Buscar

RADIOLOGIA ABDOMINAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
Radiologia Abdominal 
 
 
CONCEITOS FISIOPATOLÓGICOS 
• Limites e Divisão das Regiões Abdominais 
• "O Raio X de Abdome" 
• Noções Básicas e Rápidas na TC de Abdome 
• Vísceras e Tratos 
• Noções Básicas de USG de Abdome 
• Fases do Contraste na TC de Abdome 
• Principais Exames Utilizados na Radiologia de 
Abdome 
 
Limites e Divisão das Regiões 
Abdominais 
Desde o início dos nossos estudos na semiologia 
médica, aprendemos a segmentar as regiões 
abdominais e aqui não é diferente. Precisamos 
compreender as divisões básicas (4 quadrantes ou 9 
sub-regiões), que estão representadas abaixo: 
 
Perceba que cada órgão guarda íntima relação com 
uma região e isso nos auxilia no diagnóstico. 
Obviamente que em alguns casos podemos ter 
alterações nervosas por parte do paciente e a dor 
não ser muito bem localizada. 
 
O Raio X de Abdome 
Considero o raio X de abdome o exame mais básico 
do estudo radiológico abdominal. É utilizado 
bastante para algumas patologias de urgência e 
para abdome agudo. Não preciso ressaltar que essa 
modalidade não nos fornece muitos dados sobre 
determinada região (se compararmos com a 
ultrassonografia, tomografia ou ressonância), porém 
possui algumas indicações e utilizações. 
 
 
Você irá tirar melhor proveito desse exame de 
abdome em patologias que guardem duas relações 
importantes do ponto de vista fisiopatológico: 
alterações gasosas ou calcificações. Vamos a alguns 
exemplos? 
 
CALCIFICAÇÕES 
As imagens calcificadas podem englobar desde 
pancreatites crônicas calcificadas até mesmo cálculos 
renais e vesicais. Podemos incluir também 
apendicolitos (muito presentes na apendicite aguda), 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
vesícula em porcelana, etc. Patologias que calcificam 
ou que apresentam-se com componentes calcificados 
são muito bem vistos e possivelmente avaliados pelo 
exame de raio X simples de abdome. 
 
 
Podemos perceber nas imagens acima a presença de 
apencolitos (apendicite), cálculos biliares, cálculos 
vesicais, pancreatite crônica e cálculo coraliforme 
(todos em ordem). São alguns exemplos de lesões 
que cursam com achados hiperdensos e calcificados 
muitas vezes. 
 
ALTERAÇÕES GASOSAS 
Dentre as alterações gasosas podemos englobar 
uma grande quantidade de patologias que podem ir 
desde obstruções intestinais até mesmo torções, 
volvos, intuscepções, atresias (esofágicas, gástricas, 
etc), pneumoperitôneo, enterocolite necrotizante, 
hérnias diafragmáticas etc. 
 
 
Podemos ver nesse caso o sinal do empilhamento 
de moedas (obstrução intestinal), sinal do grão de 
café (volvo), pneumoperitôneo, sinal da dupla bolha 
(atresia duodenal), enterocolite necrotizante e hérnia 
diafragmática ( respectivamente). 
 
 
Noções Básicas e Rápidas na TC 
de Abdome 
É necessário que tenhamos algumas noções básicas 
ao vermos uma TC de abdome. Saber como localizar 
as principais vísceras e estruturas anatômicas. 
Observe os principais cortes abaixo, com a devida 
marcação (numeração) e nome da estrutura 
identificada. 
 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vísceras e Tratos 
Devemos saber como observar e analisar 
corretamente as principais vísceras e tratos 
abdominais, pois muitas patologias cursam com 
alterações na densidade, tamanho ou formato dessas 
estruturas. Falaremos aqui do fígado, vesícula biliar, 
baço, pâncreas, trato genitourinário e trato 
gastrointestinal. 
 
FÍGADO 
Ao observarmos o fígado em um exame de 
tomografia abdominal devemos sempre nos atentar 
a alguns pontos verdadeiramente importantes. 
 
 
 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
PASSO 1: COMPARAR SUA TONALIDADE DE TONS DE 
CINZA COM A DE OUTRAS VÍSCERAS COMO, POR 
EXEMPLO, O BAÇO. 
A primeira mostra um fígado normal (podemos 
observar que a tonalidade de tons de cinza do 
fígado com o baço está bastante semelhante) e a 
segunda mostra um fígado patológico (podemos 
observar que a tonalidade de tons de cinza do fígado 
com o baço está bastante alterada). Obviamente 
que nem sempre temos casos tão gritantes assim, 
logo temos que partir para outro ponto importante. 
 
 
PASSO 2: VERIFICAR A DENSIDADE DO PARÊNQUIMA 
E COMPARÁ-LO COM O DO BAÇO. 
Pelo fato de que a menos que tenhamos alguma 
infiltração em estágio avançado dificilmente iremos 
perceber alterações sutis nos tons de cinza. Ao 
mesmo tempo em que não conseguimos observar 
essas alterações sutis, conseguimos perceber 
alterações na aferição da densidade dessas vísceras. 
Note abaixo um exemplo (os “V’s” abaixo remetem 
às veias hepáticas). 
 
 
As densidades das vísceras abdominais tendem a 
ser semelhantes (especialmente do fígado e do baço 
conforme pode ser visualizado na imagem acima), 
possuindo discretas diferenças. O exame acima está 
normal. Observe agora um caso patológico e 
perceba como a diferença de densidade entre as duas 
vísceras muda completamente. 
 
