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2021 2 Psi Ambiental Apostila..Flor

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Maria flor 2021.2 
 
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 PSICOLOGIA AMBIENTAL 
 Professora: Maria Flor 
Psicologia Ambiental 
Professora: Maria FLor 
 
Maria flor 2021.2 
 
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1. PSICOLOGIA AMBIENTAL: UMA NOVA ABORDAGEM DA PSICOLOGIA 
Rosane Gabriele C. de Melo 
 
1.1 DESENVOLVIMENTO E ESCOPO DA PSICOLOGIA AMBIENTAL 
1.1. 2 Surgimento da Psicologia Ambiental 
 
O surgimento do campo da Psicologia Ambiental se deu após a II guerra mundial com o processo de 
reconstrução das cidades. 
Com a implementação de programas habitacionais de larga escala, no quadro da política de 
reconstrução do pós-guerra, os arquitetos e planejadores urbanos, juntamente com os cientistas do 
comportamento, se conscientizaram de que o ambiente construído deveria refletir não somente princípios de 
construção e estética, mas também outros fatores como as necessidades psicológicas e comportamentais dos 
futuros ocupantes (CANTER e CRAIK, 1981). 
A Psicologia Ambiental surgiu inicialmente com o nome de "Psicologia da Arquitetura" (Architetural 
Psychology), nos fins dos anos 50 e começo dos anos 60. A partir daí, ela foi reconhecida como um ramo 
distinto da psicologia. Muito embora, mesmo antes de sua existência como um campo distinto, tenha havido 
alguns trabalhos oriundos de diferentes áreas, que por sua própria natureza deram grandes contribuições a 
esse novo ramo da psicologia. 
O surgimento da "Psicologia da Arquitetura" se deu a partir da necessidade dos arquitetos de 
entenderem os requerimentos e as necessidades dos futuros ocupantes de grandes obras públicas vinculadas 
à reconstrução das cidades, uma vez que eles estavam acostumados a trabalhar diretamente com clientes 
privados. E como eles tinham que proporcionar o maior número de habitações possível para acomodar os 
desabrigados da guerra, partiu para construção de blocos de apartamentos. E dessa forma, se viram numa 
situação em que teriam que lidar com diversos clientes e atender a diferentes necessidades ao mesmo tempo. 
Além, é claro, da utilização de uma tecnologia relativamente nova no manejo dos edifícios pós-guerra iria 
requerer uma compreensão dos efeitos dos aspectos físicos do ambiente, tais como, a iluminação, conforto 
térmico, as funções das janelas, a falta de controle pessoal do ambiente sobre as atividades e o 
comportamento humano (CANTER e CRAIK, 1981). 
É interessante notar que, enquanto os planejadores e arquitetos se interessam pelo estudo homem-
meio ambiente visando a uma análise sistemática e direta do comportamento humano em resposta ao 
ambiente construído e criado por eles, os psicólogos, por outro lado, buscam um entendimento do contexto 
ambiental, na qual o comportamento humano ocorre (CRAIK, 1973). Ou seja, enquanto os arquitetos tem uma 
visão bastante determinista da relação homem-meio ambiente, onde o ambiente determina o 
comportamento do homem, as atenções dos psicólogos se voltaram para a compreensão do que leva os 
indivíduos a se comportarem de determinadas formas em determinados lugares. Desse modo, seus interesses 
se voltam para as descobertas e análises de regras ambientais e sociais, papéis ocupacionais, objetivos e 
intenções dos usuários de um determinado ambiente, função do local, atividade X ambiente, etc. E é a partir 
de estudos básicos como estes que vai se criando o embasamento teórico necessário a qualquer disciplina. 
O termo específico "Psicologia Ambiental" surgiu na ocasião de um seminário a respeito do 
relacionamento entre o "design" de sala de hospitais psiquiátricos e evidência do progresso terapêutico 
(FISHER et al., 1984). 
 
 
 
 
Maria flor 2021.2 
 
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2.2. Característica da Psicologia Ambiental 
 
A Psicologia Ambiental tem um caráter multidisciplinar. Ela recebe contribuições de outras disciplinas, 
tais como: psicologia, geografia humana, sociologia urbana, antropologia, planejamento e arquitetura. Antes 
mesmo de seu reconhecimento como uma área distinta, havia pesquisas realizadas por cientistas 
comportamentais que já demonstravam possuir interesses comuns, como por exemplo, os estudos da 
interferência dos fatores do ambiente, como: luz, ventilação, etc., sobre o desempenho do homem em seu 
trabalho, visando a uma maior produtividade. 
A preocupação naquele tempo, da necessidade de se criar um ambiente apropriado às necessidades 
humanas ficou bem clara nas palavras de Churchill, na abertura do debate sobre a reconstrução da "House of 
Commons", depois de ter sido bombardeada, onde ele disse: "We shape our buildings and afterwards our 
buildings shape us" (nós moldamos nosso próprio ambiente e depois disso esse ambiente molda o nosso 
comportamento) (HANSARD, 1943 citado em CANTER, 1975). Ele aponta para a importância que a 
configuração, o "design" de um ambiente qualquer, tem em determinar o comportamento humano. Para isso, 
basta pensarmos que é de se esperar que não se pode fazer da cozinha um quarto de dormir ou do banheiro 
uma sala de jantar, porque a estrutura de ambos não permite que sejam utilizadas de outra forma. Ou seja, 
isto pode ser visto como um simples exemplo de como, em alguns casos, o ambiente tem o poder de 
determinar o tipo de atividade que pode ser desenvolvido dentro dele. Em outras palavras, a estrutura de 
certos ambientes pode impedir que alguns tipos de atividades seja desenvolvidas em locais não apropriados. 
Observa-se que, inicialmente, o modelo adotado na psicologia ambiental era muito determinista. 
Posteriormente, observou-se que certos aspectos dos indivíduos deveriam ser levados em consideração 
na relação homem-meio ambiente, pois eles podem modificar a natureza da influência que o ambiente exerce 
sobre seus comportamentos. Sendo assim, os estudos relativos ao contexto ambiental passaram a ser 
interpretados como uma inter-relação entre o ambiente físico (natural e/ou construído) e o comportamento 
humano, ou seja, o ambiente influencia o comportamento, e este por sua vez, também leva a uma mudança 
no ambiente. Considerando o exemplo acima citado, poderemos transformar a cozinha em quarto de dormir, 
se assim o desejarmos, colocando uma cama no local durante a noite, no caso de não ter outro espaço mais 
adequado para uma visita dormir, por exemplo. A simples presença de um indivíduo num quarto que antes 
estava vazio já modifica o ambiente. Esses são apenas alguns simples exemplos de como o homem pode 
modificar o ambiente para que suas necessidades sejam atendidas. As tentativas de mudanças realizadas no 
ambiente físico e as descrições das atividades desenvolvidas em certos contextos ambientais são uma forma 
que os psicólogos ambientais encontraram para entender qual é exatamente o papel que o ambiente físico 
exerce sobre o comportamento social (CANTER e CRAIK, 1981; RUSSEL e WARD, 1982). Se pararmos para 
pensar, veremos que a todo o momento estamos interagindo com o ambiente, pois, a onde quer que 
estejamos, estaremos inseridos num ambiente, que requer uma analise para entendermos a forma apropriada 
de utilizá-lo. E caso essa forma de utilização estabelecida não nos convenha tentaremos modificá-la para que 
se adéquam aos nossos objetivos seja e necessidades imediatas. 
Atualmente, os conhecimentos se ampliaram e o modelo adotado para explicar a relação homem-meio 
ambiente passou a ser chamado de transacional, onde importância foi atribuída aos objetivos dos indivíduos 
numa determinada situação. Esses objetivos são organizados e estruturados pelos processos sociais e/ou 
organizacionais, que, por sua vez, estão associados a determinadas ações que são desenvolvidas em lugares 
específicos. Dessa forma, se reconhece que indivíduos envolvidos numa mesma situação possuem diferentes 
objetivos e são essas diferençasque vão justificar os diferentes critérios utilizados por eles na sua avaliação 
do mesmo ambiente. Essa é a ideia que norteia a teoria de "Environmental Role" desenvolvido por Canter 
(1977). De um modo geral, observamos que todos esses componentes mencionados aqui tem sua parcela de 
contribuição na formulação das teorias que servem de base para os estudos da Psicologia Ambiental. 
Uma das características importantes da Psicologia Ambiental é que ela é estudada como uma unidade e 
não como componentes separados e distintos. Ou seja, a psicologia tradicional estuda a percepção, sensação 
separada do estímulo ambiental. 
 
