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AULA 3 Cultura midiática na era hipermoderna

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DEFINIÇÃO
Conceituação de modernidade líquida, hipermodernidade,
individualismo paradoxal, cibercultura, cultura da convergência e
cultura midiática contemporânea.
PROPÓSITO
Discutir a relevância das obras de Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky,
Pierre Lévy e Henry Jenkins na descrição da cultura midiática
contemporânea para compreender os paradoxos do individualismo
(hiper)moderno em face das atuais tecnologias de informação e
comunicação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Distinguir as interpretações de Zygmunt Bauman e Gilles Lipovetsky
acerca do mundo contemporâneo
MÓDULO 2
Identificar conceitos relativos à cibercultura e à cultura da convergência
INTRODUÇÃO
No final do século XVIII, surgiu na filosofia alemã um termo que logo se
tornou popular, sendo empregado – ainda em sua grafia original – até
os nossos dias: Zeitgeist, literalmente “espírito do tempo”. Em sentido
mais estrito, essa palavra pode ser entendida como a mentalidade – ou
seja, como as formas de pensar e sentir – de uma época. Já em um
sentido mais geral, descrever o Zeitgeist de uma época também
significa delinear as peculiaridades dos comportamentos (culturais,
sociais, econômicos, políticos etc.) de determinado período histórico
para, dessa maneira, compreendê-lo melhor.
Abordaremos neste tema as contribuições de quatro autores que
investigaram o Zeitgeist dos nossos tempos. Em comum, todos eles se
dispuseram a identificar e analisar aquilo que é característico e mais
particular na mentalidade, nos comportamentos e nas condições
técnicas e materiais das sociedades contemporâneas. Seus estudos
tratam das transformações socioculturais, técnicas e econômicas
ocorridas, principalmente, a partir da segunda metade do século
passado e que, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990,
foram colocadas debaixo de um guarda-chuva conceitual chamado
pós-moderno.
ZEITGEIST
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javascript:void(0)
A criação do termo é atribuída ao poeta e filósofo Johann
Gottfried Herder (1744-1803), que utilizou a palavra pela primeira
vez num livro publicado em 1769. Mas sua popularização ocorreu
cerca de vinte anos depois, no período pós-Revolução Francesa,
ao ser empregada por outros escritores e filósofos, como Goethe
(1749-1832) e Hegel (1770-1831).
PÓS-MODERNIDADE
Um dos marcos para a sedimentação do conceito de pós-
moderno foi a publicação, em 1979, do livro A Condição Pós-
Moderna, escrito pelo filósofo francês Jean-François Lyotard, que
analisou a produção do conhecimento daquela época sob
encomenda do Conselho de Universidades de Quebec.
Diferentemente do que se poderia esperar à primeira vista, a obra
não se propunha a caracterizar um novo estágio sociocultural,
mas a definir a posição do saber ou do conhecimento nas
sociedades desenvolvidas em um novo cenário disposto por
tecnologias cibernéticas e informacionais e por um ambiente
social marcado pelo individualismo crescente e pelo desencanto
com teorias totalizantes produzidas durante o século XIX e que
buscavam explicar as condições históricas, econômicas, sociais e
culturais da humanidade.
MÓDULO 1
 Distinguir as interpretações de Zygmunt Bauman e Gilles
Lipovetsky acerca do mundo contemporâneo
MÍDIA CONTEMPORÂNEA E
INDIVÍDUO PARADOXAL
A década de 1980 foi marcada pela expansão e disseminação do
consumo e dos meios de comunicação em praticamente todas as
esferas da vida, o que aprofundou o processo de individualização e o
consequente desinteresse por assuntos coletivos – ou seja, por aquilo
que constitui a política. Desse mesmo período datam os primeiros livros
dos autores que estudaremos a seguir: Zygmunt Bauman e Gilles
Lipovetsky. Inicialmente, ambos chegaram a defender o conceito de
pós-moderno para depois abandoná-lo em favor de termos que eles
consideravam mais próximos à situação do nosso tempo.
Fonte:Shutterstock
ZYGMUNT BAUMAN E A
MODERNIDADE LÍQUIDA
Fonte:Shutterstock
 O Sociólogo Zygmunt Bauman no Salão do Livro da Feira
Internacional do Livro de Turin, Itália, em maio de 2015
Zygmunt Bauman é considerado um dos autores mais influentes da
sociologia contemporânea. Com mais de setenta livros publicados (a
maioria já traduzida no Brasil), sua obra se estende por diversos temas
e extrapola os limites do debate sociológico devido à absorção de
múltiplos conceitos e teorias vindos de áreas vizinhas, como a Filosofia,
a Antropologia e a Literatura. Essa vasta produção dificulta a simples
apropriação e a elaboração de um panorama dos seus trabalhos.
Mesmo assim, se pudéssemos propor um denominador comum ao seu
pensamento, seria a elaboração de um diagnóstico abrangente das
sociedades desenvolvidas na virada do milênio.
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ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um sociólogo polonês de
origem judaica. Ele teve de se refugiar com sua família na então
União Soviética quando os nazistas invadiram a Polônia em 1939.
Após o término da Segunda Guerra, Bauman se formou em
Sociologia na Universidade de Varsóvia, onde posteriormente
passou a lecionar. Em 1971, ele recebeu uma cátedra em
Sociologia na Universidade de Leeds, Inglaterra, ocupando-a até
1990. Bauman continuou vivendo em Leeds como professor
emérito e nesse período escreveu suas principais obras e
manteve influente presença no debate público até sua morte.
Durante mais de quarenta anos, Bauman trabalhou para compreender
e descrever seu tempo presente. Inicialmente, suas proposições
continuaram e ampliaram o debate iniciado por Jean-François Lyotard
(1924-1998), isto é, em um primeiro momento seus trabalhos (Mal-estar
na pós-modernidade e Ética pós-moderna) orbitavam em torno daquilo
que seria definido como a pós-modernidade. Posteriormente, ele
passou a considerar o termo pós-moderno insuficiente para descrever a
situação sociocultural no final da década de 1990.
PARA BAUMAN, A SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA HAVIA INTENSIFICADO, DE
MANEIRA VERTIGINOSA, O ÍMPETO POR
MODERNIZAÇÃO NAQUELE ÚLTIMO SÉCULO,
OU SEJA, A BUSCA DO PROGRESSO E DA
INOVAÇÃO CIENTÍFICOS, SEM CONSIDERAR
OS IMPACTOS SOCIOPOLITICOCULTURAIS.
Por outro lado, ao observar esse impulso modernizante, o sociólogo
polonês defendeu a existência de algumas diferenças basilares que
justificariam a localização das sociedades atuais em outro estágio da
modernidade, tais como:
A inexistência de um telos da modernização, ou seja, de um
objetivo definido a ser alcançado por ela.
A desregulação e a privatização de atividades modernizantes
(sob a égide do neoliberalismo).
A globalização do processo de modernização (que embora se
dissemine de maneira desigual entre as nações, afeta todas as
formas de vida).
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
TELOS
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Telos (do grego τέλος) é um termo filosófico que significa objetivo
final, ou mesmo “razão de ser”. Esse conceito está presente na
concepção de teleologia, uma defesa, ou crença, em que os
movimentos humanos (a história ou a existência, por exemplo)
existem para um fim. Importantes doutrinas filosóficas, como o
aristotelismo e o hegelianismo, organizam seus pensamentos
pela teleologia.
NEOLIBERALISMO
A mentalidade neoliberal pode ser definida pela exaltação do
papel do setor privado para a condução da economia por meio de
privatizações, austeridade econômica, desregulamentação do
mercado, livre comércio e retraimento do Estado em face do
provimento de serviços essenciais (como saúde, educação e
previdência social).
