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16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 Recently Read Close Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 Options Close Sign Out Language English - US Font Arial Text Size Line Spacing Color Scheme Color Labels Color Labels Back Untitled Untitled 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 Untitled Untitled Untitled Untitled Untitled SEÇÃO IV. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR TÍTULO I. DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR CAPÍTULO V. DAS PRÁTICAS COMERCIAIS SEÇÃO IV. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS SEÇÃO IV. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS 0 Seção IV 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 Das práticas abusivas Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; II – recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; VI – executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII – repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO; IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; XI – (Inciso XI acrescentado pela MP 1890-67/1999, transformado em inciso XIII quando da conversão na Lei 9.870/1999). * Na publicação oficial consta como inciso XIII. XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido; 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. I – DOUTRINA Elenco exemplificativo: A lista do art. 39 apresenta 12 hipóteses, com redação dada pelas Leis 8.884, de 11.06.1994; 9.008, de 21.03.1995; e 9.870, de 23.11.1999. O antigo inc. X do art. 39, o qual indicava ser a lista apenas exemplificativa, foi vetado pelo Presidente da República, sob alegação de que este inciso tornava a norma “imprecisa” e era inconstitucional, tendo em vista a sua “natureza penal”. Mesmo discordando dos argumentos usados para impor o veto, devemos concluir, em uma interpretação a contrario, que a lista de práticas abusivas do art. 39 com o veto tinha se tornado uma lista exaustiva, podendo ser apenas complementada por outras normas, do CDC ou de leis especiais. A Lei 8.884, de 11.06.1994, introduziu no caput a expressão “dentre outras práticas abusivas”, retornando a lista assim a ser exemplificativa, além das várias modificações introduzidas por outras leis. Código de conduta, códigos deontológicos e sobre prestação de serviços públicos: Tentando aproveitar o sucesso do CDC ou livrar-se dele justamente, vários códigos de conduta dos concessionários de serviços públicos foram sendo desenvolvidos e denominados de “código do usuário” ou “código do cliente bancário”, sendo que na ADIN 2.591(ADIN dos Bancos) foram considerados ilegais, porque estabeleciam norma de conduta e não norma de organização do sistema. Destacados pela imprensa e reproduzidos em comentários, não conseguem, porém, seu intento de retirar do campo de aplicação do CDC a relação de que cuidam, e, por sua baixa posição na hierarquia (geralmente portarias ministeriais e do BACEN), não são sequer realmente vinculantes para os fornecedores. Note-se que o CDC aplica-se de forma prioritária (lei de ordem pública e origem constitucional) a estas relações de consumo, e estas normas não podem “impedir” a aplicação do CDC, só complementá-la, se asseguram algum direito para o consumidor (art. 7.º do CDC). Trata-se, portanto, de fontes secundárias e somente auxiliares dos direitos dos consumidores, nunca limitadoras destes. Incisos Venda casada: Tanto o CDC como a Lei Antitruste proíbem que o fornecedor se prevaleça de sua superioridade econômica ou técnica para determinar condições negociais desfavoráveis ao consumidor. Assim, proíbe o art. 39, em seu inciso I, a prática da chamada venda “casada”, que significa condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço. O inciso ainda proíbe condicionar o fornecimento, sem justa causa, a limites quantitativos. A jurisprudência assentou que a prática de venda casada não pode ser tolerada, mesmo se há uma benesse para o consumidor incluída nesta prática abusiva, pois apenas os limites quantitativos é que podem ser valorados como justificados ou com justa causa. As cláusulas de fidelização em telefonia também passaram a ser analisadas sob a ótica da venda casada com o aparelho (REsp 1.097.582) Em 2012, o STJ consolidou o entendimento com um exemplo de 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 venda casada no Sistema Financeiro da Habitação: “Súmula 473 do STJ ‘O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada.’” Usos e costumes: No inc. II do art. 39, pela primeira vez o CDC menciona na fase pré-contratual a aplicação de “usos e costumes”, menção que acalma o espírito dos comercialistas e contratualistas mais tradicionais, pois os usos e costumes, no Brasil, são os comerciais desde 1916 (art. 1.807 do CC/1916) e geralmente são estabelecidos tendo em vista a superioridade econômica do fornecedor. Mas a segurança dos tradicionalistas acaba no inc. II do art. 39, pois, se interpretado sistematicamente com os arts. 30 e 35 do mesmo capítulo (Das práticas comerciais), pode levar à conclusão de que o CDC institui uma verdadeira obrigação de contratar para o fornecedor. O CC/2002 revigora os usos e costumes comerciais, e encontra aplicação nas relações entre dois comerciantes, hoje, dois empresários (art. 966). De qualquer maneira, em relaçõesde consumo prevalece o art. 39, II, do CDC. Interpretação sistemática. Dever de informar: Se “toda informação ou publicidade, suficientemente precisa”, segundo o art. 30, é oferta e vincula, e se o fornecedor não pode recusar dar cumprimento à oferta sem sofrer as consequências contratuais do art. 35, então, pelo art. 39, II, ele também não pode recusar-se a contratar se ainda tem estoque, isto é, na “medida de suas disponibilidades de estoque”. A conclusão pela existência de uma obrigação de contratar é um pouco forçada, mas é necessário esclarecer que o sistema do CDC não está muito longe desta obrigação, pois disciplina enormemente a fase pré- contratual da relação de consumo. Mas, em verdade, a norma do art. 39, II, deve ser interpretada conjuntamente com aquela do art. 41, referente ao tabelamento de preços. O tabelamento ou o controle de preços já é fato comum no país, tão comum que até o legislador já verificou que os produtos tabelados tendem a desaparecer do mercado e a permanecer retidos nos estoques dos fornecedores até o fim do congelamento. Manifestação prévia do consumidor: Nas vendas sem manifestação prévia do consumidor, este recebe o produto ou o serviço não requisitado e não tem como devolver o objeto ou não aceitar o serviço e se vê literalmente forçado a contratar. Estas táticas agressivas de venda ficam proibidas, de maneira muito inteligente, pelo inciso III do art. 39, combinado com o parágrafo único do art. 39 do CDC. A equiparação dos produtos enviados e dos serviços prestados, sem nenhuma solicitação do consumidor, a “amostras grátis” é uma solução inventiva, cujo fim é realmente acabar com este tipo de prática no mercado brasileiro. Vale lembrar aqui a noção de que as novas normas do Código assumem por vezes uma natureza mais operacional do que conceitual, como estávamos acostumados nas lições do grande Bevilaqua. Quanto à eficácia prática da norma do art. 39, III, não resta a menor dúvida, pode-se apenas discutir se outra solução não seria mais apropriada ao novo princípio geral de equidade e equilíbrio das relações entre fornecedor e consumidor. Enriquecimento sem causa: A única hipótese permitida de enriquecimento sem causa no CDC é a do art. 39, III, c.c. parágrafo único, o qual equipara a 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 amostras grátis os produtos e serviços enviados ao consumidor sem prévia solicitação. Venda por impulso: Proibidas pelo art. 39 encontram-se aquelas que se prevalecem da vulnerabilidade social ou cultural do consumidor. Segundo o inc. IV, é vedado ao fornecedor “prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir- lhe seus produtos ou serviços”. Muitas das chamadas técnicas de venda sob impulso confiam em seu sucesso em função, justamente, da vulnerabilidade do consumidor. Trataremos a seguir de algumas delas – a venda de porta-em-porta, a venda por reembolso postal e a venda por telefone –, que foram expressamente disciplinadas pelo CDC, instituindo este, inclusive, um novo direito de arrependimento do contrato. Idosos. Vulnerabilidade: As leis brasileiras de proteção ao consumidor realizam o mandamento constitucional do art. 5.º, XXXII, da CF/1988: o Estado protegerá os interesses do consumidor. Procura-se, assim, alcançar no mercado de consumo a igualdade material (art. 5.º, I, da CF/1988), o objetivo de proteção da dignidade da pessoa humana (art. 3.º, I, da CF/1988) e a garantia de liberdade de escolha dos cidadãos (art. 5.