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VII SRST – SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – INATEL ISSN 2358-1913 SETEMBRO-2017 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado de Pós-Graduação em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações. Orientador: Prof. (José Marcos Camara Brito). Abstract—this article presents a study about the importance of new research and perspectives for 5G networks, selecting some technology models that are considered new. It describes technical aspects of these technologies that together contribute to meet the prerequisites of 5G. Finally, a projection of the current need of a mobile network user with new and advanced communication is performed, since such applications and technologies tend to a single ubiquitous telecommunications system convergence. Index Terms—5G; Technologies; Cellular Networks. Resumo—este artigo objetiva apresentar um estudo sobre a importância das novas pesquisas e perspectivas para as redes 5G, selecionando alguns modelos de tecnologia que são considerados de nova geração. Descrevem-se aspectos técnicos dessas tecnologias que, em conjunto, contribuem para atender os pré- requisitos das redes 5G. Por fim, realiza-se uma projeção entre a atual necessidade de um usuário da rede móvel com as novas e avançadas tecnologias de comunicação, uma vez que tais aplicações e tecnologias tendem à convergência de um sistema único de telecomunicações onipresente. Palavras-chaves— 5G; Tecnologias; Redes Celulares. I.INTRODUÇÃO A importância da evolução em sistemas de telecomunicações é cada vez mais notável, uma vez que esta evolução tem o potencial de unificar todas as classes sociais a favor de um único objetivo: o desenvolvimento da sociedade. Hoje, os usuários utilizam, cada vez mais, diversas aplicações disponíveis em seus dispositivos móveis, unindo o acesso à Internet banda larga com streaming de áudio e vídeo, download de arquivos, serviços de localização, jogos em tempo real e serviços multimídia em geral. Atualmente, ao se falar de comunicações móveis, torna-se eminente a necessidade de se realizar uma conexão cada vez mais eficiente. Esta eficiência não diz respeito apenas a elevar a taxa de transmissão, mas também em uma série de requisitos e desafios que surgem com a crescente demanda dos usuários. Pode ser citada a criação de uma rede onipresente, proporcionando interoperabilidade entre padrões e dispositivos, com requisitos que incluem, além de altas taxas de transmissão, baixa latência, alta confiabilidade, segurança da informação e o menor consumo de energia possível do sistema. Técnicas de transmissão que buscam a utilização eficiente do espectro, a exemplo de rádios cognitivos, são possíveis soluções para contornar os problemas de congestionamento do espectro. O advento da Internet das Coisas (Internet of Things) e ainda a possibilidade de processamento na nuvem de rede (Cloud Computing) são algumas das inúmeras projeções que podem ser entrelaçadas com a quinta geração de telefonia móvel celular (5G). O objetivo deste artigo é apresentar um estudo sobre a importância das novas pesquisas e perspectivas para as redes 5G, selecionando alguns modelos de tecnologia que vem sendo considerados como fortes candidatos para a realização dessa nova geração. Juntamente, descrevem-se aspectos técnicos dessas tecnologias que, em conjunto, contribuem para atender os requisitos da quinta geração. Por fim, realiza-se uma projeção entre a atual necessidade de um usuário da rede móvel com as novas e avançadas tecnologias de comunicação, uma vez que tanto aplicações quanto tecnologias tendem à convergência em um sistema único de telecomunicações onipresente. O restante deste artigo está organizado da seguinte forma: na Seção II apresentam-se os principais aspectos e características das tecnologias e técnicas que estão sendo consideradas como candidatas para contribuir com o 5G. Na Seção III é apresentada a conclusão e o fechamento do artigo, unificando todas as informações em uma projeção para o desenvolvimento e padronização da quinta geração de sistemas celulares. II.PRINCIPAIS TÉCNICAS E TECNOLOGIAS PARA A QUINTA GERAÇÃO DE REDES CELULARES Nos próximos tópicos abordam-se algumas técnicas que se revelam mais coerentes, eficientes