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Sinner´s Tribe MC 1 Sarah Castille P e g a s u s L a n ç a m e n t o s Tradução: Angel Rose, Babi, Laray,Xão,Mab,Tata Reis,LuanaE,Kiiara,Lexi Revisão Inicial: L. Veloso Revisão Final: Suhsuh Verificação: Lela C. Leitura Final: Yaya Verificação Final: Shya Formatação: Shya Sinner´s Tribe MC Uma mulher boa e forte Criada em uma gangue de motociclistas, a dura e bonita Arianne Hunter sempre sonhou com uma vida normal. Mas assim que escapa da mão dominadora de seu pai, acorda e se vê na casa de uma gangue rival, à mercê do perigoso e sexy Jagger Knight. Unida a um homem que é o demônio sobre rodas O líder dos famosos Sinner's Tribe, Jagger Knight é todo músculo, todo motociclista e todo homem. Mas em algum lugar, dentro desse isolado tatuado, Arianne sente uma ligação incomum e não pode ignorar sua tempestuosa atração. Poderia derrotá-lo em seu próprio jogo e viver no resplendor da glória? Ou sua paixão será a faísca de uma guerra, que no final, mudará o caminho para ambos? A tradução em tela foi efetivada pelo grupo Pégasus Lançamentos de forma a propiciar o leitor o acesso à obra, incentivando-o a aquisição integral da obra literária física ou em formato E-book. O grupo tem como meta a seleção, tradução e disponibilização apenas de livros sem previsão de publicação no Brasil, ausentes de qualquer forma de obtenção de lucro, direta ou indiretamente. No intuito de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e editoras, o grupo, sem prévio aviso e quando julgar necessário poderá cancelar o acesso e retirar o link de download dos livros cuja publicação for vinculada por editoras brasileiras. O leitor e usuário ficam cientes de que o download da presente obra destina-se tão somente ao uso pessoal e privado, e que devera abster-se da postagem ou hospedagem do mesmo em qualquer rede social, e bem como abster-se de tornar publico ou noticiar o trabalho de tradução do grupo, sem a prévia e expressa autorização do mesmo. 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Nuvens de fumaça negra envolviam em chamas o esqueleto, do que foi a sede de seu clube, agora um farol em ruínas, na periferia da cidade. — Parece que alguém quer uma guerra. — Zane, seu vice-presidente e amigo mais próximo, reduziu o motor de sua V-Rod Muscle e tirou o revólver 38 especial cano duplo, do interior de seu colete de couro com três patch, que o identificava como membro do clube de motociclistas Sinner's Tribe. — Conheço meus incêndios e esse é um rápido. Esperemos que nosso incendiário ainda esteja por perto. Não é provável, com cinquenta irmãos MC zangados, rondando ao redor do incêndio. Jagger estacionou a moto na calçada e caminhou para o estacionamento que rodeava o prédio em chamas, convertido de uma garagem decadente, no coração de seu proibido MC. Sacando a arma, apertou a maçaneta com tanta força, que seus dedos ardiam, sob a luz da rua, queimando tão ferozmente, quanto a raiva que bombeava em suas veias. — Vou encontrá-lo e trazê-lo para você. As palavras de Zane eram um pequeno alívio para a dor de Jagger. Se o incendiário era tão estúpido para ficar e ver os fogos de artifícios, nunca sairia vivo, não com Zane perseguindo-o. Magro e sombrio, com os olhos mais aguçados deste lado das Montanhas Bridger, em Montana, Zane era o melhor rastreador do MC, com uma estranha habilidade para caçar, inclusive, a presa mais difícil de alcançar. O vidro quebrou e as chamas rugiram mais alto no ar, abanadas pela brisa seca do outono. O armazém convertido foi um segundo lar para muitos dos irmãos de motociclistas de Jagger e sua destruição sem sentido, agitou uma fúria protetora nele. Como presidente, Jagger era responsável por seus irmãos MC. Sua dor era sua dor. Sua perda foi sua perda. E a vingança deles ... Quando isso acontecesse, ele se certificaria de que fosse a vingança mais doce que já pro- varam. — Jag, aqui, encontrei o Gunner. Pela fumaça espessa e acre da floresta que margeava o lado leste do clube, ele viu o mais novo prospecto do MC agachado, debaixo de uma árvore, seu cabelo loiro dourado brilhando ao luar. O menino precisava, urgente, de um corte de cabelo. Emparelhado com esse suave rosto infantil, a franja longa fazia que Wheels parecesse mais como o cantor de uma banda, ao invés da promessa de um MC. Jagger duvidava que o menino sobreviveria às provas que todos os prospectos enfrentavam, para demonstrar que eram dignos de levar o emblema do Sinner's Tribe. Apoiado contra o tronco de uma árvore, com uma perna estirada diante dele, Gunner grunhiu, como saudação para Jagger, que agachou em frente a Wheels. Como membro da junta executiva do MC, Gunner poderia usar seu verdadeiro nome, no lugar do nome eleito por seus irmãos, mas Gunner lhe sentava tão bem, que decidiu mantê-lo. Perito em armas, com conhecimento detalhado da fabricação e do uso de quase todas as armas legais ou ilegais, nunca levou menos de quatro armas, em nenhum momento. — Levou um na perna? — O treinamento de campo de Jagger deu certo, logo que viu os jeans de Gunner empapados em sangue, tirou o lenço e o retorceu em uma bandagem improvisada, para seu sargento de armas. — É só uma ferida superficial. A bala rasgou o músculo, quando raspou minha panturrilha. Tive piores. Só preciso de uma mão com a moto. — Gunner pegou o lenço e o amarrou ao redor da perna. Uns centímetros mais alto que Jagger, com a cabeça raspada e a orelha furada, Gunner era uma parte sólida de músculos, com uma força incrível contra qualquer dos irmãos no clube, fazendo-o um candidato seguro para sargento de armas, nas eleições bienais executivas da comissão. Entretanto, o homem nunca recebeu uma bala que pudesse deixá-lo fora de serviço. — O que aconteceu? — Jagger ajudou Gunner a amarrar o lenço. Teve muita sorte. Viu homens perderem suas pernas por uma bala. Porra, ele viu quase tudo que uma bala poderia fazer em um corpo humano. — Cheiramos fumaça na parte de atrás. — Gunner dobrou as pernas, testando seu peso. Cole foi investigar. Escutei dois disparos, por isso me encontrei com uma puta AK-47. Não encontrei Cole, mas vi quatro caras correndo por nosso pátio. Definitivamente, motociclistas, mas estava muito escuro para ver seus emblemas. Um deles levava uma lata de gasolina e derramava ao longo da parede norte da sede do clube. Outro foi para o bosque e os outros dois colocavam as armas do nosso novo carregamento de AKs, em um caminhão. — Merda. — Jagger passou a mão pelo cabelo. Esta noite poderia piorar? Não só perderam a sede do clube, mas as armas que firmaram sua nova relação com um poderoso cartel mexicano, que procurava um fornecedor nos estados do Norte. As folhas secas rangeram sob as mãos de Gunner, enquanto tentava ficar em pé. — Sim, te entendo, irmão. E foi impossível salvar essas armas. Corri para as árvores, planejando chegar detrás dos dois, no galpão. Nesse momento, não havia nada que pudesse fazer, para salvar a sede do clube. As chamas já se estendiam através das paredes sul e oeste. Mas um maldito escutou-me. Atirou na minha perna, antes que pudesse dar-lhe um tiro. — O dobro morrerá, quando os apanharmos. — Wheels empalideceu e se conteve, quando Jagger lançou-lhe um olhar de advertência. — Quero dizer você... Jagger... Não... Os Sinners. E eu... Farei o que me digam que faça. Pelo clube. Como sempre. Jagger apertou os dentes, contra o impulso de repreender o desgraçado prospecto e fez um gesto, para que Gunner continuasse. Sempre entusiasmado e querendo agradar, Wheels tinha seus pontos fortes. Infelizmente, compreender os códigos da política MC não era um deles. Com a ajuda de Jagger, Gunner ficou de pé, pondo a maior parte de seu peso sobre a perna boa. — O idiota, perto da sede do clube, acabou com a lata de gasolina. — Fez uma careta, enquanto tentava dar um passo. — Ele estava a caminho do caminhão, quando um cara, em um Kawasaki Ninja, correu para o quintal. Ouvi pneus derrapando e depois um acidente, perto do galpão de armas. Peguei minha arma e apenas atirei, cegamente, na direção do barulho. Então, o caminhão explodiu. Jagger mandou Wheels à oficina, para investigar. Ajudou Gunner com sua moto. Os bombeiros chegariam em breve e os policiais não demorariam muito mais. Apesar de Jagger ter o xerife, em sua lista de nomes, nem toda polícia local estaria feliz de ter um prospecto MC ferido. Tinha que trazer seus homens aqui. A Harley Softail Classic cromada de Gunner rugiu à vida e Jagger chamou Cade, o tesoureiro do clube, da plateia enfurecida e lhe disse que levasse Gunner e o resto dos irmãos à base de emergência do clube, uma casa de campo em decadência, nos subúrbios da cidade. A partir daí, fariam uma recontagem, reorganizar-se-iam e começariam a planejar um contra-ataque. — Jag... Jag... Jag... — Wheels correu para ele, com o rosto pálido, quase transparente na sombra. — Metade das armas se foram, mas eles o pegaram. O cara do ninja. Estão no galpão de armas. Zane está tentando impedir Axle de atirar na cabeça dele. Merda. A fúria enroscou-se no estômago, enquanto caminhava para a casa de armas, escondido em um pequeno bosque de árvores e, suficientemente, longe do calor das chamas, por isso as armas restantes não estavam em risco. Sua raiva não estava dirigida apenas ao piloto da Ninja, cuja vida agora estava em suas mãos, mas naquele maldito filho da puta, Axle. Ficou tenso, preparando-se para uma batalha, que supurava por mais de um ano. Depois de ganhar o apoio de um pequeno