º, caput, da CF/1988). O aplicador da lei, atualizado e atento, deve estar consciente da potencialidade e da eficiência prática que estes novos direitos subjetivos do consumidor possuem. Trata-se de um sistema protetivo dos mais fracos na sociedade de consumo, que pode muito bem ser aplicado para a proteção das pessoas de mais idade ou os idosos. Efetivamente, o art. 230 da Constituição Federal brasileira identifica também a necessidade de “amparar as pessoas idosas (…) defendendo sua dignidade e bem-estar”. O grupo das pessoas maiores de 60 anos é definido pela Lei 10.741, de 1.º de outubro de 2003, como sendo de “idosos”. Apesar de o CDC não mencionar expressamente os idosos, o art. 39, IV, menciona expressamente a “fraqueza” relacionada à idade, da mesma forma que o art. 37 mencionava as crianças como um consumidor especial. A jurisprudência brasileira já identificou que a igualdade teórica de direitos e de chances entre consumidores “jovens” e consumidores “idosos” não estaria sendo realmente alcançada na contratação e na execução dos contratos de consumo, daí a preocupação em proteger de forma especial este grupo vulnerável. Efetivamente, e por diversas razões, há que se aceitar que o grupo dos idosos possui uma vulnerabilidade especial, seja pela sua vulnerabilidade técnica exagerada em relação a novas tecnologias (home-banking, relações com máquina, uso necessário da internet etc.); sua vulnerabilidade fática quanto à rapidez das contratações; sua saúde debilitada; a solidão de seu dia-a-dia, que transforma um vendedor de porta em porta, um operador de telemarketing, talvez na única pessoa com a qual tenham contato e empatia naquele dia; sem falar em sua vulnerabilidade econômica e jurídica, hoje, quando se pensa em um teto de aposentadoria único no Brasil de míseros 400 dólares para o resto da vida. Listas negras de consumidores: O art. 39, VII, proíbe ao fornecedor repassar informação depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos. Grifamos esta última parte para frisar que não estão proibidas as informações sobre os consumidores (bancos de dados e cadastros de consumidores, regulados no art. 43 e ss. do CDC), mas, sim, as chamadas “listas negras” de consumidores que reclamam e exigem seus direitos, agora 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 assegurados pelo CDC, ou de consumidores envolvidos em associações de proteção de consumidores etc. A Lei da Concorrência, Lei 8.884/1994, acrescentou como abusiva a prática de “recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento”, evitando assim discriminações no mercado, fora dos casos permitidos em leis especiais. Normas técnicas: Se existem normas expedidas por órgãos oficiais, ou pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo INMETRO, devem elas ser cumpridas, mesmo não sendo obrigatórias para o fornecedor específico. Nesse sentido, o CDC inclui no art. 39, em seu inc. VIII, como prática comercial abusiva, “colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo” com estas normas. A finalidade da norma é melhorar a qualidade de vida do brasileiro, melhorando a qualidade dos produtos que consome e dos serviços que são colocados à sua disposição. II – JURISPRUDÊNCIA Venda casada em publicidade infantil– Relógio Infantil só com 5 pacotes de bolachas – Publicidade abusiva infantil • Processual civil. Direito do consumidor. Ação civil pública. Violação do art. 535 do CPC. Fundamentação deficiente. Súmula 284/STF. Publicidade de alimentos dirigida à criança. Abusividade. Venda casada caracterizada. Arts. 37, § 2º, E 39, I, do Código de defesa do consumidor. 1. (…) 2. A hipótese dos autos caracteriza publicidade duplamente abusiva. Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção de venda de alimentos direcionada, direta ou indiretamente, às crianças. Segundo, pela evidente “venda casada”, ilícita em negócio jurídico entre adultos e, com maior razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o universolúdico infantil (art. 39, I, do CDC). 3. In casu, está configurada a venda casada, uma vez que, para adquirir/comprar o relógio, seria necessário que o consumidor comprasse também 5 (cinco) produtos da linha “Gulosos”. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1.558.086/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 2.ª T., j. 10.03.2016, DJe 15.04.2016). Venda casada – Benesse para o consumidor não “sana” nulidade da venda casada • Consumidor. Pagamento a prazo vinculado à aquisição de outro produto. “venda casada”. Prática abusiva configurada. 1. O Tribunal a quo manteve a concessão de segurança para anular auto de infração consubstanciado no art. 39, I, do CDC, ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a prazo da gasolina por ela comercializada à aquisição de refrigerantes, o que não ocorreria se tivesse sido paga à vista. 2. O art. 39, I, do CDC, inclui no rol das práticas abusivas a popularmente denominada “venda casada”, ao estabelecer que é vedado ao fornecedor “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”. 3. Na primeira situação descrita nesse dispositivo, a ilegalidade se configura pela vinculação de produtos e serviços de natureza distinta e usualmente comercializados em separado, tal como ocorrido na hipótese dos autos. 4. A 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 dilação de prazo para pagamento, embora seja uma liberalidade do fornecedor – assim como o é a própria colocação no comércio de determinado produto ou serviço –, não o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que vieram a reboque da massificação dos contratos na sociedade de consumo e da vulnerabilidade do consumidor. 5. Tais normas de controle e saneamento do mercado, ao contrário de restringirem o princípio da liberdade contratual, o aperfeiçoam, tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que é estimulado a contratar. 6. Apenas na segunda hipótese do art. 39, I, do CDC, referente aos limites quantitativos, está ressalvada a possibilidade de exclusão da prática abusiva por justa causa, não se admitindo justificativa, portanto, para a imposição de produtos ou serviços que não os precisamente almejados pelo consumidor. 7. Recurso Especial provido (STJ – REsp. 384.284/RS – 2.ª T. – rel. Min. Herman Benjamin – j. 20.08.2009). Venda casada – Ação coletiva – Telefonia – Possibilidade de dano moral coletivo • Administrativo e processual civil. Violação do art. 535 do CPC. Omissão inexistente. Ação civil pública. Direito do consumidor. Telefonia. Venda casada. Serviço e aparelho. Ocorrência. Dano moral coletivo. Cabimento. Recurso especial improvido. 1. Trata-se de ação civil pública apresentada ao fundamento de que a empresa de telefonia estaria efetuando venda casada, consistente em impor a aquisição de aparelho telefônico aos consumidores que demonstrassem interesse em adquirir o serviço de telefonia. 2. Inexiste violação ao art. 535, II do CPC, especialmente porque o Tribunal a quo apreciou a demanda de forma clara e precisa e as questões de fato e de direito invocadas foram expressamente abordadas, estando bem delineados os motivos e fundamentos que a embasam, notadamente no que concerne a alegação de falta de interesse de agir do Ministério Público de Minas Gerais. 3. É cediço que a marcha processual é orquestrada por uma cadeia concatenada de atos dirigidos a um fim. Na distribuição da atividade probatória, o julgador de primeiro grau procedeu à instrução do feito de forma a garantir a ambos litigantes igual paridade de armas. Contudo, apenas o autor da Ação Civil Pública foi capaz de provar os fatos alegados na exordial. 4. O art. 333 do Código de Processo Civil prevê uma distribuição estática das regras inerentes à produção de prova. Cabe ao réu o ônus da impugnação específica, não só da existência de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, como também da impropriedade dos elementos probatórios carreados aos autos pela ex adversa. Nesse ponto, mantendo-se silente o ora recorrido, correto o entendimento de origem, no ponto em que determinou a incidência do art. 334, II, do CPC e por consequência, ter recebido os documentos de provas do autor como incontroversos. 5. O fato de ter as instâncias de origem desconsiderado a prova testemunhal da recorrida – porquanto ouvida na qualidade de informante – não está apto a configurar cerceamento de defesa, pois a própria dicção do art. 405, § 4º, do CPC, permite ao magistrado atribuir a esse testemunho o valor que possa merecer, podendo, até mesmo, não lhe atribuir qualquer valor. 6. Não tendo o autor sido capaz de trazer aos autos provas concretas de sua escorreita conduta comercial, deve suportar as consequências desfavoráveis à sua inércia. Fica, pois, afastado possível violação aos arts. 267, VI, 333, II e 334, II do CPC. 7. A possibilidade de indenização por dano moral está prevista no art. 5º, inciso V, da Constituição Federal, não havendo restrição da 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 violação à esfera individual. A evolução da sociedade e da legislação têm levado a doutrina e a jurisprudência a entender que, quando são atingidos valores e interesses fundamentais de um grupo, não há como negar a essa coletividade a defesa do seu patrimônio imaterial. 