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1 CONTABILIDADE GERENCIAL PROF. RENATA PÂMILLA MATOS VIEIRA 2 Apresentação Caro (a) aluno (a), No início do Séc. XX, os empresários sentiam necessidade de definir e quantificar os custos do processo produtivo para poder, com essa informação, analisar e tomar decisões sobre o desenvolvimento do parque fabril. Essa necessidade surgiu como conseqüência da passagem de uma sociedade com economia agrária para uma economia industrial, caracterizada pela produção em massa, mediante o uso de máquinas no processo produtivo. Nesse cenário industrial, era impossível administrar os empreendimentos sem uma base de informações sobre o processo produtivo. A contabilidade financeira realizada até esse momento teve de ser ajustada para poder gerar as informações necessárias ao setor de produção. Nesse sentido, pesquisas são desenvolvidas e são divulgados os diversos métodos de custeio, tais como: por absorção, direto/variável, padrão, ABC, dentre outros. Todas as metodologias apresentadas visam à apuração, análise e gestão da produção, ou seja, proporcionar ferramental suficiente para que os gestores possam gerenciar os custos e tornar sua empresa mais competitiva numa economia globalizada. Assim é importante que você conheça as técnicas da contabilidade de custos que auxiliam os administradores a tomar decisões tais como: qual é o melhor produto? Compensa a empresa aceitar um pedido? É viável terceirizar uma etapa do processo produtivo? O que acontece com o resultado se houver variação no volume e no custo? Como formar o preço de venda? Qual o ponto de equilíbrio da empresa? Quanto a empresa deixou de faturar por problemas decorrentes da falta da qualidade de seus produtos? Neste material didático, você encontrará as respostas para esses questionamentos ao aprender a aplicar as técnicas da contabilidade de custos no processo de tomada de decisão. Espero que esse conhecimento o ajude a agregar valor à organização em que trabalha atualmente ou vier a trabalhar. 3 Plano de Ensino DISCIPLINA: CONTABILIDADE GERENCIAL EMENTA Conceitos básicos de custos. Classificação dos custos. Fixos e variáveis, diretos e indiretos. Departamentalização e rateio de custos. Centros de custos de produção. Centros de custos de apoio. Critérios de rateio. Sistema de apuração de custos por absorção. Conceito e objetivo. Sistema simplificado. Custeamento por centros de custos. Sistema de custeio por atividade - Ponto de equilíbrio. Alavancagem. Teoria das Restrições. Despesas e ganhos. Restrições (Gargalos) internas e externas. Mix de produção e vendas. Formação de preço de vendas. Preço, margem e mark up. Impostos incidentes sobre o preço. Preços e custos à vista e a prazo. . OBJETIVO: Objetivo Geral Apresentar algumas metodologias que visam a apuração, análise, gestão da produção e tomada de decisões com informações de custos Objetivos específicos Calcular o ponto de equilíbrio Calcular a margem de contribuição Tomar decisões de curto prazo Fixar o preço de venda Calcular o ponto de equilíbrio . CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Método de custeio variável. Margem de contribuição e decisões de curto prazo. Fixação do preço de venda. Relação custo x volume x lucro. Ponto de Equilíbrio. BIBLIOGRAFIA BÁSICA BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Contabilidade de custos. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. PERES JUNIOR, José Hernandes; OLIVEIRA, Luis Martins de; COSTA, Rogério Guedes. Gestão estratégica de custos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 4 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR OLIVEIRA, Luís Martins de; PEREZ JR, José Hernandes Perez. Contabilidade de Custos para não contadores. São Paulo: Atlas, 2000. LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 2000 MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. Sumário Unidade 1 – Custeio Variável x Custeio por Absorção Unidade 2 – Margem de contribuição Unidade 3 – Decisões de curto prazo Unidade 4 – Análise diferencial Unidade 5 – Ponto de equilíbrio Unidade 6 – Relação custo x volume x lucro Unidade 7 – Preço de venda Unidade 8 – Custo-padrão ou standard 5 Meta da unidade Apresentar o método de custeio variável e compará-lo com o custeio por absorção. Pré-requisitos É importante que você saiba calcular o custo dos produtos fabricados pelo método de custeio por absorção, que saiba classificar os custos em direitos/variáveis e indiretos/fixos e que saiba qual o efeito da alocação dos custos indiretos no resultado da empresa. Objetivos Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de: calcular o custo dos produtos fabricados pelo método de custeio variável/direto e também pelo custeio por absorção; identificar as diferenças no cálculo do custo da produção pelos dois métodos; calcular o lucro pelos dois métodos. Introdução Vimos, anteriormente, que, historicamente, a Contabilidade de Custos visava a identificar os custos do processo de industrialização (a matéria-prima – então o principal item; a mão-de-obra direta – totalmente ligada à fabricação; e os demais gastos, chamados gastos gerais não tão relevantes), e possibilitar a determinação do lucro e do preço de venda do produto fabricado. (IBRACON, 2000, p. 206). Contudo, a alocação dos custos indiretos/fixos pode, para efeito de decisão, enviesar as informações de custo dos produtos. Segundo Martins (2001, p.214), isso acontece porque: a) os custos fixos existem independente de haver ou não produção; b) os custos fixos são necessários para que a empresa possa funcionar como um todo e não apenas para fabricar esta ou aquela unidade de determinado produto; Unidade 01 Custeio Variável x Custeio por Absorção Evidenciada Graficamente III 6 c) os custos fixos são atribuídos a cada unidade fabricada, de acordo com critérios arbitrários e subjetivos (critérios de rateio); e o critério escolhido pode transformar um produto não rentável em rentável ou vice-versa; d) o valor do custo fixo por unidade depende da quantidade fabricada, quanto mais aumentar a quantidade, menor o custo fixo por unidade. Assim, se a empresa diminuir a fabricação de um produto porque está gerando pouco lucro, seu custo ficará maior devido à diminuição na quantidade, exigindo aí um aumento no preço de venda que nem sempre será aceito pelo consumidor. Essas alegações e o problema apresentado na unidade anterior contribuíram para que estudiosos fizessem a seguinte pergunta: “por que não excluir do cálculo do custo da produção os custos indiretos/fixos?” Em resposta a essa pergunta, surge o Método de Custeio Variável também conhecido como Custeio Direto. Esse nome surgiu nos Estados Unidos no ano de 1936 através de J. Harris (DUTRA, 1995, p.167). O custeio variável fundamenta-se na separação dos custos em variáveis e fixos, isto é, em custos que se alteram em relação à quantidade produzida e vendida e custos que se mantêm estáveis perante as oscilações de produção e venda. Por esse método, somente os custos variáveis, quer sejam diretos ou indiretos, são alocados ao produto fabricado ou serviço prestado. Sendo assim, podemos concluir que os estoques registrados no Balanço Patrimonial só possuem custos variáveis e os custos fixos serão classificados como despesas do período, já que não estão incluídos no custo da produção (OLIVEIRA; PEREZ JR, 2000, p. 116). Custeio Variável É um método para determinar o custo dos produtosfabricados, considerando como custo apenas os custos variáveis incorridos no período. Possui as seguintes características: o custo fixo é considerado como despesa, ou seja, vai diretamente para o resultado. Portanto, não é rateado, não vai para o CPV e nem para o Estoque; é um instrumento gerencial e deve ser tratado extra-contabilmente; o CPV e o Estoque Final conterão apenas custo variável; faz a separação entre custo e despesas, e os custos são classificados em fixos e variáveis; permite definir o ponto de equilíbrio (Break-Even Point); revela o desempenho individual dos produtos, por meio da Margem de contribuição; não é aceito pela legislação por não obedecer aos princípios contábeis; 7 possibilita a análise da relação Custo-Volume-Lucro; o resultado (lucro ou prejuízo) acompanha as alterações nas vendas (se a venda aumentar, o resultado também aumentará e vice-versa). Cálculo do custo de produção pelo custeio variável Para facilitar o entendimento e a comparação entre os métodos de custeio variável e por absorção, vamos usar a mesma empresa apresentada na unidade anterior. A empresa industrial Brim Ltda fabrica calças e camisas. Essa empresa aluga um imóvel que tem 4 cômodos, assim distribuídos: administração, vendas, almoxarifado e produção. No mês de abril de 2006, fabricou 60 camisas e 80 calças. Nesse mês, vendeu 40 camisas e 50 calças. O preço de venda de cada camisa é R$ 30,00 e de cada calça é R$ 60,00. O proprietário da empresa apresentou a seguinte planilha: TRANSAÇÃO VALOR HIPOTÉTICO Comprou 200m de tecido Jeans por R$ 10/m R$ 2.000,00/total Foi usado na produção 150m de tecido R$ 1.500,00 (150m x R$10) Comprou 100m de tecido Popeline por R$ 5/m R$ 500,00/total Foi usado na produção 80m de tecidos R$ 400,00 (80m x R$ 5) Funcionário que fabrica a calça ganha por unidade produzida R$ 8,00/unidade Total ganho R$ 8 x 80 = R$ 640,00 Funcionário que fabrica a camisa ganha por unidade produzida R$ 7,00/unidade Total ganho R$ 7 x 60 = R$ 420,00 Funcionário que limpa a empresa ganha R$ 360,00/mês Vendedor ganha por comissão 10% do total vendido R$ 4.200 x 10% = R$ 420,00 Aluguel mensal R$ 800,00/mês Energia de abril R$ 200,00 Depreciação mensal da máquina de costura R$ 140,00/ao mês Custeio Variável Vantagens Acaba com as flutuações nos resultados decorrentes dos critérios de rateio; Permite conhecer a margem de contribuição efetiva de cada produto, indicando qual é o melhor produto; Simplifica os trabalhos de custos uma vez que elimina as operações contábeis de rateio dos custos fixos. Desvantagens Este método sofre restrições tributárias, pois o resultado apurado não é aceito como base de cálculo para o imposto de renda; Dificuldade em definir os custos de comportamento efetivamente variáveis, no caso de custos mistos; Seus resultados não coincidem com os de natureza contábil apresentados aos acionistas da empresa no final do ano; Antes de vender os produtos, já deduziu totalmente os custos fixos que auxiliaram na fabricação dos produtos, ferindo o princípio da competência, pois reconhece a despesa antes da receita, isto é, do produto ser vendido. 