grupo de irmãos dissidentes, Axle não fez nenhum esforço para esconder que queria a posição de Jagger, como presidente. O fato de que ousou apontar sua arma contra o incendiário, apesar de saber que Jagger estava por perto, era um desafio para sua autoridade e até a legitimidade de cinco anos, como presidente do MC. Jagger virou a esquina da pequena quadra, com cinza caindo, justo quando Axle se afastava de um enfurecido Zane. Com uma velocidade que contrastava com sua pesada estrutura, Axle saltou no outro lado da calçada e se dirigiu à Kawasaki Ninja caída e logo ficou quieto, ao lado de uma figura vestida de couro, estendida, inconsciente, no cimento. — O otário vai morrer. — Axle apontou sua pistola Colt.45 ACP semiautomática, para o corpo imóvel e pôs o dedo no gatilho. — Solte. — A raiva tingia de vermelho a visão do Jagger. — Agora. Axle não se alterou. Violento e vicioso, de traços afiados e olhos escuros, era um excelente atirador e sempre o primeiro em puxar a arma, em uma briga. E, embora Jagger compartilhasse a necessidade de Axle de vingança e retribuição, pelo mal feito ao clube, não podia ter a consciência tranquila, aprovando que se executasse um homem, quando não havia, até agora, provas de sua culpa. — Temos que fazer um comunicado. — O rosto de Axel torceu em uma careta e olhou para uma multidão de motociclistas irritados. — Todo mundo esperará... Os nossos, os MCs rivais, os russos, a máfia, os cartéis mexicanos, inclusive as tríadas. Se não fizermos nada, cheirarão nossa fraqueza. Tem que pagar um preço de sangue, pelo que fez ao nosso clube e estou disposto a levá-lo a cabo. — Deu ao motorista inconsciente um forte chute nas costelas, tirando murmúrios de encorajamento da plateia. Jagger amaldiçoou em voz baixa e guardou a arma sob o colete. Mantinha sua posição de liderança, mediante o uso de coerção e poder, para impor sua vontade sobre seus irmãos. Apontar sua arma para Axle, como estava tentado a fazer, sugeriria que já não podia controlar a força dele sozinho, uma admissão de fraqueza que poderia custar sua presidência, até sua vida. Fechou a mão ao seu lado e o olhou. — Meu clube. Meu problema. Se atirar nele, será a última coisa que fará. Axle ficou imóvel, em cima do motociclista caído, com suor na testa, enquanto brincava com a arma, sem dúvida avaliando a oportunidade de ser o herói do clube, frente à possibilidade, muito real, de que Jagger cumprisse sua ameaça. O pulso de Jagger bateu com cada segundo de atraso. Axle foi um espinho em sua bunda por muito tempo, mas até agora, foi suficientemente inteligente para não desafiá-lo abertamente, preferindo, em seu lugar, esconder o ressentimento nas sombras, fazendo tentativas ocultas de explodir a base de poder de Jagger. Esta noite, entretanto, a situação carregada de emoções era, sem dúvida, uma oportunidade que não podia deixar passar. Finalmente, mostraria sua mão. Mas Jagger não ocupou a presidência durante cinco anos, sem saber como enfrentar serpentes como Axle. — Saia do caminho. Lidarei com ele. Ignorando a arma de Axle e sem esperar sua obediência, Jagger agachou-se junto à figura imóvel. Pequeno para um condutor de uma Ninja e magro... Quase delicado. Ele virou, cuidadosamente, o motorista inconsciente e seus punhos contorceram, reprimindo a raiva, quando viu o distintivo MC dos Black Jacks, um valete de um baralho de cartas, com um crânio como rosto. Zane resmungou uma maldição. Wheels deixou escapar um comprido assobio. Inclusive Jagger surpreendeu-se. Os Black Jacks e a Sinner's Tribe estavam envolvidos em uma disputa sobre território há anos. Mas há dois anos, o alto número de mortos chamou a atenção das autoridades federais e da mídia nacional, empurrando o ilegal mercado clandestino, que era o pão cotidiano das operações fora da lei do CM de Montana. No interesse da autopreservação, Jagger e o presidente dos Black Jacks, Viper, convocaram uma trégua desconfortável. Os Black Jacks assumiram o controle do tráfico de drogas em Montana e a Sinner's Tribe assumiu os contratos mais lucrativos do comércio ilegal de armas. Com os dois clubes reivindicando o domínio do Estado, a escaramuça ocasional era inevitável. Mas, na maioria das vezes, mantiveram a trégua. Até agora. Axle inclinou a arma e fez um gesto para o emblema, no colete do motorista caído. — Ele está usando a porra das cores Jacks. Fora do meu caminho, Jagger. A disputa está de volta. — Não é um irmão com emblema completo. — Wheels disparou em Axle um olhar suplicante e logo voltou-se para Jagger. — Falta o balanço da parte de baixo. Pode ser apenas um prospecto, fazendo o que lhe disseram para fazer. Não pode matá-lo. — Wheels aproximou-se do motorista caído. — Nem sequer sabemos se foi ele quem iniciou o incêndio. — Podemos fazer o que bem quisermos. — Axle disparou a Wheels um olhar irritado. — Os Sinner's são um por cento. Já sabe o que isso significa, prospecto? Significa que somos um por cento dos motociclistas que não seguem a puta lei civil. Fazemos nossas próprias regras, seguimos nossos próprios códigos e administramos nossa própria justiça. E a pena por queimar nosso clube é a morte. Jagger ficou de pé, aproveitando sua estrutura de um metro e oitenta e cinco, enquanto se aproximava de Axle. — Até onde sei, ouvi dizer que eu era o presidente do Sinner's Tribe. Isso significa que a administração de justiça é minha responsabilidade. E depois de falar com Gunner, não estou convencido de que o piloto da Ninja seja o homem que incendiou a sede do clube. O rosto de Axle iluminou-se, com um amargo triunfo e ofereceu sua arma a Jagger, um gesto insultuoso, já que sabia que Jagger carregava uma arma. — Não importa. Ele é um Black Jack. Em questão de honra, um Jack é tão bom, quanto o próximo. Então faça seu dever. Dê-nos justiça. Vingança. Mostre-nos do que é feito, ó grande líder. Jagger tomou a arma que lhe ofereceu, tirou a trava de segurança, logo deu um passo para diante e deu uma coronhada na cabeça de Axle. Ele caiu de joelhos e logo se deixou cair no chão. — Zane, ele é seu, por esta noite. — A voz de Jagger rachou, através do silêncio. — Mas certifique-se de que esteja apto para participar da reunião do conselho executivo, de manhã, para responder por seu desrespeito. — Jogou a arma de Axle para Zane e olhou furioso para a multidão. — Alguém mais tem problema? Sem esperar por uma resposta, ele se abaixou e removeu o capacete do motociclista caído. Cabelos compridos e escuros derramaram-se sobre a calçada, em uma onda de seda. — Bem, droga. — Zane exalou suas palavras em um sussurro chocado. — Ele é ela. Nós fomos desrespeitados por uma droga de garota. Não, não é uma garota. É uma mulher. Um anjo. Dos infernais Black Jacks. Jagger apertou seu pescoço, sentindo o pulso debaixo da pele suave e fresca. Ela gemeu e seus olhos abriram-se, surpreendendo-o com um brilho de cor verde esmeralda, como nada que jamais viu. Por um instante, ele não conseguiu falar, então, seus cílios espessos e escuros vagaram sobre as bochechas cor de creme e a cabeça caiu para o lado. Sob os dedos, o pulso dela batia firme, mas fraco. Tranquilizado, tirou a mão. Só então viu seus ferimentos, contusões longas, grossas e em forma de dedo, em volta do pescoço. Com um ligeiro toque, traçou, ao longo da linha de seu maxilar marcado. Marcas negras e azuis estendiam-se desde a têmpora até o queixo. Seus olhos foram até o couro cabeludo e logo depois, de volta a seu rosto pálido. Seus olhos desceram para o capacete e depois voltaram para o rosto pálido. Definitivamente, não são ferimentos do acidente. Por alguma razão que ele não soube dizer, queria caçar quem a machucou e jogá-lo no chão. Irônico, realmente, já que ele poderia ter que matá-la. Dois Primeiro o clube. Só o Clube. Clube sempre. O sonho era sempre o mesmo: cama macia, luz tênue, fofo edredom rosa, trabalho em seu escritório. Leon em cima dela. Gritos e gemidos. Os braços dela presos. A mão dele, retirando seu jeans. Ela amarrada na cama, um lamento escapando de seus lábios. — Acorde. — Uma mão áspera acariciou sua bochecha e lhe limpou uma lágrima. Os olhos de Arianne abriram-se e os semicerrou, para adaptar-se à luz tênue, olhando à sua volta. Tratou de levantar e logo caiu sobre o travesseiro, quando seu estômago embrulhou. — Não se mova. Em pânico, Arianne congelou e olhou na direção da voz profunda e rica. Ela piscou, para clarear a visão e ele apareceu, recostando-se na cadeira, ao lado de sua cama, pernas longas, esticadas na frente dele, braços grossos, cobertos com tatuagens e dobrados sobre um peito enorme. Sob seu colete, uma camiseta da Harley-Davidson esticada sobre peitorais musculosos e uma barriga de tanquinho. O jeans preto abraçava seus quadris estreitos e o cabelo escuro e grosso roçava o topo de seus ombros largos. Áspero e desgastado, ele ostentava, pelo menos, um dia de barba em seu rosto. Delicioso. Sua presença pura atraiu-a. Não. Não presença. Poder. Cru e selvagem. — Quem é você? — Sua voz vacilou, apesar de seus melhores esforços para desacelerar o coração. Correr e gritar seria inútil, pois não sabia nada de sua situação. — Jagger. — Jagger? — O nome era familiar, mas com seu cérebro ainda impreciso, não podia se situar. De fato, não podia situar nada. Nem sequer a ela mesma. Forçou sua mente a retroceder, tentando identificar sua última lembrança. — Talvez isto ajude. Ele tirou o colete e girou, segurando-o, para dar-lhe uma boa visão das costas. Ela reconheceu o patch de três