Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
QUESTIONÁRIO DA MATÉRIA CORRESPONDENTE À PROVA AV1 – 2021 1. Quais as espécies de enunciados linguísticos estudados em sala? De exemplos. a) descritivos – é o que traz uma explicação geral, uma definição ou descrição. Tem a função de informar outrem. Como exemplo, temos a definição de crime doloso no Código Penal brasileiro. b) prescrito ou normativo – é uma norma, comando, ordem, um imperativo, um comando. Tem a função de modificar comportamento. Essa é própria da linguagem normativa. Como exemplo uma portaria do Poder Executivo. c) interrogativo – é o que não admite atributo falso ou verdadeiro. Trata-se apenas de uma pergunta. d) exclamativo – exprime sentimentos e sensações. 2. O que é uma proposição. É uma estrutura sintática em forma de enunciado que afirma ou nega um sujeito e um predicado. 3. Diferencie enunciado prescritivo e enunciado descritivo. O descritivo apresenta predicações falsas ou verdadeiras e tem a função de informar outrem. Por sua vez, o prescritivo trata de comandos válidos ou inválidos e tem a função de modificar a conduta. 4. Os enunciados prescritivos podem ser falsos ou verdadeiros? E os enunciados descritivos? Não. Os prescritivos são válidos ou inválidos. Por sua vez, os enunciados descritivos, podem ser falsos ou verdadeiros. 5. É possível dar uma ordem através de um enunciado descritivo? Fundamente. Não, porque os dispositivos descritivos apenas descrevem, não há comandos. Como por exemplo a norma que define o crime doloso, previsto em no Código Penal: “Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi- lo”. Como pode ser observado, não contém um dever, uma conduta, apenas descreve o que é crime doloso, não há comando. 6. Defina metalinguagem e linguagem objeto, estabelecendo a relação entre ambas. Quando uma linguagem descreve outra linguagem estamos diante de uma metalinguagem. A ciência do direito é uma metalinguagem, pois descreve (analisa) os enunciados normativos (linguagem). Por sua vez, a linguagem objeto é aquela que é o objeto de estudo de um determinado campo. 7. A ciência do direito é uma metalinguagem? Fundamente, indicando qual a sua linguagem objeto. Sim, a ciência do direito é uma metalinguagem, pois descreve (analisa) os enunciados normativos (linguagem). Dessa forma, o direito tem como linguagem objeto as normas jurídicas. 8. Os enunciados da ciência do direito se submetem à disjunção “falso ou verdadeiro” ou a disjunção “válido ou inválido”? E os enunciados da sua linguagem objeto? A ciência jurídica é uma metalinguagem composta por enunciados descritivos, portanto falsos ou verdadeiros, com estrutura sintática proporcional, que tem por linguagem objeto a norma jurídica, composta por enunciados normativos, portanto válidos ou inválidos. 9. Diferencie mundo do ser e mundo do dever ser. A forma de pensar o mundo do ser está ligada a casualidade. Por sua vez, a imputação diz respeito a forma de pensar o mundo do dever ser. Por causalidade entende-se que dado o fato antecedente como causa, será o consequente como efeito. Já a imputação considera que dado o fato antecedente como condição, deverá/será o consequente como imputação. 10. O direito é uma ordem de verdades ou de validades? Fundamente e de exemplo. O direito é uma ordem de validades, e não verdades. Um exemplo clássico era o vivenciado no nosso ordenamento jurídico, na vigência do antigo código civil, no qual um filho biológico (no mundo ser), tido fora do casamento (bastardo), não era considerado filho para fins jurídicos (mundo dever ser). 11. Diferencie conceito e categoria, indicando qual a importância da categoria da imputação para o direito? Conceito – Forma universal das coisas pensadas; Categoria – Forma universal do pensamento; Toda norma jurídica perfaz a categoria da imputação. Dado o fato antecedente como condição, deverá/será o consequente como imputação. 12. Diferencie as categorias da imputação e da causalidade. Causalidade - Dado o fato antecedente como causa será o consequente como efeito; Imputação – Dado o fato antecedente como condição, deverá/será o consequente como imputação. 