O nome dado por Bauman para esse outro estágio social foi
modernidade líquida, um conceito consagrado no livro homônimo
publicado originalmente em inglês em 2000. Mas, para
compreendermos melhor o que esse termo significa, é necessário
observar seus contrastes com uma outra forma de modernidade,
definida por Bauman como “sólida”.
DO SÓLIDO AO LÍQUIDO
A modernidade se estabelece em contraste com a tradição.
Historicamente, ela marca o abandono das estruturas da Idade Média ea sedimentação de outros fundamentos inteiramente diferentes como,
por exemplo: a formação dos Estados nacionais, a crescente
urbanização, a perda do monopólio das religiões para a orientação e o
sentido das sociedades, o processo de individualização e suas técnicas
(letramento, imprensa etc.), o surgimento da ideia de progresso, a
invasão da América pelos europeus, a ascensão do capitalismo, o
Iluminismo e a exaltação da ciência e da racionalidade.
O projeto moderno atravessa os séculos XIX e XX com a sedimentação
da valorização da ordem, do planejamento e do controle (para a
garantia da segurança), cujos marcos seriam a fábrica fordista, a
burocracia e o modelo panóptico de vigilância. A premissa dessa
forma de pensamento é que o futuro seria previsível ou administrável a
partir do controle do presente. Por isso, há uma necessidade por
estruturas sociais estáveis. Essa forma de modernidade foi definida por
Bauman como “sólida”.
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Fonte:Shutterstock
 Esquema do Panóptico de Jeremy Bentham
PANÓPTICO
A ideia de panóptico ficou conhecida a partir dos escritos de
Michel Foucault (1926-1984), que se inspirou na idealização de
Jeremy Benthan (1748-1832) de uma penitenciária ideal, onde os
encarcerados podiam ser vistos sem verem o vigilante, portanto
nunca sabendo quando e se eram ou não vigiados. Panóptico
(pan + óptico, sugerindo a ideia de múltiplos olhares) era o nome
dado à estrutura arquitetônica desse projeto penitenciário.
O termo “líquido”, por sua vez, surge quando a incerteza e a
indeterminação entram em cena e desestabilizam modelos e
estruturas, fazendo com que eles não perdurem de modo satisfatório
para conseguirem se enraizar na sociedade. De acordo com Bauman,
esse estágio fica mais evidente no final do século XX, quando nada
parece persistir. Vejamos traços dessa liquidez:
O laço social fica mais tênue com relações sem vínculos,
persistência ou profundidade.
A insegurança produz o medo.
A temporalidade do “longo prazo” se desfaz diante do “curto
prazo”.
Consequentemente, o progresso e a fé na história se deterioram.
Os Estados renunciam a seu papel de provedor de garantias,
segurança, estabilidade, cedendo lugar ao mercado via
sucateamento e privatizações sistemáticas.
O trabalho se torna cada vez mais precário e os direitos
trabalhistas são desmontados
A desintegração social é intensificada pela passagem do cidadão
(politicamente engajado e preocupado com os rumos do bem
comum) para o indivíduo consumidor.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
Naturalmente, o processo de individualização está presente em toda
história da modernidade, mas, para o sociólogo polonês,
diferentemente do que ocorria aos indivíduos na modernidade sólida,
que se agrupavam em torno de grandes narrativas, a incerteza na
modernidade líquida aprofunda a atomização das pessoas, minando
qualquer possibilidade de mobilização coletiva em torno de um
propósito maior.
Além disso, ao invés de produzir um indivíduo mais autônomo, essa
nova situação moderna escancara a sua fragilidade: a contingência, a
vulnerabilidade e a falta de narrativas capazes de se opor ao modo de
vida capitalista em sua forma neoliberal produzem um indivíduo
incapaz de controlar as situações sociais que permitem que ele possa
se autoafirmar enquanto indivíduo autônomo.
 
Fonte:Shutterstock
 Capa da 1ª Edição de Modernidade Líquida, de Zygmunt
Bauman/figcaption>
Como podemos perceber, o espectro de mudanças apresentadas por
Bauman é bastante amplo. Por isso, as implicações da liquidez
moderna presentes no livro seminal Modernidade Líquida foram
retrabalhadas e aprofundadas posteriormente em várias outras obras
como, por exemplo, o tema do medo diante das incertezas e
inseguranças do mundo contemporâneo e seus efeitos, como nas
relações relações com o trabalho, a violência, a exclusão social etc.; o
tema da fragilidade dos vínculos afetivos; da mercantilização de todos
os aspectos da vida e dos males do consumo desmedido e da
ubiquidade e normalização da vigilância e dos dispositivos de controle
sociais.
Diante de tantos aspectos, na tentativa de visualizar melhor as
transições e a passagem da modernidade sólida para a líquida, somos
tentados a elaborar esquemas teóricos remetendo a duplas de
características, uma para cada época.
Modernidade sólida Modernidade líquida
Estruturas sociais estáveis Estruturas sociais instáveis
Produção Consumo
Liberalismo Neoliberalismo
Longo prazo Curto prazo
Coletividade Individualidade
Panóptico Autovigilância
Unidade Fragmentariedade
Rigidez Flexibilidade
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
Entretanto, como o próprio Bauman ressalta no último prefácio escrito
para a edição inglesa de Modernidade Líquida, o dilema
“solidez/liquidez” não deve ser pensado como uma dicotomia ou
uma superação de um pelo outro, mas como um vínculo dialético.
Isso significa dizer que a fluidez da nossa época também pode produzir
uma vontade por estruturas mais sólidas, da mesma forma que a busca
pela solidez das estruturas foi o que desencadeou a sua própria
liquefação, como exemplarmente colocado na famosa frase de Karl
Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) em pleno século XIX,
no contexto da Revolução Industrial: “Tudo o que é sólido e estável se
desmancha no ar.” (MARX; ENGELS, 2005).
DIALÉTICA HEGELIANA
Para o marxismo e o hegelianismo (e é preciso lembrar que
Bauman é um autor marxista), a dialética é um movimento da
história e do pensamento humanos marcado por três momentos
sucessivos: tese, antítese (que contradiz a primeira) e síntese
(resultado da resolução entre as duas anteriores). A síntese é
uma nova tese. Daí a infinitude desse movimento.
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A COLONIZAÇÃO DO PÚBLICO
No decorrer de sua obra, Bauman não apenas costurou um complexo
diagnóstico do nosso tempo e seus problemas, mas também elaborou
críticas contundentes ao atual estágio da modernidade. Um dos
principais objetos de sua análise são as transformações profundas no
espaço público acarretadas pelo individualismo, consumismo e pelas
mudanças provocadas pelos meios de comunicação eletrônicos e
computacionais. É por conta disso que ele se torna um autor
incontornável para os estudos sobre a chamada cultura midiática.
 
Fonte:Shutterstock
Antes mesmo da publicação do livro Modernidade Líquida, Bauman já
se mostrava preocupado com o enfraquecimento da política nas
sociedades contemporâneas. Com a emergência dessa nova forma de
modernidade, o sociólogo defendeu que o poder (no sentido da
capacidade de fazer coisas) foi separado definitivamente da política
(entendida por Bauman como a capacidade de decidir o que deve
ser feito e com que prioridade).
Tal separação ocorreu, principalmente, porque a dimensão privada teria
sufocado a esfera pública (o espaço onde surgiriam e seriam discutidos
os assuntos relevantes para a coletividade), o que então foi acelerado
pela mídia, particularmente a partir dos anos de 1980, como o próprio
sociólogo afirma em uma anedota contada durante uma entrevista. O
indivíduo da modernidade líquida considera o espaço público não mais
“que uma tela gigante em que as aflições privadas são projetadas sem
cessar, sem deixarem de ser privadas ou adquirirem novas qualidades
coletivas no processo da ampliação: o espaço público é onde se faz a
confissão dos segredos e das intimidades privadas.” (BAUMAN, 2001).
