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Praticas Abusivas - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017

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16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
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SEÇÃO IV. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
TÍTULO I. DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR
CAPÍTULO V. DAS PRÁTICAS COMERCIAIS
SEÇÃO IV. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
SEÇÃO IV. DAS PRÁTICAS ABUSIVAS
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Seção IV
16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
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Das práticas abusivas
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras
práticas abusivas:
I – condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
II – recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida
de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e
costumes;
III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer
produto, ou fornecer qualquer serviço;
IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em
vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe
seus produtos ou serviços;
V – exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI – executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas
anteriores entre as partes;
VII – repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo
consumidor no exercício de seus direitos;
VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO;
IX – recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a
quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os
casos de intermediação regulados em leis especiais;
X – elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços;
XI – (Inciso XI acrescentado pela MP 1890-67/1999, transformado em
inciso XIII quando da conversão na Lei 9.870/1999).
* Na publicação oficial consta como inciso XIII.
XII – deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou
deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
XIII – aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou
contratualmente estabelecido;
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Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou
entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às
amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
I – DOUTRINA
Elenco exemplificativo: A lista do art. 39 apresenta 12 hipóteses, com
redação dada pelas Leis 8.884, de 11.06.1994; 9.008, de 21.03.1995; e 9.870, de
23.11.1999. O antigo inc. X do art. 39, o qual indicava ser a lista apenas
exemplificativa, foi vetado pelo Presidente da República, sob alegação de que este
inciso tornava a norma “imprecisa” e era inconstitucional, tendo em vista a sua
“natureza penal”. Mesmo discordando dos argumentos usados para impor o veto,
devemos concluir, em uma interpretação a contrario, que a lista de práticas
abusivas do art. 39 com o veto tinha se tornado uma lista exaustiva, podendo ser
apenas complementada por outras normas, do CDC ou de leis especiais. A Lei
8.884, de 11.06.1994, introduziu no caput a expressão “dentre outras práticas
abusivas”, retornando a lista assim a ser exemplificativa, além das várias
modificações introduzidas por outras leis.
Código de conduta, códigos deontológicos e sobre prestação de serviços
públicos: Tentando aproveitar o sucesso do CDC ou livrar-se dele justamente,
vários códigos de conduta dos concessionários de serviços públicos foram sendo
desenvolvidos e denominados de “código do usuário” ou “código do cliente
bancário”, sendo que na ADIN 2.591(ADIN dos Bancos) foram considerados
ilegais, porque estabeleciam norma de conduta e não norma de organização do
sistema. Destacados pela imprensa e reproduzidos em comentários, não
conseguem, porém, seu intento de retirar do campo de aplicação do CDC a
relação de que cuidam, e, por sua baixa posição na hierarquia (geralmente
portarias ministeriais e do BACEN), não são sequer realmente vinculantes para os
fornecedores. Note-se que o CDC aplica-se de forma prioritária (lei de ordem
pública e origem constitucional) a estas relações de consumo, e estas normas não
podem “impedir” a aplicação do CDC, só complementá-la, se asseguram algum
direito para o consumidor (art. 7.º do CDC). Trata-se, portanto, de fontes
secundárias e somente auxiliares dos direitos dos consumidores, nunca limitadoras
destes.
Incisos
Venda casada: Tanto o CDC como a Lei Antitruste proíbem que o fornecedor
se prevaleça de sua superioridade econômica ou técnica para determinar
condições negociais desfavoráveis ao consumidor. Assim, proíbe o art. 39, em seu
inciso I, a prática da chamada venda “casada”, que significa condicionar o
fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou
serviço. O inciso ainda proíbe condicionar o fornecimento, sem justa causa, a
limites quantitativos. A jurisprudência assentou que a prática de venda casada não
pode ser tolerada, mesmo se há uma benesse para o consumidor incluída nesta
prática abusiva, pois apenas os limites quantitativos é que podem ser valorados
como justificados ou com justa causa. As cláusulas de fidelização em telefonia
também passaram a ser analisadas sob a ótica da venda casada com o aparelho
(REsp 1.097.582) Em 2012, o STJ consolidou o entendimento com um exemplo de
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venda casada no Sistema Financeiro da Habitação: “Súmula 473 do STJ ‘O
mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional
obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela
indicada.’”
Usos e costumes: No inc. II do art. 39, pela primeira vez o CDC menciona na
fase pré-contratual a aplicação de “usos e costumes”, menção que acalma o
espírito dos comercialistas e contratualistas mais tradicionais, pois os usos e
costumes, no Brasil, são os comerciais desde 1916 (art. 1.807 do CC/1916) e
geralmente são estabelecidos tendo em vista a superioridade econômica do
fornecedor. Mas a segurança dos tradicionalistas acaba no inc. II do art. 39, pois,
se interpretado sistematicamente com os arts. 30 e 35 do mesmo capítulo (Das
práticas comerciais), pode levar à conclusão de que o CDC institui uma verdadeira
obrigação de contratar para o fornecedor. O CC/2002 revigora os usos e costumes
comerciais, e encontra aplicação nas relações entre dois comerciantes, hoje, dois
empresários (art. 966). De qualquer maneira, em relaçõesde consumo prevalece o
art. 39, II, do CDC.
Interpretação sistemática. Dever de informar: Se “toda informação ou
publicidade, suficientemente precisa”, segundo o art. 30, é oferta e vincula, e se o
fornecedor não pode recusar dar cumprimento à oferta sem sofrer as
consequências contratuais do art. 35, então, pelo art. 39, II, ele também não pode
recusar-se a contratar se ainda tem estoque, isto é, na “medida de suas
disponibilidades de estoque”. A conclusão pela existência de uma obrigação de
contratar é um pouco forçada, mas é necessário esclarecer que o sistema do CDC
não está muito longe desta obrigação, pois disciplina enormemente a fase pré-
contratual da relação de consumo. Mas, em verdade, a norma do art. 39, II, deve
ser interpretada conjuntamente com aquela do art. 41, referente ao tabelamento de
preços. O tabelamento ou o controle de preços já é fato comum no país, tão
comum que até o legislador já verificou que os produtos tabelados tendem a
desaparecer do mercado e a permanecer retidos nos estoques dos fornecedores
até o fim do congelamento.
Manifestação prévia do consumidor: Nas vendas sem manifestação prévia
do consumidor, este recebe o produto ou o serviço não requisitado e não tem como
devolver o objeto ou não aceitar o serviço e se vê literalmente forçado a contratar.
Estas táticas agressivas de venda ficam proibidas, de maneira muito inteligente,
pelo inciso III do art. 39, combinado com o parágrafo único do art. 39 do CDC. A
equiparação dos produtos enviados e dos serviços prestados, sem nenhuma
solicitação do consumidor, a “amostras grátis” é uma solução inventiva, cujo fim é
realmente acabar com este tipo de prática no mercado brasileiro. Vale lembrar aqui
a noção de que as novas normas do Código assumem por vezes uma natureza
mais operacional do que conceitual, como estávamos acostumados nas lições do
grande Bevilaqua. Quanto à eficácia prática da norma do art. 39, III, não resta a
menor dúvida, pode-se apenas discutir se outra solução não seria mais apropriada
ao novo princípio geral de equidade e equilíbrio das relações entre fornecedor e
consumidor.
