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Pessoa nasceu em 13 de junho de 1888 em Lisboa. Em 1893 morre seu pai e em 1894, seu irmão, Jorge. No ano seguinte, sua mãe casa-se português em Durban, na África do Sul. Em 1896, a família parte para Durban onde Fernando Pessoa estuda e aprende o inglês. Em 1905, ele regressa definitivamente a Lisboa, com intenção de se inscrever no Curso Superior de Letras. Lê Shakespeare, Wordsworth e filósofos gregos e alemães. Toma contato com a poesia francesa, especialmente a de Baudelaire e lê os poetas portugueses Cesário Verde e Camilo Pessanha. Em 1907, abandona o curso superior e monta uma tipografia que mal chega a funcionar. No ano seguinte, começa a trabalhar como correspondente estrangeiro em casas comerciais, profissão que exerceu até a morte. Pessoa escolhe uma vida discreta, mas livre, sem obrigações fixas. Alberto Caeiro - Nascido em Lisboa em 16 de abril de 1889 é o mais objetivo dos heterônimos. Busca o objetivismo absoluto, eliminando todos os vestígios da subjetividade. É o poeta que se volta para a fruição direta da Natureza; busca "as sensações das coisas tais como são". Opõe-se radicalmente ao intelectualismo, à abstração, à especulação metafísica e ao misticismo. Neste sentido, é o antípoda de Fernando Pessoa "ele- mesmo". É o menos "culto" dos heterônimos, o que menos conhece a Gramática e a Literatura. Mas, sob a aparência exterior de uma justaposição arbitrária e negligente de versos livres, há uma organização rítmica cuidada e coerente. Ricardo Reis nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - representa a vertente clássica ou neoclássica da criação de Fernando Pessoa. Sua linguagem é contida, disciplinada. Seus versos são, geralmente, curtos, tendendo à vernaculidade e ao formalismo. Tem consciência da fugacidade do tempo; apoia-se na mitologia greco- romana; apresenta-nos uma musa (Lídia) e, filosoficamente, é adepto do estoicismo e do epicurismo (saúde do corpo e da mente, equilíbrio, harmonia) para que se possa aproveitar a vida, mas sem exageros, sossegadamente, porque a morte está à espreita. Médico que se mudou para o Brasil. Álvaro de Campos, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887 - é o lado "moderno" de Fernando Pessoa, caracterizado por uma vontade de conquista, por um amor à civilização e ao progresso, por uma linguagem de tom irreverente. Essa modernidade tem ligações claras com o cosmopolita Cesário Verde, com Walt Whitman e com o Futurismo. Sentindo e intelectualizando suas sensações (sentir e pensar), Campos percebe a impossibilidade de não pensar, observa criticamente o mundo e a si próprio, angustiando-se diante do tempo inexorável e do absurdo da vida. Apresenta- se como o engenheiro inativo, inadaptado, inconciliado, com consciência crítica. Alberto Caeiro De acordo com a biografia instituída por Fernando Pessoa, Alberto Caeiro era órfão e vivia com uma tia no campo, por isso só recebeu a instrução primária. Autor de uma poesia aparentemente caracterizada pela simplicidade, no fundo mostra-se norteada por uma intensa complexidade filosófica, visto que o poeta nega tudo que esteja aquém da percepção sensível. Em função de tal posicionamento, demonstra todo seu empenho em impedir que o pensamento racional dificulte o contato direto com a natureza. Apresentando-se como rústico e ingênuo, considera que o verdadeiro conhecimento é aquele oriundo das forças sensitivas, pois acredita que a racionalidade preconizada pela ciência acaba por destituir a naturalidade humana, ao criar mistérios que na verdade não existem. Tais pressupostos pedem ser conferidos em O guardador de rebanhos. Ricardo Reis Ricardo Reis foi educado em colégio de jesuítas, tornou-se médico, monarquista e se revela como verdadeiro apreciador da cultura clássica. Mostrando-se contrário a Alberto Caeiro, sua produção é permeada pela racionalidade, pautando-se por temas relacionados à fugacidade do tempo, haja vista ter sido bastante influenciado pelos representantes árcades. Diante de tal perspectiva, valoriza a simplicidade conferida pela vida campesina, tendo como fonte de inspiração a ideologia de Horácio (baseada no Carpe Diem). Demonstra ser um autêntico epicurista, uma vez adepto das ideias de Epicuro (séc. III a.C), o qual ressaltava que a verdadeira sabedoria reside no equilíbrio dos sentidos e nos prazeres naturais, abnegados de “eventuais” excessos. Características demarcadas em Anjos ou Deuses Álvaro de Campos Engenheiro naval formado na Escócia, Álvaro de Campos se mostra como um futurista, demonstrando sua sensibilidade poética arraigada no presente e no futuro, sendo que aquele aparece em menor instância, quase sempre camuflado no saudosismo dos tempos de criança. Digamos que semelhantemente a Alberto Caeiro e Ricardo Reis, o poeta em questão também cultua as sensações, no entanto, estas resultam do contato com a modernidade, promovido pelo barulho dos automóveis, das máquinas a vapor, enfim, pelo crescimento industrial. Fatores responsáveis pelo instaurar de um sentimento de angústia e perplexidade - mediante tais avanços -, os quais resultam numa criação de cunho existencialista.
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