Essa tomada do espaço público pelos interesses privados e a
decorrente deterioração dos interesses comuns foram intensificadas
ainda mais a partir do surgimento das redes sociais e das formas
algorítmicas de comunicação. Essa é a base da sua crítica à
necessária diferenciação entre: redes e conexões X vínculo afetivo e
social.
Fonte:Shutterstock
Essa crítica da colonização da esfera pública pela privada é
acompanhada por uma tarefa ou demanda de defesa do que resta deespaço público – o que Zygmunt Bauman buscou incansavelmente ao
manter uma presença constante no debate midiático, um verdadeiro
ativismo intelectual. Mais ainda, ele convoca as pessoas para
“reequipar e repovoar o espaço público que se esvazia rapidamente”
por conta da retirada do “cidadão interessado” da esfera pública e da
“fuga do poder real para as redes eletrônicas.” (BAUMAN, 2001).
Bauman, portanto, conserva certo distanciamento em relação ao que
haveria de benéfico com a emergência de uma cultura midiática.
Postura bem diferente à do nosso próximo autor, Gilles Lipovetsky, que
ganhou notabilidade por defender a equivalência dos aspectos
positivos e negativos do atual estágio sociocultural.
GILLES LIPOVETSKY E A
HIPERMODERNIDADE
Gilles Lipovetsky está entre os intelectuais mais influentes e mais
discutidos por estudiosos da cultura contemporânea. Isso se deve,
particularmente, às suas ricas e controversas proposições sobre
individualismo, moda, luxo, mídia e consumo enquanto elementos
constitutivos das sociedades desenvolvidas.
GILLES LIPOVETSKY
Gilles Lipovetsky nasceu em 1944 na cidade de Millau, na França.
Formado em Filosofia pela Universidade de Grenoble, participou
do movimento de maio de 1968, que exigia mudanças no sistema
educacional francês. A partir da década de 1980, ele passa a
analisar a sociedade contemporânea com base nas relações de
consumo e no individualismo. Autor de vários livros, Lipovetsky
viaja o mundo como palestrante. Também esteve no Brasil em
diversas ocasiões. Atualmente, ele integra o Conselho de Análise
da Sociedade, mantido pelo governo francês.
Assim como Bauman, inicialmente esse filósofo francês foi um dos
teóricos do chamado pensamento pós-moderno. Seus pressupostos
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eram semelhantes: as sociedades pós-modernas eram caracterizadas
pelo enfraquecimento da esfera pública e das grandes instituições e
narrativas coletivas, pelo aumento do consumo, pela expansão das
mídias, pelo multiculturalismo e por um intenso individualismo.
Entretanto, as semelhanças são bem menores do que suas diferenças.
A OBRA DE LIPOVETSKY PODE SER LIDA
COMO UMA DEFESA DO CAPITALISMO COMO
O ÚNICO SISTEMA ECONÔMICO LEGÍTIMO E
DO INDIVIDUALISMO COMO O FUNDAMENTO
DAS SOCIEDADES DESENVOLVIDAS E A
MELHOR POSSIBILIDADE PARA A LIBERDADE
E PARA A FELICIDADE.
Esses dois elementos ganhariam contornos mais definidos a partir das
transformações sociais e éticas, das mudanças nas formas da moda e
do consumo, do culto ao luxo e da emergência das novas mídias.
Ao contrário de Bauman, o individualismo ganha aspectos positivos na
teoria de Lipovetsky, ou seja, ele não é definido sob a chave do
egoísmo ou da alienação em relação aos aspectos sociais que
constituem o indivíduo, mas sim com base na liberdade e na
autodeterminação pessoal. Assim, o individualismo é entendido a partir
de um rompimento com a tradição e o passado, como um desejo
voltado ao futuro e ao bem-estar individual. (A moda seria o motor para
essa transformação da autonomia subjetiva).
 
Fonte:Shutterstock
Entretanto, como veremos a seguir, o pensamento de Lipovetsky não
se esquiva dos problemas acarretados pelas formas individualistas
contemporâneas. Sua obra se constitui como uma tentativa de escapar
à mera exaltação ou ao pessimismo catastrófico em face das
mudanças do nosso tempo. Mais do que uma análise ou crítica, seu
trabalho possui um acento descritivo. O que, por sua vez, não significa
uma neutralidade em relação aos fenômenos.
DA ERA DO VAZIO À
HIPERMODERNIDADE
O primeiro livro de Gilles Lipovetsky a obter êxito internacional foi A era
do vazio (2005), publicado originalmente em 1983. No espírito da
explosão do discurso pós-moderno, o autor observa uma série de
profundas transformações nas sociedades ocidentais, como a
expansão do mercado financeiro e da globalização, o declínio do bloco
socialista e do antagonismo capitalismo/socialismo, a absorção da
gramática dos direitos humanos por várias constituições nacionais, a
emergência de demandas identitárias – para ficarmos com alguns
exemplos.
É A PARTIR DESSE PANORAMA QUE
LIPOVETSKY LANÇA O PILAR DO SEU
PENSAMENTO: A VALORIZAÇÃO DE UM
INDIVIDUALISMO DEMOCRÁTICO FORMADO
POR E PARA UMA SOCIEDADE MIDIÁTICA E
DE CONSUMO E INSTITUÍDO PELO
LIBERALISMO ECONÔMICO E CULTURAL.
Em A era do vazio, o mercado e suas lógicas de sedução não
constituem apenas um poder de expropriação e engano, mas – e
principalmente – concedem um aspecto fundamentalmente
emancipador, já que o indivíduo poderia se constituir enquanto tal a
partir das transformações nos estilos de vida e da possibilidade de
escolhas proporcionadas pela revolução no consumo. Esse fenômeno
foi chamado de processo de personalização (ou seja, a dissolução da
unidade das opiniões e dos modos de vida) e seria responsável, como
uma espécie de efeito colateral, pela manutenção da ordem
democrática a partir da pluralidade individual e subjetiva.
Com o passar dos anos, entretanto, Lipovetsky observa que esse
processo intenso de individualização baseado no consumo não apenas
era paradoxal – no que diz respeito às suas promessas e aos seus
perigos – como não se caracterizou como um rompimento com a
modernidade (conforme queriam os defensores do pós-moderno).
Ao contrário, a nossa época seria marcada pela elevação do projeto da
modernidade ao seu grau máximo: o processo de modernização já não
mais possui freios, a mercantilização e a midiatização atingiram todos
os aspectos da vida, a economia está cada vez mais
desregulamentada e o ímpeto tecno-científico está mais forte do que
nunca, já que a “modernidade ainda tinha contrapesos da tradição, de
partidos revolucionários, da luta de classes, o ideal de nação, a
administração estatal de diversas atividades da vida econômica – isso
agora desapareceu.” (LIPOVETSKY; CHARLES, 2007).
 
Fonte:Shutterstock
Assim, o conceito vago e ambíguo de pós-moderno cedeu lugar ao de
hipermodernidade. O prefixo hiper expressa uma falta de alternativa
ao culto da modernização. Não nos resta senão acelerar, inovar,
evoluir. Com a falta de contramodelos, tudo é absorvido pelo princípio
modernizante e pelas lógicas das mídias (hiperespetacularização) e do
consumo (agora, definido como hiperconsumo). E no centro dessas
transformações está o hiperindividualismo.
