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Maria flor 2021.2 1 PSICOLOGIA AMBIENTAL Professora: Maria Flor Psicologia Ambiental Professora: Maria FLor Maria flor 2021.2 2 1. PSICOLOGIA AMBIENTAL: UMA NOVA ABORDAGEM DA PSICOLOGIA Rosane Gabriele C. de Melo 1.1 DESENVOLVIMENTO E ESCOPO DA PSICOLOGIA AMBIENTAL 1.1. 2 Surgimento da Psicologia Ambiental O surgimento do campo da Psicologia Ambiental se deu após a II guerra mundial com o processo de reconstrução das cidades. Com a implementação de programas habitacionais de larga escala, no quadro da política de reconstrução do pós-guerra, os arquitetos e planejadores urbanos, juntamente com os cientistas do comportamento, se conscientizaram de que o ambiente construído deveria refletir não somente princípios de construção e estética, mas também outros fatores como as necessidades psicológicas e comportamentais dos futuros ocupantes (CANTER e CRAIK, 1981). A Psicologia Ambiental surgiu inicialmente com o nome de "Psicologia da Arquitetura" (Architetural Psychology), nos fins dos anos 50 e começo dos anos 60. A partir daí, ela foi reconhecida como um ramo distinto da psicologia. Muito embora, mesmo antes de sua existência como um campo distinto, tenha havido alguns trabalhos oriundos de diferentes áreas, que por sua própria natureza deram grandes contribuições a esse novo ramo da psicologia. O surgimento da "Psicologia da Arquitetura" se deu a partir da necessidade dos arquitetos de entenderem os requerimentos e as necessidades dos futuros ocupantes de grandes obras públicas vinculadas à reconstrução das cidades, uma vez que eles estavam acostumados a trabalhar diretamente com clientes privados. E como eles tinham que proporcionar o maior número de habitações possível para acomodar os desabrigados da guerra, partiu para construção de blocos de apartamentos. E dessa forma, se viram numa situação em que teriam que lidar com diversos clientes e atender a diferentes necessidades ao mesmo tempo. Além, é claro, da utilização de uma tecnologia relativamente nova no manejo dos edifícios pós-guerra iria requerer uma compreensão dos efeitos dos aspectos físicos do ambiente, tais como, a iluminação, conforto térmico, as funções das janelas, a falta de controle pessoal do ambiente sobre as atividades e o comportamento humano (CANTER e CRAIK, 1981). É interessante notar que, enquanto os planejadores e arquitetos se interessam pelo estudo homem- meio ambiente visando a uma análise sistemática e direta do comportamento humano em resposta ao ambiente construído e criado por eles, os psicólogos, por outro lado, buscam um entendimento do contexto ambiental, na qual o comportamento humano ocorre (CRAIK, 1973). Ou seja, enquanto os arquitetos tem uma visão bastante determinista da relação homem-meio ambiente, onde o ambiente determina o comportamento do homem, as atenções dos psicólogos se voltaram para a compreensão do que leva os indivíduos a se comportarem de determinadas formas em determinados lugares. Desse modo, seus interesses se voltam para as descobertas e análises de regras ambientais e sociais, papéis ocupacionais, objetivos e intenções dos usuários de um determinado ambiente, função do local, atividade X ambiente, etc. E é a partir de estudos básicos como estes que vai se criando o embasamento teórico necessário a qualquer disciplina. O termo específico "Psicologia Ambiental" surgiu na ocasião de um seminário a respeito do relacionamento entre o "design" de sala de hospitais psiquiátricos e evidência do progresso terapêutico (FISHER et al., 1984). Maria flor 2021.2 3 2.2. Característica da Psicologia Ambiental A Psicologia Ambiental tem um caráter multidisciplinar. Ela recebe contribuições de outras disciplinas, tais como: psicologia, geografia humana, sociologia urbana, antropologia, planejamento e arquitetura. Antes mesmo de seu reconhecimento como uma área distinta, havia pesquisas realizadas por cientistas comportamentais que já demonstravam possuir interesses comuns, como por exemplo, os estudos da interferência dos fatores do ambiente, como: luz, ventilação, etc., sobre o desempenho do homem em seu trabalho, visando a uma maior produtividade. A preocupação naquele tempo, da necessidade de se criar um ambiente apropriado às necessidades humanas ficou bem clara nas palavras de Churchill, na abertura do debate sobre a reconstrução da "House of Commons", depois de ter sido bombardeada, onde ele disse: "We shape our buildings and afterwards our buildings shape us" (nós moldamos nosso próprio ambiente e depois disso esse ambiente molda o nosso comportamento) (HANSARD, 1943 citado em CANTER, 1975). Ele aponta para a importância que a configuração, o "design" de um ambiente qualquer, tem em determinar o comportamento humano. Para isso, basta pensarmos que é de se esperar que não se pode fazer da cozinha um quarto de dormir ou do banheiro uma sala de jantar, porque a estrutura de ambos não permite que sejam utilizadas de outra forma. Ou seja, isto pode ser visto como um simples exemplo de como, em alguns casos, o ambiente tem o poder de determinar o tipo de atividade que pode ser desenvolvido dentro dele. Em outras palavras, a estrutura de certos ambientes pode impedir que alguns tipos de atividades seja desenvolvidas em locais não apropriados. Observa-se que, inicialmente, o modelo adotado na psicologia ambiental era muito determinista. Posteriormente, observou-se que certos aspectos dos indivíduos deveriam ser levados em consideração na relação homem-meio ambiente, pois eles podem modificar a natureza da influência que o ambiente exerce sobre seus comportamentos. Sendo assim, os estudos relativos ao contexto ambiental passaram a ser interpretados como uma inter-relação entre o ambiente físico (natural e/ou construído) e o comportamento humano, ou seja, o ambiente influencia o comportamento, e este por sua vez, também leva a uma mudança no ambiente. Considerando o exemplo acima citado, poderemos transformar a cozinha em quarto de dormir, se assim o desejarmos, colocando uma cama no local durante a noite, no caso de não ter outro espaço mais adequado para uma visita dormir, por exemplo. A simples presença de um indivíduo num quarto que antes estava vazio já modifica o ambiente. Esses são apenas alguns simples exemplos de como o homem pode modificar o ambiente para que suas necessidades sejam atendidas. As tentativas de mudanças realizadas no ambiente físico e as descrições das atividades desenvolvidas em certos contextos ambientais são uma forma que os psicólogos ambientais encontraram para entender qual é exatamente o papel que o ambiente físico exerce sobre o comportamento social (CANTER e CRAIK, 1981; RUSSEL e WARD, 1982). Se pararmos para pensar, veremos que a todo o momento estamos interagindo com o ambiente, pois, a onde quer que estejamos, estaremos inseridos num ambiente, que requer uma analise para entendermos a forma apropriada de utilizá-lo. E caso essa forma de utilização estabelecida não nos convenha tentaremos modificá-la para que se adéquam aos nossos objetivos seja e necessidades imediatas. Atualmente, os conhecimentos se ampliaram e o modelo adotado para explicar a relação homem-meio ambiente passou a ser chamado de transacional, onde importância foi atribuída aos objetivos dos indivíduos numa determinada situação. Esses objetivos são organizados e estruturados pelos processos sociais e/ou organizacionais, que, por sua vez, estão associados a determinadas ações que são desenvolvidas em lugares específicos. Dessa forma, se reconhece que indivíduos envolvidos numa mesma situação possuem diferentes objetivos e são essas diferençasque vão justificar os diferentes critérios utilizados por eles na sua avaliação do mesmo ambiente. Essa é a ideia que norteia a teoria de "Environmental Role" desenvolvido por Canter (1977). De um modo geral, observamos que todos esses componentes mencionados aqui tem sua parcela de contribuição na formulação das teorias que servem de base para os estudos da Psicologia Ambiental. Uma das características importantes da Psicologia Ambiental é que ela é estudada como uma unidade e não como componentes separados e distintos. Ou seja, a psicologia tradicional estuda a percepção, sensação separada do estímulo ambiental. Maria flor 2021.2 4 A percepção do estímulo é vista como sendo distintas do próprio estímulo, podendo ser estudados independentes um do outro. Já para os psicólogos ambientais, o estudo da percepção não pode ocorrer fora de seu ambiente natural. Num estudo de percepção de uma paisagem urbana, por exemplo, devem ser levados em consideração não só os conteúdos da paisagem (complexidade, novidade, movimento, etc), mas também a experiência passada do observador (ex. o tempo de moradia do sujeito no local), sua associação auditiva e olfativa com a paisagem, suas características de personalidade, etc. Todas essas coisas formam uma unidade global do ambiente-comportamento perceptual. Isto não quer dizer, no entanto, que o psicólogo ambiental nunca estude o comportamento isolado dentro de laboratório, mas, quando o faz, ele está consciente de que tal análise lhe dará um quadro incompleto daquela unidade. Por exemplo, se compararmos a percepção de dois indivíduos oriundos de lugares diferentes, um do Recife e outro de Garanhuns município de Pernambuco localizado na Zona da Mata da cidade de Caruaru, provavelmente ocorrerá duas percepções diferentes. O sujeito do Recife achará Caruaru um pouco frio à noite, (pois está acostumado com a temperatura quente do Recife), além de percebê-la como uma cidade calma, plana, pouco