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livro - sistema de abastecimento de agua

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Sistema de Abastecimento de Água 
1 
Sistema de 
Abastecimento de Água 
Rodrigo Amado Garcia Silva 
1ª
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o 
Sistema de Abastecimento de Água 
2 
 
DIREÇÃO SUPERIOR 
Chanceler Joaquim de Oliveira 
Reitora Marlene Salgado de Oliveira 
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira 
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira 
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira 
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves 
 
DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira 
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva 
 
FICHA TÉCNICA 
Texto: Rodrigo Amado Garcia Silva 
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes 
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso 
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado 
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos 
 
COORDENAÇÃO GERAL: 
Departamento de Ensino a Distância 
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universo – Campus Niterói 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliotecária responsável: Ana Marta Toledo Piza Viana CRB 7/2224 
 
Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se 
responsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. 
© Departamento de Ensino a Distância - Universidade Salgado de Oliveira 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida 
de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de 
Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). 
S586s Silva, Rodrigo Amado Garcia. 
 Sistema de abastecimento de água / Rodrigo Amado Garcia Silva ; revisão 
Rafael Dias de Carvalho Moraes ; ilustração Eduardo Bordoni e Fabrício 
Ramos. - Niterói, RJ: EAD/UNIVERSO, 2016. 
 
181p. : il. 
 
Referências. 
 1 Abastecimento de água. 2. Recursos hídricos - Proteção - Brasil. 3. 
Tratamento da água. 4. Brasil. [Código de águas (1934)]. 5. Tratamento de 
resíduo. 6. Ensino à distância. I. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. II. Bordoni, 
Eduardo. III. Ramos Fabrício. IV. Título. 
 CDD 591 
Sistema de Abastecimento de Água 
3 
 
Palavra da Reitora 
 
Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, 
exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de 
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSOEAD, que reúne os diferentes 
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi 
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero 
bem-sucedidas mundialmente. 
São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio 
dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço 
presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio 
tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se 
responsável pela própria aprendizagem. 
O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que 
permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo o 
momento, ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de 
nossa plataforma. 
Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores 
especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são 
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. 
A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a 
distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo 
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, 
graduação ou pós-graduação. 
Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando 
as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o 
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. 
 
Seja bem-vindo à UNIVERSOEAD! 
Professora Marlene Salgado de Oliveira 
Reitora. 
Sistema de Abastecimento de Água 
4 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
5 
 
 
Sumário 
 
 
Apresentação da disciplina ............................................................................................. 7 
Plano da disciplina ............................................................................................................ 9 
Unidade 1 – Introdução ao Abastecimento de água ................................................ 11 
Unidade 2 – Concepção de Sistemas de Abastecimento de Água ........................ 33 
Unidade 3 – Consumo de Água no Sistema de Abastecimento ............................ 55 
Unidade 4 – Captação em Mananciais Superficiais e Subterrâneos...................... 83 
Unidade 5 – Adutoras, Estações Elevatórias e Reservatórios .................................. 109 
Unidade 6 – Redes de Distribuição de Água ............................................................... 139 
Considerações finais ......................................................................................................... 169 
Conhecendo o autor ......................................................................................................... 170 
Referências .......................................................................................................................... 171 
Anexos.................................................................................................................................. 173 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
6 
Sistema de Abastecimento de Água 
7 
 
 
Apresentação da Disciplina 
 
Prezado aluno, 
Seja bem-vindo à disciplina Sistema de Abastecimento de Água. 
O abastecimento de água é uma área profissional na qual o Engenheiro 
Ambiental tem todas as possibilidades de se inserir com sucesso. Para isto, é 
importante compreender os principais aspectos conceituais e de projeto 
relacionados aos sistemas de abastecimento de água. 
A disciplina está dividida em seis unidades, que englobam conteúdo teórico e 
exercícios. O conteúdo foi escrito em linguagem técnica simplificada, de modo a 
facilitar a pronta compreensão, e busca passar ao leitor o conhecimento essencial 
sobre o assunto estudado. 
Recomendamos que, paralelamente ao estudo deste material didático, você 
busque na web informações complementares sobre os assuntos estudados. Não 
hesite em pesquisar sempre que sentir necessidade. A internet é um meio rico em 
informação e um recurso que pode ajudá-lo a compreender melhor o conteúdo. 
Procure também, através dos variados meios de comunicação, contextualizar a 
matéria estudada com fatos atuais observados no dia a dia. É importante que o 
Engenheiro Ambiental esteja bem informado sobre os variados assuntos da 
atualidade pertinentes à sua área de atuação. 
Outra maneira de otimizar seu aprendizado e enriquecer sua cultura é 
consultar bibliografias alternativas. Recomendamos fortemente que o aluno faça 
isso sempre que sentir necessidade. O conteúdo desta disciplina foi inspirado em 
referências bibliográficas variadas, que são citadas ao final deste livro. Caso queira 
se aprofundar em algum assunto específico abordado no curso, estas são boas 
fontes para consulta. 
Fique à vontade sempre que precisar tirar dúvidas pertinentes aos temas que 
vamos estudar. 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
8 
Sistema de Abastecimento de Água 
9Plano da Disciplina 
 
A disciplina tem como objetivo principal apresentar ao aluno os principais 
conceitos, o funcionamento e a metodologia para projeto de um sistema de 
abastecimento de água (SAA). O curso aborda aspectos básicos, como o papel e a 
relevância do abastecimento de água, os tópicos específicos relativos ao 
dimensionamento e operação dos diferentes elementos do sistema. Com exceção 
da estação de tratamento de água, abordaremos todas as unidades do SAA. 
Tratamento de água costuma ser um assunto tratado à parte. 
O conteúdo foi dividido em seis unidades, organizadas em função da 
especificidade dos assuntos e da disposição sequencial das diferentes partes que 
compõem um sistema de abastecimento de água. Abaixo segue um resumo e os 
objetivos de cada unidade. 
 
Unidade 1 – Introdução ao abastecimento de Água 
Nesta unidade, apresentaremos ao aluno algumas características e os 
propósitos de um SAA. Veremos a importância do abastecimento de água para a 
saúde pública e para o desenvolvimento das comunidades. Ao longo do texto, 
apresenta-se um panorama e aspectos legais do abastecimento de água no Brasil. 
 
Unidade 2 – Concepção de Sistemas de Abastecimento de Água 
O conteúdo desta unidade apresenta: as partes que compõem o sistema de 
abastecimento, as normas técnicas para projeto e o estudo de concepção. 
Mostram-se ainda os possíveis arranjos de um SAA. 
Sistema de Abastecimento de Água 
10 
 
Unidade 3 – Consumo de Água no Sistema de Abastecimento 
Apresentamos nesta unidade os principais fatores que interferem no consumo 
de água e discutimos a importância do conhecimento desta variável no projeto do 
SAA. 
 
Unidade 4 – Captação em Mananciais Superficiais e Subterrâneos 
Aqui iniciaremos a abordagem de cada unidade do SAA individualmente, 
começando pela captação da água. Veremos como funciona e quais são as partes 
que compõem uma captação em corpo d’água superficial. Estudaremos também a 
captação de águas subterrâneas, sobretudo aspectos relacionados à hidráulica de 
poços. 
 
Unidade 5 – Adutoras, Estações Elevatórias e Reservatórias 
Ao longo da Unidade 5, veremos alguns tópicos relacionados a estes três 
elementos do sistema. Apresentaremos os diferentes tipos, as características e a 
forma como cada uma destas unidades pode se inserir no SAA. 
 
Unidade 6 – Redes de Distribuição de Água 
Encerraremos nosso curso estudando as redes que distribuem água aos 
consumidores. Veremos os diferentes tipos de rede e as alternativas para 
fornecimento de água. Discutiremos ainda o passo a passo para dimensionamento 
de uma rede de distribuição de água. 
 
Bons estudos! 
Sistema de Abastecimento de Água 
11 
Introdução ao 
Abastecimento de Água 1 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
12 
 
Nesta unidade, faremos uma introdução às principais características de 
sistemas de abastecimento de água, mostrando sua importância à saúde pública e 
ao desenvolvimento das comunidades. Em seguida, é apresentado um resumo 
sobre a situação recente do abastecimento de água no Brasil e, por fim, 
abordaremos a legislação que regula esta atividade em nosso país. 
 
Objetivos da unidade: 
 Introduzir o aluno aos aspectos básicos relacionados a sistemas de 
abastecimento de água; 
 Apresentar um panorama simplificado do abastecimento de água no 
Brasil, com base nas informações do Sistema Nacional de 
Informações sobre Saneamento – SNIS; 
 Apresentar, de modo simplificado, alguns pontos importantes da 
legislação relacionada a abastecimento de água no Brasil. 
 
Plano da unidade: 
 Abastecimento de Água: Características, Objetivos e Relevância 
 O Abastecimento de Água no Brasil 
 Legislação Brasileira para Abastecimento de Água 
 
Bons estudos! 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
13 
 
Abastecimento de Água: Características, Objetivos e 
Relevância. 
 
