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Maquiavel Nas relações em que se busca o que se deseja sem ter que usar de violência – e obedecendo a máximas como “é muito mais seguro ser temido do que amado” ou “os benefícios devem ser realizados pouco a pouco, para que sejam melhor saboreados” –, é comum se confundir essa estratégia amoral com imoralidade, ou com maneira traiçoeira de agir. Essa interpretação corriqueira, que dá um significado equivocado e ruim à palavra maquiavelismo, demonstra não haver o menor entendimento do que possa ser um pensamento político: um pensamento que trata do emprego da violência entre os homens e da hora certa em que esta deve ser empregada para sua maior eficiência, à parte valores e ideais aos quais se esteja a servir ou a contrariar. Destacam-se, ainda, duas noções de Maquiavel: fortuna e virtù. A fortuna se refere à vida corrente das coisas, da realidade que os homens não escolhem, que se impõe a eles, que os desafia, à qual tanto devem obedecer quanto contrariar, porque eles só existem em relação a esta realidade. Somente nela podem traçar as suas ações, as suas vidas, porque é somente assim que se pode mostrar que a realidade não conduz tudo e que o livre arbítrio não desapareceu. A virtù e o homem de virtù, aquele que tem essa indefinível qualidade, atributo de raríssimos homens que se mostra presente no líder. O líder é aquele que tem discernimento para saber das ocasiões da fortuna, de quando deve agir para decidir, para vencer, mas sempre em favor de uma causa, valor maior em torno do qual o homem de virtù e seus seguidores devem se unir.
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