PASSO 3: VERIFICAR A FORMA E O CONTORNO DO 
FÍGADO, POIS EXISTEM PATOLOGIAS QUE PODEM 
CURSAR COM DISTORÇÃO ARQUITETURAL, REDUÇÃO 
VOLUMÉTRICA E ALTERAÇÕES NOS CONTORNOS 
HEPÁTICOS. 
Um bom exemplo disso é a cirrose (hepatopatia 
crônica). Observe abaixo: 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
Repare a primeira imagem do fígado com forma e 
contorno normais, com tamanho e volume normais 
(inclusive podemos reparar o tamanho normal do 
lobo caudado marcado pela seta branca). Agora note 
a segunda imagem que mostra um fígado com 
redução volumétrica, distorção arquitetural e 
contornos nodulares. 
Era um caso de cirrose. Encontramos também a 
presença de ascite (marcada em verde) e hipertrofia 
do lobo caudado (apontado pela seta branca). 
PASSO 4: DEVEMOS TREINAR A SEGMENTAÇÃO 
HEPÁTICA PARA QUE POSSAMOS IDENTIFICAR E 
LOCALIZAR COM MAIS CLAREZA EM QUAL REGIÃO 
DO FÍGADO A(S) LESÃO(ÕES) SE ENCONTRA(M). 
Como podemos fazer isso? Por meio da segmentação 
hepática de Couinaud. No que se baseia essa 
segmentação hepática? Em dois pontos de 
referência. O primeiro ponto são as 3 veias 
hepáticas (esquerda, média e direita) e o segundo 
ponto é a veia porta. Essa segmentação divide o 
tecido hepático em 8 regiões. A veia porta serve 
para dividir os segmentos superiores dos segmentos 
inferiores. Já as veias hepáticas servem para 
dividirmos os segmentos superiores de forma correta. 
Observe a imagem abaixo e perceba que ela possui um 
sentido horário . 
 
Agora que já sabemos dos nossos pontos de 
referência, vamos sedimentar o conteúdo: a veia 
porta separa os segmentos superiores (1, 2 , 4a, 7 
e 8) dos segmentos inferiores (3, 4b, 5 e 6). As 
veias hepáticas (esquerda, média e direita) irão 
separar os segmentos superiores nas regiões 
propriamente ditas (separaremos o 2 do 4a, o 4a 
do 8 e o 8 do 7 ). 
A segmentação hepática começa desde o momento 
em que começamos a visualizar o fígado e cada 
territóriotenderá a ter seu espaço proporcional 
conforme os cortes forem descendo e conforme 
mais tecido hepático seja visualizado. Temos que 
localizar as veias hepáticas (esquerda, média e 
direita) para que possamos entender onde que 
vamos começar a subsegmentar os segmentos de 
cima (1, 2, 4a, 8 e 7). 
Ao acompanharmos a veia cava inferior, veremos 
que a mesma dará origem aos vasos hepáticos (veia 
hepática esquerda, média e direita) e iremos, a 
partir daí, já termos uma boa noção de 
segmentação dos segmentos superiores. 
É importante que compreendamos que enquanto 
não visualizarmos os dois ramos 
venosos que vão formar a v eia porta (mais 
embaixo) estaremos diante dos subsegmentos 
superiores. Veja um exemplo de segmentação abaixo: 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
 
Note os contornos das veias hepáticas (se 
originando da veia cava inferior, devidamente 
marcada com uma estrela) e perceba que a 
segmentação dos territórios superiores já começou. 
Essa divisão irá continuar até que visualizemos os 
ramos da veia porta. Observe uma imagem de atlas 
para compreender melhor. 
 
 
 
Repare que as 3 veias hepáticas estão delimitando os 
segmentos superiores em subsegmentos (1, 2, 4a, 8 
e 7). A veia porta ainda não é visualizada e 
conforme os cortes vão descendo teremos cada vez 
m ais esses subsegmentos se evidenciando. O que 
ocorre quando chegamos ao nível da veia porta? 
Observe a seguir: 
 
Devemos procurar os dois ramos venosos que 
formarão a veia porta. Ao estarmos diante do nível da 
veia porta já temos que pensar nos segmentos 
inferiores. As marcações circulares e retangulares 
mostram o ramo esquerdo e direito da veia porta 
(respectivamente) e a seta mostra a veia porta 
finalmente formada (as duas veias estão 
desembocando, formando uma única veia, a veia 
porta). Observe um corte de atlas mostrando o nível 
em que estamos 
 
 
É óbvio que o tecido hepático possui 
irregularidades, o que acaba fazendo com que 
tenhamos áreas de transições entre uma parte do 
tecido para outra. Observe abaixo o que quero 
dizer com essas “zonas de transição”. 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
Caso você tenha prestado atenção irá notar que 
conforme os níveis de corte forem baixando, 
teremos zonas de transição entre um território 
segmentar e outro, o que pode trazer certo grau de 
subjetividade quanto à localização de alguma coisa no 
território hepático nessas zonas de transição. O que 
não permitirá subjetividade será principalmente a 
veia porta. Se pudéssemos colocar uma imagem 
didática com as devidas marcações teríamos a 
imagem abaixo: 
 
PASSO 5: NA USG DEVEMOS OBSERVAR SE TEMOS 
A PRESENÇA DO CONTORNO DIAFRAGMÁTICO OU 
DA PLEURA DIAFRAGMÁTICA COM ASPECTOS 
FISIOLÓGICOS, BEM COMO VER A ECOGENICIDADE 
DO FÍG ADO. 
O diafragma é um músculo que possui íntimo 
contato e mantém correlações anatômicas com o 
fígado. Caso o traço ecogênico correspondente ao 
diafragma desapareça podemos suspeitar de 
patologias infiltrativas. No nosso meio a principal é 
a esteatose hepática. Observe um exemplo de 
contorno diafragmático normal. 
 