8 1º passo: separar o custo da despesa CUSTO DESPESA Tecido Jeans usado R$ 1.500 Tecido Popeline usado R$ 400 Funcionário da Calça R$ 640 Funcionário da Camisa R$ 420 Funcionário que limpa a fábrica R$ 90 Funcionário que limpa os outros setores R$ 270 Aluguel da fábrica R$ 200 Aluguel dos outros setores R$ 600 Energia da fábrica R$ 50 Energia dos outros setores R$ 150 Depreciação da fábrica R$ 140 Vendedor R$ 420 TOTAL R$ 3.440 TOTAL R$ 1.440 2º passo: Classificar o custo em variável e fixo e a despesa em fixa e variável CUSTO VARIÁVEL CUSTO FIXO Tecido Jeans usado R$ 1.500 Funcionário que limpa a fábrica R$ 90 Tecido Popeline usado R$ 400 Aluguel da fábrica R$ 200 Funcionário da Calça R$ 640 Energia da fábrica R$ 50 Funcionário da Camisa R$ 420 Depreciação da fábrica R$ 140 TOTAL DO CUSTO R$ 2.960 TOTAL DO CUSTO R$ 480 DEPESA VARIÁVEL DESPESA FIXA Vendedor (comissão) R$ 420 Funcionário que limpa os outros setores R$ 270 Aluguel dos outros setores R$ 600 Energia dos outros setores R$ 150 TOTAL DA DESPESA R$ 420 TOTAL DA DESPESA R$ 1.020 3º passo: Distribuir o custo variável aos produtos PRODUTO CAMISA 60 unid. PRODUTO CALÇA 80 unid. Tecido Popeline usado R$ 400 Tecido Jeans usado R$ 1.500 Funcionário da Camisa R$ 420 Funcionário da Calça R$ 640 CUSTO TOTAL R$ 820 CUTO TOTAL R$ 2.140 CUSTO UNITÁRIO R$ 13,666667 CUSTO UNITÁRIO R$ 26,75 4º passo: O custo fixo é classificado como despesa O custo fixo vai direto para a DRE no grupo de despesas. Conclusão: a) Sobraram no estoque 30 calças por R$ 802,50 (30 x R$ 26,75). b) Sobraram no estoque 20 camisas por R$ 273,34 (20 x R$ 13,667). c) O lucro deverá ser calculado assim: DRE PELO CUSTEIO VARIÁVEL CALÇA CAMISA TOTAL Vendas 50 x R$ 60 = 3.000,00 40 x R$ 30 = 1.200,00 4.200,00 (-) CPV 50 x R$ 26,75 =(1.337,50) 40x R$ 13,666667 = (546,66) (1.884,16) (-) Despesa Variável comissão vendedor ... 10% x 3.000= (300,00) ... 10% x 1.200 = (120,00) ... (420,00) = Margem Contribuição 1.362,50 533,32 1.895,84 (-) Custo Fixo ... ... (480,00) (-) Despesas fixas limpeza aluguel energia ... ... ... ... ... ... ... ... ... (270,00) (600,00) (150,00) =Lucro Líquido 395,84 9 Pare e Pense Nesse exemplo da empresa Industrial Brim Ltda, quais são as diferenças fundamentais entre os métodos de custeio por absorção e o custeio variável? Veja algumas: Produto Método de custeio Custo Total De 80 peças Estoque Final de 30 peças CPV de 50 peças Calça Absorção 2.414,40 905,40 1.509,00 Variável 2.140,00 802,50 1.337,50 DIFERENÇA: é o valor do custo fixo por unidade que não está registrado no custeio variável. O custo fixo por unidade é R$ 3,4285714 (R$ 480/140unidades). Produto Método de custeio Custo Total De 60 peças Estoque Final De 20 peças CPV de 40 peças Camisa Absorção 1.015,60 341,86 683,73 Variável 820,00 273,34 546,66 DIFERENÇA: é o valor do custo fixo por unidade que não está registrado no custeio variável. O custo fixo por unidade é R$ 3,4285714 (R$ 480/140unidades). Lucro Líquido Custeio por absorção R$ 567,267 Custeio Variável R$ 395,84 DIFERENÇA: é o valor do custo fixo que foi totalmente diminuído no custeio variável como despesa. Enquanto no custeio por absorção, o custo fixo que foi para a DRE é proporcional a quantidade vendida. O custo fixo por unidade é R$ 3,4285714 (R$ 480/140unidades). A seguir, apresentamos a Demonstração do Custo do Produto Vendido e a Demonstração do Resultado do Exercício pelo custeio variável. Demonstração do Custo do Produto Vendido – CPV 1 Estoque Inicial de Matérias Primas 00 2 (+) Compras de Matérias primas 2.500,00 3 (=) CUSTO DE MATÉRIAS PRIMAS DISPONÍVEIS 2.500,00 4 (-) Estoque final de matérias primas (600,00) 5 (=) CUSTO DAS MATÉRIAS PRIMAS APLICADAS 1.900,00 6 (+) Mão de obra direta 1.060,00 7 (=) CUSTO PRIMÁRIO 2.960,00 8 (+) Outros custos diretos 8.1 Materiais secundários 00 8.2 Materiais de embalagem 00 8.3 outros materiais 00 8.4 Gastos gerais de fabricação diretos 00 00 9 (=) CUSTOS DIRETOS DE FABRICAÇÃO = CUSTO DE PRODUÇÃO DO PERÍODO 2.960,00 10 (+) Estoque inicial de produtos em elaboração 00 11 (=) CUSTO DE PRODUÇÃO 2.960,00 12 (-) Estoque final de produtos em elaboração 00 13 (=) CUSTO DA PRODUÇÃO ACABADA NO PERÍODO 2.960,00 14 (+) Estoque Inicialde Produtos Acabados 00 15 (=) CUSTO DOS PRODUTOS DISPONÍVEIS PARA A VENDA 2.960,00 16 (-) Estoque Final de produtos acabados (802,50 + 273,34) 1.075,84 17 (=) CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS 1.884,16 Demonstração do Resultado do Exercício – DRE pelo Custeio Variável 10 1 Vendas Líquidas 4.200,00 2 (-) Custo do Produto Vendido CPV 2.1 (+) Estoque inicial de produto em elaboração e acabado 00 2.2 (+) Matéria Prima (custo variável) 1.900,00 2.3 (+) Mão de Obra Direta (custo variável) 1.060,00 2.4 (+) Gastos Gerais Diretos (custo variável) 00 2.5 (-) Estoque final de produto em elaboração e acabado (1.075,84) 1.884,16 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (420,00) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 1.895,84 5 (-) Custo Fixo ou Indireto de Fabricação (480,00) 6 (-) Despesas Fixas 6.1 Despesas de vendas Fixas 00 6.2 Despesas Administrativas Fixas 1.020,00 6.3 Despesas Financeiras Fixas 00 (1.020,00) 7 (=) LUCRO LÍQUIDO 395,84 Pare e Pense Quais são as diferenças fundamentais entre os métodos de custeio por absorção e o custeio variável? Veja algumas: CUSTEIO POR ABSORÇÃO CUSTEIO VARIÁVEL Debita custos diretos e indiretos aos produtos através de taxas de absorção. Debita somente custos diretos (variáveis) aos produtos. É critério legal e fiscal. É critério administrativo e gerencial. Na DRE temos o Lucro Bruto. Na DRE temos a Margem de Contribuição. No Estoque tem custo fixo e variável. No Estoque só tem custo variável. Síntese da unidade Você ficou sabendo que o custeio variável surgiu pelo fato dos custos fixos gerar custos e resultados diferentes para um mesmo produto. Para evitar essa situação, consideramos como custo do produto fabricado apenas os custos variáveis. Atividade I – A empresa Industrial Sapon Ltda fabrica os produtos A e B. O contador de custos apresentou os seguintes dados para que você possa ajudá-lo a calcular o lucro líquido da empresa pelo custeio variável e pelo custeio por absorção. Total das despesas administrativas (comum aos dois produtos) R$ 60 Total das despesas financeiras (comum aos dois produtos) R$ 15 PRODUTO A PRODUTO B Preço Unitário de Venda R$ 15 Preço Unitário de Venda R$ 20 Total do custo Fixo (indireto) R$ 200 Custo Fixo (indireto) total R$ 100 Total do custo Variável (direto) R$ 120 Custo Variável (direto) total R$ 340 Impostos sobre as vendas (ICMS, PIS, COFINS) R$ 300 Impostos sobre as vendas (ICMS, PIS, COFINS ) R$ 240 Volume produzido 100 unidades Volume produzido 100 unidades Volume vendido 80 unidades Volume vendido 40 unidades Total das despesas de vendas fixas R$ 40 Total das despesas de vendas fixas R$ 30 Total das despesas de vendas variáveis R$ 50 Total das despesas de vendas variáveis R$ 20 11 Margem de Contribuição Meta da Unidade Apresentar a ferramenta gerencial denominada margem de contribuição. Pré-requisitos O conteúdo desta unidade é bastante utilizado no processo de tomada de decisões. Justificamos esse uso, informando que o valor da contribuição marginal deve ser suficiente para cobrir os custos e despesas fixas e ainda remunerar o capital investido pelos proprietários. Para que você possa ter uma boa aprendizagem deste conteúdo, é necessário que reveja, na unidade anterior, a estrutura da DRE utilizada no método de custeio variável. Objetivos Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de: identificar o conceito e as vantagens que a margem de contribuição proporciona ao contador de custos; calcular a margem de contribuição e o resultado líquido da empresa que adota o custeio variável. Introdução A associação dos gastos incorridos no processo de produção passa pela necessária decisão de quais tipos de custos serão, efetivamente, alocados aos produtos. Quando custeamos os produtos atribuindo-lhes os custos indiretos e diretos, estamos usando o método de custeio por absorção. Quando calculamos o custo alocando à produção apenas os custos variáveis, estamos usando o