Maria flor 2021.2 
 
4 
 
A percepção do estímulo é vista como sendo distintas do próprio estímulo, podendo ser estudados 
independentes um do outro. Já para os psicólogos ambientais, o estudo da percepção não pode ocorrer fora 
de seu ambiente natural. Num estudo de percepção de uma paisagem urbana, por exemplo, devem ser 
levados em consideração não só os conteúdos da paisagem (complexidade, novidade, movimento, etc), mas 
também a experiência passada do observador (ex. o tempo de moradia do sujeito no local), sua associação 
auditiva e olfativa com a paisagem, suas características de personalidade, etc. Todas essas coisas formam uma 
unidade global do ambiente-comportamento perceptual. Isto não quer dizer, no entanto, que o psicólogo 
ambiental nunca estude o comportamento isolado dentro de laboratório, mas, quando o faz, ele está 
consciente de que tal análise lhe dará um quadro incompleto daquela unidade. Por exemplo, se compararmos 
a percepção de dois indivíduos oriundos de lugares diferentes, um do Recife e outro de Garanhuns município 
de Pernambuco localizado na Zona da Mata da cidade de Caruaru, provavelmente ocorrerá duas percepções 
diferentes. 
O sujeito do Recife achará Caruaru um pouco frio à noite, (pois está acostumado com a temperatura 
quente do Recife), além de percebê-la como uma cidade calma, plana, pouco industrializada, comércio 
pequeno quando comparada com sua vivência e experiência do Recife. Por outro lado, o sujeito de Garanhuns 
provavelmente achará Caruaru com uma temperatura amena, movimentada, cheia de indústrias, e prédios, 
com uma grande variedade de comércio, quando comparada com sua experiência anterior. Ou seja, o 
ambiente a quais os sujeitos foram expostos é o mesmo. O que poderia explicar essa diferença na percepção 
seriam suas experiências anteriores. 
A psicologia possibilita intervenção, conscientização e a mudança de comportamento, que podem 
auxiliar na construção de um sistema de gestão ambiental satisfatório. Propondo uma política ambiental que 
apresenta vantagens econômicas e reconhecimento social para as organizações. 
A gestão ambiental visa a importância da eco-eficiência, que tem como finalidade operar uma empresa 
reduzindo ao máximo o consumo de matérias-primas, insumos e energia, otimizando todo o processo 
produtivo e reduzindo o impacto ambiental; inclui também a utilização de tecnologias menos poluentes ou 
perigosas (tecnologias limpas) e técnicas de prevenção de poluição; proporcionando assim práticas de 
gerenciamento voltadas para uma atuação empresarial responsável, baseada nos parâmetros do 
desenvolvimento sustentável, que visa suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a 
capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, planejando e reconhecendo que os recursos 
naturais são finitos; e sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-
primas e produtos, e o aumento da reutilização e da reciclagem. 
A conscientização ambiental é cada vez mais importante em um mercado onde leis ambientais tendem 
a serem mais rigorosas, os consumidores mais exigentes e os concorrentes mais eficientes. As empresas que 
não respeitam as leis ambientais estão sujeitas a comprometer a própria existência em função de multas e 
sanções. É possível respeitar o meio ambiente e ser lucrativo, crescer e ser ambiental e socialmente 
responsável. As empresas que gerenciam melhor o impacto ambiental são as que representam o menor risco 
de crédito e por isso pagam menos juros. A gestão eco-eficiente traz outros resultados práticos às empresas, 
tais como: redução dos custos de produção; redução do número de acidentes de trabalho; redução dos custos 
de seguro; melhor relacionamento com órgãos de controle ambiental; aumento da cotação de ações da 
empresa e a melhoria da imagem da empresa perante os consumidores e a comunidade. Os investidores 
confiam na gestão financeira de empresas ambientalmente sustentáveis, sendo assim, os fundos dedicados a 
investimentos sustentáveis, têm registrado um retorno financeiro acima da média. 
Para modificar o comportamento de empresas e pessoas que degradam o meio ambiente, precisamos 
de reformas não apenas tributárias e trabalhistas (indutoras de comportamento), mas também de uma 
reforma de valores, conscientização, mudança de comportamento e repensar as ações. 
Os problemas humanos querem sejam econômicos, políticos ou sociais, dependem do centro 
psicológico da motivação, dos valores e atitudes que dirigem as energias para os objetivos. Os problemas 
ambientais ressaltam também mudanças de valores e atitudes, igualmente responsáveis por densas e 
profundas alterações na qualidade de vida dos cidadãos. A percepção que os usuários possuem a respeito de 
 
Maria flor 2021.2 
 
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seu potencial de participar em decisões sobre seu ambiente, contribui para que enxerguem seus próprios 
valores contextuais expressos nas suas ações, assim serão participantes e não apenas observadores passivos. 
Partindo da sensibilização, da conscientização e da mudança comportamental com uma ética ecológica 
e de uma preocupação com o bem-estar das futuras gerações, dos funcionários e da organização, temos como 
ponto de partida a mudança dos valores existentes na cultura organizacional. Podendo incluir valores voltados 
à preocupação com o ambiente. Mostrando que o crescimento econômico ilimitado em um planeta finito leva 
consequentemente a desastres ecológicos. 
Hoje temos como desafio possibilitar que as pessoas se tornem agentes ativos do processo de 
conscientização ecológica, criando estratégias que modifiquem e mobilizem as pessoas, proporcionando 
também formas de educação ambiental que se estenda para a sociedade. 
O futuro depende mais do que nunca da nossa capacidade de encontrar soluções conjuntas, que 
incluam e envolvam a todos, compartilhando benefícios e dividindo dificuldades, pois é a partir de pequenas 
alterações em nossos hábitos, que conseguiremos grandes benefícios para nós mesmos e para todas as formas 
de vida do planeta. 
Percebendo e transmitindo para as pessoas que o homem é parte integrante do meio ambiente, que é 
composto pelos elementos da natureza e pelos elementos construídos pelo homem. Portanto, fazemos parte 
da natureza e não podemos viver sem ela. Para satisfazermos nossas necessidades, precisamos utilizar 
racionalmente os recursos naturais, tais como as florestas que podem ser renovados pela ação da natureza e 
às vezes com a ajuda do homem; mas existem outros que, uma vez utilizados, não poderão ser repostos. 
Sabemos que ao longo da história a relação do homem e ambiente tem sido muito desfavorável para 
o planeta. Desde o surgimento da espécie humana, o homem utilizou os recursos naturais, gerou resíduos com 
baixo nível de preocupação, degradando-o primeiro através de queimadas e depois com a evolução 
tecnológica/industrial, surgem novas maneiras de agredir a natureza, isto é, os recursos eram abundantes e a 
natureza aceitava sem reclamar os despejos realizados já que o enfoque sempre foi diluir e dispersar. 
Atualmente existe a consciência que a degradação de qualquer ambiente provoca vários impactos, de baixa 
ou alta relevância, mas que somados podem levar ao desaparecimento deecossistemas inteiros. 
 Para que haja uma mudança de postura, dentro desta realidade em que vivemos, se faz necessário à 
percepção de que a degradação ambiental já está passando a causar graves problemas, assim o conhecimento 
das situações prevê as tendências para o futuro no qual à motivação deve existir nas pessoas e nas empresas 
para a realização das mudanças necessárias no comportamento frente à questão ambiental. Podemos estudar 
sobre as intervenções a boa utilização dos recursos, ao que chamamos de sustentabilidade. 
Sustentabilidade diz respeito ao desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição 
surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para 
discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação 
ambiental. Esse conceito advém do conceito de ecodesenvolvimento quanto dos princípios colocados pelas 
estratégias mundiais para conservação. Apesar de indicar a utilização do meio ambiente e dos recursos 
naturais dentro de uma visão mais física do que humana, pressupunha a estratégia do desenvolvimento 
sustentável, tendo seus alicerces nos três princípios caros a este conceito: o caratê limitado dos recursos 
naturais, capacidade de suporte dos ecossistemas e o respeito às gerações futuras. 
Os princípios básicos do ecodesenvolvimento foram formados por Ignacy Sachs (1993) que tem como 
pressuposto a existência de cinco dimensões: 1) Sustentabilidade Social; 2) Sustentabilidade Econômica; 3) 
Sustentabilidade Ecológica; 4) Sustentabilidade Especial e 5) Sustentabilidade Cultural. 
 
Sustentabilidade Social se refere a um conjunto de ações que visam melhorar a qualidade de vida da 
população. Estas ações devem diminuir as desigualdades sociais, ampliar os direitos e garantir acesso aos 
serviços (educação e saúde principalmente) que visam possibilitar as pessoas acesso pleno à cidadania. Das 
quais as ações sustentáveis socialmente não são importantes apenas para as pessoas menos favorecidas. 
Quando colocadas efetivamente em prática, possuem a capacidade de melhorar a qualidade de vida de toda 
população. Um exemplo prático é a diminuição da violência proporcionalmente à ampliação do sistema 
público educacional de qualidade. 
 
Maria flor 2021.2 
 
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Sustentabilidade econômica se refere a um conjunto de práticas econômicas, financeiras e 
administrativas que visam o desenvolvimento econômico de um país ou empresa, preservando o meio 
ambiente e garantindo a manutenção dos recursos naturais para as futuras gerações. Desta forma ela tenta 
atender às necessidades dos seres humanos, mas de maneira a apoiar os recursos naturais e o meio ambiente 
para as gerações futuras. Ou seja, ela corresponde a um novo jeito de viver e de produzir, que leva em 
consideração os efeitos sobre o meio ambiente e as comunidades, e não apenas a evolução econômica. Assim, 
o crescimento dos países e das organizações neles instaladas deve ser planejado com base no tripé do 
desenvolvimento sustentável, a fim de que haja continuidade. Assim torna-se é preciso avaliar os impactos 
sociais, ambientais e econômicos antes de construir algo novo ou tomar uma decisão relevante, seja em nível 
mundial, nacional, estadual, municipal ou mesmo dentro de uma empresa. Essa lógica possibilita uma visão 
ampla para todos os atores que atuam na dinâmica da economia, de modo que visualizem que as 
consequências de suas atitudes sobre si mesmos, sobre a sociedade e os ecossistemas. Um exemplo clássico 
é o desmatamento que, na maioria das vezes, é feito para desocupar áreas que servirão para a agricultura ou 
pecuária predatória, fornecendo o solo e/ou pasto para alimentar o gado. Em um primeiro momento, essa 
prática pode fazer sentido para um produtor ou pecuarista que necessite de espaço, contudo, seus efeitos são 
desastrosos. É o o caso das queimadas, que, não raramente, saem de controle e destroem áreas além do 
projeto inicial, sem falar dos danos ao solo e à floresta restante, englobando a extinção de espécies da flora e 
fauna. Em médio e longo prazo, o estrago pode ser ainda maior, gerando contaminação do solo e rios, 
desequilíbrio climático e consequências ainda mais nocivas, como o aquecimento global. Todos esses 
problemas poderiam ser evitados se houvesse uma perspectiva que considerasse os aspectos coletivos, 
priorizando o desenvolvimento sustentável. 
 