 
 
Perceba (apontado pelas setas) o contorno 
diafragmático que deve estar presente em uma 
ultrassonografia da região hepática. É válido 
ressaltar que devemos analisar toda a extensão 
dessa linha hiperecogênica, já que a mesma pode 
possuir algumas falhas eventuais e pontuais devido 
a um possível mau contato do transdutor com a 
região abdominal. Outra coisa que devemos 
perceber é o parênquima do fígado. Note que ele 
não possui áreas com ecogenicidade muito 
diferentes e que a ecotextura aparenta estar 
preservada. Conforme patologias infiltrativas vão 
tomando conta do fígado, temos a tendência ao 
aumento da ecogenicidade do tecido hepático (ele 
fica mais hiperecogênico e com a ecotextura 
alterada) e da alteração (e até sumiço) do contorno 
diafragmático. Observe o exemplo a seguir 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
Perceba que temos (nos dois exemplos) alterações 
na ecogenicidade hepática (o fígado está mais 
hiperecogênico) e alterações no contorno hiperecóico 
do diafragma. Esses dois casos eram dois esteatoses 
hepáticas. No que diz respeito ao contorno diafragm 
ático e à pleura diafragmática devemos tomar um 
cuidado. Observe um exemplo abaixo: 
 
 
 
 
 
Perceba que na imagem à esquerda temos um caso 
de derrame pleural. Note que o contorno 
diafragmático permanece íntegro. Já no caso à direita 
temos um derrame pleural, mas as setas apontam um 
espessamento do contorno diafragmático (até 
mesmo a pleura diafragmática, por conseguinte). 
Esse espessamento junto ao derrame pode traduzir 
alterações de origem neoplásica nesses pacientes 
vítimas de derrames pleurais. 
 
VESÍCULA BILIAR 
Ao passarmos para a vesícula biliar existem alguns 
pontos que devem ser enumerados para que não 
tenhamos dúvidas. O primeiro deles na minha 
humilde opinião é observar se o conteúdo interno 
da vesícula encontra-se hipoecóico (ou anecoico). 
Isso irá nos remeter a uma bile normal ou não . 
Os componentes aquosos e os sais biliares estão 
em um a proporção adequada para que o líquido 
biliar possa se apresentar características radiológicas 
normais. Quando temos uma precipitação de solutos 
o u um desbalanceamento dos componentes 
aquosos da bile, tendemos a formar uma lama (sim, 
lama mesmo). Esse achado radiológico é 
denominado lama biliar e possui algumas 
implicações. 
O paciente que possui lama biliar pode estar 
simplesmente em jejum prolongado ou com 
alimentação por sonda, mas também pode possuir 
hemobilia (sangramento vesicular), colecistopatia 
(calculosa e não calculosa), estar fazendo uso de 
drogas (cefalosporinas) ou perdendo peso muito 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
rápido. Observe abaixo um exemplo de uma vesícula 
biliar normal (primeira imagem) e uma vesícula 
biliar com lama (segunda imagem) no USG. 
 
 
 
Já na RM iremos o bservar uma diferença de nível. 
Teremos a água e algo simulando uma lama 
sedimentada. Observe tanto em T1 (à esquerda) 
quanto em T2 (à direita). 
 
 
Observe um caso a seguir, mostrando uma 
colecistopatia calculosa associada à lama biliar. 
Como temos um desbalanceamento nos 
componentes biliares, podemos ter a precipitação 
de solutos e a formação de cálculos biliares, por 
exemplo. 
 
O segundo ponto que devemos analisar são as 
paredes da vesícula. Em casos de USG é normal 
verificarmos uma discreta linha hiperecogênica ao 
redor da região anecóica. Nos casos de TC com 
contraste também é possível perceber um realce e 
uma vesícula com paredes discretamente 
visualizáveis. 
 
É válido ressaltar que muitas pessoas tendem a ver 
a vesícula distendida e utilizam somente esse 
achado para se guiarem quanto à existência de 
patologias ou não. Em minha opinião é algo 
 
RADIOLOGIA | CAMILAMATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
complicado e leviano de s e fazer, pois um caso de 
distensão fisiológica pode ocorrer facilmente se um 
paciente apresentar-se em jejum por um longo 
período . Outra coisa importante de relembrar é que 
espessamento de parede vesicular de forma isolada 
não quer dizer tanto quanto pensamos. Uma 
vesícula pós -prandial pode causar o que chamamos 
de pseudoespessamento. Observe abaixo, à 
esquerda, uma vesícula distendida por período de 
jejum prolongado e observe, à direita, uma vesícula 
com pseudoespessamento pós prandial. Tome 
bastante cuidado. 
 
Observe agora um caso patológico de espessamento 
de paredes vesiculares (inclusive com a presença de 
edema submucoso que pode ser visualizado como 
uma linha hipoecoica ao redor da parede vesicular na 
USG e uma linha hipodensa ao redor da parede 
vesicular na TC). 
 