O INDIVÍDUO PARADOXAL
 
Fonte:Shutterstock
O indivíduo da hipermodernidade é bipolar. Ele oscila entre extremos:
ora prudente, ora desregrado, ora independente, ora dependente, ora
cultua a saúde, a higiene e o corpo, ora cede ao excesso e ao consumo
descontrolado. Ele é resultado de um paradoxo da hipermodernidade
que ao mesmo tempo em que valoriza a autonomia individual,
aumenta a sua dependência (econômica, política, financeira etc.).
O movimento ambíguo pode ser exemplificado na análise que
Lipovetsky faz das redes sociais enquanto espaços de
desenvolvimento da identidade, o que ocorre não mais pela política ou
religião, mas por gostos culturais e afetos que estariam na base
(hiper)hedonista e (hiper)narcisista do hiperindividualismo – ambos
considerados não apenas em seus aspectos negativos, mas positivos,
enquanto fomentadores das singularidades do indivíduo.
Esse paradoxo também se expressa na figura do hiperconsumidor, que
o autor chama de “consumator”, ou seja, ator/agente do consumo, com
papel de supostamente ser menos influenciado pelo mercado:
DE UM LADO, ESTE SE AFIRMA COMO
UM ‘CONSUMATOR’, INFORMADO E
‘LIVRE’, QUE VÊ SEU LEQUE DE
ESCOLHAS AMPLIAR-SE, QUE
CONSULTA PORTAIS E COMPARADORES
DE CUSTO, APROVEITA AS
PECHINCHAS DO LOW-COST [BAIXO
CUSTO], AGE PROCURANDO OTIMIZAR
A RELAÇÃO QUALIDADE/PREÇO. DO
OUTRO, OS MODOS DE VIDA, OS
PRAZERES E OS GOSTOS MOSTRAM-SE
CADA VEZ MAIS SOB A DEPENDÊNCIA
DO SISTEMA MERCANTIL.
LIPOVETSKY, 2008.
Ao contrário de Bauman, cuja análise deságua numa crítica à
modernidade líquida e aponta para formas de resistência, Lipovetsky
coloca a hipermodernidade e sua sociedadede hiperconsumo como
nossa única alternativa. Para ele, o mercado enquanto condutor das
formas de vida em sociedade se apresenta como a solução menos ruim
por ser, “a mais bem adaptada a uma sociedade de indivíduos
reconhecidos como livres. O ‘antidesenvolvimento’ ou a sociedade de
decrescimento aparece como um modelo não apenas irrealista, mas
também não desejável. Se é verdade que ‘mais não é melhor’, não
concluamos daí que ‘menos’ seja a solução dos nossos males.”
(LIPOVETSKY, 2008).
 SAIBA MAIS
Democracia sem freios?
Uma das principais críticas à obra de Gilles Lipovetsky se refere à
forma com que ele faz uma associação direta entre Estado democrático
e sociedade de consumo/individualismo. Em seu livro A sociedade de
consumo, publicado em 1970, o pensador francês Jean Baudrillard
(2008) já criticava um processo de “personalização” submetido às
seduções e demandas do mercado. Para ele, a igualdade pelo
consumo mascarava a ausência de democracia. Mais ainda: há o risco
de se confundir democracia com consumo. Esse pensamento de
Baudrillard foi retomado pelo filósofo Jacques Rancière para criticar a
obra de Lipovetsky. Para Rancière, ao se eliminar a figura política da
democracia e ao identificar o cidadão ao consumidor, Lipovetsky
reduziria a democracia apenas a um estado de sociedade (RANCIÈRE,
2014, p. 25).
Acompanhe o debate dos professores Catharina Epprecht e Rodrigo
Rainha sobre Gilles Lipovetsky e Zygmunt Bauman.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. APONTE UMA DAS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE
AS INTERPRETAÇÕES DE ZYGMUNT BAUMAN E DE
GILLES LIPOVETSKY AO TRATAREM DO MUNDO
CONTEMPORÂNEO:
A) Bauman estuda a pós-modernidade e Lipovetsky, a
hipermodernidade.
B) O sociólogo polonês analisa o consumo e o filósofo francês, o luxo.
C) Os canais de mídia analisados por cada um: a moda para o filósofo
e a publicidade para o sociólogo.
D) A maneira de encarar a mídia, área com potencial positivo para
Lipovetsky, mas de confusão entre as esferas pública e privada para
Bauman.
2. QUE OUTRA DIFERENÇA EXISTE ENTRE O OLHAR
DE BAUMAN E O DE LIPOVETSKY EM RELAÇÃO AO
MUNDO ATUAL?
A) A análise de Bauman é uma crítica no sentido negativo e ele busca
resistências. Lipovetsky vê o mercado no mundo contemporâneo como
a melhor possibilidade para garantir a liberdade dos indivíduos.
B) Lipovetsky é um neoliberal, que defende a privatização, a
meritocracia e o luxo como formas de viver e de se diferenciar na
hipermodernidade. Bauman propõe a revolução marxista.
C) Bauman propõe a volta à modernidade sólida, com decrescimento
econômico e social. Lipovetsky acredita que o “antidesenvolvimento”,
ou a sociedade de decrescimento, é não apenas indesejável, mas
também irrealista.
D) A diferença entre ambos se dá apenas no caminho proposto para
diferenciar consumo e consumismo. “Mais não é melhor”, afirma
Lipovetsky, mas que não se conclua daí que “menos seja a solução dos
nossos males” (LIPOVETSKY, 2008).
GABARITO
1. Aponte uma das principais diferenças entre as interpretações de
Zygmunt Bauman e de Gilles Lipovetsky ao tratarem do mundo
contemporâneo:
A alternativa "D " está correta.
 
Bauman critica a colonização da esfera pública pela privada em
diversos setores, mas em especial na mídia. Ele via com desconfiança
a cultura midiática, cuja emergência era celebrada, mas também
analisada, buscando avaliar pontos positivos e negativos, por Gilles
Lipovetsky.
2. Que outra diferença existe entre o olhar de Bauman e o de
Lipovetsky em relação ao mundo atual?
A alternativa "A " está correta.
 
Bauman apresenta uma análise muito crítica à modernidade líquida,
sempre buscando formas de resistência. Também é um ativista
intelectual e científico. Lipovetsky, por outro lado, acredita que a
sociedade de hiperconsumo é nossa única alternativa.
MÓDULO 2
 Identificar conceitos relativos à cibercultura e à cultura da
convergência.
CIBERCULTURA E
CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA
Assim como Bauman e Lipovetsky, outros autores, como Pierre Lévy e
Henry Jenkins, analisam a contemporaneidade, mas agora pensando a
relação das pessoas com as mídias em rede. Assista!
PIERRE LÉVY E A
CIBERCULTURA
O filósofo francês Pierre Lévy é um dos autores mais citados em
estudos sobre mídias digitais e as transformações sociais, culturais,
epistemológicas e políticas provocadas pela expansão das redes
computacionais nas sociedades contemporâneas.
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Fonte:Shutterstock
 O filósofo Pierre Lévy em evento realizado no Instituto CPFL de
Cultura em comemoração aos 10 anos do lançamento do livro
Cibercultura
PIERRE LÉVY
Pierre Lévy é um filósofo francês nascido na Tunísia (na época,
uma colônia francesa) em 1956. Professor da Universidade de
Montreal e membro da Royal Fellow Society do Canadá, formou-
se na Universidade Sorbonne, em Paris. Em 1980, seu mestrado
foi orientado por Michel Serres e, em 1983, concluiu seu
doutorado na renomada Escola de Estudos Avançados em
Ciências Sociais (EHESS).