13. Defina imperativo, estabelecendo as diferenças entre imperativo categórico e imperativo hipotético. O imperativo é o dever que emana de uma vontade supra ordenada (vontade de quem manda) e se dirige a uma vontade subordinada (vontade de quem obedece). Imperativos categóricos são ordens formuladas de forma categórica, tais como: não matarás. Imperativos hipotéticos ocorre quando o conteúdo da imputação é previsto antes da conduta, tais como o caso das normas jurídicas em geral. 14. A norma jurídica é um imperativo? Fundamente. Sim, porém é um imperativo hipotético, ou seja, o conteúdo da imputação normativa é previsto na anterioridade da conduta. 15. Defina norma jurídica desde cinco pontos de vistas 1. linguístico, 2. epistemológico, 3. lógico e 4. psicológico e 6. funcional. Linguístico – É um enunciado normativo; Epistemológico – Perfaz a categoria da imputação; Lógico – Norma Jurídica = Hipótese Fática + Dever/Ser + Imputação Normativa; Psicológico – É um Imperativo (hipotético); Funcional - O papel da norma é dar uma definição jurídica aos fatos. 16. Qual a relação entre norma jurídica e dispositivo legal, segundo o professor? Um dispositivo legal não é a norma jurídica e sim, apenas uma parte dela, um mero fragmento. 17. “Cada dispositivo legal é uma norma jurídica”: você concorda com esta tese? Fundamente, a luz da perspectiva linguística, lógica, epistemológica e psicológica da norma jurídica. Não, pois existem dispositivos legais que são meramente descritivos, como por exemplo o artigo 18 do Código Penal Brasileiro, o qual segue transcrito, no que diz respeito a definição de crimes dolosos: “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. Nesse exemplo observamos um dispositivo legal, e não uma norma jurídica, uma vez que, não é uma ordem, não é um comando, não é um dever dirigido a uma conduta, ele só está descrevendo o que é um crime em sua forma dolosa. 18. Descreva a estrutura fragmentária da norma jurídica desenvolvida pelo professor em sala da aula. A norma jurídica é um enunciado linguístico normativo que está fragmentado no texto da lei e demais fontes do direito. Desse modo, a norma jurídica precisa ser reconstruída a partir do caso concreto. 19. Qual o ponto de partida para o raciocínio jurídico-normativo? Os juristas constroem norma jurídicas em tese ou somente a partir de um fato concreto? Fundamente. O ponto de partida do raciocínio decisório é o fato e não a norma. O jurista inicia sua análise a partir de um fato concreto, construindo a norma jurídica relativa aquele fato, ou seja, a norma individual. 20. Como a lei participa da norma jurídica? Os fragmentos legais são vinculantes ou têm poder meramente persuasivos? A lei é a principal fonte do direito. É a fonte formal do direito (principal), nas quais as decisões judiciais encontram fundamento, bem como a jurisprudência, a doutrina e o costume consideradas fontes complementares. Os fragmentos legais são vinculantes. 21. Como a doutrina, o costume e a jurisprudência participam da norma jurídica? Os excertos jurisprudenciais e doutrinários tem força vinculante ou meramente persuasiva? A jurisprudência e a doutrina, em diversas hipóteses, cumprem uma função normativa complementar, ora delimitando o alcance de alguns tipos penais, ora definindo os limites de conceitos semanticamente vagos contidos em tais dispositivos legais. Elas disponibilizam aos aplicadores da lei interpretações possíveis do texto legal, cumprindo a função de especificar o sentido dos termos legais. Por sua vez, a costume, que já foi a principal fonte do direito no passado, hoje é o mais frágil. Por serem catalográficas, nãovinculam o juiz e atuam apenas como elementos de persuasão. 