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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DE BOM DESPACHO ELIANA APARECIDA COSTA LILIANE PAULA SILVA DE JESUS A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO E A SUA IMPORTÂNCIA NA RESSOCIALIZAÇÃO DE PESSOAS EM PRIVAÇÃO DA LIBERDADE BOM DESPACHO 2020 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DE BOM DESPACHO ELIANA APARECIDA COSTA LILIANE PAULA SILVA DE JESUS A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO E A SUA IMPORTÂNCIA NA RESSOCIALIZAÇÃO DE PESSOAS EM PRIVAÇÃO DA LIBERDADE Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, da Universidade Una de Nova Serrana, como parte dos requisitos para obtenção do título em licenciatura em Pedagogia. Orientadora: Geralda Pinto Ferreira BOM DESPACHO 2020 ELIANA APARECDA COSTA LILIANE PAULA SILVA DE JESUS A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA RESSOCIALIZAÇÃO DE PESSOAS EM PRIVAÇÃO DA LIBERDADE. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Una de Bom Despacho, como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. BANCA EXAMINADORA _____________________________________________________ Prof.ª Orientadora Geralda Pinto Ferreira Centro Universitário Una de Bom Despacho ________________________________________________ Prof.ª Avaliadora Cassia Pereira Centro Universitário Una de Bom Despacho ________________________________________________ Prof.ª Avaliadora Centro Universitário Una de Bom Despacho Aprovado em ___/___/___ 4 A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA RESSOCIALIZAÇÃO DE PESSOAS EM PRIVAÇÃO DA LIBERDADE Eliana Aparecida Costa1 Liliane Paula Silva de Jesus2 RESUMO A relevância da educação prisional como instrumento de ressocialização e de desenvolvimento de habilidades e de educação para a empregabilidade é notória no sentido de auxiliar os reclusos a reconstruir um futuro melhor durante e após o cumprimento da sentença. Os objetivos de encarceramento ultrapassam as questões de punição, isolamento e detenção. A educação auxilia e permite a obtenção dos objetivos centrais de reabilitação que incidem em resgate social e educação libertadora numa dimensão de autonomia, sustentabilidade e minimização de discriminação social. Palavras-chave: Educação Prisional; Recuperação; Ressocialização. ABSTRACT The relevance of prison education as a tool for resocialization and skill development and education for employability is notorious in helping prisoners rebuild a better future during and after the sentence is served. Incarceration goals go beyond the issues of 'punishment, isolation and detention. Education helps and enables the attainment of the central objectives of rehabilitation that focus on social rescue and liberating education in a dimension of autonomy, sustainability and minimization of social discrimination. Keywords: Prison Education, Recovery, Resocialization. 1 Graduanda em Pedagogia – eliana36costa@hotmail.com 2 Graduanda em Pedagogia – lilianedejesus2014@gmail.com mailto:eliana36costa@hotmail.com mailto:lilianedejesus2014@gmail.com 5 1. INTRODUÇÃO O processo de ressocialização, o qual inclui ações educacionais nos presídios, tem por finalidade fazer com que o infrator retorne para a sociedade a fim de ter uma vida digna. A inserção desse indivíduo no contexto educacional prisional é um dever do estado. Além de ser uma das formas de prevenção para que o preso não venha a cometer novos delitos em desfavor da pessoa vitimada ou do próprio estado. De acordo com a Lei de Execução Penal, os presos têm direito a cursos, a graduações, entre outros, isto é, têm direito de acesso a aprendizagem. Contudo, ao se olhar o contexto de ressocialização, de acordo com dados nacionais, a pedido do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a cada quatro ex-sentenciados um volta a ser condenado por algum crime no prazo de cinco anos, esta taxa correspode a 24,4% . Diante disso, questiona-se se essas ações educacionais no cárcere são eficazes para auxiliar a ressocialização? Pode-se entender a ressocialização como sendo o conjunto de atributos que permite ao indivíduo tornar-se útil a si mesmo, a sua família e a sociedade. Wacquant (1999), em seu livro, As prisões da miséria, cita que uma política pública com mobilidade social é difícil de ser implementada, definindo-se que o combate a violência é parte essencial da formulação de estratégia para resolvê-la, pois verifica-se através