industrializada, comércio pequeno quando comparada com sua vivência e experiência do Recife. Por outro lado, o sujeito de Garanhuns provavelmente achará Caruaru com uma temperatura amena, movimentada, cheia de indústrias, e prédios, com uma grande variedade de comércio, quando comparada com sua experiência anterior. Ou seja, o ambiente a quais os sujeitos foram expostos é o mesmo. O que poderia explicar essa diferença na percepção seriam suas experiências anteriores. A psicologia possibilita intervenção, conscientização e a mudança de comportamento, que podem auxiliar na construção de um sistema de gestão ambiental satisfatório. Propondo uma política ambiental que apresenta vantagens econômicas e reconhecimento social para as organizações. A gestão ambiental visa a importância da eco-eficiência, que tem como finalidade operar uma empresa reduzindo ao máximo o consumo de matérias-primas, insumos e energia, otimizando todo o processo produtivo e reduzindo o impacto ambiental; inclui também a utilização de tecnologias menos poluentes ou perigosas (tecnologias limpas) e técnicas de prevenção de poluição; proporcionando assim práticas de gerenciamento voltadas para uma atuação empresarial responsável, baseada nos parâmetros do desenvolvimento sustentável, que visa suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, planejando e reconhecendo que os recursos naturais são finitos; e sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias- primas e produtos, e o aumento da reutilização e da reciclagem. A conscientização ambiental é cada vez mais importante em um mercado onde leis ambientais tendem a serem mais rigorosas, os consumidores mais exigentes e os concorrentes mais eficientes. As empresas que não respeitam as leis ambientais estão sujeitas a comprometer a própria existência em função de multas e sanções. É possível respeitar o meio ambiente e ser lucrativo, crescer e ser ambiental e socialmente responsável. As empresas que gerenciam melhor o impacto ambiental são as que representam o menor risco de crédito e por isso pagam menos juros. A gestão eco-eficiente traz outros resultados práticos às empresas, tais como: redução dos custos de produção; redução do número de acidentes de trabalho; redução dos custos de seguro; melhor relacionamento com órgãos de controle ambiental; aumento da cotação de ações da empresa e a melhoria da imagem da empresa perante os consumidores e a comunidade. Os investidores confiam na gestão financeira de empresas ambientalmente sustentáveis, sendo assim, os fundos dedicados a investimentos sustentáveis, têm registrado um retorno financeiro acima da média. Para modificar o comportamento de empresas e pessoas que degradam o meio ambiente, precisamos de reformas não apenas tributárias e trabalhistas (indutoras de comportamento), mas também de uma reforma de valores, conscientização, mudança de comportamento e repensar as ações. Os problemas humanos querem sejam econômicos, políticos ou sociais, dependem do centro psicológico da motivação, dos valores e atitudes que dirigem as energias para os objetivos. Os problemas ambientais ressaltam também mudanças de valores e atitudes, igualmente responsáveis por densas e profundas alterações na qualidade de vida dos cidadãos. A percepção que os usuários possuem a respeito de Maria flor 2021.2 5 seu potencial de participar em decisões sobre seu ambiente, contribui para que enxerguem seus próprios valores contextuais expressos nas suas ações, assim serão participantes e não apenas observadores passivos. Partindo da sensibilização, da conscientização e da mudança comportamental com uma ética ecológica e de uma preocupação com o bem-estar das futuras gerações, dos funcionários e da organização, temos como ponto de partida a mudança dos valores existentes na cultura organizacional. Podendo incluir valores voltados à preocupação com o ambiente. Mostrando que o crescimento econômico ilimitado em um planeta finito leva consequentemente a desastres ecológicos. Hoje temos como desafio possibilitar que as pessoas se tornem agentes ativos do processo de conscientização ecológica, criando estratégias que modifiquem e mobilizem as pessoas, proporcionando também formas de educação ambiental que se estenda para a sociedade. O futuro depende mais do que nunca da nossa capacidade de encontrar soluções conjuntas, que incluam e envolvam a todos, compartilhando benefícios e dividindo dificuldades, pois é a partir de pequenas alterações em nossos hábitos, que conseguiremos grandes benefícios para nós mesmos e para todas as formas de vida do planeta. Percebendo e transmitindo para as pessoas que o homem é parte integrante do meio ambiente, que é composto pelos elementos da natureza e pelos elementos construídos pelo homem. Portanto, fazemos parte da natureza e não podemos viver sem ela. Para satisfazermos nossas necessidades, precisamos utilizar racionalmente os recursos naturais, tais como as florestas que podem ser renovados pela ação da natureza e às vezes com a ajuda do homem; mas existem outros que, uma vez utilizados, não poderão ser repostos. Sabemos que ao longo da história a relação do homem e ambiente tem sido muito desfavorável para o planeta. Desde o surgimento da espécie humana, o homem utilizou os recursos naturais, gerou resíduos com baixo nível de preocupação, degradando-o primeiro através de queimadas e depois com a evolução tecnológica/industrial, surgem novas maneiras de agredir a natureza, isto é, os recursos eram abundantes e a natureza aceitava sem reclamar os despejos realizados já que o enfoque sempre foi diluir e dispersar. Atualmente existe a consciência que a degradação de qualquer ambiente provoca vários impactos, de baixa ou alta relevância, mas que somados podem levar ao desaparecimento deecossistemas inteiros. Para que haja uma mudança de postura, dentro desta realidade em que vivemos, se faz necessário à percepção de que a degradação ambiental já está passando a causar graves problemas, assim o conhecimento das situações prevê as tendências para o futuro no qual à motivação deve existir nas pessoas e nas empresas para a realização das mudanças necessárias no comportamento frente à questão ambiental. Podemos estudar sobre as intervenções a boa utilização dos recursos, ao que chamamos de sustentabilidade. Sustentabilidade diz respeito ao desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Esse conceito advém do conceito de ecodesenvolvimento quanto dos princípios colocados pelas estratégias mundiais para conservação. Apesar de indicar a utilização do meio ambiente e dos recursos naturais dentro de uma visão mais física do que humana, pressupunha a estratégia do desenvolvimento sustentável, tendo seus alicerces nos três princípios caros a este conceito: o caratê limitado dos recursos naturais, capacidade de suporte dos ecossistemas e o respeito às gerações futuras. Os princípios básicos do ecodesenvolvimento foram formados por Ignacy Sachs (1993) que tem como pressuposto a existência de cinco dimensões: 1) Sustentabilidade Social; 2) Sustentabilidade Econômica; 3) Sustentabilidade Ecológica; 4) Sustentabilidade Especial e 5) Sustentabilidade Cultural. Sustentabilidade Social se refere a um conjunto de ações que visam melhorar a qualidade de vida da população. Estas ações devem diminuir as desigualdades sociais, ampliar os direitos e garantir acesso aos serviços (educação e saúde principalmente) que visam possibilitar as pessoas acesso pleno à cidadania. Das quais as ações sustentáveis socialmente não são importantes apenas para as pessoas menos favorecidas. Quando colocadas efetivamente em prática, possuem a capacidade de melhorar a qualidade de vida de toda população. Um exemplo prático é a diminuição da violência proporcionalmente à ampliação do sistema público educacional de qualidade. Maria flor 2021.2 6 Sustentabilidade econômica se refere a um conjunto de práticas econômicas, financeiras e administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um país ou empresa, preservando o meio ambiente e garantindo a manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações. Desta forma ela tenta atender às necessidades dos seres humanos, mas de maneira a apoiar os recursos naturais e o meio ambiente para as gerações futuras. Ou seja, ela corresponde a um novo jeito de viver e de produzir, que leva em consideração os efeitos sobre o meio ambiente e as comunidades, e não apenas a evolução econômica. Assim, o crescimento dos países e das organizações neles instaladas deve ser planejado com base no tripé do desenvolvimento sustentável, a fim de que haja continuidade. Assim torna-se é preciso avaliar os impactos sociais, ambientais e econômicos antes de construir algo novo ou tomar uma decisão relevante, seja em nível mundial, nacional, estadual, municipal ou mesmo dentro de uma empresa. Essa lógica possibilita uma visão ampla para todos os atores que atuam na dinâmica da economia, de modo que visualizem que as consequências de suas atitudes sobre si mesmos, sobre a sociedade e os ecossistemas. Um exemplo clássico é o desmatamento que, na maioria das vezes, é feito para desocupar áreas que servirão para a agricultura ou pecuária predatória, fornecendo o solo e/ou pasto para alimentar o gado. Em um primeiro momento, essa prática pode fazer sentido para um produtor ou pecuarista que necessite de espaço, contudo, seus efeitos são desastrosos. É o o caso das queimadas, que, não raramente, saem de controle e destroem áreas além do projeto inicial, sem falar dos danos ao solo e à floresta restante, englobando a extinção de espécies da flora e fauna. Em