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CURRÍCULO DA CIDADE EDUCAÇÃO INFANTIL - Currículo: - “O valor de qualquer currículo, de toda proposta de mudança para a prática educativa, se comprova na realidade na qual se realiza, na forma como se concretiza em situações reais. O currículo na ação é a última expressão de seu valor, pois, enfim, é na prática que todo projeto, toda ideia, toda intenção, se faz realidade de uma forma ou outra; se manifesta, adquire significado e valor, independentemente de declarações e propósitos de partida.” (SACRISTÁN, 1998, p. 201). L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m A ESCOLA COMO ESPAÇO SOCIAL DA ESFERA PÚBLICA - A educação é um processo social. - Bebês – Família – Escola: A aprendizagem está presente na realização de todas as práticas da vida cotidiana (LAVE, 2015; ULMANN, BROUGÈRE, 2013). Por esse motivo, os documentos curriculares apontam apenas as possibilidades educativas, mas os processos de educação e as aprendizagens são decididos no dia a dia pelos sujeitos. - Art. 7º Na observância destas Diretrizes, a proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve garantir que elas cumpram plenamente sua função sociopolítica e pedagógica (...). - FUNÇÃO SOCIAL: acolhimento dos bebês e das crianças no sentido de assumir a responsabilidade de cuidá-las e educá-las em sua integralidade no período em que estão na instituição, complementando e compartilhando a ação da família/responsáveis. - FUNÇÃO POLÍTICA: de promover a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às possibilidades de vivências das infâncias. - FUNÇÃO PEDAGÓGICA: pois a escola é um lugar privilegiado tanto para a ampliação e diversificação de repertórios, saberes e conhecimentos de diferentes ordens como para estabelecer o encontro e a convivência entre bebês, crianças e adultos. - RECRIAÇÃO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: superar compreensões assistenciais, compensatórias e antecipatórias, que priorizam a guarda, a proteção e a moralização dos bebês e das crianças, assim como limitar-se à compreensão de que a Educação Infantil é um importante recurso para garantir as aprendizagens necessárias para o sucesso da criança na escola. - As Unidades de Educação Infantil (EI), de acordo com Moss (2009), são lugares de encontro, espaços da esfera pública onde as pessoas (bebês, crianças e adultos) constroem suas histórias pessoais e coletivas. Trata-se de um lugar para estar, viver, aprender, (re)conhecer, (re)ver e (re)pensar o mundo e a vida a partir das experiências estabelecidas. L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m - OS TERRITÓRIOS COMO ELEMENTOS DA VIDA COMUM - Um território não é um lugar com uma forma definitiva; ele é um cenário constantemente renovado, onde as atividades — desde as mais cotidianas até aquelas mais especializadas — são criadas a partir da herança cultural do povo que nele vive, em suas relações com os processos globais. - Reflexão: Os bebês e as crianças devem ter direito aos territórios da sua cidade. De acordo com F. Tonucci, os adultos adaptaram as cidades às suas necessidades — especialmente as dos seus carros (seus brinquedos preferidos). Com isso, excluíram os idosos, as pessoas com deficiência, os bebês e as crianças. As cidades estão perigosas, os bebês e as crianças cada vez mais ficam em casa em frente a telas. Vivem o paradoxo de serem “bombardeados” de informação pelas redes sociais, pelos games, pelo telefone celular, pela televisão, mas não têm autonomia para realizar movimentos e deslocamentos. - A IDEIA É .... Apropriar-se dos territórios potencializando-os como espaço de brincar e de convivência com as crianças ajuda a desenvolver a noção de pertencimento e de que “o público é de todos”. - E MAIS ... Se os territórios oferecem traços identitários para as crianças, elas e as suas famílias/responsáveis também podem, em sua ação social e coletiva (como na experiência da praça), ofertar traços de identidade para a comunidade. - As UEs: fazem parte de um território material e simbólico, de uma cultura ou de múltiplas culturas. Cabe à escola, por um lado, propiciar práticas pedagógicas que deem sentido ao território como espaço de pertencimento para relações com a cultura local, com o modo de vida das pessoas, com as suas manifestações culturais, artísticas e nacionalidades diversas e, por outro lado, analisar o território para que os Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) também tenham a identidade dos territórios. Dessa forma, os bebês e as crianças que estão chegando podem ser inseridos indiretamente de forma que sejam apresentados em seus pertencimentos sociais, culturais, valorizados em suas diferenças L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m EXEMPLO Cena 2 Iniciamos com a ida à feira e ao mercado que ficam localizados na rua acima da UE. Levamos as crianças com a proposta de comprar uma fruta da época e fazer um suco. No caminho, eles perceberam, junto com as professoras, ATEs e Agentes Escolares, os cuidados para atravessar a rua na faixa de pedestre e para não encostar no portão devido aos animais, e observaram as lojas existentes no bairro. Quando foram atravessar a última rua até o mercado, perceberam que não tinha faixa de pedestre (isso nos trouxe