8. O dano moral coletivo é a lesão na esfera moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito transindividual de ordem coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma a envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o dano é, na verdade, apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial de uma pessoa. 9. Há vários julgados desta Corte Superior de Justiça no sentido do cabimento da condenação por danos morais coletivos em sede de ação civil pública. Precedentes: EDcl no AgRg no AgRg no REsp 1440847/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2014, DJe 15.10.2014, REsp 1269494/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, 2.ª T., j. 24.09.2013, DJe 01.10.2013; REsp 1367923/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 27.08.2013, DJe 06.09.2013; REsp 1197654/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, 2.ª T., j. 01.03.2011, DJe 08.03.2012. 10. Esta Corte já se manifestou no sentido de que “não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso, que dê ensanchas à responsabilidade civil. Ou seja, nem todo ato ilícito se revela como afronta aos valores de uma comunidade. Nessa medida, é preciso que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva. (REsp 1.221.756/RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 10.02.2012). 11. A prática de venda casada por parte de operadora de telefonia é capaz de romper com os limites da tolerância. No momento em que oferece ao consumidor produto com significativas vantagens – no caso, o comércio de linha telefônica com valores mais interessantes do que a de seus concorrentes – e de outro, impõe-lhe a obrigação de aquisição de um aparelho telefônico por ela comercializado, realiza prática comercial apta a causar sensação de repulsa coletiva a ato intolerável, tanto intolerável que encontra proibição expressa em lei. 12. Afastar, da espécie, o dano moral difuso, é fazer tabula rasa da proibição elencada no art. 39, I, do CDC e, por via reflexa, legitimar práticas comerciais que afrontemos mais basilares direitos do consumidor. 13. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ, REsp 1.397.870/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, j. 02.12.2014, DJe 10.12.2014) Venda casada – Exigência de contratar pecúlio e seguro de vida para conceder empréstimo • Ação anulatória e revisional – Contratos de empréstimo, pecúlio e de seguro – Venda casada. As atividades que envolvem crédito constituem relação de consumo. Art. 3.º, § 2.º do CDC. Juros remuneratórios fixados em 12% ao ano. A exigência de contratar pecúlio e seguro de vida para a concessão de empréstimo, usualmente denominada “venda casada”, é prática expressamente vedada pelo art. 39, I, da Lei 8.078/1990. Compensação dos valores pagos. Apelos improvidos (TJRS – Ap. Cív. 70005954235 – rel. Des. Ana Maria Nedel Scalzilli – j. 16.10.2003). Venda casada – Seguro de vida – SFH 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 • SFH – Seguro habitacional – Contratação frente ao próprio mutuante ou seguradora por ele indicada – Desnecessidade – Inexistência de previsão legal – Venda casada. Discute-se neste processo se, na celebração de contrato de mútuo para aquisição de moradia, o mutuário está obrigado a contratar o seguro habitacional diretamente com o agente financeiro ou com seguradora por este indicada, ou se lhe é facultado buscar no mercado a cobertura que melhor lhe aprouver. O seguro habitacional foi um dos meios encontrados pelo legislador para garantir as operações originárias do SFH, visando a atender a política habitacional e a incentivar a aquisição da casa própria. A apólice colabora para com a viabilização dos empréstimos, reduzindo os riscos inerentes ao repasse de recursos aos mutuários. Diante dessa exigência da lei, tornou-se habitual que, na celebração do contrato de financiamento habitacional, as instituições financeiras imponham ao mutuário um seguro administrado por elas próprias ou por empresa pertencente ao seu grupo econômico. A despeito da aquisição do seguro ser fator determinante para o financiamento habitacional, a lei não determina que a apólice deva ser necessariamente contratada frente ao próprio mutuante ou seguradora por ele indicada. Ademais, tal procedimento caracteriza a denominada “venda casada”, expressamente vedada pelo art. 39, I, do CDC, que condena qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econômica ou técnica para estipular condições negociais desfavoráveis ao consumidor, cerceando-lhe a liberdade de escolha. Recurso especial não conhecido (STJ – 3.ª T. – REsp. 804.202/ MG – rel. Min. Nancy Andrighi – j. 19.08.2008). • Processual – Agravo regimental no recurso especial – SFH – Aplicação do CDC – Seguro habitacional cláusula que obriga a contratação da seguradora escolhida pelo agente financeiro – Afastamento da imposição – Fundamento não impugnado. I – Já não se discute a incidência do CDC nos contratos relacionados com o SFH (REsp 493.354/ Menezes Direito, REsp 436.815/Nancy Andrighi, Ag 538.990/Sálvio). II – Correta a decisão que não conhece do recurso, na parcela em que não se impugna especificamente o fundamento legal utilizado pelo Tribunal de origem, para afastar cláusula contratual que obriga o mutuário do SFH a contratar a seguradora escolhida pelo agente financeiro (STJ – AgRg no REsp 876.837/MG – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – 3.ª T.,– j. 04. 12. 2007 – DJ 14. 12. 2007 – p. 404). Jurisprudência consolidada: Súmula 473 do STJ: “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada”. Venda casada – Exigência de contratar seguro obrigatório no SFH não é venda casada per se – Abusividade na indicação de seguradora ou da contratação diretamente com o agente financeiro – Diálogo das fontes – Art. 39, I • Recurso especial repetitivo – Sistema Financeiro da Habitação – Taxa referencial (TR) – Legalidade – Seguro habitacional – Contratação obrigatória com o agente financeiro ou por seguradora por ele indicada – Venda casada configurada. 1. Para os efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1. No âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, a partir da Lei 8.177/91, é permitida a utilização da Taxa Referencial (TR) como índice de correção monetária do saldo devedor. Ainda que 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 o contrato tenha sido firmado antes da Lei 8.177/91, também é cabível a aplicação da TR, desde que haja previsão contratual de correção monetária pela taxa básica de remuneração dos depósitos em poupança, sem nenhum outro índice específico. 1.2. É necessária a contratação do seguro habitacional, no âmbito do SFH. Contudo, não há obrigatoriedade de que o mutuário contrate o referido seguro diretamente com o agente financeiro, ou por seguradora indicada por este, exigência esta que configura “venda casada”, vedada pelo art. 39, inciso I, do CDC (STJ – 2.ª Sessão – Repetitivo – Resp. 969.129-MG – rel. Min. Felipe Salomão – j. 09.12.2009). Venda casada – Exigência de contratar seguro em leasing não é venda casada per se – Seguro beneficia consumidor pela atipicidade do contrato de arrendamento mercantil – Diálogo das fontes com as regras do CC/2002– Art. 39, I • Ação civil pública – Contrato de arrendamento mercantil leasing – Cláusula de seguro – Abusividade – Inocorrência. 1. Não se pode interpretar o Código de Defesa do Consumidor de modo a tornar qualquer encargo contratual atribuído ao consumidor como abusivo, sem observar que as relações contratuais se estabelecem, igualmente, através de regras de direito civil. 2. O CDC não exclui a principiologia dos contratos de direito civil. Entre as normas consumeristas e as regras gerais dos contratos, insertas no Código Civil e legislação extravagante, deve haver complementação e não exclusão. É o que a doutrina chama de Diálogo das Fontes. 3. Ante a natureza do contrato de arrendamento mercantil ou leasing, em que pese a empresa arrendante figurar como proprietária do bem, o arrendatário possui o dever de conservar o bem arrendado, para que ao final da avença, exercendo o seu direito, prorrogue o contrato, compre ou devolva o bem. 4. A cláusula que obriga o arrendatário a contratar seguro em nome da arrendante não é abusiva, pois aquele possui dever de conservação do bem, usufruindo da coisa como se dono fosse, suportando, em razão disso, riscos e encargos inerentes a sua obrigação. O seguro, nessas circunstâncias, é garantia para o cumprimento da avença, protegendo o patrimônio do arrendante, bem como o indivíduo de infortúnios. 5. Rejeita-se, contudo, a venda casada, podendo o seguro ser realizado em qualquer seguradora de livre escolha do interessado. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido (STJ – REsp 1.060.515/DF – rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro (desembargador convocado do TJAP) – 4.ª T. – j. 04. 05. 2010 – DJe 24. 05. 