 
PÂNCREAS 
Nem sempre o pâncreas consegue ficar inteiramente 
visualizado em apenas um nível de corte e é por 
isso que devemos, na maioria das vezes, irmos e 
voltarmos os níveis para averiguar toda a extensão 
pancreática. Deve-se ressaltar que devemos avaliar 
alguns pontos importantes ao visualizarmos o 
pâncreas em um exame de abdome. 
1) A GLÂNDULA ESTÁ COM O TAMANHO NORMAL? 
Essa pergunta deve ser feita sempre, pois muitas 
patologias podem cursar com atrofia glandular ou 
aumento (focal ou difuso) da mesma. Observe a 
seguir um corte que mostra um pâncreas com 
dimensões normais 
 
Observe agora um exemplo de duas patologias bem 
presentes no nosso dia a dia clínico: pancreatite 
aguda e pancreatite crônica. É muito comum que 
encontremos aumento focal ou difuso da glândula 
em casos de pancreatite aguda e é comum 
encontrarmos atrofia glandular em casos de 
pancreatite crônica. Obviamente que isso não é 
uma regra e é possível encontrarmos a referida 
glândula com tamanho e dimensões normais mesmo 
diante de um quadro inflamatório agudo ou crônico. 
Observe os dois casos abaixo e compare com as 
dimensões de um pâncreas normal. Veja que na 
primeira imagem temos um aumento difuso da 
glândula (apontado pela cabeça de seta) e na segunda 
imagem temos uma atrofia glandular com calcificações 
difusas na mesma. 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
Após analisarmos o tamanho da glândula devemos 
passar para o segundo passo. 
2) PROCURAR POSSÍVEIS DILATAÇÕES DE DUCTOS. 
Sabemos que o pâncreas possui dois ductos 
importantes: ducto principal (ou Wirsung) e ducto 
acessório (ou Santorini). 
 
Dentre as principais patologias que causam dilatação 
de ductos pancreáticos estão à pancreatite crônica e 
os tumores. Observe alguns exames abaixo: 
 
Perceba um caso de pancreatite crônica calcificada 
e com dilatação de ducto pancreático (marcado 
pelas setas). 
3) O PÂNCREAS REALÇOU? 
Pode parecer estranho nos fazermos essa pergunta, 
mas ela faz todo sentido: o pâncreas realçou após a 
injeção do contraste ? Caso não, estamos diante de 
alguma coisa que gerou necrose nesse pâncreas. Um 
exemplo bem clássico é a pancreatite necrotizante. 
Observe um caso abaixo e perceba como as 
estruturas vizinhas ao pâncreas realçaram (exceto a 
referida víscera). 
 
4) TEMOS ALGUMA TUMORAÇÃO NO PÂNCREAS? 
Devemos pensar nos tumores pancreáticos, dentre os 
quais podemos destacar o adenocarcinoma de 
cabeça de pâncreas. Observe um caso abaixo: 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
 
BAÇO 
Ao avaliarmos o baço precisamos pensar parecido 
como pensamos com as outras vísceras. 
1) O BAÇO ESTÁ NO TAMANHO NORMAL OU 
ENCONTRA-SE CRESCIDO? 
Diversas patologias podem causar aumento do baço, 
especialmente as que cursam com hipertensão 
portal (embora existam casos onde essa 
esplenomegalia não aconteça). Dentre as principais 
causas podemos pensar em doenças hematológicas 
( anemias, neoplasias proliferativas, leucemia), 
esplenomegalia congestiva, obstrução da veia porta, 
insuficiência cardíaca direita, obstrução de veia 
esplênica, hepatopatias crônicas, mononucleose 
infecciosa, histoplasmose, esquistossomose, 
leishimaniose, patologias metabólicas (Gaucher, 
hemocromatose, mucopolissacaridose, amiloidose, 
porfiria, sarcoidose) e tumores (linfoma e 
metástases, principalmente). Não obstante é 
necessário que visualizemos cuidadosamente a 
extensão esplênica para identificar anormalidades. 
Observe um exemplo a seguir: 
 
Perceba o aspecto normal de um baço (marcado 
em vermelho). Perceba inclusive as proporções e 
expectativas em 3D para um baço sadio e sem 
alterações. As medições anatômicas encontradas na 
literatura dimensionam o baço da seguinte forma: 
aproximadamente 12 cm de comprimento, 8 cm de 
largura e 4 cm de espessura. Uma das medições 
mais importantes para o baço no meio radiológico 
é a medição da porção mais superior do baço até 
a sua extremidade inferior. O limite descrito na 
literatura está entre 12 e 13 cm. Outros valores 
importantes a serem mencionados são: o diâmetro 
ântero -posterior (largura) não deve ultrapassar 12 
cm, o transversal (perpendicular/espessura) 8 cm e 
o craniocaudal ( longitudinal / comprimento) 14 cm. 
Observe a seguir alguns exemplos de medições 
normais. 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
O baço (no corte axial, à esquerda, e no corte 
coronal, à direita) est á dentro dos parâmetros 
normais. Vamos comparar com um caso patológico? 
Observe a grande esplenomegalia no caso abaixo 
(ambos os cortes coronais, um na TC convencional e 
outro com reconstrução 3D): 
 
 
Vamos comparar alguns casos (fisiológicos com 
patológicos). 
 
 
Veja outros dois casos (patológicos), agora 
mostrando uma das medições mais utilizadas (da 
porção mais superior e indo até a porção inferior, que 
deve ter um máximo de 12-13 cm). 
 