médio e longo prazo, o estrago pode ser ainda maior, gerando contaminação do solo e rios, desequilíbrio climático e consequências ainda mais nocivas, como o aquecimento global. Todos esses problemas poderiam ser evitados se houvesse uma perspectiva que considerasse os aspectos coletivos, priorizando o desenvolvimento sustentável. Sustentabilidade ecológica: compreende a preservação e manutenção do meio ambiente, cujo principal objetivo é garantir que as necessidades das gerações futuras não sejam prejudicadas pelo uso indiscriminados de recursos naturais na atualidade. Ou seja, A sustentabilidade ecológica pode ser definida como: utilizar os recursos de hoje pensando no dia de amanhã. Ela surgiu da preocupação em adotar práticas que não agridam tanto o meio ambiente e mantenham a qualidade de vida. Atualmente, a sociedade consome muito mais do que é produzido. Os recursos naturais são utilizados como se não houvesse fim, sendo que muitos não são renováveis. Com isso, o resultado são desastres ecológicos, como queimadas e desmatamentos, poluição, pobreza, fome e até extinção de espécies tanto da fauna como da flora. Nesse contexto, as organizações empresariais têm um papel muito importante a desempenhar para garantir a sustentabilidade. Eles precisam chegar a um modelo de gestão sustentável que incentiva processos e permitem a recuperação do capital financeiro, humano e natural da empresa. Os governos também devem adotar políticas para manter o desenvolvimento tecnológico sem exaurir os recursos naturais do planeta. Seja por meio do desenvolvimento e adoção de sistemas de monitoramento, ou acordos de cooperação com outros países que tenham um objetivo em comum. Já em casa, as pessoas podem contribuir com atitudes simples como evitar o desperdício de água, separar o lixo, optar por produtos que não são prejudiciais à natureza, sempre que possível optar pela bicicleta ao invés do carro. Também é necessário ensinar as crianças desde cedo porque a sustentabilidade é um conceito para longo prazo. Sustentabilidade Espacial refere-se a um conjunto de ações que visa o equilíbrio entre a sociedade rural e urbana, respeitando meio ambiente característico de cada tipo de sociedade, sejam elas agrícolas ou grandes cidades. Assim ela promove um equilíbrio geográfico, entre o rural e o urbano, a fim de evitar os impactos negativos da urbanização descontrolada, priorizando novas formas de civilização, baseadas no uso sustentável de recursos renováveis. Portanto visa estabelecer uma melhor relação na distribuição territorial das atividades econômicas e assentamentos humanos, criando um ciclo de desenvolvimento sustentável. Principais estratégias da sustentabilidade espacial Equilíbrio de migrações; Industrialização descentralizada; http://desmatamento/ https://fia.com.br/blog/aquecimento-global/ Maria flor 2021.2 7 Adoção de práticas agrícolas que não sejam agressivas à saúde e ao ambiente; Manejo sustentável das florestas e ecossistemas; Criação de empregos rurais não relacionados à agricultura (nos setores administrativos e de turismo, por exemplo); Promoção de projetos agrícolas operados por pequenos produtores, proporcionando experiência e mão de obra; Estabelecimento de uma rede de proteção de reservas naturais e biosfera. Ao incentivar a desconcentração das metrópoles e a fixação das pessoas na área rural, muitos impactos ambientais negativos podem ser minimizados. É o caso, por exemplo, da destruição de ecossistemas frágeis. Sustentabilidade Cultural corresponde a preservação das manifestações culturais, assim refere-se a um conjunto de ações sociais em que todos juntos lutam por um mundo melhor. Sem a necessidade de intervir nas tradições e atividades cotidianas de um povo. É a inserçãodos valores culturais às pessoas, mas de forma ecologicamente correta. As pessoas precisam entender como funcionam os mecanismos de preservação, onde estão inseridas neste contexto e como podem mudar o mundo com simples ações. Isso significa reconhecer e considerar a diversidade dos costumes e tradições de um povo, como sua língua, formas de produção agrícola, crenças, práticas de saúde. ... No desenvolvimento clássico, interessado apenas no crescimento da economia, as diferentes culturas são desprezadas e destruída. Complemento no texto: Desenvolvimento sustentável no livro ( Pagina :174 – 179) De acordo com Reis e Queiroz (2002, p.62) a alta administração das empresas tem um papel chave a desempenhar na conscientização e motivação dos empregados, explicando os valores ambientais da organização e comunicando o seu próprio comprometimento com a política ambiental. É o comprometimento individual das pessoas, no contexto dos valores ambientais compartilhados, que faz com que a mudança de comportamento saia da intenção e se transforme em um processo eficaz. Os autores dizem que é recomendado que todos os membros da organização correspondam e sejam estimulados a aceitar a importância de atingir objetivos e metas ambientais, pelos quais são responsáveis. Afirmam que a motivação para a melhoria contínua pode ser reforçada quando os empregados são reconhecidos pelo atendimento dos objetivos e metas ambientais e encorajados a apresentar sugestões que conduzam a um melhor desempenho ambiental. Portanto, é preciso sensibilizar e conscientizar a sociedade na qualidade de membros do planeta Terra, que o ser humano deve perceber individualmente depois atingir coletivamente que é necessário ocorrer mudanças no comportamento, para que tenha mudança no meio ambiente esclarecendo que o uso indevido e sem controle dos recursos naturais acabará por voltar-se contra todos nós. O psicólogo se insere neste contexto detendo o poder e o conhecimento da modificação não só comportamental como cognitiva, isto é, mudança de comportamento e de pensamento dos componentes da sociedade. Com a inserção do trabalho do psicólogo na organização este torna-se responsável pela conscientização e pela aplicação de técnicas oriundas de teorias científicas que serão responsáveis pela efetiva mudança comportamental e cognitiva. 2.3. Pressupostos Básicos da Psicologia Ambiental O psicólogo ambiental, parte do pressuposto de que o homem não possui apenas uma existência social, ele possui acima de tudo uma existência física. O homem onde quer que esteja, ocupa algum espaço, espaço esse que exige algumas propriedades especiais, como iluminação, ventilação, abrigo do sol e do calor, etc. ou a ausência disso, para que possa desenvolver as suas atividades e manter suas relações sociais num certo padrão. Caso o ambiente onde o indivíduo se encontre não atenda aos seus objetivos, ele tenderá a modificá- lo a fim de torná-lo congruente com suas necessidades. Acreditamos que só podemos perceber o ambiente ao nosso redor porque construímos um sistema conceptual, a partir de nossa experiência sequencial, que nos permite identificar o que representa cada uma das (edificações) a nossa volta (GROAT, 1982). Por exemplo, nós só conseguimos identificar determinados Maria flor 2021.2 8 prédios, como sendo, igrejas, museus, clubes, residências, etc, porque temos vivenciado experiências em diferentes instituições que nos permite construir um sistema conceptual contendo diferentes formas de prédios e avaliá-los conforme a função a eles atribuída pelo sistema social do qual fazemos parte. O que acontece, por exemplo, com a arquitetura pós-moderna é que muitas vezes em projetos pós- modernos não conseguimos identificar, através de sua faixada, a que categoria ela pertence, se é igreja, escola, museu, etc, pois esse tipo de arquitetura foge dos padrões aos quais estamos habituados a ver e experienciar. Em virtude disso, toma-se impossível sua identificação imediata, porque não possuímos em nosso sistema conceptual nada semelhante que nos dê condição de afirmarmos que tipo de instituição tal edificação representa, ou ao menos um sinal que nos permita identificar que tipo de atividade pode ser desenvolvida lá e por associação descobrirmos que tipo de instituição ela representa (GROAT & CANTER, 1979). No processo da construção da "conceptualization" devem ser levados em consideração, não apenas experiências passadas do indivíduo, mas também, o papel que ele exerce num determinado lugar, bem como as regras sociais utilizadas em determinados locais que são aprendidas e repassadas. Pois, como veremos adiante, diferenças foram encontradas na "conceptualization" de indivíduos que possuem diferentes papéis dentro, por exemplo, de uma mesma instituição, E são esses diferentes papéis sociais e/ou organizacionais que explicam as variações encontradas no uso e avaliação de determinados locais e que deram origem a teoria de "Environmental Role". 