2010). Não é venda casada prática de previdência privada de mútuo somente para segurados • Recurso especial. Civil. Previdência privada aberta. Negativa de prestação jurisdicional. Inexistência. Ação revisional de mútuo cumulada com cancelamento de plano de pecúlio e de seguro de pessoas. Venda casada. Não configuração. Auxílio financeiro. Contratação. Vinculação a plano previdenciário e a seguro do ramo vida. Necessidade. Imposição legal. Restrição do empréstimo. Qualidade de participante ou de segurado. 1. Cinge-se a controvérsia a saber se caracteriza venda casada a exigência da entidade aberta de previdência complementar e da sociedade seguradora de condicionar ao interessado a concessão de assistência financeira(mútuo) à adesão a um plano de benefícios (pecúlio por morte) ou a um 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 seguro de pessoas. 2. Para o interessado adquirir assistência financeira de um ente de previdência privada aberta ou de uma seguradora, é condição essencial ser titular de um plano de benefícios ou de um seguro do ramo vida (art. 71, caput e parágrafo único, da Lei Complementar 109/2001 e Circular/Susep 206/2002 – hoje Circular/Susep 320/2006). 3. Há venda casada quando o fornecedor condiciona a aquisição de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, sendo prática abusiva e vedada no mercado de consumo (art. 39, I, do CDC). 4. Por determinação legal, as entidades abertas de previdência complementar e as sociedades seguradoras somente podem realizar operações financeiras com seus participantes ou segurados. Assim, não há venda casada quando é imposto ao contratante a condição de participação no plano de benefícios (pecúlio) ou no seguro de pessoas com o objetivo de ter acesso ao mútuo, sendo ausente qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de eventual superioridade econômica ou técnica para estipular condições negociais desfavoráveis ao consumidor, cerceando-lhe a liberdade de escolha. Precedente da Quarta Turma. 5. Resulta da ordem jurídica que o plano de previdência complementar ou o seguro de pessoas não pode ser cancelado enquanto não forem quitadas todas as contraprestações relativas às assistências financeiras concedidas ao titular. 6. O auxílio financeiro é um benefício atípico dos entes de previdência privada aberta e das companhias seguradoras, constituindo atividade excepcional e acessória e não atividade fim. 7. A pretensão de rescindir o plano previdenciário ou o seguro após a obtenção do mútuo a juros mais baixos que os de mercado beira às raias da má-fé, pois implica a consecução de condições vantajosas pelo interessado sem a necessária contrapartida e em detrimento dos demais segurados ou participantes do fundo mútuo. Ora, a tão só contratação do mútuo está disponível e pode ser feita em qualquer instituição financeira típica. 8. O descumprimento das normas expedidas pelos órgãos governamentais, a exemplo da concessão de empréstimos irregulares a quem não ostenta a condição de participante ou de segurado, sujeitará a entidade aberta de previdência complementar ou a sociedade seguradora bem como seus administradores a sanções legais (art. 4º da Circular/Susep 206/2002, hoje art. 16 da Circular/Susep 320/2006). 9. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1.385.375/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 3.ª T., j. 17.05.2016, DJe 23.05.2016) • Recurso especial. Previdência complementar. Entidade aberta. Operações financeiras. Possibilidade. Juros remuneratórios. Abusividade. Não existência. Capitalização dos juros. Medida Provisória 2.170-36/2001 ausência de previsão contratual. Contrato de pecúlio. “venda casada”. Inexistência. 1. As entidades abertas de previdência complementar podem realizar operações financeiras com seus patrocinadores, participantes e assistidos (Lei Complementar 109/2001, art. 71, parágrafo único), hipótese em que ficam submetidas ao regime próprio das instituições financeiras. Precedentes da 2ª Seção. 2. O contrato de plano de pecúlio, celebrado com a finalidade de concretizar a filiação aos quadros de entidade aberta de previdência complementar, constitui-se em requisito para a concessão do empréstimo ao interessado e, portanto, não se enquadra na vedação à “venda casada” de que trata o art. 39, inc. I, da Lei 8.078/90. 3. “A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 efetiva anual contratada” (RESP 973.827/RS, julgado pela 2ª Seção sob o rito dos recursos repetitivos). Hipótese em que a capitalização de juros não foi prevista no contrato. 4. Recurso especial conhecido em parte e parcialmente provido. (STJ, REsp 861.830/ RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4.ª T., j. em 05.04.2016, DJe 13.04.2016) Não é venda casada venda de hardware com software instalado – Notebook com programas • Agravo regimental no agravo em Recurso especial. Consumidor Ação de ressarcimento cumulada com danos morais. Venda de notebook com sistema operacional previamente instalado. Venda casada. Não configurada. Reexame fático-probatório. Súmula 7/STJ. Decisão mantida. Agravo regimental a que se nega provimento. 1. O Tribunal de origem, ao afastar a ocorrência de “venda casada”, e assim, afastou também a abusividade da prática comercial, amparou-se no acervo probatório dos autos. A análise das razões recursais e a reforma do aresto hostilizado, com a desconstituição de suas premissas, como pretende o agravante, demandaria necessariamente no reexame de provas. Incidência da Súmula 7/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, AgRg no AREsp 623.034/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª T., j. 07.04.2015, DJe 10.04.2015) Venda casada entre serviço e aparelho de telefonia – Nulidade da cláusula de fidelização de serviço de telefonia – Aparelho em comodato – Prazos diferenciados • Recurso especial – Ação de rescisão de contrato de prestação de serviços de telefonia móvel e de comodato de aparelhos celulares – Exclusão de multa por inobservância do prazo de carência – Sentença de improcedência – Acolhimento do pleito recursal da autora pela corte a quo – Reconhecimento, no aresto estadual, de nulidade da cláusula de “fidelização”, por configurar “venda casada” – Insurgência da concessionária de telefonia. 1. Contratação simultânea de prestação de serviços de telefonia móvel e de “comodato” de aparelhos celulares, com cláusula de “fidelização”. Previsão de permanência mínima que, em si, não encerra “venda casada”. 2. Não caracteriza a prática vedada pelo art. 39, I, do CDC, a previsão de prazo de permanência mínima (“fidelização”) em contrato de telefonia móvel e de “comodato”, contanto que, em contrapartida, haja a concessão de efetivos benefícios ao consumidor (v.g. custo reduzido para realização de chamadas, abono em ligações de longa distância, baixo custo de envio de “short message service – SMS”, dentre outras), bem como a opção de aquisição de aparelhos celulares da própria concessionária, sem vinculação a qualquer prazo de carência, ou de outra operadora, ou mesmo de empresa especializada na venda de eletroportáteis. 3. Superado o fundamento jurídico do acórdão recorrido, cabe a esta Corte Superior de Justiça julgar a causa, aplicando o direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ e da Súmula 456/STF. 4. Em que pese ser possível a fixação de prazo mínimo de permanência, na hipótese dos autos, o contrato de “comodato” de estações móveis entabulado entre as partes estabeleceu a vigência por 24 (vinte e quatro) meses, distanciando-se das determinações regulamentares da Anatel (Norma Geral de Telecomunicações 23/1996 e Res. 477/2007), de ordem a tornar tal estipulação, inequivocamente, abusiva, haja vista atentar contra 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 a liberdade de escolha do consumidor, direito básico deste. 5. Recurso especial desprovido. (STJ – REsp 1.097.582/MS – rel. Min. Marco Buzzi – 4.ª T. – j. 19.03.2013 – DJe 08.04.2013). Não são abusivos limites quantitativosem serviço público de água – Tarifa progressiva ou diferenciada – Interesse da coletividade e ações afirmativas • Administrativo – Serviço Público – Taxa de Água – Cobrança de Tarifa – Progressividade – Legalidade – Precedentes. 1. É lícita a cobrança de tarifa de água, em valor correspondente ao consumo mínimo presumido mensal. 2. A Lei 8.987/95, que trata, especificamente, do regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos autoriza a cobrança do serviço de fornecimento de água, de forma escalonada (tarifa progressiva), de acordo com o consumo. Cuida- se de norma especial que não destoa do art. 39, I, do CDC que, em regra, proíbe ao fornecedor condicionar o fornecimento de produtos ou serviços a limites quantitativos. Tal vedação não é absoluta, pois o legislador, no mesmo dispositivo, afasta essa proibição quando houver justa causa. Agravo regimental improvido (STJ – AgRg no REsp 873.647/RJ – rel. Min. Humberto Martins – 2.ª T. – j. 06. 11. 2007 – DJ 19. 11. 2007 – p. 219). • Administrativo – Fornecimento de água – Política tarifária. 