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Trabalho de Direito Urbanístico

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Questão 1: A medida se coaduna como intervenção urbanística à luz do Estatuto da Cidade? Qual a relação da medida com o planejamento urbano e a questão das mais valias urbanas? 
Resposta: A Constituição Federal de 1988, marco jurídico de um constitucionalismo ecológico, atribuiu ao meio ambiente o status de direito fundamental do indivíduo e consagrou a proteção ao meio ambiente como um dos objetivos mais importantes do Estado brasileiro.
É importante ressaltar que o IPTU pode ser considerado um importante instrumento para a preservação ambiental, na medida em que a concessão de incentivos estimula e induz o proprietário contribuinte a dar à propriedade sua devida função social, contribuindo, sobremaneira, para o desenvolvimento sustentável do meio ambiente urbano, conforme previsto no inciso IV do art. 4º do Estatuto da Cidade e o caput do art. 225 e do art. 170, inciso VI, ambos da CF/88.
Convém pensar que, muito mais eficaz que criar novos tributos, em um país onde há de elevadíssima carga tributária, é a adoção de incentivos fiscais para as empresas que investirem na proteção ao meio ambiente. Essa postura contempla, assim, o princípio do protetor-recebedor. Não se pretende inovar na tributação, mas apenas readequar a sistemática tributária existente coadunando-a com a preservação do meio ambiente, concedendo uma função promocional.
A tributação ambiental pode ser entendida como o emprego de instrumentos tributários com duas finalidades: a geração de recursos para o custeio de serviços públicos de natureza ambiental e a orientação do comportamento dos contribuintes para a preservação do meio ambiente.
Nesse sentido, como forma de promover o desenvolvimento sustentável das cidades, estimular os consumidores a investirem em empreendimentos ambientalmente responsáveis e de compensar o contribuinte proprietário do imóvel, o governo tem incentivado a adoção do IPTU Verde nos grandes centros urbanos. Por conseguinte, áreas conservadas podem proporcionar bem-estar aos indivíduos, além de contribuir com a sustentabilidade. A exemplo, podemos citar algumas cidades: Poços de Caldas (MG), Colatina (ES), Araraquara e Barretos (ambas em SP), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO) e Cuiabá (MT), entre outras.
Resumidamente, o IPTU verde é um incentivo fiscal que nasceu no intuito de estimular a consciência da preservação ambiental na população, funcionando como um desconto para o morador que construir ou reformar o seu imóvel implantando sistemas ambientalmente eficientes. Pode se constituir em importante medida de estímulo à mudança de paradigmas e pensamentos dos contribuintes no que tange ao imóvel adequado ao planejamento territorial sustentável, que atenda a função social e ambiental da propriedade, conforme o preceito constitucional.
Além disso, a competência para a sua instituição é dos Municípios. Buscando-se a realização deste propósito, a Constituição Federal atribuiu ao Município competências de duas espécies - material e legislativa - visando atender o interesse local no tocante à matéria ambiental. Aliada a essas competências, a competência ligada ao Direito Urbanístico é de suma importância para que se tenha uma gestão municipal que possa efetivar o desenvolvimento sustentável.
Somado a isso, a cidade sustentável, segundo o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), é aquela que assegura a fruição do direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações. Assim, o direito à cidade sustentável é um imperativo do Estatuto da Cidade.
Diversos instrumentos foram previstos no art. 4º da referida lei a serem utilizados na política do desenvolvimento urbano que, em última análise, objetiva assegurar uma cidade sustentável. E um desses instrumentos, previsto no inciso IV, é a utilização de institutos tributários e financeiros, como IPTU, contribuição de melhoria e incentivos e benefícios fiscais e financeiros.
Assim, o IPTU verde, está inserido no contexto de benefícios fiscais, pois oportuniza alíquotas reduzidas, descontos, isenções ou até imunidade para aqueles contribuintes que executarem alguma ação, devidamente prevista na lei municipal, em prol do meio ambiente. Pode ser um instrumento eficaz para a efetividade da função socioambiental da propriedade privada, na medida em que pode estimular o comportamento do contribuinte para a proteção ambiental.
A utilização do tributo como ferramenta de intervenção nas políticas públicas tem ganhado força no país, seja para estimular ou inibir determinados comportamentos do contribuinte, que em contrapartida recebe benefícios fiscais por parte do Estado. Ao se valer da tributação ambiental, no caso do IPTU Verde, o Estado não só cumpre com seu dever constitucional em garantir os princípios fundamentais, mas estimula a população ao exercício da proteção ambiental e desenvolvimento de forma sustentável, oferecendo um ambiente adequado à sobrevivência humana.