método de custeio variável. Uma das vantagens de se utilizar o custeio variável é a determinação de um indicador de grande poder decisorial, denominado de margem de contribuição. Esse indicador ajuda o gestor a tomar várias decisões de curto prazo. Nesse contexto, é importante que você, futuro administrador, saiba usar as ferramentas gerenciais que a contabilidade de custos disponibiliza às pessoas que desejam planejar, controlar e tomar decisões sobre custos. Margem de contribuição A margem de contribuição representa o quanto a produção e venda de uma unidade de um produto gera de recursos monetários para que a empresa possa pagar seus custos e 12 despesas fixos e, ainda, obter lucro. Algebricamente, a margem de contribuição pode ser calculada assim: DRE PELO CUSTEIO VARIÁVEL 1 Vendas Líquidas 1.000 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (400) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (100) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 500 5 (-) Custos Fixos (300) 6 (-) Despesas Fixas (150) 7 (=) Lucro Líquido 50 Analisando esse exemplo, podemos perceber que, pelo Método de Custeio Variável, o gasto é analisado em duas partes: uma composta pelo custo marginal (custos e despesas variáveis); outra composta pelos custos necessários para manter a estrutura da empresa em condições de produzir e vender (custo e despesas fixas). Nesse sentido, o resultado (lucro ou prejuízo) também pode ser desdobrado em duas partes: o primeiro é o resultado do produto calculado em função do ganho marginal (margem de contribuição); o segundo é o lucro geral da empresa (lucro líquido). O primeiro, margem de contribuição, deve ser suficiente para: pagar os custos fixos; gerar o lucro total almejado pela empresa. O segundo, lucro líquido, deve contribuir para: provisionar os impostos; calcular as destinações do lucro para administrador, empregado, debenturista, partes beneficiárias; pagar os dividendos (parcela do lucro devida aos acionistas); cobrir os prejuízos de anos anteriores. Assim, a análise do lucro não é feita com base no lucro bruto unitário, mas pelo ganho marginal que cada produto gera para pagar o custo e despesa fixa e o lucro desejado. Pare e Pense Podemos calcular a margem de contribuição por departamento ou filial de vendas? Porque usar a Margem de contribuição? a) Porque auxilia o administrador a tomar decisões mais eficazes de curto prazo tais como: 13 que produto deve ter sua venda e produção incentivada? que produto deve ser tolerado em função do benefício de venda que pode trazer a outros produtos? fabricar peças na empresa ou comprá-las de terceiro? aceitar ou não uma encomenda especial? deixar de fabricar uma linha de produtos porque está dando prejuízo? processar um produto ou vendê-lo como está? b) Porque ajuda o gestor a avaliar alternativas sobre: reduzir o preço de venda; dar desconto especial para os clientes; usar prêmios para aumentar as vendas: devemos tomar essa decisão comparando os custos adicionais com o aumento ou diminuição da receita. Quanto maior a margem, melhor é a oportunidade de promover vendas. Quanto menor a margem, maior será o aumento nas vendas para recuperar o custo adicional. c) Porque, se você tem e sabe qual o lucro que deseja ganhar, pode verificar se esse lucro vai ser alcançado, calculando o número de produtos que deverá vender para obter esse lucro. A fórmula para calcular essa quantidade de produtos é: d) Porque facilita o planejamento do lucro ao resolver problemas tais como: Qual o ponto de equilíbrio? Qual o ganho marginal de um produto no total das vendas? Qual o lucrototal baseado em um certo volume de vendas? Qual a taxa de lucro sobre o investimento realizado? Qual a relação que existe entre o custo/volume/lucro? e) Porque possibilita a simulação do preço de venda, visando à obtenção de maior lucro em determinada situação. Síntese da unidade A margem de contribuição representa a sobra financeira que cada produto gera para recuperar ou pagar as despesas e custos fixos de uma empresa. Por meio da sua análise, é que os gestores tomam decisões. Atividade (custo fixo + despesa fixa + lucro desejado) (preço venda – custo variável – despesa variável) 14 I – A empresa Industrial Chuá Ltda fabrica o produto LY. O contador de custos apresentou os seguintes dados para que você possa ajudá-lo a calcular a margem de contribuição e o lucro líquido da empresa pelo custeio variável. Produziu 1.000 unidades Custo variável para todas as unidades R$ 28.500 Vendeu 400 unidades Custo fixo total R$ 1.500 Preço de venda unitária R$ 35,00 Despesas fixas R$ 1.000 Despesas variáveis R$ 500 15 Meta da unidade Apresentar algumas decisões que o gestor pode tomar com informações geradas pela contabilidade de custos. Pré-requisitos Você terá mais facilidade no acompanhamento desta unidade, se for capaz de calcular o custo de produção, a margem de contribuição e o lucro líquido pelo custeio variável. Objetivos Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de: auxiliar os gestores a tomar decisões sobre custos; demonstrar, por meio de cálculos, a decisão que o gestor deverá adotar. Introdução Podemos definir a contabilidade de custos como um centro processador de informações. Ela coleta, registra, planeja e controla os dados obtidos de fontes internas ou externas, com característica monetária ou física, a valor histórico ou estimado, com o objetivo de gerar informações para que os gestores dos diversos níveis da empresa possam tomar decisões. Assim, é tarefa do responsável pelo registro dos custos transformar dados em informações, pois os dados são simples caracteres, incapazes de influenciar decisões, até serem transformados em informações. As informações de custos, além de mostrar, em termos monetários, as transações realizadas e o comportamento dos custos fixos e variáveis, dentro de um intervalo de volume e saídas planejadas, também auxiliam na avaliação de alternativas de curso de ação, como a rejeição ou aceitação de um pedido especial. Nesse sentido, as informações de custos são importantes para guiar os gestores a tomar a melhor decisão, que no caso será a ação que produzir o melhor resultado. As decisões podem ser de curto prazo ou de longo prazo. A ferramenta de custos que nos ajudará a tomar as decisões é a Margem de Contribuição. Por esse motivo, é essencial que você saiba calculá-la. Nessa unidade, Unidade 3 Decisões de curto prazo 16 mostraremos como o conceito de margem de contribuição pode ser utilizado como parâmetro para tomada de decisões de curto prazo, normalmente um ano. Qual é o melhor produto? Qual é o produto que deve ter sua produção e venda incentiva? A resposta a essas perguntas é: o produto que possuir maior margem de contribuição supostamente é o mais rentável, uma vez que estaremos considerando que os custos fixos estão sendo usados para dar suporte ao funcionamento da empresa como um todo. Veja um exemplo: vamos supor que a Industrial Kil Ltda fabrica três produtos (A, B e C). Ela deseja saber qual é seu melhor produto. Para ajudar a responder essa pergunta, apresentou as seguintes informações: VALOR UNITÁRIO QUANTIDADES Produto Custo Direto Variável R$ Custo Indireto Variável R$ Preço de Venda R$ Despesa Variável R$ Quantidade Fabricada em unidade Quantidade Vendida em unidade A 500 60 1.200 40 1.000 u 800 u B 800 120 1.600 30 2.000 u 1.000 u C 600 30 1.400 20 3.000 u 1.500 u Custo fixo para todos os produtos R$ 1.350.000 Despesa fixa para todos os produtos R$ 1.000.000 Você deverá calcular a margem de contribuição de cada produto: CÁLCULO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA A B C 1 Vendas Líquidas 1.200 1.600 1.400 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (500) (800) (600) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (40) (30) (20) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 660 770 780 Pelo resultado da margem de contribuição unitária, podemos concluir que o melhor produto é o “C”, porque tem a maior margem de contribuição. Portanto, deve ter sua produção e venda incentivada. Em segundo lugar, o “B” e, em terceiro lugar, o “A”. Agora, veja o resultado líquido que a empresa irá obter com as vendas. Lembre-se de que os valores da DRE são obtidos multiplicando a quantidade vendida pelo valor unitário respectivo. DRE PELO CUSTEIO VARIÁVEL A B C TOTAL 1 Vendas Líquidas 960.000 1.600.000 2.100.000 4.660.000 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (400.000) (800.000) (900.000) (2.100.000) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (32.000) (30.000) (30.000) (92.000) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 528.000 770.000 1.170.000 2.468.000 17 5 (-) Custos Fixos (1.350.000) 6 (-) Despesas Fixas (1.000.000) 7 (=) Lucro Líquido 118.000 Olhando a DRE, você observará que o produto “C” é o que mais contribui com recursos para a empresa poder pagar os custos e despesas fixas. Pare e Pense Qual o valor dos estoques que não foram vendidos? Lembre-se de que estamos usando o custeio variável; portanto, você deverá calcular o custo dos estoques multiplicando a quantidade pelos custos variáveis unitários. A empresa pode eliminar uma linha de produtos? A razão para se desejar eliminar uma linha de produtos é que estas não está sendo mais lucrativas, ou está perdendo mercado para produtos mais novos. Assim, para tomar essa decisão, você deve, em