1. A política de tarifação dos serviços públicos concedidos, prevista na CF (art. 175), foi estabelecida pela Lei 8.987/95, com escalonamento na tarifação, de modo a pagar menos pelo serviço o consumidor com menor gasto, em nome da política das ações afirmativas, devidamente chanceladas pelo Judiciário (precedentes desta Corte). (REsp 759.362/RJ – rel. Min. Eliana Calmon – 2.ª T. – DJ 29.06.2006 – p. 184). 2. Agravo Regimental não provido (STJ – AgRg no Ag 870.429/RJ – rel. Min. Herman Benjamin – 2.ª T. – j. 06. 09. 2007 – DJ 07. 02. 2008 – p. 304). • Jurisprudência consolidada: Súmula 407 do STJ: “É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo”. Serviço de fornecimento de água – Necessidade de adequação entre fornecimento e valor cobrado – Prática abusiva em caso de não proporcionalidade • Prestação de serviços. Fornecimento de água. Ação declaratória de inexistência de débito c/c obrigação de fazer improcedente. Resíduo de submedidores. Cobrança prevista em lei municipal. Natureza jurídica de tarifa. Necessidade de correspondência entre a cobrança e aquilo que efetivamente foi consumido. Exigência abusiva. Afronta ao art. 39, V do CDC. Restituição de forma simples. Recurso parcialmente provido. (TJSP, APL 0002831-77.2013.8.26.0224; Ac. 9257391; Guarulhos; Trigésima Terceira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Luiz Eurico; j. 07.03.2016; DJESP 14.03.2016) Não oferta de crédito em razão de origem indígena – Prática abusiva 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 • Apelação cível. Responsabilidade civil. Relação de consumo. Recusa de crédito a consumidora indígena em razão de sua origem. Legitimidade passiva do estabeleci mento comercial e da financeira. Relação jurídica evidenciada. Solidariedade. Prática abusiva e discriminatória. Art. 39, inciso II, do CDC. Dever de indenizar. Dano moral in re ipsa. Manutenção do quantum indenizatório. Observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Termo inicial dos juros de mora. Citação (art. 405 do Código Civil). Correção, de ofício. Recursos desprovidos. (TJPR, ApCiv 1345336-4; Curitiba; Oitava Câmara Cível; Rel. Des. Marcos S. Galliano Daros; j. 03.03.2016; DJPR 30.03.2016; p. 426) Não são abusivos potenciais quantitativos em serviço público de energia elétrica – Tarifa binômia por disponibilização e demanda – Interesse social e altos custos e investimentos • Processual civil e administrativo – Tarifa de energia elétrica – Regime de tarifa binômia – Taxa de demanda – Cobrança abusiva – Não ocorrência. 1. A prestação de serviço de energia elétrica aos usuários chamados “Grupo A” – os ligados em tensão igual ou superior a 2.300 volts – é tarifada com base no binômio: demanda de po tência disponibilizada e energia efetivamente medida e consumida. 2. Não é abusiva a cobrança pela disponibilização de um potencial de energia aos usuários, fato que, na verdade, determina o equilíbrio contratual, já que a operação envolve altos cus tos e investimentos. Precedentes: REsp 609.332/SC – rel. Min. Eliana Calmon – DJ 05.09.2005; REsp 1.097.770/RS – rel. Min. Francisco Falcão – DJe 30.04.2009; AgRg no REsp 1.089.062/SC – rel. Min. Eliana Calmon – DJe 22.09.2009. 3. Agravo regi mental não provido. (STJ – AgRg no REsp 1.121.617/PR – rel. Min. Castro Meira – 2.ª T. – j. 14.04.2011 – DJe 27.04.2011). Prática na devolução ao consumidor – Cláusula abusiva autorizando – Condicionar o prazo da entrega a pontualidade outros consumidores – Parcelar valor perdas e danos em dez anos – “Venda casada” na devolução • Rescisão contratual C.C. – Perdas e danos – Direito do consumidor – Contrato particular de compra e venda – Imóvel comercial – Pagamento integral do preço – Atraso na entrega – Cláusulas abusivas – Nulidade – Procedência – Decisão confirmada. 1. A Lei 8.078/1990 introduziu importantes modificações nos direitos das obrigações e contratual, restringindo, mediante normas de ordem pública, os princípios clássicos da ampla autonomia de vontades e da irrestrita liberdade contratual, permitindo que o Estado-juiz se insira na relação de consumo, para proporcionar a igualdade real entre os contratantes, ao evitar abusos cometidos contra o consumidor, que é sempre a parte vulnerável (art. 4.º, I, CDC). 2. A cláusula contratual que permite a prorrogação da entrega da obra, em razão do atraso no pagamento das prestações de mais de 30% dos demais adquirentes do empreendimento, é abusiva, porque transfere a responsabilida de da construtora a terceiros, além de impor ao consumidor desvantagem exagerada, rompendo o equilíbrio econômico-financeiro do contrato (art. 51, III, IV, IX e XV do CDC). 3. A cláusula contratual que predetermina o valor das perdas e danos, em caso de rescisão contratual, condicionando a devolução dos valores por intermédio de carta de crédito, para ser utilizada na aquisição de outro imóvel da construtora, ou ao parcelamento do débito, em dez anos, é iníqua, porque viola o art. 6.º, VI, do 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 CDC, que assegura o direito à efetiva e integral reparação dos danos sofridos pelo consumidor (TJPR – 2.ª Câm – rel. Des. Acáccio Cambi – j. 17.10.2001). Disque 900 – Telessexo – Direito ao bloqueio – Necessária prévia solicitação do serviço • Telefone – Serviço “900-disque prazer” – Código de Defesa do Consumidor. O serviço “900” é oneroso e somente pode ser fornecido mediante prévia solicitação do titular da linha telefônica. Recurso conhecido e provido (STJ – 4.ª T. – REsp 258.156/ SP – rel. Des. Min. Ruy Rosado de Aguiar – j. 21.09.2000). Telessexo internacional – Ônus de provar uso do serviço e quantidade é do fornecedor – Inscrição no CADIN – Dano moral • Civil e processual – Cobrança de ligações para “telessexo” – Oferecimento de serviço ou produto estranho ao contrato de telefonia sem anuência do usuário – Invalidade – Ônus da prova positiva do fato atribuível à empresa concessionária – Inscrição da titular da linha telefônica no CADIN – Danos morais – Código de Defesa do Consumidor, arts. 6.º, VIII, e 31 [sic, 39], III. I – O “produto” ou “serviço” não inerente ao contrato de prestação de telefonia ou que não seja de utilidade pública, quando posto à disposição do usuário pela concessionária – caso do “telessexo” –, carece de prévia autorização, inscrição ou credenciamento do titular da linha, em respeito à restrição prevista no art. 31 [sic, 39], III, do CDC. II – Sustentado pela autora não ter dado a aludida anuência, cabe à companhia telefônica o ônus de provar ofato positivo em contrário, nos termos do art. 6.º, VIII, da mesma Lei 8.078/90, o que inocorreu. III – Destarte, se afigura indevida a cobrança de ligações nacionais ou internacionais a tal título, e, de igual modo, ilícita a inscrição da titular da linha como devedora em cadastro negativo de crédito, gerando, em contrapartida, o dever de indenizá-la pelos danos morais causados, que hão de ser fixados com moderação, sob pena de causar enriquecimento sem causa. IV – Recurso especial conhecido e provido em parte (STJ – 4.ª T. – REsp 265.121/ RJ – rel. Min. Aldir Passarinho Junior – j. 04.04.2002 – RDC 45/322). • Prestação de serviços – Telessexo DDI – Empresas estrangeiras fornecedoras do serviço se submetem à lei brasileira, notadamente o Código de Defesa do Consumidor, que veda a prestação de serviço sem a solicitação prévia – Inaplicabilidade do art. 129 do Código Civil [CC/1916; art. 107 do CC/2002] – Inteligência dos arts. 1.º, 39, III e parágrafo único da Lei 8.078/1990 (1.º TACivSP – rel. Juiz Antonio de Pádua Ferraz – j. 24.11.1998 – RT 765/231). Venda de telefone – Preço excessivo – Consumo • Apelação cível – CRT – Venda de terminal telefônico vinculada a compra simultânea de ações – Preço – Aplicação dos princípios normativos da boa-fé e da confiança – Preli minares – Impossibilidade jurídica inconfigurada – Legitimidade ad causam inocorrente – Fixação de preço excessivo – Preço do dia – Uniformização de jurisprudência. A venda de telefones no mercado, apesar de vinculada a ações, não se submete à disciplina da Lei 6.404/1976, tendo-se em vista cuidar-se de “contrato de adesão”, típica relação de consumo. Embora o 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 pedido seja certo, é possível sua solução por conversão a indenização por danos. Dificuldades do credor não têm o condão de configurar a impossibilidade jurídica do pedido. Não há legitimação ad causam de pessoa jurídica constituída após a ocorrência dos fatos indicados como formadores do direito plei teado, com exclusão de sua responsabilidade por fatos anteriores. A uniformização de jurisprudência não pode implicar em violação ao livre convencimento do juiz, deve obedecer princípios de conveniência e oportunidade e depende de demonstração explícita da ocorrência da divergência. Estratégia que ignora a prática usual do mercado, inclusive, dado o exagero, até mesmo a lei das sociedades por ações, qual seja fixação de preço excessivo às ações emitidas para aumento de capital, superior à razão de dez vezes o preço do mercado, configura violação aos princípios da boafé e da confiança, que devem permear os negócios jurídicos. Caso em que deve ser desconsiderada a disposição da assembleia e tomado como válido o preço do dia da assinatura do contrato. Apelação provida (TJRS – 11.