2) A DENSIDADE DO BAÇO ESTÁ NORMAL NO 
EXAME SEM CONTRASTE OU APRESENTA ALGUMA 
HETEROGENEIDADE? 
Destaco aqui o exame sem contraste, pois na fase 
arterial teremos o baço tigroide, que falaremos logo 
mais. Esse aspecto tigroide nada mais é do que o 
aspecto que o baço aparenta quando estamos na 
fase arterial do exame tomográfico de abdome. 
Alterações na densidade do baço em fases sem 
contraste e a falta de realce nas fases onde o 
contraste se espalha melhor pelo órgão devem 
chamar atenção, especialmente para casos de 
infarto esplênico ou tumorações. Observe o baço 
tigroide abaixo: 
 
 
Perceba que na fase arterial o baço apresenta um 
realce heterogêneo, que vai tendendo a ficar mais 
homogêneo na fase portal. É importante saber que 
o baço se comporta dessa forma durante a fase 
arterial para que não cometamos o erro de 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
diagnosticar alguma patologia em um órgão normal 
(como um infarto esplênico, por exemplo). Vamos 
observar um caso patológico? 
 
O que podemos perceber? Na imagem à esquerda 
temos um exame sem contraste.Observe que a 
densidade do baço est á discretamente heterogênea 
(temos focos hipodensos no meio de uma víscera 
predominantemente isodensa). Ao utilizarmos o 
contraste e aguardar o mesmo se espalhar pelo baço, 
verificamos falhas de enchimento. As áreas 
hipodensas ficam mais proeminentes e conseguimos 
diferenciar bem o tecido que realçou e o tecido que 
não realçou. Esse era um caso de infarto esplênico. 
Lembre-se: verifique a densidade do baço tanto na 
fase sem contraste quanto nas fases onde o contraste 
esteja mais homogêneo na referida víscera. 
 
TRATO GENITOURINÁRIO 
Podemos subdividir o trato genitourinário em várias 
regiões e cada uma delas possui suas 
particularidades que devem ser analisadas 
adequadamente. Vamos começar com os rins, seguir 
para os ureteres, bexiga e uretra. Citarei aqui também 
as glândulas suprarrenais. 
 
Os rins são órgãos em formato de feijão e estão 
localizados retroperitonealmente. Perceba os dois 
componentes mais importantes: o córtex e a 
medula renal. É importante que você conheça essas 
duas regiões, pois no exame contrastado de 
abdome elas irão realçar pelo contraste em tempos 
distintos. 
Na margem medial, côncava, de cada rim, encontra-
se uma fenda vertical – o HILO RENAL – onde a 
artéria renal entra e a veia e a pelve renal deixam 
o seio renal. Em um corte frontal através do rim, 
são reveladas duas regiões distintas: uma área 
avermelhada de textura lisa, chamada córtex renal 
e uma área marrom-avermelhada profunda, 
denominada medula renal. A medula consiste em 
8-18 estruturas cuneiformes, as pirâmides renais. A 
base (extremidade mais larga) de cada pirâmide 
olha o córtex, e seu ápice (extremidade mais 
estreita), chamado papila renal, aponta para o hilo 
do rim. 
Juntos, o córtex e as pirâmides da medula renal 
constituem a parte funcional, ou parênquima do rim. 
Os ductos drenam para estruturas chamadas cálices 
renais menores e maiores. Cada rim tem 8 -18 cálices 
menores e 2-3 cálices maiores. O cálice renal menor 
recebe urina dos ductos papilares de uma papila renal 
e a transporta até um cálice renal maior. Do cálice 
renal maior, a urina drena para a grande cavidade 
chamada pelve renal e depois para fora, pelo ureter, 
até a bexiga urinária. 
Durante o exame contrastado de abdome devemos 
observar que o córtex realça primeiro (fase arterial) e 
posteriormente terem os maior densificação da região 
medular. Observe abaixo: 
 
Note que na primeira imagem o córtex está bem 
realçado e que na segunda imagem o córtex já está 
mais isodenso e a medula está mais densificada. É 
importante conhecer esses detalhes para não achar 
que o rim está com alguma patologia. Observe agora 
o trajeto feito dos rins para a bexiga através de uma 
urografia excretora e com uma reconstrução 3D. 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Saindo da bexiga e seguindo para a uretra, podemos 
dividir a mesma (no caso dos homens) em uretra 
prostática, membranácea e esponjosa. 
 
Mas com o que devemos nos preocupar? No nosso 
meio algumas patologias atingem bastante o sistema 
genitourinário e são bem frequentes no dia a dia 
clínico. A principal delas é a litíase. A litíase gera 
uma sombra acústica (afinal a litíase é uma pedra) 
na USG e pode ser visualizada como uma lesão 
hiperecogênica. Já na TC (sem contraste) podemos 
ver a litíase como uma lesão de aspecto hiperdenso. 
Vamos ver? 
 
Perceba (apontado pelas setas) a presença de uma 
lesão hiperecogênica que gera sombra acústica, 
compatível com litíase renal. Outra patologia bem 
prevalente é a hidronefrose e nela temos 
basicamente uma dilatação da pelve renal. Observe 
abaixo cortes anatômicos e patológicos. 
 
 
Perceba a pelve renal intensamente dilatada nas 
imagens inferiores e normal nas imagens superiores. 
No que se refere às glândulas suprarrenais 
precisamos ter em mente a localização dessas 
estruturas e lembrar que elas estão localizadas acima 
dos rins. 
 
