pois já viveu muitas coisas e sabe o que dia. Como no livro ele mostra que na vidaé preciso ter coragem, braço forte: 
“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Guimaraes Rosa, 1956.
Ao analisar os trechos acima, temos a nítida impressão de ser o mesmo personagem falando. No livro Riobaldo é o protagonista-narrador que apresenta um relato sobre sua vida, desde seus medos, amores, traições, dentre outros. Tanto Geraldo Vandré quanto Guimarães Rosa falam do brasileiro inculto. Esse ser conhecido como caipira, mas que também pensa. E pensa muito, principalmente sobre a vida, os verdadeiros valores e os caminhos da existência. Os caipiras deles não são bobos ou jecas-tatu, são seres profundos.
6. BELCHIOR E SUAS REFERENCIAS
Belchior talvez tenha sido o compositor que mais fez referências à clássicos da literatura na música popular brasileira. Suas músicas são recheadas de citações direta e indiretamente. O compositor usava muito o recurso de intertextualidade, somando as suas citações um modo de pensar transformador e inovador, ressignificando alguns sentidos. O proposito sempre era fazer uma música usando palavras que trouxessem reflexão. Ele mesmo dizia que queria um canto torto feito faca, pra cortar a carne, pra ferir mesmo metaforicamente o ouvinte de suas canções.
E foram diversas citações. Belchior era conhecedor refinado da língua portuguesa e literatura e durante o seu processo criativo usou várias de suas referências: Jose de Alencar, Carlos Drummond de Andrade, Joao Cabral de Melo Neto, Edgar Alan Poe, e muitos outros. 
A pesquisadora Josy Teixeira, autora de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, sobre o cantor cearense define sua obra: “Eu costumo dizer que Belchior é um dos compositores mais densos da música brasileira. Mais complexo, talvez, que o próprio Chico Buarque. Eu daria o Camões para ele também”, acrescenta Josy, lembrando o prêmio concedido a Chico Buarque, o primeiro a recebe-lo fora universo estritamente literário. 
A música de Belchior é permeada de temas como a migração dos nordestinos para o sul, todos os flagelos enfrentados por esse povo que sai das suas cidades para as metrópoles em busca do sonho de ganhar a vida. Ele faz duras críticas ao contexto social em que o país estava inserido no seu tempo e para isso se inspira em autores que tenham essa mesma temática.
Joao Cabral de Melo Neto é um desses autores. Era conhecido também como poeta-engenheiro, devido à maneira objetiva com a qual construía seus versos. Ele estabeleceu um estilo próprio, muito diferente das características presentes de seus contemporâneos da geração de 45. Sua obra é caracterizada pelo rigor formal, temática social e elementos da cultura popular brasileira. Seu estilo não é marcado pelo sentimentalismo, é mais objetivo, racional. Não tinha romantismo em seus escritos, o poeta buscava descrever as percepções do real, colocando de forma concreta as sensações. 
A música A Palo Seco é totalmente inspirada no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto. Neste poema João Cabral de Melo Neto define o que seria um cante – um canto. O poema é extenso. Alguns versos: 
Se diz a palo seco/o cante sem guitarra;/o cante sem; o cante;/o cante sem mais nada;/se diz a palo seco/a esse cante despido:/ao cante que se canta/sob o silêncio a pino./O cante a palo seco/é o cante mais só:/é cantar num deserto/devassado de sol;/é o mesmo que cantar/num deserto sem sombra/em que a voz só dispõe/do que ela mesma ponha. João Cabral de Melo Neto,1975.
Em partes do nordeste brasileiro a expressão a palo seco significa só, desamparado, desprotegido, literalmente também pode significar a pau seco. Por esse aspecto podemos entender que a palo seco nos remete ao canto seco, aquele sem nenhum tipo de censura ou máscara, aquele em que o que se pretende dizer é dito de forma direta, áspera, rude. Como se quisesse mostrar que aquele ser que sempre sofreu calado, está vivo e deseja transformar com a sua fala, ou com seu canto torto aquilo que ele considera errado, transmitir de certa forma um sinal de resistência. Esse cante, vem da alma daquele que mesmo no silencio quer gritar, quer falar tudo e não esconder nada. 