Um sistema de abastecimento de água (SAA) tem como principal objetivo 
abastecer uma comunidade com água em quantidade e qualidade suficientes para 
suprir suas necessidades de higiene, alimentação, uso doméstico, comercial e 
industrial. O sistema pode ser projetado para atender tanto a grandes aglomerados 
urbanos, como a pequenas comunidades. Em áreas rurais, que geralmente são 
menos povoadas, é comum a adoção de soluções individuais de abastecimento, 
como captação de águas subterrâneas e captação direta de nascentes. 
O conjunto de obras, instalações e serviços destinados à captação, tratamento 
e distribuição de água a uma comunidade constitui o sistema de abastecimento 
público de água. Sempre que possível, a solução coletiva é preferível em relação à 
individual, por várias razões, a saber: a manutenção e a supervisão de um sistema 
grande e único são mais fáceis do que no caso de vários sistemas individuais 
pequenos, necessitando de menos recursos humanos envolvidos. Além disso, a 
qualidade da água distribuída pode ser mais facilmente mensurada. 
O sistema coletivo propicia também maior facilidade no controle da qualidade 
da água. Após ser captada em um manancial, a água passa por tratamento físico-
químico para remoção de sólidos em suspensão e organismos patogênicos. Ainda 
na estação de tratamento, a qualidade da água é monitorada, para que, ao ser 
distribuída aos consumidores, satisfaça os padrões de potabilidade estabelecidos 
por lei. O monitoramento pode ser feito também em alguns pontos da rede de 
distribuição. 
O controle da qualidade previne a proliferação de uma série doenças 
relacionadas à água. O risco de infecção está relacionado a: 
 Ingestão ou contato direto com água contaminada por agentes biológicos, 
tais como bactérias, vírus, protozoários e helmintos; 
 Vetores que necessitam da água em seu ciclo biológico, tais como insetos; 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
14 
 Ingestão ou contato com água contaminada com poluentes químicos e 
radioativos, geralmente por conta de lançamentos de esgoto industrial ou 
acidentes ambientais. 
A Tabela 1 mostra algumas das principais doenças relacionadas à ingestão ou 
contato direto com água contaminada, assim como doenças transmitidas por 
vetores que necessitam da água em seu ciclo de vida e doenças causadas pela falta 
de limpeza e higienização. A falta de hábitos de higiene, tais como lavagem das 
mãos e lavagem de alimentos, está diretamente relacionada à falta de acesso à 
água potável. 
Tabela 1: Algumas das principais doenças de veiculação hídrica. (Adaptado de FUNASA, 
2007). 
Transmissão Doença Agente 
Pela ingestão da água 
Cólera Vibrio cholerae O1 e O139 
Febre Tifoide Salmonella typhi 
Giardíase Giardia lamblia 
Amebíase Entamoeba histolytica 
Hepatite infecciosa Hepatite vírus A e E 
Diarreia aguda E. coli 
Por vetores que necessitam 
da água 
Dengue Grupo B dos Arbovírus 
Febre Amarela RNA vírus 
Filariose Wuchereria bancrofti 
Contato direto com a água 
Esquistossomose Schistosoma mansoni 
Leptospirose Leptospira interrogans 
Falta de limpeza e 
higienização 
Ascaridíase Ascaris lumbricoides 
Escabiose Sarcoptes scabiei 
Enterobiose Ancylostoma duodenale 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
15 
 
O percentual da população atendida por sistemas de abastecimento de água 
tem relação inversa com o número de casos de doenças relacionadas à água. Isto 
significa que, quanto mais o Estado investe em saneamento, mais economiza em 
tratamento de doenças. A economia com despesas na saúde costuma compensar o 
investimento. A Figura 1 mostra a relação entre o percentual da população 
atendida pela rede de distribuição e água e a taxa de mortalidade infantil no Brasil 
e em vários países do mundo no ano de 1995. Cada ponto representa um país. A 
linha de tendência descendente deixa clara a importância de um sistema de 
abastecimento de água para a saúde pública. 
 
Figura 1: Relação entre a taxa mortalidade infantil e o atendimento da população por sistemas 
de abastecimento deágua em vários países do mundo. Fonte: PNUD (1997) 1apud HELLER (1998). 
 
O controle da qualidade da água, e consequentemente de doenças de 
veiculação hídrica, seria bastante dificultado, caso fossem adotadas com frequência 
alternativas de abastecimento individual em áreas urbanas. Seria necessário 
verificar de casa em casa a qualidade da água consumida, assim como as condições 
de cada manancial. 
 
1 PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 1997. Relatório do Desenvolvimento 
Humano. PNUD, Brasília. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
16 
 
Em meados da década de 1980, a fluoretação da água passou a ser praticada 
no Brasil de forma intensiva. A aplicação de flúor na água de abastecimento é um 
importante fator de prevenção de cáries em crianças, trazendo consequências 
importantes à vida adulta. Uma boa saúde bucal proporciona uma boa mastigação, 
possibilitando de uma alimentação adequada, o que contribui para o bom 
crescimento físico e mental da criança. 
O sistema de abastecimento público é, portanto, preferível às alternativas 
individuais sempre que sua implantação for viável. Além de controlar e prevenir 
doenças relacionadas à água ajuda a prevenir cáries e a implantar hábitos de 
higiene na população, como a lavagem de mãos, de alimentos, o banho e a 
limpeza de utensílios domésticos. Entretanto, a solução individual é interessante 
em locais de acesso dificultado, onde a densidade demográfica é menor e a 
distância entre as habitações é maior, inviabilizando economicamente a 
implantação da rede de distribuição. 
Além dos benefícios à saúde, o abastecimento de água facilita a limpeza 
pública, as práticas desportivas, o combate a incêndios a instalação de indústrias e 
o turismo, trazendo desenvolvimento e progresso às comunidades. 
A construção, operação e manutenção de um sistema de abastecimento de 
água são tão importantes quanto seu projeto. A operação adequada depende de 
uma construção e a manutenção sejam feitas de maneira correta. Os benefícios à 
saúde pública não são garantidos quando o sistema é operado inadequadamente. 
Ao longo do século 20 muitos surtos de doenças relacionadas à água foram 
relatados em países da Europa, da Ásia e nos Estados Unidos. Estes surtos foram 
causados por problemas como falha na desinfecção da água e contaminação da 
água por esgoto. Essa contaminação pode ocorrer quando a tubulação da rede de 
água é assentada abaixo das tubulações de esgoto. Caso haja parada no 
abastecimento e vazamentos nas duas redes, o esgoto pode penetrar na tubulação 
de água. Estes dois exemplos ilustram casos de construção e operação 
inadequadas do sistema. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
17 
 
O Abastecimento de Água no Brasil 
 
No Brasil, os serviços de água e esgoto podem ser realizados por diferentes 
tipos de prestadores: companhias estaduais de saneamento, empresas e autarquias 
municipais, empresas privadas e, em muitos casos, pelas próprias 
prefeituras municipais. 
O Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento 
Ambiental, divulga anualmente o “Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos”, 
um panorama sobre a situação do saneamento no Brasil. O documento tem como 
base os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS e 
considera sempre as informações do ano anterior. Os dados de água e esgotos são 
fornecidos ao SNIS pelos prestadores destes serviços. O Diagnóstico está disponível 
para a população e pode ser baixado gratuitamente direto do site do SNIS. 
Até o fim da edição deste livro estava disponível o diagnóstico do ano de 2013, 
que apurou informações sobre o abastecimento de água em 5035 municípios, com 
população urbana em torno 165,7 milhões (SNIS, 2014). O estudo aponta um 
contingente de população urbana atendida por redes de água próximo de 154,0 
milhões de habitantes. Em relação a 2012 houve um incremento de 3,1%, que 
representa 4,6 milhões de novos habitantes atendidos. 
O índice de atendimento com água apresenta valores bastante elevados nas 
áreas urbanas das cidades brasileiras, com uma média nacional de 93,0%. A Tabela 
2 mostra os índices de atendimento com rede distribuição de água, total (IN055) e 
urbano (IN023), nas diferentes regiões geográficas do Brasil. Destacam-se as 
regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, onde os índices médios são de 96,3%, 96,8% e 
97,4%, respectivamente. A situação é pior na região Norte, onde apenas 62,4% da 
população urbana é atendida pelo sistema de abastecimento público. O Nordeste 
aparece com um índice de atendimento de 89,8%. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
18 
 
Tabela 2: Níveis de atendimento com rede de água por região geográfica 
brasileira. (Adaptado de SNIS, 2014) 
Índice de Atendimento com Rede 
de Água (%) 
Região Total (IN055) Urbano (IN023) 
Norte 52,4 62,4 
Nordeste 72,1 89,8 
Sudeste 91,7 96,8 
Sul 87,4 97,4 
Centro-Oeste 88,2 96,3 
Brasil 82,5 93,0 
 