Sustentabilidade ecológica: compreende a preservação e manutenção do meio ambiente, cujo 
principal objetivo é garantir que as necessidades das gerações futuras não sejam prejudicadas pelo uso 
indiscriminados de recursos naturais na atualidade. Ou seja, A sustentabilidade ecológica pode ser definida 
como: utilizar os recursos de hoje pensando no dia de amanhã. Ela surgiu da preocupação em adotar práticas 
que não agridam tanto o meio ambiente e mantenham a qualidade de vida. Atualmente, a sociedade consome 
muito mais do que é produzido. Os recursos naturais são utilizados como se não houvesse fim, sendo que 
muitos não são renováveis. Com isso, o resultado são desastres ecológicos, como queimadas e 
desmatamentos, poluição, pobreza, fome e até extinção de espécies tanto da fauna como da flora. Nesse 
contexto, as organizações empresariais têm um papel muito importante a desempenhar para garantir a 
sustentabilidade. Eles precisam chegar a um modelo de gestão sustentável que incentiva processos e 
permitem a recuperação do capital financeiro, humano e natural da empresa. Os governos também devem 
adotar políticas para manter o desenvolvimento tecnológico sem exaurir os recursos naturais do planeta. Seja 
por meio do desenvolvimento e adoção de sistemas de monitoramento, ou acordos de cooperação com outros 
países que tenham um objetivo em comum. Já em casa, as pessoas podem contribuir com atitudes simples 
como evitar o desperdício de água, separar o lixo, optar por produtos que não são prejudiciais à natureza, 
sempre que possível optar pela bicicleta ao invés do carro. Também é necessário ensinar as crianças desde 
cedo porque a sustentabilidade é um conceito para longo prazo. 
 
Sustentabilidade Espacial refere-se a um conjunto de ações que visa o equilíbrio entre a sociedade 
rural e urbana, respeitando meio ambiente característico de cada tipo de sociedade, sejam elas agrícolas ou 
grandes cidades. Assim ela promove um equilíbrio geográfico, entre o rural e o urbano, a fim de evitar os 
impactos negativos da urbanização descontrolada, priorizando novas formas de civilização, baseadas no uso 
sustentável de recursos renováveis. Portanto visa estabelecer uma melhor relação na distribuição territorial 
das atividades econômicas e assentamentos humanos, criando um ciclo de desenvolvimento sustentável. 
Principais estratégias da sustentabilidade espacial 
 Equilíbrio de migrações; 
 Industrialização descentralizada; 
http://desmatamento/
https://fia.com.br/blog/aquecimento-global/
 
Maria flor 2021.2 
 
7 
 
 Adoção de práticas agrícolas que não sejam agressivas à saúde e ao ambiente; 
 Manejo sustentável das florestas e ecossistemas; 
 Criação de empregos rurais não relacionados à agricultura (nos setores administrativos e de turismo, 
por exemplo); 
 Promoção de projetos agrícolas operados por pequenos produtores, proporcionando experiência e 
mão de obra; 
Estabelecimento de uma rede de proteção de reservas naturais e biosfera. 
Ao incentivar a desconcentração das metrópoles e a fixação das pessoas na área rural, muitos impactos 
ambientais negativos podem ser minimizados. É o caso, por exemplo, da destruição de ecossistemas frágeis. 
 
Sustentabilidade Cultural corresponde a preservação das manifestações culturais, assim refere-se a 
um conjunto de ações sociais em que todos juntos lutam por um mundo melhor. Sem a necessidade de intervir 
nas tradições e atividades cotidianas de um povo. É a inserçãodos valores culturais às pessoas, mas de forma 
ecologicamente correta. As pessoas precisam entender como funcionam os mecanismos de preservação, onde 
estão inseridas neste contexto e como podem mudar o mundo com simples ações. Isso significa reconhecer e 
considerar a diversidade dos costumes e tradições de um povo, como sua língua, formas de produção agrícola, 
crenças, práticas de saúde. ... No desenvolvimento clássico, interessado apenas no crescimento da economia, 
as diferentes culturas são desprezadas e destruída. 
Complemento no texto: Desenvolvimento sustentável no livro ( Pagina :174 – 179) 
 De acordo com Reis e Queiroz (2002, p.62) a alta administração das empresas tem um papel chave a 
desempenhar na conscientização e motivação dos empregados, explicando os valores ambientais da 
organização e comunicando o seu próprio comprometimento com a política ambiental. É o comprometimento 
individual das pessoas, no contexto dos valores ambientais compartilhados, que faz com que a mudança de 
comportamento saia da intenção e se transforme em um processo eficaz. Os autores dizem que é 
recomendado que todos os membros da organização correspondam e sejam estimulados a aceitar a 
importância de atingir objetivos e metas ambientais, pelos quais são responsáveis. Afirmam que a motivação 
para a melhoria contínua pode ser reforçada quando os empregados são reconhecidos pelo atendimento dos 
objetivos e metas ambientais e encorajados a apresentar sugestões que conduzam a um melhor desempenho 
ambiental. 
Portanto, é preciso sensibilizar e conscientizar a sociedade na qualidade de membros do planeta Terra, 
que o ser humano deve perceber individualmente depois atingir coletivamente que é necessário ocorrer 
mudanças no comportamento, para que tenha mudança no meio ambiente esclarecendo que o uso indevido 
e sem controle dos recursos naturais acabará por voltar-se contra todos nós. 
O psicólogo se insere neste contexto detendo o poder e o conhecimento da modificação não só 
comportamental como cognitiva, isto é, mudança de comportamento e de pensamento dos componentes da 
sociedade. Com a inserção do trabalho do psicólogo na organização este torna-se responsável pela 
conscientização e pela aplicação de técnicas oriundas de teorias científicas que serão responsáveis pela efetiva 
mudança comportamental e cognitiva. 
2.3. Pressupostos Básicos da Psicologia Ambiental 
 
O psicólogo ambiental, parte do pressuposto de que o homem não possui apenas uma existência social, 
ele possui acima de tudo uma existência física. O homem onde quer que esteja, ocupa algum espaço, espaço 
esse que exige algumas propriedades especiais, como iluminação, ventilação, abrigo do sol e do calor, etc. ou 
a ausência disso, para que possa desenvolver as suas atividades e manter suas relações sociais num certo 
padrão. Caso o ambiente onde o indivíduo se encontre não atenda aos seus objetivos, ele tenderá a modificá-
lo a fim de torná-lo congruente com suas necessidades. 
Acreditamos que só podemos perceber o ambiente ao nosso redor porque construímos um sistema 
conceptual, a partir de nossa experiência sequencial, que nos permite identificar o que representa cada uma 
das (edificações) a nossa volta (GROAT, 1982). Por exemplo, nós só conseguimos identificar determinados 
 
Maria flor 2021.2 
 
8 
 
prédios, como sendo, igrejas, museus, clubes, residências, etc, porque temos vivenciado experiências em 
diferentes instituições que nos permite construir um sistema conceptual contendo diferentes formas de 
prédios e avaliá-los conforme a função a eles atribuída pelo sistema social do qual fazemos parte. 
O que acontece, por exemplo, com a arquitetura pós-moderna é que muitas vezes em projetos pós-
modernos não conseguimos identificar, através de sua faixada, a que categoria ela pertence, se é igreja, escola, 
museu, etc, pois esse tipo de arquitetura foge dos padrões aos quais estamos habituados a ver e experienciar. 
Em virtude disso, toma-se impossível sua identificação imediata, porque não possuímos em nosso sistema 
conceptual nada semelhante que nos dê condição de afirmarmos que tipo de instituição tal edificação 
representa, ou ao menos um sinal que nos permita identificar que tipo de atividade pode ser desenvolvida lá 
e por associação descobrirmos que tipo de instituição ela representa (GROAT & CANTER, 1979). 
No processo da construção da "conceptualization" devem ser levados em consideração, não apenas 
experiências passadas do indivíduo, mas também, o papel que ele exerce num determinado lugar, bem como 
as regras sociais utilizadas em determinados locais que são aprendidas e repassadas. Pois, como veremos 
adiante, diferenças foram encontradas na "conceptualization" de indivíduos que possuem diferentes papéis 
dentro, por exemplo, de uma mesma instituição, E são esses diferentes papéis sociais e/ou organizacionais 
que explicam as variações encontradas no uso e avaliação de determinados locais e que deram origem a teoria 
de "Environmental Role". 
2.4. A Teoria de "Environmental Role" 
 