Belchior escolheu muito bem essa referência ao criar os seus versos. Ele faz a junção desse signo poético da lâmina e do retirante, tão presente na obra de Cabral nos poemas Morte e Vida Severina, A Palo Seco, uma faca só lâmina e Congresso no polígono das secas. Os versos da canção falam do desespero do jovem, que precisa se calar frente a um período de extrema tensão no Brasil, que foi o período da ditadura militar. As palavras desespero, descontente, desesperadamente demonstraram claramente esse sentido de completa insatisfação, são palavras tão fortes que nos trazem a ideia da faca, da lâmina, que corta e rompe o silencio, num grito que sai do fundo da alma.
“Se você vier me perguntar por onde andei/ no tempo em que você sonhava,/ de olhos abertos, lhe direi:/ - Amigo, eu me desesperava./ Sei que assim falando pensas/ que esse desespero é moda em 73./ Mas ando mesmo descontente,/ desesperadamente eu grito em português./ - Tenho vinte e cinco anos de sonho,/ de sangue e de América do Sul./ Por força desse destino,/ um tango argentino/ me vai bem melhor que um blues./ Sei que assim falando, pensas/ que esse desespero é moda em 73./ ... E eu quero é que este canto torto,/ feito faca corte a carne de vocês.” (A palo seco, BELCHIOR, 1974) 
Em uma de suas entrevistas o próprio Belchior confirma: “Essa figura da palavra como navalha é uma lembrança nordestina pelo João Cabral com a Escola das Facas, mas a palavra cortante que está na minha música não é apenas no sentido de punção da palavra, mas ela tem a função de corte mesmo. Eu acho que em muitos passos da minha música que é universal aparece essa nordestinidade. A palo seco é uma expressão espanhola, tem a definição no sentido real da palavra seca, cortante, o canto puro sem mistura, só a lâmina da voz, sem a arma do braço!”
Sobre a expressão “desesperadamente eu canto em português” Belchior também disse: “Sempre me preocupei com o universo da língua portuguesa porque do ponto de vista do sentimento e até mesmo da informação mais cultural, você poderia dividir hoje a música no mundo em duas vertentes: a primeira a inglesa e a outra a língua latina em que desgraçadamente para a observação do poeta a língua portuguesa ocupa um lugar resumido, pequeno apesar do imenso sentimento que ela carrega por causa da canção brasileira, por causa do sentimento português, por causa do que há de africano na nossa música por causa mesmo da própria língua portuguesa. Então, eu sempre fui muito ocupado no meu ofício, em pensar a canção como um espaço de ressonância da língua portuguesa”. 
Essa mesma referência da palavra como lâmina é encontrada também na música Eu sou apenas um rapaz latino-americano. Lançada e escrita em 1976 (em plena ditadura militar), é uma canção que caracteriza de maneira irônica o Brasil desse período. Nesse ano, vários cantores e compositores tiveram que deixar o país por causa da censura. Ao escrever essa canção Belchior usou um pouco da sua história e do movimento social vivenciado naquela época, onde não se podia falar nada sobre o governo. Impedidos de criticarem a política do país, esses interpretes eram tratados como inimigos do governo. 
Eu sou apenas um rapaz latino-americano/Sem dinheiro no banco sem parentes importantes/E vindo do interior/Mas trago de cabeça uma canção do rádio/Em que um antigo compositor baiano me dizia/Tudo é divino tudo é maravilhoso/ Tenho ouvido muitos discos conversado com pessoas/Caminhado meu caminho/Papo, som, dentro da noite/não tenho um amigo sequer/Que ainda acredite nisso não/Tudo muda/E com toda razão/Eu sou apenas um rapaz latino-americano/Sem dinheiro no banco sem parentes importantes/E vindo do interior/Mas sei que tudo é proibido/Aliás, eu queria dizer/Que tudo é permitido até beijar você no escuro do cinema/Quando ninguém nos vê/ Não me peça que eu lhe faça uma canção como sedeve/Correta, branca, suave, muito limpa, muito leve/Sons, palavras, são navalhas/E eu não posso cantar como convém/Sem querer ferir ninguém/Mas não se preocupe meu amigo/Com os horrores que eu lhe digo/Isso é somente uma canção/A vida realmente é diferente/Quer dizer/Ao vivo é muito pior/E eu sou apenas um rapaz latino-americano/Sem dinheiro no banco/Por favor não saque a arma no "saloon"/Eu sou apenas o cantor/Mas se depois de cantar/Você ainda quiser me atirar/Mate-me logo à tarde, às três/que à noite tenho um compromisso e não posso faltar/Por causa de vocês/Eu sou apenas um rapaz latino-americanos/sem dinheiro no banco sem parentes importantes/E vindo do interior/Mas sei que nada é divino/nada, nada é maravilhoso/Nada, nada é secreto/Nada, nada é misterioso, não. (Apenas um rapaz latino americano, BELCHIOR. 1976).