A Figura 2 e a Figura 3 mostram a representação espacial do índice de 
atendimento por rede de água em áreas urbanas, IN023, por estado e por 
município, respectivamente. Dezoito estados brasileiros mais o Distrito Federal 
apresentam índice de atendimento maior que 90%. Todos os estados das regiões 
sul, sudeste e centro-oeste estão incluídos neste conjunto. O Nordeste apresenta 
IN023 maior que 90% na maioria de seus estados, exceto em Pernambuco, no 
Ceará e no Maranhão. Os menores índices estão na região Norte, que apresentou a 
menor média regional. Roraima foi o único estado do Norte que apresentou IN023 
maior que 90%. Já o Amapá foi o estado que apresentou a pior situação, menos de 
40% da população urbana é atendida pela rede de abastecimento de água. 
A distribuição espacial por municípios (Figura 3) mostra que a maioria dos 
municípios brasileiros apresenta boa situação de abastecimento de água. 
Excetuando-se na região Norte e no Maranhão, observa-se predominância de 
municípios na cor azul (IN023 >90%). 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
19 
 
 
Figura 2: Representação espacial do índice médio de atendimento urbano por rede de água 
(indicador IN023) por estado, levando em consideração os municípios cujos prestadores de serviço 
prestaram informações ao SNIS em 2013. Fonte: SNIS (2014). 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
20 
 
 
Figura 3: Representação espacial do índice de atendimento urbano por rede de água 
(indicador IN023) dos municípios que prestaram informações ao SNIS em 2013. Fonte: SNIS (2014). 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
21 
 
O consumo médio per capita de água no país é de 165,5 litros por habitante 
por dia (l/hab.dia), tendo como referência a média do consumo nos anos de 2011, 
2012 e 2013. No entanto, esta taxa varia consideravelmente nas diferentes regiões 
e estados brasileiros. A Tabela 3 mostra os valores de consumo diário em cada 
estado e região. A região sudeste apresenta o maior consumo dentre as regiões, 
enquanto o Nordeste apresenta o menor consumo. Disponibilidade hídrica, renda 
e índice de perdas na rede de abastecimento são alguns fatores que interferem no 
consumo registrado. 
Chama atenção na Tabela 3 o elevado consumo per capita do estado do Rio de 
Janeiro, que aumenta significativamente a média de consumo do Sudeste. 
 Entre 2011 e 2013 o Rio de Janeiro apresentou consumo 27% maior que a 
média do Sudeste e 48% maior que a média nacional no período. 
Esta situação, que é recorrente ao longo da série histórica do SNIS, pode ser 
justificada pelos baixos índices de medição de consumo no estado. Boa parte do 
consumo é estimada. Além disso, devem ser consideradas as perdas de água no 
sistema de distribuição (IN049), que para o ano de 2013 foram de 31% para o Rio 
de Janeiro. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
22 
 
Tabela 3: Consumo médio per capita para cada estado e região do Brasil.Valores referentes à média do consumo nos anos de 2011, 2012 e 2013. (Adaptado 
de SNIS, 2014). 
Estado/Região 
Consumo diário 
por habitante 
(l/hab.dia) 
 
Estado/Região 
Consumo diário 
por habitante 
(l/hab.dia) 
Acre 141,7 Espírito Santo 191,1 
Amazonas 157,9 Minas Gerais 158,0 
Amapá 193,6 Rio de Janeiro 245,0 
Pará 151,9 São Paulo 189,1 
Rondônia 181,3 Sudeste 192,8 
Roraima 144,8 Paraná 144,3 
Tocantins 136,8 
 
Rio Grande do 
Sul 
151,5 
Norte 154,3 Santa Catarina 153,3 
Alagoas 114,3 Sul 149,0 
Bahia 115,7 Distrito Federal 188,6 
Ceará 127,7 Goiás 144,1 
Maranhão 202,8 
 
Mato Grosso do 
Sul 
154,0 
Paraíba 133,3 Mato Grosso 159,2 
Pernambuco 107,5 Centro-Oeste 158,2 
Piauí 129,2 
Rio Grande do 
Norte 
120,9 
 
Sergipe 123,2 
Nordeste 125,9 Brasil 165,5 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
23 
 
Em épocas de escassez hídrica, a gestão de perdas de água deve ser algo 
fundamental nas ações estruturantes dos prestadores de serviço de água. Existem 
dois tipos de perdas; As perdas aparentes, ou não físicas, e as perdas reais, ou 
físicas. As perdas aparentes estão relacionadas ao volume de água que foi 
efetivamente consumido pelo usuário, mas que, por algum motivo, não foi medido 
ou contabilizado, gerando perda de faturamento ao prestador de serviços. Em 
geral, perdas aparentes ocorrem por erros ou falhas na medição, ou por ligações 
clandestinas, que são by pass irregulares nos ramais das ligações (conhecidos como 
gatos). A água é consumida, mas não é faturada. O prestador de serviço não recebe 
pela água fornecida. 
As perdas reais dizem respeito à água perdida por vazamentos na rede, em 
adutoras, em ramais prediais e em reservatórios. Parte da água disponibilizada para 
distribuição não chega ao consumidor, pois é perdida por vazamentos, que podem 
ser ocasionados por diversos motivos: excesso de pressão na rede, má qualidade 
dos materiais utilizados, idade das tubulações, qualidade da mão de obra, ausência 
de monitoramento de perdas, dentre outras causas. 
A Figura 4 mostra a distribuição espacial do índice de perdas na distribuição 
(IN049perdas reais) que leva em conta perdas reais e aparentes por estado, 
indicando o percentual do volume distribuído que é perdido por vazamentos. As 
maiores perdas estão em estados das regiões Norte e Nordeste, com percentuais 
que superam os 40%. Situação pouco melhor pode ser vista no Sul e no Sudeste, 
onde 30 a 40% da água produzida nos estados destas regiões também é perdida ao 
longo do sistema de abastecimento. O estado de Goiás e o Distrito Federal foram 
os únicos que apresentaram percentual de perda na distribuição menor que 30%. 
Além de configurar desperdício do recurso hídrico, as perdas no sistema de 
abastecimento representam prejuízo aos prestadores do serviço. Este custo tende a 
ser repassado ao consumidor. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
24 
 
 
Figura 4: Distribuição espacial de índice de perdas na distribuição (IN049)(perdas reais) por 
estado. Fonte: SNIS (2014) 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
25 
 
 
Legislação Brasileira para Abastecimento de Água 
 
Alguns dos aspectos legais mais importantes sobre abastecimento de água no 
Brasil são tratados na Portaria 2914, de 2011 do Ministério da Saúde. Esta portaria 
dispõe sobre o padrão de potabilidade e sobre os procedimentos de controle e de 
vigilância da qualidade da água para consumo humano disponibilizada pelo 
sistema coletivo. 
 Padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro da 
qualidade da água para consumo humano, conforme definido na Portaria. A 
água distribuída deve satisfazer o padrão de potabilidade; 
 Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por 
meio de sistema coletivo de abastecimento de água, deve ser objeto de 
controle e vigilância da qualidade da água, isto é, deve ter sua qualidade 
controlada e fiscalizada; 
 O controle da qualidade da água compete ao responsável pelo serviço de 
abastecimento; 
 A vigilância (fiscalização) sobre a qualidade da água distribuída compete 
principalmente às Secretarias Municipais de Saúde, que devem agir em 
articulação com os responsáveis pelo sistema. Os Estados e a União também 
devem participar do processo; 
 A rede de distribuição de água para consumo humano deve ser operada 
sempre com pressão positiva em toda sua extensão, isto é, a pressão na rede 
deve ser maior que a pressão atmosférica. Desta maneira, em caso de fissuras 
ou rachaduras em algum ponto da rede a água irá jorrar para fora da 
tubulação, impedindo a possível entrada de água contaminada no sistema na 
rede. Embora seja a causa de boa parte das perdas na distribuição, esta 
medida afasta o risco de contaminação da água distribuída. Na prática, esta 
determinação muitas vezes não ocorre. A pressão deixa de ser positiva 
quando o abastecimento é interrompido, por exemplo. 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
26 
Outro aspecto importante foi estabelecido pelo Decreto 5440, de 2005. Este 
decreto estabelece que a obrigatoriedade da divulgação ao consumidor das 
informações sobre a qualidade da água distribuída. Esta informação deve vir 
detalhada nas contas de água dos consumidores de todo o país. Esta medida 
representa maior transparência na relação com o consumidor, o que tende a 
aumentar a confiabilidade no sistema e no prestador do serviço. 
Quando a água é observada no ambiente, tem-se a Resolução CONAMA 357 
de 2005. As águas doce, salobra e salina são enquadradas em diferentes classes 
(Especial, 1, 2, 3 e, para águas doces, 4) de qualidade em função do uso de cada 
corpo hídrico. A classe especial pressupõe os usos mais nobres, enquanto a classe 4 
assume os menos nobres. Para cada classe ficam definidos valores máximos de 
concentração admissíveis para diferentes parâmetros de qualidade de água. Além 
disso, a resolução estabelece padrões de tratamento diferenciados em função da 
classe da água. 
Os tópicos acima destacam os principais pontos da Portaria 2914/11, do 
Decreto 5440/05 e da Resolução CONAMA 357/05. Convidamos o aluno a baixar e 
ler o texto na íntegra destes três documentos, que podem ser facilmente obtidos 
em qualquer site de busca. O download é gratuito. É importante que o Engenheiro 
Ambiental esteja minimamente habituado a consultar a legislação pertinente à sua 
área de atuação. 
Assim, concluímos o conteúdo de nossa primeira unidade, na qual 
introduzimos algumas questões básicas sobre sistemas abastecimento de água e 
vimos um panorama simplificado sobre atendimento, consumo e perdas no 
abastecimento de água no Brasil. Foi apresentada boa quantidade de informações 
obtidas do SNIS, uma base de dados que pode ser muito útil ao Engenheiro 
Ambiental que trabalha com saneamento. 
Na próxima unidade, estudaremos assuntos relacionados à concepção de 
sistemas de abastecimento de água. 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
27 
 