da trajetória histórica do homem, a violência sendo um fator determinante para soluções e implementações de novas legislações sempre mais punitivas. Segundo Paulo Freire (1968) o mais célebre educador brasileiro, autor da obra “pedagogia do oprimido”, o objetivo da escola é ensinar o aluno “a ler o mundo para poder transformá-lo”. Isto é o que se espera da educação formal e não formal. Ainda segundo MIRABETE (2007) qualquer pessoa não importando sua idade nem tampouco seu status jurídico, tem o direito de receber educação, desde que careça qualitativa ou quantitativamente desta, devendo o Estado garantir e prover a educação aos presos e internados se não o tiver feito favoravelmente no lar e na escola. 6 Nosso trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma, com o tema: A educação no sistema penitenciário e sua importância na ressocialização de pessoas em privação da liberdade. Tendo como problemática, a ressocialização do preso, por meio da educação é possível no sistema penitenciário brasileiro? Segundo, (SILVA JUNIOR, 2011) as escolas que funcionam nos estabelecimentos prisionais não podem furtar-se da sua função social diferenciada, preocupadas tão somente em transmitir conteúdos e possibilitar mobilidade social. Sua função, seu Projeto Político-Pedagógico, tem como exigência, contribuir também para que os sujeitos encarcerados tenham novas oportunidades, compreendam e reflitam sobre os processos de encarceramento, desenvolvam estratégias de sobrevivência e reinserção de reintegrar-se socialmente, com mínimas possibilidades de reincidências no cometimento de crimes. Na situação problema da pesquisa se questiona se a ressocialização do preso, POR MEIO DA EDUCACÃO, é possível no sistema penitenciário brasileiro? A Lei de Execução Penal, em seu artigo 1.º, apresenta dupla finalidade, quais sejam, executar a pena imposta ao condenado e dar condições efetivas para sua reintegração à sociedade. Entretanto, no Brasil as prisões não apresentam condições para a realização do trabalho de recuperação dos presos. Diante da dificuldade e da realidade que se tem no Sistema Prisional Brasileiro constitui-se como um desafio, para a educação a ressocialização dos detentos. O trabalho tem o objetivo de analisar por meio de pesquisa bibliográfica a eficácia das políticas de educação adotadas no sistema prisional para a ressocialização. Como nos diz o grande pensador Piaget (1947) o ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola. Os Objetivos específicos são; Revisar e analisar pesquisas que relatam se os presidiários que participam das atividades educacionais no sistema prisional, alcançam os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento humano possíveis, ressocializando-se adequadamente. No tocante à metodologia, 7 fundamenta-se em um estudo bibliográfico. Assim, este artigo está organizado da seguinte forma: o primeiro capítulo apresenta a introdução, o segundo compõe o referencial teórico, este possui dois subtítulos, sendo, Contexto Históricoda Instituição Prisional, e a Educação no Sistema Penitenciário Nacional Brasileiro, nos quais apresentamos e dialogamos sobre a história do sistema prisional desde a sua origem e toda sua evolução e a educação dentro deste sistema; o terceiro capítulo descreve a metodologia e no quarto capítulo, analisamos o referencial teórico para por fim apresentamos a conclusão e as referencias. A abordagem buscou um melhor entendimento sobre a educação no sistema prisional. O trabalho conclusivo de curso permite de forma embasada que o estudante demonstre sua capacidade de realizar pesquisas, assim como exercitar os conhecimentos acadêmicos adquiridos na graduação, e para aqueles que desejam investir em concursos, públicos ou não, este poderá representar pontos à frente da concorrência, já que alguns editais preveem a representação do trabalho de conclusão como item relevante na prova de títulos. Fica claro, então, a relevância deste trabalho em relação à nossa formação, sendo um rico momento de socialização dos estudos, troca de experiência acadêmica, extensão e formação através de pesquisas , objetivo maior e principal do Ensino Superior. 