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1 - Gametogênese e desenvolvimento folicular

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GAMETOGÊNESE 
• O desenvolvimento humano inicia-se na fecundação, quando o gameta masculino 
(espermatozóide) encontra o gameta feminino (ovócito) para formar uma única célula 
(zigoto). 
• O zigoto marca o início de cada um de nós como indivíduo único e possui os 
cromossomos e os genes derivados da mãe e do pai. O zigoto, unicelular, dividi-se 
várias vezes e transforma-se, progressivamente, em um ser humano multicelular.
• Embora o desenvolvimento humano inicie na fecundação, os estágios e a duração da 
gestação descritos são calculados a partir do início do último período menstrual normal 
da mãe, cerca de 14 dias antes da concepção. 
• Gametogênese é o processo de formação e de desenvolvimento de células 
germinativas especializadas para a reprodução, os gametas masculinos e femininos.
• Os espermatozóides e ovócitos são células altamente especializadas e possuem 
metade do número de cromossomos presentes nas células somáticas. 
• Essa redução no número cromossômico acontece durante a meiose, que é uma das 
divisões presente na gametogênese. 
• O desenvolvimento do gameta masculino e feminino é diferente, sendo o processo 
masculino chamado de espermatogênese e o processo feminino, ovogênese. Ainda 
que esses processos sejam diferentes, a sequência é a mesma. A divergência entre os 
dois sexos reside no ritmo de eventos durante a meiose. 
• Para compreendermos o processo de gametogênese se faz necessário entendermos 
também o processo da meiose.
MEIOSE 
• É um tipo especial de divisão celular que envolve 2 divisões meióticas e que ocorre 
apenas nas células germinativas. Durante esse processo as células germinativas 
diplóides originam gametas haplóides. 
• Primeira divisão meiótica: é uma divisão de redução, o cromossomo é reduzido de 
diplóide a haplóide por emparelhamento dos cromossomos homólogos na prófase e 
segregação na anáfase. É aqui também que ocorre o processo de crossing-over, que 
garante a recombinação do material genético. 
• Os cromossomos homólogos (um da mãe e um do pai) formam um par durante a 
prófase e separam-se durante a anáfase, com um representante de cada par indo para 
cada pólo do fuso meiótico. O fuso se conecta ao cromossomo no centrômero. Nesse 
estágio, eles são cromossomos de cromátides duplas. 
• No final da primeira divisão meiótica (telofase I), cada nova célula formada 
(espermatócito secundário ou ovócito secundário) contém o número cromossômico 
haplóide (cromossomo de cromátide dupla), isto é, metade do número de 
cromossomos da célula precedente (espermatócito ou ovócito primário). 
• Segunda divisão meiótica: Cada cromossomo se divide e cada metade (ou cro- 
mátide) é direcionada para um pólo diferente, assim, o número haplóide de 
cromossomos (23) é mantido e cada célula-filha permanece com um par cromossômico 
(agora um cromossomo de cromátide única). 
• A segunda divisão meiótica é semelhante a uma mitose, exceto que o número 
cromossômico da célula que entra na segunda divisão meiótica é haploide. 
• Importância da meiose:
1. Permite a constância do número de cromossomos de geração a geração, graças à 
redução meiótica. 
2. Permite o arranjo aleatório dos cromossomos maternos e paternos entre os 
gametas. 
3. Relocaliza os segmentos dos cromossomos materno e paterno através do 
crossing-over, que embaralha os genes, produzindo recombinação do material 
genético. 
Gametogênese anormal 
• Distúrbios da meiose durante a gametogênese, por exemplo a não-disjunção, resultam 
na formação de gametas cromossomicamente anormais. 
• Se envolvidos na fecundação, esses gametas causam um desenvolvimento anormal, 
por exemplo: 
1. Síndrome de Down: trissomia do cromossomo 21
2. Síndrome de Klinefelter: trissomia dos cromossomos sexuais (XXY)
3. Síndrome de Turner: gameta não apresenta um dos cromossomos sexuais 
(X0) 
ESPERMATOGÊNESE (Gametogênese masculina) 
• É a sequência de eventos pelos quais as espermatogônias são transformadas em 
espermatozóides. 