e inovadoras para o padrão 5G. Como resultado de estudos, experiências e simulações, estes modelos propostos apresentam características que merecem destaque em vários âmbitos. A melhoria no aproveitamento do consumo de energia do sistema, a organização da rede, a otimização no uso do espectro e o aumento da taxa de transmissão de dados apresentam-se como aspectos chaves para a evolução da tecnologia para o 5G. 1) SON (Self-Organizing Network) A Self-Organizing Network (SON) está introduzida como uma parte do 3GPP – LTE [1][2] e consiste como uma das peças chaves para melhorar a O&M (Operation and Maintenance Services) das redes de telecomunicações móveis, no qual habilita funções automatizadas nas redes de telecomunicações, como: autoconfiguração, auto-otimização e auto-recuperação. Essas técnicas contemplam reduzir custos de instalação e gestão, simplificando parte das tarefas operacionais através de procedimentos e mecanismos automatizados. A premissa vale desde aproveitar recursos em consumo de energia dos equipamentos, intervenção nos elementos, até recursos de endereços IP. O conceito de SON tem como objetivo a redução de custos de operação e a simplificação da gestão da rede, apresentando benefícios como: (i) redução do tempo de instalação e custos; (ii) redução de despesas operacionais Novas tecnologias para redes 5G Rodrigo Hiroyuki Ito, José Marcos Camara Brito (OPEX) devido à redução da intervenção humana na rede; (iii) redução de despesas de capital (CAPEX) devido ao uso mais otimizado de elementos da rede e espectro; (iv) qualidade de experiência QoE (Quality of Experience) e (v) melhor desempenho da rede [1] [2] [3]. A) Funcionalidades da SON A SON subdivide-se em três categorias funcionais: autoconfiguração, auto-otimização e auto-recuperação [2][3]. Autoconfiguração A autoconfiguração consiste no processo pelo qual os nós de acesso, também chamados de eNodeBs, são configurados a partir de procedimentos de instalação automatizados, a fim de obter o básico necessário para a configuração e a operação do sistema. Quando o eNodeB é ligada, ela é imediatamente reconhecida e registrada pela rede. Em seguida, as eNodeBs vizinhas ajustam automaticamente seus parâmetros técnicos, com o objetivo de proporcionar a cobertura e capacidade requeridas e, também, de evitar interferência. O processo de autoconfiguração funciona em um estado pré- operacional, iniciado quando um endereço IP é atribuído ao novo eNodeB e informações do subsistema de autoconfiguração (Subsystem Self-Configuration - SSC) de OAM (Operation and Management) são enviadas à eNodeB. O segundo passo é associar o eNodeB a um Gateway, permitindo assim a troca de pacotes IP com outros nós na Internet. Por conseguinte, o eNodeB fornece informações para o SSC para autenticação. Os softwares necessários e os dados de configuração são adquiridos diretamente do SSC. Desse modo, estabelece-se automaticamente configurações das interfaces X2 e S1. A interface X2 é responsável pela comunicação entre dois eNodeBs, principalmente no caso de mensagens de handover; enquanto a interface S1 conecta o eNodeB à Entidade de Gerenciamento de Mobilidade (MME - Mobility Management Entity) [1]. Auto-otimização Atualmente a otimização das redes móveis se baseia na análise da rede por meio de drive-test e key-performance- indicator, procedimentos que consistem em coleta manual de dados. Essa gestão manual das redes é complicada e lenta, exigindo cada vez mais recursos humanos e inviabilizandoo crescimento da rede de maneira eficaz. Além disso, a análise é feita em um lugar específico, o que restringe a eficácia da otimização realizada somente no cenário coletado. A auto-otimização propõe a configuração de parâmetros da rede de forma automatizada e dinâmica. Esse procedimento consiste na coleta de informações através de medições no dispositivo móvel e na eNodeB para que, em seguida, com a ajuda de uma ferramenta externa de otimização, os dados de configuração sejam otimizados na rede. Outra das principais características da SON é o estabelecimento automático das listas de vizinhanças. Este processo é conhecido como ANR (Automatic Neighbor Relation), no qual uma lista de vizinhança adequada promove uma melhor qualidade de handover na rede, diminuindo as