8 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Contexto Histórico da Instituição Prisional O processo da sociedade capitalista esteve amparado na economia, no aumento das riquezas materiais, garantindo progresso na ampliação tecnológica e no bem-estar de uma parcela da sociedade. Em contrapartida, provocou os extremos de pobreza e marginalização social para grande parte da população dessa mesma sociedade, reduzindo a participação de um número significativo da população trabalhadora tanto no que se refere à disponibilidade de trabalho como ao usufruto dos bens produzidos, produzindo marginalização social e miséria. A exclusão social se refere à perda da identidade do trabalhador, à completa ausência do sentimento de pertencimento e de esperança de que as situações possam se reverter. De acordo com Gomes (2014), a desumanização do trabalhador provocada pela sociedade e seu sistema capitalista de produção, onde o principal objetivo é o acúmulo de riqueza a qualquer custo, traz para essa mesma sociedade conflitos de ordem econômica, social e política, cujas principais expressões são a violência e o medo, agressão física, mas também a violência simbólica, confirmada no temor daquilo que está oculto e que não vemos. Para Adorno (2000, p. 99), a partir de 1985 houve um aumento considerável da violência em nossa sociedade, o que provocou um sentimento coletivo de medo e insegurança e (...) as prisões não constituem instrumentos de reeducação de cidadãos condenados pela justiça. Segundo o autor é preciso buscar meios de lidar com esta violência e de amenizar seus prejuízos sociais. É essencial a luta pela construção de uma sociedade justa, principalmente quando assistimos a sociedade desprotegida e insegura com o aumento de homicídios, sequestros, roubos e da violência em geral. Para Onofre (2007, p. 12): Os presos fazem parte da população dos empobrecidos, produzidos por modelos econômicos excludentes e privados de seus direitos fundamentais de vida. Ideologicamente, como os “pobres”, são jogados em um 9 conflito entre as necessidades básicas vitais e os centros de poder e decisão que as negam. São, com certeza, produtos da segregação e do desajuste social, da miséria e das drogas, do egoísmo e da perda de valores humanitários. Pela condição de presos, seus lugares na pirâmide social são reduzidos à categoria de “marginais”, “bandidos”, duplamente excluídos, massacrados, odiados. Nesse sentido, repensar a conduta das instituições penais que se propõem a fazer a recuperação de seus internos e internas, reeducando-os, é de fundamental importância, já que somente com oportunidades concretas de reinserção social, enquanto sujeitos de direitos, é que será possível a cada um deles construir novos caminhos através da educação (ONOFRE, 2007). A educação está inserida dentro do Sistema Penitenciário há mais de 60 anos. Silva Junior (2011), afirma que antes da década de 1950 não havia proposta de estudos aos presos, uma vez que a cadeia era um local de detenção de pessoas que aguardavam uma decisão judicial. Ao longo das últimas décadas do século XX foram criados vários mecanismos para implementação do ensino nas prisões, cumprindo assim o que determina a lei, pois utilizar a educação no período do pagamento da pena contribui para que o encarcerado adquira oportunidades para reflexão e para adquirir conhecimento e melhoria da condição de vida dentro da prisão. O Brasil apresenta três tipos de penas, sendo que estão presentes no artigo 32 do Código Penal. Sendo elas: privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa. Após estabelecer o sistema prisional, no início do século XX, a prisões ganharam variações para acolherem a legitimidade social e garantir um maior controle da população carcerária. Surgindo então, modelos modernos de prisões adequadas à qualificação do preso segundo categoriais criminais: contraventores, menores, processados, loucos e mulheres (MACHADO et al, 2013). 10 2.2. Educação No Sistema Penitenciário Nacional Brasileiro Paulo Freire (2002) a Educação Prisional, deve também estar atenta à construção de ambiente propício à construção de saberes, habilidades e competências para uma atuação profissional, em termos pedagógicos, voltada para a mudança, ou mudanças, no modo de interagir o homem reeducando-o com a sociedade. Para tanto a educação prisional deve ainda atenuar-se às complexidades e dimensões da realidade sociocultural do contexto intra e extramuros do sistema penitenciário, na medida em que o processo de formação e qualificação profissional requer, de maneira dialética, a busca pelo conhecimento. Conhecer, na dimensão humana, (...) não é o ato através do qual um sujeito, transformado em objeto, recebe, dócil