2.4. A Teoria de "Environmental Role" A teoria de "Environmental Role" proposta por CANTER (1977) refere-se a padrões de interação desenvolvidos por um indivíduo em um determinado ambiente. Tal padrão pode variar de acordo com o papel social ou organizacional do indivíduo. Em outras palavras, os padrões de avaliação e percepção ambiental correspondem a "papéis" sociais ou organizacionais distintos que os indivíduos desempenham no ambiente e que vão determinar as formas de interação que mantém com o ambiente no exercício desses papéis. Dessa forma, argumenta-se que "porque essas regras limitam a interação do homem com seu ambiente, ele construirá ao longo do tempo uma conceptualização diferente daqueles que possuem diferentes papéis naquele mesmo ambiente" (CANTER e COMBER, 1985, p.6). Essa é a base para a formação da teoria de "Environmental Role", ou seja, ele partiu da necessidade de se entender as diferenças encontradas, em alguns estudos, entre pessoas na sua avaliação e uso do ambiente. Notou-se que a forma como o ambiente é utilizado pelo indivíduo para atingir seus objetivos que é bastante consistente, bem como o objetivo central que caracteriza o padrão de interação do indivíduo com algum ambiente varia, de ambiente para ambiente (KENNY e CANTER, 1981; CANTER e REES, 1982; CANTER, 1983). Sendo assim, se espera que dois indivíduos com papéis sociais diferentes experienciem o mesmo ambiente de forma distinta e o mesmo indivíduo experiêncie diferentes ambientes de forma também distintas. Em ambos os casos, os objetivos a serem alcançados e vão variar de indivíduo para indivíduo, bem como de lugar para lugar. Por exemplo, um indivíduo foi ao supermercado para fazer compras, o outro foi para trabalhar como vendedor. Provavelmente quando pedidos para avaliar o supermercado em que se encontram, suas avaliações se distanciariam em vários pontos. O mesmo pode ser observado no caso de a mesma pessoa ir a uma igreja para rezar ou ir para o clube. Se questionarmos sobre a percepção ou satisfação desse indivíduo em relação aos locais acima descritos, provavelmente haverá diferenças. Espera-se que a forma de percepção e o tipo de satisfação de um indivíduo sobre um determinado local varie conforme os seus objetivos a serem alcançados naquele local, ou seja, o ambiente será avaliado analisando-se até que ponto ele facilita ou dificulta a realização de seus objetivos. Inúmeras pesquisas já realizadas corroboraram essa teoria de "Environmental Role". Dentre elas, podemos citar o estudo de CANTER e REES (1982), onde eles analisaram as avaliações das donas de casa e dos seus respectivos maridos a respeito de suas residências. Os resultados mostraram claramente que ambos os grupos basearam suas avaliações em diferentes grupos de critérios, dando suporte para a teoria de que a avaliação que as pessoas fazem de seus ambientes é o resultado de como eles percebem esse ambiente, facilitandoou dificultando o alcance de seus objetivos. Maria flor 2021.2 9 2. A PSICOLOGIA AMBIENTAL COMO ÁREA DE INVESTIGAÇÃO DA INTER-RELAÇÃO PESSOA- AMBIENTE Maria Cherubina de Lima Alves (Uni-FACEF) Marlise Aparecida Bassani (PUC/SP) AMBIENTE (Complemento no texto: Ambiente pagina: 28 – 40 : Livro) Sendo a Psicologia Ambiental, segundo Lima-Alves e Bassani, é uma subárea da Psicologia que tem como objeto de estudo as inter-relações entre o homem e suas ações com o meio ambiente, podemos inferir que a ela está presente em todos os contextos da existência humana. Ela está associada a Psicologia Social, pois compreende o homem como pratica a ação e sofre a ação. Desta forma, compreende-se a inter-relação pessoa-ambiente, numa perspectiva de mútua influência, o que constitui o foco de estudo da Psicologia Ambiental. Entende-se que tanto as pessoas modificam os ambientes como os ambientes interferem no comportamento das pessoas. Para Bassani (2004) o termo pessoa, expressa os caracteres histórico, cultural, cognitivo e afetivo e as identidades social e individual envolvidos no estudo das inter-relações. O primeiro autor a utilizar o termo Psicologia Ambiental foi Brunswik, em 1943 (GIFFORD, 1997). O qual defendia que os psicólogos deveriam se dedicar mais à pesquisa sobre a representatividade do design, argumentando que os estímulos ambientais transmitidos pelo design eram bem mais complexos do que normalmente se considerava na época. O psicólogo Kurt Lewin (1890-1947) foi um dos primeiros a dar importância à relação entre o ser humano e o ambiente. O seu objetivo era determinar a influência que o meio ambiente exercia sobre as pessoas, as relações que com ele estabelecem, o modo como às pessoas agem, reagem e se organizam conforme o meio ambiente. Desta forma, Kurt Lewin foi um autor importante na história do desenvolvimento da Psicologia Ambiental. Embora, apesar de introduzir a importância de se considerar a dimensão ambiental na Psicologia não realizou pesquisas sobre o ambiente físico objetivo, apenas esboçou noções para o desenvolvimento deste paradigma (CARNEIRO; BINDÉ, 1997; GIFFORD, 1997). Segundo Gifford (1997), as maiores influências de Lewin na Psicologia Ambiental foram: A teoria de campo e a pesquisa ação, sendo que a primeira (teoria de campo) levou à consideração mais cautelosa do ambiente físico nas pesquisas e a segunda (pesquisa ação) assinalou para a importância da pesquisa científica que esta vinculada a mudanças sociais concretas. É um campo relativamente novo da psicologia. A qualidade ambiental urbana pressupõe o controle de alterações resultantes das atividades humanas que, conforme o art.1º da Resolução nº 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama afetem: “a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais”. Como se observa, pode-se dizer que essas atividades estão vinculadas ao comportamento dos usuários dos ambientes construídos, com seus espaços abertos ou de uso público que podem modificar o meio construído ou suas qualidades físicas, químicas e biológicas. Portanto, há legislações que de um lado, protegem a população restringindo a ocupação ou construção em determinadas áreas e, de outro, protegem o meio ambiente de ocupações que o agridam. http://pt.wikipedia.org/wiki/Kurt_Lewin Maria flor 2021.2 10 É óbvio, é evidente, fácil de ver e de entender, salta à vista; que preservar as nascentes dos mananciais que suprem a cidade é de fundamental importância para garantir o abastecimento de água para a população e proporcionar qualidade de vida a todos. A educação (para a vida) e a cultura, ao longo dos anos, devem plasmar consciências coletivas estruturadas nos valores eternos da sociedade: moralidade, espiritualidade e ética. Este ramo da psicologia apresenta cinco princípios que tem que ter em conta quando de alguma intervenção ou investigação baseada neste ramo: 1 - ter em conta que se é capaz de modificar o meio ambiente; 2 - é necessário que se esteja presente em todos os contextos do dia-a-dia; 3 - considerar a pessoa e o meio como uma só entidade; 4 - considerar que o indivíduo atua sobre o meio assim como o meio influencia o indivíduo; 5 - uma investigação ou intervenção desta índole deve ser sempre levada a cabo com a colaboração de outras ciências. De acordo com Bassani (2004), a Psicologia Ambiental se firma no meio científico na década de 70 com a proposta de realizar investigações no contexto das relações entre os seres humanos, os ambientes físicos e os problemas ambientais, buscando novas formas de atuação e produção do conhecimento. Segundo Aragonés e Amérigo (2000), o meio ambiente, ou ambiente sociofísico, inclui tanto os ambientes naturais (rios, florestas, etc.) quanto os construídos pelo homem (casas, cidades, etc.) e as inter-relações sociais envolvidas. Como uma Psicologia que trata do espaço e analisam as percepções, atitudes e comportamentos individuais e comunitários em relação aos contextos físicos e sociais em que está inserido Moser (2001) defende a importância de caracterizar as transações pessoa-ambiente em diferentes níveis, contextualizando- as nos quatro níveis a seguir. Nível I ou nível individual: microambiente, espaço privado. Exemplos: residência, local de trabalho; Nível II ou nível da vizinhança-comunidade: ambientes compartilhados, espaços semipúblicos. Exemplos: blocos de apartamentos e parques; Nível III ou nível indivíduo-comunidade: ambientes públicos, paisagem, espaços intermediários. Exemplos: hospital, cidades, campo, aldeias; Nível IV ou nível social: ambiente global, em sua totalidade, abrangendo tanto o ambiente construído como o natural. Exemplo: recursos naturais. Ainda é importante ressaltar que existem quatro dimensões da inter-relação pessoa-ambiente: física, social, cultural e temporal (MOSER, 2001). Estas dimensões estão envolvidas em toda inter-relação pessoa- ambiente, em cada um dos níveis ambientais, conferindo-lhe complexidade e dinamização. Apesar de ser necessária para o estudo teórico e, principalmente, para o planejamento metodológico a determinação de níveis e dimensões em que se dão as inter-relações pessoa-ambiente, Bassani (2004) nos lembra de que os estudos da Psicologia Ambiental não são do “ambiente físico em si, mas de suas características e relações que venham a facilitar ou dificultar as interações sociais e as necessidades humanas” (p.153). Proshansky, Ittelson e Rivlin (1970) expõem alguns conceitos básicos e suas implicações teóricas, fundamentais para definição do objeto de estudo da Psicologia Ambiental, tais como sua multi ou interdisciplinaridade. Segundo Moser (2005), uma área que se propõe estudar a inter-relação pessoa-ambiente tem que focar sua investigação tanto nos usuários do ambiente como no ambiente em si. Estudos do ambiente são necessariamente interdisciplinares, abrangendo áreas do conhecimento voltadas para a compreensão do ambiente natural (zoologia, biologia, geologia e estudos florestais) como do construído (ergonomia, arquitetura, planejamento da paisagem e urbano). Esta interdisciplinaridade impõe limitações e cuidados metodológicos às investigações da área. Proshansky, Ittelson e Rivlin (1970) esclarecem ainda que não há teoria específica na qual os pesquisadores Maria flor 2021.2 11 devam se apoiar, mas é feita a inclusão dos referenciais teóricos da Psicologia para interpretação de seus conceitos e processos. A psicologia ambiental, como uma área interdisciplinar, é extremamente rica tanto em conceitos como na produção teórica e prática. Por isso, devemos considerar a lista