a ideia de a turma solicitar à subprefeitura uma faixa de pedestre, e que as próprias crianças levassem o memorando). Na feira, observaram frutas, legumes, verduras e compraram couve e maracujá. Levantaram hipóteses: “qual a diferença do tomate e do caqui?” “São parecidos!” Já no mercado, ao comprar o açúcar, uma das crianças ficou responsável por pagar, e a funcionária do caixa informou que “tem troco”. Em seguida, a criança perguntou “o que é troco”, e a funcionária disse que “sobrou dinheiro”. (...). L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS EDUCAÇÃO PARA A EQUIDADE EDUCAÇÃO INCLUSIVA EDUCAÇÃO INTEGRAL - Igualdade de oportunidades para a construção de uma sociedade justa - Escola Pública: oportunidade de ingresso a todos e garantia que todos possam ter o seu lugar como sujeito, cidadão e aprendente igualmente assegurado. - Igualdade ou isonomia? - Desigualdades, diferenças, diversidades das crianças: a idade das crianças, os territórios onde as escolas estão inseridas, a pluralidade das famílias, a ausência de formação específica das(os) professoras(es) e demais profissionais nessas temáticas, as práticas educativas homogeneizadoras e os Projetos Políticos Pedagógicos que muitas vezes desconhecem a profunda relação entre as aprendizagens e as condições de vida concretas dos bebês e das crianças - a escola inclusiva implica na reconstrução de conceitos e práticas e no reconhecimento da diferença como uma riqueza humana que poderá nos levar a novos rumos educacionais e pedagógicos, com propostas mais situadas nas necessidades de todos. - Compromisso com as práticas integradas de formação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (BRASIL, 1990), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI (BRASIL, 2010a) e a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017). - Envolve: a) Integralidadee inteireza dos sujeitos; b) Articulação de diferentes saberes, linguagens e conhecimentos; c) Práticas pedagógicas integradoras; d) Currículo Integrador; d) Oferta educativa em tempo integral. L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m MATRIZ DE SABERES PENSAMENTO CIENTÍFICO, CRÍTICO E CRIATIVO Saber: Acessar, selecionar e organizar o conhecimento com curiosidade, ludicidade,pensamento científico, crítico e criativo; Para: Explorar, descobrir, experienciar, observar, brincar, questionar, investigar causas, elaborar e testar hipóteses, refletir, interpretar e analisar ideias e fatos em profundidade, produzir e utilizar evidências. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Saber: Descobrir possibilidades diferentes, brincar, avaliar e gerenciar experiências vividas, ter ideias originais e criar soluções, problemas e perguntas, sendo sujeitos de sua aprendizagem e de seu desenvolvimento; interagindo com adultos/pares/meio; Para: Inventar, reinventar-se, resolver problemas individuais e coletivos e agir de forma propositiva em relação aos desafios contemporâneos. COMUNICAÇÃO Saber: Utilizar as múltiplas linguagens, como verbal, verbo-visual, corporal, multimodal, brincadeira, artística, matemática, científica, Libras, tecnológica e digital para expressar-se, partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo; Para: Exercitar-se como sujeito dialógico, criativo, sensível e imaginativo, aprender corporalmente, compartilhar saberes, reorganizando o que já sabe e criando novos significados, e compreender o mundo, situando-se e vivenciando práticas em diferentes contextos socioculturais AUTOCONHECIMENTO E AUTOCUIDADO Saber: Conhecer e cuidar de seu corpo, sua mente, suas emoções, suas aspirações, seu bem-estar e ter autocrítica; Para: Reconhecer limites, potências e interesses pessoais, apreciar suas próprias qualidades, a fim de estabelecer objetivos de vida, evitar situações de risco, adotar hábitos saudáveis, gerir suas emoções e comportamentos, dosar impulsos e saber lidar com a influência de grupos, desenvolvendo sua autonomia no cuidado de si, nas brincadeiras, nas interações/relações com os outros, com os espaços e com os materiais. L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m MATRIZ DE SABERES AUTONOMIA E DETERMINAÇÃO Saber: Criar, escolher e recriar estratégias, organizar-se, brincar, definir metas e perseverar para alcançar seus objetivos; Para: Agir com autonomia e responsabilidade, fazer escolhas, vencer obstáculos e ter confiança para planejar e realizar projetos pessoais, profissionais e de interesse coletivo. ABERTURA À DIVERSIDADE Saber: Abrir-se ao novo, respeitar e valorizar diferenças e acolher a diversidade; Para: Agir com flexibilidade e sem preconceito de qualquer natureza, conviver harmonicamente com os diferentes, apreciar, fruir e produzir bens culturais diversos, valorizar as identidades e culturas locais, maximizando ações promotoras da igualdade de gênero, de etnia e de cultura, brincar e interagir/relacionar-se com a diversidade. RESPONSABILIDADE E PARTICIPAÇÃO Saber: Reconhecer e exercer direitos e deveres, tomar decisões éticas e responsáveis para consigo, o outro e o planeta, desenvolvendo o protagonismo, a brincadeira e o direito de fazer escolhas, expressando seus interesses, hipóteses, preferências, etc.; Para: Agir de forma solidária, engajada e sustentável, respeitar e promover os direitos humanos e