A teoria de "Environmental Role" proposta por CANTER (1977) refere-se a padrões de interação 
desenvolvidos por um indivíduo em um determinado ambiente. Tal padrão pode variar de acordo com o papel 
social ou organizacional do indivíduo. Em outras palavras, os padrões de avaliação e percepção ambiental 
correspondem a "papéis" sociais ou organizacionais distintos que os indivíduos desempenham no ambiente e 
que vão determinar as formas de interação que mantém com o ambiente no exercício desses papéis. Dessa 
forma, argumenta-se que "porque essas regras limitam a interação do homem com seu ambiente, ele 
construirá ao longo do tempo uma conceptualização diferente daqueles que possuem diferentes papéis 
naquele mesmo ambiente" (CANTER e COMBER, 1985, p.6). Essa é a base para a formação da teoria de 
"Environmental Role", ou seja, ele partiu da necessidade de se entender as diferenças encontradas, em alguns 
estudos, entre pessoas na sua avaliação e uso do ambiente. 
Notou-se que a forma como o ambiente é utilizado pelo indivíduo para atingir seus objetivos que é 
bastante consistente, bem como o objetivo central que caracteriza o padrão de interação do indivíduo com 
algum ambiente varia, de ambiente para ambiente (KENNY e CANTER, 1981; CANTER e REES, 1982; CANTER, 
1983). Sendo assim, se espera que dois indivíduos com papéis sociais diferentes experienciem o mesmo 
ambiente de forma distinta e o mesmo indivíduo experiêncie diferentes ambientes de forma também 
distintas. Em ambos os casos, os objetivos a serem alcançados e vão variar de indivíduo para indivíduo, bem 
como de lugar para lugar. Por exemplo, um indivíduo foi ao supermercado para fazer compras, o outro foi 
para trabalhar como vendedor. Provavelmente quando pedidos para avaliar o supermercado em que se 
encontram, suas avaliações se distanciariam em vários pontos. O mesmo pode ser observado no caso de a 
mesma pessoa ir a uma igreja para rezar ou ir para o clube. Se questionarmos sobre a percepção ou satisfação 
desse indivíduo em relação aos locais acima descritos, provavelmente haverá diferenças. Espera-se que a 
forma de percepção e o tipo de satisfação de um indivíduo sobre um determinado local varie conforme os 
seus objetivos a serem alcançados naquele local, ou seja, o ambiente será avaliado analisando-se até que 
ponto ele facilita ou dificulta a realização de seus objetivos. 
Inúmeras pesquisas já realizadas corroboraram essa teoria de "Environmental Role". Dentre elas, 
podemos citar o estudo de CANTER e REES (1982), onde eles analisaram as avaliações das donas de casa e dos 
seus respectivos maridos a respeito de suas residências. Os resultados mostraram claramente que ambos os 
grupos basearam suas avaliações em diferentes grupos de critérios, dando suporte para a teoria de que a 
avaliação que as pessoas fazem de seus ambientes é o resultado de como eles percebem esse ambiente, 
facilitandoou dificultando o alcance de seus objetivos. 
 
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2. A PSICOLOGIA AMBIENTAL COMO ÁREA DE INVESTIGAÇÃO DA INTER-RELAÇÃO PESSOA-
AMBIENTE 
Maria Cherubina de Lima Alves (Uni-FACEF) 
Marlise Aparecida Bassani (PUC/SP) 
 
 AMBIENTE 
(Complemento no texto: Ambiente pagina: 28 – 40 : Livro) 
 
 
 Sendo a Psicologia Ambiental, segundo Lima-Alves e Bassani, é uma subárea da Psicologia que tem como 
objeto de estudo as inter-relações entre o homem e suas ações com o meio ambiente, podemos inferir que a 
ela está presente em todos os contextos da existência humana. Ela está associada a Psicologia Social, pois 
compreende o homem como pratica a ação e sofre a ação. Desta forma, compreende-se a inter-relação 
pessoa-ambiente, numa perspectiva de mútua influência, o que constitui o foco de estudo da Psicologia 
Ambiental. Entende-se que tanto as pessoas modificam os ambientes como os ambientes interferem no 
comportamento das pessoas. 
 Para Bassani (2004) o termo pessoa, expressa os caracteres histórico, cultural, cognitivo e afetivo e as 
identidades social e individual envolvidos no estudo das inter-relações. 
 O primeiro autor a utilizar o termo Psicologia Ambiental foi Brunswik, em 1943 (GIFFORD, 1997). O qual 
defendia que os psicólogos deveriam se dedicar mais à pesquisa sobre a representatividade do design, 
argumentando que os estímulos ambientais transmitidos pelo design eram bem mais complexos do que 
normalmente se considerava na época. 
 O psicólogo Kurt Lewin (1890-1947) foi um dos primeiros a dar importância à relação entre o ser humano 
e o ambiente. O seu objetivo era determinar a influência que o meio ambiente exercia sobre as pessoas, as 
relações que com ele estabelecem, o modo como às pessoas agem, reagem e se organizam conforme o meio 
ambiente. 
 Desta forma, Kurt Lewin foi um autor importante na história do desenvolvimento da Psicologia 
Ambiental. Embora, apesar de introduzir a importância de se considerar a dimensão ambiental na Psicologia 
não realizou pesquisas sobre o ambiente físico objetivo, apenas esboçou noções para o desenvolvimento 
deste paradigma (CARNEIRO; BINDÉ, 1997; GIFFORD, 1997). 
 Segundo Gifford (1997), as maiores influências de Lewin na Psicologia Ambiental foram: A teoria de 
campo e a pesquisa ação, sendo que a primeira (teoria de campo) levou à consideração mais cautelosa do 
ambiente físico nas pesquisas e a segunda (pesquisa ação) assinalou para a importância da pesquisa científica 
que esta vinculada a mudanças sociais concretas. 
 É um campo relativamente novo da psicologia. 
 A qualidade ambiental urbana pressupõe o controle de alterações resultantes das atividades humanas 
que, conforme o art.1º da Resolução nº 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama afetem: “a 
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições 
estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais”. 
 Como se observa, pode-se dizer que essas atividades estão vinculadas ao comportamento dos usuários 
dos ambientes construídos, com seus espaços abertos ou de uso público que podem modificar o meio 
construído ou suas qualidades físicas, químicas e biológicas. Portanto, há legislações que de um lado, 
protegem a população restringindo a ocupação ou construção em determinadas áreas e, de outro, protegem 
o meio ambiente de ocupações que o agridam. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kurt_Lewin
 
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 É óbvio, é evidente, fácil de ver e de entender, salta à vista; que preservar as nascentes dos mananciais 
que suprem a cidade é de fundamental importância para garantir o abastecimento de água para a população 
e proporcionar qualidade de vida a todos. 
 A educação (para a vida) e a cultura, ao longo dos anos, devem plasmar consciências coletivas 
estruturadas nos valores eternos da sociedade: moralidade, espiritualidade e ética. 
 Este ramo da psicologia apresenta cinco princípios que tem que ter em conta quando de alguma 
intervenção ou investigação baseada neste ramo: 
1 - ter em conta que se é capaz de modificar o meio ambiente; 
2 - é necessário que se esteja presente em todos os contextos do dia-a-dia; 
3 - considerar a pessoa e o meio como uma só entidade; 
4 - considerar que o indivíduo atua sobre o meio assim como o meio influencia o indivíduo; 
5 - uma investigação ou intervenção desta índole deve ser sempre levada a cabo com a colaboração de 
outras ciências. 
 De acordo com Bassani (2004), a Psicologia Ambiental se firma no meio científico na década de 70 com 
a proposta de realizar investigações no contexto das relações entre os seres humanos, os ambientes físicos e 
os problemas ambientais, buscando novas formas de atuação e produção do conhecimento. Segundo 
Aragonés e Amérigo (2000), o meio ambiente, ou ambiente sociofísico, inclui tanto os ambientes naturais (rios, 
florestas, etc.) quanto os construídos pelo homem (casas, cidades, etc.) e as inter-relações sociais envolvidas. 
 Como uma Psicologia que trata do espaço e analisam as percepções, atitudes e comportamentos 
individuais e comunitários em relação aos contextos físicos e sociais em que está inserido Moser (2001) 
defende a importância de caracterizar as transações pessoa-ambiente em diferentes níveis, contextualizando-
as nos quatro níveis a seguir. 
 
 Nível I ou nível individual: microambiente, espaço privado. Exemplos: residência, local de trabalho; 
 Nível II ou nível da vizinhança-comunidade: ambientes compartilhados, espaços semipúblicos. 
Exemplos: blocos de apartamentos e parques; 
 Nível III ou nível indivíduo-comunidade: ambientes públicos, paisagem, espaços intermediários. 
Exemplos: hospital, cidades, campo, aldeias; 
 Nível IV ou nível social: ambiente global, em sua totalidade, abrangendo tanto o ambiente construído 
como o natural. Exemplo: recursos naturais. 
 
 Ainda é importante ressaltar que existem quatro dimensões da inter-relação pessoa-ambiente: física, 
social, cultural e temporal (MOSER, 2001). Estas dimensões estão envolvidas em toda inter-relação pessoa-
ambiente, em cada um dos níveis ambientais, conferindo-lhe complexidade e dinamização. 
 Apesar de ser necessária para o estudo teórico e, principalmente, para o planejamento metodológico a 
determinação de níveis e dimensões em que se dão as inter-relações pessoa-ambiente, Bassani (2004) nos 
lembra de que os estudos da Psicologia Ambiental não são do “ambiente físico em si, mas de suas 
características e relações que venham a facilitar ou dificultar as interações sociais e as necessidades humanas” 
(p.153). 
 Proshansky, Ittelson e Rivlin (1970) expõem alguns conceitos básicos e suas implicações teóricas, 
fundamentais para definição do objeto de estudo da Psicologia Ambiental, tais como sua multi ou 
interdisciplinaridade. 
 Segundo Moser (2005), uma área que se propõe estudar a inter-relação pessoa-ambiente tem que focar 
sua investigação tanto nos usuários do ambiente como no ambiente em si. Estudos do ambiente são 
necessariamente interdisciplinares, abrangendo áreas do conhecimento voltadas para a compreensão do 
ambiente natural (zoologia, biologia, geologia e estudos florestais) como do construído (ergonomia, 
arquitetura, planejamento da paisagem e urbano). 
 Esta interdisciplinaridade impõe limitações e cuidados metodológicos às investigações da área. 
Proshansky, Ittelson e Rivlin (1970) esclarecem ainda que não há teoria específica na qual os pesquisadores 
 
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devam se apoiar, mas é feita a inclusão dos referenciais teóricos da Psicologia para interpretação de seus 
conceitos e processos. 
 A psicologia ambiental, como uma área interdisciplinar, é extremamente rica tanto em conceitos como 
na produção teórica e prática. Por isso, devemos considerar a lista dos principais conceitoscomo uma lista 
inicial, a fim de orientar os estudos. 
 