quedas de chamadas provocadas por essa ação [2]. Uma vez que o sistema gere suas listas de vizinhanças, é possível criar um sistema de gerenciamento de energia baseado no desligamento de algumas rádio-bases durante períodos de baixo tráfego. Nesta situação, as estações que permanecem ligadas devem reajustar os parâmetros de cobertura e, também, suas listas de vizinhanças, para evitarem falhas de cobertura e handover. Assim, se houver um crescimento repentino no tráfego, as estações que estavam em stand-by podem ser ligadas de maneira quase instantânea. Este mecanismo permite uma significativa economia de energia para as operadoras de telefonia móvel [2]. Auto-recuperação A função de auto-recuperação consiste na detecção e localização automática de falhas, aplicando mecanismos de recuperação para resolver diferentes classes de falha, como redução da potência de saída, no caso de eventuais alarmes por alta temperatura em um dos equipamentos, ou fallback automático para versão anterior de software, no caso de falha por intervenção humana. A auto-recuperação utiliza testes automáticos de funcionalidades do sistema, usando como referência o terminal do usuário e testes automáticos durante o tempo de execução de manutenção preventiva. No caso de algum equipamento da rede se tornar inoperante, os mecanismos desta funcionalidade reduzem os impactos decorrentes às falhas. Pode-se citar como exemplo o procedimento de ajuste de parâmetros e algoritmos em células adjacentes a fim de que outros nós possam suportar os usuários que se encontravam conectados a equipamentos inoperantes [3]. B) Arquiteturas SON Para o conceito de SON apresentam-se três principais alternativas para a sua arquitetura em redes celulares: (i) arquitetura centralizada, (ii) distribuída e (iii) híbrida. A Figura 1 ilustra conceitualmente os três modelos de arquiteturas: Fig. 1. Arquiteturas SON. Arquitetura Centralizada Em uma arquitetura centralizada, os algoritmos são executados no NMS (Network Management System). Esse sistema se encarrega em enviar controles, pedidos e por configurar o fluxo de dados para os elementos de rede. Por outro lado, as entidades da rede se responsabilizam pelo envio de dados de medição e de relatórios de fluxo de dados. A principal vantagem dessa abordagem é que os algoritmos SON recebem informações de todas as partes da rede. Isto pode resultar em uma otimização de parâmetros com maior facilidade, através de variações de características da rede. Outra vantagem consiste na integração da solução SON de vários fornecedores e terceiros, uma vez que as funcionalidades podem ser adicionadas diretamente ao OSS (Operations Support Systems) [2]. No entanto, esse modelo apresenta como desvantagem o aumento do tráfego de sinalização no backbone e o alto tempo de resposta dos algoritmos na rede. Este tráfego de sinalização aumenta à medida em que mais células são adicionadas a rede [2]. Arquitetura Distribuída Na arquitetura distribuída, as decisões de organização da rede são tomadas a partir de uma partição da rede. Neste cenário, a autoconfiguração de uma célula não leva em consideração o funcionamento ótimo da rede como um todo, dificultando a garantia de estabilidade da rede. Outra desvantagem é que a implementação do algoritmo SON nos elementos de rede será específico do fornecedor e, consequentemente, soluções distintas poderão ser incompatíveis, impossibilitando a interoperabilidade entre equipamentos de diferentes fabricantes. Em uma arquitetura distribuída, os algoritmos SON são executados nas próprias entidades da rede e as mensagens de sinalização são trocadas diretamente pelos elementos.Esta arquitetura permite que as funcionalidades do SON fiquem mais dinâmicas do que a arquitetura centralizada, permitindo a rápida adaptação da rede em caso de mudanças. Arquitetura Híbrida A arquitetura híbrida define-se pela idéia de que sua utilização pode ser apresentada de forma diferente para cada fornecedor. Em linhas gerais, esse modelo propõe que parte do algoritmo SON é executado no OSS e parte é executado nos elementos da rede. A solução representa uma tentativa de combinar as vantagens das arquiteturas centralizadas e distribuídas, juntando a função de coordenação centralizada com a capacidade de responder rapidamente às mudanças no nível de elementos de rede. A definição de arquitetura híbrida ainda está em desenvolvimento e deve ser feita de forma diferente para cada fornecedor. 