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Larissa Quintanilha Pimentel Fonte: Prof. Renan Araújo, Estratégia Concursos PROCESSO PENAL – RECURSOS JUIZO DE ADMISSIBILIDADE a) Pressupostos recursais intrínsecos Cabimento Se o recurso é cabível, se há previsão. Legitimidade recursal (art. 577 CPP) - MP - querelante - réu (ainda que o defensor não queira) - defensor do réu - Assistente de acusação. Tem legitimidade supletiva/subsidiária, só podendo recorrer se o MP não recorreu. É um legitimado específico. Interesse recursal Necessidade e adequação. Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer - Renúncia Obs.: SÚMULA 705- a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta. - Desistência - Preclusão - Deserção (na ação penal privada) Tempestividade Prazo em dias corridos, contado da intimação (súmula 710 STF). O prazo não pode começar nem terminar em um dia em que não haja expediente forense. JUÍZO DE MÉRITO Análise do objeto do recurso. - Anulação - Reforma - Esclarecimento/integração EFEITOS DOS RECURSOS Efeito obstativo: impede a ocorrência da preclusão temporal. Efeito devolutivo: devolve ao Tribunal a competência para conhecer a matéria impugnada e apreciar o recurso. Efeito suspensivo: impossibilidade de a decisão impugnada produzir feitos quando não for julgado o recurso. Efeito translativo: possibilidade de o Tribunal conhecer de ofício determinadas matérias não impugnadas pelo recorrente. Ex: prescrição. Efeito substitutivo: é o efeito que implica na substituição da decisão recorrida pela decisão do juízo ad quem, seja mantendo, seja reformando. Efeito regressivo: permite ao prolator se retratar da decisão, evitando a remessa ao órgão ad quem (órgão recursal). Não há juízo de retratação na apelação, mas no RESE tem. Efeito extensivo (art. 580 CPP): se um dos corréus interpõe recurso, a decisão desse recurso se estende aos demais, salvo se fundada em razões de caráter estritamente pessoal. Muito importante! PRINCÍPIOS RECURSAIS Duplo grau de jurisdição Não tem previsão expressa na CF, mas está previsto no Pacto de San José da Costa Rica. Não é um princípio absoluto. Taxatividade Recurso é só aquilo que está previsto na lei taxativamente como recurso. Singularidade (unicorrebilidade ou unicidade) Para cada decisão somente é cabível um único recurso. Voluntariedade Ninguém é obrigado a recorrer, não existe hipótese de recurso obrigatório. Fungibilidade É possível que o órgão receba um recurso equivocado como sendo o correto, desde que inexista má-fé (art. 579, CPP). Tem que se dar no prazo do recurso certo e não pode ser um erro grosseiro. Non reformatio in pejus Impossibilidade de reforma para pior. O recurso interposto pela defesa NUNCA poderá ser julgado de forma a agravar a situação do réu. Non reformatio in pejus indireta: veda que o réu seja prejudicado indiretamente por um recurso que ele interpôs. Ex: réu apela pedindo a anulação da condenação, o processo é julgado novamente e a pena é aumentada. Não pode! O juiz está vinculado à primeira decisão. Complementariedade O recorrente poderá complementar a fundamentação do seu recurso quando a decisão atacada for modificada após a apresentação das razões recursais (por embargos de declaração). Colegialidade A parte tem o direito de, uma vez recorrendo, ter o seu recurso apreciado por um órgão colegiado. No entanto, existe entendimento de que é possível que o relator decida monocraticamente, quando, por exemplo, a questão for pacífica. Há muita discussão acerca desse princípio, por isso ele não cai muito em prova. RESE - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Cabimento: *As hipóteses mais importantes estão grifadas! Cabe para impugnar as decisões interlocutórias previstas no art. 581, CPP. I- que NÃO receber a denúncia ou queixa. Obs.: no JECRIM cabe apelação. A decisão que recebe é irrecorrível. O réu pode eventualmente manejar habeas corpus, mas RESE não. II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV – que pronunciar o réu; Obs.: da impronúncia cabe apelação. É necessário recolhimento à prisão para recolher? Não, hoje o STF entende que o réu não deve ser submetido à prisão para recorrer. O conhecimento do recurso independe de o réu se recolher à prisão. V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; Mnemônico: O bandido está solto! RE”S”E!!! VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; Se vier na sentença, cabe apelação. IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; Proferida no curso da execução penal recurso cabível é o Agravo em execução. XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; XVIII - que decidir o incidente de falsidade; XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei. OBS: se é uma decisão que você identifica ser proferida no curso da execução da pena, cabe Agravo em execução, não RESE. Prazos: *Inciso XIV (decisão que inclui/exclui jurado) do art. 581- 20 dias. *O assistente não habilitado pode recorrer, é só ele pedir a habilitação na própria petição do recurso. Processamento: Interposição: 5 dias Razões recursais: 2 dias Recorrido tem 2 dias para apresentar contrarrazões. Retratação: em 2 dias após remetido ao juiz. Remessa ao tribunal: Como regra, o recurso sobe por traslado ou instrumento (recurso e cópia das peças principais), ficando os autos na primeira instância (nos casos em que o processo deve continuar tramitando na primeira instância, sem suspensão). Exceções (autos sobem): - Quando se tratar de RESE interposto de ofício pelo Juiz; - Nas hipóteses dos incisos I (não receber denúncia ou queixa), III (julgar procedente as exceções), IV (pronunciar o réu), VIII (decretar a prescrição ou julgar extinta a punibilidade) e X (conceder ou negar habeas corpus) do art. 581. - Quando a subida dos autos ao Tribunal não prejudicar o andamento do processo. Efeito suspensivo: Regra: não possui. Exceções: - Decisão que determina a perda do valor da fiança; - Decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta; - RESE interposto contra decisão de pronúncia. Súmulas importantes 707 STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contra- razões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação do defensor dativo. O réu será intimado mesmo antes de ser citado. 709 STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que prover recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo como recebimento dela. O próprio Tribunal já recebe a denúncia. Obs.: decisão de segunda instância não cabe RESE. APELAÇÃO Ex da primeira hipótese: impronúncia. É uma decisão interlocutória mista terminativa, não cabe RESE. Cabe, então, apelação. As decisões interlocutórias,mistas ou não, encerram uma fase do procedimento, ou, até mesmo o processo, mas sem analisar o mérito da causa. Para decisão interlocutória simples, que não decide o mérito e não encerra o processo ou não encerra uma fase do procedimento, não cabe apelação. Ex: juiz indefere o pedido de decretação da preventiva, indeferiu o pedido de provas (são decisões interlocutórias simples). Principais hipóteses de cabimento Decisão de impronúncia Absolvição sumária (art. 593, I e 416, CPP) Sentença de mérito (condenação/absolvição) Cabimento no júri: Sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados (rito do júri) Erro ou injustiça no tocante a aplicação da pena ou da medida de segurança. Decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. Aqui será determinado um novo julgamento pelo júri. Não se admitirá uma nova apelação com o mesmo fundamento. Prazos Obs.: prazos são contados em dias corridos. No JECRIM, as razões recursais devem ser interpostas juntas com a apelação. Obs.: quando é intimado o réu e o defensor, o prazo para recurso começa a contar da última intimação. Processamento Petição de interposição: regra -> 5 dias Razões recursais: regra -> 8 dias Exceções: Contravenções -> 3 dias Assistente de acusação -> 3 dias JECRIM -> concomitantemente Art. 600, §4º, CPP – faculta ao apelante apresentar as razões diretamente no Tribunal. A apresentação extemporânea das razões não impede o conhecimento da apelação que foi tempestivamente interposta (entendimento do STJ, tese nº 2). Forma Petição ou termo nos autos. Efeitos Devolutivo O efeito devolutivo é amplo. O Tribunal pode apreciar matérias que não foram objeto do recurso. Obviamente, se for um recurso exclusivo da defesa, o réu não pode ser prejudicado. Por outro lado, ainda que o recurso seja exclusivo da acusação, pode o Tribunal beneficiar o réu. Súmula 160 STF: É NULA A DECISÃO DO TRIBUNAL QUE ACOLHE, CONTRA O RÉU, NULIDADE NÃO ARGUIDA NO RECURSO DA ACUSAÇÃO, RESSALVADOS OS CASOS DE RECURSO DE OFÍCIO. Ex: de questão envolvendo a súmula: Não poderá o Tribunal, em prejuízo do réu, reconhecer nulidade não alegada pela acusação. Já nas apelações fundadas nas decisões do júri, o efeito devolutivo é restrito aos fundamentos da apelação. O que não foi objeto de impugnação não pode ser apreciado (súmula 713 STF). Regressivo Não há efeito regressivo na apelação! Suspensivo - Sentença absolutória própria: não há efeito suspensivo. - Sentença absolutória imprópria ou condenatória: há efeito suspensivo. Cuidado: art. 492, I, “e” CPP diz que se for condenação pelo júri à pena superior a 15 anos, a apelação não terá efeito suspensivo, haverá execução provisória. É possível, no entanto, que seja concedido o efeito suspensivo quando, por exemplo, o