• Esse processo de maturação inicia-se na puberdade: as espermatogônias permanecem 
quiescentes nos túbulos seminíferos dos testículos desde o período fetal, ao atingir a 
puberdade essas espermatogônias crescem e sofrem modificações.
• As espermatogônias podem assumir duas linhagens, tipo A, que pode originar tanto 
outras espermatogônias quanto células tronco e o tipo B, que irá dar continuidade na 
espermatogênese, sendo transformadas em espermatócitos I. Repare que graças às 
espermatogônias do tipo A a produção de gametas masculinas está sempre ocorrendo, 
diferentemente da produção de gametas femininos. 
• Os espermatócitos I são as maiores células germinativas dos túbulos seminíferos e 
cada um irá sofrer uma divisão reducional (primeira divisão meiótica) para formar 2 
espermatócitos II haplóides. Note que nesse processo uma célula 2n 
(espermatócito I) teve seu número cromossômico reduzido à metade, originando uma 
célula n (espermatócito II).
• Em seguida, os espermatócitos II sofrem a segunda divisão meiótica (equacional) 
originando 4 espermátides. Note que ,como a segunda divisão meiótica é equacional, 
uma célula n deu origem a outra célula n. 
• As espermátides são gradualmente transformadas em espermatozóides por um 
processo denominado espermiogênese. 
• As células de Sertoli que revestem os túbulos seminíferos dão suporte e nutrição para 
as células germinativas, além disso, participam também da regulação do processo de 
espermatogênese, através da secreção de ABP (proteína ligante de andrógeno), inibida, 
hormônio antimulleriano, conversão de testosterona em estradiol e manutenção da 
barreira hematotesticular. 
• As células de Leydig produzem testosterona, hormônio fundamental no início e 
manutenção da espermatogênese. 
• Os espermatozóides são transportados passivamente para o epidídimo, onde são 
armazenados e adquirem sua mobilidade e maturação. 
• Todo o processo de espermatogênese (desde as espermatogônias até os 
espermatozóides) dura em torno de 64 dias. Mas vale lembrar que esse é um processo 
feito em “ondas”, ou seja, assincrônico, diferentes partes dos túbulos seminíferos 
estão em diferentes estágios de maturação. Isso garante uma produção contínua de 
gametas masculinos. 
Espermiogênese: 
• Como já foi dito, espermiogênese é o processo de transformação morfológica em que 
espermátides são convertidas em espermatozóides.
• Esse processo possui algumas etapas gerais: 
1. Formação de uma vesícula acrossomal a partir do complexo de Golgi. 
2. Formação de uma flagelo a partir de um centríolo.
3. Concentração das mitocôndrias na peça intermediária. 
4. Eliminação dos restos citoplasmáticos. 
5. Concentração dos receptores de membrana na cabeça do espermatozóide.
• Os espermatozóides recém ejaculados ainda não encontram-se totalmente maduros. 
Para isso, precisam passar no útero e nas tubas uterinas por uma processo de 
capacitação. Nesse processo os espermatozóides perdem a capa glicoprotreica que 
recobria seu acrossomo. Assim, enzimas acrossomais importantes, como a 
hialuronidase, conseguem degradar a corona radiata e a zona pelúcia no momento da 
fecundação. 
Glândulas acessórias: 
• Vesículas seminais: responsável por 70% do ejaculado, fluído rico em frutose (para 
nutrição do espermatozoides), citrato, inositol, prostaglandinas (estimula a motilidade 
uterina) e proteínas. 
• Próstata: secreção amarelada, rica em glicoproteínas. 
• Glândulas bulbouretrias (de Cowper): muco claro e lubrificante. 