Então nessa canção Belchior diz que ele é apenas um rapaz latino americano sem dinheiro e sem parentes importantes, que veio do interior. Esse antigo compositor baiano citado é ninguém mais que o próprio Caetano Veloso. Nesse trecho Belchior faz uma critica a música Alegria, Alegria, porque na canção de Caetano ele diz que tudo é divino, tudo é maravilhoso, mas o que Belchior vê é justamente o contrário, ele não tem nenhum amigo que acredite nisso, mas que tem fé que tudo pode mudar. Ele ainda se justifica dizendo que não pode fazer uma canção leve, porque suas palavras são navalhas e ele não pode cantar de outra maneira senão aquela, e que a vida real é muito pior do que ele está dizendo. E finaliza a canção dizendo que nada é divino, nada é maravilhoso.
Outra grande referencia para Belchior foi Euclides da Cunha e seu Os Sertões. A região do semiárido nordestino sempre foi lembrada pela dureza de seu clima e pela seca que a natureza impõe aos seus habitantes. Mesmo quando se quer exaltar esse povo, sempre batemos de frente com a questão da seca. Assim o faz Euclides da Cunha, num dos clássicos da literatura brasileira onde ele diz: “o sertanejo é, antes de tudo um forte”. A célebre frase exalta a força do corpo que resiste as intempéries do tempo. A obra literária “os Sertões” é considerada uma das grandes epopeias da língua portuguesa. Como correspondente de guerra do jornal O Estado de São Paulo em Canudos/Bahia, Euclides reuniu material que serviriam para elaborar, durante cinco anos, “Os sertões: campanha de Canudos, publicado em 1902. 
Abaixo trecho da segunda parte de “Os sertões”: O homem
“O sertanejo é antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico, os meandros das trilhas sertanejas. (...) É o homem permanentemente fatigado”. Euclides da Cunha, 1902.
Belchior vai nos mostrar essa força do nordestino em várias canções: 
Era uma vez, um cara do interior/Que vida boa, água fresca e tudo mais/Rádio e notícia de terra civilizada/Entram no ar da passarada/E adeus paz/Agora é vencer na vida/O bilhete só de ida/Da fazenda pro mundão/Seguir sem mulher nem filho/Ó, brilho cruel do trilho/Do trem que sai do sertão/Acreditou no sonho da cidade grande/E, enfim, se mandou um dia/E vindo, viu e perdeu/Indo parar, que desgraça/Na delegacia/Lido e corrido, relembra/Um ditado esquecido/Antes de tudo, um forte/Com fé em Deus, um dia ganha a loteria/Pra voltar pro Norte. (Notícias de terra civilizada, BELCHIOR, 1993)
Eu me lembro muito bem do dia que eu cheguei/Jovem que desce do norte pra cidade grande/Os pés cansados e feridos de andar légua tirana/De lágrimas nos olhos de ler o Pessoa/E de ver o verde da cana/Em cada esquina que eu passava, um guarda me parava/Pedia os meus documentos e depois sorria/Examinando o 3x4 da fotografia/E estranhando o nome do lugar de onde eu vinha/Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade/Disso Newton já sabia, cai no sul grande cidade/São Paulo violento, corre o Rio que me engana/Copacabana, Zona Norte/E os cabarés da Lapa onde eu morei/Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar/Que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar/Mas a mulher, a mulher que eu amei/Não pode me seguir, não/Desses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem/Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver na rua/A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia/E pela dor eu descobri o poder da alegria/E a certeza de que tenho coisas novas/Coisas novas pra dizer/A minha história é talvez/É talvez igual a tua, jovem que desceu do norte/Que no sul viveu na rua/E que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo/E que ficou desapontado, como é comum no seu tempo/E que ficou apaixonado e violento como, como você. (Fotografia 3X4, BELCHIOR, 1976).