Envoltas pelo ideário das promessas e potencialidades na alvorada das
redes de computadores e da propagação da internet, suas obras mais
influentes foram publicadas principalmente durante a última década do
século passado: As tecnologias da inteligência, de 1990; A inteligência
coletiva: por uma antropologia do ciberespaço, lançado em 1994;
Cibercultura, publicado em 1997; e, no ano seguinte, O que é o virtual?.
Esses livros foram traduzidos no Brasil pouco tempo depois e são
responsáveis pela popularização de conceitos como ciberespaço,
inteligência coletiva, virtualização, hipertexto, interfaces e
ciberdemocracia, todos elementos constitutivos do que Pierre Lévy
definiu como cibercultura.
HÁ UMA PROXIMIDADE ENTRE OS
ARGUMENTOS PÓS-MODERNOS (ASSIM
COMO OS LÍQUIDO-MODERNOS E
HIPERMODERNOS) E O CONCEITO DE
CIBERCULTURA. COMO O PRÓPRIO LÉVY
AFIRMA, “A MULTIPLICIDADE E O
ENTRELAÇAMENTO RADICAL DAS ÉPOCAS,
DOS PONTOS DE VISTA E DAS
LEGITIMIDADES, TRAÇO DISTINTIVO DO PÓS-
MODERNO, ENCONTRAM-SE NITIDAMENTE
ACENTUADOS E ENCORAJADOS NA
CIBERCULTURA.” (LÉVY, 1999).
Entretanto, os críticos do projeto de totalização da modernidade e suas
grandes narrativas não haviam feito uma diferenciação que, de acordo
com Lévy, constituiria a essência da cibercultura: ela seria universal
sem ser totalizante. Mas o que ele quer dizer com tudo isso?
CIBERCULTURA
Enquanto condicionantes do humano, as técnicas trazem consigo
estruturas que afetam a cultura e a sociedade de forma bastante
diversa. As relações inter-humanas atuais são inevitavelmente afetadas
pela presença e pelo uso das redes digitais que, para Pierre Lévy,
possuem uma lógica universalizante. Com esse termo, ele quer
ressaltar que toda a humanidade está potencialmente presente e
implicada por essas redes de computadores. Elas operam em um
movimento de expansão contínua que não cessará até que todos
estejam potencialmente conectados a elas. Entretanto, o sentido dessa
universalização é sempre plural, ou seja, não há a imposição de uma
totalidade ou de uma significação central.
Lévy ainda afirma que o elemento sine qua non para essa forma
cultural universal – mesmo que descentrada – é a participação no
ciberespaço. É daí que deriva o neologismo “cibercultura”. Assim, nas
palavras do próprio autor, o conceito de cibercultura caracteriza, então,
o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores, que se desenvolve
juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (LÉVY, 1999). Mas
ainda nos vemos presos a um outro conceito que necessita de uma
rápida clarificação: afinal, o que é o ciberespaço?
CIBERESPAÇO
O termo ciberespaço parece ter saído de uma ficção científica. E, na
verdade, é isso mesmo. Sua popularização é creditada ao livro
Neuromancer, do escritor norte-americano William Gibson, publicado
em 1984. Essa palavra foi usada para descrever uma rede de
computadores cuja conexão se dava diretamente no sistema neural dosusuários. Nas palavras do escritor:
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Fonte:Shutterstock
 Capa da 1ª edição de Neuromancer, de William Gibson.
WILLIAM GIBSON
Embora a palavra tenha sido usada anteriormente pelo próprio
Gibson em seu livro Burning Chrome, publicado em 1982,
Neuromancer é sua obra mais conhecida e, por isso, a
popularização do termo é atribuída a ela.
CIBERESPAÇO. UMA ALUCINAÇÃO
CONSENSUAL VIVENCIADA
DIARIAMENTE POR BILHÕES DE
OPERADORES AUTORIZADOS, EM
TODAS AS NAÇÕES, POR CRIANÇAS
QUE ESTÃO APRENDENDO CONCEITOS
MATEMÁTICOS... UMA
REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DE DADOS
ABSTRAÍDOS DOS BANCOS DE TODOS
OS COMPUTADORES DO SISTEMA
HUMANO. UMA COMPLEXIDADE
IMPENSÁVEL. LINHAS DE LUZ
ALINHADAS NO NÃO ESPAÇO DA
MENTE, AGLOMERADOS E
CONSTELAÇÕES DE DADOS. COMO
LUZES DA CIDADE, SE AFASTANDO...
GIBSON, 2016.
Já Pierre Lévy (1999) faz uso desse termo para definir o novo meio de
comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O
termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação
digital, mas também o universo oceânico de informações que ele
abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse
universo. Assim, não somente a web, como todas as redes
computacionais (financeiras, governamentais etc.) carregariam,
enquanto tecnologias da cibercultura, aspectos não apenas
descentralizadores, mas também participativos, socializantes e, em
última instância, cognitivos e emancipadores.
WEB
A World Wide Web (WWW) é um sistema de informações em que
seus recursos são interligados por hipertextos acessíveis pela
internet e identificados por Localizadores de Recursos Uniformes
(URLs).
INTELIGÊNCIA COLETIVA
Pierre Lévy defende que o ciberespaço fornece um ambiente perfeito
para o desenvolvimento daquilo que ele chamou de inteligência
coletiva. E quanto mais a rede de computadores se expande, maior o
potencial dessa inteligência interconectada.
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A disponibilidade ubíqua dos mais diversos conteúdos no ciberespaço
não seria livre de fatores negativos: o isolamento e excesso de
informação, a dependência, as tendências monopolistas de controle, a
exploração do trabalho remoto e vigiado, bem como a “bobagem
coletiva”. Entretanto, podemos afirmar que, no final da década de 1990,
Lévy permanecia bastante otimista com as possibilidades da internet.
Ele acreditava que seria uma questão de tempo para que as mentes e
ideias interconectadas produzissem coletivamente soluções para os
diversos problemas da humanidade.
Com o conceito de inteligência coletiva, Lévy não quer descrever a
constituição de um imenso “cérebro” humano, mas apontar para o fato
de que o ciberespaço tende a guardar potencialmente em si todo tipo
de conhecimento.
O VIRTUAL
A ideia de potencialidade está intrinsicamente associada ao conceito de
virtual. Como defende Pierre Lévy, o virtual não deve ser entendido
como algo que se opõe ao real, mas ao atual. É algo que existe em
potência e é atualizado ao ser acessado. O virtual, portanto, seria um
real que ainda não foi manifestado – um exemplo: toda planta existe
virtualmente em sua semente.
UM MUNDO VIRTUAL, NO SENTIDO
AMPLO, É UM UNIVERSO DE POSSÍVEIS,
CALCULÁVEIS A PARTIR DE UM
MODELO DIGITAL. AO INTERAGIR COM
O MUNDO VIRTUAL, OS USUÁRIOS O
EXPLORAM E O ATUALIZAM
SIMULTANEAMENTE. QUANDO AS
INTERAÇÕES PODEM ENRIQUECER OU
MODIFICAR O MODELO, O MUNDO
VIRTUAL TORNA-SE UM VETOR DE
INTELIGÊNCIA E CRIAÇÃO COLETIVAS.
LÉVY, 1999.
Essa experiência pode ser verificada concretamente no uso cotidiano
de tecnologias digitais. Por exemplo, todas as fotos armazenadas no
seu celular estão virtualmente lá até o momento em que você as
atualiza na tela do dispositivo.