peças, de uma só vez: um crânio alado, colocado acima das chamas, com duas estrelas de cada lado e dois roqueiros curvados acima e abaixo, proclamando o nome de seu clube e do capítulo. O MC SINNER'S TRIBE. Morreria. E no mesmo dia em que planejou escapar dessa vida para sempre. Apertando os dentes, Arianne reprimiu um gemido. Não lhe daria a satisfação de pedir por sua vida. Morreria com dignidade. Faria sua mãe sentir-se orgulhosa. E o seu pai também, se fosse capaz dessa emoção. Jagger fez uma careta e tocou de novo o colete, seus dedos roçaram o emblema, que o identificava como presidente. — Parece que sabe quem somos. O sangue golpeou a garganta e baixou o queixo. Quem não conhecia o símbolo da Sinner's Tribe, o dominante MC fora-da-lei em Montana e um dos melhores MCs foragidos no país? O clube contava com novecentos membros, em todo o norte dos Estados Unidos. Os arqui-inimigos do MC Black Jacks, em que nasceu e se criou, Sinner's Tribe era sem igual, em tamanho ou poder, em Montana. E Jagger era seu rei. Uma onda doentia de terror limpou a névoa de seu cérebro. Tudo voltou com pressa. Todo seu trabalho duro, economizando dinheiro suficiente, para conseguir passaportes falsos e novas identidades para ela e Jeff. Os favores pedidos para arrumá-los e conseguir chegar ao Canadá, debaixo do radar dos Black Jacks, a emoção de que, finalmente, estariam livres de seu pai, Viper, dos Black Jacks e do mundo dos motociclistas. E então o texto do Jeff: não iria. Viper pegou-o e o mandou com uma equipe de Jacks, para queimar a sede do Sinner's Tribe e roubar uma remessa de armas. Ela respirou fundo, quando se lembrou de correr através do Conundrum, na seu Ninja, desesperada para impedir que Jeff cometesse um erro, que poderia custar-lhe a vida. Esperança e desolação. Chamas piscando. O crack de uma arma. E então a escuridão. Jagger inclinou-se para diante, com a mão estendida, estabilizando-a. — Está muito branca, vai desmaiar. — Não. Estou bem. Lutando contra um desejo quase irresistível de correr, fez uma avaliação rápida do quarto: cama king-size, mesa-de- cabeceira e cadeira de madeira. Nua e funcional. Sua 38, ainda no coldre de couro, estava ao lado de uma sacola de ginástica preta, em uma cômoda baixa e larga. Uma janela sem cortinas. Luar lançando sombras no chão. Executor bonitão. Não Jeff. Pequena misericórdia. Talvez tenha escapado. Talvez ela também pudesse escapar. Tinha que escapar. Se Jagger descobrisse que seu pai era o inimigo mortal, ele atiraria nela no local. — Onde estamos? — Sua voz estava rouca, quase irreconhecível e crua. Jagger inclinou a cabeça e dedicou –lhe um sorriso divertido. — Muito longe para fugir, se isso for o que está pensando. Adquirimos esta velha casa de um distribuidor de dois cruzamentos, que pensou que podia brincar conosco. Não há nada ao redor por quilômetros, exceto montanhas, árvores e lobos. E, se meter na cabeça fazer uma caminhada, há cem Sinner's zangados e membros do clube de apoio, que pensam que você queimou nossa sede do clube. Querem sangue. Agora mesmo, este é o lugar mais seguro para você. Bem. Não eram boas probabilidades. Mas, permanecer aqui era morte segura. Ajeitando os ombros, empurrou-se e sentou, fazendo caretas, enquanto a dor surgiu em sua cabeça. Com um grunhido suave e admoestador, Jagger agarrou seu braço e a ajudou a voltar para o travesseiro. — O médico disse que teve uma comoção cerebral e que não deve sair da cama por alguns dias. Ela o olhou, surpreendida. — Por que não me matou? Por que incomodar-se com um médico? Ou você gosta dos prisioneiros sãos, antes de torturá-los? Ele se remexeu na cadeira e uma sombra cruzou seu rosto, inquietantemente, atraente. — Inocente, até ser culpado. Adicionei aos nossos estatutos. Evita que os meninos se voltem justiceiros e peçam vingança imediata, por ofensas imaginárias. — Talvez em seu clube. Não no meu. Fechou a boca com força. Inclusive, a menor quantidade de informação poderia revelar a identidade de seu pai. Apesar de ter o cabelo escuro, ela e seu pai não se pareciam muito. E apesar do fato de usar o colete do Black Jack, não era uma Jack. Nem por indício. Jagger a estudou em silêncio, desconcertando-a, com seu olhar fixo. Mas, amaldiçoada seria, se pudesse afastar a vista daqueles quentes olhos castanhos. Profundos. Insondáveis. Por um segundo, sua mente desatou e flutuou em muito chocolate. Segura. Protegida. Que diabos estava fazendo? Quando alguém a protegeu? E ele era o inimigo. Os clubes brigaram pelo território durante anos, comercializando brutalidades, da maneira em que os mais jovens trocavam insultos. Nem sequer os velhos estavam a salvo. Ou suas filhas... Afastou a lembrança. Sua mãe não morreu, por causa da briga, a não ser devido à cultura dos motociclistas, no coração dos mesmos. Uma cultura que considera as mulheres como propriedade e nada mais. — Você tem nome? — Ele se reclinou e estendeu as pernas, da maneira irritante que os homens faziam, frequentemente, tomando o espaço de três pessoas, em um esforço por exercer domínio. Exceto que Jagger não precisava, realmente, tentar. Da autoridade, em sua voz, ao poder, que escorria de seus poros, ele era cada centímetro de macho alfa dominante. Um líder natural, ela duvidava que alguém o desafiasse. E aquele calor traidor, no fundo do seu núcleo? Simplesmente, uma resposta primitiva instintiva. Facilmente racionalizado. — Arianne. — O nome caiu de seus lábios, antes que pudesse pegá-lo. Quase imediatamente, percebeu seu erro. Deu a ele seu nome verdadeiro. Seu nome de nascimento. O nome que não usava no mundo dos motociclistas, desde que sua mãe morreu. O que estava pensando? — Quero dizer, Vexy. — Firmou sua voz. Seu áspero rosto se suavizou. — Arianne é um nome bonito. Suave. Combina com você. Vexy, não tanto. Faz pensar em uma mulher sexy, que tem mau gênio. Ela soltou um exasperado suspiro. Como se não soubesse o que significava a palavra Vexy. Mas os motociclistas não escolhiam seus nomes de estrada, esses nomes eram outorgados pelo clube. E embora às mulheres, não era permitido ser uma parte oficial dos Black Jacks, tinha status, um nome de estrada e um colete, simplesmente, pelo que era. Jagger levantou uma sobrancelha. — Arianne? Tem mal gênio? Suas bochechas aqueceram. Ele estava brincando com ela? Com o rosto dele uma máscara impassível e seu tom frio e uniforme, ela não sabia dizer. Mas gostou do som de seu nome, em seus lábios, seu rugido suave sobre a segunda sílaba, tanto que não o corrigiu. A parte temperamental, no entanto. Dobrando os braços sobre o peito, estreitou os olhos. — Pode testar. Jagger inclinou a cabeça para o lado. — Eu não vi um patch de propriedade em seu colete. Você tem alguém, para mantê-la na linha? É uma Old lady ou uma bunda doce? Ou os Black Jacks mudaram as regras e permitiram que as mulheres montassem, em seu clube? Arianne fulminou-o com o olhar. Nada a incomodava mais que a misoginia que impregnava o mundo dos motociclistas. Supunha-se que as algemas e as noivas sentiam-se honradas de serem consideradas uma ―propriedade‖ ou ―Old Lady‖, o equivalente de uma esposa. ―Senhoras‖ e as ―bundas doces‖ ocupavam-se das necessidades dos motociclistas, tanto dentro, como fora do quarto e se encarregavam da sede do clube, em troca de moradia e proteção, eram consideradas propriedade comunal, mas, geralmente, conectadas a um motociclista por vez. E as ―hoodrats‖, as ―groupies‖ e as ―bocetas‖ que iriam para as festas, pela emoção de uma noite com um motociclista durão, eram livres para serem tomadas. — Não sou propriedade de ninguém e não sou uma bunda doce. — Endireitou a postura e encontrou com seu intenso olhar. — Nasci nos Jacks. Meu papai é... Um motociclista. Deteve-se bem a tempo. O que estava errado com ela? Não era uma pessoa falante, no melhor dos momentos e agora, quando manter a boca fechada era mais importante, estava prestes a dizer a única coisa que poderia matá-la, sem perguntas. E ainda, perversamente, havia algo sobre Jagger que a deixava à vontade. Talvez bateu a cabeça com mais força do que pensou. — Então, como é que tem um emblema? — Ele apontou para seu corte, pendurado no estribo da cama, o patch de duas peças Black Jacks, sem o balanço inferior, que só aos membros de emblema completo era permitido usar, um aviso de sua posição hierárquica. Levava seu colete só nos assuntos do clube e tentava fazê-lo o mínimo possível. Ela deu de ombros, enfiando as unhas nas palmas das mãos. Por que todas as perguntas? Ou ele ia matá-la ou não e as chances favoreciam a última, já que a honra ditava que alguém tinha que pagar pela destruição de seu clube. Então, por que apenas não seguiu em frente, ou deu a ela uma chance de tentar escapar ou morrer lutando, em vez de seduzi-la, com sua personalidade vencedora, charme e boa aparência? — Que tal uma pergunta mais fácil então? — Seu rosto ficou pensativo. — Você queimou meu clube? A emoção brotou em sua garganta, alimentada pelo medo, tensão e uma atração desconcertante pelo homem, ridiculamente, bonito, que tinha sua vida nas mãos. — Não, não fui eu. — Mas foram os Black Jack? Arianne lutou por manter a calma. Havia alguma razão para negar que os Black Jacks estavam envolvidos? Ninguém mais se atreveria a dar um passo na propriedade dos Sinner's, muito menos queimar sua sede. Ou era uma prova? Um membro de seu clube já identificou os Jacks, antes de fugir? — Arianne? — Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, com o corpo