Nas duas canções vemos o drama do sertanejo que sai do sertão pra viver na cidade grande e acaba tendo que enfrentar todas as dificuldades que essa busca pelo sonho de fazer dinheiro vai trazer, e que apesar de todas essas dificuldades ele não perde a esperança de um dia poder voltar pra sua terra. Na segunda canção inclusive há outra critica a Caetano Veloso, onde ele diz que o sol não é tão bonito pra quem vem do Norte e vai viver na rua, remetendo novamente a ideia de que nada é divino e nada é maravilhoso, como cantado anteriormente por Caetano. Vemos então a visão realista do sofrimento humano embutido nas letras de Belchior, como se ele fizesse sua própria analise da visão da vida e chegasse a uma conclusão dura e amarga sobre a existência. 
A obra de Carlos Drummond de Andrade também é citada em algumas canções. Além de citar Drummond, Belchior se dedicou a um trabalho exclusivo onde ele criou melodias para nada menos que 31 poemas do poeta mineiro. “As Várias Caras de Drummond”, lançado em 2004, é fruto de um de seus projetos mais ambiciosos. Belchior também desenhou as 31 gravuras com o rosto de Drummond. 
Belchior – “Todas as caras de Drummond” – (Gravuras de Drummond por Belchior)
Essa paixão de Belchior pelo poeta mineiro ficou registrada em várias canções. Na canção Como Nossos Pais, sucesso icônico na voz de Elis Regina, que se tornou um marco na Música Popular Brasileira, no trecho “Na parede da memória/ Essa lembrança é o quadro que dói mais” remete claramente ao poema “Confidência do Itabirano”, de Carlos Drummond de Andrade que termina assim: “Itabira é apenas uma fotografia na parede/Mas como dói!”.
Na música Paralelas outro poema “Coração Numeroso”, publicado pelo poeta mineiro em seu livro Alguma Poesia (1930) Drummond diz:
O mar batia em meu peito, já não batia no cais. 
A rua acabou, quede as árvores? A cidade sou eu
A cidade sou eu 
Sou eu a cidade
Meu amor.
Belchior traduz a mesma dor com outras palavras:
No Corcovado, quem abre os braços sou eu/Copacabana, esta semana o mar sou eu
O poema “Congresso Internacional do Medo”, publicado em Sentimento do Mundo (1940), foi citado também por Belchior. O poema é uma das composições mais famosas de Drummond, simbolizando um retrato dolorido da época.
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dossertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Na canção Pequeno Mapa do Tempo, esse medo eternizado pelo poema de Drummond é o mesmo medo que assusta o compositor cearense:
Eu tenho medo e medo está por fora/O medo anda por dentro do teu coração/Eu tenho medo de que chegue a hora/Em que eu precise entrar no avião/Eu tenho medo de abrir a porta/Que dá pro sertão da minha solidão/Apertar o botão, cidade morta/Placa torta indicando a contramão/Faca de ponta e meu punhal que corta/E o fantasma escondido no porão/Faca de ponta e meu punhal que corta/E o fantasma escondido no porão. (Pequeno Mapa do Tempo, BELCHIOR, 1977).
Outras referências literárias vemos também em Velha Roupa Colorida, música gravada juntamente com outra canção de Belchior “Como nossos Pais”, lançada por Elis Regina no álbum Falso Brilhante. Nessa música, o compositor cearense consegue misturar “O corvo” de Edgar Alan Poe, o assum preto nordestino e o blackbird dos Beatles. 