Enriquecimento sem causa: A única hipótese permitida de enriquecimento
sem causa no CDC é a do art. 39, III, c.c. parágrafo único, o qual equipara a
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amostras grátis os produtos e serviços enviados ao consumidor sem prévia
solicitação.
Venda por impulso: Proibidas pelo art. 39 encontram-se aquelas que se
prevalecem da vulnerabilidade social ou cultural do consumidor. Segundo o inc. IV,
é vedado ao fornecedor “prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor,
tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-
lhe seus produtos ou serviços”. Muitas das chamadas técnicas de venda sob
impulso confiam em seu sucesso em função, justamente, da vulnerabilidade do
consumidor. Trataremos a seguir de algumas delas – a venda de porta-em-porta, a
venda por reembolso postal e a venda por telefone –, que foram expressamente
disciplinadas pelo CDC, instituindo este, inclusive, um novo direito de
arrependimento do contrato.
Idosos. Vulnerabilidade: As leis brasileiras de proteção ao consumidor
realizam o mandamento constitucional do art. 5.º, XXXII, da CF/1988: o Estado
protegerá os interesses do consumidor. Procura-se, assim, alcançar no mercado
de consumo a igualdade material (art. 5.º, I, da CF/1988), o objetivo de proteção da
dignidade da pessoa humana (art. 3.º, I, da CF/1988) e a garantia de liberdade de
escolha dos cidadãos (art. 5.º, caput, da CF/1988). O aplicador da lei, atualizado e
atento, deve estar consciente da potencialidade e da eficiência prática que estes
novos direitos subjetivos do consumidor possuem. Trata-se de um sistema
protetivo dos mais fracos na sociedade de consumo, que pode muito bem ser
aplicado para a proteção das pessoas de mais idade ou os idosos. Efetivamente, o
art. 230 da Constituição Federal brasileira identifica também a necessidade de
“amparar as pessoas idosas (…) defendendo sua dignidade e bem-estar”. O grupo
das pessoas maiores de 60 anos é definido pela Lei 10.741, de 1.º de outubro de
2003, como sendo de “idosos”. Apesar de o CDC não mencionar expressamente
os idosos, o art. 39, IV, menciona expressamente a “fraqueza” relacionada à idade,
da mesma forma que o art. 37 mencionava as crianças como um consumidor
especial. A jurisprudência brasileira já identificou que a igualdade teórica de
direitos e de chances entre consumidores “jovens” e consumidores “idosos” não
estaria sendo realmente alcançada na contratação e na execução dos contratos de
consumo, daí a preocupação em proteger de forma especial este grupo vulnerável.
Efetivamente, e por diversas razões, há que se aceitar que o grupo dos idosos
possui uma vulnerabilidade especial, seja pela sua vulnerabilidade técnica
exagerada em relação a novas tecnologias (home-banking, relações com máquina,
uso necessário da internet etc.); sua vulnerabilidade fática quanto à rapidez das
contratações; sua saúde debilitada; a solidão de seu dia-a-dia, que transforma um
vendedor de porta em porta, um operador de telemarketing, talvez na única pessoa
com a qual tenham contato e empatia naquele dia; sem falar em sua
vulnerabilidade econômica e jurídica, hoje, quando se pensa em um teto de
aposentadoria único no Brasil de míseros 400 dólares para o resto da vida.
Listas negras de consumidores: O art. 39, VII, proíbe ao fornecedor repassar
informação depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de
seus direitos. Grifamos esta última parte para frisar que não estão proibidas as
informações sobre os consumidores (bancos de dados e cadastros de
consumidores, regulados no art. 43 e ss. do CDC), mas, sim, as chamadas “listas
negras” de consumidores que reclamam e exigem seus direitos, agora
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assegurados pelo CDC, ou de consumidores envolvidos em associações de
proteção de consumidores etc. A Lei da Concorrência, Lei 8.884/1994, acrescentou
como abusiva a prática de “recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento”,
evitando assim discriminações no mercado, fora dos casos permitidos em leis
especiais.
Normas técnicas: Se existem normas expedidas por órgãos oficiais, ou pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo
INMETRO, devem elas ser cumpridas, mesmo não sendo obrigatórias para o
fornecedor específico. Nesse sentido, o CDC inclui no art. 39, em seu inc. VIII,
como prática comercial abusiva, “colocar, no mercado de consumo, qualquer
produto ou serviço em desacordo” com estas normas. A finalidade da norma é
melhorar a qualidade de vida do brasileiro, melhorando a qualidade dos produtos
que consome e dos serviços que são colocados à sua disposição.
II – JURISPRUDÊNCIA
Venda casada em publicidade infantil– Relógio Infantil só com 5 pacotes
de bolachas – Publicidade abusiva infantil
• Processual civil. Direito do consumidor. Ação civil pública. Violação do art. 535
do CPC. Fundamentação deficiente. Súmula 284/STF. Publicidade de alimentos
dirigida à criança. Abusividade. Venda casada caracterizada. Arts. 37, § 2º, E 39, I,
do Código de defesa do consumidor. 1. (…) 2. A hipótese dos autos caracteriza
publicidade duplamente abusiva. Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção
de venda de alimentos direcionada, direta ou indiretamente, às crianças. Segundo,
pela evidente “venda casada”, ilícita em negócio jurídico entre adultos e, com maior
razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o universolúdico infantil
(art. 39, I, do CDC). 3. In casu, está configurada a venda casada, uma vez que,
para adquirir/comprar o relógio, seria necessário que o consumidor comprasse
também 5 (cinco) produtos da linha “Gulosos”. Recurso especial improvido. (STJ,
REsp 1.558.086/SP, Rel. Min. Humberto Martins, 2.ª T., j. 10.03.2016, DJe
15.04.2016).
Venda casada – Benesse para o consumidor não “sana” nulidade da
venda casada
• Consumidor. Pagamento a prazo vinculado à aquisição de outro produto.
“venda casada”. Prática abusiva configurada. 1. O Tribunal a quo manteve a
concessão de segurança para anular auto de infração consubstanciado no art. 39,
I, do CDC, ao fundamento de que a impetrante apenas vinculou o pagamento a
prazo da gasolina por ela comercializada à aquisição de refrigerantes, o que não
ocorreria se tivesse sido paga à vista. 2. O art. 39, I, do CDC, inclui no rol das
práticas abusivas a popularmente denominada “venda casada”, ao estabelecer que
é vedado ao fornecedor “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites
quantitativos”. 3. Na primeira situação descrita nesse dispositivo, a ilegalidade se
configura pela vinculação de produtos e serviços de natureza distinta e usualmente
comercializados em separado, tal como ocorrido na hipótese dos autos. 4. A
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dilação de prazo para pagamento, embora seja uma liberalidade do fornecedor –
assim como o é a própria colocação no comércio de determinado produto ou
serviço –, não o exime de observar normas legais que visam a coibir abusos que
vieram a reboque da massificação dos contratos na sociedade de consumo e da
vulnerabilidade do consumidor. 5. Tais normas de controle e saneamento do
mercado, ao contrário de restringirem o princípio da liberdade contratual, o
aperfeiçoam, tendo em vista que buscam assegurar a vontade real daquele que é
estimulado a contratar. 6. Apenas na segunda hipótese do art. 39, I, do CDC,
referente aos limites quantitativos, está ressalvada a possibilidade de exclusão da
prática abusiva por justa causa, não se admitindo justificativa, portanto, para a
imposição de produtos ou serviços que não os precisamente almejados pelo
consumidor. 7. Recurso Especial provido (STJ – REsp. 384.284/RS – 2.ª T. – rel.