CRÍTICAS
A obra de Pierre Lévy possui tanto defensores quanto críticos. Entre as
críticas mais frequentes está a desconsideração dos aspectos
econômicos e ideológicos das tecnologias digitais. Para alguns autores,
por exemplo, houve, a partir dos anos 1990, uma associação entre
cibernética e neoliberalismo que deveria ser exposta e discutida. Por
exemplo, os teóricos da mídia Richard Barbrook e Andy Cameron, sem
citar diretamente Pierre Lévy, publicaram em 1995 o ensaio A ideologia
californiana para denunciar o que eles chamaram de “neoliberalismo
pontocom”, propagado pelas empresas de tecnologias da informação
da região do Vale do Silício. Segundo eles, os gurus e exaltadores do
digital consideram que apenas o fluxo cibernético do livre mercado e
das comunicações globais são capazes de determinar o futuro e livrar o
capitalismo de suas crises.
Outra crítica frequente ao trabalho de Pierre Lévy diz respeito às
formas neutras que os seus conceitos assumem, sem levar em
consideração realidades concretas com seus atritos, suas
desigualdades e seus desafios.
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CRÍTICA ÀS FORMAS NEUTRAS
DOS CONCEITOS DE PIERRE
LÉVY
É nessa linha que argumenta a socióloga holandesa Saskia
Sassen em relação ao conceito de inteligência coletiva. O
Explore+ traz a indicação de um vídeo em que a socióloga expõe
essa crítica.
ENTRETANTO, MESMO SENDO ALVO DE
DURAS CRÍTICAS, O APARATO CONCEITUAL
DESENVOLVIDO POR PIERRE LÉVY É
FUNDAMENTAL NÃO APENAS PARA
DESCREVER O NOVO CENÁRIO MIDIÁTICO
COM A EMERGÊNCIA DAS TECNOLOGIAS
DIGITAS, MAS TAMBÉM PARA COMPREENDER
OS DESAFIOS IMPOSTOS PELA CULTURA
MIDIÁTICA.
HENRY JENKINS E A CULTURA
DA CONVERGÊNCIA
Assim como Pierre Lévy, o nosso último autor também está entre os
intelectuais que permanecem otimistas quanto aos efeitos dos usos das
tecnologias digitais de informação e comunicação nas sociedades
contemporâneas. O teórico da mídia Henry Jenkins alcançou grande
reconhecimento internacional na última década (e não apenas nos
meios acadêmicos, mas também entre públicos não especializados),
particularmente depois do lançamento do seu livro Cultura da
Convergência, publicado em 2006, cujo subtítulo em inglês é: “onde
colidem as velhas e as novas mídias”.
HENRY JENKINS
Henry Jenkins nasceu em 1958 em Atlanta, nos Estados Unidos.
Formado na Universidade do Estado da Georgia em Ciências
Políticas e Jornalismo, Jenkins possui mestrado e doutorado em
Ciências da Comunicação. Em 1993, fundou o programa de
Estudos de Mídia Comparada no renomado Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT), que coordenou até 2009.
Atualmente, é professor da Escola de Comunicação e Jornalismo
(Annenberg School for Communication and Journalism) da
Universidade do Sul da Califórnia.
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Como sugere o próprio título do seu livro mais famoso, Jenkins afirma
que vivemos em uma era de transição, em uma cultura da
convergência: de diferentes suportes, linguagens, estilos, gostos,
formatos, de convergência entre os papéis de consumidor e produtor
de mídia, entre as produtoras e o púbico, entre os emissores e os
receptores, entre a mídia mainstream e a mídia alternativa, entre os
meios digitais e analógicos.
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MAINSTREAM
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A mídia comercial ou grande mídia.
Assim, o conceito de convergência pode ser entendido como
convivência e implicação mútua dos meios de comunicação e
expressão. Ao contrário do que previram os primeiros teóricos ou
“gurus” da cultura digital, como Nicholas Negroponte, por exemplo, a
mera substituição das mídias analógicas pelas digitais não foi
concretizada, muito menos houve a convergência de vários suportes
em apenas um (como o computador e sua lógica digital que
universalizaria todas as linguagens). Trata-se antes de uma mudança
cultural.
PARA JENKINS, AS MÍDIAS NÃO SÃO SIMPLES
SUPORTES OU MEIOS DE DISTRIBUIÇÃO. ELE
EMPREGA A DISTINÇÃO DA HISTORIADORA
DAS MÍDIAS LISA GITELMAN, QUE
CONSIDERA OS MEIOS COMO
“PROTOCOLOS” DE PRÁTICAS SOCIAIS,
CULTURAIS, ECONÔMICAS, POLÍTICAS ETC.
ASSIM, AS MÍDIAS CONFORMAM PRÁTICAS
SOCIOCULTURAIS QUE PERDURAM NO
TEMPO, NÃO DESAPARECENDO COM A MERA
INTRODUÇÃO DE UM NOVO SUPORTE (O
RÁDIO SOBREVIVEU AO CINEMA, ESTE À TV,
TODOS ELES À INTERNET ETC.).
Portanto, a convergênciavai além das evoluções técnicas, ela “altera a
relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e
públicos. A convergência altera a lógica pela qual a indústria midiática
opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o
entretenimento.” (JENKINS, 2009).
O que muda, com isso, são as posições e funções das tecnologias
anteriores – algumas ganham status de culto, outras acabam
atendendo a necessidades mais específicas. E isso podemos perceber
facilmente em nosso cotidiano: vinis convivem com CDs e com
plataformas digitais de música, filmes fotográficos ainda são revelados,
a TV absorveu algumas funções do computador etc. É por isso que as
maiores transformações da cultura da convergência podem ser
verificadas nas práticas midiáticas de consumo e produção: “A maior
mudança talvez seja a substituição do consumo individualizado e
personalizado pelo consumo como prática interligada em rede.”
(JENKINS, 2009).
 
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De um lado, seguindo a mesma linha de Lipovetsky (mesmo que não o
cite em seu livro), Jenkins descreve a cultura da convergência como
uma via de mão dupla positiva entre produtores e consumidores. A
indústria de mídia e entretenimento não apenas se beneficiaria com a
criação de múltiplas formas de vender seus produtos, mas os
consumidores também estimulariam as formas de produção, fosse por
meio da apropriação e ressignificação dos objetos ou por meio das
comunidades de fãs que demandariam ou mesmo criariam outros
objetos midiáticos a partir dos originais.
 
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De outro lado, desta vez apoiado no pensamento de Pierre Lévy (citado
frequentemente em seus trabalhos), as novas formas de participação e
colaboração teriam sido intensificadas pela emergência das redes
digitais, responsáveis pela distribuição de fontes alternativas de poder e
de decisão, em outras palavras, as tecnologias computacionais
forneceriam as ferramentas técnicas necessárias para que o
consumidor conseguisse controlar suas escolhas e afirmar as suas
preferências.
Para dar conta da sua concepção de uma cultura da convergência e
fundamentar seus argumentos, Jenkins lança mão de três conceitos:
inteligência coletiva, cultura participativa e transmídia.
INTELIGÊNCIA COLETIVA
Amparado no termo cunhado por Pierre Lévy, Jenkins se apropria do
conceito de inteligência coletiva para descrever o consumo como um
processo coletivo. É como se o princípio de fóruns digitais ou da
Wikipédia fosse aplicado para entender as práticas de consumo
midiático. É a partir da constituição de um grande caleidoscópio no qual
cada um contribui em uma pequena peça que, unidas, são capazes de
redefinir as formas de produção: “A inteligência coletiva pode ser vista
como uma fonte alternativa de poder midiático.” (JENKINS, 2009). A
inteligência coletiva vai ao encontro de uma cultura da participação
que, no olhar de Jenkins, desafia as mídias tradicionais.
CULTURA PARTICIPATIVA E O
CONCEITO DE TRANSMÍDIA
O conceito de cultura participativa foi sendo elaborando por Jenkins ao
longo de todo seu trabalho, desde suas primeiras pesquisas sobre a
cultura de fãs, publicadas nos livros Textual Poachers: Television Fans
& Participatory Culture, de 1992, e Fans, Bloggers, and Gamers:
Exploring Participatory Culture, de 2006.