Identidade de lugar: 
 Em resumo, podemos definir a identidade de lugar como a relação entre a identidade (quem sou) com 
o lugar de nascimento ou moradia. 
 De forma mais teórica, devemos definir a identidade de lugar como as sub-estruturas da identidade de 
si que consistem nas cognições sobre o mundo físico no qual o indivíduo vive. Tais cognições influenciam e 
determinam o modo como o sujeito vive em seu dia-a-dia. Através de suas experiências, ideias, sentimentos, 
pensamentos, valores pessoais, preferências, a pessoa passa a entender e compreender o ambiente no qual 
vive e, em certo sentido, esta compreensão acaba por ser o limite do seu mundo. 
 Quem já viajou para outro país, poderá entender como é estranho se sentir estrangeiro, quer dizer, 
como as experiências que consideramos cotidianas e óbvias podem ser tornar estranhas, sob o olhar de outras 
pessoas, assim como nos parecem esquisitas as atitudes e comportamentos das pessoas que vivem em outros 
lugares. 
 
O apego ao lugar 
 O apego ao lugar ou place attachment, em inglês, é outro conceito importante dentro da psicologia 
ambiental. De acordo com Maíra Longhinotti Felippe e Ariane Kuhnen, devemos entender o apego ao lugar 
como o “vínculo afetivo estabelecido entre pessoas e cenários físicos”. Em outras palavras, o laço afetivo que 
une o sujeito ao lugar em que mora, nasceu ou viveu durante um período. 
 
CONSCIÊNCIA AMBIENTAL 
 
 A consciência ambiental (Environmental consciousness) corresponde à parte importante de pesquisas 
dentro da psicologia ambiental. Em princípio, poderíamos pensar que o conceito faz referência à consciência 
ambiental no sentido de uma consciência de responsabilidade para a preservação. Porém, a pesquisa nesta 
área é muito mais ampla e envolve pesquisas também das neurociências sobre o modo como o cérebro e, por 
derivação, a psique ou cognição compreende o ambiente ao seu redor. Ou seja, como temos consciência de 
nosso ambiente? Que parte do cérebro é ativada? 
 Assim, em relação aos referenciais teóricos, a Psicologia Ambiental não tem limites de aplicabilidade de 
seus conceitos conforme as diversas visões de homem e de mundo dadas pelos referenciais teóricos da 
Psicologia. Segundo Alves (2005), ainda predominam nesta área pesquisadores com referências cognitivistas 
e comportamentalistas, porém tem crescido as pesquisas que adotam os referenciais analítico-junguiano e 
fenomenológico. 
 Na década de 1990, a Psicologia Ambiental passa por uma reestruturação (BOMFIM, 2003; FERREIRA, 
1997) que a redefine como área de investigação, abandonando as pesquisas exclusivamente arquiteturais e 
etológicas das delimitações espaciais, seu controle sobre o comportamento humano e a defesa do espaço. A 
Psicologia Ambiental passa a estudar a interação das pessoas com o ambiente sociofísico, incluindo nos seus 
interesses de estudo a cognição ambiental e os afetos relacionados aos espaços (BOMFIM, 2003). 
 Ferreira (1997) realiza uma revisão de literatura sobre investigações a respeito da degradação 
ambiental, onde analisa as influências do contexto econômico na degradação ambiental, uma vez que este 
direciona as ações das pessoas para o consumo desenfreado e determina a sua adequação à organização social 
vigente. Também avalia as virtudes e limitações da Psicologia Ambiental, indicando virtudes como a ênfase 
dada a problemas reais, o exercício de crítica no trabalho de investigação científica e o comprometimento com 
exercício sociopolítico que marcam seu surgimento e seu desenvolvimento. As limitações da área seriam a 
 
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perda de especificidade na delimitação de eventos e fenômenos que estuda e a dificuldade para redefinir a 
unidade de análise. 
 O autor relata que a Psicologia Ambiental incorporou de forma adaptada alguns processos psicológicos 
básicos estudados pela Psicologia em seus estudos, inter-relacionando estes processos com os ambientes 
onde eles ocorrem. A percepção ambiental, a cognição ambiental, o estresse ambiental e as atitudes pró-
ambientais foram estudados desde o surgimento desta área de investigação. Dar-se-á destaque aos estudos 
realizados sobre as atitudes pró-ambientais. 
 Corral-Verdugo (2001), contribui enfatizando que as atitudes são comportamentos eletivos, padrões de 
ação que podem produzir efeitos nocivos sobre o meio ambiente ou então preservar os recursos naturais 
disponíveis. Este autor defende que o problema com maior demanda atual na Psicologia Ambiental é o estudo 
da degradação do meio. 
 A Psicologia Ambiental pode contribuir com estudos de formas de educação ambiental que levassem as 
pessoas a desenvolverem atitudes pró-ambientais, conscientizando-as do seu papel social e das repercussões 
de suas ações no meio ambiente. Assim ele destaca doze tipos de problema humano-ambientais sobre os 
quais a Psicologia Ambiental vem realizando pesquisas: 
(1) diminuição do consumo de recursos, 
(2) reaproveitamento de produtos, 
(3) elaboração de compostagem (decomposição de material orgânico), 
(4) reciclagem, 
(5) adoção de comportamentos que reduzem a produção de lixo, 
(6) controle do lixo e estética ambiental, 
(7) racionamento de energia elétrica, 
(8) diminuição do uso de transporte privado, 
(9) racionamento de água, 
(10) pressão legislativa para controle de atividades destruidoras do meio ambiente, (11) associação ou apoio 
a grupos de ecologistas e 
(12) preservação de ecossistemas. 
 O grande objetivo da PA é resolver problemas existentes em decorrência da relação do homem com seu 
ambiente, tendo como grande finalidade o aumento e melhoria da qualidade de vida, ou seja, a PA busca a 
congruência entre homem e ambiente, significando possibilitar o bem-estar do individuo no ambiente de 
forma sustentável, desafios cada vez maiores devido a globalização e hábitos de vida da nossa sociedade. Hoje 
fala-se que a prática da PA deve estar voltada para a prevenção, atendendo as necessidades da demanda e 
promovendo uma maior conscientização ambiental. 
 Hoje em dia nós vemos a parte da natureza, fragmentamos o mundo, e não reconhecemos nossa 
natureza e familiaridades com outros seres vivos. O que acontece em nível de degradação ambiental não é 
visto como parte de nosso mundo/realidade, tudo acontece lá longe nas calotas polares ou numa floresta. Se 
tal espécie está em extinção, é problema dos zóologos, se tem lixo na rua, o problema não é meu, já que moro 
a quilômetros dali, se o trânsito está cada vez mais congestionado, não vejo como meus atos podem estar 
contribuindo com isto. Hoje nos colocamos a parte da natureza, e nos distanciamos de nossa própria natureza. 
O homem deve voltar seu olhar para si próprio de forma que se veja como parte integrante de seu ambiente 
para que possa se responsabilizar por seus atos. 
 A PA atualmente pode intervir em diversos locais e de diferentes maneiras, as que mais se destacam 
são: 
1) Intervir em situações de desastres naturais, a nível de prevenção; 
2) Identificar e intervir sobre o comportamento ecológico, como uso de água por exemplo, de forma que 
promova a sustentabilidade e acarrete em economia de energia. Forma de intervenção praticada em 
empresas e organizações; 
3) Intervir junto a família e comunidade em busca do desenvolvimento sustentável; 
4) Promover murais participativos e outras manifestações artísticas como ações coletivas de sensibilização 
social; 
 
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5) Intervir sobre os modos de melhorias da condição de moradia de uma comunidade, visando promoção do 
cuidado com o meio, prevenindo quanto ao contágio de doenças que podem ser decorrentes da relação 
indevida com o ambiente. 
6) Atuar junto a políticas públicas de forma a promover o papel do cidadão, reforçando comportamentos 
pró-ambientais e de reciclagem; 
7) Promover a participação cidadã no planejamentourbano; 
8) Buscar mudanças no ambiente que promovam a sensação de bem-estar e que possam auxiliar na 
concentração e desenvolvimento de uma tarefa, modo de intervenção utilizado em escolas ou 
organizações; 
9) Identificar e modificar de valores e crenças quanto a agressões cometidas ao ambiente, como grafitagem 
ou destruição do patrimônio público; 
10) Intervir no comportamento do indivíduo quanto ao trânsito, buscando melhorias da relação entre homem 
e trânsito e soluções; 
 Desta forma há um aumento da preocupação de aplicações da Psicologia Ambiental que visem o 
comprometimento dos indivíduos e das populações com a implementação e a manutenção de um 
desenvolvimento sustentável. Em 1987, uma comissão liderada pela Primeira-Ministra norueguesa, Gro 
Harlem Brundtland, publicou o Relatório Brundtland (OUR COMMON FUTURE, 2004) que aponta 
essencialmente a necessidade de se buscar o desenvolvimento sustentável. 
 Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de satisfazer as necessidades da geração atual 
sem comprometer as possibilidades das gerações futuras satisfazerem as suas. Este conceito sugere um 
questionamento sobre os modos de vida atuais, já que envolve um desenvolvimento econômico harmonioso 
e que respeite o ambiente em paralelo com o bem-estar do indivíduo. 
 Segundo Bonnes e Bonaiuto (2002) todas as ações são individuais e locais, isto é, são feitas 
individualmente e estão sempre restritas a um certo espaço, o que muitas vezes pode gerar resistências na 
mudança de atitudes. Os autores ressaltam que as ações têm relevância pró-ambiental quando estiverem 
comprometidas com o macroprocesso das mudanças globais e forem coletivas, representando a opinião de 
várias pessoas que habitam o mesmo ecossistema. Agindo localmente, isoladamente, mas com o foco no 
global, pode-se gerar alterações significativas. 
 Os problemas ambientais têm sido muito divulgados pela mídia, na maioria das vezes ressaltando de 
forma sensacionalista a redução dos recursos naturais, o aumento dos vários tipos de poluição, o aquecimento 
global, a redução das reservas de água potável, a produção excessiva de lixo, entre outros. Notícias sobre o 
que se denomina de degradação ambiental têm despertado o interesse da população e dos políticos uma vez 
que apontam as consequências que o declínio da qualidade ambiental poderá impor à vida das pessoas. 
 De acordo com Aragonés e Amérigo (2000), apesar do “modismo” de debates sobre os problemas 
ambientais é rara a consciência de que estes problemas são causados e agravados pelas condutas humanas. 
Na verdade, eles deveriam ser tratados como problemas humano-ambientais (ARAGONÉS; AMÉRIGO, 2000; 
BASSANI, 2001), incluindo assim a inter-relação pessoa-ambiente na sua origem e para a sua resolução ou 
prevenção. 
 Algumas pesquisas da Psicologia Ambiental (BASSANI, 2002; MOSER, 2002; MOYANO-DÍAZ, 2002; 
WIESENFELD; SANCHEZ; CRONICK, 2002;) reuniram dados que comprovam a necessidade de conscientizar a 
população de que são os hábitos cotidianos que fazem a diferença para a qualidade ambiental. A Psicologia 
pode contribuir muito para tal objetivo, pois tem os conhecimentos necessários para conseguir a mudança de 
atitudes e comportamentos das pessoas no sentido de melhorar a qualidade ambiental e, talvez, a qualidade 
de vida das pessoas. 
 Os problemas humano-ambientais têm preocupado cada vez mais os governantes, provocando reuniões 
entre os responsáveis de diversos países que resultam na elaboração de planos de ação conjuntos a serem 
implantados pelos governos em seus respectivos países. Um plano de destaque é a Agenda 21, documento 
formulado na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), mais 
conhecida como Eco-92, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. 
 