O estímulo tributário à adoção de práticas responsáveis relacionadas aos aspectos ambientais e de sustentabilidade é fundamental para que o Brasil seja competitivo na economia, preserve seus recursos naturais, reduza o impacto de suas atividades sobre o clima, e promova ciclos sustentáveis de desenvolvimento. 
Questão 2: Qual seria o instrumento específico de intervenção urbanística e o princípio de planejamento urbano / Direito Urbanístico que a medida endereça?
Resposta: Por determinação constitucional, os municípios são responsáveis pela criação de políticas de desenvolvimento urbano, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tendo por objetivo ordenar o desenvolvimento pleno das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes (art. 182 CRFB). O artigo em questão determina a obrigatoriedade da criação de um plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, considerado como instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.
O art. 182 da CRFB é regulamentado pela Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade, que estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol da coletividade, da segurança, do bem-estar dos cidadãos e do equilíbrio do meio ambiente (art. 1º § único).
O inciso X do art. 2º do Estatuto da Cidade propõe como diretriz para o ordenamento do desenvolvimento pleno das funções sociais da cidade e da propriedade urbana a “adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais”. Não obstante, o inciso XVII do art. 2° do referido dispositivo legal apresenta outra diretriz interessante ao tema, a saber: “estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais”. 	 
As referências legislativas supracitadas, combinada com os artigos 225 – o qual discorre sobre o direito dos presentes e das gerações futuras em relação ao meio ambiente ecologicamente equilibrado – e 5º, XXIII da CRFB – onde é estabelecido que a propriedade cumprirá sua função social –, demonstram a necessidade da utilização de instrumentos de política urbana para realização do proposto em lei.
Nesse sentido, o próprio Estatuto da Cidade apresenta, em seu art. 4º, alguns desses instrumentos, a saber: I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; III – planejamento municipal (dentro do qual se destaca o plano diretor e planos de desenvolvimento econômico e social); IV – institutos tributários e financeiros (onde insere-se imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU, contribuição de melhoria, eincentivos e benefícios fiscais e financeiros); V – institutos jurídicos e políticos; e VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
O instrumento destacado – Institutos tributários e financeiros: incentivos e benefícios fiscais e financeiros é àquele a que se endereça a criação do IPTU verde – medida fiscal que incentiva a preservação de recursos naturais, através de medidas sustentáveis, dentro das propriedades urbanas através do desconto do IPTU, segundo as diretrizes do plano diretor e legislação específicas de cada município.
A criação dessa medida baseia-se no princípio da função social das cidades (Libório; Júnior, 2017), conforme disposto no caput do art. 182 da CRFB. Atrelado a ele, tem-se o princípio de ordem econômica conhecido como princípio da função social da propriedade (assegurada, além do art. 5°, XXIII, pelo art. 170, III da CRFB – “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: III - função social da propriedade) e o princípio do desenvolvimento sustentável (Junior, 2016). 
Apesar de não serem iguais, os princípios função social se complementam, ao passo que uma propriedade que cumpre sua função social contribui para o cumprimento da função social das cidades.
O art. 182, §2° determina que a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Em termos substanciais a função social de uma cidade está sendo exercida quando seus habitantes gozam de bem-estar em todos os aspectos: saúde, lazer, educação, segurança, meio ambiente ecologicamente equilibrado, etc. Assim, como as ações realizadas dentro das propriedades urbanas afetam, no que tange a utilização dos recursos naturais e preservação do meio ambiente, os habitantes locais, a curto prazo, e os demais a longo prazo, os governos municipais tem implementado medidas – tal como o IPTU verde – que incentivam o uso da propriedade urbana de forma sustentável, em prol do bem estar coletivo. Desse modo, essa medida implica tanto no cumprimento da função social da propriedade urbana, quanto na da cidade.
 Análise do julgado
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.158.273 SÃO PAULO
O projeto de lei do município de Ribeirão Preto/SP, foi objeto de uma ADI em face do Presidente da Câmara Municipal de Vereadores, que apontou que o projeto de lei infringiu o artigo 42 113 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), pois não foi observado o impacto orçamentário dos benefícios estabelecidos. Afirmou ainda que esse projeto de lei desrespeita os artigos 174, parágrafo 6º e 176, I da Constituição de Estado de SP.