Nessas obras, ele descreve as trajetórias de comunidades que
começaram a produzir e compartilhar produtos midiáticos a partir de
uma obra cultuada, como os fãs de Star Wars ou Star Trek. Em Cultura
da Convergência, o autor se vale de exemplos de reality shows, séries
e filmes, como Matrix e Harry Potter.
O efeito da cultura participativa é a diversidade e a suposta quebra de
monopólios, pois a produção dos entusiastas não é incitada pela
monetarização, mas pelo desejo de contar histórias e de compartilhar
seus gostos e suas paixões. Por isso que, para Jenkins, os debates
sobre inclusão e redes digitais não podem só levar em consideração o
acesso, mas também – e principalmente – a participação efetiva dos
usuários nessas redes.
 
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Já o conceito de transmídia é a forma narrativa da cultura da
convergência. Ela é o resultado da cultura participativa, da interação
entre produtores e consumidores midiáticos. Ela ocorre enquanto
complemento, ou seja, quando determinada narrativa transborda pelos
mais diversos suportes, criando inclusive uma nova estética, “uma
estética que faz novas exigências aos consumidores e depende da
participação ativa de comunidades de conhecimento.” (JENKINS,
2009). Ainda nas palavras do próprio Jenkins:
CITAÇÃO
A NARRATIVA TRANSMIDIÁTICA É A
ARTE DA CRIAÇÃO DE UM UNIVERSO.
PARA VIVER UMA EXPERIÊNCIA PLENA
NUM UNIVERSO FICCIONAL, OS
CONSUMIDORES DEVEM ASSUMIR O
PAPEL DE CAÇADORES E COLETORES,
PERSEGUINDO PEDAÇOS DA HISTÓRIA
PELOS DIFERENTES CANAIS,
COMPARANDO SUAS OBSERVAÇÕES
COM AS DE OUTROS FÃS, EM GRUPOS
DE DISCUSSÃO ONLINE, E
COLABORANDO PARA ASSEGURAR
QUE TODOS OS QUE INVESTIRAM
TEMPO E ENERGIA TENHAM UMA
EXPERIÊNCIA DE ENTRETENIMENTO
MAIS RICA.
JENKINS, 2009.
Um exemplo clássico desse conceito é a franquia de ficção científica
Matrix, criada pelas irmãs Wachowski, que abrange três filmes de
longa-metragem, uma série de animes, histórias em quadrinhos e
videogames. Esse mesmo fenômeno pode ser observado em diversos
outros filmes, séries e videogames, como: O Senhor dos Anéis, Star
Wars, Game of Thrones, Final Fantasy etc.
CRÍTICAS
Assim como ocorreu com Pierre Lévy, a obra de Henry Jenkins suscitou
um intenso debate sobre o alcance e a validade dos seus conceitos.
Em 2011, os teóricos James Hay e Nick Couldry editaram um dossiê
dedicado à cultura da convergência para o jornal acadêmico Cultural
Studies. Com o título Rethinking Convergence/Culture, o dossiê
apresenta um conjunto abrangente de posicionamentos teóricos em
face da teoria de Jenkins. Entre algumas das principais críticas estão:
A ênfase excessiva no potencial participativo dos usuários.
Uma associação menos problemática entre mobilização de fãs e
participação política.
Uma visão excessivamente otimista da contribuição democrática
da convergência.
A falta de considerações sobre a lógica inerentemente
corporativa e neoliberal da convergência.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem
horizontal
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O FILÓSOFO FRANCÊS PIERRE LÉVY SE TORNOU
BASTANTE CONHECIDO NO FINAL DO SÉCULO
PASSADO POR DESCREVER AS CONDIÇÕES
TECNOLÓGICAS DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
A PARTIR DE CONCEITOS COMO CIBERCULTURA,
VIRTUALIDADE E INTELIGÊNCIA COLETIVA.
CONSIDERANDO ESSES CONCEITOS E A OBRA
DESSE FILÓSOFO, AVALIE COMO VERDADEIRAS OU
FALSAS AS AFIRMATIVAS A SEGUIR: 
 
A INTERAÇÃO COM O FLUXO DE DADOS EM REDES DE
COMPUTADORES É UM DOS ELEMENTOS QUE DEFINEM O
CIBERESPAÇO.
MESMO SENDO REAL EM SUAS AÇÕES E IMPLICAÇÕES, O
VIRTUAL NÃO PODE SER LOCALIZADO NO ESPAÇO.
A VIRTUALIDADE É O OPOSTO DA REALIDADE. TUDO AQUILO
QUE É VIRTUAL É TAMBÉM IMAGINÁRIO.
A INTELIGÊNCIA COLETIVA SÓ FOI POSSIBILITADA COM O
AVANÇO DAS REDES DIGITAIS E DESCREVE A MANEIRA
COMO O CONHECIMENTO É PRODUZIDO DE FORMA
COLETIVA NO CIBERESPAÇO.
ASSINALE A OPÇÃO CORRETA:
A) Somente a assertiva IV é falsa.
B) Somente a assertiva III é falsa.
C) As assertivas I, II e IV são falsas.
D) Somente a assertiva IV é falsa.
2. (UFRJ/2018) VÁRIAS NARRATIVAS SE UTILIZAM DE
MÚLTIPLAS PLATAFORMAS PARA CONTAR UMA
HISTÓRIA. COMO DEFINE HENRY JENKINS EM SEU
CLÁSSICO CULTURA DA CONVERGÊNCIA (2008), UMA
NARRATIVA TRANSMÍDIA:
A) É composta por uma mesma história narrada em diferentes mídias.
B) É uma história que usa simultaneamente áudio, vídeo e realidade
aumentada.
C) É uma história que busca uma experiência de imersão.
D) É composta por histórias diferentes, contadas de forma autônoma
em várias plataformas, mas que compõem um mesmo universo.
GABARITO
1. O filósofo francês Pierre Lévy se tornou bastante conhecido no
final do século passado por descrever as condições tecnológicasda sociedade contemporânea a partir de conceitos como
cibercultura, virtualidade e inteligência coletiva. Considerando
esses conceitos e a obra desse filósofo, avalie como verdadeiras
ou falsas as afirmativas a seguir: 
 
A interação com o fluxo de dados em redes de computadores é um dos
elementos que definem o ciberespaço.
Mesmo sendo real em suas ações e implicações, o virtual não pode ser
localizado no espaço.
A virtualidade é o oposto da realidade. Tudo aquilo que é virtual é também
imaginário.
A inteligência coletiva só foi possibilitada com o avanço das redes digitais e
descreve a maneira como o conhecimento é produzido de forma coletiva no
ciberespaço.
Assinale a opção correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Apenas a assertiva III é falsa, pois, para Pierre Lévy, o virtual se opõe
ao atual e não ao real, ou seja, o virtual é real, embora exista enquanto
potência.
2. (UFRJ/2018) Várias narrativas se utilizam de múltiplas
plataformas para contar uma história. Como define Henry Jenkins
em seu clássico Cultura da convergência (2008), uma narrativa
transmídia:
A alternativa "D " está correta.
 
O uso de diferentes mídias (texto e audiovisual, por exemplo) indica
uma narrativa multimídia. Já a narrativa transmídia envolve a cultura
participativa e diferentes plataformas na criação de um universo único e
particular, como, por exemplo, o universo de Matrix (filmes, séries,
HQs, videogames) ou de O senhor dos anéis (livros, filmes, games).
