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1-Sinner's Tribe Motorcycle Club #1 Sarah Castille Rough Justice

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Sinner´s Tribe MC 1 
Sarah Castille 
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Tradução: Angel Rose, Babi, 
Laray,Xão,Mab,Tata 
Reis,LuanaE,Kiiara,Lexi 
Revisão Inicial: L. Veloso 
Revisão Final: Suhsuh 
Verificação: Lela C. 
Leitura Final: Yaya 
Verificação Final: Shya 
Formatação: Shya 
 
 Sinner´s Tribe 
MC 
 
 Uma mulher boa e forte 
Criada em uma gangue de motociclistas, a dura e bonita Arianne 
Hunter sempre sonhou com uma vida normal. Mas assim que escapa da 
mão dominadora de seu pai, acorda e se vê na casa de uma gangue rival, à 
mercê do perigoso e sexy Jagger Knight. 
 
Unida a um homem que é o 
demônio sobre rodas 
O líder dos famosos Sinner's Tribe, Jagger Knight é todo músculo, todo 
motociclista e todo homem. Mas em algum lugar, dentro desse isolado 
tatuado, Arianne sente uma ligação incomum e não pode ignorar sua 
tempestuosa atração. Poderia derrotá-lo em seu próprio jogo e viver no 
resplendor da glória? Ou sua paixão será a faísca de uma guerra, que no 
final, mudará o caminho para ambos? 
 
 
 
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Um 
O nome do clube será Sinner's Tribe MC. 
 
— Cristo. 
Jagger parou sua potente Harley Chopper, enquanto 
partes incandescentes de aço arqueavam-se no céu noturno. 
Nuvens de fumaça negra envolviam em chamas o esqueleto, 
do que foi a sede de seu clube, agora um farol em ruínas, na 
periferia da cidade. 
— Parece que alguém quer uma guerra. — Zane, seu 
vice-presidente e amigo mais próximo, reduziu o motor de 
sua V-Rod Muscle e tirou o revólver 38 especial cano duplo, 
do interior de seu colete de couro com três patch, que o 
identificava como membro do clube de motociclistas Sinner's 
Tribe. — Conheço meus incêndios e esse é um rápido. 
Esperemos que nosso incendiário ainda esteja por perto. 
Não é provável, com cinquenta irmãos MC 
zangados, rondando ao redor do incêndio. 
 
 
Jagger estacionou a moto na calçada e caminhou para o 
estacionamento que rodeava o prédio em chamas, convertido 
de uma garagem decadente, no coração de seu proibido MC. 
Sacando a arma, apertou a maçaneta com tanta força, que 
seus dedos ardiam, sob a luz da rua, queimando tão 
ferozmente, quanto a raiva que bombeava em suas veias. 
— Vou encontrá-lo e trazê-lo para você. 
As palavras de Zane eram um pequeno alívio para a dor 
de Jagger. Se o incendiário era tão estúpido para ficar e ver 
os fogos de artifícios, nunca sairia vivo, não com Zane 
perseguindo-o. Magro e sombrio, com os olhos mais aguçados 
deste lado das Montanhas Bridger, em Montana, Zane era o 
melhor rastreador do MC, com uma estranha habilidade para 
caçar, inclusive, a presa mais difícil de alcançar. 
O vidro quebrou e as chamas rugiram mais alto no ar, 
abanadas pela brisa seca do outono. O armazém convertido 
foi um segundo lar para muitos dos irmãos de motociclistas 
de Jagger e sua destruição sem sentido, agitou uma fúria 
protetora nele. Como presidente, Jagger era responsável por 
seus irmãos MC. Sua dor era sua dor. Sua perda foi sua 
perda. E a vingança deles ... Quando isso acontecesse, ele se 
certificaria de que fosse a vingança mais doce que já pro-
varam. 
— Jag, aqui, encontrei o Gunner. 
 
 
Pela fumaça espessa e acre da floresta que margeava o 
lado leste do clube, ele viu o mais novo prospecto do MC 
agachado, debaixo de uma árvore, seu cabelo loiro dourado 
brilhando ao luar. O menino precisava, urgente, de um corte 
de cabelo. Emparelhado com esse suave rosto infantil, a 
franja longa fazia que Wheels parecesse mais como o cantor 
de uma banda, ao invés da promessa de um MC. Jagger 
duvidava que o menino sobreviveria às provas que todos os 
prospectos enfrentavam, para demonstrar que eram dignos 
de levar o emblema do Sinner's Tribe. 
Apoiado contra o tronco de uma árvore, com uma perna 
estirada diante dele, Gunner grunhiu, como saudação para 
Jagger, que agachou em frente a Wheels. Como membro da 
junta executiva do MC, Gunner poderia usar seu verdadeiro 
nome, no lugar do nome eleito por seus irmãos, mas Gunner 
lhe sentava tão bem, que decidiu mantê-lo. Perito em armas, 
com conhecimento detalhado da fabricação e do uso de quase 
todas as armas legais ou ilegais, nunca levou menos de 
quatro armas, em nenhum momento. 
— Levou um na perna? — O treinamento de campo de 
Jagger deu certo, logo que viu os jeans de Gunner empapados 
em sangue, tirou o lenço e o retorceu em uma bandagem 
improvisada, para seu sargento de armas. 
— É só uma ferida superficial. A bala rasgou 
o músculo, quando raspou minha panturrilha. 
Tive piores. Só preciso de uma mão com 
 
 
a moto. — Gunner pegou o lenço e o amarrou ao redor da 
perna. Uns centímetros mais alto que Jagger, com a cabeça 
raspada e a orelha furada, Gunner era uma parte sólida de 
músculos, com uma força incrível contra qualquer dos irmãos 
no clube, fazendo-o um candidato seguro para sargento de 
armas, nas eleições bienais executivas da comissão. 
Entretanto, o homem nunca recebeu uma bala que pudesse 
deixá-lo fora de serviço. 
— O que aconteceu? — Jagger ajudou Gunner a amarrar 
o lenço. Teve muita sorte. Viu homens perderem suas pernas 
por uma bala. Porra, ele viu quase tudo que uma bala poderia 
fazer em um corpo humano. 
— Cheiramos fumaça na parte de atrás. — Gunner 
dobrou as pernas, testando seu peso. Cole foi investigar. 
Escutei dois disparos, por isso me encontrei com uma puta 
AK-47. Não encontrei Cole, mas vi quatro caras correndo por 
nosso pátio. Definitivamente, motociclistas, mas estava muito 
escuro para ver seus emblemas. Um deles levava uma lata de 
gasolina e derramava ao longo da parede norte da sede do 
clube. Outro foi para o bosque e os outros dois colocavam as 
armas do nosso novo carregamento de AKs, em um 
caminhão. 
— Merda. — Jagger passou a mão pelo cabelo. 
Esta noite poderia piorar? Não só perderam a 
sede do clube, mas as armas que firmaram sua 
nova relação com um poderoso cartel 
 
 
mexicano, que procurava um fornecedor nos estados do 
Norte. 
As folhas secas rangeram sob as mãos de Gunner, 
enquanto tentava ficar em pé. 
— Sim, te entendo, irmão. E foi impossível salvar essas 
armas. Corri para as árvores,
planejando chegar detrás dos 
dois, no galpão. Nesse momento, não havia nada que pudesse 
fazer, para salvar a sede do clube. As chamas já se estendiam 
através das paredes sul e oeste. Mas um maldito escutou-me. 
Atirou na minha perna, antes que pudesse dar-lhe um tiro. 
— O dobro morrerá, quando os apanharmos. — Wheels 
empalideceu e se conteve, quando Jagger lançou-lhe um 
olhar de advertência. — Quero dizer você... Jagger... Não... Os 
Sinners. E eu... Farei o que me digam que faça. Pelo clube. 
Como sempre. 
Jagger apertou os dentes, contra o impulso de 
repreender o desgraçado prospecto e fez um gesto, para que 
Gunner continuasse. Sempre entusiasmado e querendo 
agradar, Wheels tinha seus pontos fortes. Infelizmente, 
compreender os códigos da política MC não era um deles. 
Com a ajuda de Jagger, Gunner ficou de pé, pondo a 
maior parte de seu peso sobre a perna boa. 
— O idiota, perto da sede do clube, acabou 
com a lata de gasolina. — Fez uma careta, 
 
 
enquanto tentava dar um passo. — Ele estava a caminho do 
caminhão, quando um cara, em um Kawasaki Ninja, correu 
para o quintal. Ouvi pneus derrapando e depois um acidente, 
perto do galpão de armas. Peguei minha arma e apenas atirei, 
cegamente, na direção do barulho. Então, o caminhão 
explodiu. 
Jagger mandou Wheels à oficina, para investigar. Ajudou 
Gunner com sua moto. Os bombeiros chegariam em breve e 
os policiais não demorariam muito mais. Apesar de Jagger ter 
o xerife, em sua lista de nomes, nem toda polícia local estaria 
feliz de ter um prospecto MC ferido. Tinha que trazer seus 
homens aqui. 
A Harley Softail Classic cromada de Gunner rugiu à vida 
e Jagger chamou Cade, o tesoureiro do clube, da plateia 
enfurecida e lhe disse que levasse Gunner e o resto dos 
irmãos à base de emergência do clube, uma casa de campo 
em decadência, nos subúrbios da cidade. A partir daí, fariam 
uma recontagem, reorganizar-se-iam e começariam a planejar 
um contra-ataque. 
— Jag... Jag... Jag... — Wheels correu para ele, com o 
rosto pálido, quase transparente na sombra. — Metade das 
armas se foram, mas eles o pegaram. O cara do ninja. Estão 
no galpão de armas. Zane está tentando impedir Axle 
de atirar na cabeça dele. 
Merda. 
 
 
A fúria enroscou-se no estômago, enquanto caminhava 
para a casa de armas, escondido em um pequeno bosque de 
árvores e, suficientemente, longe do calor das chamas, por 
isso as armas restantes não estavam em risco. Sua raiva não 
estava dirigida apenas ao piloto da Ninja, cuja vida agora 
estava em suas mãos, mas naquele maldito filho da puta, 
Axle. 
Ficou tenso, preparando-se para uma batalha, que 
supurava por mais de um ano. Depois de ganhar o apoio de 
um pequeno grupo de irmãos dissidentes, Axle não fez 
nenhum esforço para esconder que queria a posição de 
Jagger, como presidente. O fato de que ousou apontar sua 
arma contra o incendiário, apesar de saber que Jagger estava 
por perto, era um desafio para sua autoridade e até a 
legitimidade de cinco anos, como presidente do MC. 
Jagger virou a esquina da pequena quadra, com cinza 
caindo, justo quando Axle se afastava de um enfurecido Zane. 
Com uma velocidade que contrastava com sua pesada 
estrutura, Axle saltou no outro lado da calçada e se dirigiu à 
Kawasaki Ninja caída e logo ficou quieto, ao lado de uma 
figura vestida de couro, estendida, inconsciente, no cimento. 
— O otário vai morrer. — Axle apontou sua pistola 
Colt.45 ACP semiautomática, para o corpo imóvel e 
pôs o dedo no gatilho. 
 