tenso. Ela negou, preocupada em revelar muito. Embora odiasse aos Jacks com paixão, não estava a ponto de romper o código de conduta dos motociclistas, que marcaram nela, desde que podia caminhar, especialmente, quando a vida de seu irmão estava em risco. E a regra número um era que os assuntos do clube ficavam no clube. — Sabe que não posso responder a essa pergunta. — Não se fará justiça, se tomo uma vida inocente. Sua vida. Sua ameaça não tão sutil rompeu a fantasia de que era, simplesmente, um homem normal e não o presidente de um maldoso clube de motociclistas fora-da-lei, que dava sentenças de morte, do jeito que ela distribuía bebidas no bar do Banks. Ele acabou de afirmar que não iria machucá-la e agora ameaçava tirar sua vida. Isso era algum tipo de jogo? — Mas o fará pela honra. — Comentou ela. — Não é isso o que quer dizer? Ou está dizendo que não sou inocente? Culpada, por associação? Quando franziu a testa, ela apertou a mão sobre o lençol. Escroto. Estava jogando com ela. Acalmando-a, com uma falsa sensação de segurança, antes de se mover-se para a matança. Bom, estava a ponto de descobrir que não cairia facilmente. A crueldade do pai parecia quase uma gentileza agora: ele a tornara forte. Forçou-a a aprender a sobreviver. Apertando os dentes, mas pela dor surda de sua cabeça, voltou a sentar e se moveu sobre a cama, balançando as pernas sobre o lado. A dor estalou em suas costelas, tão aguda e feroz, que dirigiu a mão a essa zona e ofegou. Jagger soltou um suspiro e apertou o maxilar. — Axle te chutou, quando estava caída. O médico disse que machucou as costelas. — Inclinou-se e passou os dedos, ligeiramente, por seu pescoço, enviando um pulso de calor através de seu corpo. — Também disse que foi golpeada. Queria te levar ao hospital, para ver se há lesões internas, mas não podia ir tão longe. — Passou os dedos ao longo de seu queixo, sobre sua maçã do rosto e bochecha, seu toque tão apaziguador que as lágrimas, indesejadas e inesperadas, brotaram de seus olhos. Sua voz reduziu-se a um silencioso murmúrio. — Disse que não era a primeira vez. — Não. — Ela bateu na mão dele, confusa por uma gentileza que desmentia o trecho presidencial, na frente de seu corte. E ainda havia algo diferente sobre Jagger. Uma confiança calma. Uma aresta moderada. Seus olhos brilharam. — Um Jack fez isso com você? Ela foi salva de mentir, quando a porta abriu, apenas uma fresta, no início e depois mais larga. Dedos, profundamente, bronzeados curvaram-se ao redor da beirada, empurrando a porta entreaberta. Mas não largo o suficiente, para que conseguisse ver. Um homem alto e de cabelo escuro, que levava um colete dos Sinner's Tribe, entrou na habitação, seus ombros largos e corpo magro e musculoso enchendo, completamente, a porta. Vagamente sensual, com traços cinzelados e penetrantes olhos castanhos, passou seu olhar sobre o rígido espaço, detendo-se, brevemente, nela e logo encontrando-se com Jagger. — Preciso falar contigo. Com um suspiro, Jagger levantou-se. — Zane é o VP dos Sinner's Tribe e meu amigo mais antigo. Está acostumado a ser um pouco mais cortês com as damas. — A familiaridade de Jagger sugeria que não considerava Arianne uma ameaça, mas seu amigo, claramente, fazia. — As damas que conheço não queimam edifícios, nem matam nossos irmãos. Arianne se encolheu, ante a voz venenosa de Zane. — Cole está morto. — Um músculo, no maxilar de Jagger, esticou-se. — Encontramos seu corpo no bosque. Duas balas. Uma no peito. A outra passou por seu ombro. O atirador usou uma 22. É arma de mulher. — Zane cravou em Arianne um frio olhar. Ela deu uma fungada desdenhosa. — Claramente, não conhece muitas mulheres que disparam. Utilizo um 38, a menos que não possa ocultá-la. — Ela está dizendo a verdade. — Jagger apontou para a cômoda, onde sua arma estava fora de alcance. — Você achou mais alguma coisa? Zane levou Jagger até a janela. O olhar de Arianne foi para a porta, ligeiramente, aberta e depois para os dois homens, que pareciam absorvidos em sua conversa. Pistola ou sair? E se atreveria? Doía-lhe o corpo, as costelas ardiam, a cabeça palpitava e vestia somente uma grande camiseta e sua calcinha. Não havia dúvida de que foi despida, para o exame médico, que é como encontraram sua arma. Entretanto, como não podia tentá-lo? Sabia melhor que ninguém, como funcionava seu mundo. Primeiro o clube. Clube sempre. Independentemente, das opiniões pessoais de Jagger, se sua morte era no melhor interesse do clube, então a mataria sem vacilar. Era melhor morrer, tratando de viver, que se sentar, passivamente, esperando o destino, devido a umas poucas lesões ou a uma relutância de deixar que alguém visse suas calcinhas de bolinhas rosa. Preparou-se contra a dor e apoiou os pés, firmemente, no chão. Ir era sua aposta mais segura. O mais provável era que atirassem, antes que tomasse e sacasse a arma. Um... Dois... Três... Vai. Lançando-se para frente, Arianne saltou da cama e se atirou na abertura da porta. Mas, mesmo quando voou pela sala, seus pés mal tocando o chão de madeira, ela sabia que Jagger iria pegá-la. Sabia que Jagger a apanharia. — Cristo. — Segurou-a, antes que alcançasse o corredor, uma mão apertando seu ombro, a outra, ao redor de sua cintura. Com um brusco puxão, atraiu-a para seu corpo, encarcerando-a no quente círculo de seus braços. Tome cuidado com o que você deseja. Passaram uns segundos. Nenhum deles se moveu. Seus peitos pressionando juntos. Com seus corações pulsando em uníssono. Ela respirou fundo e inalou seu aroma intoxicante de couro e uísque. Um desejo intenso, quase visceral, por sua intensidade, pegou-a desprevenida. Jagger inclinou-se para frente, roçando os lábios sobre sua orelha e ambos estremeceram. — Por que diabos você fez isso? — Não poderia viver comigo mesma, se não tentasse. — Uma onda de tontura golpeou-a fortemente, quase desmaiando com a dor de suas costelas. Maldito corpo traidor. Tratou de soltar-se e seus joelhos cederam. — Eu te peguei. — Apertou os braços ao redor dela, o encarceramento converteu-se em apoio e soltou um pequeno suspiro. — Estou bem. — Fez outro intento de escapar, mas ele, simplesmente, sustentou-a mais perto de seu corpo. — Deixe ir. Não preciso de sua ajuda. Com uma gargalhada, ele a ergueu, facilmente, em seus braços. — Nunca conheci alguém que precisava de ajuda, tanto quanto você. Deveria estar zangado. Diabos, Zane estava ateando fogo na esquina. Em seu lugar, Jagger se divertia, impressionado e bastante excitado, pela intenção de sua sexy prisioneira escapar. Com seu corpo doce e quente entre os braços, o exuberante traseiro movendo-se contra sua virilha, recordou-lhe quanto tempo esteve sem uma mulher, bundas doces e hood rats excluídas, é obvio. Embora as bundas doces sempre estejam felizes de aliviar as necessidades de seus irmãos do Sinner's Tribe, eram uma solução rápida, que sempre o deixava insatisfeito. Ela era dura, sem dúvida alguma, mas debaixo de sua armadura, sentiu fragilidade e uma silenciosa suavidade, que fazia coisas estranhas a seu estômago. Entretanto, não podia deixar que suas ações ficassem impunes. Entre Arianne e Axle, sua autoridade foi desafiada mais esta noite, que em muitos anos. Talvez a culpa seja da lua cheia. Enquanto Zane estava de guarda, Jagger mexeu em sua bolsa de ginásio e tirou um par de algemas. A última vez que as usou, estava nos dutos de ventilação, com Cade e Gunner. Sorriu, interiormente, com a lembrança, enquanto ia até a cama. Cade roubou um traficante burro de rua e Jagger algemou-o e o enfiou no porta-malas de seu Chrysler negro 300C. Logo, passaram a seguinte hora na brisa e conduzindo ao redor do complexo, enquanto Gunner negociava com a família do distribuidor, por sua liberação. Cem mil dólares, por duas horas de trabalho. E tudo entrou nos baús, já transbordantes, do clube. — Não queria fazer isto, mas não posso te deixar tentar escapar outra vez. — Pôs uma das algemas ao redor de seu magro pulso. — Não só o médico disse que tinha que ficar na cama, mas também não estava brincando, quando disse que todos, fora desta casa, querem você morta. Não teríamos esta conversa, se tivesse chegado à porta. Qualquer outro prisioneiro tremeria nos lençóis, suplicando perdão. Arianne fulminou-o com o olhar. — Algemas? Sério? Por que não é honesto? Isto não é sobre mim. Trata-se de seu grande ego. Quase fugi. Agora, sente a necessidade de me pôr em meu lugar. Reafirmar seu status de macho alfa dominante. Aturdido, sem palavras, ficou olhando. Porra. Seriamente lesada, algemada à cama, com lobos na porta, latindo por seu sangue e lhe mostrava atitude. Talvez não fosse tão suave ou frágil, como pensou. Entretanto, não deveria estar tão surpreso de sua coragem. Levava um colete dos Black Jacks e aquelas cores não se ganhavam sem sangue, ou uma parte da alma. Zane sorriu, perversamente. — Cuidado, docinho, ou Jagger adicionará outro adesivo de sangue a seu colete, mais cedo, que tarde. Estou bastante seguro de que dois, dos que estão ali, são porque matou um Jack de boca grande. Jagger arrepiou-se, curiosamente, chateado pela referência de Zane, a seus adesivos de sangue, um, a cada vida que tirou. Não estava orgulhoso desses patchs, mas a morte era inevitável, em seu mundo de ―matar ou morrer‖ e, quando seu clube ou seus homens estavam sob ameaça, não duvidava em apertar o gatilho. Captou o brilho de desaprovação nos olhos dela, antes de suspirar. — Se acredita que me assusta, está equivocado. Exceto pelas