2) GFDM (Generalized Frequency Division Multiplexing) Com a popularização dos smartphones e juntamente com o advento da comunicação M2M, projeta-se um congestionamento no espectro de frequência. Estudos e pesquisas em rádios cognitivos vem sendo intensificados para tentar explorar de forma oportunista as transmissões no espectro fragmentado [17]. Porém, um dos grandes desafios está no desenvolvimento de um novo formato de onda que melhor se adeque a este cenário. O OFDM se mostra eficaz ao realizar altas taxas de transmissão no canal de rádio móvel, no entanto, sabe-se que esta técnica possui suas desvantagens [8]. Neste aspecto surge a necessidade de desenvolver novos formatos de ondas que realizem alta taxa de transmissão de dados e que possam suprir ou minimizar as desvantagens apresentadas pelo OFDM [14]. O GFDM propõe um novo conceito para formato de onda, sendo considerado um caso generalizado do OFDM. Trata-se de uma técnica de transmissão por múltiplas portadoras não ortogonais. Esta técnica apresenta algumas características atrativas para um cenário onde o espectro é, ao mesmo tempo, congestionado e fragmentado por diversos serviços. Podemos citar, além do GFDM, outras formas de ondas que competem com o GFDM, a exemplo do FBMC (Filter Bank Multi Carrier), UFMC (Universal Filter Multi Carrier) e BFDM (Bi- Orthogonal Frequency Division Multiplex) [14]. No esquema de transmissão do GFDM, a informação digital é mapeada em um formato de modulação digital. Após o mapeamento, o fluxo serial é paralelizado e superamostrado (upsample). Uma série de pulsos passa então através de um filtro raiz de cosseno elevado com fator de decaimento α e na saída do filtro é realizada a translação dos símbolos na frequência f. A Figura 2. ilustra o esquema conceitual de transmissão do GFDM [19]. Fig. 2. Esquema de transmissão do símbolo GFDM [19]. A inserção do prefixo cíclico no símbolo GFDM, representado na Figura 2 por CP (Ciclic Prefix) é necessária, assim como no OFDM, para proporcionar robustez na recepção do símbolo. A fim de não prolongar a duração do símbolo, o tempo do prefixo cíclico é encurtado através da técnica tail biting. É importante perceber que o filtro representado por g(n) na Figura 2 pode realizar um deslocamento no tempo de g(n-N), formando M timeslots. Isto demonstra que o GFDM possibilita um agendamento no domínio do tempo e da frequência para múltiplos usuários, provendo uma alternativa eficiente para lidar com os canais ociosos do espectro fragmentado [17]. Uma das principais vantagens do GFDM está justamente sobre uma das principais desvantagens do OFDM,que é a alta PAPR. Como desvantagens do GFDM pode-se citar o fato da técnica de transmissão por múltiplas portadoras não ortogonais apresentar uma alta interferência entre símbolos, requerendo a implementação de um banco de filtros digitais robustos [8]. Alternativas para suavizar a interferência entre os símbolos seria utilizar uma modulação offset-QAM e a técnica SIC (Successive Interference Cancellation). Apesar dos aspectos negativos, soluções de engenharia para proporcionar uma boa relação de compromisso deverão ser tomadas para que o GFDM se mostre como uma técnica eficiente de transmissão a ser empregada na quinta geração de redes móveis [4]. A necessidade de implementar uma rede heterogênea provendo comunicação M2M requer evoluir a comunicação fim-a-fim e ao mesmo tempo evitar “white space” no espectro fragmentado. O GFDM se mostra como um forte candidato para ser utilizado como um novo formato de onda para uma inovadora técnica de transmissão na quinta geração de redes móveis, pois não causa um forte vazamento espectral como o OFDM[4]. O GFDM visa combinar a flexibilidade de um modo generalizado do OFDM através da redução de possíveis interferências. As próximas pesquisas mostrarão se o GFDM será de fato uma técnica a ser empregada em um sistema de comunicação móvel [4]. 