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Relação Saúde-Sociedade-Cultura 1 👥 Relação Saúde-Sociedade- Cultura Para falar sobre saúde no Brasil devemos incluir e conhecer a realidade demográfica, epidemiológica, social, política e cultural. Dentro desse contexto há uma estreita relação entre saúde e sociedade, onde devemos refletir desde o sujeito até a família e as relações sociais mais amplas. A cultura é um conjunto de valores, costumes, regras e leis que interferem em vários aspectos da vida; e a saúde é vista como um traço cultural. 📌 A saúde geralmente era vista como a perspectiva da sobrevivência, de anos de vida ganhos a defender a vida, mas considerando a cultura, a saúde é também ligada à intensidade e à qualidade de vida. 📌 Antes, a única cultura envolvida na saúde era a cultura científica, importando-se apenas com campanhas de vacinação, controle de epidemias, internações hospitalares e sanitização urbana, sem olhar para a cultura da sociedade.No entanto, atualmente considera-se de suma importância essa relação entre saúde, sociedade e cultura, que considera outro modelo onde a cultura considera o interesse de sobreviver, mas também o desejo, o prazer, a realização, o sujeito dentro do contexto. Saúde: determinada pela própria biologia humana pelo ambiente físico, social Relação Saúde-Sociedade-Cultura 2 e económico ao qual o indivíduo está exposto e pelo seu estilo de vida. isto é, pelos hábitos de alimentação e outros comportamentos que podem ser benéficos ou prejudiciais. A boa saúde está associada ao aumento da qualidade de vida. Sociedade: o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, preocupações e costumes e que interagem entre si, constituindo uma comunidade. Cultura: é um conjunto de valores, costumes, regras e leis que interferem em vários aspectos da vida. Dessa forma existem diferentes jeitos de pensar a saúde e o processo saúde-doença em termos de modelos assistenciais. Quando queremos estudar saúde, sociedade e cultura, devemos compreender que temos dois modelos assistenciais: Um modelo biomédico e um modelo de determinação social. A partir desses modelos podemos incluir o conceito de promoção da saúde que implica em ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e fatores de risco e depois de instalada a doença, no tratamento adequado dos doentes. Relação Saúde-Sociedade-Cultura 3 A promoção da saúde se refere a ações sobre os determinantes sociais da saúde, dirigidas a impactar favoravelmente a qualidade de vida das pessoas na sociedade. A promoção da saúde está diretamente relacionada à sociedade, uma vez que para melhorar as condições de saúde, são necessárias mudanças profundas dos padrões económicos no interior dessas sociedades, além de intensificação de políticas sociais, que são eminentemente políticas públicas. A promoção da saúde está divida entre duas questões importantes: o com portamento dos indivíduos e seus estilos de vida (que se aproxima muito do modelo preventivo das doenças); e o enfoque mais amplo das políticas públicas e das condições favoráveis à saúde. A promoção de saúde é baseada em dois pilares: um diz respeito aos comportamentos quotidianos e, o outro, às circunstâncias em que vivemos. Entende-se que ambos possuem um grande impacto na vida e na saúde, ou seja, a saúde é fortemente influenciada por esses fatores, o que oferece uma visão holística, que considera as pessoas como um todo, de uma forma abrangente, uma vez que ser saudável é muito mais do que a inexistência de doença. Existem fatores que determinam a promoção da saúde e que vão além das características das doenças: são os chamados determinantes sociais de saúde. Determinantes sociais de saúde A maior parte da carga das doenças, assim como as iniquidades em saúde que existem em todos os países, acontece por conta das condições em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem. A esse conjunto se dá o nome de determinantes sociais de saúde. Os determinantes sociais de saúde devem estabelecer uma hierarquia entre fatores gerais de natureza social, econômica e política e quais desses fatores incidem sobre a situação de saúde da população, uma vez que a relação de determinação não é uma relação direta de causa-efeito. Com isso a Organização mundial da Saúde (OMS) estabeleceu ações para melhorar a situaçào da saúde e reduzir iniquidades. Essas ações são baseadas em 3 principios: Relação Saúde-Sociedade-Cultura 4 1. Melhorar as condições de vida cotidianas as circunstâncias em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalhant e envelhecem. 2. Abordar a distribuição desigual de poder. dinheiro e recursos os motores estruturais das condições de vida referidas nos níveis global, nacionais e locais. 