perspectivas, não acredito que haja Jacks, sem patch de sangue. — O que acontece com você? Seus olhos brilharam, divertidos. — Se eu fosse o tipo de mulher que passasse seu tempo ganhando patch de sangue, seria você o algemado e seu amigo ali, estaria morto no chão. Risos brotaram em seu peito e lutou muito para detê-lo. Porra. Este era o tipo de mulher que deveria estar em sua cama. Guerreira, sensual e cheia de fogo. Com seus pulsos algemados sobre sua cabeça, seu doce corpo estirado sobre os lençóis, permitindo-lhe o vislumbre de suas coxas, a boca encheu-se de água, ao pensar em dominá-la. Zane bufou incrédulo. — Dado que usava couro de motociclista, dirigiu uma Kawasaki de alta qualidade, em nosso pátio, tinha a intenção suicida de escapar e logo começou a nos dar atitude. Diria que há uma forte possibilidade que ganhou um patch de sangue ou dois. — Bom, não o fiz, mas ficarei feliz de começar contigo. — Elevou o queixo. — Só me dê a chave... A menos, é obvio, que tenha medo de mim. Que maldita descarada. Jagger não podia deixar de admirar sua atitude, mas não estava a ponto de cometer o mesmo engano duas vezes. — As algemas ficam. Não quero me preocupar que ganhe seu patch comigo, enquanto durmo. — Eu devo ter ―assassina‖, escrito sobre mim. — Bufou Arianne. Desta vez não pôde conter a risada. Ela era muitas coisas, sexy, formosa e valente; mas ―assassina‖ não encaixava. — Não, em qualquer lugar que eu possa ver. O rubor cobriu-lhe as bochechas e se moveu na cama, a camiseta subiu até quase a junção de suas coxas. A virilha de Jagger esticou-se e se obrigou a afastar o olhar. Ele deveria ter dado ao médico uma das camisas maiores de Gunner, ou mandado Sherry, a mãe da casa, comprar algo decente para usar. Não podia se dar ao luxo de pensar nela como algo, além de um prisioneiro, um inimigo. Com um olhar para Zane, que também a estudava com interesse, Jagger pegou um cobertor do pé da cama e a cobriu. — Então... Como conseguiu tantos patchs de sangue? — Ela curvou os lábios com desdém, enquanto colocava a manta sob seus quadris, com a mão livre. — Mulher? Famílias? Civis? — Sabe muito bem, para perguntar. — O negócio do clube nunca era compartilhado com estranhos e, entretanto, seu escárnio o atravessou como uma faca no estômago. Que demônios? Ele mal a conhecia e agia, como se sua opinião importasse. Seria melhor que soubesse que era um membro feliz do sangrento MC, que um homem que lamentava cada vida que tirou. Franzindo a testa, girou e caminhou para a porta, sem dar um segundo olhar à mulher na cama. O arrependimento era uma fraqueza. Igual à compaixão. E já estendeu muito disso. TRÊS A missão do clube é difundir os ideais de honra, verdade, lealdade e irmandade, através de um interesse comum no motociclismo. Algemas. Arianne apertou os lábios, para evitar rir, enquanto trabalhava com a fechadura que a prendia. Quantas vezes ela e Jeff se sincronizaram, enquanto cada um tomava turnos, para escapar das esposas de seu pai? Os meninos motociclistas não jogam com brinquedos normais. Não aprendem habilidades normais. Ao nascer, era esperado que aprendessem a sobreviver no mundo dos motociclistas. E ela tomou essas lições de coração. Com um suave clique, a fechadura cedeu. Livre. Bem. Mais ou menos. Levou uma decepcionante hora e meia, segundo seu relógio. Jeff riria. Tentou primeiro a porta, mas estava trancada com chave e bloqueada do outro lado. A janela rendeu-lhe mais sorte. Depois de empurrá-la, olhou por cima da varanda. Lembranças de outra noite, de outro telhado e de um medo tão avassalador, fez que lhe tremessem os joelhos. Quase sentiu o pequeno corpo de Jeff, estremecendo em seus braços, enquanto se apertavam contra o frio tijolo da chaminé e orava, para que alguém ouvisse os gritos do interior e chamasse a polícia. Sim, poderia escapar, mas aonde iria? As pequenas luzes do perímetro revelaram uma vasta grama, camas de flores secas e uma parede de tijolo, que desmoronava, ao redor da propriedade. Um bosque, iluminado pela lua, estirava-se até onde podia ver e as sombras das Montanhas Bridger estendiam-se para ela. Isolado, como disse Jagger. Definitivamente, quilômetros até a cidade. Mas, pelo menos, ela se orientou. As estrelas e a estrada estendiam-se para o oeste. Entretanto, não podia ver nenhuma cidade, nem semáforos. Não tinha roupa e embora pudesse roubar uma moto, os Sinners montavam pesadas 1.200cc, teria que empurrar, lentamente, pela estrada e seria difícil pilotar sem sapatos. Tomando uma profunda baforada, do quebradiço ar do outono, olhou, fixamente, para fora, enquanto uma nuvem passava sobre a lua. Deus, odiava a escuridão. Quase tanto como odiava seu pai. — Procurando algo? O pânico a atravessou e girou, encarando o intruso. Como não ouviu a porta abrindo? Uma perda imperdoável de concentração e que poderia tirar-lhe a vida. Ele acendeu a luz e piscou, quando seus olhos ajustaram. Jovem, talvez de vinte e dois ou vinte e três, bonito, com rosto de bebê, o motociclista que entrou no quarto tinha o cabelo comprido e loiro, cortado para emoldurar seu rosto, tipo estrela de rock. Mas, com uma pistola em uma mão e uma garota sob o braço, claramente, não estava ali para entretê-la. — Meu nome é Wheels. — fez um gesto à ruiva curvilínea ao seu lado. — E essa aqui é Sherry. É a responsável em manter a casa. Sou responsável de cuidar das motos, dos convidados e fazer o que for que os motociclistas precisem que eu faça Jagger nos enviou, para nos assegurar de que estivesse bem. — Gesticulou para as algemas penduradas na cama. — Parece que você se deixou mais confortável. Ah! Tinha que ser um prospecto. Somente os prospectos dos clubes tinham a tarefa de manter as motos do clube e fazer os trabalhos sujos, que ninguém mais queria fazer, como cuidar dos prisioneiros, para ganhar o respeito do clube e seu emblema completo. E, entretanto, não tinha a atitude oficiosa que o prospecto habitual mostrava, ao falar com alguém de fora do clube. — Precisava de um pouco de ar. — Empurrou as costas contra a janela, desconfiada de estar a sós com dois desconhecidos e desconcertada de que não se sentiu, igualmente cautelosa, quando esteve a sós com Jagger. — Não vamos te fazer mal. — Sherry separou-se de Wheels e apoiou contra o, agora vazio, guarda-roupa. Zane levou a arma de Arianne e a bolsa de Jagger, ao sair. — Jagger tampouco te fará mal. — Assegurou. — Não machuca mulheres. — A menos que queimem nosso clube e matem um de nossos irmãos. — Wheels franziu a testa, mas com seu rosto de bebê, foi mais um sulco e só o fez ficar lindo. — Não fui eu. Sherry começou a rir. — Eu também diria isso, se fosse apanhada na sede de um MC rival, com cem motociclistas zangados, clamando por minha cabeça. Devia ter empalidecido, porque Sherry, instantaneamente, arrependeu-se. — Ouça, não se preocupe. Quis dizer o que disse a respeito do Jagger. Conheço-o bem... Provavelmente, melhor que ninguém aqui. Nunca tira uma vida, a menos que seja justificado. Arianne apoiou-se no suporte da janela, para se sustentar. Ele era o inimigo, um desumano e maldito motociclista, que dirigia o único MC, em Montana, que seu pai considerava uma verdadeira ameaça... E precisava manter esse fato primitivo na mente. — Bom, isso não a tranquilizou. — Assinalou Wheels. — Agora, parece a ponto de chorar. — Um pouco como você, quando Zane e Cade disseram que a Old lady do VP de Devil Dog era uma bunda doce, querendo entrar em suas calças. — Isso não foi engraçado. — As narinas de Wheels alargaram-se. — Eu era prospecto só por uma semana. Ninguém disse que as Old Ladys estavam, totalmente, fora do alcance, inclusive para falar. Quase me matou. Sherry piscou um olho para Arianne, logo olhou para Wheels. — Não acredito que fosse a parte de ―falar‖, que zangou o VP. Foi quando pôs a mão sob sua saia e lhe beliscou o traseiro, justo na frente dele. Arianne pôs-se a rir e sua tensão diminuiu. Inclusive os Black Jacks amavam provocar seus prospectos. Era o passatempo favorito de motociclista. — Quem tirou suas algemas? — A profunda voz de Jagger cortou a risada e o quarto silenciou. Apoiava um braço no arco da porta e a enchia, com seu corpo magro e musculoso. — Essa seria eu. — Dedicou-lhe um sorriso frio, divertida por sua presunção que precisou de ajuda, para se libertar. Jagger olhou para Sherry e para Wheels. — Ninguém pensou em colocar de volta? Depois que eu disse, há apenas vinte minutos, que ela era um risco de fuga? — Ele atravessou a sala e bateu a janela fechada, atrás dela, o estrondo alto, sacudindo as vidraças. — E você a deixou ficar em uma janela aberta a não mais de três metros do chão? Wheels e Sherry compartilharam um olhar aterrorizado e Arianne sentiu uma pontada de aborrecimento. Apesar de sua situação, tinha que admitir que foram amistosos. Não é que ela fosse pular em sua defesa. A astúcia política lhe salvou o pescoço uma e outra vez, na sede Black Jack e ninguém, exceto um, desafiava o presidente. Ao menos, não em público. Jagger dispensou Wheels e Sherry, esperando, até que a porta se fechasse, antes de rodear a pulso de Arianne com o polegar e o indicador, sua voz caindo a um grunhido sensual: — Quando eu te algemar à cama, espero que fique lá. Se sua intenção era desequilibrá-la, funcionou. Com a boca seca, cada nervo em seu corpo, centrou-se na suave carícia do polegar sobre sua pele, seu corpo voltou para a vida com uma sensação. Ela brincou com a barra de sua camiseta, enquanto tratava de se recuperar. — Não