Alguns defeitos: 
• Síndrome dos Cílios Imóveis (Síndrome de Kartagener): Quando há uma falha na 
dineína ciliar, não há movimento de cílios e nem de flagelos. Isso impede o 
deslizamento de um microtúbulo sobre o outro, causando esterilidade, além de afetar 
as vias áreas e aumentar a suscetibilidade à infeções respiratórias. 
• Criptorquidia: quando os testículos não completam seu trajeto embrionário e 
permanecem retroperitoneais, na cavidade abdominal. Isso causa infertilidadedevido à 
temperatura aumentada, no entanto, a produção de testosterona é preservada. 
• Azoospermia: ausência total de espermatozóides. Pode ser explicada por defeitos 
congênitos nos testículos, traumas, desregulação hormonal, tabagismo, uso de 
substâncias químicas nocivas, ou ainda, Síndrome das Células de Sertoli (Aplasia 
Germinal ou Síndrome de Del Castillo) caracterizada pela ausência total de células 
germinativas nas túbulos seminíferos, sendo encontrado somente as células de Sertoli. 
• Oligozoospermia: baixa quantidade de espermatozoides. Poder ser explicada pela 
ocorrência de orquite (inflamação dos testículos), varicocele, criptorquidia, estresse, 
tabagismo e alcoolismo. 
Vasectomia: 
• É um método contraceptivo masculino em que ocorre a excisão de um segmento do 
ducto deferente. 
• A única alteração é a falta de espermatozóides no ejaculado. A produção do ejaculado, 
e a regulação hormonal permanecem as mesmas. 
• Atualmente já se pode reverter essa intervenção cirúrgica. 
Controle hormonal da espermatogênese (Eixo hipotálamo-hipófise-testículo): 
� 
- LH (Hormônio Luteinizante): sintetizado pela hipófise, estimula as células de Leydig a 
produzir testosterona.
- Testosterona: Pode ir para a corrente sanguínea e realizar feedback (retroalimentação) 
negativa no caso de um acúmulo de testosterona no sangue. Esse feedback negativo 
inibiria a produção de LH pela hipóse, interrompendo o ciclo. Ou ainda, pode ir para os 
túbulos seminíferos onde irá gerar a manutenção da espermatogênese 
- FSH (hormônio folículo estimulante): o nível de testosterona no sangue não é o 
suficiente para o início e manutenção da espermatogênese. Por isso, o FSH induz as 
células de Sertoli a sintetizarem a proteína ligante de androgênio (ABP) 
- ABP: liga testosterona impedindo que este hormônio deixe a região do túbulo 
seminífero e elevando os níveis de testosterona o suficiente para manter a 
espermatogênese 
- Inibina: produzida pelas células de Sertoli, inibe a produção de FSH, num mecanismo 
de feedback 
OVOGÊNESE (Gametogênese feminina) 
• A ovogênese é a sequência de eventos pelos quais as ovogônias são transformadas 
em ovócitos maduros. 
• Esse processo de maturação inicia-se antes do nascimento (intra-uterino) e é 
completado depois da puberdade, continuando-se até a menopausa.
• As ovogônias se originam na parede do saco vitelino, em número de  100 a 300, se 
multiplicam e migram pela parede dorsal até encontrarem o local dos futuros ovários, 
somando aproximadamente 7 milhões de ovócitos I, em folículos primários. Muitos 
folículos primários se atrofiam, restando cerca de 2 milhões ao nascimento e na 
puberdade 400.000. Somente 400 serão ovulados. 
Maturação Pré-Natal: 
• Durante a vida fetal, as ovogônias proliferam por divisão mitótica. 
• Elas então crescem, sem divisão, para formar os ovócitos I antes do nascimento.
• Tão logo o ovócito I se forma, as células do tecido conjuntivo o circundam e formam 
uma única camada pavimentos de células foliculares. 
• O ovócito I circundado por esta camada de células constitui um folículo primordial. 
• A medida que o ovócito I cresce, durante a puberdade, as células foliculares se tornam 
cubóides, formando um folículo primário. 