Min. Herman Benjamin – j. 20.08.2009).
Venda casada – Ação coletiva – Telefonia – Possibilidade de dano moral
coletivo
• Administrativo e processual civil. Violação do art. 535 do CPC. Omissão
inexistente. Ação civil pública. Direito do consumidor. Telefonia. Venda casada.
Serviço e aparelho. Ocorrência. Dano moral coletivo. Cabimento. Recurso especial
improvido. 1. Trata-se de ação civil pública apresentada ao fundamento de que a
empresa de telefonia estaria efetuando venda casada, consistente em impor a
aquisição de aparelho telefônico aos consumidores que demonstrassem interesse
em adquirir o serviço de telefonia. 2. Inexiste violação ao art. 535, II do CPC,
especialmente porque o Tribunal a quo apreciou a demanda de forma clara e
precisa e as questões de fato e de direito invocadas foram expressamente
abordadas, estando bem delineados os motivos e fundamentos que a embasam,
notadamente no que concerne a alegação de falta de interesse de agir do
Ministério Público de Minas Gerais. 3. É cediço que a marcha processual é
orquestrada por uma cadeia concatenada de atos dirigidos a um fim. Na
distribuição da atividade probatória, o julgador de primeiro grau procedeu à
instrução do feito de forma a garantir a ambos litigantes igual paridade de armas.
Contudo, apenas o autor da Ação Civil Pública foi capaz de provar os fatos
alegados na exordial. 4. O art. 333 do Código de Processo Civil prevê uma
distribuição estática das regras inerentes à produção de prova. Cabe ao réu o ônus
da impugnação específica, não só da existência de fatos impeditivos, modificativos
ou extintivos do direito do autor, como também da impropriedade dos elementos
probatórios carreados aos autos pela ex adversa. Nesse ponto, mantendo-se
silente o ora recorrido, correto o entendimento de origem, no ponto em que
determinou a incidência do art. 334, II, do CPC e por consequência, ter recebido os
documentos de provas do autor como incontroversos. 5. O fato de ter as instâncias
de origem desconsiderado a prova testemunhal da recorrida – porquanto ouvida na
qualidade de informante – não está apto a configurar cerceamento de defesa, pois
a própria dicção do art. 405, § 4º, do CPC, permite ao magistrado atribuir a esse
testemunho o valor que possa merecer, podendo, até mesmo, não lhe atribuir
qualquer valor. 6. Não tendo o autor sido capaz de trazer aos autos provas
concretas de sua escorreita conduta comercial, deve suportar as consequências
desfavoráveis à sua inércia. Fica, pois, afastado possível violação aos arts. 267,
VI, 333, II e 334, II do CPC. 7. A possibilidade de indenização por dano moral está
prevista no art. 5º, inciso V, da Constituição Federal, não havendo restrição da
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violação à esfera individual. A evolução da sociedade e da legislação têm levado a
doutrina e a jurisprudência a entender que, quando são atingidos valores e
interesses fundamentais de um grupo, não há como negar a essa coletividade a
defesa do seu patrimônio imaterial. 8. O dano moral coletivo é a lesão na esfera
moral de uma comunidade, isto é, a violação de direito transindividual de ordem
coletiva, valores de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma a
envolver não apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da
coletividade, pois o dano é, na verdade, apenas a consequência da lesão à esfera
extrapatrimonial de uma pessoa. 9. Há vários julgados desta Corte Superior de
Justiça no sentido do cabimento da condenação por danos morais coletivos em
sede de ação civil pública. Precedentes: EDcl no AgRg no AgRg no REsp
1440847/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
07.10.2014, DJe 15.10.2014, REsp 1269494/MG, Rel. Ministra Eliana Calmon, 2.ª
T., j. 24.09.2013, DJe 01.10.2013; REsp 1367923/RJ, Rel. Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, julgado em 27.08.2013, DJe 06.09.2013; REsp
1197654/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, 2.ª T., j. 01.03.2011, DJe
08.03.2012. 10. Esta Corte já se manifestou no sentido de que “não é qualquer
atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso,
que dê ensanchas à responsabilidade civil. Ou seja, nem todo ato ilícito se revela
como afronta aos valores de uma comunidade. Nessa medida, é preciso que o fato
transgressor seja de razoável significância e desborde os limites da tolerabilidade.
Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos,
intranquilidade social e alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva.
(REsp 1.221.756/RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, DJe 10.02.2012). 11. A prática de
venda casada por parte de operadora de telefonia é capaz de romper com os
limites da tolerância. No momento em que oferece ao consumidor produto com
significativas vantagens – no caso, o comércio de linha telefônica com valores mais
interessantes do que a de seus concorrentes – e de outro, impõe-lhe a obrigação
de aquisição de um aparelho telefônico por ela comercializado, realiza prática
comercial apta a causar sensação de repulsa coletiva a ato intolerável, tanto
intolerável que encontra proibição expressa em lei. 12. Afastar, da espécie, o dano
moral difuso, é fazer tabula rasa da proibição elencada no art. 39, I, do CDC e, por
via reflexa, legitimar práticas comerciais que afrontemos mais basilares direitos do
consumidor. 13. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ, REsp
1.397.870/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, j. 02.12.2014,
DJe 10.12.2014)
Venda casada – Exigência de contratar pecúlio e seguro de vida para
conceder empréstimo
• Ação anulatória e revisional – Contratos de empréstimo, pecúlio e de seguro –
Venda casada. As atividades que envolvem crédito constituem relação de
consumo. Art. 3.º, § 2.º do CDC. Juros remuneratórios fixados em 12% ao ano. A
exigência de contratar pecúlio e seguro de vida para a concessão de empréstimo,
usualmente denominada “venda casada”, é prática expressamente vedada pelo
art. 39, I, da Lei 8.078/1990. Compensação dos valores pagos. Apelos improvidos
(TJRS – Ap. Cív. 70005954235 – rel. Des. Ana Maria Nedel Scalzilli – j.
16.10.2003).