Exercícios – Unidade 1 
 
1) Assinale a alternativa verdadeira sobre a situação no Brasil do atendimento à 
população com rede de abastecimento de água: 
a) A distribuição espacial do índice de atendimento com rede de água é 
homogênea no país. 
b) O percentual total de atendimento por rede de água tende a ser maior 
que o percentual urbano. 
c) Na maioria dos estados o percentual da população urbana atendida com 
rede de água é alto. 
d) Poucos estados brasileiros apresentam mais de 90% da população servida 
pelo sistema público de abastecimento. 
e) A situação é muito precária em todos os estados da Região Norte. 
2) Assinale a alternativa falsa sobre o abastecimento de água: 
a) A diminuição da incidência de doenças de veiculação hídrica está 
diretamente ligada ao maior alcancedos sistemas de abastecimento 
públicos. 
b) Soluções individuais são normalmente indicadas para áreas rurais, onde a 
densidade populacional é mais baixa que nas cidades. 
c) Em áreas urbanas, sistemas de abastecimento coletivo costumam gerar 
gastos elevados, que não justificam sua implantação. 
d) O sistema coletivo favorece o controle da qualidade da água. 
e) A fluoretação da água ajuda na prevenção de cáries. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
28 
 
3) A seguir encontram-se quatro afirmações sobre aspectos práticos e legais de 
sistemas de abastecimento de água no Brasil. Algumas são afirmativas são 
verdadeiras, outras são falsas. Assinale a alternativa que indica a correta: 
I. A rede de distribuição deve operar sempre com pressão positiva, de 
modo a evitar contaminação da água; 
II. A operação da rede com pressão positiva reduz as perdas no 
abastecimento; 
III. O poder público é o responsável por controlar a qualidade da água 
distribuída; 
IV. O poder público é o responsável por fiscalizar a qualidade da água 
distribuída. 
 
Assinale a alternativa que indica a sequência correta: 
a) V, F, F, V 
b) V, F, V, F 
c) F, F, F, V 
d) V, V, F, V 
e) F, V, F, V 
 
4) Assinale a alternativa falsa. Soluções individuais de abastecimento são 
normalmente pouco utilizadas em áreas urbanas, pois: 
a) O controle da qualidade da água é dificultado. 
b) Solução coletiva é economicamente mais interessante. 
c) A proteção do manancial é dificultada. 
d) Não são permitidas por lei nestas áreas. 
e) A fiscalização da qualidade da água é dificultada. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
29 
 
5) Assinale a alternativa em que se observa a correta relação entre implantação 
de sistemas de abastecimento (SAA) de água e doenças de veiculação hídrica: 
a) O aumento de SAA leva ao aumento de casos de doenças de veiculação 
hídrica. 
b) O aumento de SAA não possui relação com doenças de veiculação 
hídrica. 
c) O aumento de SAA leva a uma diminuição de casos de doenças de 
veiculação hídrica. 
d) O aumento de SAA leva a um aumento inicial de casos de doenças de 
veiculação hídrica. 
e) O aumento de SAA leva a uma diminuição inicial de casos de doença de 
veiculação hídrica e posterior aumento. 
 
6) Assinale a alternativa que apresenta três exemplos de doenças de veiculação 
hídrica cujos vetores são bactérias: 
a) Cólera, Hepatite infecciosa, Febre tifoide. 
b) Hepatite C, Sarampo, Gripe. 
c) HIV, Cólera, Giardíase. 
d) Febre tifoide, Pneumonia, Hepatite infecciosa. 
e) Catapora, Sarampo, Zika. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
30 
 
7) O serviço de abastecimento de água no Brasil é normalmente prestado pelas 
seguintes entidades, exceto: 
a) Companhias municipais. 
b) Companhias estaduais. 
c) Companhias federais. 
d) Empresas privadas. 
e) Prefeituras. 
 
8) Soluções individuais de abastecimento de água podem ser vantajosas em: 
a) Localidades de acesso dificultado e com baixa densidade populacional. 
b) Áreas urbanas. 
c) Pequenos municípios densamente povoados. 
d) Municípios com elevado consumo per capita. 
e) Áreas onde haja sistema de abastecimento público de água. 
 
9) Explique por que o sistema público de abastecimento de água deve ser 
priorizado em relação às alternativas individuais, sempre que possível. 
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 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
31 
 
10) Perdas de água do sistema de abastecimento podem ocorrer de diferentes 
formas e por vários motivos. Explique os dois tipos de perdas que existem, dando 
exemplos de cada um, e sugira medidas para reduzir o volume de água perdido. 
 
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Sistema de Abastecimento de Água 
 
32 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
33 
2Concepção de Sistemas de Abastecimento de Água 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
34 
 
Nesta unidade estudaremos os aspectos relacionados à concepção de 
sistemas de abastecimento de água (SAA). Após apresentar os principais elementos 
que compõem o sistema, bem como as normas para projeto de um SAA, 
discutiremos também as atividades necessárias para realização do estudo de 
concepção do sistema de abastecimento, que é a primeira etapa do projeto. 
Concluiremos a unidade falando sobre as diferentes opções de concepção do 
sistema, destacando as vantagens de cada uma e as circunstâncias nas quais cada 
uma deve ser adotada. 
 
Objetivos da unidade: 
 Apresentar ao aluno todas as partes que compõem o sistema de 
abastecimento de água convencional SAA; 
 Apresentar as normas técnicas da ABNT para projeto de sistemas de 
abastecimento de água SAA; 
 Discutir as atividades que devem compor o estudo de concepção de 
um sistema de abastecimento de água SAA; 
 Discutir os fatores que interferem na concepção do sistema, 
exemplificando diferentes tipos de concepção. 
 
Plano da unidade: 
 Elementos de um Sistema de Abastecimento de Água SAA. 
 Normas Técnicas para Projeto de Sistemas de Abastecimento de 
Água SAA. 
 Estudo de Concepção de Sistemas de Abastecimento de Água SAA. 
 Concepções de Sistemas de Abastecimento de Água SAA. 
 
Bons estudos! 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
35 
 
Elementos de um Sistema de Abastecimento de Água 
 
A concepção de um Sistema de Abastecimento de Água (SAA) consiste no 
conjunto de estudos e conclusões referentes ao estabelecimento das diretrizes, 
parâmetros e definições necessárias para caracterização do sistema que será 
projetado (TSUTIYA, 2006). Dentro do conjunto das atividades necessárias à 
elaboração do projeto de um sistema de abastecimento de água (SAA), o estudo de 
concepção é feito na fase inicial do projeto. 
Um sistema convencional de abastecimento de água é composto pelos 
seguintes elementos: 
 Manancial: corpo d’água superficial ou subterrâneo que deverá 
fornecer água para o abastecimento em vazão suficiente para 
atender a demanda durante o período de projeto. 
 Captação: conjunto de estruturas e dispositivos instalados junto ao 
manancial, com o propósito de retirar a água destinada ao 
abastecimento. 
 Estação elevatória: conjunto de obras e equipamentos usados pararecalcar a água para a unidade seguinte do sistema. Um SAA 
costuma possuir várias estações elevatórias, que são usadas para 
recalcar2 a água ou para aumentar a pressão e/ou vazão de adução. 
 Adutora: canalização que deve conduzir a água entre as unidades 
que precedem a rede de distribuição. Situadas geralmente entre o 
manancial e a estação de tratamento e nos trechos entre esta e a 
rede de distribuição. 
 Estação de Tratamento de Água (ETA): conjunto de unidades 
destinadas a tratar a água, adequando suas características ao padrão 
de potabilidade estabelecido por lei. 
 
2 No contexto de sistemas de abastecimento de água, o termo recalcar se refere a elevar a água de 
uma cota mais baixa até uma cota mais alta. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
36 
 
 Reservatório: elemento do sistema de distribuição que reserva água 
condiciona a pressão na rede e equilibra as variações entre a vazão 
aduzida (que chega ao reservatório, produzida pela ETA) e a vazão 
distribuída. A vazão distribuída varia em função do horário do dia. 
Durante os horários de pico de consumo, nos quais a vazão 
consumida excede a vazão produzida pela ETA, o nível de água do 
reservatório desce. Nos horários de menor consumo a vazão aduzida 
ao reservatório é maior que a vazão consumida pela população, 
restabelecendo o nível no interior do reservatório. 
 Rede de Distribuição: tubulações e acessórios destinados a 
disponibilizar continuamente a água potável ao consumidor em seu 
domicílio, em quantidade e pressão adequadas. 
 