3) Massive MIMO (Massive Multiple Input Multiple Output) Com a constante evolução dos sistemas de comunicações móveis, é necessário também o aperfeiçoamento dos recursos existentes, visando uma maior capacidade de transmissão do canal. Existe uma série de desafios que surgem com a crescente demanda de usuários, como, por exemplo, o desenvolvimento de técnicas de transmissão que facilitam a utilização eficiente do espectro, dispositivos com uma baixa latência, alta confiabilidade e melhor aproveitamento de energia do sistema [5]. O MIMO é um sistema de transmissão que utiliza múltiplas antenas de recepção e múltiplas antenas de transmissão, ou seja, uma forma especial de diversidade espacial. Essa técnica cria um canal de comunicação com múltiplas entradas e múltiplas saídas, fornecendo diversidade e multiplexação. Porém, fatores limitantes ainda permanecem e impedem sua ampla utilização. Pode-se citar, por exemplo, a questão do espaço físico nos dispositivos móveis, o custo operacional do hardware envolvido e o poder de processamento em tais dispositivos. Os padrões HSPA+, LTE e LTE-Advanced possibilitam a utilização da técnica MIMO para obtenção do ganho de diversidade na transmissão. O princípio básico da diversidade pode ser compreendido quando um sistema de comunicação sem fio, onde a confiabilidade do enlace é dependente do desvanecimento sofrido pelo sinal transmitido, obtém múltiplas possibilidades de atingir uma transmissão confiável. Isto devido às várias réplicas do sinal serem recebidas através de caminhos independentes e possivelmente descorrelacionados. Deste modo, aumenta-se a probabilidade de pelo menos um dos caminhos não sofrer com o desvanecimento. O MIMO ainda pode ser classificado como Multi-User MIMO (MU-MIMO) ou SingleUser MIMO (SU-MIMO). A principal diferença consiste em o SU-MIMO propor que um único usuário transmite os dados para o receptor, enquanto no MU-MIMO vários usuários transmitem os dados para o receptor simultaneamente [5]. Para o terminal do usuário, existe uma restrição forte do fator custo do produto, limitando as possibilidades de projeto. No downlink, a configuração de duas antenas transmissoras na estação base e duas antenas receptoras no terminal do usuário é a configuração padrão, sendo aceitas outras combinações. Para o uplink, o LTE utiliza a tecnologia MU-MIMO. Esta modalidade tem a eNodeB com múltiplas antenas e o móvel transmitindo em apenas uma, reduzindo o custo do terminal do usuário [6]. As pesquisas atuais mostram que para a tecnologia 5G de redes móveis são previstas taxas de transmissão de dados da ordem de 10 Gb/s. Para tal, propõe-se esse modelo de MU- MIMO , em que cada estação base (BS – Base Station) está equipada com um número maior de antenas, que serve um determinado número de terminais móveis MT (Mobile Terminals), baseados em múltiplo acesso por divisão espacial SDMA (Spatial Division Multiple Acccess) [5][6]. O Massive MIMO pode oferecer maior capacidade de transmissão de dados, melhor confiabilidade na recepção da informação, maior eficiência energética e minimização da potência de transmissão por antena. A Figura 3 ilustra possíveis cenários de configuração da disposição das antenas para a implementação de MIMO-massivo. Fig. 3 – Possível cenário de configuração de antenas para o uso de MIMO massivo [21]. O ganho de diversidade fornecido pelo Massive MIMO é capaz de diminuir a taxa de erro de bit de um sistema sem a necessidade de aumentar a potência nos transmissores ou sem utilizar códigos corretores de erros com alta taxa de codificação. Assim o Massive MIMO viabiliza a transmissão de dados em altas taxas por canais com desvanecimento, diminuindo o gasto com energia elétrica e aumentando a eficiência espectral do sistema. Alguns cenários em Massive MIMO já foram adotados, utilizando uma grande quantidade de antenas, a Figura 4 ilustra um diagrama ilustrativo com Massive MIMO. Fig. 4 – Sistema Massive MIMO. Apesar das vantagens oferecidas pelo Massive MIMO, deve- se ficar atento para algumas características críticas. Como exemplo, pode-se citar a questão da limitação no espaço físico para a implantação de um sistema com múltiplos dispositivos e equipamentos cada vez mais compactos e, também, a questão da complexidade computacional no desenvolvimento de algoritmos de processamento e sincronização das unidades das antenas [21]. No Massive MIMO tem-se um número muito maior de antenas quando comparado com os sistemas MIMO tradicionais, como ilustra a Figura. 