Venda casada – Seguro de vida – SFH
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• SFH – Seguro habitacional – Contratação frente ao próprio mutuante ou
seguradora por ele indicada – Desnecessidade – Inexistência de previsão legal –
Venda casada. Discute-se neste processo se, na celebração de contrato de mútuo
para aquisição de moradia, o mutuário está obrigado a contratar o seguro
habitacional diretamente com o agente financeiro ou com seguradora por este
indicada, ou se lhe é facultado buscar no mercado a cobertura que melhor lhe
aprouver. O seguro habitacional foi um dos meios encontrados pelo legislador para
garantir as operações originárias do SFH, visando a atender a política habitacional
e a incentivar a aquisição da casa própria. A apólice colabora para com a
viabilização dos empréstimos, reduzindo os riscos inerentes ao repasse de
recursos aos mutuários. Diante dessa exigência da lei, tornou-se habitual que, na
celebração do contrato de financiamento habitacional, as instituições financeiras
imponham ao mutuário um seguro administrado por elas próprias ou por empresa
pertencente ao seu grupo econômico. A despeito da aquisição do seguro ser fator
determinante para o financiamento habitacional, a lei não determina que a apólice
deva ser necessariamente contratada frente ao próprio mutuante ou seguradora
por ele indicada. Ademais, tal procedimento caracteriza a denominada “venda
casada”, expressamente vedada pelo art. 39, I, do CDC, que condena qualquer
tentativa do fornecedor de se beneficiar de sua superioridade econômica ou
técnica para estipular condições negociais desfavoráveis ao consumidor,
cerceando-lhe a liberdade de escolha. Recurso especial não conhecido (STJ – 3.ª
T. – REsp. 804.202/ MG – rel. Min. Nancy Andrighi – j. 19.08.2008).
• Processual – Agravo regimental no recurso especial – SFH – Aplicação do
CDC – Seguro habitacional cláusula que obriga a contratação da seguradora
escolhida pelo agente financeiro – Afastamento da imposição – Fundamento não
impugnado. I – Já não se discute a incidência do CDC nos contratos relacionados
com o SFH (REsp 493.354/ Menezes Direito, REsp 436.815/Nancy Andrighi, Ag
538.990/Sálvio). II – Correta a decisão que não conhece do recurso, na parcela em
que não se impugna especificamente o fundamento legal utilizado pelo Tribunal de
origem, para afastar cláusula contratual que obriga o mutuário do SFH a contratar
a seguradora escolhida pelo agente financeiro (STJ – AgRg no REsp 876.837/MG
– Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – 3.ª T.,– j. 04. 12. 2007 – DJ 14. 12. 2007
– p. 404).
Jurisprudência consolidada: Súmula 473 do STJ: “O mutuário do SFH não pode
ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição
financeira mutuante ou com a seguradora por ela indicada”.
Venda casada – Exigência de contratar seguro obrigatório no SFH não é
venda casada per se – Abusividade na indicação de seguradora ou da
contratação diretamente com o agente financeiro – Diálogo das fontes – Art.
39, I
• Recurso especial repetitivo – Sistema Financeiro da Habitação – Taxa
referencial (TR) – Legalidade – Seguro habitacional – Contratação obrigatória com
o agente financeiro ou por seguradora por ele indicada – Venda casada
configurada. 1. Para os efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1. No âmbito do Sistema
Financeiro da Habitação, a partir da Lei 8.177/91, é permitida a utilização da Taxa
Referencial (TR) como índice de correção monetária do saldo devedor. Ainda que
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o contrato tenha sido firmado antes da Lei 8.177/91, também é cabível a aplicação
da TR, desde que haja previsão contratual de correção monetária pela taxa básica
de remuneração dos depósitos em poupança, sem nenhum outro índice específico.
1.2. É necessária a contratação do seguro habitacional, no âmbito do SFH.
Contudo, não há obrigatoriedade de que o mutuário contrate o referido seguro
diretamente com o agente financeiro, ou por seguradora indicada por este,
exigência esta que configura “venda casada”, vedada pelo art. 39, inciso I, do CDC
(STJ – 2.ª Sessão – Repetitivo – Resp. 969.129-MG – rel. Min. Felipe Salomão – j.
09.12.2009).
Venda casada – Exigência de contratar seguro em leasing não é venda
casada per se – Seguro beneficia consumidor pela atipicidade do contrato de
arrendamento mercantil – Diálogo das fontes com as regras do CC/2002– Art.
39, I
• Ação civil pública – Contrato de arrendamento mercantil leasing – Cláusula de
seguro – Abusividade – Inocorrência. 1. Não se pode interpretar o Código de
Defesa do Consumidor de modo a tornar qualquer encargo contratual atribuído ao
consumidor como abusivo, sem observar que as relações contratuais se
estabelecem, igualmente, através de regras de direito civil. 2. O CDC não exclui a
principiologia dos contratos de direito civil. Entre as normas consumeristas e as
regras gerais dos contratos, insertas no Código Civil e legislação extravagante,
deve haver complementação e não exclusão. É o que a doutrina chama de Diálogo
das Fontes. 3. Ante a natureza do contrato de arrendamento mercantil ou leasing,
em que pese a empresa arrendante figurar como proprietária do bem, o
arrendatário possui o dever de conservar o bem arrendado, para que ao final da
avença, exercendo o seu direito, prorrogue o contrato, compre ou devolva o bem.
4. A cláusula que obriga o arrendatário a contratar seguro em nome da arrendante
não é abusiva, pois aquele possui dever de conservação do bem, usufruindo da
coisa como se dono fosse, suportando, em razão disso, riscos e encargos
inerentes a sua obrigação. O seguro, nessas circunstâncias, é garantia para o
cumprimento da avença, protegendo o patrimônio do arrendante, bem como o
indivíduo de infortúnios. 5. Rejeita-se, contudo, a venda casada, podendo o seguro
ser realizado em qualquer seguradora de livre escolha do interessado. 6. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, provido (STJ – REsp
1.060.515/DF – rel. Min. Honildo Amaral de Mello Castro (desembargador
convocado do TJAP) – 4.ª T. – j. 04. 05. 2010 – DJe 24. 05. 2010).
Não é venda casada prática de previdência privada de mútuo somente
para segurados
• Recurso especial. Civil. Previdência privada aberta. Negativa de prestação
jurisdicional. Inexistência. Ação revisional de mútuo cumulada com cancelamento
de plano de pecúlio e de seguro de pessoas. Venda casada. Não configuração.
Auxílio financeiro. Contratação. Vinculação a plano previdenciário e a seguro do
ramo vida. Necessidade. Imposição legal. Restrição do empréstimo. Qualidade de
participante ou de segurado. 1. Cinge-se a controvérsia a saber se caracteriza
venda casada a exigência da entidade aberta de previdência complementar e da
sociedade seguradora de condicionar ao interessado a concessão de assistência
financeira(mútuo) à adesão a um plano de benefícios (pecúlio por morte) ou a um
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seguro de pessoas. 2. Para o interessado adquirir assistência financeira de um
ente de previdência privada aberta ou de uma seguradora, é condição essencial
ser titular de um plano de benefícios ou de um seguro do ramo vida (art. 71, caput
e parágrafo único, da Lei Complementar 109/2001 e Circular/Susep 206/2002 –
hoje Circular/Susep 320/2006). 3. Há venda casada quando o fornecedor
condiciona a aquisição de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto
ou serviço, sendo prática abusiva e vedada no mercado de consumo (art. 39, I, do
CDC). 4. Por determinação legal, as entidades abertas de previdência
complementar e as sociedades seguradoras somente podem realizar operações
financeiras com seus participantes ou segurados. Assim, não há venda casada
quando é imposto ao contratante a condição de participação no plano de
benefícios (pecúlio) ou no seguro de pessoas com o objetivo de ter acesso ao
mútuo, sendo ausente qualquer tentativa do fornecedor de se beneficiar de
eventual superioridade econômica ou técnica para estipular condições negociais
desfavoráveis ao consumidor, cerceando-lhe a liberdade de escolha. Precedente
da Quarta Turma. 5. Resulta da ordem jurídica que o plano de previdência
complementar ou o seguro de pessoas não pode ser cancelado enquanto não
forem quitadas todas as contraprestações relativas às assistências financeiras
concedidas ao titular. 6. O auxílio financeiro é um benefício atípico dos entes de
previdência privada aberta e das companhias seguradoras, constituindo atividade
excepcional e acessória e não atividade fim. 7. A pretensão de rescindir o plano
previdenciário ou o seguro após a obtenção do mútuo a juros mais baixos que os
de mercado beira às raias da má-fé, pois implica a consecução de condições
vantajosas pelo interessado sem a necessária contrapartida e em detrimento dos
demais segurados ou participantes do fundo mútuo. Ora, a tão só contratação do
mútuo está disponível e pode ser feita em qualquer instituição financeira típica. 8.