22. Qual a relação entre valor e norma? O que é uma valoração objetivada? São dois lados de uma mesma moeda. Ou seja, se determinado indivíduo ou grupo tem um valor e outro determinado indivíduo ou grupo comunga um valor contrário, o primeiro é considerado diferente. Porém, se esse tal valor começa a ser comungado por todos, ele se transforma em norma para todos. Dessa forma, quando o grupo comunga do mesmo valor, para esse grupo tal valor torna-se objetivo, ou seja, torna- se uma norma de conduta. Assim, norma é uma valoração objetivada pelo critério da comunhão paulatina do valor. 23. Como um valor pode se objetivar? Ele se objetiva a partir do momento que um grupo de indivíduos o comungam do mesmo modo, passando a ser uma norma de conduta para todos daquele grupo, passando assim a ser objetivado. 24. Como ocorre a objetivação do valor nas diversas fontes do direito (lei, doutrina, jurisprudência e costume)? Os costumes são objetivados pela repetição de condutas. Por sua vez, a jurisprudência é objetivada com reiteração de decisões em um mesmo sentido. Na doutrina a objetivação ocorre quando se tem uma opinião teórica devidamente fundamentada sob determinados textos legais isolados, ou institutos jurídicos inteiros, de forma a complementar a legislação, definindo alguma coisa que está indefinida no texto legal, lapidando o texto legal. Por fim, com relação a lei, cabe destacar que somos um sistema de direito legislado, sendo assim, ela é objetivada com seu vigor, obedecendo as regras de controle normativo estabelecidas, e sua aplicação pratica nos casos concretos. 25. Em que consiste o sancionismo e o não-sancionismo? O sancionismo se refere à compreensão de que nas normas jurídicas que contém sanção possuem uma estrutura dúplice. Os chamados sancionistas, tais como Hans Kelsen, sustentam que todas as normas jurídicas possuem sanção. Por sua vez, os não sancionistas reconhecem que as normas que contém sanção possuem estrutura dúplice, mas sustentam que existem normas jurídicas que não contém sanção, e essas ostentam uma estrutura simples. 26. Descreva a estrutura dúplice das normas que contém sanção, indicando a que conduta cada “dever ser” se dirige. A estrutura dúplice pode ser analisada da seguinte forma: “dado a hipótese fática, deve ser o preceito (P); entretanto, dado o descumprimento do preceito devido (não P), deve ser S (sanção) ”. O que significa que preceito (P) é aquilo que o direito manda fazer; se o preceito for descumprido, é imposta a sanção. 27. O que é endonorma e perinorma? Endonorma: É implícita, na qual o dever se dirige ao cidadão – Preceito (P). Ex. Preceito: Não Matar. Perinorma: É Expressa. Por sua vez, o dever se dirige o aplicador (juiz). Ex. Descumprindo o preceito (Não Matar) recebe a sanção. 28. Qual a importância dos princípios de identidade, de não-contradição e do terceiro excluído para a ideia de sistema? É possível um sistema que não respeite esses princípios lógicos fundantes da racionalidade ocidental? Fundamente. São fundamentais para a ideia de sistema, não sendo cabível um que não respeito esses princípios lógicos, pois são os traços fundamentais do modelo de racionalidade científica, que maneja o pensamento sistemático e persegue a verdade objetiva, alcançada através da demonstração. O princípio da identidade afirma que tudo é idêntico a si mesmo. Em fórmula, A é A. Por exemplo, podemos dizer a árvore é árvore. Por sua vez, o princípio de não-contradição, como o nome indica, afirma que não deve existir contradição no raciocínio: A não é não-A, e a árvore não é não-árvore. Por fim, o princípio do terceiro-excluído, pode ser visto como a forma disjuntiva do princípio da identidade: uma coisa é ou não é. Entre essas duas possibilidades contraditórias não há possibilidade de uma terceira que, assim, fica excluída. Formalmente, é assim expresso: A é B ou A não é B; como exemplo podemos dizer que ou aquilo é árvore ou não é árvore. 29. Qual a importância da noção de sistema para a ciência do direito? É fundamental para ciência do direito, não somente porque ela se “cientificizou”, mas porque essa “cientificização” está ligada a necessidade de construção de sistemas conceituais que inspirassem a elaboração da lei sob a forma de sistemas normativos, diante da necessidade de construir a lei como um sistema normativo. Uma vez que, a única possibilidade de vinculação do magistrado a um direito construído previamente é que esse direto tenha sido construído através de um sistema normativo, tendo por base que os sistemas normativos oferecem uma única resposta para cada problema. 