dos principais conceitoscomo uma lista inicial, a fim de orientar os estudos. Identidade de lugar: Em resumo, podemos definir a identidade de lugar como a relação entre a identidade (quem sou) com o lugar de nascimento ou moradia. De forma mais teórica, devemos definir a identidade de lugar como as sub-estruturas da identidade de si que consistem nas cognições sobre o mundo físico no qual o indivíduo vive. Tais cognições influenciam e determinam o modo como o sujeito vive em seu dia-a-dia. Através de suas experiências, ideias, sentimentos, pensamentos, valores pessoais, preferências, a pessoa passa a entender e compreender o ambiente no qual vive e, em certo sentido, esta compreensão acaba por ser o limite do seu mundo. Quem já viajou para outro país, poderá entender como é estranho se sentir estrangeiro, quer dizer, como as experiências que consideramos cotidianas e óbvias podem ser tornar estranhas, sob o olhar de outras pessoas, assim como nos parecem esquisitas as atitudes e comportamentos das pessoas que vivem em outros lugares. O apego ao lugar O apego ao lugar ou place attachment, em inglês, é outro conceito importante dentro da psicologia ambiental. De acordo com Maíra Longhinotti Felippe e Ariane Kuhnen, devemos entender o apego ao lugar como o “vínculo afetivo estabelecido entre pessoas e cenários físicos”. Em outras palavras, o laço afetivo que une o sujeito ao lugar em que mora, nasceu ou viveu durante um período. CONSCIÊNCIA AMBIENTAL A consciência ambiental (Environmental consciousness) corresponde à parte importante de pesquisas dentro da psicologia ambiental. Em princípio, poderíamos pensar que o conceito faz referência à consciência ambiental no sentido de uma consciência de responsabilidade para a preservação. Porém, a pesquisa nesta área é muito mais ampla e envolve pesquisas também das neurociências sobre o modo como o cérebro e, por derivação, a psique ou cognição compreende o ambiente ao seu redor. Ou seja, como temos consciência de nosso ambiente? Que parte do cérebro é ativada? Assim, em relação aos referenciais teóricos, a Psicologia Ambiental não tem limites de aplicabilidade de seus conceitos conforme as diversas visões de homem e de mundo dadas pelos referenciais teóricos da Psicologia. Segundo Alves (2005), ainda predominam nesta área pesquisadores com referências cognitivistas e comportamentalistas, porém tem crescido as pesquisas que adotam os referenciais analítico-junguiano e fenomenológico. Na década de 1990, a Psicologia Ambiental passa por uma reestruturação (BOMFIM, 2003; FERREIRA, 1997) que a redefine como área de investigação, abandonando as pesquisas exclusivamente arquiteturais e etológicas das delimitações espaciais, seu controle sobre o comportamento humano e a defesa do espaço. A Psicologia Ambiental passa a estudar a interação das pessoas com o ambiente sociofísico, incluindo nos seus interesses de estudo a cognição ambiental e os afetos relacionados aos espaços (BOMFIM, 2003). Ferreira (1997) realiza uma revisão de literatura sobre investigações a respeito da degradação ambiental, onde analisa as influências do contexto econômico na degradação ambiental, uma vez que este direciona as ações das pessoas para o consumo desenfreado e determina a sua adequação à organização social vigente. Também avalia as virtudes e limitações da Psicologia Ambiental, indicando virtudes como a ênfase dada a problemas reais, o exercício de crítica no trabalho de investigação científica e o comprometimento com exercício sociopolítico que marcam seu surgimento e seu desenvolvimento. As limitações da área seriam a Maria flor 2021.2 12 perda de especificidade na delimitação de eventos e fenômenos que estuda e a dificuldade para redefinir a unidade de análise. O autor relata que a Psicologia Ambiental incorporou de forma adaptada alguns processos psicológicos básicos estudados pela Psicologia em seus estudos, inter-relacionando estes processos com os ambientes onde eles ocorrem. A percepção ambiental, a cognição ambiental, o estresse ambiental e as atitudes pró- ambientais foram estudados desde o surgimento desta área de investigação. Dar-se-á destaque aos estudos realizados sobre as atitudes pró-ambientais. Corral-Verdugo (2001), contribui enfatizando que as atitudes são comportamentos eletivos, padrões de ação que podem produzir efeitos nocivos sobre o meio ambiente ou então preservar os recursos naturais disponíveis. Este autor defende que o problema com maior demanda atual na Psicologia Ambiental é o estudo da degradação do meio. A Psicologia Ambiental pode contribuir com estudos de formas de educação ambiental que levassem as pessoas a desenvolverem atitudes pró-ambientais, conscientizando-as do seu papel social e das repercussões de suas ações no meio ambiente. Assim ele destaca doze tipos de problema humano-ambientais sobre os quais a Psicologia Ambiental vem realizando pesquisas: (1) diminuição do consumo de recursos, (2) reaproveitamento de produtos, (3) elaboração de compostagem (decomposição de material orgânico), (4) reciclagem, (5) adoção de comportamentos que reduzem a produção de lixo, (6) controle do lixo e estética ambiental, (7) racionamento de energia elétrica, (8) diminuição do uso de transporte privado, (9) racionamento de água, (10) pressão legislativa para controle de atividades destruidoras do meio ambiente, (11) associação ou apoio a grupos de ecologistas e (12) preservação de ecossistemas. O grande objetivo da PA é resolver problemas existentes em decorrência da relação do homem com seu ambiente, tendo como grande finalidade o aumento e melhoria da qualidade de vida, ou seja, a PA busca a congruência entre homem e ambiente, significando possibilitar o bem-estar do individuo no ambiente de forma sustentável, desafios cada vez maiores devido a globalização e hábitos de vida da nossa sociedade. Hoje fala-se que a prática da PA deve estar voltada para a prevenção, atendendo as necessidades da demanda e promovendo uma maior conscientização ambiental. Hoje em dia nós vemos a parte da natureza, fragmentamos o mundo, e não reconhecemos nossa natureza e familiaridades com outros seres vivos. O que acontece em nível de degradação ambiental não é visto como parte de nosso mundo/realidade, tudo acontece lá longe nas calotas polares ou numa floresta. Se tal espécie está em extinção, é problema dos zóologos, se tem lixo na rua, o problema não é meu, já que moro a quilômetros dali, se o trânsito está cada vez mais congestionado, não vejo como meus atos podem estar contribuindo com isto. Hoje nos colocamos a parte da natureza, e nos distanciamos de nossa própria natureza. O homem deve voltar seu olhar para si próprio de forma que se veja como parte integrante de seu ambiente para que possa se responsabilizar por seus atos. A PA atualmente pode intervir em diversos locais e de diferentes maneiras, as que mais se destacam são: 1) Intervir em situações de desastres naturais, a nível de prevenção; 2) Identificar e intervir sobre o comportamento ecológico, como uso de água por exemplo, de forma que promova a sustentabilidade e acarrete em economia de energia. Forma de intervenção praticada em empresas e organizações; 3) Intervir junto a família e comunidade em busca do desenvolvimento sustentável; 4) Promover murais participativos e outras manifestações artísticas como ações coletivas de sensibilização social; Maria flor 2021.2 13 5) Intervir sobre os modos de melhorias da condição de moradia de uma comunidade, visando promoção do cuidado com o meio, prevenindo quanto ao contágio de doenças que podem ser decorrentes da relação indevida com o ambiente. 6) Atuar junto a políticas públicas de forma a promover o papel do cidadão, reforçando comportamentos pró-ambientais e de reciclagem; 7) Promover a participação cidadã no planejamentourbano; 8) Buscar mudanças no ambiente que promovam a sensação de bem-estar e que possam auxiliar na concentração e desenvolvimento de uma tarefa, modo de intervenção utilizado em escolas ou organizações; 9) Identificar e modificar de valores e crenças quanto a agressões cometidas ao ambiente, como grafitagem ou destruição do patrimônio público; 10) Intervir no comportamento do indivíduo quanto ao trânsito, buscando melhorias da relação entre homem e trânsito e soluções; Desta forma há um aumento da preocupação de aplicações da Psicologia Ambiental que visem o comprometimento dos indivíduos e das populações com a implementação e a manutenção de um desenvolvimento sustentável. Em 1987, uma comissão liderada pela Primeira-Ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland, publicou o Relatório Brundtland (OUR COMMON FUTURE, 2004) que aponta essencialmente a necessidade de se buscar o desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer as possibilidades das gerações futuras satisfazerem as suas. Este conceito sugere um questionamento sobre os modos de vida atuais, já que envolve um desenvolvimento econômico harmonioso e que respeite o ambiente em paralelo com o bem-estar do indivíduo. Segundo Bonnes e Bonaiuto (2002) todas as ações são individuais e locais, isto é, são feitas individualmente e estão sempre restritas a um certo espaço, o que muitas vezes pode gerar resistências na mudança de atitudes. Os autores ressaltam que as ações têm relevância pró-ambiental quando estiverem comprometidas com o macroprocesso das mudanças globais e forem coletivas, representando a opinião de várias pessoas que habitam o mesmo ecossistema. Agindo localmente, isoladamente, mas com o foco no global, pode-se gerar alterações significativas. Os problemas ambientais têm