ambientais, participar da vida cidadã e perceber-se como agente de transformação. EMPATIA E COLABORAÇÃO Saber: Considerar a perspectiva e os sentimentos do outro, colaborar com os demais e tomar decisões coletivas; valorizando e respeitando as diferenças que constituem os sujeitos, brincar e interagir/relacionar-se com o outro; Para: Agir com empatia, trabalhar em grupo, criar, pactuar e respeitar princípios de convivência, solucionar conflitos, desenvolver a tolerância à frustração e promover a cultura da paz. L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m MATRIZ DE SABERES REPERTÓRIO CULTURAL Saber: Desenvolver repertório cultural e senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas identidades e manifestações artísticas e culturais, brincar e participar de práticas diversificadas de produção sociocultural; Para: Ampliar e diversificar suas possibilidades de acesso a produções culturais e suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais, a partir de práticas culturais locais e regionais, desenvolvendo seus conhecimentos, sua imaginação, criatividade, percepção, intuição e emoção. L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m - COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO PARA A EQUIDADE, A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A EDUCAÇÃO INTEGRAL - Educação para as Relações Étnico-Raciais: A educação para as relações étnico-raciais da SME é parte integrante das Políticas Públicas de Currículo e de Formação Continuada, por meio do seu Núcleo de Educação Étnico-Racial. Esse núcleo é constituído de três áreas de trabalho: a) História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; b) História e Cultura Indígena e Educação Escolar Indígena; e c) Educação para Imigrantes e Educação Escolar para Populações em Situação de Itinerância. Essas três áreas objetivam o desenvolvimento e a aplicação contínua e permanente das Leis Federais nº 10.639/03 e nº 11.645/08 e da Lei Municipal nº 16.478/16. Além das legislações educacionais citadas, um importante documento oficial é o Estatuto da Igualdade Racial (BRASIL, 2010d). - URGENTE: desenvolver uma educação antirracista no cotidiano escolar, para evitar que as injúrias psicológicas e emocionais do racismo continuem a vitimar bebês, crianças e jovens oriundos de todos os grupos étnico-raciais e segmentos sociais. - EDUCAÇÃO INDÍGENA: No contexto de garantia de direitos, inserem-se os três Centros de Educação Infantil Indígena (CEIIs), vinculados aos Centros de Educação e Cultura Indígena (CECIs). - Educação para as relações de gênero: Questões relativas ao tema gênero trazem novos questionamentos para as UEs de Educação Infantil. Muitas são as abordagens sociais, culturais, políticas sobre esse tema. A igualdade social entre as pessoas de diferentes gêneros e a liberdade de expressão sobre os sentimentos e pensamentos são direitos que todos defendem na Educação Infantil. - Educar as crianças numa perspectiva compreensiva sobre sexualidade e gênero é construir questionamentos sobre situações do dia a dia e tomar decisões apoiadas em informações, discussões e posicionamentos. - Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva:A educação de todos os bebês e crianças é direito fundamental reforçado, quando se trata das pessoas com deficiências, nos tratados internacionais, como a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o seu Protocolo Facultativo, assinados em 2007, bem como o Decreto nº 6.949/09 (BRASIL, 2009b). Esses documentos reafirmam o compromisso de promover a total participação de todos com a garantia do apoio necessário para exercitar os seus direitos e as liberdades fundamentais. L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m - PAPEL DA UE: de forma institucionalizada, por meio de um “desenho universal para a aprendizagem”, abrir as portas para que esses bebês e crianças possam aprender como os outros, mesmo que por caminhos diferentes. É necessário pensar em métodos, materiais, recursos, tecnologias e suporte pedagógico diferenciados, por meio de ações que respondam às necessidades e ampliem as capacidades de todos e de cada um, numa compreensão de que estamos frente a uma nova realidadeeducativa. - Educação para o Desenvolvimento Sustentável - Agenda 2030/ONU: Desde o primeiro momento, a PMSP e a SME adotaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS como compromisso a ser cumprido pela Cidade de São Paulo até 2030. Trata-se de um ambicioso conjunto de 17 objetivos com metas e ações específicas adotadas por 193 países-membros das Nações Unidas. Esses objetivos buscam “garantir uma vida sustentável, pacífica, próspera e equitativa na Terra, para todos, agora e no futuro” (UNESCO, 2017, p. 6), para assim conquistar o bem-estar de todos os cidadãos e a garantia da vida no planeta. - A DEMOCRACIA NA VIDA E NOS PROCESSOS EDUCATIVOS - Sob o ponto de vista legal, a gestão democrática aparece como princípio fundamental da educação na Constituição de 1988, e LDB 9.394/96. - Preceitos de John Dewey: a educação confunde-se com o processo de vida em sociedade e, portanto, “é um método fundamental de progresso e reformas sociais” (p. 15). L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m L ic en se d t o C as si a M ir an d a - ca ss ia a5 9@ g m ai l.c o m