Normas Técnicas para Projeto de Sistemas de 
Abastecimento de Água 
 
Uma Norma Técnica é um documento estabelecido por consenso e aprovado 
por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características 
para uma determinada atividade. O projeto de um sistema de abastecimento de 
água (SAA) deve seguir as seguintes normas técnicas da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (ABNT), pertinentes a cada caso: 
 NBR 12.211: Estudos de concepção de sistemas públicos de 
abastecimento de água (1992); 
 NBR 12.212: Projeto de poço para captação de água subterrânea 
(1992); 
 NBR 12.213: Projeto de captação de água superficial (1992); 
 NBR 12.214: Projeto de sistema de bombeamento de água para 
abastecimento público (1992); 
 NBR 12.215: Projeto de Adutora de Água Subterrânea (1991); 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
37 
 NBR 12.216: Projeto de estação de tratamento de água (1992); 
 NBR 12.217: Projeto de reservatório de distribuição de água (1994); 
 NBR 12.218: Projeto de rede de distribuição de água (1994). 
 
Estudo de Concepção de Sistemas de Abastecimento de 
Água 
 
O estudo de concepção de um sistema de abastecimento de água (SAA) deve 
englobar as seguintes atividades: 
Caracterização da área de estudo 
 Características físicas: tais como caracterização das principais vias de 
acesso, do relevo, da topografia, da geologia e da bacia hidrográfica da 
região de estudo; 
 Aspectos socioeconômicos: atividade econômica, mercado de trabalho, 
mão de obra disponível, distribuição de renda e outros indicadores; 
 Infraestrutura e condições sanitárias: abastecimento de água, esgoto 
sanitário, energia elétrica, resíduos sólidos urbanos, situação do 
licenciamento ambiental, sistema de drenagem urbana, saúde pública. 
Análise do sistema de abastecimento de água existente 
 Descrição das características hidráulicas de todas as unidades do sistema 
existente; 
 Diagnóstico do estado de conservação de todas as unidades do sistema; 
 Diagnóstico do sistema no que diz respeito à área e população atendida, 
regularidade no abastecimento, consumo da população, número de 
ligações, perdas de água, qualidade da água bruta e tratada e manejo do 
lodo e demais resíduos gerados na ETA. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
38 
 
Estudos demográficos e de uso e ocupação do solo 
 Características de uso e ocupação do solo: avaliação dos planos diretores 
estadual e municipal, identificação de áreas de proteção ambiental, 
identificação do histórico de uso e ocupação do solo, bem como da 
situação atual; 
 Análise de dados censitários; 
 Projeção do crescimento da população urbana, com base em métodos 
matemáticos, analíticos e comparativos. 
Definição de critérios e parâmetros de projeto 
 Definição do horizonte de projeto, isto é, o tempo de vida útil para o qual 
do sistema está sendo projetado; 
 Consumo per capita; 
 Consumo residencial, comercial, pública, industrial e especial; 
 Coeficientes de variação das vazões e de demanda industrial; 
 Níveis de atendimento no período de projeto. 
Análise de mananciais superficiais e subterrâneos disponíveis 
 Estudos e levantamentos hidrológicos da bacia hidrográfica; 
 Levantamento dos poços existentes; 
 Levantamento dos usos do manancial na bacia hidrográfica; 
 Avaliação da qualidade e tratabilidade das águas do manancial; 
 Seleção do manancial. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
39 
Formulação das alternativas de concepção do sistema 
Os diagnósticos e estudos realizados nas etapas anteriores permitirão a 
formulação de algumas alternativas de concepção do sistema de abastecimento de 
água. As alternativas podem considerar, dentre outros aspectos, diferenças nas 
localizações de cada unidade, nas tecnologias utilizadas, na operação do sistema e 
na reutilização parcial ou total do sistema existente, quando for o caso. 
Nesta etapa é feito o pré-dimensionamento de todos os elementos do novo 
sistema, desde a captação até a rede de distribuição. 
 
Escolha da alternativa de concepção 
A escolha da alternativa de concepção deve ser feita após realizar análises 
técnica, econômica e ambiental. 
A análise técnica deve avaliar, dentre outros aspectos, a compatibilidade 
entre a tecnologia a ser empregada, a equipe operacional necessária, a 
flexibilidade na operação, as vulnerabilidades do sistema e o prazo de execução 
das obras. 
A análise econômica deve considerar os custos com as obras de implantação 
do sistema, bem como os custos de operação e manutenção de seus componentes 
durante sua vida útil. 
A análise ambiental deve identificar e avaliar os principais impactos 
ambientais relacionados a cada alternativa, considerando tanto as obras de 
implantação, quanto a operação do sistema de abastecimento de água. Após a 
escolha da alternativa de concepção, os impactos ambientais provenientes dessa 
alternativa deverão ser mais bem estudados e detalhados para o licenciamento 
ambiental do empreendimento. 
A alternativa de concepção mais adequada é escolhida após análise 
comparativa da viabilidade técnica, econômica e ambiental, comparando as 
vantagens e desvantagens em cada um desses aspectos em todas as alternativas 
estudadas. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
40 
 
Concepção escolhida 
Após a escolha da concepção, deverá ser elaborado o projeto hidráulico-
sanitário de cada uma das unidades do sistema. No local do projeto, devem ser 
feitos levantamentos topográficos e estudos geotécnicos, além da delimitação de 
áreas a serem desapropriadas, faixas de servidão3 e áreas de proteção ambiental. 
Devem ainda ser apresentados em planta e em texto todos os elementos 
constituintes das unidades do sistema, assim como informações técnicas 
necessárias às obras previstas. 
 
Concepções de Sistemas de Abastecimento de Água 
 
De uma maneira geral, as concepções de SAA variam em função, 
principalmente, do tipo de manancial, da topografia do terreno e da população a 
ser atendida. 
Em relação ao tipo de manancial, a captação pode ser feita em manancial 
superficial, como rios, represas e cursos d’água de serra, ou em manancial 
subterrâneo, como aquíferos artesianos e freáticos. Quanto ao relevo, é ele que 
determina a necessidade de estações elevatórias e linhas de recalque4 entre 
unidades. A seguir são mostradosalguns esquemas de concepção, considerando 
estas diferenças. 
 
3 Faixa de servidão é uma faixa de terreno, com largura determinada, que acompanha na superfície 
o percurso subterrâneo das tubulações. Deve ser proibida a escavação sobre a faixa de servidão, de 
modo a proteger os dutos. 
4 A linha de recalque é constituída pelo conjunto de canalizações e peças que vão da saída da 
estação elevatória até o reservatório ou ponto de recalque. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
41 
Sistemas de abastecimento com captação em corpo d’água superficial 
A Figura 5 e a Figura 6 mostram a vista em planta e em perfil, respectivamente, 
da concepção de um sistema de abastecimento convencional, no qual a água bruta 
é captada em um curso d’água superficial por bombeamento, através da estação 
elevatória de água bruta, e aduzida até a ETA, situada em cota mais elevada que a 
cota da captação. Caso a ETA fosse situada em cota menor que a cota da captação, 
a adução poderia ser feita por gravidade, não havendo então necessidade da 
estação elevatória. Da ETA a água segue por gravidade até o reservatório, situado 
em cota mais baixa, e do reservatório é feita nova adução por gravidade para a 
rede de distribuição. A pressão na rede é determinada pelo nível da água no 
reservatório. 
 
Figura 5: Concepção de um sistema de abastecimento de água convencional, com captação 
em um curso d'água. Fonte: TSUTYIA (2006). 
 
 
Figura 6: Vista em perfil do sistema de abastecimento mostrado na figura anterior. Fonte: 
TSUTYIA (2006). 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
42 
A Figura 7 mostra uma concepção similar àquelas mostradas nas Figuras 
Figura 5 e Figura 6, mas com reservatório elevado, situado em cota acima da cota 
da ETA, o que gera a necessidade nova estação elevatória. A água segue por 
gravidade até um reservatório enterrado, a partir do qual é recalcada até a ETA por 
uma estação elevatória de água tratada até um reservatório elevado, a partir do 
qual é aduzido por gravidade até a rede de distribuição. 
 
Figura 7: Concepção em perfil de sistema de abastecimento de água com reservatório 
enterrado e reservatório elevado. Fonte: TSUTIYA (2006). 
 A diferença em relação às concepções mostradas anteriormente é a necessidade de estação 
elevatória para vencer o desnível entre o reservatório enterrado e o reservatório elevado. 
 
A Figura 8 mostra um sistema de abastecimento que atende as partes alta e 
baixa de uma cidade. A parte alta é abastecida por um reservatório elevado, 
enquanto a parte mais baixa é abastecida por um reservatório de cota menor, 
situado abaixo da ETA. 
Em alguns setores da rede de distribuição dos sistemas mostrados é possível 
que haja perda de pressão, o que torna necessária a utilização de nova estação 
elevatória. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
43 
 
Figura 8: Concepção em planta de sistema de abastecimento usado para atender a zona alta 
de uma cidade, abastecida por um reservatório elevado, e a parte mais baixa, abastecida por 
reservatório situado em cota abaixo da ETA. Fonte: Orsini (1996) 5apud Tsutyia (2006). 
 