5. Fig. 5. Comparação entre MIMO com Massive MIMO [21]. 4) Device-To-Device Communications A comunicação D2D (Device-to-Device) permite que usuários próximos possam se comunicar sem a necessidade de envolver uma MBS (Macro Base System). Por exemplo, utilizando uma faixa licenciada para aparelhos celulares, dois usuários próximos podem trocar mensagens diretamente sem que estas precisem passar por uma estação radiobase [11]. Como em qualquer troca de mensagens, os usuários envolvidos em uma comunicação D2D podem sofrer, e gerar, interferência para outros usuários presentes na mesma célula ou em células vizinhas. Este problema é inevitável, mas pode ser solucionado de forma simples ao se implementar o conceito de redes de rádios cognitivos (CRN - Cognitive Radio Network) em uma comunicação D2D [11][12]. Os usuários D2D são considerados os usuários secundários (SUs - Secondary Users) enquanto os canais paralelos dentro de uma célula são os usuários primários (PUs - Primary Users). Como resultado, todas as formas de remoção de interferência proporcionadas pela CRN podem ser utilizadas na comunicação D2D. A Figura 6 ilustra a ideia de comunicação D2D. Algumas possíveis aplicações de D2D nas redes 5G incluem serviços locais, comunicação em situações de emergência e aprimoramento das comunicações de IoT (Internet of Things). Essas aplicações são brevemente descritas a seguir. Fig. 6 – Comunicação D2D [17]. A) Serviços Locais em Device-To-Device Nestes tipos de serviços os dados são transmitidos diretamente entre os dispositivos, sem que os dados cheguem à rede celular. Aplicações que utilizam este serviço geralmente são aplicações sociais que se baseiam na proximidade. Com as funções de descobrimento e comunicação, os usuários podem encontrar outros que estejam por perto para trocar informações. Outra aplicação é a transmissão de dados locais. Ela aproveita as características D2D de proximidade e transmissão de dados para aumentar a quantidade de aplicações móveis. Isso abre uma nova possibilidade de receita para as operadoras.Um exemplo são os lojistas de um shopping enviando informações sobre promoções e produtos aos usuários do shopping. Os lojistas aproveitam a proximidade dos usuários para tentar atraí-los para sua loja [12]. Uma terceira aplicação é reduzir o tráfego nas redes celulares. Com a crescente popularização de serviços de mídia, como vídeos em HD, o tráfego nas redes celulares aumenta consideravelmente. Utilizando comunicação D2D, os provedores de conteúdo ou o operador da rede podem criar pontos nos quais os dispositivos se conectem e recebam as informações. Com isso, outros usuários que queiram receber essa mesma informação podem solicitar a um que já a tenha, através de comunicação D2D. Desta maneira, a carga na rede celular é diminuída, além disso, as comunicações celulares entre dispositivos próximos pode ser substituída pela comunicação D2D [13]. B) Comunicação em situações de emergência Em situações de desastres naturais, como terremotos, a infraestrutura de rede pode ser danificada ou totalmente destruída, inviabilizando a comunicação pela rede tradicional. Contudo, enlaces sem fio podem ser utilizados para que os dispositivos se comuniquem diretamente. Isso significa que uma rede ad-hoc pode ser criada por meio de uma comunicação D2D com múltiplos saltos (enlaces). Isso possibilita que os dispositivos no local possam se comunicar mesmo sem a infraestrutura. Em um cenário em que a infraestrutura é apenas parcialmente destruída, isolando alguns terminais da rede, a comunicação D2D pode ser utilizada para restabelecer a comunicação com os terminais isolados. C) Aprimoramento das Comunicações de IoT (Internet das Coisas) O crescimento de dispositivos com a característica de IoT faz com que, em um futuro não muito distante, seja possível criar uma rede D2D com IoT para conectar os vários tipos de dispositivos existentes. Um dos objetivos da comunicação móvel é conectar vários tipos diferentes de dispositivos em uma só rede de grande escala. Esse também é um objetivo da IoT [13]. Um cenário típico de IoT são as redes veiculares IoV (Internet-of-Vehicles). Nelas a comunicação é feita entre os veículos V2V (Vehicle-to-Vehicle). A comunicação pode ser um veículo avisando outros que está mudando