 
— Solte. — A raiva tingia de vermelho a visão do Jagger. 
— Agora. 
Axle não se alterou. Violento e vicioso, de traços afiados 
e olhos escuros, era um excelente atirador e sempre o 
primeiro em puxar a arma, em uma briga. E, embora Jagger 
compartilhasse a necessidade de Axle de vingança e 
retribuição, pelo mal feito ao clube, não podia ter a 
consciência tranquila, aprovando que se executasse um 
homem, quando não havia, até agora, provas de sua culpa. 
— Temos que fazer um comunicado. — O rosto de Axel 
torceu em uma careta e olhou para uma multidão de 
motociclistas irritados. — Todo mundo esperará... Os nossos, 
os MCs rivais, os russos, a máfia, os cartéis mexicanos, 
inclusive as tríadas. Se não fizermos nada, cheirarão nossa 
fraqueza. Tem que pagar um preço de sangue, pelo que fez ao 
nosso clube e estou disposto a levá-lo a cabo. — Deu ao 
motorista inconsciente um forte chute nas costelas, tirando 
murmúrios de encorajamento da plateia. 
Jagger amaldiçoou em voz baixa e guardou a arma sob o 
colete. Mantinha sua posição de liderança, mediante o uso de 
coerção e poder, para impor sua vontade sobre seus irmãos. 
Apontar sua arma para Axle, como estava tentado a fazer, 
sugeriria que já não podia controlar a força dele 
sozinho, uma admissão de fraqueza que poderia 
custar sua presidência, até sua vida. Fechou a 
mão ao seu lado e o olhou. 
 
 
— Meu clube. Meu problema. Se atirar nele, será a 
última coisa que fará. 
Axle ficou imóvel, em cima do motociclista caído, com 
suor na testa, enquanto brincava com a arma, sem dúvida 
avaliando a oportunidade de ser o herói do clube, frente à 
possibilidade, muito real, de que Jagger cumprisse sua 
ameaça. 
O pulso de Jagger bateu com cada segundo de atraso. 
Axle foi um espinho em sua bunda por muito tempo, mas até 
agora, foi suficientemente inteligente para não desafiá-lo 
abertamente, preferindo, em seu lugar, esconder o 
ressentimento nas sombras, fazendo tentativas ocultas de 
explodir a base de poder de Jagger. Esta noite, entretanto, a 
situação carregada de emoções era, sem dúvida, uma 
oportunidade que não podia deixar passar. Finalmente, 
mostraria sua mão. Mas Jagger não ocupou a presidência 
durante cinco anos, sem saber como enfrentar serpentes 
como Axle. 
— Saia do caminho. Lidarei com ele. 
Ignorando a arma de Axle e sem esperar sua obediência, 
Jagger agachou-se junto à figura imóvel. Pequeno para um 
condutor de uma Ninja e magro... Quase delicado. Ele virou, 
cuidadosamente, o motorista inconsciente e seus 
punhos contorceram, reprimindo a raiva, quando 
 
 
viu o distintivo MC dos Black Jacks, um valete de um baralho 
de cartas, com um crânio como rosto. 
Zane resmungou uma maldição. Wheels deixou escapar 
um comprido assobio. Inclusive Jagger surpreendeu-se. Os 
Black Jacks e a Sinner's Tribe estavam envolvidos em uma 
disputa sobre território há anos. Mas há dois anos, o alto 
número de mortos chamou a atenção das autoridades 
federais e da mídia nacional, empurrando o ilegal mercado 
clandestino, que era o pão cotidiano das operações fora da lei 
do CM de Montana. No interesse da autopreservação, Jagger 
e o presidente dos Black Jacks, Viper, convocaram uma 
trégua desconfortável. Os Black Jacks assumiram o controle 
do tráfico de drogas em Montana e a Sinner's Tribe assumiu 
os contratos mais lucrativos do comércio ilegal de armas. 
Com os dois clubes reivindicando o domínio do Estado, a 
escaramuça ocasional era inevitável. Mas, na maioria das 
vezes, mantiveram a trégua. 
Até agora. 
Axle inclinou a arma e fez um gesto para o emblema, no 
colete do motorista caído. 
— Ele está usando a porra das cores Jacks. Fora do meu 
caminho, Jagger. A disputa está de volta. 
— Não é um irmão com emblema completo. 
— Wheels disparou em Axle um olhar 
suplicante e logo voltou-se para Jagger. 
 
 
— Falta o balanço da parte de baixo. Pode ser apenas um 
prospecto, fazendo o que lhe disseram para fazer. Não pode 
matá-lo. — Wheels aproximou-se do motorista caído. — Nem 
sequer sabemos se foi ele quem iniciou o incêndio. 
— Podemos fazer o que bem quisermos. — Axle disparou 
a Wheels um olhar irritado. — Os Sinner's são um por cento. 
Já sabe o que isso significa, prospecto? Significa que somos 
um por cento dos motociclistas que não seguem a puta lei 
civil. Fazemos nossas próprias regras, seguimos nossos 
próprios
códigos e administramos nossa própria justiça. E a 
pena por queimar nosso clube é a morte. 
Jagger ficou de pé, aproveitando sua estrutura de um 
metro e oitenta e cinco, enquanto se aproximava de Axle. 
— Até onde sei, ouvi dizer que eu era o presidente do 
Sinner's Tribe. Isso significa que a administração de justiça é 
minha responsabilidade. E depois de falar com Gunner, não 
estou convencido de que o piloto da Ninja seja o homem que 
incendiou a sede do clube. 
O rosto de Axle iluminou-se, com um amargo triunfo e 
ofereceu sua arma a Jagger, um gesto insultuoso, já que 
sabia que Jagger carregava uma arma. 
— Não importa. Ele é um Black Jack. Em 
questão de honra, um Jack é tão bom, quanto o 
próximo. Então faça seu dever. Dê-nos 
justiça. Vingança. Mostre-nos do que é 
 
 
feito, ó grande líder. 
Jagger tomou a arma que lhe ofereceu, tirou a trava de 
segurança, logo deu um passo para diante e deu uma 
coronhada na cabeça de Axle. Ele caiu de joelhos e logo se 
deixou cair no chão. 
— Zane, ele é seu, por esta noite. — A voz de Jagger 
rachou, através do silêncio. — Mas certifique-se de que esteja 
apto para participar da reunião do conselho executivo, de 
manhã, para responder por seu desrespeito. — Jogou a arma 
de Axle para Zane e olhou furioso para a multidão. — Alguém 
mais tem problema? 
Sem esperar por uma resposta, ele se abaixou e removeu 
o capacete do motociclista caído. Cabelos compridos e 
escuros derramaram-se sobre a calçada, em uma onda de 
seda. 
— Bem, droga. — Zane exalou suas palavras em um 
sussurro chocado. — Ele é ela. Nós fomos desrespeitados por 
uma droga de garota. 
Não, não é uma garota. É uma mulher. Um anjo. Dos 
infernais Black Jacks. 
Jagger apertou seu pescoço, sentindo o pulso debaixo da 
pele suave e fresca. Ela gemeu e seus olhos 
 
 
abriram-se, surpreendendo-o com um brilho de cor verde 
esmeralda, como nada que jamais viu. 
Por um instante, ele não conseguiu falar, então, seus 
cílios espessos e escuros vagaram sobre as bochechas cor de 
creme e a cabeça caiu para o lado. Sob os dedos, o pulso dela 
batia firme, mas fraco. Tranquilizado, tirou a mão. Só então 
viu seus ferimentos, contusões longas, grossas e em forma de 
dedo, em volta do pescoço. 
Com um ligeiro toque, traçou, ao longo da linha de seu 
maxilar marcado. Marcas negras e azuis estendiam-se desde 
a têmpora até o queixo. Seus olhos foram até o couro 
cabeludo e logo depois, de volta a seu rosto pálido. 
Seus olhos desceram para o capacete e depois voltaram 
para o rosto pálido. Definitivamente, não são ferimentos do 
acidente. Por alguma razão que ele não soube dizer, queria 
caçar quem a machucou e jogá-lo no chão. 
Irônico, realmente, já que ele poderia ter que matá-la. 
 
 
 
Dois 
Primeiro o clube. Só o Clube. Clube sempre. 
 
O sonho era sempre o mesmo: cama macia, luz tênue, 
fofo edredom rosa, trabalho em seu escritório. 
Leon em cima dela. 
Gritos e gemidos. Os braços dela presos. A mão dele, 
retirando seu jeans. Ela amarrada na cama, um lamento 
escapando de seus lábios. 
— Acorde. — Uma mão áspera acariciou sua bochecha e 
lhe limpou uma lágrima. 
Os olhos de Arianne abriram-se e os semicerrou, para 
adaptar-se à luz tênue, olhando à sua volta. Tratou de 
levantar e logo caiu sobre o travesseiro, quando seu estômago 
embrulhou. 
— Não se mova. 
 
 
Em pânico, Arianne congelou e olhou na direção da voz 
profunda e rica. Ela piscou, para clarear a visão e ele 
apareceu, recostando-se na cadeira, ao lado de sua cama, 
pernas longas, esticadas na frente dele, braços grossos, 
cobertos com tatuagens e dobrados sobre um peito enorme. 
Sob seu colete, uma camiseta da Harley-Davidson esticada 
sobre peitorais musculosos e uma barriga de tanquinho. O 
jeans preto abraçava seus quadris estreitos e o cabelo escuro 
e grosso roçava o topo de seus ombros largos. Áspero e 
desgastado, ele ostentava, pelo menos, um dia de barba em 
seu rosto. 
Delicioso. 
Sua presença pura atraiu-a. Não. Não presença. Poder. 
Cru e selvagem. 
— Quem é você? — Sua voz vacilou, apesar de seus 
melhores esforços para desacelerar o coração. Correr e gritar 
seria inútil, pois não sabia nada de sua situação. 
— Jagger. 
— Jagger? — O nome era familiar, mas com seu cérebro 
ainda impreciso, não podia se situar. De fato, não podia 
situar nada. Nem sequer a ela mesma. Forçou sua mente a 
retroceder, tentando identificar sua última 
lembrança. 
— Talvez isto ajude. 
 