O poema O Corvo trata-se de um melancólico e soturno poema que, segundo o próprio autor, foi escrito com a precisão de um problema matemático. São cento e oito versos que narram o desespero do eu-lirico que perde a sua amada Lenora. Em certa hora da noite um corvo entra subitamente na casa do narrador e pousa sobre uma estátua (o busto de Pallas Atenas, considerada a deusa da sabedoria grega). O corvo e o eu-lirico, passam a dialogar: 
E esta ave estranha e escura fez sorrir/ minha amargura/Com o solene decoro de seus ares rituais. /” Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas /de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado/ lá das trevas infernais! / Dize-me qual o teu nome lá nas trevas/ infernais.” Disse o corvo, “Nunca Mais”. Edgar Alan Poe, 1845.
Na faixa, Belchior faz a comparação:
“Como Poe, poeta louco americano eu pergunto ao passarinho: Blackbird, assum-preto, o que se faz?”
É como se ele mesmo também estivesse tendo esse diálogo com o pássaro, como se ele indagasse sobre como deixar o velho, e recomeçar pelo novo, como se o velho, fosse uma roupa que não nos serve mais.
Em Divina Comédia Humana é a vez de Dante Alighieri ser citado. O poema épico do autor Dante Alighieri (1265-1321) é um clássico da literatura mundial escrito durante o período renascentista. O protagonista do livro é o próprio poeta Dante que percorre uma viagem entre três instancias completamente distintas: o inferno, o purgatório e o paraíso. Ao longo do caminho, Dante vai cruzando com amigos e conhecidos, figuras públicas ou do universo pessoal do autor, e debatem sobre os mais variados temas. A Divina Comédia é basicamente a história de conversão de um pecador ao caminho de Deus. Os versos sublinham a necessidade de se seguir o caminho do bem e da ética. O protagonista é o símbolo do ser humano vulgar e representa o cidadão comum, que tem dúvidas, hesita, é tentado pelo mal. Já em sua canção, Belchior fala de um amor fruto de um encontro casual. Um amigo, psicanalista o adverte: desse jeito não é possível ser feliz direito, mas o eu lírico não se importa. Deixa a profundidade de lado e diz que é na pele dela, no seu céu e no seu inferno que quer habitar. Ele canta a efemeridade da existência e tem pressa, urgência. Sua negação ao conselho do amigo psicanalista demostra que o amor é uma perdição necessária. Como em Dante – “o amor nos conduziu a uma só morte”. Belchior canta o amor que não pode ser menor do que uma experiencia de morte e descida aos infernos, o amor para ele é obra de arte.
Alvares de Azevedo também foi referenciado por Belchior na canção Lira dos Vinte Anos, homônima a obra do poeta romântico. A lenda da morte prematura se torna realidade para ele, que acaba vivendo exatamente esses vinte anos, vítima da tuberculose. Álvares era mórbido, frustrado, jovem e tuberculoso e despejou na sua escrita toda a sua rebeldia e anseios mais profundos. Sua obra explora todo o sentimentalismo e escuridão vivenciados por muitos jovens naquele período final do século XIX. 
Em seu livro na primeira parte, o escritor conta em versos o excesso, que é tão presente na juventude, principalmente àquele repleto de sentimentos angustiantes como o platonismo, a solidão e o saudosismo. Além da procura pela mulher amada, que quase sempre se mostra inacessível. O autor mostra de forma melancólica e triste, como ele deseja que seu amor se consolide pelo menos em seus sonhos – por conta de sua tuberculose, Alvares já aguardava a sua morte – ele devaneia sobre a possibilidade de viver este amor depois da morte, em um outro mundo. Na segunda parte da lira o autor aborda outra fase da sua vida, onde ele já se sente parte de um grupo e tenta se relacionar com outros jovens dentro da boemia estudantil, mas apesar das aventuras ainda sente um vazio existencial infindável. Já na terceira parte, os desejos sexuais reprimidos são bem explorados, mas são tratados com o mesmo tom melancólico e sentimental da primeira parte, como se esses sentimentos o sufocassem em todos os sentidos da vida. 
O livro incentivou vários artistas e Belchior foi um deles. Ele compôs sua própria versão da Lira dos Vinte Anos, na qual colocou em seus versos o seu próprio vazio, seus anseios e desilusões mais intimas, que ele se deparou e observou em seus vinte anos. 