estava, realmente, com humor para ser presa. Seus olhos brilharam e a eletricidade disparou entre eles. — Para o que estava com humor, Vexy? — Baixou o olhar em seus lábios e por um segundo, pensou que poderia beijá-la. Em seu lugar, atirou-a em direção à cama. — Escapar. Isso é o que a gente quer, quando é capturada. — Acredita que é uma prisioneira? — Voltou-se para ela, enchendo cada centímetro de seu espaço pessoal. Arianne obrigou-se a afastar o olhar de seu largo peito e de seus marcados abdominais. Tinha um corpo de guerreiro, tenso, duro e sem um grama de gordura. — Posso ir? — Não. Arianne franziu a testa, já sem estar nervosa pela proximidade de seu corpo, ou de seu olhar direto. — Então, sim. Meio que se encaixa à definição, já que está me prendendo aqui, contra minha vontade. Ele rogou uma maldição e ela tratou de afastar a mão. Durante seus anos com os Jacks, aprendeu, da maneira difícil, a manter-se fria, ao redor de homens perigosos. O problema era que, à exceção de seu pai, nunca conheceu um homem tão perigosamente, atrativo como Jagger. Um gemido agudo do corredor, rompeu o feitiço. Jagger soltou seus pulsos e cruzou o espaço, abrindo a porta. Com um latido agudo de prazer, um cão collie de tamanho médio entrou na habitação. O rosto de Jagger suavizou em um instante e se agachou, acariciando o cão. — Este é Max, encontramos abandonado, quando ocupamos a propriedade, há uns meses. Não era pra estar na casa, mas esta noite foi agitada para todos. Arianne ajoelhou-se e estendeu a mão. Depois de cheirar muito, Max lambeu sua palma. — É lindo. — Você gosta de cães? — Tivemos um labrador dourado, enquanto crescia. — Comentou com nostalgia. — Se agora não vivesse em um apartamento, conseguiria outro. Mas são cães grandes. Não seria justo. — Os cães necessitam ter seu espaço. — Jagger ficou pensativo, olhando-a fixamente e Arianne puxou sua camiseta sobre os joelhos, consciente de estar agachada no chão, junto a Max, com uma camiseta grande e calcinha. — Max e eu saímos daqui um par de vezes por semana, para correr. — Deu um tapinha na cabeça de Max. — Consigo tempo para verificar a propriedade e ter algum tempo longe. Assim que o veículo para, ele corre. A única maneira de recuperá-lo é assobiando. Pode ouvir o som quase a um quilômetro de distância. — Quando levou dois dedos à sua boca, Arianne levantou uma mão, chamando a atenção. — Não há necessidade de demonstração. Gosto de meus tímpanos como estão, obrigada. Jagger riu e estendeu a mão, para ajudá-la a levantar. O pequeno gesto de cortesia provocou uma quente comichão, através de seu corpo, que se converteu em uma onda de maré completa, quando pele tocou pele e a levantou. Por um momento, nenhum dos dois se moveu e logo, Jagger deixou cair sua mão. — Será melhor que durma um pouco. — Bom... Boa noite. — Ela parou ao lado de Max, esperando que Jagger se fosse, mas em troca, sentou e tirou as botas. As palmas de Arianne ficaram úmidas. — Você dormirá aqui? Ele lambeu os lábios e sorriu. — Não temos muitas das habitações mobiliadas e já que, claramente, não se pode confiar em você, esta é a única opção. A cama é suficientemente grande para nós dois, mas não estou planejando fazer nada mais do que dormir. Foi um dia infernal. — Então, dormirei no chão. — Indicou ela. — Possivelmente, Max possa me fazer companhia. — Inaceitável. Está ferida e é mulher. Dormirá na cama. A irritação perseguiu os fios de medo de Arianne. — As mulheres podem dormir no chão. — Não sob meu teto e não em meu clube. — Jagger tirou o colete e logo a camiseta. Arianne abriu os olhos e esticou a boca. Oh, Deus. Por que tinha que fazer isso? Tinha o tipo de peito que só viu em outdoors ou nos anúncios de roupa íntimas de homens. Bom, exceto pela tatuagem do Sinner's Tribe, que abrangia seu amplo peito, as asas que rodeavam o crânio até seus ombros, para unir-se às intrincadas mangas tatuadas, que cobriam os braços. Mas foi a cicatriz abaixo, no centro de seu peito e não, totalmente, oculta pela tatuagem, que a fez parar. Não era uma cicatriz de faca. Bem familiarizada com elas, era algo mais preciso. Cirúrgico. Mas sabia que não devia perguntar. Ao menos, não nesse momento. Seu olhar desceu sobre os abdominais como tanque de lavar, seguindo a sombra escura e sedosa de pelo, que conduzia ao seu caminho da felicidade. A mão de Jagger caiu na fivela e os olhos abriram-se. Sabia o que estava pensando? — Por favor. — Tinha gotas de suor na testa. — Pelo menos, mantenha a calça. Ele parecia divertido, desabotoou o cinto e o arrancou, com um forte rangido. — Se faz você se sentir mais tranquila. — Fará. — Mas o mais provável é que não será da forma que ele pensava. O inferno vinha em muitas formas diferentes: desde tentar sobreviver ao fogo inimigo, em um deserto sufocante, à dor entorpecente de tiros, que perfuram a carne, à impotência de ser entubado, em uma cama de hospital, a enterrar os corpos de seus irmãos motociclistas, durante a briga. Jagger lançou um graveto para Max, enquanto saía em sua corrida matinal, irritado que nem sequer o ar fresco e o exercício puderam acalmar o fogo que o queimava por dentro. Ontem à noite foi um tipo de inferno, completamente diferente. Onde estava com a cabeça? Deitar junto à Arianne toda a noite, foi uma tortura pior do que jamais poderia imaginar. Com seu sedoso cabelo espalhado pelo travesseiro, o rosto suave, durante o sonho, lábios tão, convidativamente, cheios e rosados, fez tudo o que pôde, para permanecer em seu lado da cama. E quando chutou os lençóis, revelando o quão alta a camisa dela subiu, quase se perdeu, naquele momento. Deus, ela era linda. Desde seu delicioso rosto ovalado, até os suaves seios arredondados e as graciosas curvas, até suas tonificadas pernas magras, que era a perfeição, com uma atitude chuta traseiros. Seu corpo endureceu, quando ela gemeu em seu sonho e lambeu os lábios. Tomou cada pingo de autocontrole, para não se inclinar e tomar sua boca, em um profundo e persistente beijo. Mas nada pôde deter o pulsar entre suas pernas, quando ela se aconchegou, dando-lhe uma vista sem obstáculos, da beleza de suas arredondadas nádegas, cobertas de bolinhas cor-de-rosa com babados. Bolinhas rosas. Viu, pela primeira vez, suas calcinhas, quando a algemou à cama, mas não estava no humor para apreciá-las. Seu espinhoso e duro pênis de motociclista, tinha um suave lado feminino. E ver algo que não estava destinado a ver, merda, isso fazia coisas a um homem. Coisas perigosas. Ele foi forçado a sair e encontrar as roupas dela, depois acordá-la e fazê-la se vestir. Nunca reagiu assim, com nenhuma outra mulher. Nem sequer com Christel. Embora não fosse sua Old Lady, estavam juntos bastante tempo, para que todos a tratassem com respeito similar. O novato MC, decidido a desafiar o domínio de Sinner, em Montana, usara Christel contra ele. E quando Jagger lhes deu o que queriam, deixaram seu corpo quebrado fora do clube e ela morreu em seus braços. Destruir os Wolverines não a trouxe de volta, nem aliviou a dor em seu coração. O tempo não era o grande curador, que muitos afirmavam ser. Em vez disso, o tempo tornou-o mais definido em seus caminhos. O destino de Christel era a razão pela qual ele se permitia apenas relacionamentos casuais. Seus inimigos não encontrariam fraqueza. Suas amantes e seu coração não sofreriam riscos. Max voltou com o bastão e Jagger jogou de novo, observando-o desaparecer na fria névoa da manhã. O ar estava perfumado pelo cheiro de terra rica e o orvalho agarrava-se a cada folha de grama. As manhãs eram seu momento favorito. Tranquilo. Pacífico. Com toda a promessa do dia seguinte. Olhou para a janela do dormitório que compartilhou com Arianne, meio esperando vê-la descer pelo telhado. Mas, com dois guardas fora de sua porta e dois mais, fora do edifício, não iria a nenhuma parte, rapidamente. Riu, enquanto uma lembrança o invadia: Arianne vestida somente com sua camiseta, sacudindo-se na janela, seduzida pelo tagarela Wheels e a agitada Sherry, quando frustraram sua tentativa de escapar. Deveria ter-lhe advertido que ninguém nunca escapou dos Sinners. Ou dele. O suave ruído de passos sobre a grama e o sussurro das folhas de outono, alertou-o da presença de Cade, muito antes que seu antigo amigo do exército reunisse a ele, no gramado à frente. Como tesoureiro do MC, Cade desempenhava suas funções com desumana eficácia e como Zane, sempre cuidava das costas de Jagger. Cade lhe deu uma rápida atualização sobre o estado da velha sede e da investigação do incêndio, pelas autoridades locais. Logo, olhou para a janela de Arianne, sorrindo aos guardas parados abaixo. — Então, o que fará com ela? — Estou esperando ver as fitas de vigilância. — Respondeu Jagger. — Zane as recolheu, esta manhã, da instalação de armazenamento de dados, fora do sítio. Se não estiver diretamente envolvida, vou soltá-la. Não terei uma mulher responsável, pelas ações de seu clube. Cade passou a mão em seu grosso e loiro cabelo, enrugando a testa. — Como sabe dos Jacks? Jagger tirou seu telefone e mostrou ao Cade uma foto, que recebeu de seu contato, no Departamento de Polícia. Alguém pintou com spray, um bruto esquema do emblema dos Jack Blacks, ao lado do abrigo de armas, que foi roubado. — Deixaram um cartão de visita. A maioria dos irmãos que não estavam afogando suas mágoas nos braços de algumas bundas doces, ontem à noite, já foram avisados. Cade não reagiu, diante da silenciosa advertência. Sem dúvida, passou a