 
Ele tirou o colete e girou, segurando-o, para dar-lhe uma 
boa visão das costas. Ela reconheceu o patch de três peças, 
de uma só vez: um crânio alado, colocado acima das chamas, 
com duas estrelas de cada lado e dois roqueiros curvados 
acima e abaixo, proclamando o nome de seu clube e do 
capítulo. 
O MC SINNER'S TRIBE. 
Morreria. 
E no mesmo dia em que planejou escapar dessa vida 
para sempre. Apertando os dentes, Arianne reprimiu um 
gemido. Não lhe daria a satisfação de pedir por sua vida. 
Morreria com dignidade. Faria sua mãe sentir-se orgulhosa. E 
o seu pai também, se fosse capaz dessa emoção. 
Jagger fez uma careta e tocou de novo o colete, seus 
dedos roçaram o emblema, que o identificava como 
presidente. 
— Parece que sabe quem somos. 
O sangue golpeou a garganta e baixou o queixo. Quem 
não conhecia o símbolo da Sinner's Tribe, o dominante MC 
fora-da-lei em Montana e um dos melhores MCs foragidos no 
país? O clube contava com novecentos membros, em todo o 
norte dos Estados Unidos. Os arqui-inimigos do 
MC Black Jacks, em que nasceu e se criou, 
Sinner's Tribe era sem igual, em tamanho 
 
 
ou poder, em Montana. E Jagger era seu rei. 
Uma onda doentia de terror limpou a névoa de seu 
cérebro. Tudo voltou com pressa. Todo seu trabalho duro, 
economizando dinheiro suficiente, para conseguir 
passaportes falsos e novas identidades para ela e Jeff. 
Os favores pedidos para arrumá-los e conseguir chegar 
ao Canadá, debaixo do radar dos Black Jacks, a emoção de 
que, finalmente, estariam livres de seu pai, Viper, dos Black 
Jacks e do mundo dos motociclistas. E então o texto do Jeff: 
não iria. Viper pegou-o e o mandou com uma equipe de 
Jacks, para queimar a sede do Sinner's Tribe e roubar uma 
remessa de armas. 
Ela respirou fundo, quando se lembrou de correr através 
do Conundrum, na seu Ninja, desesperada para impedir que 
Jeff cometesse um erro, que poderia custar-lhe a vida. 
Esperança e desolação. Chamas piscando. O crack de uma 
arma. E então a escuridão. 
Jagger inclinou-se para diante, com a mão estendida, 
estabilizando-a. 
— Está muito branca, vai desmaiar. 
— Não. Estou bem. 
Lutando contra um desejo quase irresistível 
de correr, fez uma avaliação rápida do 
quarto: cama king-size, mesa-de-
 
 
cabeceira e cadeira de madeira. Nua e funcional. Sua 38, 
ainda no coldre de couro, estava ao lado de uma sacola de 
ginástica preta, em uma cômoda baixa e larga. Uma janela 
sem cortinas. Luar lançando sombras no chão. Executor 
bonitão. Não Jeff. Pequena misericórdia. Talvez tenha 
escapado. 
Talvez ela também pudesse escapar. Tinha que escapar. 
Se Jagger descobrisse que seu pai era o inimigo mortal, ele 
atiraria nela no local. 
— Onde estamos? — Sua voz estava rouca, quase 
irreconhecível e crua. 
Jagger inclinou a cabeça e dedicou –lhe um sorriso 
divertido. 
— Muito longe para fugir, se isso for o que está 
pensando. Adquirimos esta velha casa de um distribuidor de 
dois cruzamentos, que pensou que podia brincar conosco. 
Não há nada ao redor por quilômetros, exceto montanhas, 
árvores e lobos. E, se meter na cabeça fazer uma caminhada, 
há cem Sinner's zangados e membros do clube de apoio, que 
pensam que você queimou nossa sede do clube. Querem 
sangue. Agora mesmo, este é o lugar mais seguro para você. 
Bem. Não eram boas probabilidades. Mas, 
permanecer aqui era morte segura. Ajeitando os 
 
 
ombros, empurrou-se e sentou,
fazendo caretas, enquanto a 
dor surgiu em sua cabeça. 
Com um grunhido suave e admoestador, Jagger agarrou 
seu braço e a ajudou a voltar para o travesseiro. 
— O médico disse que teve uma comoção cerebral e que 
não deve sair da cama por alguns dias. 
Ela o olhou, surpreendida. 
— Por que não me matou? Por que incomodar-se com 
um médico? Ou você gosta dos prisioneiros sãos, antes de 
torturá-los? 
Ele se remexeu na cadeira e uma sombra cruzou seu 
rosto, inquietantemente, atraente. 
— Inocente, até ser culpado. Adicionei aos nossos 
estatutos. Evita que os meninos se voltem justiceiros e peçam 
vingança imediata, por ofensas imaginárias. 
— Talvez em seu clube. Não no meu. 
Fechou a boca com força. Inclusive, a menor quantidade 
de informação poderia revelar a identidade de seu pai. Apesar 
de ter o cabelo escuro, ela e seu pai não se pareciam muito. E 
apesar do fato de usar o colete do Black Jack, não 
era uma Jack. Nem por indício. 
 
 
Jagger a estudou em silêncio, desconcertando-a, com 
seu olhar fixo. Mas, amaldiçoada seria, se pudesse afastar a 
vista daqueles quentes olhos castanhos. Profundos. 
Insondáveis. Por um segundo, sua mente desatou e flutuou 
em muito chocolate. 
Segura. 
Protegida. 
Que diabos estava fazendo? Quando alguém a protegeu? 
E ele era o inimigo. Os clubes brigaram pelo território 
durante anos, comercializando brutalidades, da maneira em 
que os mais jovens trocavam insultos. 
Nem sequer os velhos estavam a salvo. Ou suas filhas... 
Afastou a lembrança. Sua mãe não morreu, por causa 
da briga, a não ser devido à cultura dos motociclistas, no 
coração dos mesmos. Uma cultura que considera as 
mulheres como propriedade e nada mais. 
— Você tem nome? — Ele se reclinou e estendeu as 
pernas, da maneira irritante que os homens faziam, 
frequentemente, tomando o espaço de três pessoas, em um 
esforço por exercer domínio. 
Exceto que Jagger não precisava, realmente, 
tentar. Da autoridade, em sua voz, ao poder, que 
escorria de seus poros, ele era cada 
centímetro de macho alfa dominante. Um 
 
 
líder natural, ela duvidava que alguém o desafiasse. E aquele 
calor traidor, no fundo do seu núcleo? Simplesmente, uma 
resposta primitiva instintiva. Facilmente racionalizado. 
— Arianne. — O nome caiu de seus lábios, antes que 
pudesse pegá-lo. Quase imediatamente, percebeu seu erro. 
Deu a ele seu nome verdadeiro. Seu nome de nascimento. O 
nome que não usava no mundo dos motociclistas, desde que 
sua mãe morreu. O que estava pensando? — Quero dizer, 
Vexy. — Firmou sua voz. 
Seu áspero rosto se suavizou. 
— Arianne é um nome bonito. Suave. Combina com 
você. Vexy, não tanto. Faz pensar em uma mulher sexy, que 
tem mau gênio. 
Ela soltou um exasperado suspiro. Como se não 
soubesse o que significava a palavra Vexy. Mas os 
motociclistas não escolhiam seus nomes de estrada, esses 
nomes eram outorgados pelo clube. E embora às mulheres, 
não era permitido ser uma parte oficial dos Black Jacks, 
tinha status, um nome de estrada e um colete, simplesmente, 
pelo que era. 
Jagger levantou uma sobrancelha. 
— Arianne? Tem mal gênio? 
 
 
Suas bochechas aqueceram. Ele estava brincando com 
ela? Com o rosto dele uma máscara impassível e seu tom frio 
e uniforme, ela não sabia dizer. Mas gostou do som de seu 
nome, em seus lábios, seu rugido suave sobre a segunda 
sílaba, tanto que não o corrigiu. A parte temperamental, no 
entanto. Dobrando os braços sobre o peito, estreitou os olhos. 
— Pode testar. 
Jagger inclinou a cabeça para o lado. 
— Eu não vi um patch de propriedade em seu colete. 
Você tem alguém, para mantê-la na linha? É uma Old lady ou 
uma bunda doce? Ou os Black Jacks mudaram as regras e 
permitiram que as mulheres montassem, em seu clube? 
Arianne fulminou-o com o olhar. Nada a incomodava 
mais que a misoginia que impregnava o mundo dos 
motociclistas. Supunha-se que as algemas e as noivas 
sentiam-se honradas de serem consideradas uma 
―propriedade‖ ou ―Old Lady‖, o equivalente de uma esposa. 
―Senhoras‖ e as ―bundas doces‖ ocupavam-se das 
necessidades dos motociclistas, tanto dentro, como fora do 
quarto e se encarregavam da sede do clube, em troca de 
moradia e proteção, eram consideradas propriedade comunal, 
mas, geralmente, conectadas a um motociclista por vez. E as 
―hoodrats‖, as ―groupies‖ e as ―bocetas‖ que iriam 
para as festas, pela emoção de uma noite com 
um motociclista durão, eram livres para 
 
 
serem tomadas. 
— Não sou propriedade de ninguém e não sou uma 
bunda doce. — Endireitou a postura e encontrou com seu 
intenso olhar. — Nasci nos Jacks. Meu papai é... Um 
motociclista. 
Deteve-se bem a tempo. O que estava errado com ela? 
Não era uma pessoa falante, no melhor dos momentos e 
agora, quando manter a boca fechada era mais importante, 
estava prestes a dizer a única coisa que poderia matá-la, sem 
perguntas. E ainda, perversamente, havia algo sobre Jagger 
que a deixava à vontade. Talvez bateu a cabeça com mais 
força do que pensou. 
— Então, como é que tem um emblema? — Ele apontou 
para seu corte, pendurado no estribo da cama, o patch de 
duas peças Black Jacks, sem o balanço inferior, que só aos 
membros de emblema completo era permitido usar, um aviso 
de sua posição hierárquica. Levava seu colete só nos 
assuntos do clube e tentava fazê-lo o mínimo possível. 
Ela deu de ombros, enfiando as unhas nas palmas das 
mãos. Por que todas as perguntas? Ou ele ia matá-la ou não 
e as chances favoreciam a última, já que a honra ditava que 
alguém tinha que pagar pela destruição de seu clube. Então, 
por que apenas não seguiu em frente, ou deu a ela 
uma chance de tentar escapar ou morrer 
 
 
lutando, em vez de seduzi-la, com sua personalidade 
vencedora, charme e boa aparência? 
— Que tal uma pergunta mais fácil então? — Seu rosto 
ficou pensativo. — Você queimou meu clube? 
A emoção brotou em sua garganta, alimentada pelo 
medo, tensão e uma atração desconcertante pelo homem, 
ridiculamente, bonito, que tinha sua vida nas mãos. 
— Não, não fui eu. 
— Mas foram os Black Jack? 
Arianne lutou por manter a calma. Havia alguma razão 
para negar que os Black Jacks estavam envolvidos? Ninguém 
mais se atreveria a dar um passo na propriedade dos 
Sinner's, muito menos queimar sua sede. Ou era uma prova? 
Um membro de seu clube já identificou os Jacks, antes de 
fugir? 
— Arianne? — Ele se inclinou para frente, apoiando os 
cotovelos sobre os joelhos, com o corpo tenso. 
Ela negou, preocupada em revelar muito. Embora 
odiasse aos Jacks com paixão, não estava a ponto de romper 
o código de conduta dos motociclistas, que marcaram nela, 
desde que podia caminhar, especialmente, quando 
a vida de seu irmão estava em risco. E a regra 
número um era que os assuntos do clube 
 
 
ficavam no clube. 
— Sabe que não posso responder a essa pergunta. 
— Não se fará justiça, se tomo uma vida inocente. 
Sua vida. Sua ameaça não tão sutil rompeu a fantasia 
de que era, simplesmente, um homem normal e não o 
presidente de um maldoso clube de motociclistas fora-da-lei, 
que dava sentenças de morte, do jeito que ela distribuía 
bebidas no bar do Banks. Ele acabou de afirmar que não iria 
machucá-la e agora ameaçava tirar sua vida. Isso era algum 
tipo de jogo? 
— Mas o fará pela honra. — Comentou ela. — Não é isso 
o que quer dizer? Ou está dizendo que não sou inocente? 
Culpada, por associação? 
Quando franziu a testa, ela apertou a mão sobre o 
lençol. Escroto. Estava jogando com ela. Acalmando-a, com 
uma falsa sensação de segurança, antes de se mover-se para 
a matança. Bom, estava a ponto de descobrir que não cairia 
facilmente. A crueldade do pai parecia quase uma gentileza 
agora: ele a tornara forte. Forçou-a a aprender a sobreviver. 
Apertando os dentes, mas pela dor surda de sua cabeça, 
voltou a sentar e se moveu sobre a cama, balançando as 
pernas sobre o lado. A dor
estalou em suas 
costelas, tão aguda e feroz, que dirigiu a mão a 
essa zona e ofegou. 
 