primeiro lugar, identificar quais são os custos diferenciais para essa decisão e, em seguida, deve fazer uma simulação para verificar o que acontece com a margem de contribuição e com o lucro final da empresa. Contudo, outros fatores devem ser considerados, como por exemplo: a empresa perderá muitos clientes com a eliminação do produto? Poderá usar o local do produto eliminado para oferecer outro item à comunidade? A eliminação do produto pode afetar as vendas de outros itens da empresa? A eliminação pode provocar demissões? Assim, a decisão de eliminação de qualquer produto exige a análise dos efeitos favoráveis da eliminação, mas também dos efeitos desfavoráveis. Veja um exemplo: vamos supor que a Industrial Paper Ltda fabrica três produtos (agendas, cadernos e cartões), cujos resultados do último ano foram: Cadernos R$ Agendas R$ Cartões R$ Total R$ Receita de vendas 200 100 150 450 (-) Custo variável (50) (40) (50) (140) (-) Despesa variável (50) (30) (30) (110) =Margem Contribuição 100 30 70 200 (-) Custo fixo (40) (30) (20) (90) (-) Despesa fixa (20) (10) (30) (60) = Lucro líquido 40 (10) 20 50 A Industrial Paper Ltda está pensando em eliminar o produto Agenda, devido ao prejuízo apresentado. Com a eliminação do produto, o custo variável (R$ 40) e a despesa variável (R$ 30) serão eliminadas e o seu custo fixo pode ser reduzido em R$ 10. O restante do custo fixo (R$ 20) e a despesa fixa (R$ 10) permanecem como gastos da empresa. As duas alternativas que a empresa possui são: continuar com o produto ou eliminá-lo. As conseqüências financeiras dessa decisão estão assim representadas: Com o produto Sem o produto Diferencial em 18 agenda R$ agenda R$ R$ Receita de vendas 450 350 100 (-) Custo variável (140) (100) (40) (-) Despesa variável (110) (80) (30) =Margem Contribuição 200 170 30 (-) Custofixo (90) (80) (10) (-) Despesa fixa (60) (60) (00) = Lucro líquido 50 30 20 Se a industrial abandonar o produto Agenda, piora a sua situação porque a margem de contribuição diminui em R$ 30 e o lucro em R$ 20. Pare e Pense Pode existir outra alternativa mais rentável para a Industrial Paper Ltda, mesmo com a eliminação do produto Agenda? Sim! Você poderia fazer a seguinte simulação: eliminar o produto agenda e trabalhar para aumentar as vendas em 50% do produto caderno. Esse acréscimo pode ser considerado, desde que o tempo de produção desses produtos seja equivalente e que não haja necessidade de investimentos e custos adicionais para fabricar o produto caderno. Nessa simulação, as conseqüências financeiras são: Com o produto agenda R$ Sem o produto agenda e adicional de 50% no caderno R$ Receita de vendas 450 450 (-) Custo variável (140) (125) (-) Despesa variável (110) (105) =Margem Contribuição 200 220 (-) Custo fixo (90) (80) (-) Despesa fixa (60) (60) = Lucro líquido 50 80 Analisando o quadro acima, concluiremos que compensa a industrial eliminar o produto Agenda, porque a margem de contribuição e o lucro aumentaram de valor. Contudo, para essa simulação ser verdadeira, você deve verificar se o mercado pode absorver essa maior quantidade ofertada ou, então, com maior oferta o preço de venda poderia cair, diminuindo o ganho marginal e, conseqüentemente, o lucro final. A empresa deve aceitar ou não um pedido especial? A resposta a essa pergunta é: se o pedido apresentar margem de contribuição positiva, então a empresa deve aceitá-lo. 19 Veja um exemplo: vamos supor que a Industrial Piú Ltda fabrica doces na cidade de Palmas. A empresa tem capacidade para fabricar 1.000 unidades mensalmente. A produção do mês de abril está em 80% de sua capacidade, ou seja, já fabricou 800 unidades. Seu produto é vendido a R$ 1 por unidade. Para fabricar os doces, a empresa realiza os seguintes gastos: Custo fixo para todos os produtos R$ 200 Custos variáveis por unidade R$ 0,50 a) pedido dentro da capacidade de produção da empresa O cliente Ken liga para a Industrial Piú Ltda e faz um pedido de 100 unidades. Contudo deseja pagar apenas R$ 0,60 por unidade. O diretor da Industrial Piú Ltda não está querendo aceitar o pedido porque o preço de venda que o cliente Ken deseja pagar está bem abaixo do seu custo de produção, que é calculado da seguinte forma: Custo fixo por unidade R$ 200/(800+100) unid R$ 0,22 Custos variáveis por unidade R$ 0,50 Custo total por unidade R$ 0,72 Você deve ajudar o diretor a tomar a decisão. O que você faria? Você deve calcular a margem de contribuição, usando o preço de venda apresentado pelo cliente Ken. CÁLCULO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA Produto Doce 1 Vendas Líquidas 0,60 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (0,50) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (00) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 0,10 Como a margem deu positiva, você deve sugerir que o diretor aceite o pedido. Explique que o custo relevante para essa decisão é o custo variável e que, conforme o cálculo, ele é inferior ao preço de venda oferecido. Além do mais, os custos fixos não serão afetados pela decisão de aceitar, ou não, o pedido, porque o seu valor não irá aumentar e nem diminuir com o pedido adicional. Mostre, via tabela abaixo, que o lucro irá aumentar em R$ 10 com a aceitação do pedido. DRE PELO CUSTEIO VARIÁVEL Antes de aceitar o pedido Aceitando o pedido a R$ 0,60 1 Vendas Líquidas sem o pedido com o pedido ... 800 x R$ 1 = R$ 800 .... ... 800 x R$ 1 = R$ 800 100 x R$ 0,60 = R$ 60 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (800 x R$ 0,50 = R$ 400) (900 x R$ 0,50 = R$ 450) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (00) (00) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 400 410 5 (-) Custos Fixos (200) (200) 6 (-) Despesas Fixas (00) (00) 7 (=) Lucro Líquido 200 210 20 b) pedido além da capacidade de produção da empresa O cliente Ken liga para a Industrial Piú Ltda e faz um pedido de 400 unidades. Contudo, deseja pagar apenas R$ 0,70 por unidade. O diretor da Industrial Piú Ltda não está querendo aceitar o pedido porque vai ultrapassar a sua capacidade produtiva (800+400 = 1.200 unidades) e, caso aceite o pedido, deverá diminuir as vendas em Palmas, e o preço de venda que o cliente Ken deseja pagar está abaixo do seu custo de produção, que é calculado da seguinte forma: Custo fixo por unidade R$ 200/(600+400) unid R$ 0,33 Custos variáveis por unidade R$ 0,50 Custo total por unidade R$ 0,83 Você deve ajudar o diretor a tomar a decisão. O que você faria? 1º passo: para aceitar a proposta, a Industrial Piú Ltda deverá deixar de vender 200 doces na cidade de Palmas, ou seja, deverá vender em Palmas 600 unidades e, para o cliente Ken, 400 unidades. Agora você irá calcular quanto a Industrial Piú Ltda deixará de ganhar com as vendas na cidade de Palmas: Vendas 200 x R$ 1 R$ 200 Custo variável 200 x R$ 0,50 (R$ 100) Deixa de ganhar R$ 100 Esse valor tem de ser repassado para o cliente Ken. Portanto, devemos acrescentar ao custo de produção unitário R$ 0,25, que é o valor por unidade que a industrial deixa de ganhar em Palmas (R$ 100 / 400 unidades = R$ 0,25). CÁLCULO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA Produto Doce 1 Vendas Líquidas 0,70 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV 0,50+0,25 (0,75) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (00) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO (0,05) Como a margem deu negativa, você deve sugerir que o diretor não aceite o pedido com o preço de venda de R$ 0,70. Contudo, você deve sugerir que a industrial pode aceitar o pedido, se o cliente Ken pagar, no mínimo, R$ 0,75 por unidade. Explique que com esse valor, a industrial recupera o que deixa de ganhar em Palmas; que o custo relevante para essa decisão é o custo variável, sendo este igual ao preço de venda oferecido; que os custos fixos não irão aumentar e nem diminuir com o pedido adicional e, além do mais, a industrial conquistará mercado novo e 21 poderá ganhar novos clientes. Mostre, via tabela abaixo, que a empresa continuará ganhando o mesmo lucro. DRE PELO CUSTEIO VARIÁVEL Antes de aceitar o pedido Aceitando o pedido a R$ 0,75 1 Vendas Líquidas sem o pedido com o pedido ... 800 x R$ 1 = R$ 800 .... ... 