de faixa na estrada ou diminuindo sua velocidade. Ao receber esse aviso, os veículos vizinhos podem diminuir sua própria velocidade (com o motorista tomando essa decisão ou até mesmo a decisão sendo tomada automaticamente), como ilustra a Figura 7 [17]. Além disso, utilizando a tecnologia de descobrimento D2D, os veículos podem identificar outros veículos e tomar decisões baseados no cenário atual, como diminuir a velocidade quando perceber que algum outro veículo se aproxima de uma interseção, ou dar espaço quando veículos de emergência estão por perto [12]. Fig. 7 – Aplicação IoV. Baseada em D2D [17]. D) Tipos de Comunicação Device-To-Device Do ponto de vista da camada de dispositivos, a operadora de celular pode ter um controle maior ou menor na comunicação entre os dispositivos. Esse controle passa, principalmente, pela alocação de recursos para os dispositivos (tanto origem quanto destino), além dos recursos de retransmissão. Quatro tipos diferentes podem ser destacados: DR-OC (Device relaying with operator controlled link establishment), DC-OC (Direct D2D communication with operator controlled link establishment), DR-DC (Device relaying with device controlled link establishment), DC-DC (Direct D2D communication with device controlled link establishment) [13][16][17]. DR-OC Um dispositivo que esteja na borda de uma célula ou em uma área com pouca cobertura pode se comunicar com a BS (Base Station) através de dispositivos de retransmissão. Isso permite ao dispositivo ter melhor QoS (Quality of Service) e duração de bateria. A radio base pode escolher ter um controle parcial ou total no estabelecimento do enlace com os dispositivos de retransmissão [16]. A Figura 8 ilustra este cenário. Fig. 8 - DR-OC: Dispositivo retransmitindo com o estabelecimento do link controlado pela operadora [17]. DC-OC Os dispositivos origem e destino se comunicam diretamente, sem a necessidade da radio base, porém, ela controla o estabelecimento do link entre eles, como ilustrado na Figura 9. Fig. 9 - DC-OC: Comunicação D2D direta com o estabelecimento do link controlado pela operadora [17]. DR-DC A operadora não se envolve no processo de estabelecimento do enlace. A origem e destino são totalmente responsáveis pelo estabelecimento do enlace, por meio de outros dispositivos, sem a ajuda da radio base, como ilustra a Figura 10 [16]. Fig. 10 - DR-DC: Dispositivo retransmitindo com estabelecimento do link controlado por dispositivo [17]. DC-DC Os dispositivos origem e destino tem a comunicação direta um com outro sem o controle da operadora. Os dispositivos devem utilizar recursos de tal forma que assegure o limite de interferência com outros dispositivos na mesma camada e na camada da macro célula. A Figura 11 ilustra este tipo de comunicação. Fig. 11 - DC-DC: Comunicação D2D direta com o estabelecimento do link controlado pelo dispositivo [17]. E) Desafios do Device-To-Device Como a comunicação será feita através de outros dispositivos, a segurança e o controle de interferência são desafios principais na arquitetura de comunicação em duas camadas. Com vários dispositivos diferentes dentro do raio de alcance, não existe garantias de que todos estarão com boas intenções e não queiram roubar alguma informação. Além disso, com todos os dispositivos utilizando a mesma banda para se comunicar, a interferência nos sinais só aumenta, fazendo com que tanto a comunicação entre os dispositivos quanto a comunicação dos dispositivos com a radio base sejam prejudicadas [14][15]. Também existe a questão de se criar um mecanismo que incentive os usuários, mesmo pagando para utilizar a rede, a compartilhar seus recursos, como banda de comunicação, para que eles possam funcionar como dispositivos de retransmissão [16]. O D2D é um conceito promissor tanto para fins comerciais quanto públicos, podendo trazer benefícios, como melhoria de cobertura celular, redução da latência de ponta a ponta e menor consumo de energia. 