Em muitos casos em que a captação é feita em rios, faz-se o represamento do 
corpo d’água, criando um reservatório. Isto é feito para reservar a água que ocorre 
em excesso em períodos chuvosos, de forma a utilizar o volume estocado em 
períodos secos. Estes reservatórios podem muitas vezes ter dupla função. Além de 
o reservatório armazenar água para consumo humano, o desnível criado no curso 
d’água pode ser usado para a geração de energia hidroelétrica. É importante frisar 
que o uso da água para consumo humano é prioritário em relação aos demais usos, 
incluindo-se a geração de energia. 
Quando a captação é feita em manancial de serra, é comum que o desnível do 
terreno propicie a captação em curso d´água sem a necessidade recalque. A água é 
aduzida à ETA por gravidade, sem a necessidade de estação elevatória. Sempre que 
possível, deve-se dar preferência ao manancial do qual a adução possa ser feita por 
gravidade, por questões de economia de recursos. Além disso, muitas vezes a água 
de mananciais de serra possui quantidade desprezível de sólidos em suspensão, o 
 
5 ORSINI, E.Q. Sistemas de abastecimento de agua. Apostila da disciplina PHD 412 – 
Saneamento II. 
Escola Politecnica da Universidade de Sao Paulo. Departamento de Engenharia Hidraulica e 
Sanitaria. Sao Paulo, 1996. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
44 
que dispensa a necessidade de tratamento convencional. A água passa apenas 
pelos processos de desinfecção (aplicação de cloro) e fluoretação. 
 
Sistemas de abastecimento com captação em corpo d’água subterrâneo 
A água no solo está disponível em aquíferos, ou lençóis, que são regiões nas 
quais o solo, um meio poroso, está saturado de água. A captação de águas 
subterrâneas pode ser feita de aquíferos freáticos ou artesianos, através de poços 
escavados. A Figura 9 mostra os tipos de aquífero e poço possíveis. 
 
Figura 9: Tipos de aquífero e de poço. Poços artesianos, abastecidos por aquíferos artesianos 
(ou confinados), podem ou não ser jorrantes, em função da posição da linha piezométrica. 
Poços freáticos são alimentados por lençóis freáticos e dependem de bombeamento para a 
captação. Fonte: CETESB (1976). 
Poços artesianos retiram água de aquíferos artesianos. Este tipo de aquífero 
tem a característica de ser confinado entre duas camadas de rocha impermeável 
(área hachurada). O aquífero é recarregado à montante (canto esquerdo superior 
da figura) por águas pluviais, ou de algum corpo d’água superficial. Em locais onde 
a superfície do solo estiver situada abaixo da linha piezométrica6, o poço artesiano 
escavado será do tipo jorrante, o que torna desnecessário o uso de bombas para 
captação. Caso a linha piezométrica esteja em nível abaixo da superfície, é 
necessário o bombeamento. 
 
6 O conceito de linha piezométrica é tratado em maiores detalhes na Unidade 5. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
45 
 
Quando o aquífero é freático, a captação é feita por poços freáticos, nos quais 
há necessidade de bombeamento, pois o nível do lençol está abaixo da superfície. 
O nível d’água no poço será coincidente com o nível no aquífero. 
Quando o lençol freático está a uma profundidade pequena, é possível captar 
água com caixas de tomada, ou com tubos perfurados, como mostram as Figuras 
Figura 10 e Figura 11. No caso de caixas de tomada, a água penetra as caixas 
através de paredes permeáveis, seguindo para tratamento e consumo. Já no caso 
de tubos perfurados, a captação é feita ao longo da tubulação, que é circundada 
por um leito de areia e pedras, para evitar a entrada de partículas na tubulação e 
mantê-la desobstruída. Estas alternativas costumam ser utilizadas para abastecer 
pequenas comunidades. 
A menos que o solo da região apresente algum tipo de contaminação, estas 
alternativas costumam dispensar a presença de uma ETA no sistema de 
abastecimento, dada à boa qualidade da água subterrânea. Faz-se necessário 
apenas o tratamento simplificado, com filtração, cloração e fluoretação. 
 
Figura 10: Esquema em planta e em corte de sistema de captação por caixas de tomada, 
em pontos onde o lençol freático é raso. Fonte: TSUTIYA (2006). 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
46 
 
 
Figura 11: Esquema em planta e em corte de captação em lençol freático por tubos 
perfurados. Fonte: TSUTIYA (2006). 
 
Outro tipo de captação de águas subterrâneas é o uso de poços tubulares 
profundos. Este tipo de poço penetra em grandes profundidades no solo e pode 
alcançar reservas abundantes de água. Várias cidades do estado de São Paulo 
captam água do Aquífero Guarani, situado a mais de 1000 m de profundidade. A 
Figura 12 mostra o esquema de captação em um poço profundo,com adução para 
um reservatório em conta mais elevada. 
 
Figura 12: Esquema de captação em poço profundo, com adução até um reservatório 
em cota mais elevada. Fonte: TSUTIYA (2006). 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
47 
A captação de águas subterrâneas é um notável recurso para o abastecimento 
público de água. Além da relativa facilidade na obtenção dessa água, a captação 
pode ser feita com frequência próxima à região onde se encontra o consumo. Além 
disso, a qualidade da água dos aquíferos é geralmente satisfatória para fins 
potáveis. Uma vez que a água escoa lentamente pelo meio subterrâneo, poroso, o 
próprio solo atua como filtro, tornando baixa a presença de sólidos em suspensão e 
substâncias dissolvidas nesta água. 
De modo a aumentar a oferta de água, a captação para um sistema de 
abastecimento público também pode ser feita simultaneamente em mananciais 
superficial e subterrâneo. A Figura 13 exemplifica essa situação. 
 
Figura 13: Sistema de abastecimento de água com captação de água tanto em 
manancial superficial, quanto subterrâneo. Fonte: ORSINI (1996) apud TSUTIYA (2006). 
 
Com isso, chegamos ao fim desta unidade, na qual estudamos os principais 
aspectos relacionados à concepção de sistemas de abastecimento de água. Após 
identificar as partes que compõem o sistema, vimos as normas técnicas para 
projeto do sistema e as principais etapas que compõem o estudo de concepção. O 
estudo para concepção do sistema deve ser a primeira etapa do projeto. Fechamos 
a unidade falando sobre as possíveis concepções para o abastecimento de água, 
enfatizando os tipos de captação possíveis. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
48 
 
Ao longo desta unidade, vimos, em linhas gerais, a funcionalidade de cada 
uma das diferentes partes que compõem o SAA. Nas unidades 4, 5 e 6 veremos em 
mais detalhes as características e alguns parâmetros de projeto de cada uma destas 
unidades individualmente. Antes disso, na Unidade 3, estudaremos os principais 
aspectos sobre o consumo de água em um sistema de abastecimento. Veremos a 
importância do estudo desta variável para o dimensionamento do SAA. 
 
É hora de se avaliar 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
49 
 
Exercícios – Unidade 2 
 
1) Sobre mananciais de abastecimento de água, as seguintes alternativas estão 
corretas, exceto: 
a) Podem ser superficiais ou subterrâneos. 
b) Devem produzir água em quantidade e qualidade satisfatórias. 
c) Sempre que possível, a concepção de SAA’s deve ser priorizar a captação 
de mananciais que permitam adução por gravidade. 
d) Mananciais subterrâneos apresentam geralmente água de boa qualidade 
para fins potáveis. 
e) A concepção do sistema não é influenciada pela escolha do manancial. 
 
2) Sobre mananciais subterrâneos, assinale a sequência correta: 
I. Os aquíferos podem ser classificados em dois tipos: freáticos e artesianos. 
II. A captação pode ser feita de diversas formas, como por exemplo, em 
caixas de tomada, tubos perfurados e poços. 
III. A captação de água em manancial subterrâneo é uma alternativa inviável 
em áreas densamente povoadas. 
IV. Muitas vezes o tratamento de águas de manancial subterrâneo requer 
apenas tratamento simplificado: filtração, desinfecção e fluoretação. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
50 
Estão corretas as afirmações: 
a) Apenas I, II, e III. 
b) Apenas I, II e IV. 
c) Apenas I, III e IV. 
d) Apenas II, III e IV. 
e) Todas as alternativas. 
 
