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Insegurança Jurídica

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Insegurança Jurídica
Partindo do texto inicial “A importância do Sistema de Justiça para o
Desenvolvimento Econômico”, podemos começar nosso raciocínio a partir do primeiro
parágrafo da introdução:
“O desenvolvimento econômico de uma nação está intimamente ligado à presença de instituições
sólidas, aptas a garantir o cumprimento dos contratos e a proteger os direitos de propriedade.
Instituições fortes asseguram regras do jogo claras e acessíveis a toda sociedade, eliminando ou
reduzindo os custos de transação, garantindo segurança aos agentes e formando um ambiente
favorável à cooperação e à realização de trocas”.
De imediato se faz evidente a instituição sólida e segura como condição sine qua non para
o desenvolvimento econômico. Considerando como destaque o sistema de justiça,
compreendido pelos sistemas legal e jurídico, é trabalhado no texto que um bom sistema de
justiça deve atuar de forma previsível, garantindo a necessária segurança aos agentes para
a realização de suas negociações. Caso não atenda essas premissas gerais, não pode ser
considerado eficiente, tampouco alçado à condição de instituição fundamental,
representando um verdadeiro empecilho ao desenvolvimento econômico.
O Poder Judiciário como instituição imprescindível para a garantia da segurança dos
agentes ao planejar suas condutas: A existência de uma estrutura de direitos e o
instrumental necessário para garanti-los define a existência de oportunidades de
maximização do bem estar dos indivíduos.
Armando Castelar Pinheiro, em seu estudo sobre o Poder Judiciário e Economia no Brasil,
assevera que as leis relacionadas à atividade econômica desempenham quatro funções
essenciais. A primeira delas está relacionada à garantia dos direitos de propriedade. A
segunda, por sua vez, está voltada a estabelecer regras para a negociação desses direitos.
A terceira estabelece regras para entrada e saída do mercado e, por fim, a quarta promove
a competição e regula a conduta dos agentes nos setores nos quais prevalecem os
monopólios. Ocorre que, segundo o autor, independentemente da qualidade da legislação
existente em cada país, um conjunto de leis não possui condições de se sustentar em si
mesmo, ou seja, prescinde de um aparato institucional apto a atribuir-lhe eficácia,
resolvendo as disputas de forma segura e eficiente. Nesse sentido, “os tribunais
desempenham um papel central nas economias de mercado, garantindo que o império do
Direito de fato vigore”.
Já no segundo texto “A ultratividade jurídica das medidas provisórias rejeitadas ou
caducadas”, sendo notoriamente trabalho no texto a questão do excesso de poder
atribuído ao Poder Executivo através das medidas provisórias, é fato também como isso
interfere diretamente na boa relação entre os três poderes, onde se tem obviamente o
Poder Executivo se interpondo ao Poder legislativo, seja através do excesso de medidas
provisórias (tornando impraticável a análise devida de todas), ou pelo poder de reeditar as
medidas provisórias ainda que essa já tenham sido negadas.
A medida provisória continuar a produzir efeito no mundo jurídico mesmo após vir a ser
rejeitada expressa ou tacitamente, é um claro desequilíbrio na balança dos três poderes, o
que sem dúvida pode vir a provocar a insegurança jurídica. Como a MP tem força de lei, as
empresas também são submetidas às novas regras, em meio a divergência política entre o
Executivo e o Legislativo, as empresas são bombardeadas de mudanças normativas sem
qualquer previsibilidade de que serão mantidas no futuro (lembrando que um bom sistema
de justiça deve ser previsível).