30. Qual a importância da noção de sistema para o direito positivo? É de suma importância no que se refere aos elementos que formam o núcleo de um sistema de direito legislado eficaz: o sistema de normas legais positivadas, os aplicadores de normas com suas regras de competência jurisdicional e o princípio da legalidade, que vincula os aplicadores às normas, de modo que, toda decisão que não for fundamentada numa norma do sistema será considerada inválida. 31. Qual a relação entre tripartição dos poderes, vinculação e sistema? O Brasil adota a tripartição dos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) que são independentes e harmônicos entre si, não existindo uma hierarquia entre eles. Além disso, eles fiscalizam uns aos outros, mantendo assim o Estado Democrático de Direito. Dessa forma, a vinculação se faz importante, tendo em vista que este princípio é capaz de vincular o aplicador da lei ao sistema de normas, ou seja, obediência ao princípio da legalidade. 32. Em que consiste a dupla sistematização do direito moderno? Para a operação do direito por meio de um pensamento sistemático é necessária a dupla sistematização, em que de um lado está a normativa (alcançada pela codificação do direito) e do outro lado as construções teoréticas e seus sistemas conceptuais, que somente podem ser possíveis de raciocinar sistematicamente no interior de uma teoria. Em tese, significa a cientificação do saber jurídico e na codificação das leis. 33. Um sistema conceitual pode ter contradição interna e se manter sistema? E um sistema normativo? Não pode se manter. O conteúdo material da lei não pode estar em conflito como o conteúdo de outras leis, sob pena de ferir a sistematicidade do direito, a coerência lógica interna do ordenamento jurídico, o seu respeito ao princípio aristotélico da não- contradição. 34. O que é antinomia e quais os critérios de solução de antinomias no sistema legal brasileiro? Quais critérios traduzem regras de revogação e quais traduzem regras de afastamento da incidência? A antinomia é uma contradição entre normas dentro de um sistema jurídico, fazendo que seja dificultosa a sua interpretação, reduzindo assim a segurança jurídica. Os critérios de solução das antinomias são a organização hierárquica quando há conflito entre leis de graus hierárquicos distintos, lei superior revoga a anterior, naquilo em que estão em antinomia. Como duas leis não podem regular uma mesma conduta de modo distinto, ou seja, se ocorrer uma contradição deverão ser observados dois pontos: primeiro se o conflito for entre leis hierarquicamente distintas, valerá a lei hierarquicamente superior, que revogará a hierarquicamente inferior; no entanto, se o conflito for com uma lei de mesmo grau hierárquico, a lei posterior será a considerada válida, revogando a lei anterior do mesmo grau hierárquico (lex posterior derogat priori). 35. Quais são as cinco principais características de um sistema normativo? Defina cada uma delas indicando qual a sua função no sistema. Sistema de normas legais positivadas: garantindo a segurança jurídica; Aplicabilidade de normas (magistratura): casta de aplicadores definida porregras de competência jurisdicional. Caso não existisse, todos iriam querer interpretar e aplicar as normas, cada qual do seu jeito, de acordo com seus interesses; Princípio de Vinculação (legalidade): princípio da legalidade, uma vez que as normas estão contidas nas leis, vinculando assim o aplicador ao sistema de normas; Axioma ontológico do direito: “tudo o que não está juridicamente proibido, está juridicamente permitido” de modo que o juiz não possa inventar novas proibições sem ofender o sistema; Proibição do non liquet: inafastabilidade do controle jurisdicional, no qual o juiz não pode deixar de julgar uma causa que lhe foi submetida. 