O descumprimento das normas expedidas pelos órgãos governamentais, a
exemplo da concessão de empréstimos irregulares a quem não ostenta a condição
de participante ou de segurado, sujeitará a entidade aberta de previdência
complementar ou a sociedade seguradora bem como seus administradores a
sanções legais (art. 4º da Circular/Susep 206/2002, hoje art. 16 da Circular/Susep
320/2006). 9. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1.385.375/RS, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, 3.ª T., j. 17.05.2016, DJe 23.05.2016)
• Recurso especial. Previdência complementar. Entidade aberta. Operações
financeiras. Possibilidade. Juros remuneratórios. Abusividade. Não existência.
Capitalização dos juros. Medida Provisória 2.170-36/2001 ausência de previsão
contratual. Contrato de pecúlio. “venda casada”. Inexistência. 1. As entidades
abertas de previdência complementar podem realizar operações financeiras com
seus patrocinadores, participantes e assistidos (Lei Complementar 109/2001, art.
71, parágrafo único), hipótese em que ficam submetidas ao regime próprio das
instituições financeiras. Precedentes da 2ª Seção. 2. O contrato de plano de
pecúlio, celebrado com a finalidade de concretizar a filiação aos quadros de
entidade aberta de previdência complementar, constitui-se em requisito para a
concessão do empréstimo ao interessado e, portanto, não se enquadra na
vedação à “venda casada” de que trata o art. 39, inc. I, da Lei 8.078/90. 3. “A
capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de
forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual
superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa
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efetiva anual contratada” (RESP 973.827/RS, julgado pela 2ª Seção sob o rito dos
recursos repetitivos). Hipótese em que a capitalização de juros não foi prevista no
contrato. 4. Recurso especial conhecido em parte e parcialmente provido. (STJ,
REsp 861.830/ RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4.ª T., j. em 05.04.2016, DJe
13.04.2016)
Não é venda casada venda de hardware com software instalado –
Notebook com programas
• Agravo regimental no agravo em Recurso especial. Consumidor Ação de
ressarcimento cumulada com danos morais. Venda de notebook com sistema
operacional previamente instalado. Venda casada. Não configurada. Reexame
fático-probatório. Súmula 7/STJ. Decisão mantida. Agravo regimental a que se
nega provimento. 1. O Tribunal de origem, ao afastar a ocorrência de “venda
casada”, e assim, afastou também a abusividade da prática comercial, amparou-se
no acervo probatório dos autos. A análise das razões recursais e a reforma do
aresto hostilizado, com a desconstituição de suas premissas, como pretende o
agravante, demandaria necessariamente no reexame de provas. Incidência da
Súmula 7/STJ. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ, AgRg no
AREsp 623.034/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4.ª T., j. 07.04.2015, DJe
10.04.2015)
Venda casada entre serviço e aparelho de telefonia – Nulidade da cláusula
de fidelização de serviço de telefonia – Aparelho em comodato – Prazos
diferenciados
• Recurso especial – Ação de rescisão de contrato de prestação de serviços de
telefonia móvel e de comodato de aparelhos celulares – Exclusão de multa por
inobservância do prazo de carência – Sentença de improcedência – Acolhimento
do pleito recursal da autora pela corte a quo – Reconhecimento, no aresto
estadual, de nulidade da cláusula de “fidelização”, por configurar “venda casada” –
Insurgência da concessionária de telefonia. 1. Contratação simultânea de
prestação de serviços de telefonia móvel e de “comodato” de aparelhos celulares,
com cláusula de “fidelização”. Previsão de permanência mínima que, em si, não
encerra “venda casada”. 2. Não caracteriza a prática vedada pelo art. 39, I, do
CDC, a previsão de prazo de permanência mínima (“fidelização”) em contrato de
telefonia móvel e de “comodato”, contanto que, em contrapartida, haja a concessão
de efetivos benefícios ao consumidor (v.g. custo reduzido para realização de
chamadas, abono em ligações de longa distância, baixo custo de envio de “short
message service – SMS”, dentre outras), bem como a opção de aquisição de
aparelhos celulares da própria concessionária, sem vinculação a qualquer prazo de
carência, ou de outra operadora, ou mesmo de empresa especializada na venda
de eletroportáteis. 3. Superado o fundamento jurídico do acórdão recorrido, cabe a
esta Corte Superior de Justiça julgar a causa, aplicando o direito à espécie, nos
termos do art. 257 do RISTJ e da Súmula 456/STF. 4. Em que pese ser possível a
fixação de prazo mínimo de permanência, na hipótese dos autos, o contrato de
“comodato” de estações móveis entabulado entre as partes estabeleceu a vigência
por 24 (vinte e quatro) meses, distanciando-se das determinações regulamentares
da Anatel (Norma Geral de Telecomunicações 23/1996 e Res. 477/2007), de
ordem a tornar tal estipulação, inequivocamente, abusiva, haja vista atentar contra
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a liberdade de escolha do consumidor, direito básico deste. 5. Recurso especial
desprovido. (STJ – REsp 1.097.582/MS – rel. Min. Marco Buzzi – 4.ª T. – j.
19.03.2013 – DJe 08.04.2013).
Não são abusivos limites quantitativosem serviço público de água –
Tarifa progressiva ou diferenciada – Interesse da coletividade e ações
afirmativas
• Administrativo – Serviço Público – Taxa de Água – Cobrança de Tarifa –
Progressividade – Legalidade – Precedentes. 1. É lícita a cobrança de tarifa de
água, em valor correspondente ao consumo mínimo presumido mensal. 2. A Lei
8.987/95, que trata, especificamente, do regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos autoriza a cobrança do serviço de fornecimento de
água, de forma escalonada (tarifa progressiva), de acordo com o consumo. Cuida-
se de norma especial que não destoa do art. 39, I, do CDC que, em regra, proíbe
ao fornecedor condicionar o fornecimento de produtos ou serviços a limites
quantitativos. Tal vedação não é absoluta, pois o legislador, no mesmo dispositivo,
afasta essa proibição quando houver justa causa. Agravo regimental improvido
(STJ – AgRg no REsp 873.647/RJ – rel. Min. Humberto Martins – 2.ª T. – j. 06. 11.