sido muito divulgados pela mídia, na maioria das vezes ressaltando de forma sensacionalista a redução dos recursos naturais, o aumento dos vários tipos de poluição, o aquecimento global, a redução das reservas de água potável, a produção excessiva de lixo, entre outros. Notícias sobre o que se denomina de degradação ambiental têm despertado o interesse da população e dos políticos uma vez que apontam as consequências que o declínio da qualidade ambiental poderá impor à vida das pessoas. De acordo com Aragonés e Amérigo (2000), apesar do “modismo” de debates sobre os problemas ambientais é rara a consciência de que estes problemas são causados e agravados pelas condutas humanas. Na verdade, eles deveriam ser tratados como problemas humano-ambientais (ARAGONÉS; AMÉRIGO, 2000; BASSANI, 2001), incluindo assim a inter-relação pessoa-ambiente na sua origem e para a sua resolução ou prevenção. Algumas pesquisas da Psicologia Ambiental (BASSANI, 2002; MOSER, 2002; MOYANO-DÍAZ, 2002; WIESENFELD; SANCHEZ; CRONICK, 2002;) reuniram dados que comprovam a necessidade de conscientizar a população de que são os hábitos cotidianos que fazem a diferença para a qualidade ambiental. A Psicologia pode contribuir muito para tal objetivo, pois tem os conhecimentos necessários para conseguir a mudança de atitudes e comportamentos das pessoas no sentido de melhorar a qualidade ambiental e, talvez, a qualidade de vida das pessoas. Os problemas humano-ambientais têm preocupado cada vez mais os governantes, provocando reuniões entre os responsáveis de diversos países que resultam na elaboração de planos de ação conjuntos a serem implantados pelos governos em seus respectivos países. Um plano de destaque é a Agenda 21, documento formulado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), mais conhecida como Eco-92, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. Maria flor 2021.2 14 A Agenda 21 estabelece os temas importantes relativos à ação dos diversos países para se alcançar o desenvolvimento sustentável, tais como agricultura sustentável, cidades sustentáveis, ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, infraestrutura e integração regional, gestão dos recursos naturais, redução das desigualdades sociais, entre outros. Diante dos parâmetros internacionais estabelecidos, cada país teve a responsabilidade de desenvolver sua Agenda 21 nacional, incorporando e considerando suas particularidades e estabelecendo metas e ações para atingi-las. De acordo com a Agenda 21 Brasileira, cada cidade tem o compromisso de desenvolver a sua Agenda 21 regional, conforme suas características e prioridades. Alguns países implantam ainda sistemas coercitivos para que a população passe a conservar e preservar o meio ambiente. Porém, o que se percebe é que ações como estas nem sempre resolvem o problema da degradação ambiental, da diminuição dos recursos naturais e da melhora da qualidade de vida para a população. As pesquisas a respeito do envolvimento das pessoas com os problemas humano-ambientais revelam que a educação ambiental é a solução mais efetiva, pois informando e conscientizando as pessoas sobre como prevenir ou solucionar os problemas ambientais elas incorporam uma noção do resultado das suas ações ao longo do tempo. Segundo Bassani, Silveira e Ferraz (2003) os estudos da área têm contribuído para políticas públicas no Brasil, América Latina e Europa. Em julho de 1995 (BRASIL, 2003), o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável, elaborado como contribuição brasileira à Conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Humano Sustentável (COPASAD). Esta Conferência foi concebida como consequência da Eco-92. No Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável, publicado no Diário Oficial da União em de 11 de julho de 1995 (BRASIL, 2003), são traçadas diretrizes a serem alcançadas a curto e médio prazo, com propósito de servir de referência para as futuras ações no planejamento da saúde e do ambiente. Este relatório exibe uma noção de saúde e ambiente como interdependentes. Apesar de contar com um conteúdo muito pertinente e bem desenvolvido que explicita o contexto nacional atual, os setores públicos envolvidos neste plano, os requisitos necessários para se obter uma ação integrada, os treinamentos de pessoal necessários, e chega até a estabelecer custos, prazos e formas de fiscalização da implementação do plano no país este plano pouco se concretizou na prática. O Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável prevê a vigência de normas internacionais de qualidade e de impactos ambientais de produtos e de processos através das normas ISO 9000 (qualidade) e ISO 14000 (ambiente), porém a fiscalização do Estado vem sendo falha nas redes pública e privada de saúde. Bassani (2001), em seu trabalho de pesquisa sobre qualidade de vida e estresse, relaciona a qualidade de vida nas cidades com os problemas humano-ambientais. A autora analisa que, a partir da inserção da dimensão ambiental na avaliação da qualidade de vida, surge a proposta de avaliar a qualidade ambiental, um conceito de mais fácil acesso e manejo nas pesquisas, além da qualidade ambiental ser um indicador da qualidade de vida. Moser (2002), os modos com que as pessoas se relacionam com o ambiente contribuem para o seu bem-estar. Para este autor, o bem-estar depende de uma ancoragem territorial e dos processos de identidade. A produção na área da Psicologia Ambiental nos últimos 5 anos, no Brasil, tem se preocupado mais com questões teóricas e acadêmicas, visando o seu desenvolvimento enquanto disciplina, porém tem negligenciado a sua utilização na elaboração de políticas públicas fundamentadas nas pesquisas da área. Garcia Mira (2005) defende que as pesquisas e ações da Psicologia Ambiental têm que ser planejadas levando em consideração os contextos democráticos e participativos, para que, então, elas possam se tornar relevantese integradas nas políticas públicas. Para que realmente aconteça a participação efetiva da população, Garcia Mira (2005) indica que os indivíduos, de todos os gêneros e faixas etárias, têm que se sentir confortáveis e encorajados a participar, legitimando os seus saberes e operacionalizando as modificações que julgam necessárias. Maria flor 2021.2 15 Para solucionar a crise das pessoas-no-ambiente, a Psicologia Ambiental só tem sentido se estiver engajada em mudanças sociais e na reformulação de políticas públicas (PINHEIRO, 1997). Porém, sabe-se que para haver mudanças na inter-relação pessoa-ambiente é necessário, segundo Giuliani (2005), (...) mudar o equilíbrio de poder entre os vários atores sociais. Porém, a fim de que a pesquisa e a sociedade em geral interajam proveitosamente, deve haver interesse e capacidade, por parte da sociedade, de fazer com que a pesquisa formule modelos interpretativos e não somente proporcione soluções específicas. A esfera da pesquisa, por outro lado, tem de ter o interesse e a capacidade de reconhecer os problemas importantes e fazer o esforço criativo de descobrir os seus aspectos menos evidentes. Acredito que apenas nestas condições pode a natureza orientada ao problema da Psicologia Ambiental ser amplamente compartilhada e não permanecer em uma aspiração mais ou menos ilusória de indivíduos. (GIULIANI, 2005, p.101) A PSICOLOGIA AMBIENTAL, DENTRO DE UMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL COM RELAÇÃO AO ESPAÇO CRIA CONCEITOS COMO: COGNIÇÃO AMBIENTAL, MAPEAMENTO MENTAL, HISTÓRIA RESIDENCIAL, IDENTIDADE AMBIENTAL E PERCEPÇÃO DE AGLOMERAÇÃO. PERCEPÇÃO Complemento no texto: Percepção ambiental (pagina: 250 – 263 : Livro) Ato, efeito ou capacidade de perceber alguma coisa. É a maneira como nós vemos, julgamos, conceituamos, qualificamos as coisas no mundo e em nós mesmos. Segundo a psicologia, a percepção consiste em uma organização e interpretação dos estímulos que foram recebidos pelos sentidos e que possibilita identificar certos objetos e acontecimentos. A percepção tem duas etapas, a sensorial e a intelectual. As duas se complementam, porque as sensações não proporcionam uma visão real do mundo, e devem ser trabalhadas pelo intelecto. Assim, Existem fatores ambientais que têm efeito na nossa percepção do espaço e refletem-se no nosso a como o contexto em que a estimulação ocorre. Desta forma ela contém componentes cognitivos, afetivos ou emocionais, interpretativos, avaliativos ou apreciativos, todos eles relacionados com fatores sensoriais (derivados da sensação ambiental). Primeiramente a pessoa "colhe" as sensações, tenta percebê-las e transforma-as em algo significativo para ela. Trata-se de um processo que organiza e interpreta a informação sensorial, num processo psicológico para formar um quadro coerente do espaço a perceber. A percepção conjuga variáveis pessoas (como a idade, sexo, característica dos órgãos perceptivos, familiaridade com o fenômeno, e outros como, o passado, valores e necessidades de cada um) como também culturais. O modo como percepcionamos e julgamos o meio físico varia, na sua complexidade e interpretação, conforme variáveis físicas, situacionais ou contextuais que permitem ás pessoas fazer juízos (como achar agradável ou desagradável). A percepção ambiental relaciona-se com a cognição ambiental porque os processos cognitivos inerentes á nossa percepção é que a fazer existir. A Cognição requer informação ambiental do momento presente e para isso o ser humano utiliza mapas cognitivos ou mentais, trata-se de uma imagem mental que cada indivíduo faz de determinado ambiente, por isso é uma representação e compreensão pessoais do