noite, como Jagger disse. Cade era conhecido por sua habilidade para encantar as mulheres, em sua cama. Sherry alegou que o seu apelido de imã de garotas tinha a ver com sua aparência, comparando-o a alguma estrela de cinema que representou o papel do deus nórdico Thor. Jagger não tinha tempo para filmes. Ou estrelas de cinema. Ou irmãos, que passaram a noite enterrados entre as coxas de um bumbum, em vez de se preocupar com a perda do clube, o fim da rivalidade e uma pequena Black Jack, que não podia ser tocada. — Tenho que retornar. — fez um gesto para a casa e Cade seguiu seu passo, com Max trotando junto a eles. — Estava me perguntando porque Axle estava atirando em Arianne, para pagar o preço, esta manhã. — Mencionou Cade, alheio às preocupações de Jagger. — As tensões estão altas agora mesmo e ele já tem muito apoio. O fogo chegou muito perto de casa. — Foi casa. — Ao menos para ele, Cade e alguns dos irmãos solteiros, que estavam sem trabalho ou necessitavam de um lugar temporário para ficar. — Precisavam de alguém a quem culpar. — Cade vacilou. — Se não conseguirem um alvo para a sua irritação, o clube explodirá. Estava sugerindo, seriamente, que oferecesse Arianne como cordeiro de sacrifício? — E o trabalho de Gunner é se assegurar de que isso não aconteça. — Uma explosão de fúria protetora pegou-o desprevenido. — Disse que ela não estava ali para machucar ninguém ou causar nenhum dano. Acredito nela. Embora evasiva, em última instância, a resposta de Arianne a essa pergunta, foi direta. Sem vacilar a voz. Sem afastar o olhar. Suspeitava que a mentira não estava em sua natureza. Demônios, disse diretamente, quando a algemou. Seus lábios tremeram, com um sorriso reprimido. Quando foi a última vez que alguém se atreveu a lhe falar assim? Cade esfregou a nuca. — Bom, então espero que tenha um plano de retribuição, que possa aliviar a dor de deixá-la ir. — Sempre tenho um plano. — Jagger assobiou para Max. — E você vai gostar disso. Envolve caminhões descontrolados, explosivos e fábricas de metanfetamina destruídas. — Você, definitivamente, precisará do Axle a bordo, então. Ninguém é melhor com explosivos, do que ele. — Axle terminou. — Disse Jagger. — Pelo bem das aparências, porei o voto na junta executiva, mais tarde esta manhã, mas, no que me diz respeito, está fora do clube. Empurrou os limites, desde que assumi o cargo de presidente, faz cinco anos e ontem à noite foi muito longe. — Suponho que direi a Zane que Axle não estará conosco esta noite. — Cade deixou de caminhar, antes de chegar perto da casa. — Tem uma vítima em mente? A tensão de Jagger diminuiu. — Zane conseguiu a mercadoria de um distribuidor, que parece esquecer nossa política de tolerância zero para as drogas, na região. — Finalmente, permitiu-se o luxo de um sorriso. — Vamos nos divertir um pouco, arrecadaremos dinheiro para arrumar este lugar como nossa nova sede e arruinaremos a cadeia de fornecimento do Black Jack, de uma vez. — Quase tão divertido como passar uma noite com uma bunda doce em meu colo. — Cade franziu os lábios, considerando. Ou talvez não. — A briga está de volta. — Jagger golpeou o punho na palma de sua mão. — Vamos golpear aos Jacks com força e rapidez, faremos justiça, pessoal. Os homens que queimaram nossa velha sede e atiraram em Cole e no Gunner, são os primeiros em nossa lista, depois do funeral de Cole. Então chegaremos ao homem que deu a ordem. — Viper. — Cade cuspiu o nome. — E se a briga está de volta, atirará em você. — Não se eu chegar a ele primeiro. E sua linda e pequena Black Jack poderia ser seu bilhete, dentro da toca de Viper. Quatro As regras e os estatutos do clube devem ser aplicados estritamente. As sanções, por infringir as regras, incluem expulsão ou suspensão e sempre um chute no traseiro. — Vamos, cadela. Um forte puxão em seu cabelo assustou Arianne, tirando-a de seu sonho. Virou-se, mas não reconheceu o homem de pé, junto a sua cama. Embora baixo em estatura, tinha um peito enorme e uma barriga para combinar. Com a mão em seu cabelo, arrancou-a da cama. Arianne caiu de joelhos a seus pés, tendo uma vista perfeita dos cortes vermelhos, que se alinhavam na parte inferior de seu colete. Seu coração bombeou espasmodicamente e olhou, rapidamente, pelo quarto. Onde estava Jagger? — Eu disse levante-se. Com um grunhido, colocou-se de pé. Ainda sacudindo os últimos vestígios de um profundo, exaustivo sonho, Arianne tropeçou atrás dele, agradecida de que Jagger insistisse em que ficasse de roupa, na metade da noite. — Não tem por que ser tão grosso. — Levou a mão ao cabelo, reduzindo seu puxão. — Não é como se eu fosse a alguma parte. — Fecha a boca, puta. Curiosamente decepcionada, permitiu-lhe levá-la uns passos mais, dando-lhe um falso sentido de controle. Como se não tivesse vivido esse cenário, semanalmente, em casa. Esperou, até que estivessem perto da porta, logo pôs ambas as mãos em sua cabeça. Com seu cabelo, retorceu-se e girou fora do aperto. Utilizando seu ímpeto, correu para ele, golpeando-o no plexo solar e o derrubou contra a parede. Ele cambaleou, com fôlego suficiente para amaldiçoar. Arianne não esperou, para ver os efeitos de seu ataque. Em troca, correu para a porta aberta, chocando-se com um motociclista ossudo, ruivo, com piercing no nariz e nas orelhas. Ele xingou, enquanto olhava para o motociclista que gemia no chão, mas sua atenção estava focada no seu companheiro de ombros largos, que empunhava uma faca de dez centímetros de comprimento. Ela retrocedeu e bateu na parede, enquanto ele avançava e a olhava com desprezo. Seu rosto era magro e pálido, mas marcado por cortes e machucados recentes, seu cabelo escuro estava penteado para trás, revelando um agudo galo. Os olhos escuros, totalmente desprovidos de emoção, deram-lhe calafrios. Jagger trocou de opinião e ordenou sua execução? Sem advertência, a mão dele golpeou sua bochecha esquerda e a enviou cambaleando pelo chão. Sua cabeça bateu na cabeceira da cama, desvanecendo-se. Com um latido de escárnio, ele caminhou, lentamente, para onde estava e lhe empurrou o ombro com a ponta de sua bota, obrigando-a a ficar de costas. Não se incomodou em agachar, simplesmente se elevou sobre ela, o rosto retorcido de asco. — Cadela do Black Jack. Meu nome é Axle. Logo, será presidente Axle. Deveria ter te matado, quando tive a oportunidade, mas estou a ponto de remediar isso agora. — Com um gesto de queixo para que seu companheiro entrasse e seu amigo, agora recuperado, tomasse Arianne do chão. Com a bochecha ardendo, ainda aturdida pela queda, não brigou, quando os dois homens passaram a mão ao redor de cada um de seus braços e a puseram em posição vertical. Escolhe suas brigas. As palavras do velho capitão de estrada do Black Jack vagaram por sua mente, enquanto contemplava como poderia liberar-se. Ele protegeu Arianne e Jeff da pior ira de seu pai e foi por ele que Arianne desenvolveu suas habilidades de mecânica. Ainda levava flores à sua tumba sem marcas, no norte da cidade, na base das montanhas Bridger. Mas esta era uma briga que não podia ganhar. Não, através de força física e não, com os dois motociclistas sustentando seus braços, que teve que apertar os dentes contra a dor. E suas opções não eram melhores. — Jagger sabe algo sobre isto? — Lutou por manter-se em frente, com seus captores, enquanto a arrastavam pelo corredor. — Ele vai, em breve. — Axle sorriu. — Vamos te levar na reunião e daremos a todos uma amostra, que nunca esquecerão. Reunião? O coração deu um tombo. Iriam leva-la à igreja? Aos foragidos MC, nunca foi permitido que alguma pessoa, que não fosse parente completo de seus irmãos, assistisse à ―igreja‖, as obrigatórias reuniões mensais ou extraordinárias, dos membros do clube. Era, suficientemente, ruim tratar com estes valentões, mas enfrentar a todo o contingente, de uma vez, sabendo que muitos deles queriam que pagasse pelo ataque... Ergueu os ombros e controlou o medo, enquanto Axle os guiava pelas escadas. Se seu pai ensinou algo, era que o medo fazia que as pessoas fossem fracas. E os fracos não podiam brigar. Seus captores eram estúpidos, ou estavam desesperados, se pensavam que podiam arrastá-la à igreja, sem causar um distúrbio menor. Mas ao menos Jagger estaria ali. Com sorte, ele a manteria a salvo. Se não, estaria chutando traseiros e tomando nomes. Hoje não era um bom dia para morrer. Parou em frente a um conjunto de portas, a pintura enrugada, as maçanetas douradas, agora enegrecidas pela idade. O ruivo com os piercings passou, ligeiramente, uma faca em seu pescoço. — Seja uma boa garota, enquanto os meninos falam. Axle abriu as portas e seu captor a empurrou para frente, com a faca ainda em sua garganta. — Justiça para os Sinner's Tribe. Só teve um momento para admirar a esvaída grandeza, do que alguma vez foi uma enorme sala, o mar dos Sinners e Jagger sentado à cabeça de uma mesa, antes da habitação estourar em caos. Justiça? Jagger fez uma careta, quando gritos e alaridos ressoaram, ao redor do local. Axle não estava aqui por justiça. Queria a posição de Jagger, pura e simplesmente e sabendo que estava enfrentando uma possível demissão, decidiu arriscar-se a um truque como este. Arianne era um peão para ele. Desnecessário. Substituível. Em perigo. Obrigou-se a desviar o olhar de Arianne, da marca vermelha em sua bochecha, o machucado em sua têmpora, a faca brilhando, em sua garganta e se centrou nos homens, sentados à mesa ao seu lado. O conselho executivo consistia no