2007 – DJ 19. 11. 2007 – p. 219).
• Administrativo – Fornecimento de água – Política tarifária. 1. A política de
tarifação dos serviços públicos concedidos, prevista na CF (art. 175), foi
estabelecida pela Lei 8.987/95, com escalonamento na tarifação, de modo a pagar
menos pelo serviço o consumidor com menor gasto, em nome da política das
ações afirmativas, devidamente chanceladas pelo Judiciário (precedentes desta
Corte). (REsp 759.362/RJ – rel. Min. Eliana Calmon – 2.ª T. – DJ 29.06.2006 – p.
184). 2. Agravo Regimental não provido (STJ – AgRg no Ag 870.429/RJ – rel. Min.
Herman Benjamin – 2.ª T. – j. 06. 09. 2007 – DJ 07. 02. 2008 – p. 304).
• Jurisprudência consolidada: Súmula 407 do STJ: “É legítima a cobrança da
tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de
consumo”.
Serviço de fornecimento de água – Necessidade de adequação entre
fornecimento e valor cobrado – Prática abusiva em caso de não
proporcionalidade
• Prestação de serviços. Fornecimento de água. Ação declaratória de
inexistência de débito c/c obrigação de fazer improcedente. Resíduo de
submedidores. Cobrança prevista em lei municipal. Natureza jurídica de tarifa.
Necessidade de correspondência entre a cobrança e aquilo que efetivamente foi
consumido. Exigência abusiva. Afronta ao art. 39, V do CDC. Restituição de forma
simples. Recurso parcialmente provido. (TJSP, APL 0002831-77.2013.8.26.0224;
Ac. 9257391; Guarulhos; Trigésima Terceira Câmara de Direito Privado; Rel. Des.
Luiz Eurico; j. 07.03.2016; DJESP 14.03.2016)
Não oferta de crédito em razão de origem indígena – Prática abusiva
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• Apelação cível. Responsabilidade civil. Relação de consumo. Recusa de
crédito a consumidora indígena em razão de sua origem. Legitimidade passiva do
estabeleci mento comercial e da financeira. Relação jurídica evidenciada.
Solidariedade. Prática abusiva e discriminatória. Art. 39, inciso II, do CDC. Dever
de indenizar. Dano moral in re ipsa. Manutenção do quantum indenizatório.
Observância dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Termo inicial
dos juros de mora. Citação (art. 405 do Código Civil). Correção, de ofício.
Recursos desprovidos. (TJPR, ApCiv 1345336-4; Curitiba; Oitava Câmara Cível;
Rel. Des. Marcos S. Galliano Daros; j. 03.03.2016; DJPR 30.03.2016; p. 426)
Não são abusivos potenciais quantitativos em serviço público de energia
elétrica – Tarifa binômia por disponibilização e demanda – Interesse social e
altos custos e investimentos
• Processual civil e administrativo – Tarifa de energia elétrica – Regime de tarifa
binômia – Taxa de demanda – Cobrança abusiva – Não ocorrência. 1. A prestação
de serviço de energia elétrica aos usuários chamados “Grupo A” – os ligados em
tensão igual ou superior a 2.300 volts – é tarifada com base no binômio: demanda
de po tência disponibilizada e energia efetivamente medida e consumida. 2. Não é
abusiva a cobrança pela disponibilização de um potencial de energia aos usuários,
fato que, na verdade, determina o equilíbrio contratual, já que a operação envolve
altos cus tos e investimentos. Precedentes: REsp 609.332/SC – rel. Min. Eliana
Calmon – DJ 05.09.2005; REsp 1.097.770/RS – rel. Min. Francisco Falcão – DJe
30.04.2009; AgRg no REsp 1.089.062/SC – rel. Min. Eliana Calmon – DJe
22.09.2009. 3. Agravo regi mental não provido. (STJ – AgRg no REsp
1.121.617/PR – rel. Min. Castro Meira – 2.ª T. – j. 14.04.2011 – DJe 27.04.2011).
Prática na devolução ao consumidor – Cláusula abusiva autorizando –
Condicionar o prazo da entrega a pontualidade outros consumidores –
Parcelar valor perdas e danos em dez anos – “Venda casada” na devolução
• Rescisão contratual C.C. – Perdas e danos – Direito do consumidor –
Contrato particular de compra e venda – Imóvel comercial – Pagamento integral do
preço – Atraso na entrega – Cláusulas abusivas – Nulidade – Procedência –
Decisão confirmada. 1. A Lei 8.078/1990 introduziu importantes modificações nos
direitos das obrigações e contratual, restringindo, mediante normas de ordem
pública, os princípios clássicos da ampla autonomia de vontades e da irrestrita
liberdade contratual, permitindo que o Estado-juiz se insira na relação de consumo,
para proporcionar a igualdade real entre os contratantes, ao evitar abusos
cometidos contra o consumidor, que é sempre a parte vulnerável (art. 4.º, I, CDC).
2. A cláusula contratual que permite a prorrogação da entrega da obra, em razão
do atraso no pagamento das prestações de mais de 30% dos demais adquirentes
do empreendimento, é abusiva, porque transfere a responsabilida de da
construtora a terceiros, além de impor ao consumidor desvantagem exagerada,
rompendo o equilíbrio econômico-financeiro do contrato (art. 51, III, IV, IX e XV do
CDC). 3. A cláusula contratual que predetermina o valor das perdas e danos, em
caso de rescisão contratual, condicionando a devolução dos valores por intermédio
de carta de crédito, para ser utilizada na aquisição de outro imóvel da construtora,
ou ao parcelamento do débito, em dez anos, é iníqua, porque viola o art. 6.º, VI, do
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CDC, que assegura o direito à efetiva e integral reparação dos danos sofridos pelo
consumidor (TJPR – 2.ª Câm – rel. Des. Acáccio Cambi – j. 17.10.2001).
Disque 900 – Telessexo – Direito ao bloqueio – Necessária prévia
solicitação do serviço
• Telefone – Serviço “900-disque prazer” – Código de Defesa do Consumidor. O
serviço “900” é oneroso e somente pode ser fornecido mediante prévia solicitação
do titular da linha telefônica. Recurso conhecido e provido (STJ – 4.ª T. – REsp
258.156/ SP – rel. Des. Min. Ruy Rosado de Aguiar – j. 21.09.2000).
Telessexo internacional – Ônus de provar uso do serviço e quantidade é
do fornecedor – Inscrição no CADIN – Dano moral
• Civil e processual – Cobrança de ligações para “telessexo” – Oferecimento de
serviço ou produto estranho ao contrato de telefonia sem anuência do usuário –
Invalidade – Ônus da prova positiva do fato atribuível à empresa concessionária –
Inscrição da titular da linha telefônica no CADIN – Danos morais – Código de
Defesa do Consumidor, arts. 6.º, VIII, e 31 [sic, 39], III. I – O “produto” ou “serviço”
não inerente ao contrato de prestação de telefonia ou que não seja de utilidade
pública, quando posto à disposição do usuário pela concessionária – caso do
“telessexo” –, carece de prévia autorização, inscrição ou credenciamento do titular
da linha, em respeito à restrição prevista no art. 31 [sic, 39], III, do CDC. II –
Sustentado pela autora não ter dado a aludida anuência, cabe à companhia
telefônica o ônus de provar ofato positivo em contrário, nos termos do art. 6.º, VIII,
da mesma Lei 8.078/90, o que inocorreu. III – Destarte, se afigura indevida a
cobrança de ligações nacionais ou internacionais a tal título, e, de igual modo,
ilícita a inscrição da titular da linha como devedora em cadastro negativo de
crédito, gerando, em contrapartida, o dever de indenizá-la pelos danos morais
causados, que hão de ser fixados com moderação, sob pena de causar
enriquecimento sem causa. IV – Recurso especial conhecido e provido em parte
(STJ – 4.ª T. – REsp 265.121/ RJ – rel. Min. Aldir Passarinho Junior – j. 04.04.2002
– RDC 45/322).