36. Defina e diferencie existência da lei, validade da lei, vigência da lei, eficácia legal e eficácia social. Em relação à existência, ainda existe uma discussão entre os estudiosos de quando a lei começa a tomar existência. De um lado defende-se que a existência ocorre quando ela for promulgada, por outro lado, outros defendem que ocorre quando ela é publicada. A validade se refere à discussão da materialidade da lei, pois o conteúdo material da lei não pode estar em conflito com as outras leis, ferindo o sistema. Todavia, se a lei existe, presume-se válida até essa presunção eventualmente ser afastada por procedimento próprio. Ao passo que a lei começa a ter vigência quando ela está apta a produzir seus efeitos, regular a conduta humana, ou seja, ser efetivamente aplicada. De modo que quando ela passa a ter vigência começa a produzir eficácia, ou seja, passa a incidir sobre os fatos da vida previstos hipoteticamente em seu suporte fático, transformando-os em fatos jurídicos. Isso mostra que a eficácia legal ocorre quando a lei, iniciada sua vigência no mundo em que o fato que ela prevê hipoteticamente, ou seja, que ela regula, começa a produzir seus e feitos, de modo que, ocorrendo esses fatos, norma incide neles, (eficácia legal), transformando-os em fatos jurídicos. Já a eficácia social ocorre quando a aplicação concreta da lei é efetivada pelo poder público. 37. Uma lei pode ser inválida e produzir eficácia social? Fundamente. *Sim. Uma lei pode ser inválida, ou seja, ter sido produzida com vícios de formalidade ou materiais e ainda sim produzir efeitos no sistema e obter eficácia social, enquanto não ocorre a sua desconstituição jurídica. 38. Uma lei pode viger e ser revogada sem produzir eficácia legal? Fundamente. Sim. Uma vez que pode ocorrer de uma determinada lei já vigente ser revogada antes mesmo de chegar a produzir os efeitos, como por exemplo uma lei, que regula uma hipótese que não venha a ocorrer no mundo dos fatos antes da sua revogação. 39. Uma lei pode produzir eficácia legal e não produzir eficácia social? Fundamente. Sim. Uma lei pode ser eficaz legalmente, ou seja, reunindo todas as suas características que são indispensáveis para a transformação lógica-normativa dos fatos nela previstos em fatos jurídicos, contudo, não ser eficaz no ponto de vista social, porque pode acontecer de sua aplicação concreta não ser efetivada pelo poder público. 40. Uma lei pode viger e não produzir eficácia legal? Fundamente. Sim. É possível uma lei existir e jamais vir a ser eficaz, ou seja, não chegar a produzir a eficácia legal, bastando que durante o período de sua vigência não ocorra o fato nela previsto hipoteticamente no mundo jurídico. 41. Como se dá a validade da lei? Se a lei existe, presume-se válida até que essa presunção eventualmente seja afastada por procedimento próprio (a depender do tipo de ato legislativo). 42. Porque a ciência não se vale da linguagem natural para elaborar o conhecimento teórico. Devido a sua forma vaga e ambiguidade, trazendo consigo uma imprecisão, que não pode ser admitida em conhecimento teórico, técnico-científico. 43. A lei utiliza linguagem natural ou técnico-científica? Fundamente. Utiliza a linguagem natural, uma vez que no plano normativo o direito se vê obrigado a utilizar a linguagem natural, para que as pessoas as quais a normas jurídicas se dirigem, possam compreender a mensagem normativa. A linguagem técnico-científica fica relegada ao plano teórico e doutrinário. 44. O que é um termo de classe? E um nome próprio? Dê exemplos. É o termo que reúne em uma mesma classe vários objetos, apresentando dois atributos semânticos, a conotação (o conjunto de atributos e características que dão significado) e a denotação (classe de objetos reunidos pela palavra). Exemplo: a palavra “chave”. Já o nome próprio designa um objeto único. Exemplo a palavra "Flórida". 