espaço que nós experimentamos A percepção do espaço pode ser feito diretamente, de acordo com os diversos indivíduos e a sua interação com este no espaço, podendo estes omitir aspectos ou distorcê-los. Este processo implica a gestão de informação, requerendo processos como seleção, codificação, armazenamento, recordação e manipulação desta mesma informação. Contém, por isso, uma determinada carga emocional e torna-se uma marco de referência mais medida em que permite organizar a experiência social e cognitiva, conhecer áreas espaciais e ajudar em decisões. Maria flor 2021.2 16 COGNIÇÃO Ato ou processo da aquisição do conhecimento que se dá através da percepção, da atenção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Assim, podemos inferir que a cognição é o conjunto dos processos mentais usados no pensamento na classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De forma mais simples podemos dizer que é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos. Todavia, a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e consequentemente, a nossa melhor adaptação ao meio é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Começa com a capacitação dos sentidos e logo em seguida ocorre à percepção. COGNIÇÃO AMBIENTAL Complemento no texto Cognição Ambiental (pagina: 105 – 119: Livro) É um conceito genérico que diz respeito ao repertório de conhecimento construído pela pessoa acerca do ambiente e seus elementos constituintes, considerando as relações e interações estabelecidas entre os mesmos. A cognição ambiental pode ser entendida como uma capacidade humana de conhecer, armazenar e extrair informações do ambiente físico e social. Todo ambiente, seja construído ou natural pode ser apreendido a partir do corpo e logo depois representado, elaborado e manipulado a partir das significações atribuídas a ele. Dentro da Psicologia ambiental, o termo responde as questões sobre os processos de seleção, retirado e incorporação das informações do ambiente, as de armazenamento, recuperação e uso destas informações na resolução de problemas no cotidiano das pessoas e nas relações sociais construídas nos diferentes grupos da sociedade. O processo cognitivo pode ser apresentado como cognição espacial que refere-se a um processo resultante da interação entre o sistema sensório-motor e as estruturas neurológicas do sistema cognitivo de um indivíduo. O sistema sensório-motor se ocupa com os aspectos quantitativos das informações espaciais, enquanto que o sistema cognitivo é responsável pelos aspectos qualitativos destas informações. A cognição ambiental reúne processos que envolve mecanismos perceptivo-sensitivo interno do próprio indivíduo, bem como estímulos advindos do meio físico e das relações com outras pessoas e outros seres vivos. Esses estímulos podem ser caracterizados em duas ordens de fatores: Biofísicos e Psicossociais. Os fatores biofísicos são aqueles aspectos relativos às características do ambiente, tais como as diferenciações de forma, tamanho, cheiro, gosto, peso, consistência, unidade, temperatura, luz, claridade, core, calor, contraste etc. Tais fenômenos e objetos presenciados, como por exemplo: complexidade das formas, cores e demais propriedades presentes numa paisagem, a qual pode ser visualizada sob diferentes ângulos. Os fatores psicossoais dizem respeito às experiências vivenciadas por uma pessoa numa determinada época ou momento. Essas experiências se diversificam em função dos seguintes aspectos: características cognitivas, sociais ou afetivas; capacidades e habilidades pessoais; valores e significados incorporados culturalmente, como diferenciação de gênero, diversidade étnica, ideologias políticas e socioeconômicas, entre outras. Tais fatores devem ser entendidos a partir de uma perspectivatemporal, considera essencial para a construção cognitiva. As vivências sociais, a partir das relações de envolvimento com o entorno, têm uma interface significativa com a dimensão temporal, tanto com o tempo de permanência das atividades sociais Maria flor 2021.2 17 atuais época e duração do evento quanto com o tempo em termo ciclo de vida infância, adolescência, juventude, terceira idade. A cognição como um processo psicológico superior diz respeito à forma como o ser humano organiza, armazena e usa o conhecimento, tendo a percepção e os órgãos dos sentidos como mediadores. No campo da cognição observa-se que há duas perspectivas de estudo a esse respeito: uma relacionada ao processo intrapessoal de apreensão do ambiente e outra relacionada aos condicionantes da relação interpessoal de produção desse conhecimento. MAPEAMENTO MENTAL Conhecimento, significação do ambiente. Discrições mentais do ambiente, que permite ao indivíduo ter uma imagem tanto espacial, quanto temporal e recordarem desse ambiente no que respeita as suas características importantes e mais relevantes. Podemos dizer que é conhecer, compreender como orientar alguém ou a si próprio de um determinado local ou evento. Ter cognição de tempo e espaço. É como o homem se percebe e consegue abstrair o meio. HISTÓRIA RESIDENCIAL Vinculo com o meio em que se estar inserido, significação do local. Apesar de ser necessária para o estudo teórico e principalmente, para o planejamento metodológico a determinação de níveis e dimensões em que dão as inter-relações pessoa-ambiente. Bassani nos lembra que os estudos da Psicologia ambiental não representa o ambiente físico em si, mas, sobretudo de suas características e relações construídas que venham a facilitar ou dificultar as interações sociais e as necessidades humanas. IDENTIDADE AMBIENTAL Percepção de quem somos e de características pessoais que identifique o indivíduo ou grupo em um ambiente. Exemplo: é o que eu posso ver e identificar em um sujeito a partir de um local. Para Moser (2002), os modos com que as pessoas se relacionam com o ambiente contribuem para o seu bem-estar. Para este autor, o bem-estar depende de uma ancoragem territorial e dos processos de identificação. PERCEPÇÃO DE AGLOMERAÇÃO É a sensação de que se tem de um ambiente que poderá de trazer bem-estar ou mal-estar. Modo com que se sente o ambiente. A percepção de aglomeração tem a ver com as distancias permitidas pelo indivíduo quanto a sua seguridade pessoal. Assim podemos incluir a questão do espaço com relação a territorialidade e distâncias. ESPAÇO É a caracterização do ambiente ou cenário no qual a história acontece Também chamada de espaço adaptado, é aquela superfície terrestre alterada pela ação do homem, modificada de acordo com suas necessidades, com pouca ou nenhuma natureza. o Espaço real Diferentemente dos outros tipos de espaço, o espaço real é um conceito que utilizamos quando planejamos o espaço, pode ser tanto natural quanto cultural. E deve ser estudado para se entender sobre o Maria flor 2021.2 18 espaço potencial, citado a seguir. Consideramos espaço real aquela superfície terrestre que pode ser percebida e modificada pelo homem. É o que o homem vê, sente, ouve, aquilo que pode ser aproveitado no planejamento da área com qualquer finalidade. o Espaço potencial Da mesma forma que o espaço real, o potencial é um conceito e só existe para explicar a possibilidade de utilização de um espaço real com um determinado fim. Quando falamos que determinado espaço físico é um espaço potencial, precisamos definir qual é o objetivo do planejamento desse espaço. Tomemos como exemplo um espaço real amplo, do tipo natural adaptado, com infraestrutura básica, com clima favorável (pouca chuva), razoavelmente próximo de um polo emissor, pode ser considerado um espaço potencial para o planejamento de acampamentos e colônias de férias, ou seja, podemos considerar seriamente a possibilidade de se montar um empreendimento desses nesse espaço. Sendo o espaço a caracterização do ambiente ou cenário no qual a história acontece podemos também citar três tipos de espaço: o Espaço Físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação. o Espaço Social: é constituído pelo ambiente social. o Espaço Psicológico: espaço interior da personagem, constituído por suas vivências, seus pensamentos e sentimentos.O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior densidade emocional. O espaço psicológico permite definir sentimentos. O espaço psicológico se forma em decorrência do espaço pessoal - é o espaço cuja invasão pode provocar mal-estar. Por isso, tratamos de manter uma distância mínima com os demais, denominada de distância interpessoal. Sem dúvidas que as pessoas precisam de um espaço ao seu redor para sentir-se bem, que mudará em função da situação, como: estado de ânimo, da cultura de procedência, do tipo de pessoas que os rodeiam… Cada situação implica em uma distância mínima de seu interlocutor, a qual se é mais curta poderá gerar sentimentos de incômodos e que será defendida de diversas maneiras. Portanto, é desejável que se perceba os sinais verbais ou não verbais que se faz presente quando vulneramos seu espaço pessoal. O termo proxêmica foi cunhado pelo antropólogo Edward T. Hall em 1963 para descrever o espaço pessoal de indivíduos num meio social. É exemplo de proxêmica o fato de que um indivíduo que encontra um banco de praça já ocupado por outra pessoa numa das extremidades tende a sentar-se na extremidade oposta, preservando um espaço entre os dois indivíduos. Hall demonstrou que a distância social entre os indivíduos pode ser relacionada com a distância física. Nesse sentido, menciona quatro tipos de distância: Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar (15-45 cm); Distância pessoal: para interação