Interrompida em prófase I
Interrompida em metáfase II
• O ovócito I é logo envolvido por uma camada de material glicoproteico acelular e 
amorfo - a zona pelúcida. 
• Os ovócitos I iniciam a primeira divisão meiótica antes do nascimento, mas a 
prófase não se completa até a adolescência. 
• Acredita-se que as células foliculares que envolvem o ovócito I secretem uma 
substância conhecida como inibidor da maturação do ovócito, que age mantendo 
estacionado o processo meiótico do ovócito. 
Maturação Pós-Natal: 
• Após o nascimento não se forma mais nenhum ovócito I, o que contrasta com a 
contínua produção de espermatócitos I no homem. 
• Os ovócitos I permanecem em repouso nos folículos ovarianos até a puberdade, 
quando os hormônios LH e FSH estimulam a retomada da maturação. 
• Com a maturação do folículo, o ovócito I aumenta de tamanho e, imediatamente antes 
da ovulação, completa a primeira divisão meiótica para dar origem ao ovócito II e o 
primeiro glóbulo polar (o glóbulo polar é uma célula pequena, não funcional, que logo 
degenera). 
• Na ovulação o ovócito II inicia a segunda divisão meiótica, mas progride apenas até 
metáfase, quando então a divisão é interrompida. 
• Se ocorre a fecundação, a segunda divisão meiótica é completada, originando um 
óvulo e o segundo glóbulo polar. 
• No óvulo, então, passa a ocorrer a fusão do material cromossômico. 
• Caso não haja fecundação o processo acaba em ovócito II e não há a formação do 
óvulo. 
• Ao mesmo tempo em que ocorre o desenvolvimento das células germinativas ocorre o 
desenvolvimento das células foliculares: 
Desenvolvimento Folicular: 
• Folículo primordial: São abundantes antes do 
nascimento, depois do que seu número diminui. 
Constituído por um ovócito primário circundado por 
uma única camada de células pavimentosas. 
• Folículo primário: As células foliculares tornam-se 
cuboides. Quando uma única camada de célula 
foliculares cuboides envolve o ovócito, o folículo é 
denominado folículo primário unilamelar. Quando 
se proliferam e estratificam o folículo passa a ser 
denominado folículo primário multilamelar, e as 
cé lu las fo l i cu la res são ma is comumente 
denominadas células da granulosa. Durante este 
estágio, aparece uma substância glicoproteica 
decretada pelo ovócito que separa o ovócito das 
células foliculares - a zona pelúcida. As células do 
estroma começam a organizar-se em torno do 
folículo primário multilamelar formando a teca 
in te r na ( pa r t e ma i s f rouxa e r i camen te 
vascularizada) e a teca externa (parte mais fibrosa). As células da teca interna 
secretam o hormônio sexual masculino androstenediona, que penetra nas células da 
granulosa, onde é convertido no estrógeno estradiol. Assim, há um aumento na 
quantidade de estrógeno conforme o progresso do desenvolvimento do folículo. 
• Folículo secundário (Antral): Os folículos secundários são semelhantes aos folículos 
primários exceto pela presença de um acúmulo de líquido folicular entre as células da 
granulosa, que formam espaços, os antros. A continuação da proliferação das células 
da granulosa depende do FSH, que aumenta o número de camadas de células da 
granulosa, assim como o número de espaços intercelulares contendo líquido folicular). 
A zona pelúcida torna-se mais evidente e as tecas ficam mais bem distinguidas. 
• Folículo de Graaf (Maduro ou Terciário): É o desenvolvimento máximo do folículo, 
sendo que este pode apresentar um tamanho igual ao do próprio ovário. Apresenta um 
único e grande antro. O ovócito é desviado para a periferia e encontra-se envolto por 
uma ou duas camadas de células foliculares denominada corona radiata. Ligando o 
ovócito às demais células foliculares há um denso celular denominado Cumulos 
Oophorus. O folículo de Graaf pode romper, liberar o ovócito e completar seu ciclo. 
Caso ele não rompa irá sofrer involução e originar o chamado folículo atrésico.

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