3. Quantificar o problema, avaliar a ação, alargar a base de conhecimento, dessenvolver um corpo de recursos humanos formado sobre os determinantes sociais da saúde e promover a consciência pública sobre o tema. Relação Saúde-Sociedade-Cultura 5 🗣 A abordagem dos determinantes sociais reflete o fato de que as iniquidades em saúde não podem ser combatidas sem que as iniquidades sociais não sejam combatidas junto. Para que a economia permaneça forte e a estabilidade social e a segurança global sejam mantidas, é essencial que ações coordenadas em prol da saúde sejam implementadas. Trabalhar sobre os determinantes sociais também ajuda a melhorar as condições de saúde como um todo. Antropologia médica [...] trata de como as pessoas, nas diferentes culturas e grupos sociais, explicam as causas das doenças os tipos de tratamento em que acreditam e ao qual recorrem se ficam doentes. Também é o estudo de como essas crenças e práticas estão relacionadas com as mudanças biológicas e psicológicas no organismo humano, tanto na saúde quanto na doença. A antropologia considera que a saúde e o que se relaciona a ela conhecimento do risco, ideias sobre prevenção, noções sobre causalidade, ideias sobre tratamentos apropriados ) são fenômenos culturalmente construídos e culturalmente interpretados pelos indivíduos. Sistemas de saúde Os sistemas de saúde não podem ser estudados isolados da sociedade; ao contrário, devem ser inseridos nela. O sistema de saúde tem dois tópicos importantes, que estão relacionados: Cultural: conceitual e prático Relação Saúde-Sociedade-Cultura 6 Social: organizacional e normativo A maioria das sociedades possui um sistema hegemônico de saúde, que dita a capacidade de direção política e cultural para a obtenção do consenso ativo de saúde. Esse sistema possui as seguintes características: 1. Individualismo. 2. Saúde/doença como mercadoria. 3. Enfase no biologismo. 4. A historicidade da prática médica. 5. Medicalização dos problemas. 6. Privilégio da medicina curativa. 7. Estímulo ao consumismo médico. 8. Participação passiva e subordinada dos consumidores. Dentro do sistema cultural de saúde existem formas diferentes de cuidado: O popular, o informal e o profissional: Informal: inclui a auto medicação e consulta com leigos que tiveram o mesmo problema. Crenças sobre saúde e doença são incluídas aqui. Popular: envolve curas milenares ou sagradas, grande variabilidade de cenários e abordagens. inclui os curandeiros, a abordagem holística, as facetas espirituais e a medicina alternativa: as medicinas originais não ocidentais «alternativas e complementares) incluem homeopatia, acupuntura, quiropraxia, etc. Formal: medicina tradicional. Relação Saúde-Sociedade-Cultura 7 A ONS encoraja a harmionização, e há experiências positivas no sistema de saúde do Brasil, como a das parteiras, a do planejamento familiar, a das rezadeiras e a da reidratação oral, entre outras. E as desigualdades sociais costumam ficar expostas no sistema médico, dentro do cuidado formal. Atualmente, apesar das práticas populares de cura não serem aceitas pela biomedicina, há menos crítica do que no passado, quando agentes populares de cura eram proibidos de exercersuas terapêuticas. Podemos então dizer que as práticas populares fazem parte dos sistemas de saúde alternativos que existem no país. 🗣 No Brasil, os estudos e pesquisas sobre saúde, cultura e sociedade têm se multiplicado, e na última década, a antropologia da saúde- doença vem se consolidando como espaço de reflexão e formação acadêmica. Os profissionais de saúde começam a desenvolver concepções menos pre- conceituosas em relação às práticas de cura popular, dirigindo cuidados mais responsáveis às pessoas e suas famílias,levando em consideração que a atenção à saúde é um sistema social e cultural incluindo crenças e hábitos (SANTOS et al., 2012). Relação Saúde-Sociedade-Cultura 8 Estudar sobre o conceito de doença possibilitou: 1) Ampliação da nossa compreensão sobre esse tema: seu significado e sua importância para a vida das pessoas. 2) Maior compreensão sobre a violência que representa a destruição dessas crenças no que diz respeito a viver com dignidade e cidadania. 3) Entender a origem de uma crença e os interesses sobre ela, princi- palmente quando possibilita o beneficiamento e o reforço de poder e autoridade. 4) Entender o que significa a fabricação de uma crença pretendendo uma modelação de comportamento. 5) A compreensão sobre como opera o poder exercido pela Igreja e pelas instituições de construir e ou destruir o sistema de crenças de um povo, conforme a situação. Relação Saúde-Sociedade-Cultura 9 🗣 Quando estudamos a influência da cultura na saúde, temos que ficar atentos à questão da Religiosidade. Respeitar as crenças, as diferenças e os hábitos de cada indivíduo auxilia na forma como as pessoas encaram a doença e como aderem aos tratamentos. Na prática As diferenças culturais auxiliam nos processos de implementação de programas de saúde e prevenção. As políticas públicas estabelecidas devem levar em consideração questões culturais da sociedade, pois, assim, os pacientes aderem aos tratamentos e buscam os cuidados de saúde de forma mais efetiva. Um exemplo é o programa de prevenção de HIV e AIDS, que precisa olhar com cuidado as diferentes pessoas contaminadas e suas peculiaridades, bem como os comportamentos culturais que permeiam as populações mais vulneráveis a essas doenças. Relação Saúde-Sociedade-Cultura 10
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