 
TRATO GASTROINTESTINAL 
Apesar de o trato gastrointestinal ser composto por 
estruturas também localizadas na região torácica, na 
cabeça e no pescoço, creio que seja importantíssimo 
conhecermos os principais aspectos fisio lógicos 
desse trato e dos principais órgãos que o compõe. 
Devemos avaliar cada segmento individualmente, 
buscando suas particularidades. Ao analisarmos o 
esôfago devemos procurar abaulamentos, 
divertículos ou m assas que estejam obstruindo a 
luz do referido tubo. Vamos ver na prática? 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Observe que observamos uma estrutura anatômica 
bem hiperdensa (provavelmente com contraste 
dentro) que é o arco aórtico. Ao lado do arco 
aórtico observamos (marcada por outra seta) a 
traqueia (observe o aspecto hipodenso, indicando 
presença de ar no interior da estrutura) e 
observamos posteriormente à traqueia, o esôfago 
(marcado com por uma estrela). É normal 
observarmos pontos hipodensos dentro do esôfago, 
devido à presença de ar dentro da estrutura. 
Devemos tentar verificar se não temos divertículos, 
abaulamentos ou massas no interior desse tubo 
digestivo. Vamos a alguns exemplos: 
 
Observe, à esquerda, um exame esofágico com 
contraste dentro dos parâmetros normais. Já à direita 
temos um divertículo de Zenker (que é diferente 
do divertículo de Killian). Observe a seguir a 
explicação para o divertículo de Zenker. 
 
Os divertículos podem ocorrer em qualquer área de 
fraqueza da parede do esôfago, sendo mais 
frequentes no segmento faringoesofágico. Quando 
ocorrem no triângulo de Killiam (espaço entre o 
músculo constritor inferior da faringe e o 
cricofaríngeo) são denominados divertículo de Zenker. 
Vamos ver mais alguns casos? 
 
Quando temos um aumento das câmaras cardíacas 
esquerdas (especialmente o átrio esquerdo), 
podemos ter o abaulamento esofágico como 
manifestação indireta desse aumento de área 
cardíaca. É sempre bom estarmos atentos a esses 
detalhes devido às correlações anatômicas que essas 
duas estruturas possuem uma com a outra. Vamos 
para outro caso. 
 
Perceba (marcado pelas setas) dois casos de tumores 
esofágicos. É importante observarmos se há 
espessamento de parede ou massas nas paredes do 
esôfago ao analisarmos o trato gastrointestinal. 
Assim como espessamento de paredes devemos 
procurar outros possíveis problemas como a acalasia 
ou megaesôfago. Observem a seguir: 
 
Eis um quadro típico de acalasia. Temos alterações 
ao nível de esfíncter inferior do esôfago gerando 
dilatação no restante do respectivo tubo. Observe 
tanto na TC quanto no raio X contrastado que temos 
uma grande dilatação da região esofagiana. 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
Passando para o estômago o que devemos frisar? 
É importante lembrar que o estômago é uma bolsa 
que armazena alimentos e produz secreções 
gástricas. Devemos olhar corpos estranhos, 
espessamento de paredes, tumorações, hérnias e 
estenoses. Observe um exemplo fisiológico a seguir. 
 
Obviamente conseguimos notar que um exame com 
contraste oralé bem melhor para opacificar o 
estômago e nos possibilitar avaliar melhor as 
paredes do respectivo órgão. Vamos ver alguns 
exemplos patológicos. 
 
 
Tricotilomania 
Perceba um caso de tricobezoar em um paciente 
psiquiátrico e com manias de comer cabelo. 
Obviamente que nem todo estômago preenchido 
com alguma coisa será necessariamente alguma 
patologia. O paciente pode ter se alimentado algumas 
horas antes. 
 
Observe vários casos de câncer gástrico. Podemos 
perceber falhas de enchimento na passagem do 
estômago para o duodeno (primeira imagem com 
contraste), espessamento das paredes estomacais 
(apontado pelas setas nas TC’s). 
Já na parte intestinal temos que tomar cuidado 
também com as tumorações, mas precisamos 
também nos atentar para as obstruções intestinais, 
divertículos, torções e outras patologias. 
Obviamente que citar várias patologias do trato 
gastrointestinal seria impossível. Vamos ver alguns 
casos fisiológicos 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Os exames escolhidos aqui foram os baritados pelo 
simples fato de que seria impossível colocar todos 
os cortes intestinais tomográficos aqui na apostila. 
O que devo frisar para todos são as alterações 
patológicas. A gordura ao redor das alças não deve 
estar borrada, as alças não podem conter divertículos 
e muito menos torções ou obstruções. Vamos a alguns 
casos. 
 
Perceba, na primeira imagem, um sinal bem 
comum: empilhamento de moedas. Típico de 
obstrução intestinal. Na segunda imagem temos o 
sinal do grão de café ou do U invertido, típico de 
volvo. Vamos ver outro sinal bastante importante? 
 
Esse sinal é o sinal da maça mordida, muito 
encontrado em tumores intestinais 
 
Noções Básicas de USG de 
Abdome 
A USG abdominal é muito utilizada no dia a dia 
clínico e é de fundamental importância que 
conheçamos ao menos as noções mais básicas das 
vísceras nesse modelo de estudo radiológico. Falarei 
superficialmente das principais vísceras e seus 
aspectos ultrassonográficos. 
 
FÍGADO 
Existem vários cortes pelos quais podemos estudar 
o fígado. Estarei mostrando alguns deles com a 
respectiva correlação anatômica com a imagem. 
 
Uma das correlações ultrassonográficas mais 
importantes no ultrassom hepático é a relação do 
fígado com o rim direito. Observe com clareza a 
posição do transdutor e tente correlacionar com o 
corte no nível do fígado e rim direito. 
 
Perceba que nesse outro corte o transdutor é 
reposicionado para avaliação de outras estruturas 
hepáticas, inclusive vasos. 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
Observe como o transdutor “afunda” na pele e 
notamos a borda hepática (perceba o traço 
hiperecogênico que corresponde ao diafragma). 
 