600 x R$ 1 = R$ 600 400 x R$ 0,75 = R$ 300 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (800 x R$ 0,50 = R$ 400) (1.000 x R$ 0,50 = R$ 500) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (00) (00) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 400 400 5 (-) Custos Fixos (200) (200) 6 (-) Despesas Fixas (00) (00) 7 (=) Lucro Líquido 200 200 A empresa deve aceitar ou não um pedido especial quando estiver ociosa? A Industrial Pedin Ltda trabalha por encomenda. Por mês ela trabalha 2.500 horas- máquina. Seu preço de venda é calculado da seguinte maneira: Materiais (será o valor gasto na sua aquisição) Mão-de-obra direta (será o valor pago após apontamentos das horas trabalhadas) Custo variável (exceto materiais e mão-de-obra direta) R$ 40 por hora Custo fixo será de R$ 140.000/mês ou R$ 56 por hora Despesa fixa será de R$ 120.000/mês ou R$ 48 por hora Despesa variável é R$ 0,20 para cada R$ 1,00 vendido 20% da venda Lucro desejado de R$ 100.000/mês R$ 40 por hora Estando ociosa num determinado mês, recebe o cliente Jim que lhe propõe uma encomenda. O cliente Jim deseja pagar pela encomenda R$ 20.000. A industrial Pedin Ltda estima que necessitará de 50 horas para fazer a encomenda. Para calcular seu preço de venda realiza os seguintes cálculos: A industrial Pedin Ltda deverá gastar com materiais e mão-de-obra direta R$ 960 A industrial Pedin Ltda gastará comcustos variáveis 50 horas x R$ 40 R$ 2.000 A industrial Pedin Ltda gastará com custos fixos 50 horas x R$ 56 R$ 2.800 A Industrial Pedin Ltda gastará com despesa fixa 50 horas x R$ 48 R$ 2.400 A Industrial Pedin Ltda gastará com despesas com venda: 20.000 x 20% R$ 4.000 A industrial Pedin Ltda deseja um lucro de: 50 horas x R$ 40 R$ 2.000 TOTAL R$ 22.800 O gestor da empresa não está querendo aceitar o pedido, porque o valor do cliente é inferior ao preço de venda calculado pela industrial em R$ 2.800 (R$ 22.800 – R$ 20.000) e esse valor é superior ao lucro (R$ 2.000) que a industrial iria obter nessa transação, o que daria um prejuízo real de R$ 800 (R$2.000 – R$ 2.800). Você deve ajudar o diretor a tomar a decisão. O que você faria? Você deve fazer uma simulação para calcular a margem de contribuição que a industrial irá realmente ganhar nesse pedido: 22 DRE PELO CUSTEIO VARIÁVEL NO MÊS OCIOSO Antes de aceitar o pedido Aceitando o pedido 1 Vendas Líquidas sem o pedido com o pedido R$ 000 20.000 2 (-) Custos Variáveis dos produtos vendidos - CPV (000) (960+2.000=2.960) 3 (-) Despesas de Vendas Variáveis (00) (4.000) 4 (=) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 000 13.040 5 (-) Custos Fixos (140.000) (140.000) 6 (-) Despesas Fixas (120.000) (120.000) 7 (=) Lucro Líquido (260.000) (246.960) Podemos perceber que, no mês ocioso, a industrial não venderá nenhum produto, mas seus custos e despesas fixos continuariam a existir, por isso um prejuízo de R$ 260.000. Aceitando o pedido, a industrial gastaria apenas R$ 6.960 (R$ 2.960 + 4.000), mas receberia R$ 20.000, reduzindo o seu prejuízo em R$ 13.040. Portanto, a Industrial Pedin Ltda deve aceitar esse pedido. Síntese da unidade No processo de tomada de decisão, a análise diferencial é utilizada pelos gestores para escolher determinado curso de ação, entre vários possíveis. Nessa análise, os custos passíveis de ser analisados são os diferenciais, ou seja, aqueles que se alteram com a alternativa proposta. A alternativa mais viável é aquela que gerar maior ganho marginal. Isso significa dizer que as decisões devem ser tomadas considerando o valor da margem de contribuição que a nova alternativa proprocionará. Se esse valor for maior que o anterior, significa que a decisão deve ser adotada, caso contrário, deve ser descartada a alternativa proposta. Atividades I - A Industrial Sonora Ltda fabrica instrumentos musicais de diversos modelos. São produzidas 100 unidades de cada modelo por mês. Seus gastos são: PRODUTO Matéria prima Mão-de-obra direta Custo indireto variável Custo indireto fixo Preço de venda Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 Modelo 4 R$ 100/u R$ 300/u R$ 400/u R$ 500/u R$ 400/u R$ 400/u R$ 500/u R$ 500/u R$ 150/u R$ 200/u R$ 200/u R$ 200/u R$ 100/u R$ 150/u R$ 150/u R$ 150/u R$ 1.400/u R$ 1.450/u R$ 1.700/u R$ 1.900/u PEDE-SE: qual o produto que deve ter sua produção e venda incentivada? Justifique a sua escolha, apresentando os cálculos necessários. 23 II - A Industrial Eletro Ltda, localizada em São Paulo, tem capacidade para produzir 36.000 eletrodomésticos por ano, mas, atualmente, só está conseguindo vender 24.000 eletrodomésticos. Para fabricar seus eletrodomésticos, realiza os seguintes custos e despesas: CUSTOS DESPESAS Custo fixo ao ano R$ 450.000 Despesas fixas no ano R$ 90.000 Custo variável R$ 65 por unidade Despesa Variável com venda R$ 1/unidade Despesa Variável com imposto R$ 3/unidade A Industrial Eletro Ltda vende o eletrodoméstico por R$ 100/unidade. Em determinado ano, recebe duas propostas de compra da empresa Bel Ltda: 1ª) a Bel Ltda deseja comprar 12.000 eletrodomésticos a R$ 75/ unidade. 2ª ) a Bel Ltda deseja comprar 16.000 eletrodomésticos a R$ 80/unidade. PEDE-SE: a) Deve a empresa aceitar alguma das propostas, sendo que, se fechar o contrato, terá aumento no imposto de 20% e nas despesas com a venda de 50%, além de arcar com transporte no valor de R$ 2,50 por unidade? b) Qual seria o preço mínimo para aceitar cada uma das propostas? Justifique, apresentando os cálculos necessários. III – A empresa de Propaganda Lu Ltda, presta serviços a três lojas: Loja A, Loja B e Loja C. No primeiro ano, apresentou o seguinte relatório: LOJA A R$ LOJA B R$ LOJA C R$ TOTAL R$ + Receita de venda 450 270 350 1.070 (-) Custo variável do serviço (370) (220) (330) (920) (-) Custo fixo com salário e aluguel (44) (26) (38) (108) Lucro operacional 36 24 (18) 42 A empresa de propaganda está desejando eliminar os serviços que presta a Loja C, devido ao resultado negativo apresentado em seus relatórios. Se eliminar esse cliente, o custo do atendimento a esse cliente será eliminado. Contudo os custos fixos permanecerão inalterados. PEDE-SE: a empresa de Propaganda Lu Ltda deve eliminar o cliente da Loja C? Justifique sua resposta, apresentando os cálculos necessários. IV - A Industrial GP Ltda fabrica um componente, muito usado na fabricação de lâmpadas. Atualmente, está produzindo 5.000 unidades, que são vendidas a um preço de R$ 10/unidade. Sua capacidade produtiva é de 8.000 unidades. A industrial estima seus custos em diferentes níveis de venda: Quantidade vendida 5.000 6.000 7.000 8.000 Custo Variável R$ 30.000 R$ 36.000 R$ 42.000 R$ 48.000 24 Custo Fixo R$ 10.000 R$ 10.000 R$ 10.000 R$ 10.000 Custo Total R$ 40.000 R$ 46.000 R$ 52.000 R$ 58.000 Custo Unitário Total R$ 8 R$ 7,67 R$ 7,43 R$ 7,25 A firma recebeu três propostas: 1ª) Vender 1.000 unidades, a um preço de venda de R$ 8/unidade; 2ª) Vender 1.000 unidades, a um preço de venda de R$ 7/unidade; 3ª) Vender 1000 unidades, a um preço de venda de R$ 6,50/unidade. PEDE-SE: essas ofertas devem ser aceitas ou rejeitadas? Justifique apresentando os cálculos necessários. V- Responda esta pergunta em seu caderno. Você pode vender um produto por valor inferior ao seu custo total (custo direto/variável + custo indireto/fixo)? Justifique sua resposta. 25 Meta da unidade Continuar apresentando algumas decisões que o gestor pode tomar com informações geradas pela contabilidade de custos Pré-requisitos O que foi apresentado até agora poderia levar à conclusão que, com o uso do custeio variável, de custo marginal e margem de contribuição, todos os problemas de informações de custo para tomada de decisão estariam resolvidos. Contudo, isso não é verdadeiro, porque cada problema exige uma solução específica. Para que tenha mais facilidade no acompanhamento desta unidade, é condição essencial que saiba separar as despesas dos custos e estes em custos relevantes e não relevantes. Objetivos Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de: auxiliar os gestores a tomar decisões sobre custos; demonstrar, por meio de cálculos, a decisão que o gestor deverá adotar. Introdução A perfeita classificação dos custos e despesas relevantes em fixos e variáveis e a aplicação do conceito de custeio variável possibilitam que a Contabilidade de Custos prepare informações úteis à administração, para que esta possa planejar e tomar decisões relacionadas a alternativas de curto prazo. Isso é necessário porque, a toda hora ,os gestores estão tomando decisões, estão analisando diversas alternativas para melhorar o resultado (lucro) da empresa. É claro que os gestores podem tomar algumas decisões cujas finalidades imediatas não são os lucros. Mas em qualquer dessas situações, ele deve cercar-se de informações qualitativas e quantitativas sobre a sua posição atual (status quo) e das alternativas futuras, para que possa tomar decisões com mais segurança. A ferramenta de custos que nos ajudará a tomar essasdecisões é a técnica conhecida como análise diferencial. A análise diferencial é um procedimento que estima receitas e custos para ações alternativas, e compara essas estimativas com o status quo (situação atual Unidade 4 Análise diferencial 26 que a empresa ocupa). Nesse sentido, a tarefa é determinar como os custos e o lucro serão afetados se uma alternativa for escolhida, em detrimento de outra. Para realizar essa tarefa, devemos analisar os custos que são realmente relevantes e diferenciais para as decisões que serão tomadas, bem como calcular o novo resultado. Por esse motivo, é essencial que você saiba identificar e calcular o valor do custo diferencial. Veja um exemplo: Custos no Status quo R$ Custo na alternativa R$ Custos diferenciais R$ +Receita de vendas 850 1.000 150 (-)Custos variáveis (340) (380) (40) (-)Despesas variáveis (10) (20) (10) =Margem de contribuição 500 600 100 (-)Custos fixos (400) (400) (-)Despesas fixas (50) (50) =Lucro Líquido 50 150 100 Desse exemplo conclui-se que somente os custos e despesas variáveis são custos relevantes e que os custos fixos não podem ser relevantes, desde que por definição não são suscetíveis a mudanças. Mas destacamos que nem todos os custos variáveis são relevantes e nem todos os custos fixos são irrelevantes, vai depender das circunstâncias que estão sendo examinadas. essa unidade, continuaremos mostrando alguns casos simples, porém passíveis de acontecer na vida real, em que os gestores devem tomar decisões com base nas informações de custos. A empresa deve fabricar materiais ou peças na