Foi seguido de Recurso Extraordinário (RE) 1158273 ao STF, que em decisão proferida por um único magistrado, julgou inviável o recurso. Assim, Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), julgou inviável o Recurso Extraordinário (RE) 1158273, que buscava contestar a validade da lei municipal que instaurou o programa IPTU Verde.
 O Recurso Extraordinário (RE) 1158273 que foi julgado como inviável pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, versava sobre o questionamento do prefeito de Ribeirão Preto sobre a validade de lei municipal que institui o programa IPTU Verde. O prefeito sustentou que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo teria transgredido norma inscrita no art. 113 do ADCT, o qual foi acrescido pela EC nº 95/2016.
O ministro, ao analisar o caso, expõe que a pretensão do Prefeito é processualmente inadequada, pois o controle normativo abstrato de lei municipal (no caso a Lei Complementar nº 2.842/2017) deve ser contestado em face de norma constitucional estadual e não em face de norma constitucional como feita pelo Prefeito de Ribeirão Preto.
Nesse sentido, o ministro alega ser inviável realizar a fiscalização normativa abstrata de diploma legislativo municipal mediante invocação de norma constitucional federal (no caso, art. 113 do ADCT) em razão do art. 125, § 2º da Constituição Federal. Este artigo versa sobre a organização da Justiça nos Estados-membros e atribui competência de instituir representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual. Assim, processos de fiscalização normativa abstrata, instaurável perante Tribunais de Justiça local, deve ter por objeto leis ou atos normativos municipais ou estaduais, desde que contestados, unicamente, em face da própria Constituição Estadual.
Dado o exposto, o ministro mostra que a pretensão contestada pelo Prefeito de Ribeirão Preto é antagônica à Constituição Federal, nos termos do art. 125 § 2º/CF e também alega que a pretensão é contrária à jurisprudência já firmada pelo STF (RTJ 135/12 – RTJ 181/7 – RTJ 185/373-374 – RTJ 155/974 – RTJ 163/836).
O ministro, ainda, fala sobre a possibilidade excepcional aceita pela jurisprudência da Corte, em casos da invocação de normas inscritas na Constituição Federal como parâmetro de controle de representação de inconstitucionalidade perante Tribunal de Justiça local. É aceita unicamente na hipótese de referidas normas constitucionais federais qualificarem-se como preceitos de observância compulsória pelas unidades federadas, situação que não se encontra no caso analisado.
Analisando doutrinariamente o art. 113 do ADCT o ministro diz:
Vale ressaltar, ao procederem à análise da cláusula consubstanciada no art. 113 do ADCT federal, advertem, quanto ao alcance da EC 95/2016, que o seu destinatário é a União Federal (LUCIANO FERRAZ/MARCIANO SEABRA DE GODOI/WERTHER BOTELHO SPAGNOL, “Curso de Direito Financeiro e Tributário”, p. 39/42, item n. 1.4, 2ª ed., 2017, Fórum; MARCUS ABRAHAM, “Curso de Direito Financeiro Brasileiro, p. 241/243, item 7.11, 4ª ed., 2017, Forense; JOSÉ MATIAS-PEREIRA, “Finanças Públicas”, p. 229/232, 7ª ed., 2017, Atlas, v.g.), motivo pelo qual se torna lícito concluir – tal como o fez o E. Tribunal de Justiça paulista – que essa norma de natureza transitória não se estende, não se aplica e não obriga os Estados-membros e os Municípios, a significar, desse modo, que referido preceito normativo transitório (ADCT, art. 113) apresenta-se desvestido de caráter impositivo em relação às unidades políticas federadas que venho de mencionar.
 	
Referências:
LIBÓRIO, Daniela Campos, SAULE JÚNIOR, Nelson. Princípios e instrumentos de política urbana. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direito Administrativo e Constitucional. Vidal Serrano Nunes Jr., Maurício Zockun, Carolina Zancaner Zockun, André Luiz Freire (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/76/edicao-1/principios-e-instrumentos-de-politica-urbana . Acesso em: 07 de out. 2020.
SAULE JÚNIOR, Nelson. Princípios do Direito Urbanístico Brasileiro. Jus Brasil. São Paulo: 2016. Disponível em: <https://marianadonatini.jusbrasil.com.br/noticias/407074410/principios-do-direito-urbanistico-brasileiro>. Acesso em: 07 de out. 2020.

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