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Daniela Martins Diniz Planejamento Estratégico 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 Daniela Martins Diniz PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Belo Horizonte Agosto de 2015 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 COPYRIGHT © 2016 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Equipe EaD 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 Conheça a Autora Daniela Martins Diniz é professora e pesquisadora na área de Administração. Doutoranda da UFMG na linha de pesquisa de ‘Gestão e Tecnologias Gerenciais’. Mestre em Administração pela PUC Minas, na linha de ‘Inovação e Gestão do Conhecimento’. Sua trajetória acadêmica inclui participação em diferentes projetos de pesquisa e publicações nas áreas de Inovação, Gestão do Conhecimento e Liderança. Acesso ao currículo Lattes para mais informações sobre a sua carreia acadêmica e profissional: http:// lattes.cnpq.br/2880429388574590. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 A disciplina “Planejamento Estratégico” aborda os principais fundamentos, conceitos, processos e ferramentas relacionadas ao planejamento estratégico das organizações. Primeiramente, são abordados os conceitos de estratégia organizacional e a sua evolução, de acordo com diferentes escolas do pensamento. Além disso, discutem-se modelos gerais de planejamento estratégico. Na sequência, são abordados os processos de análise do ambiente externo e interno da organização, bem como as ferramentas que dão suporte a tais avaliações (como o modelo das 5 Forças da Indústria de Porter e a Cadeia de Valor de Porter). Já a terceira unidade discute o processo de formulação da missão, dos objetivos e das estratégias organizacionais. No decorrer do conteúdo, são apresentadas algumas ferramentas de suporte à elaboração de estratégias competitivas (como a Matriz BCG, a Matriz Ansoff e as Estratégias Genéricas de Porter). A disciplina se encerra com a apresentação da fase de implementação, controle e avaliação das estratégias e com a discussão de ferramentas voltadas para tais finalidades (como o Balanced Score Card). Para tanto, a disciplina foi estruturada em torno de quatro macroconteúdos. • Unidade 1: As bases conceituais da estratégia organizacional • Unidade 2: Planejamento estratégico e análise do ambiente externo e interno • Unidade 3: Formulação de estratégias organizacionais • Unidade 4: Implantação estratégica, controle e avaliação Ao concluir a disciplina, espera-se que o aluno seja capaz de compreender em profundidade os fundamentos, conceitos, processos e metodologias relacionadas ao planejamento estratégico das Apresentação da disciplina 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 organizações, possibilitando um entendimento sobre o importante papel dessa ferramenta no contexto de negócios contemporâneo. Do ponto de vista prático, a relevância da disciplina se justifica pela possibilidade de desenvolvimento, pelos alunos, de habilidades técnicas, administrativas e gerenciais relativas aos fundamentos, conceitos e modelos relacionados ao planejamento estratégico. Em relação à importância teórica dela, o aluno se torna capaz de compreender um tema estratégico e de fronteira do campo da Administração. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 UNIDADE 1 002 As Bases Conceituais da Estratégia Organizacional 003 Conceitos de Estratégia Organizacional 005 A Evolução da Estratégia Organizacional Segundo Diferentes Escolas do Pensamento 008 Modelo Geral de Planejamento Estratégico 018 Revisão 025 REFERÊNCIAS 092 UNIDADE 2 027 Planejamento Estratégico e Análise do Ambiente Externo e Interno 028 Análise do Ambiente Externo e Suas Ferramentas 030 Análise do Ambiente Interno de suas Ferramentas 038 Revisão 045 UNIDADE 3 047 Formulação de Estratégias Organizacionais 048 Definição Da Missão, Visão e dos Objetivos 050 Formulação de Estratégias 054 Ferramentas de Apoio à Elaboração de Estratégias Competitivas 057 Revisão 067 UNIDADE 4 069 Implantação Estratégica, Controle e Avaliação 070 Implementação Estratégica 072 Controle e Avaliação Estratégica 082 Ferramentas de Implementação e Avaliação das Estratégias 085 Revisão 090 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 As Bases Conceituais da Estratégia Organizacional Introdução A unidade tem como objeto central apresentar os diversos conceitos de estratégia organizacional e a sua evolução, de acordo com diferentes escolas do pensamento. Então, foi utilizado o modelo de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), que distribui quarenta anos de produção em “estratégia” em dez correntes do pensamento, compreendendo as décadas de 1960 a 1990. No decorrer do conteúdo, serão discutidas as principais premissas, virtudes e deficiências das seguintes escolas: Design, Planejamento, Posicionamento, Empreendedora, Cognitiva, Aprendizado, Poder, Cultural, Ambiental e Configuração. Além disso, será apresentado o conceito de planejamento estratégico e alguns modelos que contemplam as principais etapas que constituem o processo. Conceitualmente, planejamento estratégico (ou gestão estratégica) “corresponde ao conjunto de atividades planejadase intencionais, estratégicas e organizacionais, que visa integrar a capacidade interna ao ambiente externo.” (TAVARES, 2000, p. 33). Significa, portanto, a elaboração e execução de objetivos e estratégias organizacionais que possibilitem um ajustamento mais adequado das capacidades internas da empresa ao ambiente externo. Sobre os modelos que apresentam as diferentes etapas do planejamento estratégico, serão consideradas as seguintes referências: Wright et al., (2000), Certo e Peter (2014) e Oliveira (2010). • Conceitos de Estratégia Organizacional • A Evolução da Estratégia Organizacional Segundo Diferentes Escolas do Pensamento • Modelo Geral de Planejamento Estratégico • Revisão 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 A apresentação dos conteúdos visa cumprir os seguintes objetivos: • compreender os conceitos de estratégia organizacional e identificar as principais correntes do pensamento estratégico; • discutir as premissas, virtudes e deficiências das principais escolas do pensamento em estratégia; • apresentar modelos gerais de planejamento estratégico e evidenciar as principais etapas do processo. Bom estudo! 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 005 Conceitos de Estratégia Organizacional A gestão estratégica tem se tornado um importante fator de competitividade na atualidade e sido constantemente utilizada como meio de estabelecer uma relação proativa da empresa com o ambiente. Constata-se que as organizações estão cada vez mais atentas para o desenvolvimento de instrumentos e ferramentas que subsidiem os gestores na definição dos rumos organizacionais e mecanismos que contribuam para a concretização desses propósitos. Apesar da magnitude e do destaque que o tema possui atualmente, os pensamentos sobre estratégia surgiram há 2500 anos a.C, e os conceitos que fundamentam esse campo de estudos vêm evoluindo e agregando diversos enfoques e perspectivas. Portanto, trata-se de um tema complexo, que aborda várias dimensões, mas importante o suficiente para constituir foco de inúmeras pesquisas contemporâneas. O termo “estratégia” foi utilizado no passado para designar as alternativas e manobras que os estrategistas formulavam e implementavam nos combates militares, visando sobressair sobre inimigos de guerra. Consistia na capacidade e esperteza na arte do generalato e na melhor combinação de táticas de ataque e defesa (MOTTA, 2002). À medida que as sociedades expandiam e as batalhas tornavam-se mais complexas, os generais testavam concepções estratégicas, bem e malsucedidas, até que um conjunto de pressupostos começou a surgir (QUINN, 2001). A incorporação da estratégia pelas organizações não rompeu definitivamente com os aspectos históricos apresentados. Motta (2002) defende que, assim como na área militar, as organizações determinam claramente os propósitos, planejam um conjunto de ações conscientemente formuladas e contam com a figura de líderes que direcionam e acompanham o processo. Quinn (2001) A incorporação da estratégia pelas organizações não rompeu definitivamente com os aspectos históricos apresentados. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 006 acrescenta que, naquela época, já existiam práticas de treinamento, análise das forças e estruturas ambientais, avaliação dos estilos de liderança e estabelecimento de limites importantes para a atuação dos guerrilheiros. Quanto às diferenças básicas, considera-se que o campo de batalha é algo mais previsível que o contexto organizacional. Enquanto a estratégia empresarial é formulada sob condições de pura incerteza, os guerrilheiros, visualizando o local, eram capazes de descrever as possíveis situações de ataque e defesa. Outra incompatibilidade é que a estratégia organizacional compreende pressupostos científicos (MOTTA, 2002). Apesar das distinções apresentadas, a estratégia organizacional possui algumas características das táticas militares usadas nos campos de batalha. O que de fato ocorreu foi a introdução de novas dimensões ao processo estratégico das organizações, visando uma melhor adequação dos estudos ao novo contexto (organizacional) em que a estratégia estava sendo implementada (QUINN, 2001). Desse modo, múltiplos significados de estratégia surgiram (CERTO; PETER, 2010). Alguns autores estabeleceram relações desse conceito com a estrutura empresarial (GALBRAITH, 2001), com os planos formais (ANSOFF, McDONNELL, 1993), com as forças ambientais (PORTER, 1989), com o processo de aprendizagem organizacional (QUINN, 2001). Um trabalho clássico que apresenta diferentes concepções sobre estratégia é o de Mintzberg (2001). O autor expõe cinco definições de estratégia, quais sejam: a estratégia como plano, como pretexto, como padrão, como posição e como perspectiva. A estratégia organizacional possui algumas características das táticas militares usadas nos campos de batalha. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 007 FIGURA 1 - Cinco definições de estratégia Fonte: Elaborado pela autora. Enquanto plano, a estratégia se refere a um conjunto de diretrizes previamente estabelecidas, constituídas por meio de um procedimento essencialmente deliberado. Como pretexto, representa uma manobra cujo objetivo é enganar os concorrentes no setor em que a empresa atua. Um padrão de comportamento, seja ele pretendido ou não, é também uma concepção de estratégia. Conquanto, as ações e condutas devem ser consistentes ao longo do tempo. A estratégia, como posição, consiste na análise do posicionamento da empresa em seu ambiente, com o intuito de alcançar um desempenho superior em relação aos demais competidores (PORTER, 1989). Por fim, a última definição volta o olhar para dentro da organização, mais especificamente para a mente das pessoas, buscando entender como os indivíduos percebem o mundo (MINTZBERG, 2001). Cabe ressaltar que os conceitos apresentados não devem ser tratados de maneira isolada, mas sim considerando as possibilidades de conexão entre eles. Portanto, são concepções complementares, e não excludentes (MINTZBERG, 2001). Um padrão de comportamento, seja ele pretendido ou não, é também uma concepção de estratégia. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 008 Apesar das diferentes definições de estratégia, existem algumas áreas de concordância a respeito do tema. Sendo assim, pode-se afirmar que a estratégia: • refere-se tanto ao ambiente externo quanto à dimensão interna da organização; • é complexa; • envolve questões de conteúdoe processo; • afeta todos os subsistemas organizacionais; • pode ser deliberada ou emergente; • existe em instâncias diferentes dentro da empresa; • contempla vários processos de pensamento (MINTZBERG et al., 2000). A Evolução da Estratégia Organizacional Segundo Diferentes Escolas do Pensamento Retratar o desenvolvimento das concepções sobre estratégia é um grande desafio para autores que escrevem sobre o assunto, considerando a complexidade e diversidade do tema. Reconhecendo o fato, foi selecionado, para compor esta unidade, o modelo de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), que, conforme mencionado anteriormente, distribui quarenta anos de produção em dez escolas do pensamento, compreendendo as décadas de 1960 a 1990. Essas classificações retratam as diversas visões sobre a estratégia, bem como as contribuições e falhas de cada perspectiva. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 009 As escolas tiveram origem em diferentes momentos da história da estratégia. Constata-se que algumas declinaram, e outras vêm ganhando importância e espaço nas organizações. Apesar dos pensamentos serem divergentes em determinados aspectos, seja no processo de formulação, implementação ou nos conceitos mais básicos, é importante compreender que uma estratégia bem- sucedida deve articular características dos diversos pensamentos (MINTZBERG et al., 2000). As escolas podem ser divididas em três grupos. O primeiro, de natureza prescritiva, enfatiza como as estratégias deveriam ser formuladas, deixando para um segundo plano a forma como foram de fato concebidas, englobando as linhas do design, do planejamento e do posicionamento. O segundo grupo se concentra mais na maneira como as estratégias foram efetivamente elaboradas e implementadas, sendo composto pelas escolas empreendedora, cognitiva, do aprendizado, do poder, a cultural e a ambiental. E, por fim, a última classificação contém apenas uma linha de pensamento - a de configuração -, que busca integrar os conceitos apresentados nas escolas anteriores (MINTZBERG et al., 2000; NOGUEIRA, 2014). É importante compreender que uma estratégia bem-sucedida deve articular características dos diversos pensamentos. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 010 FIGURA 2 – Escolas de Pensamento da Estratégia Fonte: Elaborado pela autora. Segundo Mintzberg et al. (2000), as escolas prescritivas atuaram, cada qual em sua época, de maneira hegemônica. A escola do design iniciou-se na década de 1960 e “(...) representa, sem dúvida a visão mais influente do processo de formação de estratégia.” (MINTZBERG et al., 2000, p.28). O planejamento e o posicionamento, originados nos anos de 1970 e 1980, respectivamente, expandiram rapidamente, mas perderam popularidade, na década de 1990, para os pensamentos descritivos. Desse modo, a partir dessa época, pode-se dizer que há uma coexistência de pensamentos diversos marcada principalmente pelas escolas que enfatizam a aprendizagem, a cultura organizacional, o poder e o empreendedorismo. Do grupo das estratégias prescritivas, a primeira é a escola do design, a qual propõe um modelo de formulação da estratégia que busque consistência entre as competências internas e as possibilidades externas. A Análise SWOT (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) consiste em identificar pontos fortes e fracos 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 011 e refletir sobre as ameaças e oportunidades, ideia que constitui a principal contribuição desse pensamento. Andrews (2001) afirma que a estratégia empresarial é um padrão de decisões que revela seus planos, diretrizes e objetivos. Trata-se, portanto, de uma formulação consciente e racional, que predetermina os caminhos a serem seguidos. A escola do design segue pressupostos básicos, como a separação entre pensar e agir, a necessidade de a estrutura seguir a estratégia e a importância do estrategista (gerente) como centralizador do processo. Entre as falhas desse pensamento, merecem destaque: inflexibilidade (pelo fato de a estratégia ser determinada previamente) e ausência de aspectos emergentes no processo de formulação. Alcançando magnitude na década de 1970, a escola do planejamento, como o próprio nome pressupõe, defende a formalidade nos procedimentos a partir da construção de planos, orçamentos e cronogramas (NOGUEIRA, 2014). Apesar de considerar premissas do modelo de design, a escola em questão assume que a estratégia não se encontra apenas na mente do gerente, que delega a ação de formular para uma equipe de planejadores (especialistas no assunto). Representantes da escola do planejamento defendem a decomposição do processo estratégico em etapas distintas, envolvendo, por exemplo, a análise SWOT; a definição de objetivos e estratégias; a proposição de procedimentos de controle; a alocação de recursos para a consecução dos fins (OLIVEIRA, 2010; TAVARES, 2000). Portanto, defende também a concepção estratégica a partir de um processo formal, racional e consciente, dando pouca atenção ao lado emergente da estratégia, aspecto que representa uma deficiência dos modelos prescritivos, segundo Mintzberg et al. (2000). Entre outras falhas, pode-se considerar que planos geram rigidez, são pouco adequados em ambientes instáveis e desencorajam o pensamento criativo. A escola do planejamento, como o próprio nome pressupõe, defende a formalidade nos procedimentos a partir da construção de planos. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 012 Finalizando a linha de pensamento prescritivo, a escola de posicionamento, impulsionada por Porter (1989), defende o desenvolvimento de um posicionamento único e gerador de valor no mercado competitivo em que a organização atua, possibilitando à empresa diferenciar-se dos seus concorrentes. Tal escola valoriza os aspectos externos à organização e sugere o uso de cálculos analíticos para a seleção da posição competitiva. Porter (1989), por exemplo, argumenta que é essencial a construção de uma posição singular e valiosa, pois as organizações, na ausência de estratégia, correm o risco de se transformarem em folhas secas, conduzidas pelos ventos da concorrência. Portanto, a única maneira de alcançar um desempenho superior é identificar como ela pode diferenciar-se das outras empresas. Assim como nos demais pensamentos prescritivos, a formulação da estratégia na escola do posicionamento constitui um processo racional e formal, que produz estratégias deliberadas, negando mais uma vez os aspectos emergentes. Outra crítica ao modelo refere-se à sua ênfase demasiada nos fatores ambientais externos, em detrimento dos recursos internos da organização. “Partindo das escolas de prescrição, movemo- nos agora em direção àquelas dedescrição, as quais procuram entender o processo de formação de estratégia à medida que este se desdobra.” (MINTZBERG et al., 2000, p. 98). A primeira representante do grupo que avalia efetivamente como as estratégias são elaboradas é a empreendedora, que destaca o líder como principal agente de formulação da estratégia (NOGUEIRA, 2014). Aspectos tácitos e intangíveis influenciam a formulação das estratégias, ou seja, o gerente desenvolve o pensamento estratégico em sua mente a partir de suas experiências, julgamentos e intuições, caracterizando um processo informal e flexível. Posteriormente, o empreendedor defende e dissemina a sua visão nas diferentes instâncias organizacionais, a fim de obter o comprometimento das pessoas com o futuro desejado. A formulação da estratégia na escola do posicionamento constitui um processo racional e formal, que produz estratégias deliberadas, 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 013 FIGURA 3 – Estratégia na mente do empreendedor Fonte: Arquivo institucional. Um avanço obtido com a escola empreendedora é a consideração, tanto de aspectos deliberados (referindo-se ao senso de direção) quanto de aspectos emergentes. Não obstante, o modelo é falho quando concentra a estratégia no comportamento de um único indivíduo (MINTZBERG et al., 2000). A escola cognitiva, segunda representante do grupo descritivo, considera a formação da estratégia como sendo um processo cognitivo que encontra, nos instrumentos da Psicologia, um meio de desvendar a mente do estrategista. Ela parte da premissa de que a estratégia se origina em um mundo mais complexo e subjetivo, para poder ser sintetizada em planos. Portanto, assegura mais flexibilidade no processo estratégico em relação às escolas prescritivas. Todavia, a concepção da estratégia, assim como na escola empreendedora, continua sendo dependente de um único indivíduo (o estrategista). Soma-se a isso o fato de que é extremamente complexo interpretar a mente humana. Disso conclui-se que a escola cognitiva também possui as suas falhas. O modelo é falho quando concentra a estratégia no comportamento de um único indivíduo. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 014 Se o mundo da estratégia é realmente tão complexo como diz a escola cognitiva, esmagando assim as prescrições das escolas do design, planejamento e posicionamento, como devem então proceder os estrategistas? Nossa sexta escola sugere uma resposta: eles aprendem ao longo do tempo. (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p. p. 134). A escola de aprendizagem apresenta a estratégia como sendo um processo experimental, baseado em situações de tentativa e erro, pois entende-se que falhas e acertos são inerentes ao comportamento humano. Sendo assim, a estratégia surge em pequenas fases, à medida que a organização aprende. As competências essenciais são fruto desse processo de aprendizagem coletivo e possibilitam à empresa criar um diferencial em relação aos seus concorrentes, a partir de processos de aprendizagem, criação, experimentação e inovação. FIGURA 4 – Estratégia como aprendizagem Fonte: Arquivo institucional. A formulação estratégica na escola de aprendizagem é necessariamente emergente, pois enfatiza o aprendizado (individual ou coletivo), como fonte principal do processo. Desse modo, a concepção e a implementação tornam-se indistinguíveis, embora corra-se o risco de as estratégias simplesmente não emergirem, levando a empresa a uma crise. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 015 A escola do poder, emergente na década de 1970, desvenda os interesses e a negociações por trás da formulação estratégica nas empresas. O poder não é uma atividade formalmente autorizada, mas necessária, à medida que estimula a execução de mudanças e proporciona características de flexibilidade inibidas pelos outros sistemas. A empresa é visualizada como um cenário repleto de finalidades individuais, objetivos divergentes, jogos de influência, negociações entre grupos, conjunto de ideologias, dentre outros. Portanto, a estratégia emerge nas relações sociais e de poder. Por outro lado, a estratégia pode refletir os objetivos de grupos hegemônicos, distorcendo, dessa forma, os propósitos globais da organização. Além disso, a política pode ser fonte de desperdício, pois o resultado dessa atividade política são conflitos entre grupos atuantes. Acrescenta-se, por fim, que o poder é uma dimensão a ser estuda, porém o processo estratégico não pode ser visualizado apenas sob essa perspectiva. Enquanto o poder enfatiza interesses unilaterais (geralmente de grupos soberanos), a cultura prima pelos propósitos comuns e coletivos da empresa. Desse modo, pressupõe-se que a estratégia tem forte conexão com os valores sociais, hábitos, padrões do comportamento e tradição da organização. A estratégia tem forte conexão com os valores sociais, hábitos, padrões do comportamento e tradição da organização. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 016 FIGURA 5 – Papel da cultura Fonte: Arquivo institucional. A estratégia, como processo cultural, presume que as mudanças são indesejáveis e desestabilizadoras – ideia que constitui a principal crítica designada a essa linha de pensamento. Outra falha é a ênfase dada aos aspectos internos, já que poucas análises externas são desenvolvidas. Na sequência, os pensadores da escola ambiental, últimos integrantes do grupo descritivo, destacam a importância da relação da empresa com o ambiente. As variáveis externas são os principais elementos considerados na formulação estratégica, e a organização é vista como uma instituição que reage as mudanças promovidas pelo ambiente. Sua origem está na teoria contingencial, que confirma que não há uma melhor maneira de administrar, nem de conceber estratégia, pois tudo depende de alguns aspectos, como o contexto em que a empresa está inserida, o seu porte, As variáveis externas são os principais elementos considerados na formulação estratégica. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 017 suas tecnologias, pessoas e processos. Mintzberg et al. (2000) argumenta que, assim como ocorre na escola cultural, a ambiental fundamenta-se em apenas uma perspectiva, priorizando, nesse caso, as forças externas à organização. Concluídas as concepções descritivas da estratégia, vale apresentar a última linha de pensamento do roteiro da estratégia: a escola de configuração. Representao esforço em combinar características positivas dos vários pensamentos discutidos, pois muitas correntes são deficientes, pelo fato de se concentrarem em um único ponto de vista. “A escola cognitiva procura nos dizer como pensam os estrategistas, a escola empreendedora como eles saltam e na escola cultural como eles aterrizam; a escola de configuração sugere a sequência.” (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p.231). A escola de configuração percebe a estratégia como um processo de transformação e a organização como agrupamentos coerentes de características e comportamentos, possibilitando uma consistência interna das variáveis organizacionais, bem como um alinhamento com o ambiente externo. Mintzberg et al. (2000) sugere que é essencial promover continuidades interrompidas por mudanças estratégicas, saltando de uma configuração para outra, aspecto que representa a chave para a administração eficaz. Os resultados podem ser planos, padrões, posições e perspectivas, contanto que estejam adequados ao contexto. Apesar de conciliar contribuições de diversas escolas, a escola de configuração também possui falhas. A harmonia e a consistência que são os pontos fortes desse modelo podem ser também a sua maior fraqueza. As características de algumas escolas da estratégia podem se tornar dominantes, impedindo a noção de “encaixe eficaz”. Finalizando as dez escolas de pensamento de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), mas não o desenvolvimento das concepções sobre estratégia, pois muito, ainda, será pesquisado e agregado a este tema, vale destacar que: A escola de configuração percebe a estratégia como um processo de transformação. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 018 Todo processo de estratégia precisa combinar vários aspectos das diferentes escolas. Será que alguém pode imaginar a geração de estratégia em qualquer organização séria sem aspectos mentais e sociais, sem as demandas do ambiente, a energia da liderança e as forças da organização, sem concessões entre o incremental e o revolucionário? E será que qualquer processo estratégico pode ser seguido de forma realista como puramente deliberado ou puramente emergente? Negar o aprendizado é tão tolo quanto negar o controle. (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p.270). Na seção subsequente, será abordado o processo deliberado de pensamento da estratégia, especificamente, o planejamento estratégico. Modelo Geral de Planejamento Estratégico A diversidade de conceitos sobre estratégia implica a seleção de algumas visões que sejam convergentes com o propósito deste livro. Desse modo, ao longo da disciplina, será aprofundado o processo deliberado de formulação da estratégia, denominado de “Planejamento Estratégico” por Oliveira (2010), de “Administração Estratégica” por Ansoff e McDonnell (1993) e Wright et al. (2000) e de “Gestão Estratégica” por Tavares (2000). O processo deliberado de formulação da estratégia consiste no desenvolvimento de diretrizes, políticas, objetivos, metas e ações conscientemente elaboradas (ANSOFF, McDONNELL, 1993; ANDREWS, 2001; QUINN, 2001; MINTZBERG, 2001). Tal processo não se refere a um procedimento desconexo de estabelecimento de objetivos. É essencial que haja interdependência entre eles para a efetividade de estratégia, e que esses elementos organizacionais formem uma configuração coerente, capaz de responder às dinâmicas ambientais (ANDREWS, 2001). 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 019 De modo geral, o termo “planejamento” significa a função administrativa voltada para a definição de objetivos organizacionais e a alocação de recursos para o alcance desses mesmos objetivos. Oliveira (2010) indica que a finalidade do planejamento é avaliar a situação atual da empresa do ponto de vista interno (recursos e capacidades) e externo (posicionamento no ambiente); estabelecer a missão, a visão e os propósitos organizacionais; selecionar as estratégias (os meios) mais efetivas para o alcance dos objetivos; executar os planos de ação; monitorar e controlar os resultados e, por fim, realizar os ajustes necessários. Consiste em “olhar para frente”, mas sem deixar de executar as ações hoje, objetivando alcançar o futuro desejado. Oliveira (2010) define o planejamento estratégico como sendo: (...) o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando otimizado grau de interação com os fatores externos – não controláveis - e atuando de forma inovadora e diferenciada (OLIVEIRA, 2010, P. 17). O autor complementa que o planejamento estratégico – o qual incorpora a organização como um todo -, deve direcionar a elaboração dos planos táticos e operacionais, para que os objetivos internos sejam consistentes e alinhados ao propósito maior da empresa. FIGURA 6 – Alinhamento entre os tipos de planejamento Fonte: Elaborado pela autora. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 020 Tavares (2000) conceitua o planejamento como “gestão estratégica”, afirmando que esse termo surgiu como alternativa viável para conciliar e fortalecer a articulação entre o planejamento (ou a formulação) e a sua implementação. Tal abordagem não privilegia nenhuma das fases, mas reforça a interdependência entre elas. A gestão estratégica “corresponde ao conjunto de atividades planejadas e intencionais, estratégicas e organizacionais, que visa integrar a capacidade interna ao ambiente externo.” (TAVARES, 2000, p. 33). Significa, portanto, a elaboração e execução de objetivos e estratégias organizacionais que possibilitem um ajustamento mais adequado das capacidades internas da empresa ao ambiente externo. Tavares (2000) acrescenta que as metas devem ser concebidas de forma clara e representar desafios, além de serem disseminadas na organização, com o propósito de facilitar o envolvimento e assegurar a flexibilidade para as mudanças desejadas. Independentemente da nomenclatura, há consenso de que o planejamento e a gestão estratégica podem ser visualizados como um processo constituído de diferentes fases e atividades organizacionais. Em outros termos, uma sequência de etapas articuladas entre si (OLIVEIRA, 2010; WRIGHT et al., 2000). Portanto, o planejamento estratégico não constitui uma ação isolada, mas um processo coordenado de tomada de decisão. Na literatura sobre o tema, existem modelos que apresentam as diferentes etapas do planejamento estratégico. • Modelo de Wright et al., (2000) • Modelo de Certo e Peter (2014) • Modelo de Oliveira (2010) Embora os modelos apresentem algumas diferenças (por exemplo, na ordem das etapas e/ou na ênfase dada a uma ou outra atividade), há consenso em relação à relevância das seguintes etapas: O planejamento estratégico não constitui uma ação isolada, mas um processo coordenado de tomada de decisão. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 610 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 021 diagnóstico interno e externo; definição da missão e dos objetivos organizacionais; formulação e implementação de estratégias; avaliação e controle. O primeiro modelo citado (Wright et al., (2000) subdivide o planejamento estratégico em cinco fases interdependentes e sequenciais: 1. Análise do ambiente externo; 2. Análise do ambiente interno; 3. Formulação de estratégias; 4. Implementação de estratégias; 5. Controle estratégico. A figura 7 sintetiza a proposição dos autores. FIGURA 7 - Modelo de planejamento estratégico de Wright et al., (2000) Fonte: Elaborado pela autora. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 022 Nessa mesma linha, o Modelo de Certo e Peter (2014) parte da premissa de que o planejamento estratégico envolve a realização das etapas contempladas na figura abaixo. Um destaque que os autores dão é em relação à importância do feedback em todas as fases do processo. FIGURA 8 – Modelo de planejamento estratégico de Certo e Peter (2014) Fonte: Elaborado pela autora. Por fim, o modelo de Oliveira (2010) prevê a realização das seguintes etapas: 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 023 FIGURA 9 - Modelo de planejamento estratégico de Oliveira (2010) Fonte: Elaborado pela autora. Vale ressaltar que os modelos discutidos não esgotam as possibilidades de metodologias de planejamento estratégico. Como visto anteriormente, a literatura sobre o tema apresenta inúmeras possibilidades para a condução desse planejamento. Com base no exposto, verifica-se que existem diferentes concepções acerca da estratégia organizacional e, portanto, ela pode ser considerada um tema complexo e diversificado no âmbito dos estudos organizacionais. Ademais, observou-se a importante função do planejamento estratégico na gestão das organizações. Na próxima unidade, será abordado o diagnóstico do ambiente interno e externo do planejamento, uma das fases fundamentais para a concepção de objetivos e estratégias adequados. Para ilustrar o uso do planejamento estratégico na prática, buscou-se descrever alguns estudos que investigaram a utilização dessa ferramenta no contexto de universidades. Particularmente, serão apresentados alguns achados das pesquisas de Bertucci (2000), Junior e Mangolim (2006) e de Andrade (2003). 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 024 A pesquisa de Bertucci (2000) buscou evidenciar a relação entre “estratégicas gerenciais” e o desempenho de universidades, especificamente, no caso das PUC’s Brasileiras (Pontifícias Universidades Católicas). A autora verificou que, no âmbito do planejamento, os dirigentes são peças fundamentais para mapear e perceber as alterações e tendências do ambiente externo. Da mesma maneira, são importantes na busca dos objetivos institucionais, pois influenciam as pessoas, alocam os recursos e definem as estratégias. Portanto, a maneira como os principais gerentes compreendem a problemática universitária, articulam processos e administram as áreas institucionais é o fator que mais interfere no desempenho da organização. Ou seja, a efetividade universitária é fruto das escolhas gerenciais efetivadas ao longo do tempo. Já a pesquisa de Junior e Mangolim (2006) buscou avaliar como as universidades têm desenvolvido e formulado estratégias que lhes permitam ser competitivas em um contexto dinâmico. Dentre os resultados empíricos, constatou-se que a maioria dos respondentes percebe a estratégia como sendo um conjunto de planos, ficando, em segundo lugar, a percepção de a estratégia ser a maneira como a instituição se posiciona frente aos desafios do ambiente externo (posicionamento). Outro achado é que as universidades adotam planos que são conscientemente elaborados (a partir de um processo deliberado de definição da missão, objetivos e estratégias). Porém, a instabilidade do setor de ensino demanda a existência de decisões que não foram previamente programadas, caracterizando as estratégias emergentes. Dessa forma, as decisões possuem correlação intensa com o feeling e as habilidades dos dirigentes. Os autores ainda verificaram que os gestores, tanto no procedimento racional de formulação estratégica quanto no processo incremental, influenciam e determinam o futuro da organização. Por fim, o estudo de Andrade (2003), denominado “Gestão Estratégica de Universidades: análise comparativa de instrumento de planejamento e gestão”, discute propostas de planejamento que possam ser úteis aos gestores universitários. Os resultados dessa pesquisa empírica apontam que a administração superior é responsável pela elaboração e aprovação de diretrizes gerais da universidade, que servirão de base para o estabelecimento de objetivos e estratégias das unidades. Portanto, 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 025 não consiste em um processo centralizado. Cada uma das unidades elabora o seu próprio planejamento, consoante os propósitos maiores da universidade. A pesquisa evidencia, também, que o planejamento estratégico é fruto de um processo político, de articulação de interesses e de negociação entre diversos grupos atuantes. Então, todos esses casos ilustram como as estratégias têm sido concebidas e implementadas no contexto de universidades brasileiras e como o planejamento contribui para o desenvolvimento e crescimento de quem utiliza e aplica seus métodos. Revisão Durante o estudo apresentado na Unidade 1, foi possível compreender os diferentes conceitos de estratégia organizacional (plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva) e a sua evolução, de acordo com diferentes escolas do pensamento (Design, Planejamento, Posicionamento, Empreendedora, Cognitiva, Aprendizado, Poder, Cultural, Ambiental, Configuração). Portanto, foi possível perceber a riqueza e a diversidade do tema “estratégia organizacional”. Além disso, o conteúdo estudado possibilitou o conhecimento de alguns modelos gerais de planejamento estratégico, evidenciando como o processo pode ser desagregado em diferentes etapas e atividades organizacionais. Em geral, o planejamento estratégico pode ser visualizado a partir das seguintes fases: análise do ambiente interno e externo, formulação de estratégias, implementação e controle estratégico. Para você ficar por dentro do assunto que foi discutido aqui e aprimorar o seu conhecimento, fica a dica de algumas publicações. Veja! Afinal, o que é planejamento estratégico? 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 7761 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 1 026 VASCONCELLOS FILHO, Paulo de. Afinal, o que é planejamento estratégico?. Rev. adm. empres., São Paulo , v. 18, n. 2, p. 07-14, Jun. 1978 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 75901978000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 ago. 2016. Recomendações sobre o processo de planejamento estratégico CONTADOR, José Celso. Recomendações sobre o processo de planejamento estratégico. Rev. adm. empres., São Paulo , v. 35, n. 3, p. 39-48, Jun. 1995 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901995000300006&lng=en&nrm=i so>. Aceso em: 24 ago. 2016. “A estratégia é o sangue de uma empresa” Link: http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/a-estrategia-e-o- sangue-de-uma-empresa-diz-autora. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901978000200002&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901978000200002&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901995000300006&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901995000300006&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901995000300006&lng=en&nrm=iso http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/a-estrategia-e-o-sangue-de-uma-empresa-diz-autora http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/a-estrategia-e-o-sangue-de-uma-empresa-diz-autora PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 027 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 Planejamento Estratégico e Análise do Ambiente Externo e Interno Introdução Esta unidade tem como objeto central a discussão de uma das etapas mais relevantes do planejamento estratégico: o diagnóstico dos ambientes externo e interno. Especificamente, serão abordadas: a análise do cenário externo e suas ferramentas, bem como a avaliação do ambiente interno e suas ferramentas. Tais atividades permitem a formulação de estratégias de negócio adequadas, capazes de contribuir para o desenvolvimento interno de competências e um ajustamento eficaz da empresa com ambiente. Considerando que a organização está sujeita a influências externas (imprevistas e incontroláveis) é importante que os gestores conheçam em profundidade as forças externas que impactam o desempenho da empresa. Ao mesmo tempo, é fundamental realizar o diagnóstico interno para a identificação dos pontos fortes e fracos da organização, pois tal atividade “(...) cuida da adequação do modelo organizacional ao que se pretende desenvolver em face das oportunidades e ameaças ambientais e dos relacionamentos com os públicos relevantes da organização (...)” (TAVARES, 2010, p. 215). Com base no exposto, a apresentação dos conteúdos acima expostos visa cumprir três objetivos específicos da Unidade 2: • Análise do Ambiente Externo e Suas Ferramentas • Análise do Ambiente Interno de suas Ferramentas • Revisão 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 • discutir as duas instâncias de avaliação do ambiente externo: o macroambiente e a indústria (setor de atuação da empresa); • avaliar as principais ferramentas de análise do ambiente externo (como o Modelo das 5 Forças da Indústria de Porter); • apresentar os principais aspectos envolvidos na análise do ambiente interno da organização e as ferramentas de suporte (como a Cadeia de Valor de Porter). 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 030 Análise do Ambiente Externo e Suas Ferramentas Como vimos na Unidade 1 da disciplina, planejamento estratégico (ou gestão estratégica) “corresponde ao conjunto de atividades planejadas e intencionais, estratégicas e organizacionais, que visa integrar a capacidade interna ao ambiente externo” (TAVARES, 2010, p. 33). Significa, portanto, a elaboração e execução de objetivos e estratégias organizacionais que possibilitem um ajustamento mais adequado das capacidades internas da empresa ao ambiente externo. Nessa definição, fica evidente que uma das atividades centrais do planejamento é a realização de diagnósticos interno e externo da organização. Tal atividade permite a formulação de estratégias adequadas, capazes de contribuir para o desenvolvimento interno de competências e um ajustamento eficaz da organização com ambiente. FIGURA 10 - Atividades centrais do planejamento estratégico Fonte: Elaborado pela autora. O planejamento estratégico pode ser decomposto em etapas claramente definidas (OLIVEIRA, 1991; TAVARES, 2010; WRIGHT et al., 2000). Existem diversas metodologias que apresentam as principais etapas e atividades do planejamento. Observa-se que as diferenças se concentram mais na ordem das etapas, do que no próprio conteúdo e natureza das mesmas (CERTO, 2010). A definição de um processo de planejamento estratégico deve seguir as características próprias de cada organização. Sua natureza, o porte, o estilo 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 031 de gestão, a cultura e o clima decerto irão influenciar a maneira como esse tipo de atividade deverá ser desenvolvida. (TAVARES, 2010, p. 156). Segundo Andrews (2001), antes da seleção das estratégias organizacionais, é fundamental que sejam avaliados os pontos fortes e fracos da empresa, bem como as oportunidades e ameaças ambientais. Essas são as grandes contribuições do diagnóstico interno e externo. O primeiro diagnóstico que será discutido é o do ambiente externo. Considerando que a “atividade organizacional está sujeita a influências externas, muitas das quais não previstas e, na maior parte das vezes, incontroláveis” (TAVARES, 2010, p. 138), é importante que a organização conheça em profundidade as forças externas que influenciam as suas atividades. A avaliação do ambiente externo compreende duas instâncias de análise, conforme é apresentado na figura 11. FIGURA 11 – Instâncias do diagnóstico do ambiente externo Fonte: Elaborado pela autora. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 032 A análise macroambiental consiste em mapear as forças ambientais e estudar a relação que a empresa estabelece com o ambiente em termos de oportunidades e ameaças (OLIVEIRA, 1991; TAVARES, 2010; WRIGHT et al., 2000; ANDREWS,2001). O macroambiente é formado pelas variáveis externas mais distantes da organização (em comparação com as forças constantes no segmento de atuação da empresa), das quais a empresa não tem tanto poder de controle e influência. Segundo Tavares (2010): A capacidade ou incapacidade da organização de prever e lidar adequadamente com sinais que precedem a grande maioria das modificações pode explicar grande parte dos sucessos e dificuldades com os quais ela depara. Ela precisa desenvolver, por meio de métodos adequados, a capacidade de previsão dos eventos futuros e explorá-los ou neutralizá-los em benefício próprio (TAVARES, 2010, p. 140). Dentre as forças macroambientais que podem impactar o funcionamento da organização, merecem destaque: a econômica, político-legal, social, cultural, demográfica e tecnológica (ver figura 12). Mas qual a influência da política econômica do país na atividade da empresa? Qual o papel da situação demográfica nacional, regional e local no funcionamento da organização? São questões como essas que a análise macroambiental auxilia as organizações a responderem. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 033 FIGURA 12 – Principais forças macroambientais Fonte: Elaborado pela autora. A intensidade de atuação de cada um dos fatores citados depende do negócio (setor) em que a organização está inserida. Assim, as variáveis macroambientais não influenciam de forma idêntica a operação de todas as empresas. Por exemplo, a política cultural do país pode gerar um impacto maior em organizações que trabalham com atividades artísticas e culturais, como: empresas de fotografia, de design, de moda e teatro. Portanto, cabe à organização avaliar como cada uma dessas variáveis impacta especificamente as suas atividades, a partir de critérios como: complexidade, velocidade, duração e incerteza. A partir da avaliação do impacto das forças macrombientais, a organização pode desenvolver cenários e projeções futuras para apoiar o processo decisório. Alguns indicadores que podem ser usados nessas simulações estão resumidos no quadro 1. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 034 QUADRO 1 – Indicadores de variáveis macroambientais Fonte: Elaborado pela autora. A segunda instância de análise do ambiente externo é a indústria, como define Porter (1989). O ambiente competitivo envolve as forças que intervêm de forma mais específica na atuação da empresa em seu setor. Independente de seu porte e sua natureza, a empresa se relaciona com diversos públicos, que de maneira positiva ou não, influenciam as suas atividades. Assim, a organização deve ser capaz de identificar os públicos mais relacionados com as atividades da empresa e definir o tipo de relacionamento que ela deseja estabelecer com eles. Cada instituição possui interesses, objetivos e demandas específicas. Portanto, definir modelos de relacionamento, alianças, parcerias e redes de relacionamento com seu público pode contribuir para a formação de estratégias eficazes. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 035 FIGURA 13 – Públicos relevantes da organização Fonte: Elaborado pela autora. Uma ferramenta utilizada para a avaliação das forças setoriais é o Modelo da Indústria de Porter (1989), principal referência na área. O autor argumenta que compradores, fornecedores, novos participantes e produtos substitutos podem ser competidores, mas ou menos notáveis, variando de setor para setor. A relação entre o grau de intensidade das forças é inversamente proporcional à lucratividade do setor. Quanto mais atuantes os fatores competitivos (especificamente, o poder de barganha dos fornecedores e dos clientes; e a ameaça de produtos substitutos e de novos entrantes), menor o retorno esperado. Portanto, se a essência da formulação da estratégia é lidar com a concorrência, o importante é analisar como estas forças podem interferir na empresa e posteriormente, identificar um 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 036 posicionamento onde a organização possa influenciá-las a seu favor (PORTER, 1989). O estudo analítico dos cinco fatores auxilia na criação de competências internas e na identificação de áreas mais promissoras para o crescimento e a diversificação da empresa. FIGURA 14 – Modelo das 5 forças de Porter Fonte: Elaborado pela autora. A primeira força a ser discutida é a ameaça de novos entrantes. O ingresso de um novo concorrente em uma indústria traz novas capacidades e competências, resultando no acirramento pela competição por fatias de mercado. A probabilidade de entrada de novas organizações em determinado setor é diretamente relacionada com as barreiras de acesso, com a retaliação esperada, com o grau de diferenciação dos produtos, as exigências de capital, as políticas governamentais, as economias de escala obtidas pelas organizações já atuantes naquele segmento. Quanto maiores os obstáculos (ou seja, as barreiras de entrada) e mais enérgico o comportamento dos concorrentes, menor é a possibilidade de inserção de novas empresas naquele setor (PORTER, 1989). Avaliar o poder de barganha dos compradores consiste em verificar se os clientes da organização possuem capacidade e poder para exigir, por exemplo, maior qualidade e menor preço dos produtos. Na medida em que o consumidor eleva o seu poder de barganha, a lucratividade da indústria é reduzida, pois a competição entre as empresas concorrentes aumentam. A intensidade da força dos 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 037 compradores é determinada por diversos elementos, dentre eles, o volume de produtos/serviços adquiridos pelos consumidores, o quanto de informações eles detém e o grau de diferenciação dos produtos. Por outro lado, os fornecedores também podem diminuir a lucratividade de determinado setor, elevando o preço dos insumos e, em muitas circunstâncias, impossibilitando que o acréscimo seja repassado aos demais atores da indústria. A inexistência de produtos substitutos e uma elevada diferenciação dos insumos são condições que aumentam o poder de barganha dos fornecedores junto às organizações. Assim, os fornecedores podem se recusar a trabalhar com determinada empresa ou cobrar preços elevados pelo acesso aos seus recursos. O quarto fator influente é ameaça de substituto. Porter (1989) afirma que quanto menos satisfeitos os consumidores estiverem com os produtos e serviços oferecidos por determinada empresa (por exemplo, com relação à política de preços oferecida), maior é a probabilidadede buscarem novas alternativas que atendam às suas necessidades. Portanto, a existência de substitutos restringe o ganho de determinada indústria. A alta rivalidade em um setor pressiona os seus participantes a identificarem novas competências, a investirem em inovação e buscarem maior diferenciação dos seus produtos, com a finalidade de melhorar a posição competitiva da organização na indústria. O grau de rivalidade em um setor é influenciado, por exemplo, pela quantidade e diversidade dos concorrentes, pela taxa de crescimento da indústria e barreiras de saída do setor (PORTER, 1989). Com base nas 5 forças de Porter, é possível perceber a relevância de a organização mapear e compreender as forças externas que influenciam a sua atuação, tanto do ponto de vista das variáveis macroambientais, como em relação às forças relacionadas à indústria. Ou seja, constata-se o relevante papel do diagnóstico do ambiente externo na formulação de estratégias mais eficazes. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 038 Análise do Ambiente Interno de suas Ferramentas Mapeadas as oportunidades e as ameaças ambientais e após a análise da posição competitiva da empresa na indústria, o próximo passo consiste no diagnóstico interno para a identificação dos pontos fortes e fracos da organização. Tal atividade “(...) cuida da adequação do modelo organizacional ao que se pretende desenvolver em face das oportunidades e ameaças ambientais e dos relacionamentos com os públicos relevantes da organização (...)” (TAVARES, 2010, p. 215). Ou seja, verificar se a empresa possui capacidade de aproveitar e potencializar as oportunidades identificadas a partir dos seus recursos internos. Todas as áreas e funções da organização devem ser mapeadas, desde as instâncias mais operacionais, até a cúpula estratégica da empresa. Identificadas as lacunas, os indivíduos devem buscar desenvolver os recursos, as tecnologias e as informações necessárias ao alcance da situação pretendida. A Visão Baseada em Recursos (VBR) é uma abordagem teórica criada no campo da estratégia organizacional que tenta explicar a vantagem competitiva através dos recursos e das competências singulares da empresa. Duas suposições centrais desse modelo são: 1. as empresas que operam em um determinado segmento são heterogêneas (ou se diferenciam) por meio dos recursos estratégicos que controlam; 2. tais recursos não são perfeitamente móveis entre as empresas, ou seja, a transferência de determinados tipos de recurso pode ser algo complexo e difícil. Portanto, não 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 039 há uma mobilidade simples. Com isso, a organização que detém os recursos mais valiosos consegue obter um desempenho superior no mercado. Segundo Grant (1996), essa abordagem percebe a empresa como um conjunto único de recursos idiossincráticos e capacidades específicas em que a principal tarefa da gestão é maximizar o valor desses recursos. Portanto, caso a organização consiga desenvolver um conjunto de competências únicas, difíceis de serem imitadas e transferidas, ela consegue obter retornos superiores no mercado em que atua. Isso significa que o desempenho da organização, na Visão Baseada em Recursos, não está ligado a fatores existentes fora das fronteiras da empresa, mas sim depende da capacidade interna de desenvolver e criar recursos estratégicos. FIGURA 15 – Fonte de competitividade Fonte: Elaborado pela autora. Os recursos da empresa incluem todos os ativos tangíveis, capacidades, processos, informações e conhecimentos controlados pela empresa e que permitem a elaboração e implementação de estratégias capazes de alavancar o desempenho organizacional. Segundo Barney (1991), tais recursos podem ser classificados em três categorias: capital físico, capital humano e organizacional. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 usuário Destacar PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 040 FIGURA 16 – Recursos da organização Fonte: Elaborado pela autora. Barney (1991) salienta que nem todos os recursos de uma empresa têm potencial para produzir vantagem competitiva sustentada. Para ter esse potencial, um recurso deve apresentar quatro atributos: • deve ser valioso, no sentido de possibilitar à organização explorar oportunidades ambientais e/ou neutralizar ameaças externas; • deve ser raro, ou seja, nenhum concorrente atual e potencial pode ter acesso a ele; • deve ser de difícil imitação; • deve ser insubstituível, isto é, não deve haver substitutos equivalentes para o recurso em questão. A criação de pontos fortes (ou de capacidades internas) decorre justamente da combinação singular desses recursos valiosos (humanos, organizacionais e físicos). A articulação entre esses três elementos possibilita à empresa alcançar vantagem competitiva no seu ambiente de negócios (BARNEY, 1991). Outro trabalho clássico dentro da perspectiva da Visão Baseada em Recursos é o de Wernerfelt (1981), que destaca que devemos visualizar as empresas como um conjunto mais amplo de recursos. Três proposições são defendidas pelo autor: 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 041 • visualizar as empresas em termos de seus recursos leva a diferentes percepções para além da visão tradicional do produto. Em particular, as empresas diversificadas são vistas sob uma nova perspectiva; • é fundamental identificar os tipos de recursos que conduzem a empresa a resultados superiores; • o crescimento da firma depende do equilíbrio entre a exploração dos recursos existentes e o desenvolvimento de novos. Tomando como referência algumas suposições da VBR, alguns autores desenvolvem estudos mais contemporâneos formando a “Visão Baseada no Conhecimento”, que visualiza a organização como uma instituição que integra conhecimentos especializados para a produção de bens e serviços (GRANT, 1996; NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Nota-se, portanto, que a principal atividade organizacional consiste na criação e na gestão do recurso “conhecimento”, reconhecido como o principal ativo estratégico da empresa e um dos únicos capazes de promover competitividade sustentável. FIGURA 17 - Importância do conhecimento Fonte: Arquivo Institucional. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 042 Nessa teoria, o conhecimento possui duas dimensões: a epistemológica e a ontológica. Do ponto de vista ontológico, o conhecimento é criado somente através das pessoas. Isso significa que uma organização não pode criar conhecimento sem indivíduos. A organização apoia os indivíduos criativosou lhes proporciona contextos para a criação do conhecimento. Quanto à dimensão epistemológica, o conhecimento pode ser classificado em tácito e explícito. Esses dois tipos de conhecimentos são complementares e interagem nas diversas atividades organizacionais. FIGURA 18 – Dimensões do recurso conhecimento Fonte: Elaborado pelos autores. O conhecimento tácito é pessoal, baseado em experiências e enraizado no contexto onde foi criado. Representa o recurso ligado aos sentidos, experiências, percepções e intuições. Ou seja, ele nunca é livre de valores humanos e ideias. Dadas essas características subjetivas, o conhecimento tácito é mais difícil de ser formalizado e comunicado. Boa parte desse conhecimento fica submersa na mente do indivíduo. O conhecimento tácito pode ser segmentado em duas dimensões. A primeira é a dimensão técnica (o “know-how” do indivíduo) e a segunda é a parte cognitiva, que reflete a visão de mundo das pessoas (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Já o conhecimento explícito pode ser codificado com mais facilidade, ou seja, expresso em números, esquemas, textos e gráficos. Portanto, esse tipo de saber é mais fácil de ser comunicado e transferido. Como por exemplo: uma metodologia, um procedimento ou um projeto de um produto (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). A partir de suposições sobre as características do conhecimento, a Visão Baseada no Conhecimento argumenta que o principal papel da empresa é integrar os conhecimentos especializados 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 043 dos indivíduos e transformá-los em bens e serviços. Nessa linha, a tarefa central da gestão é estabelecer a coordenação necessária para a integração do conhecimento. Com base no exposto, a Visão Baseada no Conhecimento reconhece que a principal fonte de competitividade da organização reside nos recursos internos e especialmente, no conhecimento. Do ponto de vista ferramental, a análise SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats) é um dos instrumentos utilizados para apoiar a realização do diagnóstico interno e pretende justamente cruzar as fontes de possíveis oportunidades e ameaças ambientais com os pontos fortes e fracos da organização. Essa comparação, além de auxiliar os gestores a articularem possibilidades externas com capacidades internas, permite a formulação de estratégias consistentes. Outra ferramenta que pode auxiliar no diagnóstico interno é a cadeia de valor genérico de Porter (1989), que propõe que a vantagem competitiva das empresas pode ser analisada através da desagregação das principais atividades da organização. Toda empresa é constituída de tarefas interdependentes, subdivididas em primárias (relacionadas diretamente ao fluxo de produtos/serviços da empresa até o cliente) e em tarefas de suporte, que fornecem apoio às atividades primárias. A avaliação de como a organização executa estas atividades e como elas se articulam permite identificar o grau de diferenciação da organização em relação aos seus concorrentes. Ao desagregar uma organização em suas atividades mais relevantes, torna-se possível examinar o comportamento dos custos e as possíveis fontes de diferenciação em cada processo de negócio, ampliando o valor final que a empresa entrega ao seu 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 044 público-alvo. Além disso, a cadeia de valor permite a identificação das conexões necessárias entre as diferentes atividades, ampliando o grau de integração interna e contribuindo para um funcionamento sistêmico da firma. FIGURA 19 – Cadeia de Valor Fonte: Elaborado pela autora. Feitos os diagnósticos interno e externo, a organização torna- se capaz de definir/revisar sua visão de futuro, objetivos e estratégias de negócio. Com base no exposto na Unidade 2, foi possível compreender a relevância das fases de diagnóstico do ambiente interno e externo para a formulação de estratégias de negócio adequadas, capazes de contribuir para o desenvolvimento interno de competências e um ajustamento eficaz da empresa com ambiente. Para ilustrar a etapa de diagnóstico do ambiente externo no âmbito do planejamento estratégico, vamos discutir o caso da Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, com atuação nos segmentos de aviação executiva, comercial, agrícola e militar. Do ponto de vista do ambiente externo, veja algumas oportunidades e ameaças que a Embraer já enfrentou. Oportunidades ambientais: • 1969 (ano da criação): a empresa surge para atender à demanda do Ministério da Aeronáutica Brasileiro para a produção de aeronaves militares e comerciais; 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 045 • 1989: crescente demanda por voos de curta distância e regionais. Tendências externas apontavam que o tráfego regional iria crescer mais que o tráfego de passageiros de longa distância; • 1999: elevada demanda externa de 50 companhias aéreas por jatos regionais de maior porte, com 75 a 110 assentos. A Embraer visualizou essa oportunidade e, a partir dos jatos de menor porte já desenvolvidos pela empresa, produziu as aeronaves de maior porte, em tempo recorde. Ameaças: • início dos anos 1990: fim da Guerra Fria e cancelamento das encomendas militares; • antes da privatização (1994): o governo, grande apoiador da empresa, apresenta altos déficits, limitando o seu apoio aos programas de exportação; inflação incontrolável; • desregulamentação do setor aéreo e eliminação de barreiras regulatórias, permitindo entrada de novos concorrentes; • disputa entre a Bombardier e a Embraer na Organização Mundial do Comércio (OMC). Portanto, o caso da Embraer ilustra as oportunidades e ameaças ambientais enfrentadas pela empresa que, se mapeadas previamente, poderiam ter contribuído para a elaboração e implementação de estratégias de negócios mais eficazes. Revisão Nesta unidade você aprendeu que uma das principais etapas do planejamento estratégico é a realização de diagnóstico dos ambientes externo e interno. Tais atividades permitem a formulação de estratégias de negócio adequadas, capazes de contribuir para o desenvolvimento interno de competências e um ajustamento eficaz da empresa com ambiente. 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 01 49 90 77 61 0 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO unidade 2 046 A análise do ambiente externo envolve duas instâncias de análise: a macroambiental e a indústria competitiva. Conhecemos as principais forças macroambientais que interferem no funcionamento da organização, bem como as forças relativas ao setor de atuação da empresa. Por fim, foi exposta a importância do diagnóstico do ambiente interno e do mapeamento dos recursos críticos e valiosos da empresa, os quais constituem a principal fonte de competitividade da organização, segundo a Visão Baseada em Recursos. Analisamos a firma enquanto uma instituição que integra
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