 
Já se alteramos o transdutor novamente e queremos 
dar noção de profundidade. Perceba que esse tipo de 
corte faz com que observemos outras estruturas em 
nível de profundidade. 
BAÇO 
O baço é uma víscera localizada do lado esquerdo 
do abdome (em condições normais) e devemos ter 
noções anatômicas locais e do posicionamento do 
transdutor, assim como tivemos com o fígado. 
 
 
Repare a seguir as principais medições que podemos 
realizar para avaliar o baço. 
 
 
 
Devemos ressaltar também uma importante 
correlação anatômica com o rim esquerdo. 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Obs: Por que eu mencionei as correlações 
anatômicas do fígado e do baço com os rins? 
Simples. Em situações de trama é possível que 
tenhamos líquido próximo dessas regiões. Tanto na 
interface hepatorrenal (espaço de Morrison) quanto 
na interface esplenorenal. Observe um exemplo 
abaixo: 
 
 
As imagens à e squerda estão normais e as imagens à 
direita estão com achados patológicos de líquido nas 
interfaces hepatorrenal e esplenorenal. 
 
VESÍCULA BILIAR 
A vesícula biliar é um órgão oval, alo ngado, que 
possui 3 partes: fundo, corpo e colo. Localiza-se na 
parte anterior da face visceral do fígado, 
imediatamente adjacente a fissura interlobar. Está 
relacionada posteriormente com o duodeno, e 
anteriormente com o fígado e peritônio. 
Podemos visualizar, principalmente, cortes 
transversais e longitudinais (respectivamente 
observados abaixo). Devemos observar também a 
presença de conteúdo hipoecóico (anecoico) no 
interior da vesícula (sinal de normalidade). 
 
 
 
 
PÂNCREAS 
Precisamos compreender que o pâncreas mantém 
muitas relações anatômicas e muitas vezes podemos 
nos confundir ao tentar visualizar o m esmo em um 
exame ultrassonográfico. Divide-se em cabeça, colo, 
corpo, cauda e processo uncinado. Localiza-se 
transverso e retroperitonealmente, posterior ao 
estômago, anterior os grandes vasos, à esquerda do 
duodeno e à direita do baço. 
Possui um ducto pancreático principal que se inicia 
na cauda e termina na papila duodenal maior, após 
a junção com o ducto colédoco. Observe a posição 
do transdutor e o aspecto fisiológico do pâncreas. 
 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Já se alteramos a posição do transdutor podemos 
isolar mais uma determinada região pancreática para 
avaliarmos melhor as estruturas anatômicas. 
 
 
RINS 
Para analisarmos os rins precisaremos fazer uso das 
correlações anatômicas que eles possuem com outras 
vísceras (fígado e baço). Normalmente o exame 
ocorre em decúbito lateral, mas outros cortes 
podem ser feitos em outros decúbitos. Ao 
analisarmos o rim direito é possível observarmos o 
fígado conforme mostra a imagem abaixo. 
 
Observe que temos, apontado pelas cabeças de seta 
o espaço hepatorrenal, que é muito importante. 
Muitas lesões traumáticas costumam apresentar 
líquido nessa interface. Já apontado pela seta vemos 
o diafragma e temos também o espaço pleural 
marcado pelas letras PI. 
Já ao analisarmos o rim esquerdo é possível 
percebermos que o baço mantém correlações 
anatômicas importantes com o respectivo rim e, 
assim como na interface hepatorrenal, há a 
possibilidade de verificarmos a integridade do 
espaço esplenorenal (apontado pelas cabeças de 
seta). 
 
Outro detalhe bastante importante é verificarmos 
como estão as medições renais, especialmente do 
córtex renal, devido à possibilidade de termos 
patologias atróficas e insuficiências renais. Devemos 
observar bem os cálices renais e no s atentar caso 
tenhamos dilatações nessas estruturas. 
 
Observe, à esquerda, um rim normal. Podemos 
verificar que não temos dilatações no sistema 
calicial. Já à direita temos um rim com hidronefrose 
(dilatação da pelve renal). 
 
Fases do Contraste na TC de 
Abdome 
É de extrema importância conhecer as principais 
fases que um exame contrastado de abdome possui. 
Cada fase tem sua devida importância e nos auxilia 
na detecção de alguma patologia. Quais são essas 
fases? 
São 4 principais fases: Fase sem contraste, Fase 
arterial, Fase portal e Fase tardia. Cada uma dessas 
fases tem sua respectiva função e devemos levar 
isso sempre em conta. Ao pegarmos os filmes 
radiológicosde um exame de abdome, iremos nos 
deparar com várias imagens e várias fases do 
contraste. Para não ficarmos perdidos separei como 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
podemos, de forma sucinta, reconhecer cada uma 
delas. 
Observação: É importante ressaltar que nem 
sempre conseguimos a aquisição das imagens de 
uma fase no exato momento em que ela começa. 
Algumas vezes temos contraste nas artérias (fase 
arterial), mas dependendo do momento em que a 
imagem foi adquirida podemos ter resquícios de 
contraste em outras regiões. Alguns radiologistas 
seguem protocolos dos seus serviços para tentar 
driblar esse tipo de situação, m as não é nosso foco 
aqui. 
1) A fase sem contraste pode ser reconhecida ao 
verificarmos que as tonalidades de tons de cinza das 
vísceras abdominais encontram-se semelhantes. 
Observamos que não há densificação de estruturas 
(obviamente iremos descartar uma possível 
densificação intestinal, pois em alguns exames 
utilizamos contraste oral juntamente com o venoso) 
ou qualquer realce pelo contraste. 
 