própria empresa ou comprá-los externamente? Comprar ou fabricar? Esse tipo de questionamento é, freqüentemente, apresentado à gerência da empresa. Essa decisão pode surgir em vários pontos do processo operacional. Para tomar essa decisão, você deve considerar as vantagens que podem ser obtidas do uso alternativo de sua capacidade produtiva liberada, pelo fato de adquirir alguns de seus componentes fora. Em seguida, deve fazer uma simulação para verificar o que acontece com o custo final do componente que está sendo fabricado. Aquela alternativa que possuir menor custo é a que deverá ser adotada. Segundo o IBRACON (2000, p. 59), alguns dos principais componentes de custos a serem considerados nesse processo decisorial são: a) Quando o componente for comprado de terceiros: ao analisar essa alternativa, você deverá se perguntar: qual o valor de compra do componente? Que impostos podem ser incluídos ou excluídos nessa decisão? Qual o custo do frete? Qual o custo de armazenagem? Qual o desconto pelo prazo de pagamento? A qualidade do item 27 comprado será a mesma do que é fabricado pela empresa? A entrega ocorrerá dentro do prazo combinado? De quanto em quanto tempo será necessário realizar a compra? b) Quando o componente for fabricado dentro da empresa: ao analisar essa alternativa, você deverá se perguntar: qual o custo atual da matéria-prima e outros materiais? Quais impostos serão incluídos ou excluídos nessa decisão? Qual o custo da mão-de-obra para fabricar o componente dentro da empresa? Qual o custo do frete? Qual o custo com os gastos gerais de fabricação? Qual o custo com perdas de produção? Qual o custo com a compra de máquinas e ferramentas? A Industrial Belo Ltda fabrica carros. Na produção do carro, fabrica alguns componentes e compra outros. O gestor da Industrial Belo Ltda solicita sua opinião para ajudá-lo a decidir se vale a pena continuar fabricando as maçanetas do carro ou se seria melhor comprá-las de um fornecedor externo – Industrial Tim Ltda – que venderia cada maçaneta por R$ 2,50. Caso decidisse pela compra, necessitaria hoje de 5.000 maçanetas. Informa, também, que os custos à Industrial Belo Ltda fabricar as maçanetas são: Componente: Maçaneta Custo para fabricar 5.000 unidades Materiais R$ 5.000 Mão-de-Obra Direta (MOD) R$ 7.000 Mão-de-Obra Indireta (MOI) R$ 800 Energia e outros custos fixos R$ 220 Se Industrial Belo Ltda decidir pela compra das maçanetas, terá que pagar o frete no valor de R$ 0,05 por maçaneta e o valor da mão-de-obra indireta será acrescido de R$ 400. Esse valor será usado para pagar os funcionários que irão receber, inspecionar e guardar as maçanetas compradas. Pare e Pense Que decisão a Industrial Belo Ltda deve tomar? Após questionar sobre os riscos envolvidos nessa tomada de decisão, você deve começar a fazer os cálculos para provar, matematicamente, a viabilidade da alternativa escolhida. a) Supondo que a capacidade produtiva liberada continuará ociosa Os custos relevantes para tomar essa decisão, nessa situação, são: 28 CUSTOS CUSTO PARA FABRICAR CUSTO PARA COMPRAR Materiais R$ 5.000 Mão-de-Obra Direta R$ 7.000 Mão-de-Obra Indireta R$ 800 R$ 1.200 Energia e outros custos fixos R$ 220 Valor de compra das maçanetas 5.000 x R$ 2,50 = R$ 12.500 Valor do frete na compra 5.000 x R$ 0,05 = R$ 250 TOTAL R$ 13.020 R$ 13.950 Nessa situação, a empresa deve continuar fabricando as maçanetas porque o custo relevante para fabricar é menor que o custo de comprar. b) Supondo que a capacidade produtiva liberada não ficará ociosa Se Industrial Belo Ltda decidir pela compra das maçanetas, a máquina usada para sua fabricação poderá ser utilizada para fabricar escapamentos. Calcula-se que poderão ser produzidos mais quatro carros por mês, gerando um aumento na receita de vendas de R$ 4.000. Os custos relevantes para tomar essa decisão, nessa situação, são: CUSTOS CUSTO PARA FABRICAR CUSTO PARA COMPRAR Materiais R$ 5.000 Mão-de-Obra Direta R$ 7.000 Mão-de-Obra Indireta R$ 800 R$ 1.200 Energia e outros custos fixos R$ 220 Valor de compra das maçanetas 5.000 x R$ 2,50 = R$ 12.500 Valor do frete na compra 5.000 x R$ 0,05 = R$ 250 Ganho adicional na venda (R$ 4.000) TOTAL R$ 13.020 R$ 9.950 Nessa situação, a empresa deve comprar as maçanetas porque o custo relevante de compra é menor que o custo de fabricar. c) Supondo que seja vendida a máquina usada para fabricação das maçanetas. Se Industrial Belo Ltda decidir pela compra das maçanetas, a máquina usada para sua fabricação poderá ser vendida pelo seu valor de mercado atual. Com a sua venda, a empresa deixaria de contabilizar a depreciação de R$ 120 e não teria de pagar seguro sobre a máquina no valor de R$ 90. Os custos relevantes para tomar essa decisão, nessa situação, são: CUSTOS CUSTO PARA FABRICAR CUSTO PARA COMPRAR Materiais R$ 5.000 Mão-de-Obra Direta R$ 7.000 Mão-de-Obra Indireta R$ 800 R$ 1.200 Energia e outros custos fixos R$ 220 Valor de compra das maçanetas 5.000 x R$ 2,50 = R$ 12.500 Valor do frete na compra 5.000 x R$ 0,05 = R$ 250 Economizaria a depreciação (R$ 120) Economizaria o seguro (R$ 90) TOTAL R$ 13.020 R$ 13.740 29 Nessa situação, a empresa deve continuar fabricando as maçanetas porque o custo relevante para fabricar é menor que o custo de comprar. A empresa deve processar o produto ou vendê-lo como está? Normalmente, essa decisão deve ser adotada em situações em que a empresa produz vários produtos de um mesmo recurso ou matéria-prima. São os produtos conjuntos ou co- produtos. Nesse tópico, vamos analisar se a empresa deve continuar o processamento no sentido de alcançar um produto mais elaborado ou se deve vendê-lo em um estágio de semiprocessamento. Veja um exemplo: A Indústria Alimentícia Paraíso dos Cajus comprou grande quantidade de cajuspor R$ 1.000. A indústria separa a castanha do pedúnculo. Neste ponto, aparecem dois produtos: a) o pedúnculo que pode ser vendido como está ou pode sofrer um processamento para ser transformado em doce ou suco; b) a castanha que pode ser vendida como está ou pode sofrer um processamento para ser assada ou ser transformada em óleo. Na tabela a seguir, informamos todos os custos, quantidades e preços de venda. Gastos antes do ponto de separação Gastos após o ponto de separação CAJÚ PROCESSO DE SEPARAÇÃO PEDÚNCULO 100.000 unidad. Vender como está: R$ 0,14 a unidade x 100.000 = R$ 14.000 100.000 unidades X R$ 0,01 = R$ 1.000 Custo variável R$ 6.000 Processar o doce: Custo variável R$ 15.000 Custo fixo R$ 5.000 Com 100.000 unidades a empresa fabricará 1.000Kg de doce. O doce será vendido por R$ 30/kg x 1.000kg = R$ 30.000. Custo fixo R$ 9.000 CASTANHA 100.000 unidad. Vender como está: a empresa não tem esse interesse. Processar o Óleo: Custo Variável R$ 1.000 Custo fixo de R$ 5.000 Com 100.000 unidades a empresa fabricará 350 litros de óleo. O óleo será vendido por R$ 60/lt x 350lt = R$ 21.000. Processar assadas e salgadas: Custo variável R$ 1.500 Custo fixo de $ 2.500 Com 100.000 unidades a empresa fabricará 500 Kg de castanhas assadas e salgadas. A castanha assada e salgada será vendida por: R$ 40/kg x 500 kg = R$ 20.000. 30 Pare e Pense Qual alternativa você recomendaria à Indústria Alimentícia Paraíso dos Cajus? Você deve verificar quais são os custos relevantes para essa decisão. Em seguida, deve fazer os cálculos e apresentar um relatório com a viabilidade da alternativa escolhida. Veja bem que os gastos realizados antes do ponto de separação R$ 16.000 (1.000 + 6.000 + 9.000) não devem ser considerados como relevantes. Porque eles sempre existirão. Os custos relevantes para tomar essa decisão ocorrem após o ponto de separação. Na tabela abaixo, estão os cálculos das várias alternativas: PEDÚNCULOS Operações mutuamente exclusivas CASTANHAS Operações mutuamente exclusivas Alternativa A Venda do pedúnculo Alternativa B Doce de caju Alternativa C Produção do óleo Alternativa D Produção do tira- gosto Vendas R$ 14.000 R$ 30.000 R$ 21.000 R$ 20.000 Custo fixo do doce (R$ 5.000) (R$ 5.000) Custo variável do doce (R$ 15.000) Custo fixo do óleo (R$ 5.000) (R$ 5.000) Custo variável do óleo (R$ 1.000) Custo fixo do tira- gosto (R$ 2.500) (R$ 2.500) Custo variável do tira- gosto (R$ 1.500) R$ 9.000 R$ 10.000 R$ 12.500 R$ 11.000 A melhor alternativa para o Pedúnculo é transformá-lo em doce e para as castanhas é transformá-las em óleo. Ao sugerir essa combinação o lucro da empresa somará R$ 22.500 (10.000 + 12.500). Decisões sobre substituição de equipamentos. Esse tipo de decisão refere-se à troca de um equipamento usado e já parcialmente depreciado, quase sempre necessitando de muita manutenção, por um novo, que possibilitará uma redução nos custos variáveis, maior produtividade e menor manutenção. A decisão a ser tomada é se compensa a compra do novo investimento, ou se mantém o antigo equipamento. Veja um exemplo: A Indústria Alternativa Ltda está estudando a possibilidade de substituir sua máquina antiga por uma nova. Os dados disponíveis para esse estudo são: COMPRANDO O NOVO EQUIPAMENTO DADOS DO EQUIPAMENTO ATUAL USADO Preço de aquisição R$ 30 Custo de aquisição R$ 25 Custo variável anual R$ 50 Custo variável anual R$ 59 Venda anual esperada R$ 90 Venda anual esperada R$ 90 Valor residual contábil Valor residual contábil R$ 18 Vida útil esperada 3 anos Vida útil remanescente 3 anos Valor de venda ao final da vida útil Valor de venda atual, no