e passivamente, os conteúdos que outro lhe dá ou impõe. (...) O conhecimento, pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica em invenção e em reinvenção. Reclama a reflexão crítica de cada um sobre o ato mesmo de conhecer, pelo qual se reconhece conhecendo e, ao reconhecer-se assim, percebe o ‘como’ de seu conhecer e os condicionamentos a que está submetido seu ato. (...) conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito, e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer (FREIRE, 2002 p. 27). Segundo o autor, tais princípios não devem causar prejuízo à consolidação de uma cultura prisional focada na ética, na segurança e na manutenção da ordem incluídos a defesa de valores, como: reconhecimento e respeito à autoridade e a hierarquia, a obediência às normas. A educação tem que oferecer necessidades básicas, a fim de que todas as pessoas que se encontram na prisão, independentemente do tempo, possam aprender habilidades, tais como, ler, escrever, fazer cálculos básicos que contribuirão para a sua sobrevivência no mundo exterior (COYLE, 2002 p,189). Para que o apenado tenha ocupação e superar as dificuldades vividas na prisão, utilizar parte do período do dia com atividades laborativas como, por exemplo, o 11 estudo, a capacitação profissional e o trabalho, podem ser aproveitados para melhorar o nível de aprendizado e qualificação, de modo que, quando voltarem ao convívio fora da prisão, tenham um leque maior de oportunidades, mas para isso é preciso dedicação, superação e força de vontade no resgate da libertação em busca do saber que seja capaz de transformar o meio em que vive. (SILVA JUNIOR, 2011). Conforme o Manual de Administração Penitenciaria Lei nº 733/2013. Art. 54. Será garantida aos apenados suafrequência aos cursos ministrados, bem como sua inscrição aos Exames Supletivos, Exame Nacional de Certificação e Competência de Educação de Jovens e Adultos - ENCCEJA e Exame Nacional de Ensino Médio-ENEM, oferecidos anualmente pela Secretaria de Estado de Educação e Ministério de Educação e Cultura. A capacitação dos reeducando se estabelece como uma forma de mudança de paradigmas, tendo em vista que a qualificação tem natureza preventiva e inclusiva. Assim sendo, a qualificação tem como base aliar também uma conduta que combina valores econômicos e sociais, vencer a desconfiança da sociedade é uma tarefa que exige um conjunto de ações não só do governo, mas de programas de educação, sociais e determinação do apenado em seguir outro caminho, (OLIVEIRA NASCIMENTO, 2009). Cabe ao Estado a prestação de serviços que visem a promoção e a assistência aos apenados, sobretudo a profissionalização, para que sejam integrados ao mercado de trabalho pois, assim será possível que eles possam gerar seu sustento e de sua família, e proporcionar condições para a harmônica integração social possibilitando mudanças no sistema prisional (MIRABETE, 2000). No entanto, o investimento é mínimo por parte do governo, sem falar que a sociedade é em grande maioria contra os programas de financiamento de capacitação, educação e demais iniciativas na reabilitação do preso. A sociedade nutriu o desejo de vingança, pelos atos criminosos praticados pelo preso, não creditando a possibilidade de recuperação dos mesmos, o mesmo conceito além de 12 prejudicar a ressocialização, prejudica a reinserção em sociedade que acaba por contribuir para o retorno do sujeito para o crime. A educação do sistema penitenciário brasileiro vem sofrendo uma precariedade absoluta em unidades cada vez mais superlotadas, com pouca capacidade de estrutura física adequada para atender os reeducandos e dar-lhes um ensino de qualidade, faltando investimentos de políticas públicas por parte de nossos governantes em melhorias da infraestrutura nos sistemas penitenciários, (SILVA E MOREIRA, 2008). A falta de políticas públicas para atendimento aos presos que pagam suas dívidas com a justiça e retornam às ruas dispostos a levar uma vida normal, ajuda a alimentar a criminalidade, pois em uma avaliação mais aprofundada dos fatos, poucas são as propostas do estado existentes para tal. A Lei de Execuções Penais, por exemplo, exige que todos os condenados exerçam algum tipo de trabalho, bem como que os presos tenham garantido o acesso ao Ensino Fundamental. Mas apenas 26% participam de alguma atividade laborativa e 17,3% estudam, (ALMEIDA, 2012). O Art. 3º diz que “ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. Ora, se o direito à educação não é alcançado pela sentença, por que razão a mesma lei menciona, de forma muita tímida, como será promovida a assistência educacional nos estabelecimentos prisionais? Se a constituição garante, no Art. 205, que a educação é um direito de todos e um dever do Estado, portanto, “todos”, sem distinção, são sujeitos de direito, (LEP, 1997). Por fim, como afirma Oliveira (2003), o que se deve discutir, agora, é como esse direito vai se efetivar na prática. Também é preciso haver mobilização para a questão que deve ser colocada, e, de igual importância, o tipo de educação que se oferecerá nas prisões. 