45. O que é conotação e denotação? Qual a relação entre intensidade conotativa e extensão denotativa? A conotação traduz o conjunto de atributos e características que lhe dão significado. Exemplo: palhaço, conota um homem brincalhão, vestido com roupas largas e coloridas, cara pintada. Por sua vez, a denotação corresponde à classe de objetos reunidos pela palavra. Exemplo: palhaço denota Bozo, Carequinha, Pirulito, etc. Quanto mais ampliamos as exigências de atributos que algo deve ostentar para pertencer a classe designada pela palavra (intensão conotativa), menor o número de objetos pertencentes a esta classe (extensão denotativa). Dessa forma, podemos observar a existência de uma relação inversamente proporcional entre a intensão conotativa e a extensão denotativa de um termo de classe. 46. O que é vagueza e ambiguidade dos termos de classe da linguagem natural? Dê exemplos. Por vagueza e ambiguidade podemos entender como sendo uma zona em que os objetos podem ou não se enquadrar na classe, dependendo de como se articularem as exigências conotativas, ou seja, como se delimitar o significado do termo, como se interpretá-lo. Ex. Chave falsa, citada no Art. 155, §4º, inciso III do Código Penal Brasileiro. 47. O que é heurística? Heurísticas são estratégias práticas que diminuem o tempo de tomada de decisão e permitem que as pessoas funcionem sem parar constantemente para pensar em seu próximo curso de ação. As heurísticas são úteis em muitas situações, mas também podem levar a vieses inconscientes. 48. Diferencie legalidade estrita e legalidade mitigada, dando exemplos legais. Em relação à legalidade estrita somente é aceita a interpretação, seja ela extensiva ou restritiva, do texto legal, por exemplo, o Código Penal. Já na legalidade mitigada há a possibilidade de interpretação e de integração da norma jurídica, como por exemplo, o Código Civil. 49. Quais são as três heurísticas jurídicas? Todas as três são permitidas? Porque? As 03 heurísticas são: secundum legem, a praeter legem, e a contra legem. Sendo permitida somente as duas primeiras, por não violarem o sistema jurídico normativo. Por sua vez, a contra legem (contra lei), viola o sistema jurídico normativo e por isso não é permitida. 50. Diferencie interpretação da lei e integração da lei, indicando a que heurística jurídica cada uma corresponde. Interpretar a lei é dar o conteúdo e a extensão dos termos legais, se refere à heurística secundum legem. Por sua vez, integrar a lei é preencher a lacuna do sistema legal, suas omissões, a busca de um sistema normativo que não está explícito na lei e se relaciona com a heurística praeter legem. 51. Defina lacuna da lei. A lacuna da lei é um vazio, uma omissão ou uma incompletude do ordenamento jurídico por inexistência de dispositivo legal ou critério para se saber qual norma aplicar. 52. Como se interpreta uma lei extensivamente e restritivamente? Fundamente. A interpretação de uma lei extensivamente se faz ao diminuir a quantidade de predicados universais relativos à conotação. Por sua vez, a interpretação restritiva ocorre quando se aumenta o número desses predicados, diminuindo assim, a denotação do termo ou expressão apreciada. 53. Quais são os limites da heurística secundum legem? Fundamente. Sãoos limites de possibilidade semântica do texto legal, com a interpretação restritiva de um lado e do outro lado a interpretação extensiva. 54. Quais são as técnicas de integração da lei? A analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 55. A integração da lei por analogia ofende o axioma ontológico do direito? Fundamente. A integração da norma respeita o sistema legal adotado, ou seja, há a observância da lacuna legal como uma totalidade. Dito isso, não há ofensa ao axioma ontológico. 56. Em que hipótese as três heurísticas podem se confundir? Fundamente. Na hipótese de vagueza, na área obscura de indefinição e também na sobreposição delas. Pois, nessa área é possível se utilizar de qualquer uma das heurísticas para resolução de um caso concreto. Como por exemplo, as três heurísticas poderão ser utilizadas na questão do que pode ou não pode ser considerado como chave falsa artigo 155, §4º, III, Código Penal Brasileiro.
Compartilhar