5) M2M (Machine to Machine) Com o aumento da disponibilidade da banda larga móvel, a conectividade tornou-se uma questão realista para comunicação M2M (Machine-to-Machine). Está previsto que para 2020 o número total de dispositivos conectados será em torno de 50 bilhões [20]. Uma parte significativa desse aumento é esperado devido ao aumento das comunicações do tipo Machine-to- Machine. À medida em que as tecnologias vão evoluindo, a capacidade da rede, assim como a cobertura de serviços, crescem rapidamente. Isso resulta em novos usos e aplicações e, consequentemente, mais demanda desses parâmetros. Muitas dessas novas áreas de negócio envolvem uma comunicação autônoma entre os dispositivos e sistemas integrados, como ocorre no caso de sistemas de transporte conectados utilizando o M2M. Devido ao grande número de cenários e casos de uso de M2M, algumas tecnologias estão sendo discutidas em comunidades de pesquisas e padronização, como [20]: • Baixar o custo e a complexidade dos dispositivos. • Baixar o consumo de energia para transferência de dados e garantir vida longa da bateria. • Fornecer opções de cobertura estendida para dispositivos M2M em locais desafiadores. • Tratar um grande número de dispositivos por célula. III.CONCLUSÃO Ao analisar a evolução dos sistemas celulares, se torna perceptível o grande salto que o avanço tecnológico proporcionou para chegar até os sistemas digitais de comunicações móveis atuais. Este avanço é fomentado por pesquisas científicas e acadêmicas realizadas por instituições de ensino superior e órgãos padronizadores. Este artigo apresentou algumas das perspectivas de um novocenário para a quinta geração de redes celulares. Esse cenário reflete os desafios previstos como alta taxa de dados, acessibilidade, mobilidade, grandes quantidades de dispositivos, baixa latência e confiabilidade. Para atender aos requisitos estabelecidos para as redes 5G, várias novas tecnologias terão de ser utilizadas. Neste artigo resumimos algumas das principais tecnologias candidatas a comporem o futuro padrão das redes 5G. Ainda acontecerão muitos estudos e experiências para a consolidação de um novo padrão 5G. No entanto, é importante relatar que o lançamento desse um novo padrão no cenário de comunicação móvel digital não pode ser tardio a ponto de tornar-se rapidamente obsoleto. Isso se deve a um possível desenvolvimento de outro padrão com uso de uma tecnologia superior. Por outro lado, também não se deve lançar um novo padrão no mercado antes das conclusões dos estudos. Neste ponto, pode-se perceber a criticidade da definição de um novo padrão para os sistemas móveis. Enquanto as empresas operadoras de telecomunicações implantam o 4G a nível global, projeções para o 5G já iniciaram. IV.REFERÊNCIAS [1] A 4G Americas, “Self-Optimizing Network in 3GPP Release 11: The Benefits of SON in LTE”. 2013. [2] S. Feng e E. Seidel, “Self-Organizing Networks (SON) in 3GPP Long Term Evolution”, 2008. 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Edfors, F. Tufvesson, e T. L. Marzetta, “Massive MIMO for Next Generation Wireless Systems”, 2014. Rodrigo Hiroyuki Ito nasceu em São Paulo, SP, em janeiro de 1986. Recebeu o título de Engenheiro de Telecomunicações pelo FMU em 2010. Em 2010 recebeu as certificações Cisco (CCNA, CCNA Voice, CCNP Routing&Switching CSCID CSCO12098505). De 2010 até 2014 atuou na empresa Datora com participação importantes em projeto da primeira MVNO no Brasil da Porto Conecta e Datora e segunda MVNO da Vodafone. Desde 2014, atua na empresa Huawei Tecnologies como Engenheiro de Packet Core. José Marcos Camara Brito possui graduação em Engenharia Elétrica ênfases em Eletrônica e Telecomunicações pela Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações (1986), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) (1998) e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (2003). Atualmente é professor titular do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). Atuou em várias posições administrativas no Inatel, incluindo: coordenador de laboratórios, gerente geral do centro de desenvolvimento de projetos, coordenador de pós-graduação, vice- diretor e pró-diretor de pós-graduação e pesquisa. Foi um dos fundadores da Revista Telecomunicações, editada pelo Inatel, da qual foi editor. Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, com ênfase em Redes de Telecomunicações, atuando principalmente nos seguintes temas: redes de telecomunicações, comunicações sem fio, análise de desempenho de redes, comunicações digitais e controle de erro.
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