ª Câm. – Ap. Cív. 70001348564 – rel. Des. Roque Miguel Frank – j. 07.03.2001). Café em supermercado – Limitação quantitativa – Prática abusiva se não há justa causa • Direitos do consumidor – Aquisição de café em supermercado – Limitação quan titativa – Publicidade. Com efeito, na medida em que a regra geral, disposta no art. 39, I, do citado diploma legal, veda ao fornecedor condicionar a venda de produtos a limites dessa natureza, salvo justa causa, quando houver exceção à norma, deve o público ser devidamente alertado, sob pena de a propaganda ser considerada enga nosa por omissão. Todavia, não há como vislumbrar a ocorrência de danos morais na situação em exame. Na verdade, as diversas providências tomadas pelo demandante, como o comparecimento à delegacia e o ingresso no Judiciário, são as habitualmente utilizadas por aqueles que possuem um direito violado, as quais, embora reconheci damente desagradáveis, não podem ser consideradas, por si sós, como geradoras de danos morais, sob pena da banalização do instituto ora tutelado. Verba honorária. Afora a redefinição do decaimento de cada litigante, foi fixada em excesso (15 URH), considerada a singeleza da causa, envolvendo relação de consumo, que, a rigor, não permitiria a intervenção de terceiros (art. 88 do CDC). Denunciação da lide. Indevida condenação da denunciada (…), relativamente ao (…), que foi citado na condição de litisconsorte necessário, por expressa disposição de lei. Ônus sucumbencial que deve ser atribuído ao supermercado, relativamente a ambos os partícipes do polo passivo da denunciação. Apelação parcialmente provida. Voto vencido (TJRS – 10.ª Câm. – Ap. Cív. 70000966085 – rel. Des. Jorge Alberto Schreiner Pestana – j. 20.12.2001). Limites quantitativos não mencionados na publicidade – Venda de 50 pacotes de café a um só consumidor – Justa causa se é todo o estoque da loja • Recurso especial – Código de Defesa do Consumidor – Dano moral – Venda de produto a varejo – Restrição quantitativa – Falta de indicação na Oferta – Dano moral – Inocorrência – Quantidade exigida incompatível com o consumo pessoal e familiar – Abor recimentos que não configuram ofensa à dignidade ou ao foro 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 íntimo do consumidor. 1. A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material. 2. Os aborrecimentos vivenciados pelo consumidor, na hipótese, devem ser interpretados como “fatos do cotidiano”, que não extrapolam as raias das relações comerciais, e, portanto, não podem ser entendidos como ofensivos ao foro íntimo ou à dignidade do cidadão. Recurso especial, ressalvada a terminologia, não conhecido (STJ – REsp. 595.734/RS – rel.p/Ac. Min. Castro Filho – j. 02.08.2005). Produto para cura do câncer – Aproveitar-se da vulnerabilidade do consumidor – Pratica abusiva – Art. 39, V, CDC • Recurso especial. Direito do consumidor. Ação indenizatória. Propaganda en ganosa. Cogumelo do sol. Cura do câncer. Abuso de direito. Art. 39, inciso IV, do CDC. Hipervulnerabilidade. Responsabilidade objetiva. Danos morais. Indenização devida. Dissídio jurisprudencial comprovado. 1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor ludibriado por propaganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor de obter informações claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura de doenças malignas, dentre outras funções. 2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito de características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração. 3. A propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado de perigo (art. 156 do Código Civil). 4. A vulnerabilidade informacional agra vada ou potencializada, denominada hipervulnerabilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilíbrio entre as partes. 5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumidor. 6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso especial provido. (REsp 1.329.556/SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, Terceira Turma, j. 25.11.2014, DJe 09.12.2014) Assinatura de revistas não solicitada – Prática abusiva que caracteriza dano moral, sobretudo tratando-se de consumidor idoso • Recurso especial – Responsabilidade civil – Ação de indenização por danos ma teriais e morais – Assinaturas de revistas não solicitadas – Reiteração – Débito lançado indevidamente no cartão de crédito – Dano moral configurado – Arts. 3.º e 267, VI, do CPC – Ausência de prequestionamento – Súmulas STF/282 e 356 – Quantum indenizatório – Revisão obstada em face da proporcionalidade e razoabilidade. I – Para se presumir o dano moral pela simples comprovação do ato ilícito, esse ato deve ser objetivamente capaz de acarretar a dor, o sofrimento, a lesão aos sentimentos íntimos juridicamente protegidos. II – A reiteração de assinaturas de revistas não solicitadas é conduta considerada pelo Código de 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 Defesa do Consumidor como prática abusiva (art. 39, III). Esse fato e os incômodos decorrentes das providências notoriamente dificultosas para o cancelamento significam sofrimento moral de monta, mormente em se tratando de pessoa de idade avançada, próxima dos 85 anos de idade à época dos fatos, circunstância que agrava o sofrimento moral. III – O conteúdo normativo dos arts. 3.º e 267, VI, do CPC, não foi objeto de debate no v. Acórdão recorrido, carecendo, portanto, do necessário prequestionamento viabilizador do Recurso Especial. Incidem, na espécie, as Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. IV – Só é possível a intervenção desta Corte para reduzir ou aumentar o valor indenizatório por dano moral nos casos em que o quantum arbitrado pelo Acórdão recorrido se mostrar irrisório ou exorbitante, situação que não se faz presente no caso em tela. Recurso Especial improvido (STJ – REsp 1.102.787/PR – rel. Min. Sidnei Beneti – 3.ª T. – j. 16. 03. 2010 – DJe 29. 03. 2010). Ilícito – Envio de cartão de crédito não solicitado – Danos morais – Risco e ônus de prova do fornecedor • Recurso especial – Consumidor – Ação civil pública – Envio de cartão de crédito não solicitado – Prática comercial abusiva – Abuso de direito configurado. 1. O envio do cartão de crédito, ainda que bloqueado, sem pedido pretérito e expresso do consumidor, caracteriza prática comercial abusiva, violando frontalmente o disposto no art. 39, III, do Código de Defesa do Consumidor. 2. Doutrina e jurisprudência acerca do tema. 3. Recurso Especial provido. (STJ – REsp 1.199.117/SP – rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino – 3.ª T. –j. 18.12.2012 – DJe 04.03.2013). • Responsabilidade civil – Remessa de cartão de crédito sem solicitação do consumidor – Prática abusiva – Indevida cobrança de faturas mensais – Ausência de prova da anuência e utilização do cartão pelo consumidor – Dano moral configurado – Nexo causal – Montante indenizatório. 1. Apresenta-se ilegal o procedimento do banco que envia cartão de crédito ao consumidor sem a prévia solicitação. Termo de Compromisso originado no Ministério da Justiça. Prática abusiva – CDC, art. 39, III. Procedimento que colore a figura do ilícito, ensejando reparação por danos morais. Nexo causal configurado. 2. A fixação do montante indenizatório a título de dano moral segue critérios subjetivos do juiz, e deve ser consentâneo à realidade dos fatos. Proveram o apelo (TJRS – 10.ª Câm. – Ap. Cív. 70004903480/RS – rel. Des. Paulo Antônio Kretzmann – j. 02.10.2003). • Consumidor – Cobrança indevida – Envio de cartão de crédito sem solicitação – Não utilização pela parte-autora – Faturas indevidamente cobradas – Dano moral configurado – Multa minorada. 1. Incontroversa pelos documentos anexados aos autos a remessa do cartão de crédito pelo recorrente para a parte-autora (sem solicitação), bem como a emissão de fatura cobrando tarifas indevidas. Tal conduta adotada pelo demandado é evidentemente abusiva, encontrando-se vedada pelo art. 39, III, do CDC. 2. Assim, presentes o nexo causal entre a conduta indevida da demandada e o dano experimentado pela parte-autora, configurado o dever de indenizar. 3. Em se tratando de decisão que impõe obrigação de fazer, é cabível a fixação de multa diária para o caso de descumprimento, nos termos do art. 461, § 4.º do CPC. Valor que se mostra excessivo no caso em tela, devendo ser reduzido para R$ 50,00 multa diária limitada em 30 dias. Recurso da demandada provido 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 em parte e recurso da parte-autora provido. Unânime (TJRS – 3.