 
Jagger soltou um suspiro e apertou o maxilar. 
— Axle te chutou, quando estava caída. O médico disse 
que machucou as costelas. — Inclinou-se e passou os dedos, 
ligeiramente, por seu pescoço, enviando um pulso de calor 
através de seu corpo. — Também disse que foi golpeada. 
Queria te levar ao hospital, para ver se há lesões internas, 
mas não podia ir tão longe. — Passou os dedos ao longo de 
seu queixo, sobre sua maçã do rosto e bochecha, seu toque 
tão apaziguador que as lágrimas, indesejadas e inesperadas, 
brotaram de seus olhos. 
Sua voz reduziu-se a um silencioso murmúrio. 
— Disse que não era a primeira vez. 
— Não. — Ela bateu na mão dele, confusa por uma 
gentileza que desmentia o trecho presidencial, na frente de 
seu corte. E ainda havia algo diferente sobre Jagger. Uma 
confiança calma. Uma aresta moderada. 
Seus olhos brilharam. 
— Um Jack fez isso com você? 
Ela foi salva de mentir, quando a porta abriu, apenas 
uma fresta, no início e depois mais larga. Dedos, 
profundamente, bronzeados curvaram-se ao redor 
da beirada, empurrando a porta entreaberta. 
 
 
Mas não largo o suficiente, para que conseguisse ver. 
Um homem alto e de cabelo escuro, que levava um colete 
dos Sinner's Tribe, entrou na habitação, seus ombros largos e 
corpo magro e musculoso enchendo, completamente, a porta. 
Vagamente sensual, com traços cinzelados e penetrantes 
olhos castanhos, passou seu olhar sobre o rígido espaço, 
detendo-se, brevemente, nela e logo encontrando-se com 
Jagger. 
— Preciso falar contigo. 
Com um suspiro, Jagger levantou-se. 
— Zane é o VP dos Sinner's Tribe e meu amigo mais 
antigo. Está acostumado a ser um pouco mais cortês com as 
damas. — A familiaridade de Jagger sugeria que não 
considerava Arianne uma ameaça, mas seu amigo, 
claramente, fazia. 
— As damas que conheço não queimam edifícios, nem 
matam nossos irmãos. 
Arianne se encolheu, ante a voz venenosa de Zane. 
— Cole está morto. — Um músculo, no maxilar de 
Jagger, esticou-se. — Encontramos seu corpo no bosque. 
Duas balas. Uma no peito. A outra passou por seu 
 
 
ombro. O atirador usou uma 22. É arma de mulher. — Zane 
cravou em Arianne um frio olhar. 
Ela deu uma fungada desdenhosa. 
— Claramente, não conhece muitas mulheres que 
disparam. Utilizo um 38, a menos que não possa ocultá-la. 
— Ela está dizendo a verdade. — Jagger apontou para a 
cômoda, onde sua arma estava fora de alcance. — Você 
achou mais alguma coisa? 
Zane levou Jagger até a janela. O olhar de Arianne foi 
para a porta, ligeiramente, aberta e depois para os dois 
homens, que pareciam absorvidos em sua conversa. 
Pistola ou sair? E se atreveria? Doía-lhe o corpo, as 
costelas ardiam, a cabeça palpitava e vestia somente uma 
grande camiseta e sua calcinha. Não havia dúvida de que foi 
despida, para o exame médico, que é como encontraram sua 
arma. 
Entretanto, como não podia tentá-lo? Sabia melhor que 
ninguém, como funcionava seu mundo. Primeiro o clube. 
Clube sempre. Independentemente, das opiniões pessoais de 
Jagger, se sua morte era no melhor interesse do clube, então 
a mataria sem vacilar. Era melhor morrer, tratando de viver, 
que se sentar, passivamente, esperando o destino, 
devido a umas poucas lesões ou a uma 
relutância de deixar que alguém visse 
 
 
suas calcinhas de bolinhas rosa. 
Preparou-se contra a dor e apoiou os pés, firmemente, 
no chão. Ir era sua aposta mais segura. O mais provável era 
que atirassem, antes que tomasse e sacasse a arma. 
Um... Dois... Três... Vai. Lançando-se para frente, 
Arianne saltou da cama e se atirou na abertura da porta. 
Mas, mesmo quando voou pela sala, seus pés mal tocando o 
chão de madeira, ela sabia que Jagger iria pegá-la. 
Sabia que Jagger a apanharia. 
— Cristo. — Segurou-a, antes que alcançasse o corredor, 
uma mão apertando seu ombro, a outra, ao redor de sua 
cintura. Com um brusco puxão, atraiu-a para seu corpo, 
encarcerando-a no quente círculo de seus braços. 
Tome cuidado com o que você deseja. 
Passaram uns segundos. Nenhum deles se moveu. Seus 
peitos pressionando juntos. Com seus corações pulsando em 
uníssono. Ela respirou fundo e inalou seu aroma intoxicante 
de couro e uísque. Um desejo intenso, quase visceral, por sua 
intensidade, pegou-a desprevenida. 
Jagger inclinou-se para frente, roçando os lábios sobre 
sua orelha e ambos estremeceram. 
— Por que diabos você fez isso? 
 
 
— Não poderia viver comigo mesma, se não tentasse. — 
Uma onda de tontura golpeou-a fortemente, quase 
desmaiando com a dor de suas costelas. Maldito corpo 
traidor. Tratou de soltar-se e seus joelhos cederam. 
— Eu te peguei. — Apertou os braços ao redor dela, o 
encarceramento converteu-se em apoio e soltou um pequeno 
suspiro. 
— Estou bem. — Fez outro intento de escapar, mas ele, 
simplesmente, sustentou-a mais perto de seu corpo. — Deixe 
ir. Não preciso de sua ajuda. 
Com uma gargalhada, ele a ergueu, facilmente, em seus 
braços. 
— Nunca conheci alguém que precisava de ajuda, tanto 
quanto você. 
 
Deveria estar zangado. 
Diabos, Zane estava ateando fogo na esquina. Em seu 
lugar, Jagger se divertia, impressionado e bastante 
excitado, pela intenção de sua sexy prisioneira 
escapar. Com seu corpo doce e quente 
entre os braços, o exuberante traseiro 
 
 
movendo-se contra sua virilha, recordou-lhe quanto tempo 
esteve sem uma mulher, bundas doces e hood rats excluídas, 
é obvio. Embora as bundas doces sempre estejam felizes de 
aliviar as necessidades de seus irmãos do Sinner's Tribe, 
eram uma solução rápida, que sempre o deixava insatisfeito. 
Ela era dura, sem dúvida alguma, mas debaixo de sua 
armadura, sentiu fragilidade e uma silenciosa suavidade, que 
fazia coisas estranhas a seu estômago. Entretanto, não podia 
deixar que suas ações ficassem impunes. 
Entre Arianne e Axle, sua autoridade foi desafiada mais 
esta noite, que em muitos anos. 
Talvez a culpa seja da lua cheia. 
Enquanto Zane estava de guarda, Jagger mexeu em sua 
bolsa de ginásio e tirou um par de algemas. A última vez que 
as usou, estava nos dutos de ventilação, com Cade e Gunner. 
Sorriu, interiormente, com a lembrança, enquanto ia até 
a cama. Cade roubou um traficante burro de rua e Jagger 
algemou-o e o enfiou no porta-malas de seu Chrysler negro 
300C. Logo, passaram a seguinte hora na brisa e conduzindo 
ao redor do complexo, enquanto Gunner negociava com a 
família do distribuidor, por sua liberação. Cem mil dólares, 
por duas horas de trabalho. E tudo entrou nos 
baús, já transbordantes, do clube. 
 
 
— Não queria fazer isto, mas não posso te deixar tentar 
escapar outra vez. — Pôs uma das algemas ao redor de seu 
magro pulso. — Não só o médico disse que tinha que ficar na 
cama, mas também não estava brincando, quando disse que 
todos, fora desta casa, querem você morta. Não teríamos esta 
conversa, se tivesse chegado à porta. 
Qualquer outro prisioneiro tremeria nos lençóis, 
suplicando perdão. Arianne fulminou-o com o olhar. 
— Algemas? Sério? Por que não é honesto? Isto não é 
sobre mim. Trata-se de seu grande ego. Quase fugi. Agora, 
sente a necessidade de me pôr em meu lugar. Reafirmar seu 
status de macho alfa dominante. 
Aturdido, sem palavras, ficou olhando. Porra. 
Seriamente lesada, algemada à cama, com lobos na porta, 
latindo por seu sangue e lhe mostrava atitude. Talvez não 
fosse tão suave ou frágil, como pensou. Entretanto, não 
deveria estar tão surpreso de sua coragem. Levava um colete 
dos Black Jacks e aquelas cores não se ganhavam sem 
sangue, ou uma parte da alma. 
Zane sorriu, perversamente. 
— Cuidado, docinho, ou Jagger adicionará outro adesivo 
de sangue a seu colete, mais cedo, que tarde. Estou 
bastante seguro de que dois, dos que estão ali, 
são porque matou um Jack de boca grande. 
 
 
Jagger arrepiou-se,
curiosamente, chateado pela 
referência de Zane, a seus adesivos de sangue, um, a cada 
vida que tirou. Não estava orgulhoso desses patchs, mas a 
morte era inevitável, em seu mundo de ―matar ou morrer‖ e, 
quando seu clube ou seus homens estavam sob ameaça, não 
duvidava em apertar o gatilho. 
Captou o brilho de desaprovação nos olhos dela, antes 
de suspirar. 
— Se acredita que me assusta, está equivocado. Exceto 
pelas perspectivas, não acredito que haja Jacks, sem patch 
de sangue. 
— O que acontece com você? 
Seus olhos brilharam, divertidos. 
— Se eu fosse o tipo de mulher que passasse seu tempo 
ganhando patch de sangue, seria você o algemado e seu 
amigo ali, estaria morto no chão. 
Risos brotaram em seu peito e lutou muito para detê-lo. 
Porra. Este era o tipo de mulher que deveria estar em sua 
cama. Guerreira, sensual e cheia de fogo. Com seus pulsos 
algemados sobre sua cabeça, seu doce corpo estirado sobre 
os lençóis, permitindo-lhe o vislumbre de suas coxas, a boca 
encheu-se de água, ao pensar em dominá-la. 
Zane bufou incrédulo. 
 