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 A Agenda 21 estabelece os temas importantes relativos à ação dos diversos países para se alcançar o 
desenvolvimento sustentável, tais como agricultura sustentável, cidades sustentáveis, ciência e tecnologia 
para o desenvolvimento sustentável, infraestrutura e integração regional, gestão dos recursos naturais, 
redução das desigualdades sociais, entre outros. 
 Diante dos parâmetros internacionais estabelecidos, cada país teve a responsabilidade de desenvolver 
sua Agenda 21 nacional, incorporando e considerando suas particularidades e estabelecendo metas e ações 
para atingi-las. De acordo com a Agenda 21 Brasileira, cada cidade tem o compromisso de desenvolver a sua 
Agenda 21 regional, conforme suas características e prioridades. 
 Alguns países implantam ainda sistemas coercitivos para que a população passe a conservar e preservar 
o meio ambiente. Porém, o que se percebe é que ações como estas nem sempre resolvem o problema da 
degradação ambiental, da diminuição dos recursos naturais e da melhora da qualidade de vida para a 
população. As pesquisas a respeito do envolvimento das pessoas com os problemas humano-ambientais 
revelam que a educação ambiental é a solução mais efetiva, pois informando e conscientizando as pessoas 
sobre como prevenir ou solucionar os problemas ambientais elas incorporam uma noção do resultado das 
suas ações ao longo do tempo. 
 Segundo Bassani, Silveira e Ferraz (2003) os estudos da área têm contribuído para políticas públicas no 
Brasil, América Latina e Europa. 
 Em julho de 1995 (BRASIL, 2003), o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional de Saúde e Ambiente 
no Desenvolvimento Sustentável, elaborado como contribuição brasileira à Conferência Pan-Americana sobre 
Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Humano Sustentável (COPASAD). Esta Conferência foi concebida como 
consequência da Eco-92. 
 No Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável, publicado no Diário Oficial da 
União em de 11 de julho de 1995 (BRASIL, 2003), são traçadas diretrizes a serem alcançadas a curto e médio 
prazo, com propósito de servir de referência para as futuras ações no planejamento da saúde e do ambiente. 
Este relatório exibe uma noção de saúde e ambiente como interdependentes. Apesar de contar com um 
conteúdo muito pertinente e bem desenvolvido que explicita o contexto nacional atual, os setores públicos 
envolvidos neste plano, os requisitos necessários para se obter uma ação integrada, os treinamentos de 
pessoal necessários, e chega até a estabelecer custos, prazos e formas de fiscalização da implementação do 
plano no país este plano pouco se concretizou na prática. 
 O Plano Nacional de Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável prevê a vigência de normas 
internacionais de qualidade e de impactos ambientais de produtos e de processos através das normas ISO 
9000 (qualidade) e ISO 14000 (ambiente), porém a fiscalização do Estado vem sendo falha nas redes pública e 
privada de saúde. 
 Bassani (2001), em seu trabalho de pesquisa sobre qualidade de vida e estresse, relaciona a qualidade 
de vida nas cidades com os problemas humano-ambientais. A autora analisa que, a partir da inserção da 
dimensão ambiental na avaliação da qualidade de vida, surge a proposta de avaliar a qualidade ambiental, um 
conceito de mais fácil acesso e manejo nas pesquisas, além da qualidade ambiental ser um indicador da 
qualidade de vida. 
 Moser (2002), os modos com que as pessoas se relacionam com o ambiente contribuem para o seu 
bem-estar. Para este autor, o bem-estar depende de uma ancoragem territorial e dos processos de identidade. 
 A produção na área da Psicologia Ambiental nos últimos 5 anos, no Brasil, tem se preocupado mais com 
questões teóricas e acadêmicas, visando o seu desenvolvimento enquanto disciplina, porém tem 
negligenciado a sua utilização na elaboração de políticas públicas fundamentadas nas pesquisas da área. 
 Garcia Mira (2005) defende que as pesquisas e ações da Psicologia Ambiental têm que ser planejadas 
levando em consideração os contextos democráticos e participativos, para que, então, elas possam se tornar 
relevantese integradas nas políticas públicas. Para que realmente aconteça a participação efetiva da 
população, Garcia Mira (2005) indica que os indivíduos, de todos os gêneros e faixas etárias, têm que se sentir 
confortáveis e encorajados a participar, legitimando os seus saberes e operacionalizando as modificações que 
julgam necessárias. 
 
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 Para solucionar a crise das pessoas-no-ambiente, a Psicologia Ambiental só tem sentido se estiver 
engajada em mudanças sociais e na reformulação de políticas públicas (PINHEIRO, 1997). 
 Porém, sabe-se que para haver mudanças na inter-relação pessoa-ambiente é necessário, segundo 
Giuliani (2005), 
(...) mudar o equilíbrio de poder entre os vários atores sociais. Porém, a fim de que a pesquisa e a 
sociedade em geral interajam proveitosamente, deve haver interesse e capacidade, por parte da 
sociedade, de fazer com que a pesquisa formule modelos interpretativos e não somente proporcione 
soluções específicas. A esfera da pesquisa, por outro lado, tem de ter o interesse e a capacidade de 
reconhecer os problemas importantes e fazer o esforço criativo de descobrir os seus aspectos menos 
evidentes. Acredito que apenas nestas condições pode a natureza orientada ao problema da Psicologia 
Ambiental ser amplamente compartilhada e não permanecer em uma aspiração mais ou menos 
ilusória de indivíduos. (GIULIANI, 2005, p.101) 
 
 
A PSICOLOGIA AMBIENTAL, DENTRO DE UMA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL COM RELAÇÃO AO ESPAÇO CRIA 
CONCEITOS COMO: COGNIÇÃO AMBIENTAL, MAPEAMENTO MENTAL, HISTÓRIA RESIDENCIAL, IDENTIDADE 
AMBIENTAL E PERCEPÇÃO DE AGLOMERAÇÃO. 
 
 
 PERCEPÇÃO 
 Complemento no texto: Percepção ambiental (pagina: 250 – 263 : Livro) 
 
 Ato, efeito ou capacidade de perceber alguma coisa. É a maneira como nós vemos, julgamos, 
conceituamos, qualificamos as coisas no mundo e em nós mesmos. Segundo a psicologia, a percepção consiste 
em uma organização e interpretação dos estímulos que foram recebidos pelos sentidos e que possibilita 
identificar certos objetos e acontecimentos. A percepção tem duas etapas, a sensorial e a intelectual. As duas 
se complementam, porque as sensações não proporcionam uma visão real do mundo, e devem ser 
trabalhadas pelo intelecto. 
 Assim, Existem fatores ambientais que têm efeito na nossa percepção do espaço e refletem-se no nosso 
a como o contexto em que a estimulação ocorre. Desta forma ela contém componentes cognitivos, afetivos 
ou emocionais, interpretativos, avaliativos ou apreciativos, todos eles relacionados com fatores sensoriais 
(derivados da sensação ambiental). Primeiramente a pessoa "colhe" as sensações, tenta percebê-las e 
transforma-as em algo significativo para ela. Trata-se de um processo que organiza e interpreta a informação 
sensorial, num processo psicológico para formar um quadro coerente do espaço a perceber. A percepção 
conjuga variáveis pessoas (como a idade, sexo, característica dos órgãos perceptivos, familiaridade com o 
fenômeno, e outros como, o passado, valores e necessidades de cada um) como também culturais. O modo 
como percepcionamos e julgamos o meio físico varia, na sua complexidade e interpretação, conforme 
variáveis físicas, situacionais ou contextuais que permitem ás pessoas fazer juízos (como achar agradável ou 
desagradável). 
 A percepção ambiental relaciona-se com a cognição ambiental porque os processos cognitivos inerentes 
á nossa percepção é que a fazer existir. A Cognição requer informação ambiental do momento presente e para 
isso o ser humano utiliza mapas cognitivos ou mentais, trata-se de uma imagem mental que cada indivíduo 
faz de determinado ambiente, por isso é uma representação e compreensão pessoais do espaço que nós 
experimentamos A percepção do espaço pode ser feito diretamente, de acordo com os diversos indivíduos e 
a sua interação com este no espaço, podendo estes omitir aspectos ou distorcê-los. Este processo implica a 
gestão de informação, requerendo processos como seleção, codificação, armazenamento, recordação e 
manipulação desta mesma informação. Contém, por isso, uma determinada carga emocional e torna-se uma 
marco de referência mais medida em que permite organizar a experiência social e cognitiva, conhecer áreas 
espaciais e ajudar em decisões. 
 