2) A fase arterial é a fase que o corre após a injeção 
do contraste, que leva alguns segundos. Nessa fase 
o contraste se concentra principalmente nas 
artérias. Há, no entanto, algumas recomendações e 
dicas para que você não confunda essa fase com 
as outras. Se você se lembrar do baço tigroide da 
nossa aula de radiologia fisiológica, irá facilmente 
reconhece-lo na fase arterial. Outro detalhe é que 
na fase arterial a aorta se mostrará com bastante 
contraste, bem como o córtex renal tenderá a 
realçar bastante. Resumindo, temos: contraste 
principalmente na região arterial, especialmente 
aorta e ramos, contraste no córtex renal e o aspecto de 
baço tigroide. 
 
 
A fase portal (chamada de venosa por algumas 
literaturas) vem a seguir e alguns detalhes precisam 
ser observados. O baço tende a ficar com a 
densidade homogênea (e não mais com o aspecto 
tigroide da fase arterial), o parênquima hepático 
tenderá a realçar um pouco m ais (junto com os 
componentes portais) e o córtex renal agora ficará 
mais isodenso. É possível observar que a medula 
renal ficará com um aspecto mais hiperdenso (se 
compararmos com o córtex). 
Um detalhe importante a ser dito sobre essa fase 
é que a fase de nefrograma ocorrerá um pouco 
após a fase portal e pode ser utilizada para estudos 
renais. Observe na primeira imagem, m arcado pelas 
setas, os componentes portais e a medula renal 
mais realçada (e note que o córtex já se encontra 
m ais isodenso). Na segunda imagem conseguimos 
visualizar melhor essa diferença de densificação da 
medula em relação ao córtex. 
 
A fase tardia ocorre quando nós já temos uma fase 
de homogeneização dos componentes abdominais e 
pouquíssimo contraste circulante. O meio de 
contraste escolhido é então excretado pelo sistema 
coletor e vai encher a bexiga, densificando-a. 
É bastante comum para os iniciantes confundirem 
contraste no sistema coletor com cálculos renais. 
Tome bastante cuidado. Se há a dúvida quanto à 
possibilidade de um cálculo, veja a fase pré -
contraste. Essa fase também pode ser utilizada para 
ver falhas de enchimento do sistema coletor, lesões 
traumáticas, duplicações ureterais e patologias que 
envolvam fluxo ou o trato genitourinário como um 
todo. 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Se formos colocar cada fase lado a lado, teríamos 
algo compatível com essas quatro imagens (em 
sequência) a seguir: 
 
Se pudéssemos representar as fases do contraste 
através das imagens de um atlas teríamos a seguinte 
coisa: 
 
As imagens estão na seguinte ordem: sem 
contraste, fase arterial precoce, fase arterial tardia, 
fase portal, fase nefrográfica e fase tardia. Perceba 
que eu não dividi a fase arterial precoce da fase 
arterial tardia e muito menos explorei muito a fase 
nefrográfica com vocês, generalistas, e isso tem uma 
razão muito simples: vocês não irão seguir 
protocolos de aplicação de contraste para analisar 
determinada doença. O objetivo aqui é auxiliar você 
a compreender o principal sobre a radiologia, não 
formar radiologistas. 
Perceba como o contraste vai seguindo seu 
caminho até as estruturas do abdome. A fase 
arterial precoce nos auxilia quando queremos 
estudar especificamente os vasos e temos pouco 
tempo para adquirir as imagens após a administração 
do contraste. Quando esse ínfimo tempo acaba e o 
contraste já percorreu o trajeto arterial e foi de 
encontro às demais estruturas perceberemos o 
realce das vísceras (baço e córtex renal 
especialmente). Conforme um pouco mais de tempo 
vai se passando temos a fase portal. A fase portal 
nos dará uma excelente noção a nível hepático, mas 
também temos algumas vísceras apresentando 
homogeneização do contraste e outras terminando 
de realçar algumas regiões (podemos inclusive citar 
o início do realce da medula renal). A fase 
nefrográfica irá priorizar os rins e veremos algumas 
lesões (pielonefrite com nefro grama estriado, por 
exemplo, ou tumores renais) e posteriormente 
teremos a fase tardia ou de excreção, onde teremos 
o contraste passando finalmente pelo sistema 
coletor e indo em direção à bexiga , onde é possível 
avaliar falhas de enchimento, estenoses, bloqueios 
o u até mesmo extravasamento de contrate do 
sistema coletor. É válido ressaltar que podemos ter 
realce de lesões fibróticas ou tumores de vias 
biliares (como o colangiocarcinoma, que possui 
tecido fibrótico intralesional). 
Para finalizar, tenham em mente: as 4 principais 
fases são: sem contraste, arterial, portal e tardia. 
Existem subfases dentro dessas 4 principais fases e 
subdivisões dessas fases (fases precoces e tardias), 
mas sempre tenham em mente as 4 principais para 
não comerem mosca quando necessitarem por em 
prática e se conhecimento. 
 
Principais Exames Utilizados na 
Radiologia de Abdome 
Obviamente que podemos ressaltar o raio x, a 
tomografia e a ressonância. Isso não é novidade e 
todos sabem, mas e quanto a alguns exames especiais? 
 
RADIOLOGIA | CAMILA MATOS PAIXÃO | MEDICINA RADIOLOGIA FISIOLÓGICA DE ABDOME I MARCELO AUGUSTO FONSECA 
 
Podemos ter exames contrastados para o trato 
gastrointestinal (Esofagograma, Enema o paco, 
Trânsito intestinal, Estudo Esôfago-Estômago-
Duodeno ou EED) e para o trato genitourinário 
(Urografia excretora, Histerosalpingografia, Uretro 
cistografia, etc)

Outros materiais