estado em que está R$ 8 Depreciação anual (R$ 30/3) R$ 10 Valor de venda daqui a quatro anos 31 Para tomar essa decisão, você tem de identificar os custos diferenciais ou relevantes entre as duas alternativas, bem como os custos passados que não são mais relevantes para atual decisão. Vejam os dados, apresentados numa demonstração de resultado específica para essa tomada de decisão. RECEITA E CUSTO PARA QUATRO ANOS Mantendo o equipamento atual Comprando o novo equipamento Custos diferenciais Vendas R$ 90 x 3 anos = 270 R$ 90 x 3 anos = 270 Custo variável R$ 59 x 3 anos = (177) R$ 50 x 3 anos = (150) 27 Valor residual contábil do equipamento usado (18) (18) 00 Depreciação novo equipamento (10) (10) Valor de venda do equipamento usado 8 8 Resultado Líquido 75.000 90.000 9 Analisando a tabela acima, você irá concluir que os custos não relevantes, ou seja, aqueles que não vão alterar o resultado futuro da empresa, são: a) os custos passados, que vão existir em qualquer alternativa, e que não podem ser evitados, representados pelo valor residual contábil do equipamento usado (R$ 18); b) os valores futuros que não serão diferentes, representados pelas vendas esperadas para os próximos quatro anos (3 anos x R$ 90 =R$ 270) e pelos custos variáveis da máquina nova (3 anos x R$ 50 =R$ 150). Os custos relevantes, ou seja, aqueles que vão alterar o resultado futuro da empresa com a tomada de decisão, são: a) a redução dos custos variáveis com o uso da nova máquina (R$ 27); b) o custo de aquisição da nova máquina (R$ 30); c) o valor obtido pela venda da máquina usada (R$ 8). Margem de Contribuição: a tomada de decisão em face das limitações na capacidade produtiva A técnica da contribuição marginal é muito importante para avaliar a rentabilidade e a importância de cada produto no mix de produção da empresa, principalmente para aquelas que fabricam simultaneamente diversos produtos. Todavia, alguns cuidados são necessários, quando a empresa tem fatores escassos de produção ou limitações de mercado para seu produto. Por exemplo: apesar da quantidade de um determinado produto ser aceita de forma ilimitada pelo mercado a um certo preço, a empresa tem suas próprias limitações de saídas, devido ao simples fato de não ser possível aumentar sua produção. Isso pode acontecer pelos seguintes fatores restritivos: limitação na quantidade de matéria-prima que a empresa possui, 32 da qualificação da mão-de-obra, da tecnologia existente na produção, da falta de espaço para produzir ou armazenar a produção, etc. Em face da limitação em qualquer um dos fatores ou elementos necessários para fabricar o produto, a empresa desejará obter o maior lucro possível usando os recursos escassos que possui. Nesta situação, ao tomar a decisão, o gestor deve guiar-se pela maior margem de contribuição pelo fator limitante da capacidade. O seguinte exemplo pode esclarecer a questão. A Indústria de Fogões Ltda fabrica três modelos de aparelhos: Max, Care e Pop. Tem um total de despesas e custos fixos por mês: R$ 400.000. Produz e vende 1.000 unidades do Modelo Max; 2.500 unidades do Modelo Care e 4.800 unidades do Modelo Pop. Na tabela abaixo, estão discriminados os gastos de cada produto. Valores por unidade MAX R$ CARE R$ POP R$ Receita de Venda 900 600 400 (-) Custos Variáveis Matéria-prima Material de embalagem Mão-de-Obra Direta ... (290) (30) (220) 540 ... (130) (10) (170) 310 ... (115) (10) (160) 285 (-) Despesas Variáveis Comissão do vendedor Impostos Assistência técnica ... (50) (100) (30) 180 ... (30) (50) (10) 90 ... (20) (30) (5) 55 = Margem de Contribuição 180 200 60 Margem de contribuição em % 20% 33,3% 15% O melhor produto, sem o fator restritivo, é o Care pois tem a maior margem de contribuiçãopor unidade. Por isso, deve ter sua produção e venda incentivada. Qual será o lucro a ser obtido pela venda dos produtos fabricados? MAX 1.000 unid R$ CARE 2.500 unid. R$ POP 4.800 unid. R$ TOTAL R$ Receita de Venda 900.000 1.500.000 1.920.000 4.320.000 (-) Custos Variáveis (540.000) (775.000) (1.368.000) (2.683.000) (-) Despesas Variáveis (180.000) (225.000) (264.000) (669.000) = Margem de Contribuição 180.000 500.000 288.000 968.000 (-) Custos e Despesas Fixos (400.000) = Lucro Líquido 568.000 Presuma agora que a indústria não esteja conseguindo fabricar todos os produtos que deseja porque tem fatores que limitam a sua capacidade produtiva. O que ela deve fazer para identificar o melhor produto, mesmo com a restrição e, assim, obter o maior lucro possível? a) Restrição na quantidade de horas-máquinas A indústria apresenta as seguintes informações adicionais: 33 Nesse mês, não conseguiu atender a todos os clientes que desejaram comprar o Modelo Max. O mercado queria comprar 1.801 unidades. Portanto, perdeu vendas de 799 unidades; Os Modelos Max e Care são fabricados na mesma máquina, enquanto o Modelo Pop usa outra máquina. Não é possível usar a máquina do modelo Pop para a fabricação dos outros aparelhos; A capacidade máxima da máquina que fabrica os modelos Max e Care corresponde a 19.000 horas mensais, assim distribuídas: Max Care Quantidade produzida no mês 1.000 unidades 2.500 unidades Quantidade de horas-máquinas para fabricar uma unidade 4 horas 6 horas Total de horas-máquinas aplicadas em cada produto por mês 4.000 horas 15.000 horas Considerando esse fator restritivo, que são as horas-máquina, qual desses dois produtos é o mais rentável para a indústria? Você deve calcular a nova margem de contribuição unitária, considerando agora o fator restritivo. Para isso, basta dividir a margem de contribuição antiga pela quantidade de horas-máquina necessárias para fabricar cada unidade dos modelos Max e Care. Veja os cálculos: Valores por unidade MAX R$ CARE R$ POP R$ Receita de Venda 900 600 400 (-) Custos Variáveis 540 310 285 (-) Despesas Variáveis 180 90 55 = Margem de Contribuição 180 200 60 Fator restritivo (hora-máquina) 4 horas 6 horas Não tem restrição para sua produção Nova margem de contribuição pelo fator restritivo 45 33,33 O melhor produto, com o fator restritivo, é o Max, pois tem a maior margem de contribuição por fator restritivo. Por isso, deve ter sua produção e venda incentivada. Nesse sentido, deverão ser produzidas as 1.801 unidades que os clientes desejam. Bem, se a indústria deve fabricar 1.801 unidades do modelo Max, quantas unidades deverão ser produzir do modelo Care? Para obter essa resposta, você deve calcular quantas horas serão aplicadas na produção das 1.801 unidades do modelo Max (1.801 unidades x 4 horas = 7.204 horas). Depois, deve subtrair esse valor da capacidade total da máquina que fabrica os dois produtos, isto é, 19.000 horas (19.000 horas – 7.204 horas = 11.796 horas). O resultado dessa subtração deve ser dividido pelas horas-máquina unitária para fazer o modelo Care e, essa resposta será a 34 quantidade de produtos que a indústria deve fazer do modelo Care (11.796 horas / 6 horas = 1.966 unidades). Max Care Quantidade produzida no mês 1.801 unidades 1.966 unidades Quantidade de horas-máquina para fabricar uma unidade 4 horas 6 horas Total de horas-máquina aplicadas em cada produto por mês 7.204 horas 11.796 horas Qual o lucro a ser obtido com a venda dos produtos fabricados após a identificação do fator restritivo ? MAX 1.801 unid R$ CARE 1.966 unid. R$ POP 4.800 unid. R$ TOTAL R$ Receita de Venda 1.620.900 1.179.600 1.920.000 4.720.500 (-) Custos Variáveis (972.540) (609.460) (1.368.000) (2.950.000) (-) Despesas Variáveis (324.180) (176.940) (264.000) (765.120) = Margem de Contribuição 324.180 393.200 288.000 1.005.380 (-) Custos e Despesas Fixos (400.000) = Lucro Líquido 605.380 Comparando este lucro R$ 605.380 com o lucro anterior R$ 568.000, constata-se um acréscimo de R$ 37.380. Portanto, o segundo mix de produção, efetuado com base na melhor margem de contribuição pelo fator limitativo, permite, sem dúvidas, aumentar o lucro da empresa. Pare e Pense a) Se existir no mesmo período diversos fatores limitando a capacidade produtiva, o que deve ser feito? A solução simplificada que acabamos de ver não irá funcionar. É necessário que se recorra a métodos mais sofisticados, como a Progressão Linear ou outros modelos matemáticos da Pesquisa Operacional. Síntese da unidade Vimos que decisões apresentadas nessa unidade estão freqüentemente desafiando os gestores das empresas. Todo o esforço realizado para identificar a alternativa mais viável deve ser demonstrado por meio de relatórios que permitam a visualização da situação atual com a proposta apresentada. A comparação das duas situações é que possibilitará ao gestor tomar a decisão mais rentável. Todavia, se houver limitação na capacidade produtiva, interessa a decisão que produz maior Margem de Contribuição pelo fator limitante da capacidade. 