 
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 COGNIÇÃO 
 
 Ato ou processo da aquisição do conhecimento que se dá através da percepção, da atenção, memória, 
raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Assim, podemos inferir que a cognição é o conjunto 
dos processos mentais usados no pensamento na classificação, reconhecimento e compreensão para o 
julgamento através do raciocínio para o aprendizado de determinados sistemas e soluções de problemas. De 
forma mais simples podemos dizer que é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre 
toda informação captada através dos cinco sentidos. 
 Todavia, a cognição é mais do que simplesmente a aquisição de conhecimento e consequentemente, a 
nossa melhor adaptação ao meio é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso 
modo de ser interno. Ela é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o 
meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. Começa com a capacitação dos sentidos e logo em 
seguida ocorre à percepção. 
 
 COGNIÇÃO AMBIENTAL 
Complemento no texto Cognição Ambiental (pagina: 105 – 119: Livro) 
 
 É um conceito genérico que diz respeito ao repertório de conhecimento construído pela pessoa acerca 
do ambiente e seus elementos constituintes, considerando as relações e interações estabelecidas entre os 
mesmos. A cognição ambiental pode ser entendida como uma capacidade humana de conhecer, armazenar e 
extrair informações do ambiente físico e social. Todo ambiente, seja construído ou natural pode ser 
apreendido a partir do corpo e logo depois representado, elaborado e manipulado a partir das significações 
atribuídas a ele. 
 Dentro da Psicologia ambiental, o termo responde as questões sobre os processos de seleção, retirado 
e incorporação das informações do ambiente, as de armazenamento, recuperação e uso destas informações 
na resolução de problemas no cotidiano das pessoas e nas relações sociais construídas nos diferentes grupos 
da sociedade. 
 O processo cognitivo pode ser apresentado como cognição espacial que refere-se a um processo 
resultante da interação entre o sistema sensório-motor e as estruturas neurológicas do sistema cognitivo de 
um indivíduo. 
 O sistema sensório-motor se ocupa com os aspectos quantitativos das informações espaciais, enquanto 
que o sistema cognitivo é responsável pelos aspectos qualitativos destas informações. 
 A cognição ambiental reúne processos que envolve mecanismos perceptivo-sensitivo interno do próprio 
indivíduo, bem como estímulos advindos do meio físico e das relações com outras pessoas e outros seres 
vivos. Esses estímulos podem ser caracterizados em duas ordens de fatores: Biofísicos e Psicossociais. 
 Os fatores biofísicos são aqueles aspectos relativos às características do ambiente, tais como as 
diferenciações de forma, tamanho, cheiro, gosto, peso, consistência, unidade, temperatura, luz, claridade, 
core, calor, contraste etc. Tais fenômenos e objetos presenciados, como por exemplo: complexidade das 
formas, cores e demais propriedades presentes numa paisagem, a qual pode ser visualizada sob diferentes 
ângulos. 
 Os fatores psicossoais dizem respeito às experiências vivenciadas por uma pessoa numa determinada 
época ou momento. Essas experiências se diversificam em função dos seguintes aspectos: características 
cognitivas, sociais ou afetivas; capacidades e habilidades pessoais; valores e significados incorporados 
culturalmente, como diferenciação de gênero, diversidade étnica, ideologias políticas e socioeconômicas, 
entre outras. 
 Tais fatores devem ser entendidos a partir de uma perspectivatemporal, considera essencial para a 
construção cognitiva. As vivências sociais, a partir das relações de envolvimento com o entorno, têm uma 
interface significativa com a dimensão temporal, tanto com o tempo de permanência das atividades sociais 
 
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atuais época e duração do evento quanto com o tempo em termo ciclo de vida infância, adolescência, 
juventude, terceira idade. 
 A cognição como um processo psicológico superior diz respeito à forma como o ser humano organiza, 
armazena e usa o conhecimento, tendo a percepção e os órgãos dos sentidos como mediadores. 
 No campo da cognição observa-se que há duas perspectivas de estudo a esse respeito: uma relacionada 
ao processo intrapessoal de apreensão do ambiente e outra relacionada aos condicionantes da relação 
interpessoal de produção desse conhecimento. 
 
 MAPEAMENTO MENTAL 
 
 Conhecimento, significação do ambiente. Discrições mentais do ambiente, que permite ao indivíduo ter 
uma imagem tanto espacial, quanto temporal e recordarem desse ambiente no que respeita as suas 
características importantes e mais relevantes. Podemos dizer que é conhecer, compreender como orientar 
alguém ou a si próprio de um determinado local ou evento. Ter cognição de tempo e espaço. É como o homem 
se percebe e consegue abstrair o meio. 
 
 HISTÓRIA RESIDENCIAL 
 
 Vinculo com o meio em que se estar inserido, significação do local. Apesar de ser necessária para o 
estudo teórico e principalmente, para o planejamento metodológico a determinação de níveis e dimensões 
em que dão as inter-relações pessoa-ambiente. Bassani nos lembra que os estudos da Psicologia ambiental 
não representa o ambiente físico em si, mas, sobretudo de suas características e relações construídas que 
venham a facilitar ou dificultar as interações sociais e as necessidades humanas. 
 
 IDENTIDADE AMBIENTAL 
 
 Percepção de quem somos e de características pessoais que identifique o indivíduo ou grupo em um 
ambiente. Exemplo: é o que eu posso ver e identificar em um sujeito a partir de um local. Para Moser (2002), 
os modos com que as pessoas se relacionam com o ambiente contribuem para o seu bem-estar. Para este 
autor, o bem-estar depende de uma ancoragem territorial e dos processos de identificação. 
 
 PERCEPÇÃO DE AGLOMERAÇÃO 
 
 É a sensação de que se tem de um ambiente que poderá de trazer bem-estar ou mal-estar. Modo com 
que se sente o ambiente. A percepção de aglomeração tem a ver com as distancias permitidas pelo indivíduo 
quanto a sua seguridade pessoal. 
 Assim podemos incluir a questão do espaço com relação a territorialidade e distâncias. 
 
 ESPAÇO 
 
 É a caracterização do ambiente ou cenário no qual a história acontece Também chamada de espaço 
adaptado, é aquela superfície terrestre alterada pela ação do homem, modificada de acordo com suas 
necessidades, com pouca ou nenhuma natureza. 
 
o Espaço real 
 
 Diferentemente dos outros tipos de espaço, o espaço real é um conceito que utilizamos quando 
planejamos o espaço, pode ser tanto natural quanto cultural. E deve ser estudado para se entender sobre o 
 
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espaço potencial, citado a seguir. Consideramos espaço real aquela superfície terrestre que pode ser 
percebida e modificada pelo homem. É o que o homem vê, sente, ouve, aquilo que pode ser aproveitado no 
planejamento da área com qualquer finalidade. 
 
 
o Espaço potencial 
 
 Da mesma forma que o espaço real, o potencial é um conceito e só existe para explicar a possibilidade 
de utilização de um espaço real com um determinado fim. Quando falamos que determinado espaço físico é 
um espaço potencial, precisamos definir qual é o objetivo do planejamento desse espaço. 
 Tomemos como exemplo um espaço real amplo, do tipo natural adaptado, com infraestrutura básica, 
com clima favorável (pouca chuva), razoavelmente próximo de um polo emissor, pode ser considerado um 
espaço potencial para o planejamento de acampamentos e colônias de férias, ou seja, podemos considerar 
seriamente a possibilidade de se montar um empreendimento desses nesse espaço. 
 Sendo o espaço a caracterização do ambiente ou cenário no qual a história acontece podemos também 
citar três tipos de espaço: 
 
o Espaço Físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação. 
 
o Espaço Social: é constituído pelo ambiente social. 
 
o Espaço Psicológico: espaço interior da personagem, constituído por suas vivências, seus 
pensamentos e sentimentos.O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e 
manifesta-se em momentos de maior densidade emocional. O espaço psicológico permite definir 
sentimentos. 
 O espaço psicológico se forma em decorrência do espaço pessoal - é o espaço cuja invasão pode provocar 
mal-estar. Por isso, tratamos de manter uma distância mínima com os demais, denominada de distância 
interpessoal. Sem dúvidas que as pessoas precisam de um espaço ao seu redor para sentir-se bem, que mudará 
em função da situação, como: estado de ânimo, da cultura de procedência, do tipo de pessoas que os 
rodeiam… Cada situação implica em uma distância mínima de seu interlocutor, a qual se é mais curta poderá 
gerar sentimentos de incômodos e que será defendida de diversas maneiras. 
Portanto, é desejável que se perceba os sinais verbais ou não verbais que se faz presente quando vulneramos 
seu espaço pessoal. 
 O termo proxêmica foi cunhado pelo antropólogo Edward T. Hall em 1963 para descrever o espaço 
pessoal de indivíduos num meio social. É exemplo de proxêmica o fato de que um indivíduo que encontra um 
banco de praça já ocupado por outra pessoa numa das extremidades tende a sentar-se na extremidade oposta, 
preservando um espaço entre os dois indivíduos. 
Hall demonstrou que a distância social entre os indivíduos pode ser relacionada com a distância física. Nesse 
sentido, menciona quatro tipos de distância: 
 Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar (15-45 cm); 
 Distância pessoal: para interação com amigos próximos (45-120 cm); 
 Distância social: para interação entre conhecidos (1,2-3,5 m); e 
 Distância pública: para falar em público (acima de 3,5 m). 
 Hall indicou que diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço pessoal. Nas culturas latinas, 
por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as pessoas não se sentem desconfortáveis quanto 
estão próximas das outras; nas culturas nórdicas, ocorre o oposto. 
As distâncias pessoais também podem variar em função da situação social, do gênero e de preferências 
individuais. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edward_T._Hall
http://pt.wikipedia.org/wiki/1963
http://pt.wikipedia.org/wiki/Indiv%C3%ADduo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cent%C3%ADmetro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metro
 
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 Edward T. Hall, que trabalhou extensivamente sobre formas não verbais de comunicação, distingue 
quatro zonas de espaço privado. 
 