• Prestação de serviços – Telessexo DDI – Empresas estrangeiras
fornecedoras do serviço se submetem à lei brasileira, notadamente o Código de
Defesa do Consumidor, que veda a prestação de serviço sem a solicitação prévia –
Inaplicabilidade do art. 129 do Código Civil [CC/1916; art. 107 do CC/2002] –
Inteligência dos arts. 1.º, 39, III e parágrafo único da Lei 8.078/1990 (1.º TACivSP –
rel. Juiz Antonio de Pádua Ferraz – j. 24.11.1998 – RT 765/231).
Venda de telefone – Preço excessivo – Consumo
• Apelação cível – CRT – Venda de terminal telefônico vinculada a compra
simultânea de ações – Preço – Aplicação dos princípios normativos da boa-fé e da
confiança – Preli minares – Impossibilidade jurídica inconfigurada – Legitimidade
ad causam inocorrente – Fixação de preço excessivo – Preço do dia –
Uniformização de jurisprudência. A venda de telefones no mercado, apesar de
vinculada a ações, não se submete à disciplina da Lei 6.404/1976, tendo-se em
vista cuidar-se de “contrato de adesão”, típica relação de consumo. Embora o
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pedido seja certo, é possível sua solução por conversão a indenização por danos.
Dificuldades do credor não têm o condão de configurar a impossibilidade jurídica
do pedido. Não há legitimação ad causam de pessoa jurídica constituída após a
ocorrência dos fatos indicados como formadores do direito plei teado, com
exclusão de sua responsabilidade por fatos anteriores. A uniformização de
jurisprudência não pode implicar em violação ao livre convencimento do juiz, deve
obedecer princípios de conveniência e oportunidade e depende de demonstração
explícita da ocorrência da divergência. Estratégia que ignora a prática usual do
mercado, inclusive, dado o exagero, até mesmo a lei das sociedades por ações,
qual seja fixação de preço excessivo às ações emitidas para aumento de capital,
superior à razão de dez vezes o preço do mercado, configura violação aos
princípios da boafé e da confiança, que devem permear os negócios jurídicos.
Caso em que deve ser desconsiderada a disposição da assembleia e tomado
como válido o preço do dia da assinatura do contrato. Apelação provida (TJRS –
11.ª Câm. – Ap. Cív. 70001348564 – rel. Des. Roque Miguel Frank – j. 07.03.2001).
Café em supermercado – Limitação quantitativa – Prática abusiva se não
há justa causa
• Direitos do consumidor – Aquisição de café em supermercado – Limitação
quan titativa – Publicidade. Com efeito, na medida em que a regra geral, disposta
no art. 39, I, do citado diploma legal, veda ao fornecedor condicionar a venda de
produtos a limites dessa natureza, salvo justa causa, quando houver exceção à
norma, deve o público ser devidamente alertado, sob pena de a propaganda ser
considerada enga nosa por omissão. Todavia, não há como vislumbrar a
ocorrência de danos morais na situação em exame. Na verdade, as diversas
providências tomadas pelo demandante, como o comparecimento à delegacia e o
ingresso no Judiciário, são as habitualmente utilizadas por aqueles que possuem
um direito violado, as quais, embora reconheci damente desagradáveis, não
podem ser consideradas, por si sós, como geradoras de danos morais, sob pena
da banalização do instituto ora tutelado. Verba honorária.
Afora a redefinição do decaimento de cada litigante, foi fixada em excesso (15
URH), considerada a singeleza da causa, envolvendo relação de consumo, que, a
rigor, não permitiria a intervenção de terceiros (art. 88 do CDC). Denunciação da
lide. Indevida condenação da denunciada (…), relativamente ao (…), que foi citado
na condição de litisconsorte necessário, por expressa disposição de lei. Ônus
sucumbencial que deve ser atribuído ao supermercado, relativamente a ambos os
partícipes do polo passivo da denunciação. Apelação parcialmente provida. Voto
vencido (TJRS – 10.ª Câm. – Ap. Cív. 70000966085 – rel. Des. Jorge Alberto
Schreiner Pestana – j. 20.12.2001).
Limites quantitativos não mencionados na publicidade – Venda de 50
pacotes de café a um só consumidor – Justa causa se é todo o estoque da
loja
• Recurso especial – Código de Defesa do Consumidor – Dano moral – Venda
de produto a varejo – Restrição quantitativa – Falta de indicação na Oferta – Dano
moral – Inocorrência – Quantidade exigida incompatível com o consumo pessoal e
familiar – Abor recimentos que não configuram ofensa à dignidade ou ao foro
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íntimo do consumidor. 1. A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à
oferta de determinado produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir
quantidade incompatível com o consumo individual ou familiar, nem, tampouco,
configura dano ao seu patrimônio extra-material. 2. Os aborrecimentos vivenciados
pelo consumidor, na hipótese, devem ser interpretados como “fatos do cotidiano”,
que não extrapolam as raias das relações comerciais, e, portanto, não podem ser
entendidos como ofensivos ao foro íntimo ou à dignidade do cidadão. Recurso
especial, ressalvada a terminologia, não conhecido (STJ – REsp. 595.734/RS –
rel.p/Ac. Min. Castro Filho – j. 02.08.2005).
Produto para cura do câncer – Aproveitar-se da vulnerabilidade do
consumidor – Pratica abusiva – Art. 39, V, CDC
• Recurso especial. Direito do consumidor. Ação indenizatória. Propaganda en
ganosa. Cogumelo do sol. Cura do câncer. Abuso de direito. Art. 39, inciso IV, do
CDC. Hipervulnerabilidade. Responsabilidade objetiva. Danos morais. Indenização
devida. Dissídio jurisprudencial comprovado. 1. Cuida-se de ação por danos
morais proposta por consumidor ludibriado por propaganda enganosa, em ofensa a
direito subjetivo do consumidor de obter informações claras e precisas acerca de
produto medicinal vendido pela recorrida e destinado à cura de doenças malignas,
dentre outras funções. 2. O Código de Defesa do Consumidor assegura que a
oferta e apresentação de produtos ou serviços propiciem informações corretas,
claras, precisas e ostensivas a respeito de características, qualidades, garantia,
composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, além de vedar a
publicidade enganosa e abusiva, que dispensa a demonstração do elemento
subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração. 3. A propaganda enganosa, como
atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a induzir em erro o consumidor
fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de estado de perigo (art. 156 do
Código Civil). 4. A vulnerabilidade informacional agra vada ou potencializada,
denominada hipervulnerabilidade do consumidor, prevista no art. 39, IV, do CDC,
deriva do manifesto desequilíbrio entre as partes. 5. O dano moral prescinde de
prova e a responsabilidade de seu causador opera-se in re ipsa em virtude do
desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo consumidor. 6. Em
virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se razoável a fixação da
verba indenizatória por danos morais no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 7.