tribunal verificar que há um fundamento robustos no recurso. Remessa ao tribunal Regra: sobe nos próprios autos. Exceção: haver mais de um réu e nem todos terem ainda sido julgados. Nesse caso, a apelação sobe por traslado ou instrumento. Súmulas importantes: Súmula 705 STF A RENÚNCIA DO RÉU AO DIREITO DE APELAÇÃO, MANIFESTADA SEM A ASSISTÊNCIA DO DEFENSOR, NÃO IMPEDE O CONHECIMENTO DA APELAÇÃO POR ESTE INTERPOSTA. O defensor tem legitimidade recursal autônoma. No conflito, permanecerá sempre a vontade de recorrer. Súmula 708 STF É NULO O JULGAMENTO DA APELAÇÃO SE, APÓS A MANIFESTAÇÃO NOS AUTOS DA RENÚNCIA DO ÚNICO DEFENSOR, O RÉU NÃO FOI PREVIAMENTE INTIMADO PARA CONSTITUIR OUTRO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Quem julga é o próprio órgão judiciário que proferiu a decisão. Prazo: 2 dias JECRIM: 5 dias Efeitos: Interrompe o prazo para interposição dos demais recursos. AGRAVO EM EXECUÇÃO Previsto no art. 197 da LEP Cabimento Decisões proferidas no âmbito da execução penal. Prazo 5 dias Rito: mesmo do RESE Efeitos Não possui efeito suspensivo, mas possui efeito regressivo. Obs.: no processo penal o MP não tem prazo em dobro!! CARTA TESTEMUNHÁVEL (cai muito pouco) Cabe quando não é recebido um recurso que deva ser remetido a instancia superior ou, embora recebido, não seja remetido. Possui natureza residual, só sendo cabível se não houver outro recurso. Ex: RESE que não sobe ao Tribunal. Para destrancar e fazer com que ele suba, não há recurso cabível, então caberá a carta testemunhável. Interposição: dirigida ao Escrivão Prazo 48 horas. Trâmite Mesmo trâmite do recurso que não foi admitido e que quero destrancar com a carta testemunhável. Efeitos Suspensivo: não possui Regressivo: possui EMBARGOS INFRINGENTES Cabe quando, durante o julgamento de um recurso (apelação ou RESE) em segunda instância, houver decisão não-unânime DESFAVORÁVEL AO RÉU. O objeto é restrito à matéria divergente. O julgamento varia de acordo com o regimento interno do tribunal. É um órgão colegiado maior do que proferiu a decisão que irá julgar. Prazo: 10 dias Efeitos Não tem efeito suspensivo nem regressivo. REVISÃO CRIMINAL Não é recurso, é uma ação autônoma de impugnação, cuja decisão pode gerar efeitos no processo criminal que gerou a ação. É parecido com a ação rescisória do processo civil. É um meio de impugnação privativo da defesa. Não cabe revisão criminal pro societate. Pressupostos - Existência de uma sentença condenatória criminal. * A doutrina e a jurisprudência, no entanto, admitem a revisão em caso se sentença absolutória imprópria, apesar de não haver previsão legal expressa. - Existência de trânsito em julgado. Não cabe o manejo durante o processo. Prazo: Não há prazo, pode ser manejada a qualquer tempo, inclusive após a morte do condenado. Hipóteses (art. 621 CPP) - Sentença contrária ao texto expresso da lei ou à evidência dos autos. A contrariedade deve ser evidente. Obs.: se houver modificação do entendimento do STF ou do STJ sobre determinado dispositivo, a doutrina e jurisprudência majoritárias entendem que não cabe revisão. - Quando a sentença se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos. - Quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize a diminuição especial da pena. Hipótese mais importante!! Dilação probatória Não há. Tenho que provar de plano que tenho razão. Competência - STF e STJ quando impugnar decisões deles próprios - TRFs ou TJs quando decisões proferidas por eles mesmos ou por juízes a eles subordinados. E no JECRIM? Cabe à turma recursal. Efeitos no caso de procedência -Alteração da classificação da infração - Absolvição do réu - Modificação da pena imposta - Anulação do processo Nunca poderá ser agravada a situação do réu!! Fixação de indenização em favor do condenado É possível – art. 630 do CPP. Será liquidada no juízo cível. Não caberá se: - O erro ou a injustiça decorrer de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou ocultação de prova em seu poder. - Se a acusação houver sido meramente privada. Tópicos relevantes -É possível reiteração do pedido? Sim, mas deve haver novas provas. - Não é necessário recolhimento à prisão para eu o réu possa manejar revisão criminal – súmula 393 do STF. - É possível o manejo em relação a condenação pelo Tribunal do Júri? Sim (tese nº 9 STJ). O Tribunal, ao julgar a revisão pode absolver diretamente. Não se aplica aqui o princípio da soberania dos vereditos. - O réu possui capacidade postulatória autônoma para ajuizar a revisão criminal (art. 623 CPP e tese nº 11 do STJ).Eventual absolvição importa o restabelecimento de todos os direitos perdidos em razão da condenação.
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