3) Sobre os elementos que compõem o Sistema de Abastecimento de Água, 
julgue os itens a seguir e assinale a incorreta: 
a) Adutoras são canalizações que conduzem a água entre as unidades do 
sistema e até a rede. 
b) Estações elevatórias têm o propósito de levar a água canalizada até uma 
cota mais elevada, ou elevar a pressão na rede. 
c) O reservatório equilibra as variações horárias de consumo. 
d) A rede de distribuição é o elemento que distribui a água entre as 
unidades do sistema. 
e) O manancial é o corpo de água que fornece água para o abastecimento. 
4) Assinale a alternativa correta sobre concepção do sistema de abastecimento 
de água: 
a) O estudo de concepção é uma das últimas etapas do projeto. 
b) A concepção não depende da topografia do terreno. 
c) A concepção não leva em consideração a distribuição espacial da 
população a ser atendida. 
d) A necessidade de estações elevatórias é prevista após a etapa de 
concepção do projeto. 
e) A fase inicial da concepção é marcada pela avaliação de normas, diretrizes 
e parâmetros. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
51 
5) Os seguintes itens são critérios e parâmetros de projeto de sistemas de 
abastecimento de água, exceto: 
a) Consumo per capita. 
b) Níveis de atendimento no período de projeto. 
c) Doenças de veiculação hídrica. 
d) Definição do horizonte de projeto. 
e) Coeficientes de variação das vazões. 
6) Segundo a Portaria 2914 de 2011 do Ministério da Saúde o processo de 
desinfecção é obrigatório em SAA, em qual unidade do sistema acontece à 
etapa mais significativa da desinfecção? 
a) Captação. 
b) Adutora de água tratada. 
c) Reservatório. 
d) ETA. 
e) Adutora de água bruta. 
7) No estudo de concepção de um SAA há diversas etapas. Em qual etapa 
acontece o levantamento dos aspectos socioeconômicos: atividade 
econômica, mercado de trabalho, mão de obra disponível, distribuição de 
renda e outros indicadores: 
a) Análise do sistema de abastecimento de água existente. 
b) Caracterização da área de estudo. 
c) Estudo demográfico e de uso e ocupação do solo. 
d) Definição de critérios e parâmetros de projeto. 
e) Análise de mananciais superficiais e subterrâneos disponíveis. 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
52 
8) A topografia do terreno pode interferir na concepção de um SAA, tal 
interferência é notada na introdução ou não de determinada unidade no 
sistema. A unidade em questão trata-se de: 
a) Captação. 
b) Reservatório. 
c) ETA. 
d) Rede de distribuição. 
e) Estação elevatória. 
9) Descreva de forma sucinta as unidades de um sistema de abastecimento de 
água, levando em consideração diferentes possibilidades de relevo e 
mananciais de captação. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
53 
 
10) Cite as etapas do estudo de concepção de um Sistema de Abastecimento de 
Água. 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________Sistema de Abastecimento de Água 
 
54 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
55 
3Consumo de Água no Sistema de Abastecimento 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
56 
 
Nesta unidade veremos a importância do conhecimento, ou da estimativa do 
consumo de água em um sistema de abastecimento. Após apresentar as 
categorias de consumidores de água, discutiremos o balanço hídrico do sistema. 
Veremos ainda as variações temporais do consumo per capita de água. Após 
abordar o estudo da população de projeto, fecharemos a unidade com a 
determinação das vazões das partes principais que compõem o sistema de 
abastecimento de água. 
 
Objetivos da unidade: 
 Compreender como o consumo de água influencia o projeto de um 
sistema de abastecimento; 
 Discutir os fatores que afetam o consumo de água; 
 Estudar como as variações temporais de consumo são incorporadas 
no projeto do sistema de abastecimento; 
 Entender o estudo da população de projeto e seu propósito; 
 Apresentar o dimensionamento das vazões do sistema. 
 
Plano da unidade: 
 Classificação dos Consumidores de Água 
 Balanço Hídrico no Sistema de Abastecimento 
 Consumo per Capita 
 Variações no Consumo de Água 
 Estudo da População 
 Vazões de Dimensionamento das Partes Principais do Sistema 
 
Bons estudos! 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
57 
 
Classificação dos Consumidores de Água 
 
A previsão do consumo de água é um dos parâmetros a definir fundamentais, 
em se tratando do projeto de um sistema de abastecimento de água (SAA). O 
planejamento, o gerenciamento, a operação e as futuras ampliações e melhorias 
estão diretamente associadas ao conhecimento da demanda de água dos 
consumidores, tanto no presente, quanto no futuro. O conhecimento da demanda 
atual e futura, por sua vez, está associado à estimativa correta da população atual e 
da evolução desta no tempo. O dimensionamento das unidades do sistema, das 
tubulações e equipamentos depende das vazões de água, que também dependem 
do consumo. 
Os consumidores de água podem ser classificados em quatro categorias 
distintas e facilmente identificáveis: 
 Doméstico; 
 Comercial; 
 Industrial; 
 Público. 
Esta divisão facilita o estabelecimento de políticas tarifárias diferenciadas por 
tipo de consumidor. A categoria de consumidores domésticos apresenta consumo 
mais homogêneo, com pouca variabilidade, quando comparado às demais 
categorias. As categorias industrial e comercial são aquelas que apresentam maior 
heterogeneidade no consumo, uma vez que há pequenos consumidores, como 
bares, padarias e pequenas indústrias, e grandes consumidores, como shopping 
centers e indústrias de bebidas. A seguir, abordaremos as particularidades de cada 
tipo de consumidor. 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
58 
 
Consumidores domésticos 
O uso doméstico corresponde à utilização da água nas áreas internas e 
externas das residências. Além de ser consumida como bebida, a água pode ser 
usada para higiene pessoal, preparo de alimentos, lavagem de roupas, lavagem de 
utensílios domésticos e para limpeza em geral. O consumo doméstico depende de 
uma série fatores: 
 Fatores climáticos (temperatura, umidade e precipitação): em 
regiões tropicais, onde a temperatura e a umidade são normalmente 
elevadas, assim como disponibilidade de água, o consumo costuma 
ser mais alto. Em áreas de temperatura mais amena o consumo é 
menor 
 Condições socioeconômicas e hábitos da população: hábitos 
como maior número de banhos por dia, lavagem de pisos, 
logradouros, lavagem de carros e irrigação de jardins tendem a 
elevar o consumo. Em regiões onde a renda per capita da população 
é maior, o consumo de água tende também a ser mais elevado, por 
conta do uso de uma série de aparelhos (máquinas de lavar roupa, 
máquinas de lavar louças etc.) e práticas (lavagem de automóveis, 
banho em banheiras etc.) que geram conforto e facilidade no dia a 
dia, 
 Características operacionais do SAA (disponibilidade e 
qualidade da água; pressão na rede; perdas no SAA): o consumo 
de água aumenta com o aumento da pressão na rede. Desta 
maneira, as redes de distribuição devem trabalhar com pressões tão 
reduzidas quanto possível, desde que assegurem o abastecimento 
adequado7 O aumento das perdas no abastecimento também 
representa o aumento do consumo da água destinada ao 
abastecimento. 
 
7 Os limites máximo e mínimo de pressão na rede de distribuição são estabelecidos pela NBR 
12.218. Estudaremos isso em mais detalhes na Unidade 6. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
59 
 
 Formas de gerenciamento do SAA: micromedição e tarifação. O 
preço da água é definido pelo responsável pelo SAA, devendo ter 
concordância do órgão competente que regula a atividade de 
abastecimento de água. Elevações do preço costumam ocasionar 
reduções no consumo, até um valor limite de consumo essencial. A 
cobrança pelo consumo da água se dá em função da micromedição, 
quando houver. Quando não há micromedição, o consumo é apenas 
estimado, o que pode gerar alto consumo e perda no faturamento 
do prestador de serviço de água. 
 
YOSHIMOTO e SILVA (2001)8 apud TSUTIYA (2006) apresentam a distribuição 
de consumo de água em residências na região metropolitana de São Paulo: 
 31% para descarga de bacia sanitária; 
 27% para banhos; 
 30% para pia de cozinha; 
 12% para outros usos (bebidas, lavagem de roupas, limpeza de pisos, 
jardins, lavagem de carros etc.). 
 
Consumidores comerciais 
O consumo comercial é bastante variável em função do tamanho e do tipo de 
estabelecimento. Historicamente, as padarias apresentam importância significativa 
no consumo comercial. Embora não seja necessariamente um estabelecimento que 
tenha consumo individual elevado, as padarias existem em grande número em 
muitas cidades. O setor de maior consumo deste tipo de estabelecimento está na 
cozinha e na confeitaria. Nas últimas décadas as padarias tradicionais têm ocorrido 
em número menor, dando lugar a lojas de conveniência e lanchonetes, que 
produzem pão não mais como sua atividade principal. 
 
8 YOSHIMOTO, P. M., SILVA, S. M. N. Uso Racional de Água. Capítulo 6. In: Redução do Custo da 
energia Elétrica em Sistemas de Abastecimento de Água. ABES, São Paulo, 2001. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
60 
 
Outro tipo de estabelecimento que pode ter consumo elevado são os postos 
de combustíveis, quando prestam serviço de lavagem de carros. Em épocas de 
escassez hídrica acentuada, a lavagem de carros é um dos primeiros usos da água a 
ser proibido pelo poder público. 
Em cidades de grande porte os shoppings centers são outro tipo de consumidor 
importante, pois atendem diariamente uma quantidade grande de pessoas com 
serviços diversos, inclusive alimentação. É comum um shopping center ser o maior 
consumidor de água da região onde se localiza (TSUTIYA, 2006). Para 
estabelecimentos deste porte, é muito importante que se faça a estimativa correta 
do consumo de água, do contrário pode haver problemas por conta do 
subdimensionamento do SAA, assim como sobrecarga do sistema de coleta de 
esgoto. A Figura 14 mostra os diferentes setores onde há consumo de água em um 
shopping center. 
 