 
— Dado que usava couro de motociclista, dirigiu uma 
Kawasaki de alta qualidade, em nosso pátio, tinha a intenção 
suicida de escapar e logo começou a nos dar atitude. Diria 
que há uma forte possibilidade que ganhou um patch de 
sangue ou dois. 
— Bom, não o fiz, mas ficarei feliz de começar contigo. — 
Elevou o queixo. — Só me dê a chave... A menos, é obvio, que 
tenha medo de mim. 
Que maldita descarada. Jagger não podia deixar de 
admirar sua atitude, mas não estava a ponto de cometer o 
mesmo engano duas vezes. 
— As algemas ficam. Não quero me preocupar que ganhe 
seu patch comigo, enquanto durmo. 
— Eu devo ter ―assassina‖, escrito sobre mim. — Bufou 
Arianne. 
Desta vez não pôde conter a risada. Ela era muitas 
coisas, sexy, formosa e valente; mas ―assassina‖ não 
encaixava. 
— Não, em qualquer lugar que eu possa ver. 
O rubor cobriu-lhe as bochechas e se moveu na cama, a 
camiseta subiu até quase a junção de suas coxas. 
A virilha de Jagger esticou-se e se obrigou a 
afastar o olhar. Ele deveria ter dado ao 
médico uma das camisas maiores de 
 
 
Gunner, ou mandado Sherry, a mãe da casa, comprar algo 
decente para usar. Não podia se dar ao luxo de pensar nela 
como algo, além de um prisioneiro, um inimigo. Com um 
olhar para Zane, que também a estudava com interesse, 
Jagger pegou um cobertor do pé da cama e a cobriu. 
— Então... Como conseguiu tantos patchs de sangue? — 
Ela curvou os lábios com desdém, enquanto colocava a 
manta sob seus quadris, com a mão livre. — Mulher? 
Famílias? Civis? 
— Sabe muito bem, para perguntar. — O negócio do 
clube nunca era compartilhado com estranhos e, entretanto, 
seu escárnio o atravessou como uma faca no estômago. 
Que demônios? Ele mal a conhecia e agia, como se sua 
opinião importasse. Seria melhor que soubesse que era um 
membro feliz do sangrento MC, que um homem que 
lamentava cada vida que tirou. 
Franzindo a testa, girou e caminhou para a porta, sem 
dar um segundo olhar à mulher na cama. O arrependimento 
era uma fraqueza. Igual à compaixão. E já estendeu muito 
disso. 
 
 
 
TRÊS 
A missão do clube é difundir os ideais de honra, 
verdade, lealdade e irmandade, através de um interesse 
comum no motociclismo. 
 
Algemas. 
Arianne apertou os lábios, para evitar rir, enquanto 
trabalhava com a fechadura que a prendia. Quantas vezes ela 
e Jeff se sincronizaram, enquanto cada um tomava turnos, 
para escapar das esposas de seu pai? Os meninos 
motociclistas não jogam com brinquedos normais. Não 
aprendem habilidades normais. Ao nascer, era esperado que 
aprendessem a sobreviver no mundo dos motociclistas. E ela 
tomou essas lições de coração. 
Com um suave clique, a fechadura cedeu. 
Livre. Bem. Mais ou menos. Levou uma 
decepcionante hora e meia, segundo seu relógio. 
Jeff riria. 
 
 
Tentou primeiro a porta, mas estava trancada com chave 
e bloqueada do outro lado. A janela rendeu-lhe mais sorte. 
Depois de empurrá-la, olhou por cima da varanda. 
Lembranças de outra noite, de outro telhado e de um 
medo tão avassalador, fez que lhe tremessem os joelhos. 
Quase sentiu o pequeno corpo de Jeff, estremecendo em seus 
braços, enquanto se apertavam contra o frio tijolo da chaminé 
e orava, para que alguém ouvisse os gritos do interior e 
chamasse a polícia. 
Sim, poderia escapar, mas aonde iria? As pequenas 
luzes do perímetro revelaram uma vasta grama, camas de 
flores secas e uma parede de tijolo, que desmoronava, ao 
redor da propriedade. Um bosque, iluminado pela lua, 
estirava-se até onde podia ver e as sombras das Montanhas 
Bridger estendiam-se para ela. Isolado, como disse Jagger. 
Definitivamente, quilômetros até a cidade. Mas, pelo menos, 
ela se orientou. As estrelas e a estrada estendiam-se para o 
oeste. 
Entretanto, não podia ver nenhuma cidade, nem 
semáforos. Não tinha roupa e embora pudesse roubar uma 
moto, os Sinners montavam pesadas 1.200cc, teria que 
empurrar, lentamente, pela estrada e seria difícil pilotar sem 
sapatos. 
Tomando uma profunda baforada, do 
quebradiço ar do outono, olhou, fixamente, 
para fora, enquanto uma nuvem passava 
 
 
sobre a lua. Deus, odiava a escuridão. Quase tanto como 
odiava seu pai. 
— Procurando algo? 
O pânico a atravessou e girou, encarando o intruso. 
Como não ouviu a porta abrindo? Uma perda imperdoável de 
concentração e que poderia tirar-lhe a vida. 
Ele acendeu a luz e piscou, quando seus olhos 
ajustaram. Jovem, talvez de vinte e dois ou vinte e três, 
bonito, com rosto de bebê, o motociclista que entrou no 
quarto tinha o cabelo comprido e loiro, cortado para 
emoldurar seu rosto, tipo estrela de rock. Mas, com uma 
pistola em uma mão e uma garota sob o braço, claramente, 
não estava ali para entretê-la. 
— Meu nome é Wheels. — fez um gesto à ruiva 
curvilínea ao seu lado. — E essa aqui é Sherry. É a 
responsável em manter a casa. Sou responsável de cuidar 
das motos, dos convidados e fazer o que for que os 
motociclistas precisem que eu faça Jagger nos enviou, para 
nos assegurar de que estivesse bem. — Gesticulou para as 
algemas penduradas na cama. — Parece que você se deixou 
mais confortável. 
Ah! Tinha que ser um prospecto. Somente os 
prospectos dos clubes tinham a tarefa de manter 
as motos do clube e fazer os trabalhos sujos, 
que ninguém mais queria fazer, como 
 
 
cuidar dos prisioneiros, para ganhar o respeito do clube e seu 
emblema completo. E, entretanto, não tinha a atitude oficiosa 
que o prospecto habitual mostrava, ao falar com alguém de 
fora do clube. 
— Precisava de um pouco de ar. — Empurrou as costas 
contra a janela, desconfiada de estar a sós com dois 
desconhecidos e desconcertada de que não se sentiu, 
igualmente cautelosa, quando esteve a sós com Jagger. 
— Não vamos te fazer mal. — Sherry separou-se de 
Wheels e apoiou contra o, agora vazio, guarda-roupa. Zane 
levou a arma de Arianne e a bolsa de Jagger, ao sair. — 
Jagger tampouco te fará mal. — Assegurou. — Não machuca 
mulheres. 
— A menos que queimem nosso clube e matem um de 
nossos irmãos. — Wheels franziu a testa, mas com seu rosto 
de bebê, foi mais um sulco e só o fez ficar lindo. 
— Não fui eu. 
Sherry começou a rir. 
— Eu também diria isso, se fosse apanhada na sede de 
um MC rival, com cem motociclistas zangados, clamando por 
minha cabeça. 
Devia ter empalidecido, porque Sherry, 
instantaneamente, arrependeu-se. 
 
 
— Ouça, não se preocupe. Quis dizer o que disse a 
respeito do Jagger. Conheço-o bem... Provavelmente, melhor 
que ninguém aqui. Nunca tira uma vida, a menos que seja 
justificado. 
Arianne apoiou-se no suporte da janela, para se 
sustentar. Ele era o inimigo, um desumano e maldito 
motociclista, que dirigia o único MC, em Montana, que seu 
pai considerava uma verdadeira ameaça... E precisava 
manter esse fato primitivo na mente.
— Bom, isso não a tranquilizou. — Assinalou Wheels. — 
Agora, parece a ponto de chorar. 
— Um pouco como você, quando Zane e Cade disseram 
que a Old lady do VP de Devil Dog era uma bunda doce, 
querendo entrar em suas calças. 
— Isso não foi engraçado. — As narinas de Wheels 
alargaram-se. — Eu era prospecto só por uma semana. 
Ninguém disse que as Old Ladys estavam, totalmente, fora do 
alcance, inclusive para falar. Quase me matou. 
Sherry piscou um olho para Arianne, logo olhou para 
Wheels. 
— Não acredito que fosse a parte de ―falar‖, que zangou 
o VP. Foi quando pôs a mão sob sua saia e lhe 
beliscou o traseiro, justo na frente dele. 
 
 
Arianne pôs-se a rir e sua tensão diminuiu. Inclusive os 
Black Jacks amavam provocar seus prospectos. Era o 
passatempo favorito de motociclista. 
— Quem tirou suas algemas? — A profunda voz de 
Jagger cortou a risada e o quarto silenciou. 
Apoiava um braço no arco da porta e a enchia, com seu 
corpo magro e musculoso. 
— Essa seria eu. — Dedicou-lhe um sorriso frio, 
divertida por sua presunção que precisou de ajuda, para se 
libertar. 
Jagger olhou para Sherry e para Wheels. 
— Ninguém pensou em colocar de volta? Depois que eu 
disse, há apenas vinte minutos, que ela era um risco de fuga? 
— Ele atravessou a sala e bateu a janela fechada, atrás dela, 
o estrondo alto, sacudindo as vidraças. — E você a deixou 
ficar em uma janela aberta a não mais de três metros do 
chão? 
Wheels e Sherry compartilharam um olhar aterrorizado e 
Arianne sentiu uma pontada de aborrecimento. Apesar de 
sua situação, tinha que admitir que foram amistosos. Não é 
que ela fosse pular em sua defesa. A astúcia política lhe 
salvou o pescoço uma e outra vez, na sede Black 
Jack e ninguém, exceto um, desafiava o 
presidente. Ao menos, não em público. 
 
 
Jagger dispensou Wheels e Sherry, esperando, até que a 
porta se fechasse, antes de rodear a pulso de Arianne com o 
polegar e o indicador, sua voz caindo a um grunhido sensual: 
— Quando eu te algemar à cama, espero que fique lá. 
Se sua intenção era desequilibrá-la, funcionou. Com a 
boca seca, cada nervo em seu corpo, centrou-se na suave 
carícia do polegar sobre sua pele, seu corpo voltou para a 
vida com uma sensação. Ela brincou com a barra de sua 
camiseta, enquanto tratava de se recuperar. 
— Não estava, realmente, com humor para ser presa. 
Seus olhos brilharam e a eletricidade disparou entre 
eles. 
— Para o que estava com humor, Vexy? — Baixou o 
olhar em seus lábios e por um segundo, pensou que poderia 
beijá-la. Em seu lugar, atirou-a em direção à cama. 
— Escapar. Isso é o que a gente quer, quando é 
capturada. 
— Acredita que é uma prisioneira? — Voltou-se para ela, 
enchendo cada centímetro de seu espaço pessoal. 
Arianne obrigou-se a afastar o olhar de seu 
largo peito e de seus marcados abdominais. Tinha 
um corpo de guerreiro, tenso, duro e sem um 
grama de gordura. 
 