ª T. Rec. Civ. – ReIn 71002462653 – rel. Des. Jerson Moacir Gubert – j. 25.02.2010). Jurisprudência consolidada: Súmula 532 do STJ “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”. Idoso – Envio não solicitado de cartão de crédito – Dificuldades para o consumidor – Dano moral • Recurso especial – Responsabilidade civil – Ação de indenização por danos mo rais – Envio de cartão de crédito não solicitado e de faturas cobrando anuidade – Dano moral configurado. I – Para se presumir o dano moral pela simples comprovação do ato ilícito, esse ato deve ser objetivamente capaz de acarretar a dor, o sofrimento, a lesão aos sentimentos íntimos juridicamente protegidos. II – O envio de cartão de crédito não solicitado, conduta considerada pelo Código de Defesa do Consumidor como prática abusiva (art. 39, III), adicionado aos incômodos decorrentes das pro vidências notoriamente dificultosas para o cancelamento cartão causam dano moral ao consumidor, mormente em se tratando de pessoa de idade avançada, próxima dos cem anos de idade à época dos fatos, circunstância que agrava o sofrimento moral. Recurso Especial não conhecido (STJ – REsp 1.061.500/RS – rel. Min. Sidnei Beneti – 3.ª T. – j. 04.11.2008 – DJe 20.11.2008). Educação – Colação de grau – Art. 39, V – Vantagem excessiva • Estabelecimento de ensino – Nível superior – Aluno que obtém aprovação no curso mas é impedido de colar grau em razão do inadimplemento das mensalidades escolares – Inadmissibilidade – Crédito em atraso que deve ser cobrado pelas vias legais. Ementa Oficial: A instituição de ensino não pode valer- se do inadimplemento do aluno para lhe negar a colação de grau, cujo direito emana de sua aprovação no curso. O crédito referente às mensalidades atrasadas deve ser cobrado pelas vias legais, vedado cons tranger o aluno com a proibição de colar grau (TAMG – 4.ª Câm. – Ap. Cív. 263.767-4 – rel. Juiz Tibagy Salles – j. 10.03.1999 – RT 769/388). Vantagem excessiva – Taxa de administração em consórcio repassando deveres profissionais – Abusividade • Direito civil e do consumidor – Contrato de consórcio para aquisição de veículo – CDC – Incidência – Taxa de administração – Juros remuneratórios embutidos – Abusividade. Aplica-se o CDC aos negócios jurídicos realizados entre as empresas administradoras de consórcios e seus consumidores-consorciados. Precedentes. À taxa de administração de consórcios não podem ser embutidos outros encargos que não aqueles inerentes à remuneração da administradora pela formação, organização e administração do grupo de consórcio (art. 12, § 3.º da Circular do BACEN 2.766/97). Se houver cláusula contratual que fixe a taxa de administração em valor que exceda ao limite legal previsto no art. 42 do Dec. 70.951/72, estará caracterizada a prática abusiva da administradora de consórcio, 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2o que impõe a exclusão do percentual que sobejar ao estipulado na referida Lei. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido (STJ – REsp 541.184/PB – rel. Min. Nancy Andrighi – 3.ª T. – j. 25.04.2006 – DJ 20.11.2006 – p. 300) Nota: Veja sobre sistema de consórcio, arts. 1 a 5 da Lei 11.795/2008 e seus arts. 16 e 21. Valores diferenciados para pagamento do preço em dinheiro, cartão de crédito ou cheque caracteriza prática abusiva – Redução de riscos para o fornecedor cujo custo é repassado ao consumidor • Recurso especial – Ação coletiva de consumo – Cobrança de preços diferenciados pra venda de combustível em dinheiro, cheque e cartão de crédito – Prática de consumo abusiva – verificação – Recurso especial provido. I – Não se deve olvidar que o pagamento por meio de cartão de crédito garante ao estabelecimento comercial o efetivo adimplemento, já que, como visto, a administradora do cartão se responsabiliza integralmente pela compra do consumidor, assumindo o risco de crédito, bem como de eventual fraude; II – O consumidor, ao efetuar o pagamento por meio de cartão de crédito (que só se dará a partir da autorização da emissora), exonera-se, de imediato, de qualquer obrigação ou vinculação perante o fornecedor, que deverá conferir àquele plena quitação. Está-se, portanto, diante de uma forma de pagamento à vista e, ainda, pro soluto” (que enseja a imediata extinção da obrigação); III – O custo pela disponibilização de pagamento por meio do cartão de crédito é inerente à própria atividade econômica desenvolvida pelo empresário, destinada à obtenção de lucro, em nada referindo-se ao preço de venda do produto final. Imputar mais este custo ao consumidor equivaleria a atribuir a este a divisão de gastos advindos do próprio risco do negócio (de responsabilidade exclusiva do empresário), o que, além de refugir da razoabilidade, destoa dos ditames legais, em especial do sistema protecionista do consumidor; IV – O consumidor, pela utilização do cartão de crédito, já paga à administradora e emissora do cartão de crédito taxa por este serviço (taxa de administração). Atribuir-lhe ainda o custo pela disponibilização de pagamento por meio de cartão de crédito, responsabilidade exclusiva do empresário, importa em onerá-lo duplamente (in bis idem) e, por isso, em prática de consumo que se revela abusiva; V – Recurso Especial provido (STJ – REsp 1.133.410/RS – rel. Min. Massami Uyeda – 3.ª T. – j. 16.03.2010 – DJe 07.04.2010). • Consumidor e administrativo. Autuação pelo Procon. Lojistas. Desconto para pagamento em dinheiro ou cheque em detrimento do pagamento em cartão de crédito. Prática abusiva. Cartão de crédito. Modalidade de pagamento à vista. “pro soluto”. Descabida qualquer diferenciação. Divergência incognoscível. 1. O recurso especial insurge-se contra acórdão estadual que negou provimento a pedido da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte no sentido de que o Procon/MG se abstenha de autuar ou aplicar qualquer penalidade aos lojistas pelo fato de não estenderem aos consumidores que pagam em cartão de crédito os descontos eventualmente oferecidos em operações comerciais de bens ou serviços pagos em dinheiro ou cheque. 2. Não há confusão entre as distintas relações jurídicas havidas entre (i) a instituição financeira (emissora) e o titular do cartão de crédito 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 (consumidor); (ii) titular do cartão de crédito (consumidor) e o estabelecimento comercial credenciado (fornecedor); e (iii) a instituição financeira (emissora e, eventualmente, administradora do cartão de crédito) e o estabelecimento comercial credenciado (fornecedor). 3. O estabelecimento comercial credenciado tem a garantia do pagamento efetuado pelo consumidor por meio de cartão de credito, pois a administradora assume inteiramente a responsabilidade pelos riscos creditícios, incluindo possíveis fraudes. 4. O pagamento em cartão de crédito, uma vez autorizada a transação, libera o consumidor de qualquer obrigação perante o fornecedor, pois este dará ao consumidor total quitação. Assim, o pagamento por cartão de crédito é modalidade de pagamento à vista, pro soluto, implicando, automaticamente, extinção da obrigação do consumidor perante o fornecedor. 5. A diferenciação entre o pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de crédito caracteriza prática abusiva no mercado de consumo, nociva ao equilíbrio contratual. Exegese do art. 39, V e X, do CDC: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (…) V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; (…) X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços”. 6. O art. 51 do CDC traz um rol meramente exemplificativo de cláusulas abusivas, num “conceito aberto” que permite o enquadramento de outras abusividades que atentem contra o equilíbrio entre as partes no contrato de consumo, de modo a preservar a boa-fé e a proteção do consumidor. 7. A Lei 12.529/2011, que reformula o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, considera infração à ordem econômica, a despeito da existência de culpa ou de ocorrência de efeitos nocivos, a discriminação de adquirentes ou fornecedores de bens ou serviços mediante imposição diferenciada de preços, bem como a recusa à venda de bens ou à prestação de serviços em condições de pagamento corriqueiras na prática comercial (art. 36, X e XI). Recurso especial da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte conhecido e improvido. (STJ, REsp 1.479.039/MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, j. 06.10.2015, DJe 16.10.2015) Vantagem exagerada – Repasse Tributos – PIS/Confins – Prática abusiva em serviços de telefonia – Direito do consumidor cobrado indevidamente • Processo civil – Agravo regimental em agravo de instrumento – Aplicação da Súmula 283/STF – Preclusão consumativa – PIS/Cofins – Repasse ao consumidor na fatura telefônica – Abusividade da cobrança reconhecida por esta corte – Devolução em dobro – Possibilidade. 1. Em sede de agravo regimental, não é possível a apreciação de questões não levantadas nas contrarrazões do recurso especial e do agravo de instrumento, por força da preclusão consumativa. 2. A Segunda Turma desta Corte firmou entendimento no sentido da ilegalidade do repasse do PIS e da Cofins na fatura telefônica, bem como acerca da má-fé das empresas de telefonia e, por consequência, da abusividade dessa conduta. 