Figura 14: Distribuição do consumo de água nos diferentes setores de um shopping Center. 
Adaptado de TSUTIYA (2006). 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
61 
Hospitais configuram outros tipos de estabelecimento que podem apresentar 
consumo significativo. TSUTIYA (2006) apresenta algumas equações matemáticas 
que podem ser usadas para calcular o consumo neste e nos outros 
estabelecimentos citados anteriormente. Estes modelos matemáticos consideram 
variáveis como número de funcionários, número de banheiros, número de 
chuveiros, área total construída, presença ou não de lanchonetes (no casode 
padarias) e número de bombas de combustível (no caso de postos de combustível). 
 
Consumidores industriais 
O uso da água em instalações industriais pode se dar de diferentes formas: 
 Uso humano: uso em banheiros, banhos e alimentação. Este uso 
depende apenas do número de funcionários; 
 Uso doméstico: água utilizada em limpeza geral e manutenção da 
área do estabelecimento; 
 Água incorporada o produto: água incorporada em bebidas, 
alimentos, produtos de higiene pessoal, cosméticos etc.; 
 Água utilizada no processo produtivo (não incorporada ao 
produto): água para geração de vapor, água para refrigeração, água 
para preparação de argamassa de cimento etc.; 
 Água perdida ou para usos não rotineiros: consumo sem relação 
com a atividade produtiva, como água para combate a incêndios, 
água para lavagem de reservatórios, água perdida por vazamentos 
etc. 
 
O consumo de cada um dos tipos citados acima varia bastante em função do 
tipo de indústria. Em indústrias de produtos de higiene pessoal, por exemplo, a 
água incorporada nos produtos (shampoos, sabonetes, desodorantes etc.) 
responde pelo maior consumo das fábricas. Para indústrias de produtos pré-
moldados de concreto, o consumo de água utilizada no processo produtivo é 
muito semelhante ao consumo doméstico. Estes representam os dois maiores 
consumos deste tipo de indústria. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
62 
 
Consumidores públicos 
Estão incluídos no consumo público a água utilizada para o abastecimento de 
edifícios e sanitários públicos, irrigação de parques e jardins, lavagem de ruas e 
passeios públicos, fontes ornamentais, chafarizes, torneiras e piscinas públicas, 
combate a incêndio, limpeza de coletores de esgoto etc. 
 
Balanço Hídrico no Sistema de Abastecimento 
 
O consumo de água em cada setor do SAA pode ser medido por hidrômetros, 
que são micromedidores instalados na ligação dos consumidores com a rede de 
distribuição, e/ou por macromedidores, equipamentos instalados na saída dos 
reservatórios que medem o volume total disponibilizado no sistema de 
distribuição. 
O ideal é que haja hidrômetros instalados nas ligações prediais, para que a 
empresa responsável pelo SAA possa realizar periodicamente a leitura dos 
equipamentos e processar o consumo em cada ligação, tanto para fins de 
cobrança, quando para controle de perdas. Entretanto, nem sempre o responsável 
pelo sistema realiza a instalação dos hidrômetros, por diversos fatores. Quando 
este é o caso, o consumo de cada ligação é estimado. Algumas operadoras de SAA 
fazem esta estimativa com base, por exemplo, no número de quartos por 
habitação. A CEDAE, concessionária de abastecimento de água do estado do Rio de 
Janeiro, adota este método de cobrança quando não há hidrômetro instalado na 
residência. A companhia assume um consumo de 500 litros por dia por quarto, o 
que para uma casa com um quarto, caracteriza um consumo mensal de 15.000 
litros, ou 15 m³. Apesar de a companhia economizar com a não instalação de 
micromedidores, a cobrança por estimativa do consumo pode incentivar um 
consumo maior, uma vez que a tarifa é fixa. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
63 
 
A diferença entre os valores medidos na macromedição e na micromedição 
configura as perdas de água no sistema de abastecimento. A realização da 
macromedição é bem mais fácil que a da micromedição por várias razões. Como os 
hidrômetros devem ser instalados em cada ligação com a rede, a manutenção e 
fiscalização do bom funcionamento destes é dificultada, por conta do número de 
recursos humanos necessários a essa fiscalização. Apesar de os hidrômetros 
deverem estar instalados fora das residências, tornando mais fácil a leitura do 
volume consumido no mês, em alguns casos o medidor está situado no interior da 
propriedade. Além disso, em locais de acesso mais dificultado é comum a 
existência de ligações clandestinas na rede de água. Este tipo de fraude visa à 
obtenção de água da rede sem a passagem pelo hidrômetro. Este consumo não é 
autorizado e o volume de água utilizado não é faturado pelo prestador do serviço, 
configurando uma perda aparente no sistema de abastecimento. 
Outra fonte de perdas aparentes no SAA é o erro de medição dos hidrômetros, 
por defeito ou mau funcionamento destes equipamentos, que ocorre por falta de 
manutenção ou calibragem do aparelho por parte do prestador do serviço de 
abastecimento. Não é incomum que o mau funcionamento de hidrômetros seja 
ocasionado por adulteração por parte do consumidor, o que caracteriza outro tipo 
de fraude. 
A Tabela 4 resume o balanço hídrico de um SAA. A água que entra no sistema 
é dividida em duas partes, uma que é consumida, e outra que é perdida. O 
consumo não autorizado entra no balanço como perdas de água É desejável que o 
índice de perdas seja tão menor quanto possível, pois perdas no SAA representam 
tanto prejuízo ao responsável pelo sistema, quanto desperdício do recurso hídrico. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
64 
 
Tabela 4: Balanço hídrico no sistema de abastecimento de água. 
 
Matriz do balanço hídrico. [m3 / ano] 
Água que 
entra no 
sistema 
(inclui 
água 
importada) 
Consumo 
autorizado 
Consumo 
autorizado 
faturado 
Consumo faturado medido 
(inclui água exportada) Água 
faturada Consumo faturado não-
medido (estimados) 
Consumo 
autorizado 
não-
faturado 
Consumo não-faturado 
medido (usos próprios, 
caminhão-pipa, etc.) 
Água 
não-faturada 
Consumo não-faturado não-
medido (combate a incêndios, 
favelas, etc.) 
Perdas 
de água 
Perdas 
aparentes 
Uso não-autorizado (fraudes e 
falhas de cadastro) 
Erros de medição (macro e 
micromedição) 
Perdas 
reais 
Perdas reais nas tubulações 
de água bruta e no 
tratamento (quando aplicável) 
Vazamentos nas adutoras 
e/ou redes de distribuição 
Vazamentos e 
extravasamentos nos 
reservatórios de adução e/ou 
distribuição 
Vazamentos nos ramais (a 
montante do ponto de medição) 
Fonte: ALEGRE et al. (2005)9 apud TSUTIYA(2006) 
A Figura 15 apresenta o índice de hidrometração por região geográfica no 
Brasil. Este índice representa razão entre o número de ligações de água que 
possuem hidrômetro e o número total de ligações de água. 
 
9 ALEGRE, H. et al. Performance Indicators for Water Supply Services . IWA Publishing, 2000. 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
65 
 
Figura 15: Índice de hidrometração por região geográfica no Brasil. Fonte: SNIS (2014). 
 
Consumo per Capita 
 
Como dito anteriormente, o consumo nas ligações prediais pode ser 
determinado em função da leitura dos hidrômetros. Com base nisto, é possível 
determinar o consumo médio efetivo por habitante no período de medição, ou 
consumo efetivo per capita, que é um parâmetro importante para o projeto de um 
SAA: 
/
c
e
V
q
NE ND NH L

 
 
Onde: 
qe = consumo efetivo per capita de água; 
Vc = volume consumido medido pelos hidrômetros; 
NE = número médio de economias; 
ND = Número de dias do período de medição dos hidrômetros; 
NH/L = número de habitantes por ligação. 
 
Sistema de Abastecimento de Água 
 
66 
O número de economias representa o número de habitações, ou de lojas, ou 
de estabelecimentos, ou de indústrias. O consumo efetivo per capita tem unidade 
de litros por habitante por dia (l/hab.dia) e representa o volume de água que é de 
fato consumido por cada habitante em um dia. 
A partir do consumo efetivo per capita é possível determinar o consumo médio 
per capita, que leva em consideração o índice de perdas do SAA: 
1
eqq
I


 
Onde: 
q = consumo per capita, ou consumo médio per capita de água; 
qe = consumo efetivo per capita de água; 
I = Índice de perdas de água do SAA; 
I é um índice adimensional, que varia entre 0 e 1 e q deve ter a mesma unidade 
de qe (m/³s, m³/dia, l/s, ou l/dia). Quando se trata do projeto de um SAA, deve-se fixar

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