13 3. METODOLOGIA Antes de explicitar especificamente os resultados, descrevemos os caminhos metodológicos que permitiram a produção do material empírico desta pesquisa. A investigação da pesquisa para este artigo foi operacionalizada por meio de uma pesquisa quanti-qualitativa, bibliográfica. (GIL, 2002). As técnicas de coletas de dados utilizadas serão aquelas próprias da pesquisa bibliográfica. De acordo com (GIL, 2002) pesquisa bibliográfica “é a pesquisa desenvolvida com base em material já desenvolvido, como livros, jornais, artigos científicos e internet, com propósito de cimentar o assunto pesquisado”. Assim, foi feito um levantamento da bibliografia especializada sobre o tema através do google acadêmico, bem como nas bibliotecas virtuais acessíveis para em seguida proceder-se à leitura e fichamento daqueles textos e autores julgados mais relevantes, e, finalmente, proceder-se-á análise das informações específicas e a elaboração de um artigo sobre o tema. Aliás, são inúmeras as demonstrações de falência do sistema prisional, visto que os órgãos de comunicação diariamente noticiam problemas de superlotação atrelados a rebeliões, motins e fugas, que acabam por estampar de forma pública e notória a total ineficiência do estado na recuperação e ressocialização do apenado dando mostras cabais do caos vivido pelo sistema penitenciário brasileiro. A solução para que a ressocialização se efetive é uma política carcerária que garanta dignidade ao preso em todos os sentidos, desde a prática de atividade física até o acesso ao trabalho profissionalizante. É através da educação e da profissionalização do condenado que se tornará possível oferecer condições para o reingresso no mundo do trabalho e consequentemente no convívio social. 14 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação inserida nos centros penitenciários é de suma importância não só para àqueles que estão submetidos à pena restritiva de liberdade, mas também para toda a sociedade, uma vez que, inserindo conhecimento para as pessoas que tiveram um comportamento anti-social, reprovado por toda a sociedade, será mais eficaz a tentativa de se reeducar tais indivíduos, possibilitando melhor convivência quando em retorno à sociedade e permitindo maior chance para o mercado de trabalho. Assim, a educação no sentido mais pleno tem que ter como objetivo o desenvolvimento integral da pessoa humana, levando-se em conta seus aspectos sociais, culturais e econômicos, devendo incluir para as pessoas presas acesso a livros, aulas e atividades culturais, para que possam estimular o presidiário a se desenvolver como pessoa, facilitando seu retorno à sociedade quanto finda sua pena, integrando e garantindo ingressar no mercado de trabalho, para que por fim, possam contribuir no desenvolvimento social, reduzindo a taxa de reincidência e conseqüentemente à prevenção da criminalidade (COYLE, 2002). Paulo Freire (2002) a Educação Prisional, deve também estar atenta à construção de ambiente propício à construção de saberes, habilidades e competências para uma atuação profissional, em termos pedagógicos, voltada para a mudança, ou mudanças, no modo de interagir homem o reeducando com a sociedade. Para tanto a educação prisional deve ainda antenar-se às complexidades e dimensões da realidade sociocultural do contexto intra e extramuros do sistema penitenciário, na medida em que o processo de formação e qualificação profissional requer, de maneira dialética, a busca pelo conhecimento. Ao retomar o pensamento sobre a educação não podemos deixar de constatar que esta está sendo utilizada, como condição, não para mudança de um paradigma, mas para a garantia e manutenção da ordem vigente do processo político social. Continuamos a reproduzir os benefícios da “Produtividade