É possível notar atemporalidade e veemência do texto de Álvares de Azevedo, que apesar de ter sido escrito no auge da melancolia e da morbidez do movimento romântico, também pôde ser compreendido pelos jovens no pulsante e conturbado Brasil dos anos 70. 
Apesar da pouca idade de ambos, o talento deles é arrebatador. Alvares foi o representante do “Mau do século”, porque sua obra explora os questionamentos existenciais, angustias e sonhos, já Belchior fez da sua poesia melancólica e ácida uma obra prima e por causa dela se se tornou um dos principais nomes da música brasileira.
7. CONCLUSÕES FINAIS
Como vemos são diversas citações, de diversos autores e de diversas obras literárias, onde estas duas artes se misturam tornando-se um elemento hibrido. No livro A Gaia Ciência – Literatura e Música Popular no Brasil o autor José Miguel Wisnik nos diz que a música popular é forte, é bela, e isso não é novidade. O que ainda é novidade, segundo ele, é dizer que canção é literatura. Em alguns ambientes acadêmicos, entender que canção é literatura ainda não é simples. No livro ele nos mostra que as principais características da canção popular é a permeabilidade entre “cultura alta” e produções populares”. Justamente por essa observação a canção pode ser vista como um objeto de estudo instável. No entanto, segundo o autor a musica popular do Brasil é uma nova forma da “gaia Ciência” de Nietzche, ao comparar o nosso poético musical com a grande tradição provençal do século XII, na medida em que afirma que a nossa canção é concebida enquanto um “saber alegre” - “agudeza intelectual” e “inocência na alegria”. “o fato de que o pensamento mais elaborado, com seu lastro literário, possa ganhar vida nova nas mais elementares formas musicais e poéticas, e que essas, por sua vez, não sejam mais pobres por serem elementares, tornou-se a matéria de uma experiencia de profundas consequências na vida cultural das últimas décadas. (WISNICK, 2004, P. 218)
A canção é objeto de estudo hoje pela literatura principalmente devido aos trabalhos de Mário de Andrade, que entre as décadas de 1920 e 1930, dedicou-se a diversos estudos sobre a influencia desta arte em nossa formação cultural. Em Pequena História da música, de 1929, o autor disserta sobre a predominância da música popular brasileira: 
Essa musicalidade é real; porém, até agora deu melhores frutos no seio do povo inculto que na música erudita. Muito mal nos está fazendo a falta de cultura tradicional, a preguiça em estudar [...]. Nos consola é ver o povo inculto criando aqui uma musica nativa que estáentre as mais belas e mais ricas. (Andrade, 1953, p 190-191).
Andrade, então em 1953 já desejava que o país utilizasse esse imenso manancial de cultura autentica como mão de obra para uma produção elaborada do ponto de vista estético da nossa música. Essa aliança se daria então, e principalmente durante o período da ditadura militar, onde nossos compositores teriam somente como arma a palavra, o saber, para que pudessem de fato driblar os censores e dizer o que realmente quisessem dizer. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma Poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
A educação das pedras. Rio de Janeiro: Alfaguara. Quaderna. In: Poesias Completas,1975, p.160.
WISNIK, José Miguel Soares. A gaia ciência: literatura e música popular no Brasil. In: Ao encontro da palavra cantada [S.l: s.n.], 2001.
Unis, 2021. História da MPB: Entenda mais sobre o estilo musical que resistiu e se transformou junto com o Brasil. Disponível em: https://blog.unis.edu.br/historia-da-mpb-entenda-mais-sobre-o-estilo-musical-que-resistiu-e-se-transformou-junto-com-o-brasil. Acesso em: 03 de set. de 2021
Educa mais Brasil, 2019. Música Popular Brasileira. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/musica-popular-brasileira. Acesso em: 03 de set. de 2021
UFRGS, 2019. Canção Popular Brasileira é Literatura, sim! Disponível em: https://www.ufrgs.br/lugardelivro/cancao-popular-brasileira-e-literatura-sim/. Acesso em: 03 de set. de 2021.
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