com amigos próximos (45-120 cm); Distância social: para interação entre conhecidos (1,2-3,5 m); e Distância pública: para falar em público (acima de 3,5 m). Hall indicou que diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço pessoal. Nas culturas latinas, por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as pessoas não se sentem desconfortáveis quanto estão próximas das outras; nas culturas nórdicas, ocorre o oposto. As distâncias pessoais também podem variar em função da situação social, do gênero e de preferências individuais. http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_T._Hall http://pt.wikipedia.org/wiki/1963 http://pt.wikipedia.org/wiki/Indiv%C3%ADduo http://pt.wikipedia.org/wiki/Cent%C3%ADmetro http://pt.wikipedia.org/wiki/Metro Maria flor 2021.2 19 Edward T. Hall, que trabalhou extensivamente sobre formas não verbais de comunicação, distingue quatro zonas de espaço privado. A distância íntima (até cerca de meio metro) é reservada a muitos poucos contactos sociais. Somente os envolvidos em relações que permitam o contacto regular com o corpo – como pais e filhos ou amantes – operam nesta zona de espaço privado. A A distância pessoal (de cerca de meio metro até metro e meio) é a distância normal em encontros com amigos e conhecidos. É permitida alguma intimidade de contacto, mas tende a ser estritamente limitada. A distância social (de cerca de metro e meio até três metros e meio) é a zona normalmente estipulada para contextos formais de interação, como entrevistas. A distância pública (para além dos três metros e meio) preservada por aqueles que atuam perante uma assistência. (…) As zonas mais sensíveis são as das distâncias íntima e pessoal. Se estas zonas forem invadidas, as pessoas tentam readquirir o seu espaço.Por vezes olhamos para alguém como quem diz "saia daqui!" ou empurramo-lo. Nos casos em que as pessoas são forçadas a uma proximidade maior do que a considerada desejável, pode ser estabelecido um certo tipo de fronteira física, como quando um leitor, numa mesa de biblioteca apinhada, demarca fisicamente o espaço privado, empilhando livros a delimitar o seu espaço. TERRITÓRIO Assim como a territorialidade, que é um conceito proveniente da interpretação do território pelo indivíduo, esse conceito modifica-se através da história: No século XIX, com os naturalistas, o território era visto como o espaço em que ocorriam as interações necessárias para a sobrevivência de uma espécie, já havia, portanto, uma interação entre indivíduo e meio, porém era restrito aos animais. Na metade do século XX, essa discussão é estendida para o estudo do comportamento humano. Hall, 1960, embora não utilize a palavra território e sim espaço social, coloca que a cultura modifica a forma de perceber o espaço, através de uma tese que ele chama de Proxemia. Proxemia trata-se do estudo do modo que o homem utiliza o espaço, através das relações inter- indivíduos e da relação com o meio dado pelas informações coletados pelos receptores e as distâncias que são utilizadas para compreendê-lo. Como já foi dito, Hall (1966) acredita que o espaço físico formasse através da compreensão deste pelos receptores humanos, porém a interpretação que cada um faz dessas informações obtidas, varia conforme o que ele chama de espaço social, que nada mais é que a cultura. “A percepção do espaço não é apenas uma questão do que pode ser percebido, mas também eliminado. Pessoas criadas em diferentes culturas aprendem, em criança, sem nem mesmo saber que o Þ zeram, a eliminar um tipo de informação, enquanto prestam atenção à outra.” (Hall, 1966, pág. 52) Na década de 1970, Morrin (1975) cita a importância do território, numa discussão da revolução biológica, que se iniciou em 1940. Para Morrin, essa revolução é dividida em 3 etapas: revelação ecológica, etológica e biossociológica. Para o autor, a revolução biológica permite que as organizações passem a ser Maria flor 2021.2 20 vistas como vivas, ou seja, de forma sistêmica: interligadas e cujas modificações se dissipam como ondas de rádio para outras organizações. Antes da revelação ecológica, o autor cita que para o antigo biologismo, “o ser vivo evoluía no seio da natureza, limitando-se a extrair dele energia e matéria, dele dependia unicamente no que se referia a sua alimentação e suas necessidades físicas.” (Morrin, 1975 pág. 30). O que muda, portanto é a concepção da relação entre o ser vivo e seu meio ambiente, ou seja, o ser vivo não retira do meio somente as suas energias vitais, mas também o que Schrodinger (1945) de entropia negativa. “Isto é, de organização complexa e de informação. (...) O ecossistema é co-organizador e co- programador do sistema vivo que se encontra integrado nele. A relação ecossistêmica não é uma relação externa entre duas entidades estanques, trata-se de uma relação integrativa entre dois sistemas abertos em que cada um é parte do outro, constituindo um todo.” Se a revelação ecológica modifica a ideia do meio, com a revelação etológica, é modificada a concepção do animal no meio. O comportamento animal passa a ser visto como, além de organizado pelo meio, também como organizador do meio. A física parece se integrar com a Psicologia na questão da ação e reação. O animal se modifica pela ação do meio, porém modifica o meio pela sua reação. Baseando-se nessa discussão, Morrin (1975) coloca: “O território é a aplicação, no plano espacial, de uma organização multidimensional da vida animal, isto é, não só a planificação da esfera de atividades de um indivíduo, um casal ou um grupo, mas também da organização da relação com outrem.” (Morrin, 1975 pág. 33) A revelação biossociológica, inclui finalmente a importância da relação inter-indivíduos humanas, colocando que esse tipo de organização social é mais comum na natureza do que imaginavam os biologistas do século XIX. Para esse trabalho, essa informação é importante para comprovar que a territorialidade, um conceito utilizado para os animais, é facilmente aplicável no estudo do comportamento humano. “A sociedade, concebida como organização complexa de indivíduos diversos, fundada, ao mesmo tempo, sobre a competição e a solidariedade, comportando um sistema de comunicações rico, é um fenômeno extremamente comum na natureza” (Morrin, 1975 pág. 34) Entre o final do século XX e início do século XXI, vários autores discutiram a noção de território. Hasbaert (2002) citado por Silva, 2006 acredita que o território: “É visto como o espaço concreto em que se produzem ou se fixam processos sociais (...) Pode ser considerado fruto de uma apropriação simbólica por meio das identidades territoriais.” (Silva, 2006 pág. 49, citando Hasbart, 2002) Silva (2006) ainda cita Fernandes (2000), que diz que “o território é o espaço apropriado por uma determinada relação social que o produz e o mantêm a partir de uma forma de poder.” Essas discussões antropológicas extrapolam o raio das ciências humanas para várias outras áreas, como a arte. Muitos artistas já conseguiram interpretar e aplicar esse conceito. Frank Lloyd Whrigt, arquiteto renomado, coloca em suas obras evocações de que as pessoas experimentam o mundo de formas diferentes e particulares: O Antigo Hotel Imperial, em Tóquio, oferece ao ocidental ali hospedado, lembranças constantes, visuais, cinéticas e táteis de que ele se encontra em um mundo completamente diferente do seu. Mais perto ainda, aqui no Brasil, Ligia Clark que em 1960, cria os bichos, esculturas móveis que podem ser manipuladas, ressaltando a interação indivíduo-meio. O meio (as obras) modifica o comportamento do indivíduo, que, por reação, modifica o meio. Maria flor 2021.2 21 TERRITORIALIDADE O conceito de territorialidade na história caminha ao lado do conceito de território. Em 1920, Howard conceituou a territorialidade como: “Comportamento através do qual um organismo, de modo característico, reivindica uma área e a defende contra membros da sua própria espécie.” (Hall, 1966 pág., 19, citando Howard, 1920) Logo a relação existente entre o indivíduo e o meio era compreendida com na pré-revolução biológica: os animais retiravam do meio a energia suficiente para sua sobrevivência, o território era, portanto, somente o espaço físico ocupado e os comportamentos animais eram ditados pela sua composição genética e a relação meio - indivíduo não modificava nem um nem outro. A territorialidade é um conceito que, com o passar do tempo, migrou das ciências que estudam o comportamento animal para as ciências que estudam o comportamento humano, embora, como se sabe, cada vez mais, essas ciências se convergem. Para compreender o conceito de territorialidade ao decorrer da história, é essencial, antes, compreender o sentido de: espaço físico e território. São conceitos que se confundem na bibliografia, mas aqui será dividido claramente. A territorialidade é uma necessidade do indivíduo de ter o seu espaço e de manter o controle sobre ele. No caso de uma residência os muros determinam o limite de seu domínio e qualquer ação relacionada com a penetração nesse território sem um convite é sentida como uma invasão à sua intimidade. O sentido de territorialidade também foi bastante discutido em relação aos blocos de apartamentos, pois, ao contrário das casas, seus moradores têm que compartilhar uma série de lugares que são de uso comum. E, por isso mesmo, ele perde o controle sobre essas áreas. No entanto, vale salientar, que essa necessidade de se criar um território é tão forte que pode ser observada através de aparatos físicos, tais como: um simples
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