da Escola Improdutiva” de Gaudêncio Frigotto (1993). Escolhemos este momento final do trabalho, não para que seja apresentadas conclusões gerais ou respostas, mas, para fazer certo diálogo com tudo aquilo que 15 foi pesquisado, colhido, a partir das pesquisas, que por sua vez irão atender a novas investigações acerca da temática aqui apresentada, pois a busca pelo saber é sempiterna. Podemos perceber qua a educação em unidades prisionais configura-se num grande desafio para os profissionais de pedagogia, que refletem, e pensam, no mundo contemporâneo sobre práticas educacionais,sendo de suma importância a possibilidade deste profissional, aglutinar conhecimentos que vão muito além de práticas pedagógicas. Queremos ressaltar que a postura do professor frente à educação no sistema penitenciário necessita ser efetivamente reestruturada. Retomando, novamente, as falas de dois ícones de nossa educação, Freire afirma que é fundamental que o professor tenha “clareza em torno de, a favor de quem e do quê, e portanto, contra quem e contra o quê, fazemos a educação” (FREIRE, 1982), e Gaudêncio Frigotto salienta ainda que o “conhecimento (enquanto responde a necessidades concretas) sempre presta um serviço. Apesar de todas essas dificuldades, vale a pena ressaltar o comprometimento dos profissionais em educação, que dão importância ao destino dessas pessoas, que por algum motivo enveredaram para o mundo do crime, reconduzindo-as ao convívio social, sendo esse comprometimento essencial para uma mudança de comportamento dos apenados, atraves das pesquisas feitas podemos destacar uma considerável melhoria no comportamento, na elevação da auto-estima e ausência de violência nas áreas que são destinadas a educação, haja visto que existe respeito entre os apenados e os profissionais da educação. Um bom exemplo disso é o programa do CNJ Começar de Novo, que visa sensibilizar órgãos públicos e a sociedade como um todo para que proporcionem e viabilizem vagas no mercado de trabalho e/ou cursos profissionalizantes para os ex-presidiários que já pagaram sua dívida com a sociedade. Percebemos nas pesquisas que os próprios sujeitos têm uma consciência crítica em relação à educação e acreditam que ela juntamente com oportunidades de emprego, é o caminho para mudar suas vidas e de suas famílias e um direito à cidadania. Após análises feitas nas pesquisas sobre o sistema prisional, observamos que é 16 difícil o processo de ressocialização através da educação, pois esta não atende todos os encarcerados. Atende uma somente uma minoria, o que é insuficiente para que haja uma progressão satisfatória destes indivíduos capaz de contribuir com o seu retorno à sociedade. Diante de observações notamos que o interesse maior desses apenados inseridos no projeto educacional, a princípio não era de ressocialização e sim de remição de pena, necessitando de potencializar o incentivo da ressocialização através dos estudos bem como melhores condições de aprendizado, diante da realidade do sistema prisional acredita-se que apesar de todos os problemas enfrentados, o estudo representa um novo caminho abrindo novos horizontes para muitos desses apenados. Neste trabalho pretendemos, ainda que tenhamos consciência da enorme dificuldade da ressocialização, fugir deste paradigma, extrapolar as barreiras do preconceito e mostrar que, existe sim mudança, e radical, quando há utilização da educação dentro do sistema penitenciário. Diante desta constatação, percebe-se que a educação é uma ferramenta potente para quebrar esse ciclo preconceituoso, de que não há ressocialização para apenados,cabe ao poder público, aos educadores e a sociedade contribuir para que esta ferramenta seja ofertada a toda população carcerraria, para que todos acreditem e percebam o quanto a ressocialização através da educação pode fazer a diferença na vida da população encarcerada. 17 5. REFERÊNCIAS ADORNO, S. Ética e violência: adolescentes, crime e violência. In: ABRAMO, H.W.; FREITAS, M.V.; SPÓSITO, M.P. (Org.). Juventude em debate. São Paulo: Cortez, 2000. p. 97-110. ALMEIDA. A educação de jovens e adultos - EJA em instituições carcerárias: o olhar dos sujeitos em contexto, 2012.Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/revistas/setepe/trabalhos/TRABALHO_EV068_MD1 _SA5_ID284_17112016225714.pdf >. Acesso em: 25/06/2020. BRASIL. Brasil: informações penitenciárias. 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