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Discutimos neste tema algumas das principais contribuições de
Zygmunt Bauman, Gilles Lipovetsky, Pierre Lévy e Henry Jenkins para
a constituição de um quadro teórico capaz de nos ajudar a
compreender o atual estágio da cultura midiática nas sociedades
contemporâneas. Foram quatro formas distintas de descrever o nosso
tempo.
Para além de suas afinidades e diferenças, da questão de saber qual
seria a mais pertinente para analisar o nosso Zeitgeist, do problema da
ruptura ou continuidade em relação aos debates modernos e pós-
modernos, todos os conceitos e as teorias apresentados aqui servem
para afinar a nossa sensibilidade e o nosso intelecto para as
características mais singulares do nosso momento histórico. Por isso,
eles são necessários não apenas para indicar caminhos conceituais a
serem trilhados, mas também para nos ajudar a encontrar novos
objetos de estudo e novas formas de criação.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Tradução: Artur Morão.
Lisboa: Edições 70, 2008.
BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução: Mário
Gama; Tradução: Cláudia Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
BAUMAN, Z. Em busca da política. Tradução: Marcus Penchel. Rio de
Janeiro: Zahar, 2000.
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de
Janeiro: Zahar, 2001.
BAUMAN, Z. Ética pós-moderna. Tradução: João Rezende Costa.
São Paulo: Paulus, 2003.
BAUMAN, Z. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos.
Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BAUMAN, Z. Medo líquido. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de
Janeiro: Zahar, 2008.
BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade. Tradução: Eliana Aguiar.
Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
BAUMAN, Z. Vigilância líquida. Tradução: Carlos Alberto Medeiros.
Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
GIBSON, W. Neuromancer. Tradução: Fábio Fernandes. 5. ed. São
Paulo: Editora Aleph, 2016.
JENKINS, H. Cultura da convergência. Tradução: Susana Alexandria.
Edição: Nova Edição-Ampliada e atualizada ed. São Paulo: Editora
Aleph, 2009.
LÉVY, P. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu Da Costa. São Paulo:
Editora 34, 1999.
LIPOVETSKY, G. Metamorfoses da cultura liberal: ética, mídia e
empresa. Tradução: Juremir Machado Da Silva. Porto Alegre: Sulina,
2004.
LIPOVETSKY, G. A era do vazio: ensaios sobre o individualismo
contemporâneo. Tradução: Thereza Monteiro Deutsch. São Paulo:
Manole, 2005.
LIPOVETSKY, G. O império do efêmero: a moda e seu destino nas
sociedades modernas. Tradução: Maria Lucia Machado. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007a.
LIPOVETSKY, G. A sociedade da decepção. Tradução: Armando
Braio Ara. Barueri: Manole, 2007b.
LIPOVETSKY, G. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade
de hiperconsumo. Tradução: Maria Lucia Machado. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008.
LIPOVETSKY, G.; CHARLES, S. Os tempos hipermodernos.
Tradução: Mário Vilela. São Paulo: Barcarolla, 2007.
LIPOVETSKY, G.; ROUX, E. O luxo eterno. Tradução: Maria Lucia
Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto comunista. Tradução: Álvaro Pina.
São Paulo: Boitempo Editorial, 2005.
RANCIÈRE, J. O ódio à democracia. Tradução: Mariana Echalar. São
Paulo: Boitempo Editorial, 2014.
EXPLORE+
Além das obras referenciadas neste tema – e que, em sua maioria, por
terem sido escritas a um grande público, apresentam uma leitura
agradável e elucidativa – selecionamos alguns vídeos com os autores
mencionados para que você possa ter contato com as pessoas que
estão escondidas atrás das linhas e dos constructos teóricos
apresentados em seus livros.
Zygmunt Bauman
Por ser um autor celebrado no Brasil, há muitas entrevistas concedidas
por Bauman a veículos de comunicação nacionais. Destacamos a
conversa que ele teve com jornalista Alberto Dines, para o Observatório
da Imprensa, disponível na internet e intitulada de Observatório da
Imprensa entrevista o sociólogo Zygmunt Bauman.
Também recomendamos que pesquise em seu navegador e assista aos
seguintes vídeos:
Zygmunt Bauman – A amizade Facebook
Zygmunt Bauman – O que é pós-modernidade?
Gilles Lipovetsky
Para saber mais sobre as posições do filósofo em relação à liberdade e
ao indivíduo, confira o documentário português O Valor da Liberdade,
produzido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Também sugerimos que pesquise em seu navegador e assista aos
seguintes vídeos:
Gilles Lipovetsky – O que é “individualismo” afinal?
Gilles Lipovetsky – A identidade na era Facebook
Pierre Lévy
Assim como Bauman e Lipovetsky, Lévy é um filósofo que veio em
diversas ocasiões ao Brasil. Há várias entrevistas concedidas a
veículos nacionais, mas destacamos aqui uma entrevista concedida ao
programa Roda Viva, da TV Cultura, em 2001, ainda no calor do
lançamento das suas obras mais relevantes. Pesquise em seu
navegador e assista!
Outros vídeos para se aprofundar nos conceitos trabalhados por esse
filósofo são:
Pierre Lévy – Inteligência coletiva na prática
Pierre Lévy – O que é o virtual?
Pierre Lévy – A internet não é exatamente o que você pensa
Henry Jenkins
Para ouvir o próprio Jenkins dando uma aula sobre seu conceito de
cultura participativa, recomendamos sua palestra durante uma TEDx-
Talk em 2010, intitulada TEDxNYED – Henry Jenkins – 03/06/10.
Para saber mais sobre o poder da mídia em um mundo transmidiático
do século XXI, assista ao vídeo Jenkins falando de Cultura da
Convergência.
Para compreender a crítica de Saskia Sassen a Jenkins, assista ao
vídeo Saskia Sassen – As contradições da inteligência coletiva.
Para se aprofundar mais neste tema, recomendamos a leitura dos
seguintes livros:
BAUMAN, Z. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual.
Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
BAUMAN, Z. Vidas desperdiçadas. Tradução: Carlos Alberto
Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
javascript:void(0)
BAUMAN, Z. Vida para consumo: A transformação das pessoas em
mercadoria. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar,
2008.
GITELMAN, L. Always Already New: Media, History, and the Data of
Culture. Cambridge, Mass. Londres: The MIT Press, 2008.
JENKINS, H. Textual Poachers: Television Fans & Participatory
Culture. Nova York: Routledge, 1992.
JENKINS, H. Fans, Bloggers, and Gamers: Exploring Participatory
Culture. Nova York: NYU Press, 2006.
LEVY, P. A inteligência coletiva: por uma antropologia do
ciberespaço. Tradução:Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Edições
Loyola, 2007.
LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o Futuro do Pensamento na
era da Informática. Tradução: Carlos Irineu Da Costa. 2. ed. São Paulo:
Editora 34, 2010.
LÉVY, P. O que é o virtual? Tradução: Paulo Neves. 2. ed. São Paulo:
Editora 34, 2011.
LYOTARD, J. F. A condição pós-moderna. Tradução: Ricardo Corrêa
Barbosa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
SANTOS, J. F. O que é pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 1994.
TEDX-TALK
TED é uma organização midiática norte-americana sem fins
lucrativos dedicada à disseminação de ideias, o que geralmente
se dá na forma de palestras curtas. Fundada em 1984, a TED
começou organizando conferências sobre Tecnologia,
Entretenimento e Design (daí o acrônimo do nome). Atualmente,
as conferências abrangem diversos tópicos. Já os eventos TEDx
são independentes e podem ser organizados por qualquer pessoa
ou instituição desde que obtenha uma licença gratuita da TED e
que concorde em seguir certas diretrizes como, por exemplo, o
formato das palestras.
CONTEUDISTA
Maurício Augusto Pimentel Liesen Nascimento
 CURRÍCULO LATTES
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