presidente, vice- presidente, secretário, tesoureiro, capitão sargento de armas, assim como de dois membros em geral. Serviu com o mesmo conselho durante cinco anos, a única mudança é que os membros em geral, agora eram Tank e Bandit. Nenhum deles apoiaria a aposta do Axle, por poder. Mas não estava tão seguro de que estivessem convencidos da inocência de Arianne, como ele. Tudo em Axle era, necessariamente, uma semente de dúvida, para pôr em movimento uma cadeia de eventos, que poderia tirar Jagger de seu trono. Uma semente que não semearia, no turno de Jagger. Fingindo cansaço, Jagger elevou a voz: — Abaixe isso, Axle. Deixe-a ir. — Alguém vai cair — zombou Axle e fez um gesto para Arianne, que estava rígida, com a faca contra sua garganta. — E não serei eu. A raiva bombeava pelas veias de Jagger e cada instinto gritava que a protegesse. Mas a morte de Christel ensinou a não mostrar emoção, quando as mulheres estavam envolvidas, a não revelar nenhuma fraqueza. Assim, centrou sua atenção na ameaça real: Axle. Seus olhos estavam machucados e inchados, depois da surra que Zane deu-lhe ontem à noite, entretanto, brilhavam vitoriosos. Desde que Christel morreu, não desejou matar um homem. — Faça você ou o fazemos — gritou Axle. — Sem mais merdas. O conselho executivo fará o que lhes diga que façam, mas ninguém quer deixá-la ir. Viper quer uma guerra. Vamos dar a ele. Alguns dos irmãos baixaram o queixo, em assentimento. Jagger se recostou na cadeira, com um ar de indiferença, enquanto, por dentro, fervia de raiva. Axle não estava ajudando a si mesmo, zombando dos seus estatutos. Frio, cruel, desumano e incrivelmente ardiloso, Viper não duvidaria em matar Arianne, se estivesse na posição do Jagger, sem importar que fosse mulher. Gunner ficou de pé, fazendo uma careta de dor, quando o fez. Como sargento de armas, era responsável por manter a ordem na reunião e neste momento, a sala pulsava com tensão, como um barril com pólvora, preparado para explorar. — A pena por ir contra algo que o conselho votou, é suspensão ou expulsão. — Gunner cruzou seus grossos braços e o fulminou com o olhar. — A pena por interromper uma reunião, é o desalojamento. A pena por trazer uma mulher e um não membro a uma reunião, é a suspensão. A pena por ameaçar uma mulher, que a junta acaba de decidir soltar, é uma patada pessoal minha. — tirou seu Springfield XD-S.45ACP de sua capa e a pôs na mesa diante dele. — Tem algum problema com isso, Axle? Aproveitando a diversão de Gunner, Jagger levantou-se, lentamente, de seu assento, sua concentração voltou-se agora, para Arianne. Tinha o rosto tenso e suas mãos estavam ao lado do corpo. Mas, ao invés de estar com medo, estava cansada. — Antes que isto vá mais longe — interrompeu Jagger, lutando por manter seu nível de voz. — A junta executiva revisou as fitas de vigilância, antes que começasse a sessão. Estamos convencidos de que Vexy não esteve envolvida no incêndio, nem no roubo das armas. Chegou, depois que o fogo começou, Cole e Gunner estavam abaixo. Entretanto, há quatro Black Jacks, cujas vidas se perderão, logo que os identifiquemos e todos os Jacks sentirão nossa ira, pelo que fizeram. A multidão aplaudiu, mas Axle cortou-os, com um grito de ira: — Por que ela estava ali? Trata-se de uma pergunta óbvia, que todo mundo parece ter medo de responder. Era muito tarde para ajudar? Bom, eu a trouxe a você. Basta perguntar. — Tanto quanto recordo, não tem a palavra. — Gunner golpeou com o punho sobre a mesa. — A pena por falar, sem ter a palavra do presidente, é desalojamento e uma patada no traseiro. Suponho que terei que pôr minha bota em seu traseiro mais de uma vez. Ainda tenho uma perna boa e dá um baita golpe... — Aceito a pergunta. — Com os lábios franzidos de fúria contida, Jagger rodeou a mesa e caminhou até Arianne e seu captor, um rato fraco de homem, acertadamente, apelidado Weasel. — Vexy? Lançou-lhe um olhar de gratidão, que, rapidamente, desvaneceu-se. — Estava tratando de detê-lo... — Sua voz vacilou. — Mas cheguei muito tarde. Vi o fogo, conduzi à parte traseira da casa clube e então, não sei o que aconteceu. Quando me lembro, já estava aqui. — Entrecerrou os olhos e seu rosto endureceu. — E isso é tudo o que obterá de mim. — Tem nomes para nós? — Axle franziu a testa. — Não. Cristo. Tinha mais valor, que a maioria dos homens na sala. Sem lágrimas nem soluços. Sem quebrar-se. Sem nomes. Jagger não precisava olhar a seu redor, para saber que Zane e seu capitão, Sparky, deixaram seus assentos, também. Cade procurou sua arma. A habitação, com o fedor de muitos corpos empacotados, em um espaço muito pequeno, calou-se. — Nem sequer para salvar sua vida? — Axle passou a navalha pela garganta dela, com o dedo. A faca de Weasel cintilou. Arianne ficou boquiaberta e o sangue gotejou, no oco de sua garganta. Jagger sucumbiu à ferocidade de sua raiva, a sede de sangue, que rugia por suas veias. Explodiu, levando Axle ao longo da parte dianteira da mesa, através da multidão e diretamente à parede adjacente, com a potência de um jogador de defesa. Em um enlouquecido frenesi de golpes e patadas, deu um murro em Axle, até que o homem caiu ao chão, com a faca saindo de seu alcance. Girando, Jagger viu Arianne, agora livre e apoiada contra a parede traseira com a mão na garganta, enquanto Gunner lutava com Weasel. A seu redor, os partidários de Axle baixaram os punhos em sua enfurecida junta diretiva. Ossos se romperam. Gritos e alaridos. Alguém gritou. — Está chateado, porque machuquei seu fodido brinquedo? — ofegou Axle contra o chão e se empurrou, para levantar-se. Cade apertou o cano de sua arma na cabeça de Axle e olhou para Jagger. — Você o quer morto? O punho do Jagger entrou em contato com a mandíbula do Axle, enviando-o à multidão. — Ainda não sofreu o suficiente. Axle brigou, mas em sua condição atual, não era rival para a velocidade e força de Jagger. Ou sua fúria. Embora tivesse refreado, atrás da velha casa clube e disse para Zane que não pegasse muito duro em Axle, ontem à noite, Jagger não tinha nenhuma razão para se reter agora. Os dias de Axle no clube, terminaram. Se Jagger não resolvesse, definitivamente, a flagrante falta de respeito do homem, sua capacidade de liderar o MC seria questionada. Mas, mais que isso, um sentimento de possessividade o agarrou pela garganta, junto com um desejo de vingar a mulher sob seu amparo. A sala ficou em silêncio, enquanto golpeava Axle e o enviava ao chão. Levantou a bota para um último golpe, quando Arianne pôs uma mão em seu braço. Surpreso pela sede de sangue, tranquilizou-se, esperando que lhe dissesse que retrocedesse e não chutasse um homem, quando estivesse caído. Em lugar disso, agarrou- lhe a manga, jogou para trás a perna e resmungou: — Deixe um pedaço para mim. Embora não fosse bastante forte para fazer algum dano sério, o chute de Arianne tirou um gemido áspero dos pulmões do Axle e ele rodou sobre suas costas, sujeitando o flanco, como uma mancha negra, no puído tapete. Caralho. Que mulher. Jagger limpou as mãos ensanguentadas em sua camisa. — A reunião está encerrada. Axle e seus seguidores serão expulsos do clube, em condições ruins. — Encontrou- se com o olhar de cada membro da junta diretiva, fazendo uso dos términos dos estatutos, que requeriam uma votação geral, para expulsar um membro. Neste momento, não se importava com os regulamentos. Se não expulsasse Axle, iria matá-lo e não queria que seu sangue estivesse em suas mãos. Como era esperado, não encontrou nenhuma oposição. — Sparky, mande os prospectos limparem essa confusão. — Assentiu aos comparsas de Axle, no chão. — Cuide de seus cortes, atira-os em uma caminhonete e jogue- os ao lado da estrada. Suas motos ficarão com o clube, como compensação. Os traidores tomaram um fôlego coletivo. Tirar a moto de um homem era a humilhação final, mas sob os estatutos de todos os clubes proscritos, era a pena apropriada, para os membros jogados em condições ruins. — Fora. Agora. Com o coração golpeando seu peito, com seus músculos ainda tremendo, Jagger pegou a mão de Arianne e a arrastou fora da sala. Arianne dobrou o punho, tentando libertar-se. Jagger caminhou através da erva, arrastando-a, enquanto se dirigiam para as resplandecentes motos, estacionadas em filas, ao longo da unidade de cascalho. — Preciso de um minuto para recuperar o fôlego. Não são todos os dias que alguém me tira da cama, tem uma faca em minha garganta e então me empurra no centro de uma briga de motociclistas. Mas Jagger não se deteve, não falou. Tampouco desacelerou. Em troca, aumentou seu passo, até que ela quase corria, atrás dele. — Por que não me deixou ir, ontem à noite? Devia saber que algo assim ocorreria. Seu estalo era puramente retórico, uma abertura para sua ira e medo, aumentados pela adrenalina. Em sua experiência, os homens com o poder de Jagger, raramente explicavam suas ações e quando o faziam, não era porque lhes perguntaram. Assim, quando freou o passo e a olhou por cima do ombro, não estava preparada para sua concessão. — Tinha que ter uma votação. Do contrário, estaria lutando com acusações de que não estava preparado para tirar sua vida, se o voto fosse nessa direção. Não podia me arriscar a contrariar o clube, nem queria um MC inteiro de vigilantes proscritos, inclinados pela vingança, perseguindo você. Arianne respirou fundo, forçando Jagger a parar e a soltar seu punho. — Assim, estava preparado para me matar, por algo
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