 
— Posso ir? 
— Não. 
Arianne franziu a testa, já sem estar nervosa pela 
proximidade de seu corpo, ou de seu olhar direto. 
— Então, sim. Meio que se encaixa à definição, já que 
está me prendendo aqui, contra minha vontade. 
Ele rogou uma maldição e ela tratou de afastar a mão. 
Durante seus anos com os Jacks, aprendeu, da maneira 
difícil, a manter-se fria, ao redor de homens perigosos. O 
problema era que, à exceção de seu pai, nunca conheceu um 
homem tão perigosamente, atrativo como Jagger. 
Um gemido agudo do corredor, rompeu o feitiço. Jagger 
soltou seus pulsos e cruzou o espaço, abrindo a porta. Com 
um latido agudo de prazer, um cão collie de tamanho médio 
entrou na habitação. O rosto de Jagger suavizou em um 
instante e se agachou, acariciando o cão. 
— Este é Max, encontramos abandonado, quando 
ocupamos a propriedade, há uns meses. Não era pra estar na 
casa, mas esta noite foi agitada para todos. 
Arianne ajoelhou-se e estendeu a mão. Depois de cheirar 
muito, Max lambeu sua palma. 
— É lindo. 
 
 
— Você gosta de cães? 
— Tivemos um labrador dourado, enquanto crescia. — 
Comentou com nostalgia. — Se agora não vivesse em um 
apartamento, conseguiria outro. Mas são cães grandes. Não 
seria justo. 
— Os cães necessitam ter seu espaço. — Jagger ficou 
pensativo, olhando-a fixamente e Arianne puxou sua 
camiseta sobre os joelhos, consciente de estar agachada no 
chão, junto a Max, com uma camiseta grande e calcinha. 
— Max e eu saímos daqui um par de vezes por semana, 
para correr. — Deu um tapinha na cabeça de Max. — Consigo 
tempo para verificar a propriedade e ter algum tempo longe. 
Assim que o veículo para, ele corre. A única maneira de 
recuperá-lo é assobiando. Pode ouvir o som quase a um 
quilômetro de distância. — Quando levou dois dedos à sua 
boca, Arianne levantou uma mão, chamando a atenção. 
— Não há necessidade de demonstração. Gosto de meus 
tímpanos como estão, obrigada. 
Jagger riu e estendeu a mão, para ajudá-la a levantar. O 
pequeno gesto de cortesia provocou uma quente comichão, 
através de seu corpo, que se converteu em uma onda de maré 
completa, quando pele tocou pele e a levantou. 
 
 
Por um momento, nenhum dos dois se moveu e logo, 
Jagger deixou cair sua mão. 
— Será melhor que durma um pouco. 
— Bom... Boa noite. — Ela parou ao lado de Max, 
esperando que Jagger se fosse, mas em troca, sentou e tirou 
as botas. 
As palmas de Arianne ficaram úmidas. 
— Você dormirá aqui? 
Ele lambeu os lábios e sorriu. 
— Não temos muitas das habitações mobiliadas e já que, 
claramente, não se pode confiar em você, esta é a única 
opção. A cama é suficientemente grande para nós dois, mas 
não estou planejando fazer nada mais do que dormir. Foi um 
dia infernal. 
— Então, dormirei no chão. — Indicou ela. — 
Possivelmente, Max possa me fazer companhia. 
— Inaceitável. Está ferida e é mulher. Dormirá na cama. 
A irritação perseguiu os fios de medo de Arianne. 
— As mulheres podem dormir no chão. 
— Não sob meu teto e não em meu clube. — 
Jagger tirou o colete e logo a camiseta. 
 
 
Arianne abriu os olhos e esticou a boca. Oh, Deus. Por 
que tinha que fazer isso? Tinha o tipo de peito que só viu em 
outdoors ou nos anúncios de roupa íntimas de homens. Bom, 
exceto pela tatuagem do Sinner's Tribe, que abrangia seu 
amplo peito, as asas que rodeavam o crânio até seus ombros, 
para unir-se às intrincadas mangas tatuadas, que cobriam os 
braços. Mas foi a cicatriz abaixo, no centro de seu peito e 
não, totalmente, oculta pela tatuagem, que a fez parar. Não 
era uma cicatriz de faca. 
Bem familiarizada com elas, era algo mais preciso. 
Cirúrgico. Mas sabia que não devia perguntar. Ao menos, não 
nesse momento. Seu olhar desceu sobre os abdominais como 
tanque de lavar, seguindo a sombra escura e sedosa de pelo, 
que conduzia ao seu caminho da felicidade. A mão de Jagger 
caiu na fivela e os olhos abriram-se. Sabia o que estava 
pensando? 
— Por favor. — Tinha gotas de suor na testa. — Pelo 
menos, mantenha a calça. 
Ele parecia divertido, desabotoou o cinto e o arrancou, 
com um forte rangido. 
— Se faz você se sentir mais tranquila. 
— Fará. — Mas o mais provável é que não será 
da forma que ele pensava. 
 
 
 
O inferno vinha em muitas formas diferentes: desde 
tentar sobreviver ao fogo inimigo, em um deserto sufocante, à 
dor entorpecente de tiros, que perfuram a carne, à impotência 
de ser entubado, em uma cama de hospital, a enterrar os 
corpos de seus irmãos motociclistas, durante a briga. 
Jagger lançou um graveto para Max, enquanto saía em 
sua corrida matinal, irritado que nem sequer o ar fresco e o 
exercício puderam acalmar o fogo que o queimava por dentro. 
Ontem à noite foi um tipo de inferno, completamente 
diferente. 
Onde estava com a cabeça? Deitar junto à Arianne toda 
a noite, foi uma tortura pior do que jamais poderia imaginar. 
Com seu sedoso cabelo espalhado pelo travesseiro, o rosto 
suave, durante o sonho,
lábios tão, convidativamente, cheios 
e rosados, fez tudo o que pôde, para permanecer em seu lado 
da cama. E quando chutou os lençóis, revelando o quão alta 
a camisa dela subiu, quase se perdeu, naquele momento. 
Deus, ela era linda. Desde seu delicioso rosto 
ovalado, até os suaves seios arredondados e as 
graciosas curvas, até suas tonificadas pernas 
magras, que era a perfeição, com uma 
 
 
atitude chuta traseiros. 
Seu corpo endureceu, quando ela gemeu em seu sonho e 
lambeu os lábios. Tomou cada pingo de autocontrole, para 
não se inclinar e tomar sua boca, em um profundo e 
persistente beijo. Mas nada pôde deter o pulsar entre suas 
pernas, quando ela se aconchegou, dando-lhe uma vista sem 
obstáculos, da beleza de suas arredondadas nádegas, 
cobertas de bolinhas cor-de-rosa com babados. 
Bolinhas rosas. Viu, pela primeira vez, suas calcinhas, 
quando a algemou à cama, mas não estava no humor para 
apreciá-las. Seu espinhoso e duro pênis de motociclista, tinha 
um suave lado feminino. E ver algo que não estava destinado 
a ver, merda, isso fazia coisas a um homem. Coisas 
perigosas. Ele foi forçado a sair e encontrar as roupas dela, 
depois acordá-la e fazê-la se vestir. 
Nunca reagiu assim, com nenhuma outra mulher. Nem 
sequer com Christel. Embora não fosse sua Old Lady, 
estavam juntos bastante tempo, para que todos a tratassem 
com respeito similar. O novato MC, decidido a desafiar o 
domínio de Sinner, em Montana, usara Christel contra ele. E 
quando Jagger lhes deu o que queriam, deixaram seu corpo 
quebrado fora do clube e ela morreu em seus braços. 
Destruir os Wolverines não a trouxe de volta, 
nem aliviou a dor em seu coração. O tempo não 
era o grande curador, que muitos 
afirmavam ser. Em vez disso, o tempo 
 
 
tornou-o mais definido em seus caminhos. O destino de 
Christel era a razão pela qual ele se permitia apenas 
relacionamentos casuais. Seus inimigos não encontrariam 
fraqueza. Suas amantes e seu coração não sofreriam riscos. 
Max voltou com o bastão e Jagger jogou de novo, 
observando-o desaparecer na fria névoa da manhã. O ar 
estava perfumado pelo cheiro de terra rica e o orvalho 
agarrava-se a cada folha de grama. As manhãs eram seu 
momento favorito. Tranquilo. Pacífico. Com toda a promessa 
do dia seguinte. 
Olhou para a janela do dormitório que compartilhou com 
Arianne, meio esperando vê-la descer pelo telhado. Mas, com 
dois guardas fora de sua porta e dois mais, fora do edifício, 
não iria a nenhuma parte, rapidamente. Riu, enquanto uma 
lembrança o invadia: Arianne vestida somente com sua 
camiseta, sacudindo-se na janela, seduzida pelo tagarela 
Wheels e a agitada Sherry, quando frustraram sua tentativa 
de escapar. 
Deveria ter-lhe advertido que ninguém nunca escapou 
dos Sinners. Ou dele. 
O suave ruído de passos sobre a grama e o sussurro das 
folhas de outono, alertou-o da presença de Cade, muito antes 
que seu antigo amigo do exército reunisse a ele, 
no gramado à frente. Como tesoureiro do MC, 
Cade desempenhava suas funções com 
desumana eficácia e como Zane, sempre 
 
 
cuidava das costas de Jagger. 
Cade lhe deu uma rápida atualização sobre o estado da 
velha sede e da investigação do incêndio, pelas autoridades 
locais. Logo, olhou para a janela de Arianne, sorrindo aos 
guardas parados abaixo. 
— Então, o que fará com ela? 
— Estou esperando ver as fitas de vigilância. — 
Respondeu Jagger. — Zane as recolheu, esta manhã, da 
instalação de armazenamento de dados, fora do sítio. Se não 
estiver diretamente envolvida, vou soltá-la. Não terei uma 
mulher responsável, pelas ações de seu clube. 
Cade passou a mão em seu grosso e loiro cabelo, 
enrugando a testa. 
— Como sabe dos Jacks? 
Jagger tirou seu telefone e mostrou ao Cade uma foto, 
que recebeu de seu contato, no Departamento de Polícia. 
Alguém pintou com spray, um bruto esquema do emblema 
dos Jack Blacks, ao lado do abrigo de armas, que foi 
roubado. 
— Deixaram um cartão de visita. A maioria dos irmãos 
que não estavam afogando suas mágoas nos braços 
de algumas bundas doces, ontem à noite, já 
foram avisados. 
 