3. Direito à devolução em dobro reconhecido com base no art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor. 4. Agravo regimental não provido (STJ – 2.ª T. – AgRg no Ag 1.102.492/SP – rel. Min. Eliana Calmon – j. 25.08.2009). Vantagem excessiva – Limites temporais dos créditos de telefone celular pré-pago – Razoabilidade – Decisão liminar 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 • Processual civil – Sistema de telefonia pré-pago – Validade dos créditos – Medida cautelar – Efeito suspensivo – Recurso especial – Conjugação dos pressupostos de concessão da liminar. I – O agravante postula a reforma da decisão que indeferiu a liminar que buscava atribuir efeito suspensivo ao recurso especial interposto contra o acórdão que viabilizou tutela antecipada para acabar com a prescrição dos créditos do sistema de celulares pré-pagos. II – Entendo relevantes os argumentos lançados pelo reque rente, pelo que se dessume que, para a execução do acórdão infirmado pelo recurso especial vinculado, far-se-ia necessária uma alteração no sistema técnico implantado, o qual implicaria em efetivo prejuízo para a parte em face mesmo da mudança no planejamento, que segundo o requerente implica em investimentosda ordem de R$ 16.000,000,00 (dezesseis milhões de reais) para os próximos dois anos. III – Nesse diapasão, estaria mesmo caracterizada lesão irreparável para o requerente, tendo em vista que, in casu, o acórdão que ampara a tutela antecipada tem natureza provisória pendente de confirmação no juízo ordinário, sem falar dos recursos aplicáveis, e a reversibilidade da implantação de nova tecnologia para permitir a utilização dos créditos para período indeterminado importaria em maior prejuízo para a compa nhia requerente. IV – Além da análise encimada observe-se ainda que os valores não auferidos pelo requerente dificilmente seriam recompostos em face da natureza do sistema pré-pago. V – Agravo regimental provido (STJ – AgRg na MC 10.443/PB – rel. Min. Francisco Falcão – 1.ª T. – j. 13.12.2005 – DJ 06.03.2006 – p. 158). Advogado – Vantagem exagerada em contrato de serviços – Art. 39, V • Assistência judiciária – Justiça gratuita – Declaração de hipossuficiência – Insuficiência para se deferir o pedido se o autor é proprietário de inúmeros imóveis e advoga em causa própria. Ementa Oficial: Muito embora a Lei 1.060, de 05.02.1950, para conceder os benefícios da assistência judiciária aos necessitados, se contente, no art. 4.º, caput e § 1.º, com a simples declaração de hipossuficiência, não quer isso significar que não se deva deixar de considerar certos aspectos especialíssimos que envolvem o presente pedido. Autor proprietário de inúmeros imóveis e advogando em causa própria, é evidente que possui porte econômico suficiente para suportar, sem prejuízo a si próprio ou à sua família, as despesas do processo. • Ação civil pública – Propositura pelo Ministério Público visando nulidade contratual com pedido de liminar para revogação de mandatos outorgados a advogado – Legitimidade ad causam – Introdução de cláusula abusiva em contrato de prestação de serviços profissionais firmado pelo causídico e seu cliente – Aplicação dos arts. 39, V, 51 e 81 da Lei 8.078/1990 e do art. 129, III, da CF. Ementa da Redação: A introdução de cláusula contratual abusiva em contrato de prestação de serviços profissionais firmado por advogado e seu cliente enseja a proteção do Código de Defesa do Consumidor, conforme se depreende de seus arts. 39, V, 51 e 81, o que dá legitimidade para o Ministério Público ajuizar ação civil pública de nulidade contratual com pedido de liminar para revogação dos mandatos particulares e públicos outorgados ao causídico, conforme dispõe o art. 129, III, da CF (TJSP – 4.º Gr.Câm. – AgRg 7750140 – rel. Des. Brenno Marcondes – j. 01.06.1999 – RT 769/203). 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 Ônus pela corretagem em contrato de compra e venda de imóvel transferido ao consumidor – Prática abusiva • Responsabilidade civil. Compromisso de compra e venda de bem imóvel. Preten são de restituição do valor pago a título de comissão de corretagem pelo compromissário comprador de unidade imobiliária. Autor que contratou o serviço de intermediação e que tinha plena ciência dos valores devidos a título de comissão de corretagem. Inexistência de falha no dever de informação. Cobrança não abusiva, porquanto regularmente pactuada. Resultado útil alcançado. Remuneração devida. Serviço de Assessoria Técnica Imobiliária. SATI. Custo contratual a ser suportado pela forne cedora (CDC, arts. 39, V, e 51, XII). Venda casada. Abusividade caracterizada (CDC, art. 39, inciso I). Restituição simples dos valores despendidos pelo consumidor que se impõe. Ausência de má-fé na cobrança que configura engano justificável. Sucumbência recíproca caracterizada. Recurso parcialmente provido. (TJSP; APL 1018311-94.2015.8.26.0002; Ac. 9269204; São Paulo; Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Hamid Bdine; j. 10.03.2016; DJESP 29.03.2016) Vantagem excessiva – Planos de saúde – Impor cláusula abusiva sobre risco do negócio – Limite dias de internação • Previdência privada – Plano de saúde – Convênios de assistência médico- hospitalar – Limitação de internação – Inadmissibilidade. A cláusula contratual que fixa limites de prazo para internação do paciente é leonina, devendo ser considerada como não escrita. A enfermidade que requer longa internação do beneficiário é risco do negó cio. Inteligência dos arts. 6.º, V, 39, V, 47 e 51, IV, § 1.º, I, e III, da Lei 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor. Apelação desprovida (TJRS – 6.ª Câm – Ap. Civ. 7000496711 – rel. Des. João Pedro Freire – j. 20.12.2000). Nota: Veja Súmula do STJ 302: “É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.” Serviço contratado por telefone – Informação – Método de contratação é risco do fornecedor – Art. 39, VI • Consumidor – Automóvel – Conserto – Serviço supostamente contratado por telefone – Inexistência de fatura discriminando os serviços – Apontamento de títulos para protesto – Ilegalidade – Ação Declaratória de Inexistência de Relação Cambial – Procedência – Apelação – Serviço autorizado por telefone – Alegação sem respaldo nos autos – Risco assumido pela fornecedora – Desprovimento do recurso. A duplicata é título causal, apenas podendo ser emitida tendo como causa subjacente uma compra e venda mercantil ou a prestação de serviços. Impõe-se, outrossim, seja ela emitida com base em fatura que discrimine as mercadorias vendidas ou os serviços presta dos, devidamente assinada pelo cliente. Insubsistente a alegação de que o serviço foi prestado por telefone, notadamente em se tratando de empresa de grande porte, tendo em vista que quem assim procede assume o risco de não poder cobrar a dívida do suposto devedor por ausência de prova cabal. É vedada a execução de serviços sem a prévia 16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017 https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2 elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor (TJPB – 1.ª Câm. Civ. – Ap. Cív. 20010076040 – rel. Des. Antonio de Pádua Lima Montenegro). Produto em desacordo com normas – Art. 39, VIII • Ação civil pública – Consumidor – Prática abusiva prevista no art. 39, VIII, da Lei 8.078/1990 – Ministério Público – Substituto processual na primeira fase do pro cesso até a sentença declaratória – Necessidade, quando da execução da sentença, da intervenção concreta e efetiva dos consumidores lesados, os quais deverão trazer prova do quantum do seu dano para fins de ressarcimento. Ementa Oficial: Na ação civil pública, em face da prática abusiva prevista no art. 39, VIII, da Lei 8.078/1990, o Ministério Público age como substituto processual dos consumidores lesados, mas sua atuação nessa condição cessa logo na primeira fase do processo, com a sentença declaratória. Na segunda fase do processo, quando da execução da sentença, é necessária a intervenção concreta e efetiva dos consumidores eventualmente lesados, os quais deverão trazer aos autos a prova do quantum de seu dano, a fim de que sejam ressarcidos (TAMG – 7.ª Câm. – Ap. Cív. 2335935 – rel. Juiz Geraldo Augusto – j. 19.06.1997 – RT 748/396). Seguro oferecido para trabalhador – Leucemia curada – Recusa da seguradora – Prática abusiva do art. 39, IX • Direito civil e securitário – Proposta de seguro de vida – Consumidor jovem acometido por leucemia, de que se encontra curado – Seguro oferecido no âmbito da relação de trabalho – Proposta rejeitada pela seguradora, sob a mera fundamentação de doença preexistente – Ausência de apresentação de opções – Dano moral caracterizado. 1. Na esteira de precedentes desta Corte, a oferta de seguro de vida por companhia seguradora vinculada à instituição financeira, dentro de agência bancária, implica responsabilidade solidária da empresa de seguros e
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