35 Atividades I - A Indústria Fity fabrica o produto RS. Ela produz 20.000 unidades por mês. O produto RS é composto de quatro elementos. Todos são fabricados pela Indústria Tity. O terceiro elemento do produto RS é fabricado com os seguintes gastos: Matéria-prima R$ 150.000; Mão-de-Obra Direta R$ 60.000; Custo Indireto Variável R$ 90.000 e Despesa Fixa R$ 45.000. A Indústria Fity recebe uma proposta da Empresa Qualy para fabricar o terceiro elemento no seu lugar por R$ 16/u (incluso o frete). A Indústria Fity ao estudar a proposta da Empresa Qualy, concluiu que: Poderia utilizar o departamento que fazia o terceiro elemento para produzir um novo produto que dará margem (ganho) adicional de R$ 25.000; A qualidade do terceiro elemento comprado é igual a que a indústria já vem fabricando; O fornecedor Empresa Qualy sabe fazer as caixas e já tem experiência comprovada. PEDE-SE: a Indústria Fity deve continuar fabricando ou deve comprar o terceiro elemento da Empresa Qualy? Justifique sua resposta. II – Uma indústria fabrica o produto “A” por R$ 4,80/unidade. Esse produto é vendido por R$ 8,00 por unidade. Esse produto pode passar por um outro estágio de processamento e é vendido a R$ 12,00 por unidade. O custo associado com esse processo adicional está estimado em R$ 2,00 por unidade. PEDE-SE: a Indústria deve vender o produto como está ou deve vendê-lo após o processamento adicional? III – Uma empresa fabrica três produtos, nos quais são utilizados puxadores, com os seguintes custos: PRODUTO CUSTO VARIÁVEL CUSTO FIXO CUSTO TOTAL PREÇO DE VENDA Nº DE PUXADORES A B C R$ 350/u R$ 445/u R$ 250/u R$ 50/u R$ 150/u R$ 50/u R$ 400/u R$ 595/u R$ 300/u R$ 750/u R$ 950/u R$ 650/u 3 unidades 4 unidades 4 unidades Em determinada semana, a empresa está com falta de puxadores, existindo apenas 20 unidades em seu estoque, portanto tem limitação na sua capacidade produtiva. Sabendo que a empresa tem despesas fixas de R$ 1.000/semana e despesas variáveis de 100% do preço de venda e sabendo, ainda, que o mercado consome 20 unidades de cada produto por semana, decida quais produtos deverão ser feitos nessa semana, e em que quantidade, de forma a maximizar o lucro nesse período? 36 Meta da unidade Apresentar e analisar as informações geradas pelo ponto de equilíbrio. Pré-requisitos Você aprendeu, nas unidades anteriores, a classificar os custos em fixos e variáveis, calcular amargem de contribuição e o lucro pelo custeio variável. Agora, chegou o momento Unidade 5 Ponto de Equilíbrio 37 de você utilizar todo esse saber, colocando mãos-à-obra na tarefa de identificar a quantidade mínima que a empresa deve fabricar e vender para não ter prejuízo, tarefa básica e fundamental para o gerenciamento de um negócio. Objetivos Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de: definir e calcular o ponto de equilíbrio; analisar o ponto de equilíbrio. Introdução No rol das informações mínimas e necessárias para a tomada de decisão, está a identificação e análise do ponto de equilíbrio. O ponto de equilíbrio será obtido, quando o total de todas as margens de contribuição for igual ao total dos custos e despesas fixos do mesmo período. Assim, evidencia o ponto mínimo em que a empresa pode operar para não ter prejuízo, ou seja, onde o lucro é zero. Nesse ponto mínimo, a empresa consegue cobrir os custos variáveis das unidades produzidas e vendidas e, também, cobrir todos os custos fixos. Ponto de Equilíbrio Podemos definir o ponto de equilíbrio como o ponto ou o nível de atividades em que a receita de venda é suficiente para cobrir todos os gastos da empresa e, conseqüentemente, o lucro é igual a zero. Todavia, não existe ponto de equilíbrio ideal, ele deve ser o mais baixo possível, pois a empresa terá mais segurança para não entrar no prejuízo. É, também, denominado de Break-even Point; Ponto crítico; Ponto de quebra; Ponto de nivelamento ou Faturamento mínimo e, nasce da conjugação (relação) do custo total com a receita total. É extremamente importante colocarmos os dados que formam o ponto de equilíbrio num gráfico. No eixo X, demonstramos a quantidade e, no eixo y, os valores. São evidenciadas as retas de valor das vendas (receita total), dos custos fixos e do custo total. Na intersecção da reta dos custos totais com a reta das vendas, temos o ponto de equilíbrio. Abaixo desse ponto, encontra-se a área de prejuízo e, acima dele, a área de lucros. 38 É fácil determinar a fórmula do ponto de equilíbrio, basta lembrar que, nesse ponto, o total da receita deve ser igual ao somatório dos custos e despesas e que o lucro é igual a zero. Assim: O ponto de equilíbrio pode ser utilizado para atender aos seguintes objetivos: calcular a quantidade mínima a ser produzida e vendida para a empresa não ter prejuízo e nem lucro, isto é, essa quantidade deve ser suficiente para cobrir as despesas fixas e variáveis e os custos fixos e variáveis; calcular o nível de produção em quantidade e/ou valor para que a receita total seja igual ao custo total; calcular o lucro para diferentes níveis de venda e, ao mesmo tempo, planejar e controlar as vendas pelo lucro desejado; facilitar a análise do efeito sobre o lucro quando o gestor simular alterações nas despesas e custos fixos e variáveis, no volume de vendas e de produção e no preço de venda; avaliar a viabilidade de um empreendimento. Teoricamente podemos dizer que, se o ponto de equilíbrio for igual ou superior a 70% da capacidade máxima da empresa, o negócio é inviável. Existem três pontos de equilíbrio: o contábil, o econômico e o financeiro. A relação entre eles é: Econômico > Contábil > Financeiro. Custo fixo Custo total Receita total Quantidade=y Valor=x Ponto de Equilíbrio Área do prejuízo Área de lucro Receitas de Vendas = Custo e despesas fixos + custos e despesas variáveis + lucro Preço de venda x quantidade = custos e despesas fixos + (custos e despesas variáveis x quantidade) Quantidade = (Custos e despesas fixos) / (preço de venda – custos e despesas variáveis) 39 a) Ponto de equilíbiro contábil (PEC) CONCEITO: é a quantidade mínima de produtos que deverão ser fabricados e vendidos para que a empresa não tenha prejuízo, isto é, para poder pagar todas as despesas e custos fixos e variáveis. CARACTERÍSTICAS: Receita total é igual a custo total mais despesa total. Lucro líquido é igual a ZERO. Esse ponto de equilíbrio pode ser apresentado em quantidade e valor. FÓRMULAS: a) Ponto de Equilíbrio Contábil em Quantidade (PECq): indica a quantidade mínima a ser fabricada e vendida: (Custo Fixo + Despesa Fixa) / Margem Contribuição unitária b) Ponto de Equilíbrio Contábil em Valor (PECv): indica qual o valor de venda a ser obtido para que a receita seja igual ao custo: (Custo Fixo + Despesa Fixa) / ( Margem Contribuição unitária / Preço de Venda) b) Ponto de equilíbiro econômico (PEE) CONCEITO: é a quantidade mínima de produtos que deverão ser fabricados e vendidos para que a empresa não tenha prejuízo, e ainda consiga receber a REMUNERAÇÃO (lucro antes do Imposto de Renda) desejada. O lucro antes do Imposto de Renda (IR) é calculado da seguinte maneira: lucro líquido do exercício / (1 – alíquota do IR). CARACTERÍSTICAS: O equilíbrio da receita com as despesas acontecerá quando o lucro for igual à remuneração desejada. Lucro líquido NÃO é igual a ZERO, é igual ao valor da REMUNERAÇÃO desejada. Esse ponto de equilíbrio pode ser apresentado em quantidade e valor. FÓRMULAS: a) Ponto de Equilíbrio Econômico em Quantidade (PEEq): indica a quantidade mínima a ser fabricada e vendida: (Custo Fixo + Despesa Fixa + Remuneração) / Margem Contribuição unitária b) Ponto de Equilíbrio Econômico em Valor (PEEv): indica qual o valor de venda a ser obtido para que a receita seja igual ao custo e ainda sobre a remuneração desejada: (Custo Fixo + Despesa Fixa + Remuneração) / ( Margem Contribuição unitária / Preço de Venda) d) Ponto de equilíbiro financeiro (PEF) CONCEITO: é a quantidade mínima de produtos que deverão ser fabricados e vendidos para que a empresa não tenha prejuízo, e ainda consiga os gastos desembolsáveis, operacional ou não. CARACTERÍSTICAS: O saldo do caixa é igual a Zero. A empresa tem prejuízo contábil nesse ponto, no valor da despesa não desembolsável. Esse ponto de equilíbrio pode ser apresentado em quantidade e valor. FÓRMULAS: a) Ponto de Equilíbrio Financeiro em Quantidade (PEFq): indica a quantidade mínima a ser fabricada e vendida: (Custo Fixo + Despesa Fixa – Gasto não desembolsável) / Margem Contribuição unitária b) Ponto de Equilíbrio Financeiro em Valor (PEFv): indica qual o valor de venda a ser obtido para que a receita seja igual ao custo e, ainda seja suficiente para pagar as obrigações assumidas: (Custo Fixo+Despesa Fixa–Gasto não desembolsável)/( Margem Contribuição unitária/Preço de Venda) 40 Para exemplificar o cálculo do ponto de equilíbrio, vamos supor o seguinte exemplo: a empresa Spon Ltda vende cada unidade de seu produto por R$ 1.000. Essa empresa tem custos fixos de R$ 1.700/mês, despesas fixas de R$ 300/mês, custos variáveis de R$ 470/unidade e despesas variáveis de R$ 130/unidade. Dentro dos custos fixos estão contabilizados R$ 400 de depreciação, que são gastos não desembolsáveis. A empresa deseja ter um lucro de R$ 100 antes do Imposto de Renda. CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL - PEC Cálculo do PEC Prova de que o PECq está correto 5.000 unidades PECq= 1.700+300 1.000-470-130 PECq = 5.000 unidades Receita de Venda 5.000.000 (-) Custos Variáveis (2.350.000) (-) Despesas Variáveis (650.000) = Margem de Contribuição 2.000.000 (-) Custos Fixos (1.700.000) (-) Despesas Fixas (300.000) = Lucro Líquido ZERO CÁLCULO DO PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO - PEE Cálculo do PEE Prova de que o PEEq está correto 5.250 unidades PEEq=1.700+300+100 1.000-470-130 PEEq = 5.250 unidades Receita de Venda 5.250.000 (-) Custos Variáveis (2.467.500)
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