 
Cade não reagiu, diante da silenciosa advertência. Sem 
dúvida, passou a noite, como Jagger disse. 
Cade era conhecido por sua habilidade para encantar as 
mulheres, em sua cama. Sherry alegou que o seu apelido de 
imã de garotas tinha a ver com sua aparência, comparando-o 
a alguma estrela de cinema que representou o papel do deus 
nórdico Thor. Jagger não tinha tempo para filmes. Ou 
estrelas de cinema. Ou irmãos, que passaram a noite 
enterrados entre as coxas de um bumbum, em vez de se 
preocupar com a perda do clube, o fim da rivalidade e uma 
pequena Black Jack, que não podia ser tocada. 
— Tenho que retornar. — fez um gesto para a casa e 
Cade seguiu seu passo, com Max trotando junto a eles. 
— Estava me perguntando porque Axle estava atirando 
em Arianne, para pagar o preço, esta manhã. — Mencionou 
Cade, alheio às preocupações de Jagger. — As tensões estão 
altas agora mesmo e ele já tem muito apoio. O fogo chegou 
muito perto de casa. 
— Foi casa. — Ao menos para ele, Cade e alguns dos 
irmãos solteiros, que estavam sem trabalho ou necessitavam 
de um lugar temporário para ficar. 
— Precisavam de alguém a quem culpar. — 
Cade vacilou. — Se não conseguirem um alvo 
para a sua irritação, o clube explodirá. 
 
 
Estava sugerindo, seriamente, que oferecesse Arianne 
como cordeiro de sacrifício? 
— E o trabalho de Gunner é se assegurar de que isso 
não aconteça. — Uma explosão de fúria protetora pegou-o 
desprevenido. — Disse que ela não estava ali para machucar 
ninguém ou causar nenhum dano. Acredito nela. 
Embora evasiva, em última instância, a resposta de 
Arianne a essa pergunta, foi direta. Sem vacilar a voz. Sem 
afastar o olhar. Suspeitava que a mentira não estava em sua 
natureza. Demônios, disse diretamente, quando a algemou. 
Seus lábios tremeram, com um sorriso reprimido. 
Quando foi a última vez que alguém se atreveu a lhe 
falar assim? 
Cade esfregou a nuca. 
— Bom, então espero que tenha um plano de 
retribuição, que possa aliviar a dor de deixá-la ir. 
— Sempre tenho um plano. — Jagger assobiou para 
Max. — E você vai gostar disso. Envolve caminhões 
descontrolados, explosivos e fábricas de metanfetamina 
destruídas. 
— Você, definitivamente, precisará do Axle a 
bordo, então. Ninguém é melhor com explosivos, 
do que ele. 
 
 
— Axle terminou. — Disse Jagger. — Pelo bem das 
aparências, porei o voto na junta executiva, mais tarde esta 
manhã, mas, no que me diz respeito, está fora do clube. 
Empurrou os limites, desde que assumi o cargo de 
presidente, faz cinco anos e ontem à noite foi muito longe. 
— Suponho que direi a Zane que Axle não estará 
conosco esta noite. — Cade deixou de caminhar, antes de 
chegar perto da casa. — Tem uma vítima em mente? 
A tensão de Jagger diminuiu. 
— Zane conseguiu a mercadoria de um distribuidor, que 
parece esquecer nossa política de tolerância zero para as 
drogas, na região. — Finalmente, permitiu-se o luxo de um 
sorriso. — Vamos nos divertir um pouco, arrecadaremos 
dinheiro para arrumar este lugar como nossa nova sede e 
arruinaremos a cadeia de fornecimento do Black Jack, de 
uma vez. 
— Quase tão divertido como passar uma noite com uma 
bunda doce em meu colo. — Cade franziu os lábios, 
considerando. Ou talvez não. 
— A briga está de volta. — Jagger golpeou o punho na 
palma de sua mão. — Vamos golpear aos Jacks com força e 
rapidez, faremos justiça, pessoal. Os homens que 
queimaram nossa velha sede e atiraram em Cole 
e no Gunner, são os primeiros em nossa lista, 
depois do funeral de Cole. Então 
 
 
chegaremos ao homem que deu a ordem. 
— Viper. — Cade cuspiu o nome. — E se a briga está de 
volta, atirará em você. 
— Não se eu chegar a ele primeiro. 
E sua linda e pequena Black Jack poderia ser seu 
bilhete, dentro da
toca de Viper. 
 
 
 
Quatro 
As regras e os estatutos do clube devem ser aplicados 
estritamente. As sanções, por infringir as regras, incluem 
expulsão ou suspensão e sempre um chute no traseiro. 
 
— Vamos, cadela. 
Um forte puxão em seu cabelo assustou Arianne, 
tirando-a de seu sonho. Virou-se, mas não reconheceu o 
homem de pé, junto a sua cama. Embora baixo em estatura, 
tinha um peito enorme e uma barriga para combinar. 
Com a mão em seu cabelo, arrancou-a da cama. Arianne 
caiu de joelhos a seus pés, tendo uma vista perfeita dos 
cortes vermelhos, que se alinhavam na parte inferior de seu 
colete. Seu coração bombeou espasmodicamente e olhou, 
rapidamente, pelo quarto. Onde estava Jagger? 
— Eu disse levante-se. 
 
 
Com um grunhido, colocou-se de pé. Ainda sacudindo os 
últimos vestígios de um profundo, exaustivo sonho, Arianne 
tropeçou atrás dele, agradecida de que Jagger insistisse em 
que ficasse de roupa, na metade da noite. 
— Não tem por que ser tão grosso. — Levou a mão ao 
cabelo, reduzindo seu puxão. — Não é como se eu fosse a 
alguma parte. 
— Fecha a boca, puta. 
Curiosamente decepcionada, permitiu-lhe levá-la uns 
passos mais, dando-lhe um falso sentido de controle. Como 
se não tivesse vivido esse cenário, semanalmente, em casa. 
Esperou, até que estivessem perto da porta, logo pôs ambas 
as mãos em sua cabeça. Com seu cabelo, retorceu-se e girou 
fora do aperto. Utilizando seu ímpeto, correu para ele, 
golpeando-o no plexo solar e o derrubou contra a parede. Ele 
cambaleou, com fôlego suficiente para amaldiçoar. 
Arianne não esperou, para ver os efeitos de seu ataque. 
Em troca, correu para a porta aberta, chocando-se com um 
motociclista ossudo, ruivo, com piercing no nariz e nas 
orelhas. Ele xingou, enquanto olhava para o motociclista que 
gemia no chão, mas sua atenção estava focada no seu 
companheiro de ombros largos, que empunhava uma faca de 
dez centímetros de comprimento. 
Ela retrocedeu e bateu na parede, 
enquanto ele avançava e a olhava com 
 
 
desprezo. Seu rosto era magro e pálido, mas marcado por 
cortes e machucados recentes, seu cabelo escuro estava 
penteado para trás, revelando um agudo galo. Os olhos 
escuros, totalmente desprovidos de emoção, deram-lhe 
calafrios. Jagger trocou de opinião e ordenou sua execução? 
Sem advertência, a mão dele golpeou sua bochecha esquerda 
e a enviou cambaleando pelo chão. Sua cabeça bateu na 
cabeceira da cama, desvanecendo-se. Com um latido de 
escárnio, ele caminhou, lentamente, para onde estava e lhe 
empurrou o ombro com a ponta de sua bota, obrigando-a a 
ficar de costas. Não se incomodou em agachar, simplesmente 
se elevou sobre ela, o rosto retorcido de asco. 
— Cadela do Black Jack. Meu nome é Axle. Logo, será 
presidente Axle. Deveria ter te matado, quando tive a 
oportunidade, mas estou a ponto de remediar isso agora. — 
Com um gesto de queixo para que seu companheiro entrasse 
e seu amigo, agora recuperado, tomasse Arianne do chão. 
Com a bochecha ardendo, ainda aturdida pela queda, 
não brigou, quando os dois homens passaram a mão ao redor 
de cada um de seus braços e a puseram em posição vertical. 
Escolhe suas brigas. As palavras do velho capitão de 
estrada do Black Jack vagaram por sua mente, enquanto 
contemplava como poderia liberar-se. Ele protegeu 
Arianne e Jeff da pior ira de seu pai e foi por ele 
que Arianne desenvolveu suas habilidades de 
mecânica. Ainda levava flores à sua 
 
 
tumba sem marcas, no norte da cidade, na base das 
montanhas Bridger. 
Mas esta era uma briga que não podia ganhar. Não, 
através de força física e não, com os dois motociclistas 
sustentando seus braços, que teve que apertar os dentes 
contra a dor. E suas opções não eram melhores. 
— Jagger sabe algo sobre isto? — Lutou por manter-se 
em frente, com seus captores, enquanto a arrastavam pelo 
corredor. 
— Ele vai, em breve. — Axle sorriu. — Vamos te levar na 
reunião e daremos a todos uma amostra, que nunca 
esquecerão. 
Reunião? O coração deu um tombo. Iriam leva-la à 
igreja? Aos foragidos MC, nunca foi permitido que alguma 
pessoa, que não fosse parente completo de seus irmãos, 
assistisse à ―igreja‖, as obrigatórias reuniões mensais ou 
extraordinárias, dos membros do clube. Era, suficientemente, 
ruim tratar com estes valentões, mas enfrentar a todo o 
contingente, de uma vez, sabendo que muitos deles queriam 
que pagasse pelo ataque... 
Ergueu os ombros e controlou o medo, enquanto Axle os 
guiava pelas escadas. Se seu pai ensinou algo, era 
que o medo fazia que as pessoas fossem fracas. E 
os fracos não podiam brigar. Seus captores 
eram estúpidos, ou estavam 
 
 
desesperados, se pensavam que podiam arrastá-la à igreja, 
sem causar um distúrbio menor. Mas ao menos Jagger 
estaria ali. Com sorte, ele a manteria a salvo. Se não, estaria 
chutando traseiros e tomando nomes. Hoje não era um bom 
dia para morrer. 
Parou em frente a um conjunto de portas, a pintura 
enrugada, as maçanetas douradas, agora enegrecidas pela 
idade. O ruivo com os piercings passou, ligeiramente, uma 
faca em seu pescoço. 
— Seja uma boa garota, enquanto os meninos falam. 
Axle abriu as portas e seu captor a empurrou para 
frente, com a faca ainda em sua garganta. 
— Justiça para os Sinner's Tribe. 
Só teve um momento para admirar a esvaída grandeza, 
do que alguma vez foi uma enorme sala, o mar dos Sinners e 
Jagger sentado à cabeça de uma mesa, antes da habitação 
estourar em caos. 
 
Justiça? 
 