Por fim, ao terceiro texto “Avaliação da independência das agências reguladoras dos
setores de energia elétrica, telecomunicações e petróleo no Brasil”, é abordado uma
questão muito interessante ao falar sobre a transição do Estado Intervencionista para o
Estado Regulador, um dos pilares citados para essa transição é a criação de agências
reguladoras independentes, com o propósito de reduzir a interferência das autoridades
políticas, conferindo maior segurança jurídica às decisões de investimento dos
empreendedores privados. Dentro deste tópico, somos apresentados aos conceitos de
independência normal (as garantias estabelecidas em lei) e a independência de facto (o
respeito a essas garantias, especialmente por parte das autoridades políticas e dos
reguladores), sendo assim reforçado mais uma vez a fundamentalidade da estabilidade das
regras para a consolidação de uma economia segura. Esse é outro fator de preocupações
no Brasil, caracterizado pela concentração de poderes na Presidência da República, o que
pode facilitar a atuação normativa do Poder Executivo em caso de perturbações nos
ambientes regulados, voltando então a edição das medidas provisórias como exemplo
dessa deturpação de poder. Uma vez que a Constituição brasileira coloca todos os órgãos
da administração pública federal subordinados ao presidente da República. Logo, as
agências se tornam fortemente sujeitas à ingerência política (controle orçamentário, atraso
na indicação de diretores e eventuais restrições associadas aos contratos de gestão).
Ao que finalmente chegamos a conclusão: Embora seja evidente o quão indispensável é
o Poder Judiciário para a segurança jurídica no Brasil, é fato que o ponto de partida deve vir
do Poder Executivo, onde se concentra a maior instabilidade responsável por grande parte
da insegurança jurídica no país, a publicação desregrada de MPs não só maldosamente
atrapalham e impedem o Legislativo de fazer seu trabalho, como trazem instabilidade ao
Judiciário e por consequência provocam instabilidade na economia. A forma desigual a qual
os poderes são exercidos provoca sem dúvida alguma a segurança jurídica e põe em
cheque o bom funcionamento do país.
Bibliografia:
CASTELAR, Armando. Judiciário e Economia no Brasil. Rio de Janeiro: Centro Edlestein de
Pesquisas Sociais, 2009. p. 3
O Dilema das Medidas Provisórias e a Insegurança Jurídica Para as Empresas
https://trabalhista.blog/2020/05/14/o-dilema-das-medidas-provisorias-e-a-inseguranca-juridica-para-a
s-empresas/
A Importância do Sistema de Justiça para o Desenvolvimento Econômico, de: ROCHA, Lara
Bonemer Azevedo da e RIBEIRO, Márcia Carla Pereira
http://www.pge.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-10/2015_005artigo_4_a
_importancia_do_sistema_de_justica_para_o_desenvolvimento_economico.pdf
A ultratividade jurídica das medidas provisórias rejeitadas ou caducadas.
https://www.jota.info/stf/supra/a-ultratividade-juridica-das-medidas-provisorias-rejeitadas-ou-caducada
s-03092020
Avaliação da independência das agências reguladoras dos setores de energia elétrica,
telecomunicações e petróleo no Brasil, VIEIRA, José Nilton de Souza; GOMES, Ricardo Corrêa; e
GUARIDO FILHO, Edson Ronaldo Rev. Serv. Público Brasília 70 (4) 576-607 out/dez 2019
https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/3512
https://trabalhista.blog/2020/05/14/o-dilema-das-medidas-provisorias-e-a-inseguranca-juridica-para-as-empresas/
https://trabalhista.blog/2020/05/14/o-dilema-das-medidas-provisorias-e-a-inseguranca-juridica-para-as-empresas/
http://www.pge.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-10/2015_005artigo_4_a_importancia_do_sistema_de_justica_para_o_desenvolvimento_economico.pdf
http://www.pge.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2019-10/2015_005artigo_4_a_importancia_do_sistema_de_justica_para_o_desenvolvimento_economico.pdf
https://www.jota.info/stf/supra/a-ultratividade-juridica-das-medidas-provisorias-rejeitadas-ou-caducadas-03092020
https://www.jota.info/stf/supra/a-ultratividade-juridica-das-medidas-provisorias-rejeitadas-ou-caducadas-03092020
https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/3512

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