 A distância íntima (até cerca de meio metro) é reservada a muitos poucos contactos sociais. Somente 
os envolvidos em relações que permitam o contacto regular com o corpo – como pais e filhos ou 
amantes – operam nesta zona de espaço privado. A 
 
 A distância pessoal (de cerca de meio metro até metro e meio) é a distância normal em encontros 
com amigos e conhecidos. É permitida alguma intimidade de contacto, mas tende a ser estritamente 
limitada. 
 
 A distância social (de cerca de metro e meio até três metros e meio) é a zona normalmente estipulada 
para contextos formais de interação, como entrevistas. 
 
 A distância pública (para além dos três metros e meio) preservada por aqueles que atuam perante 
uma assistência. 
 
(…) As zonas mais sensíveis são as das distâncias íntima e pessoal. Se estas zonas forem invadidas, as 
pessoas tentam readquirir o seu espaço.Por vezes olhamos para alguém como quem diz "saia daqui!" 
ou empurramo-lo. Nos casos em que as pessoas são forçadas a uma proximidade maior do que a 
considerada desejável, pode ser estabelecido um certo tipo de fronteira física, como quando um leitor, 
numa mesa de biblioteca apinhada, demarca fisicamente o espaço privado, empilhando livros a 
delimitar o seu espaço. 
 
 
 TERRITÓRIO 
 
 Assim como a territorialidade, que é um conceito proveniente da interpretação do território pelo 
indivíduo, esse conceito modifica-se através da história: 
 No século XIX, com os naturalistas, o território era visto como o espaço em que ocorriam as interações 
necessárias para a sobrevivência de uma espécie, já havia, portanto, uma interação entre indivíduo e meio, 
porém era restrito aos animais. 
 Na metade do século XX, essa discussão é estendida para o estudo do comportamento humano. Hall, 
1960, embora não utilize a palavra território e sim espaço social, coloca que a cultura modifica a forma de 
perceber o espaço, através de uma tese que ele chama de Proxemia. 
 Proxemia trata-se do estudo do modo que o homem utiliza o espaço, através das relações inter-
indivíduos e da relação com o meio dado pelas informações coletados pelos receptores e as distâncias que 
são utilizadas para compreendê-lo. 
 Como já foi dito, Hall (1966) acredita que o espaço físico formasse através da compreensão deste pelos 
receptores humanos, porém a interpretação que cada um faz dessas informações obtidas, varia conforme o 
que ele chama de espaço social, que nada mais é que a cultura. 
 
“A percepção do espaço não é apenas uma questão do que pode ser percebido, mas também 
eliminado. Pessoas criadas em diferentes culturas aprendem, em criança, sem nem mesmo saber que 
o Þ zeram, a eliminar um tipo de informação, enquanto prestam atenção à outra.” (Hall, 1966, pág. 
52) 
 
 Na década de 1970, Morrin (1975) cita a importância do território, numa discussão da revolução 
biológica, que se iniciou em 1940. Para Morrin, essa revolução é dividida em 3 etapas: revelação ecológica, 
etológica e biossociológica. Para o autor, a revolução biológica permite que as organizações passem a ser 
 
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vistas como vivas, ou seja, de forma sistêmica: interligadas e cujas modificações se dissipam como ondas de 
rádio para outras organizações. 
 Antes da revelação ecológica, o autor cita que para o antigo biologismo, “o ser vivo evoluía no seio da 
natureza, limitando-se a extrair dele energia e matéria, dele dependia unicamente no que se referia a sua 
alimentação e suas necessidades físicas.” (Morrin, 1975 pág. 30). 
 O que muda, portanto é a concepção da relação entre o ser vivo e seu meio ambiente, ou seja, o ser vivo 
não retira do meio somente as suas energias vitais, mas também o que Schrodinger (1945) de entropia 
negativa. 
“Isto é, de organização complexa e de informação. (...) O ecossistema é co-organizador e co-
programador do sistema vivo que se encontra integrado nele. A relação ecossistêmica não é uma 
relação externa entre duas entidades estanques, trata-se de uma relação integrativa entre dois 
sistemas abertos em que cada um é parte do outro, constituindo um todo.” 
 
 Se a revelação ecológica modifica a ideia do meio, com a revelação etológica, é modificada a concepção 
do animal no meio. O comportamento animal passa a ser visto como, além de organizado pelo meio, também 
como organizador do meio. A física parece se integrar com a Psicologia na questão da ação e reação. O animal 
se modifica pela ação do meio, porém modifica o meio pela sua reação. 
 Baseando-se nessa discussão, Morrin (1975) coloca: 
 
“O território é a aplicação, no plano espacial, de uma organização multidimensional da vida animal, 
isto é, não só a planificação da esfera de atividades de um indivíduo, um casal ou um grupo, mas 
também da organização da relação com outrem.” (Morrin, 1975 pág. 33) 
 
 A revelação biossociológica, inclui finalmente a importância da relação inter-indivíduos humanas, 
colocando que esse tipo de organização social é mais comum na natureza do que imaginavam os biologistas 
do século XIX. Para esse trabalho, essa informação é importante para comprovar que a territorialidade, um 
conceito utilizado para os animais, é facilmente aplicável no estudo do comportamento humano. 
 
“A sociedade, concebida como organização complexa de indivíduos diversos, fundada, ao mesmo 
tempo, sobre a competição e a solidariedade, comportando um sistema de comunicações rico, é um 
fenômeno extremamente comum na natureza” (Morrin, 1975 pág. 34) 
 
 Entre o final do século XX e início do século XXI, vários autores discutiram a noção de território. Hasbaert 
(2002) citado por Silva, 2006 acredita que o território: 
 
“É visto como o espaço concreto em que se produzem ou se fixam processos sociais (...) Pode ser 
considerado fruto de uma apropriação simbólica por meio das identidades territoriais.” (Silva, 2006 
pág. 49, citando Hasbart, 2002) 
 
 Silva (2006) ainda cita Fernandes (2000), que diz que “o território é o espaço apropriado por uma 
determinada relação social que o produz e o mantêm a partir de uma forma de poder.” 
 Essas discussões antropológicas extrapolam o raio das ciências humanas para várias outras áreas, como 
a arte. Muitos artistas já conseguiram interpretar e aplicar esse conceito. Frank Lloyd Whrigt, arquiteto 
renomado, coloca em suas obras evocações de que as pessoas experimentam o mundo de formas diferentes 
e particulares: O Antigo Hotel Imperial, em Tóquio, oferece ao ocidental ali hospedado, lembranças 
constantes, visuais, cinéticas e táteis de que ele se encontra em um mundo completamente diferente do seu. 
 Mais perto ainda, aqui no Brasil, Ligia Clark que em 1960, cria os bichos, esculturas móveis que podem 
ser manipuladas, ressaltando a interação indivíduo-meio. O meio (as obras) modifica o comportamento do 
indivíduo, que, por reação, modifica o meio. 
 
 
 
 
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 TERRITORIALIDADE 
 
 O conceito de territorialidade na história caminha ao lado do conceito de território. Em 1920, Howard 
conceituou a territorialidade como: “Comportamento através do qual um organismo, de modo característico, 
reivindica uma área e a defende contra membros da sua própria espécie.” (Hall, 1966 pág., 19, citando 
Howard, 1920) Logo a relação existente entre o indivíduo e o meio era compreendida com na pré-revolução 
biológica: os animais retiravam do meio a energia suficiente para sua sobrevivência, o território era, portanto, 
somente o espaço físico ocupado e os comportamentos animais eram ditados pela sua composição genética 
e a relação meio - indivíduo não modificava nem um nem outro. 
A territorialidade é um conceito que, com o passar do tempo, migrou das ciências que estudam o 
comportamento animal para as ciências que estudam o comportamento humano, embora, como se sabe, cada 
vez mais, essas ciências se convergem. Para compreender o conceito de territorialidade ao decorrer da 
história, é essencial, antes, compreender o sentido de: espaço físico e território. São conceitos que se 
confundem na bibliografia, mas aqui será dividido claramente. 
A territorialidade é uma necessidade do indivíduo de ter o seu espaço e de manter o controle sobre ele. 
No caso de uma residência os muros determinam o limite de seu domínio e qualquer ação relacionada com a 
penetração nesse território sem um convite é sentida como uma invasão à sua intimidade. 
O sentido de territorialidade também foi bastante discutido em relação aos blocos de apartamentos, 
pois, ao contrário das casas, seus moradores têm que compartilhar uma série de lugares que são de uso 
comum. E, por isso mesmo, ele perde o controle sobre essas áreas. No entanto, vale salientar, que essa 
necessidade de se criar um território é tão forte que pode ser observada através de aparatos físicos, tais como: 
um simples

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