 
Jagger fez uma careta, quando gritos e alaridos 
ressoaram, ao redor do local. Axle não estava aqui por 
justiça. Queria a posição de Jagger, pura e simplesmente e 
sabendo que estava enfrentando uma possível demissão, 
decidiu arriscar-se a um truque como este. Arianne era um 
peão para ele. Desnecessário. Substituível. 
Em perigo. 
Obrigou-se a desviar o olhar de Arianne, da marca 
vermelha em sua bochecha, o machucado em sua têmpora, a 
faca brilhando, em sua garganta e se centrou nos homens, 
sentados à mesa ao seu lado. 
O conselho executivo consistia no presidente, vice-
presidente, secretário, tesoureiro, capitão sargento de armas, 
assim como de dois membros em geral. Serviu com o mesmo 
conselho durante cinco anos, a única mudança é que os 
membros em geral, agora eram Tank e Bandit. Nenhum deles 
apoiaria a aposta do Axle, por poder. Mas não estava tão 
seguro de que estivessem convencidos da inocência de 
Arianne, como ele. Tudo em Axle era, necessariamente, uma 
semente de dúvida, para pôr em movimento uma cadeia de 
eventos, que poderia tirar Jagger de seu trono. 
Uma semente que não semearia, no turno de Jagger. 
Fingindo cansaço, Jagger elevou a voz: 
— Abaixe isso, Axle. Deixe-a ir. 
 
 
— Alguém vai cair — zombou Axle e fez um gesto para 
Arianne, que estava rígida, com a faca contra sua garganta. 
— E não serei eu. 
A raiva bombeava pelas veias de Jagger e cada instinto 
gritava que a protegesse. Mas a morte de Christel ensinou a 
não mostrar emoção, quando as mulheres estavam 
envolvidas, a não revelar nenhuma fraqueza. 
Assim, centrou sua atenção na ameaça real: Axle. Seus 
olhos estavam machucados e inchados, depois da surra que 
Zane deu-lhe ontem à noite, entretanto, brilhavam vitoriosos. 
Desde que Christel morreu, não desejou matar um homem. 
— Faça você ou o fazemos — gritou Axle. — Sem mais 
merdas. O conselho executivo fará o que lhes diga que façam, 
mas ninguém quer deixá-la ir. Viper quer uma guerra. Vamos 
dar a ele. 
Alguns dos irmãos baixaram o queixo, em assentimento. 
Jagger se recostou na cadeira, com um ar de indiferença, 
enquanto, por dentro, fervia de raiva. Axle não estava 
ajudando a si mesmo, zombando dos seus estatutos. Frio, 
cruel, desumano e incrivelmente ardiloso, Viper não 
duvidaria em matar Arianne, se estivesse na posição do 
Jagger, sem importar que fosse mulher. 
Gunner ficou de pé, fazendo uma
careta de 
dor, quando o fez. Como sargento de armas, 
era responsável por manter a ordem na 
 
 
reunião e neste momento, a sala pulsava com tensão, como 
um barril com pólvora, preparado para explorar. 
— A pena por ir contra algo que o conselho votou, é 
suspensão ou expulsão. — Gunner cruzou seus grossos 
braços e o fulminou com o olhar. — A pena por interromper 
uma reunião, é o desalojamento. A pena por trazer uma 
mulher e um não membro a uma reunião, é a suspensão. A 
pena por ameaçar uma mulher, que a junta acaba de decidir 
soltar, é uma patada pessoal minha. — tirou seu Springfield 
XD-S.45ACP de sua capa e a pôs na mesa diante dele. — Tem 
algum problema com isso, Axle? 
Aproveitando a diversão de Gunner, Jagger levantou-se, 
lentamente, de seu assento, sua concentração voltou-se 
agora, para Arianne. Tinha o rosto tenso e suas mãos 
estavam ao lado do corpo. Mas, ao invés de estar com medo, 
estava cansada. 
— Antes que isto vá mais longe — interrompeu Jagger, 
lutando por manter seu nível de voz. — A junta executiva 
revisou as fitas de vigilância, antes que começasse a sessão. 
Estamos convencidos de que Vexy não esteve envolvida no 
incêndio, nem no roubo das armas. Chegou, depois que o 
fogo começou, Cole e Gunner estavam abaixo. Entretanto, há 
quatro Black Jacks, cujas vidas se perderão, logo 
que os identifiquemos e todos os Jacks sentirão 
nossa ira, pelo que fizeram. 
 
 
A multidão aplaudiu, mas Axle cortou-os, com um grito 
de ira: 
— Por que ela estava ali? Trata-se de uma pergunta 
óbvia, que todo mundo parece ter medo de responder. Era 
muito tarde para ajudar? Bom, eu a trouxe a você. Basta 
perguntar. 
— Tanto quanto recordo, não tem a palavra. — Gunner 
golpeou com o punho sobre a mesa. — A pena por falar, sem 
ter a palavra do presidente, é desalojamento e uma patada no 
traseiro. Suponho que terei que pôr minha bota em seu 
traseiro mais de uma vez. Ainda tenho uma perna boa e dá 
um baita golpe... 
— Aceito a pergunta. — Com os lábios franzidos de fúria 
contida, Jagger rodeou a mesa e caminhou até Arianne e seu 
captor, um rato fraco de homem, acertadamente, apelidado 
Weasel. — Vexy? 
Lançou-lhe um olhar de gratidão, que, rapidamente, 
desvaneceu-se. 
— Estava tratando de detê-lo... — Sua voz vacilou. — 
Mas cheguei muito tarde. Vi o fogo, conduzi à parte traseira 
da casa clube e então, não sei o que aconteceu. Quando me 
lembro, já estava aqui. — Entrecerrou os olhos e 
seu rosto endureceu. — E isso é tudo o que 
obterá de mim. 
 
 
— Tem nomes para nós? — Axle franziu a testa. 
— Não. 
Cristo. Tinha mais valor, que a maioria dos homens na 
sala. Sem lágrimas nem soluços. Sem quebrar-se. Sem 
nomes. 
Jagger não precisava olhar a seu redor, para saber que 
Zane e seu capitão, Sparky, deixaram seus assentos, 
também. Cade procurou sua arma. A habitação, com o fedor 
de muitos corpos empacotados, em um espaço muito 
pequeno, calou-se. 
— Nem sequer para salvar sua vida? — Axle passou a 
navalha pela garganta dela, com o dedo. A faca de Weasel 
cintilou. 
Arianne ficou boquiaberta e o sangue gotejou, no oco de 
sua garganta. 
Jagger sucumbiu à ferocidade de sua raiva, a sede de 
sangue, que rugia por suas veias. Explodiu, levando Axle ao 
longo da parte dianteira da mesa, através da multidão e 
diretamente à parede adjacente, com a potência de um 
jogador de defesa. Em um enlouquecido frenesi de golpes e 
patadas, deu um murro em Axle, até que o homem caiu ao 
chão, com a faca saindo de seu alcance. Girando, 
Jagger viu Arianne, agora livre e apoiada contra 
a parede traseira com a mão na garganta, 
 
 
enquanto Gunner lutava com Weasel. A seu redor, os 
partidários de Axle baixaram os punhos em sua enfurecida 
junta diretiva. 
Ossos se romperam. Gritos e alaridos. Alguém gritou. 
— Está chateado, porque machuquei seu fodido 
brinquedo? — ofegou Axle contra o chão e se empurrou, para 
levantar-se. 
Cade apertou o cano de sua arma na cabeça de Axle e 
olhou para Jagger. 
— Você o quer morto? 
O punho do Jagger entrou em contato com a mandíbula 
do Axle, enviando-o à multidão. 
— Ainda não sofreu o suficiente. 
Axle brigou, mas em sua condição atual, não era rival 
para a velocidade e força de Jagger. Ou sua fúria. Embora 
tivesse refreado, atrás da velha casa clube e disse para Zane 
que não pegasse muito duro em Axle, ontem à noite, Jagger 
não tinha nenhuma razão para se reter agora. Os dias de Axle 
no clube, terminaram. Se Jagger não resolvesse, 
definitivamente, a flagrante falta de respeito do homem, sua 
capacidade de liderar o MC seria questionada. Mas, 
mais que isso, um sentimento de possessividade 
 
 
o agarrou pela garganta, junto com um desejo de vingar a 
mulher sob seu amparo. 
A sala ficou em silêncio, enquanto golpeava Axle e o 
enviava ao chão. Levantou a bota para um último golpe, 
quando Arianne pôs uma mão em seu braço. 
Surpreso pela sede de sangue, tranquilizou-se, 
esperando que lhe dissesse que retrocedesse e não chutasse 
um homem, quando estivesse caído. Em lugar disso, agarrou-
lhe a manga, jogou para trás a perna e resmungou: 
— Deixe um pedaço para mim. 
Embora não fosse bastante forte para fazer algum dano 
sério, o chute de Arianne tirou um gemido áspero dos 
pulmões do Axle e ele rodou sobre suas costas, sujeitando o 
flanco, como uma mancha negra, no puído tapete. 
Caralho. Que mulher. 
Jagger limpou as mãos ensanguentadas em sua camisa. 
— A reunião está encerrada. Axle e seus seguidores 
serão expulsos do clube, em condições ruins. — Encontrou-
se com o olhar de cada membro da junta diretiva, fazendo 
uso dos términos dos estatutos, que requeriam uma votação 
geral, para expulsar um membro. 
 
 
Neste momento, não se importava com os regulamentos. 
Se não expulsasse Axle, iria matá-lo e não queria que seu 
sangue estivesse em suas mãos. Como era esperado, não 
encontrou nenhuma oposição. 
— Sparky, mande os prospectos limparem essa 
confusão. — Assentiu aos comparsas de Axle, no chão. — 
Cuide de seus cortes, atira-os em uma caminhonete e jogue-
os ao lado da estrada. Suas motos ficarão com o clube, como 
compensação. 
Os traidores tomaram um fôlego coletivo. Tirar a moto de 
um homem era a humilhação final, mas sob os estatutos de 
todos os clubes proscritos, era a pena apropriada, para os 
membros jogados em condições ruins. 
— Fora. Agora. 
Com o coração golpeando seu peito, com seus músculos 
ainda tremendo, Jagger pegou a mão de Arianne e a arrastou 
fora da sala. 
 
 
 
 
Arianne dobrou o punho, tentando libertar-se. 
Jagger caminhou através da erva, arrastando-a, 
enquanto se dirigiam para as resplandecentes motos, 
estacionadas em filas, ao longo da unidade de cascalho. 
— Preciso de um minuto para recuperar o fôlego. Não 
são todos os dias que alguém me tira da cama, tem uma faca 
em minha garganta e então me empurra no centro de uma 
briga de motociclistas. 
Mas Jagger não se deteve, não falou. Tampouco 
desacelerou. Em troca, aumentou seu passo, até que ela 
quase corria, atrás dele. 
— Por que não me deixou ir, ontem à noite? Devia saber 
que algo assim ocorreria. 
Seu estalo era puramente retórico, uma abertura para 
sua ira e medo, aumentados pela adrenalina. Em sua 
experiência, os homens com o poder de Jagger, raramente 
explicavam suas ações e quando o faziam, não era porque 
lhes perguntaram. Assim, quando freou o passo e a olhou por 
cima do ombro, não estava preparada para sua concessão. 
— Tinha que ter uma votação. Do contrário, estaria 
lutando com acusações de que não estava preparado para 
tirar sua vida, se o voto fosse nessa direção. Não 
podia me arriscar a contrariar o clube, nem 
queria um MC inteiro de vigilantes 
 
 
proscritos, inclinados pela vingança, perseguindo você. 
Arianne respirou fundo, forçando Jagger a parar e a 
soltar seu punho. 
— Assim, estava preparado para me matar, por algo

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