Recurso especial provido. (REsp 1.329.556/SP, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, Terceira Turma, j. 25.11.2014, DJe 09.12.2014)
Assinatura de revistas não solicitada – Prática abusiva que caracteriza
dano moral, sobretudo tratando-se de consumidor idoso
• Recurso especial – Responsabilidade civil – Ação de indenização por danos
ma teriais e morais – Assinaturas de revistas não solicitadas – Reiteração – Débito
lançado indevidamente no cartão de crédito – Dano moral configurado – Arts. 3.º e
267, VI, do CPC – Ausência de prequestionamento – Súmulas STF/282 e 356 –
Quantum indenizatório – Revisão obstada em face da proporcionalidade e
razoabilidade. I – Para se presumir o dano moral pela simples comprovação do ato
ilícito, esse ato deve ser objetivamente capaz de acarretar a dor, o sofrimento, a
lesão aos sentimentos íntimos juridicamente protegidos. II – A reiteração de
assinaturas de revistas não solicitadas é conduta considerada pelo Código de
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Defesa do Consumidor como prática abusiva (art. 39, III). Esse fato e os
incômodos decorrentes das providências notoriamente dificultosas para o
cancelamento significam sofrimento moral de monta, mormente em se tratando de
pessoa de idade avançada, próxima dos 85 anos de idade à época dos fatos,
circunstância que agrava o sofrimento moral. III – O conteúdo normativo dos arts.
3.º e 267, VI, do CPC, não foi objeto de debate no v. Acórdão recorrido, carecendo,
portanto, do necessário prequestionamento viabilizador do Recurso Especial.
Incidem, na espécie, as Súmulas 282 e 356 do Supremo Tribunal Federal. IV – Só
é possível a intervenção desta Corte para reduzir ou aumentar o valor indenizatório
por dano moral nos casos em que o quantum arbitrado pelo Acórdão recorrido se
mostrar irrisório ou exorbitante, situação que não se faz presente no caso em tela.
Recurso Especial improvido (STJ – REsp 1.102.787/PR – rel. Min. Sidnei Beneti –
3.ª T. – j. 16. 03. 2010 – DJe 29. 03. 2010).
Ilícito – Envio de cartão de crédito não solicitado – Danos morais – Risco
e ônus de prova do fornecedor
• Recurso especial – Consumidor – Ação civil pública – Envio de cartão de
crédito não solicitado – Prática comercial abusiva – Abuso de direito configurado.
1. O envio do cartão de crédito, ainda que bloqueado, sem pedido pretérito e
expresso do consumidor, caracteriza prática comercial abusiva, violando
frontalmente o disposto no art. 39, III, do Código de Defesa do Consumidor. 2.
Doutrina e jurisprudência acerca do tema. 3. Recurso Especial provido. (STJ –
REsp 1.199.117/SP – rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino – 3.ª T. –j. 18.12.2012 –
DJe 04.03.2013).
• Responsabilidade civil – Remessa de cartão de crédito sem solicitação do
consumidor – Prática abusiva – Indevida cobrança de faturas mensais – Ausência
de prova da anuência e utilização do cartão pelo consumidor – Dano moral
configurado – Nexo causal – Montante indenizatório. 1. Apresenta-se ilegal o
procedimento do banco que envia cartão de crédito ao consumidor sem a prévia
solicitação. Termo de Compromisso originado no Ministério da Justiça. Prática
abusiva – CDC, art. 39, III. Procedimento que colore a figura do ilícito, ensejando
reparação por danos morais. Nexo causal configurado. 2. A fixação do montante
indenizatório a título de dano moral segue critérios subjetivos do juiz, e deve ser
consentâneo à realidade dos fatos. Proveram o apelo (TJRS – 10.ª Câm. – Ap. Cív.
70004903480/RS – rel. Des. Paulo Antônio Kretzmann – j. 02.10.2003).
• Consumidor – Cobrança indevida – Envio de cartão de crédito sem solicitação
– Não utilização pela parte-autora – Faturas indevidamente cobradas – Dano moral
configurado – Multa minorada. 1. Incontroversa pelos documentos anexados aos
autos a remessa do cartão de crédito pelo recorrente para a parte-autora (sem
solicitação), bem como a emissão de fatura cobrando tarifas indevidas. Tal conduta
adotada pelo demandado é evidentemente abusiva, encontrando-se vedada pelo
art. 39, III, do CDC. 2. Assim, presentes o nexo causal entre a conduta indevida da
demandada e o dano experimentado pela parte-autora, configurado o dever de
indenizar. 3. Em se tratando de decisão que impõe obrigação de fazer, é cabível a
fixação de multa diária para o caso de descumprimento, nos termos do art. 461, §
4.º do CPC. Valor que se mostra excessivo no caso em tela, devendo ser reduzido
para R$ 50,00 multa diária limitada em 30 dias. Recurso da demandada provido
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em parte e recurso da parte-autora provido. Unânime (TJRS – 3.ª T. Rec. Civ. –
ReIn 71002462653 – rel. Des. Jerson Moacir Gubert – j. 25.02.2010).
Jurisprudência consolidada: Súmula 532 do STJ “Constitui prática comercial
abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do
consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa
administrativa”.
Idoso – Envio não solicitado de cartão de crédito – Dificuldades para o
consumidor – Dano moral
• Recurso especial – Responsabilidade civil – Ação de indenização por danos
mo rais – Envio de cartão de crédito não solicitado e de faturas cobrando anuidade
– Dano moral configurado. I – Para se presumir o dano moral pela simples
comprovação do ato ilícito, esse ato deve ser objetivamente capaz de acarretar a
dor, o sofrimento, a lesão aos sentimentos íntimos juridicamente protegidos. II – O
envio de cartão de crédito não solicitado, conduta considerada pelo Código de
Defesa do Consumidor como prática abusiva (art. 39, III), adicionado aos
incômodos decorrentes das pro vidências notoriamente dificultosas para o
cancelamento cartão causam dano moral ao consumidor, mormente em se
tratando de pessoa de idade avançada, próxima dos cem anos de idade à época
dos fatos, circunstância que agrava o sofrimento moral. Recurso Especial não
conhecido (STJ – REsp 1.061.500/RS – rel. Min. Sidnei Beneti – 3.ª T. – j.
04.11.2008 – DJe 20.11.2008).
Educação – Colação de grau – Art. 39, V – Vantagem excessiva
• Estabelecimento de ensino – Nível superior – Aluno que obtém aprovação no
curso mas é impedido de colar grau em razão do inadimplemento das
mensalidades escolares – Inadmissibilidade – Crédito em atraso que deve ser
cobrado pelas vias legais. Ementa Oficial: A instituição de ensino não pode valer-
se do inadimplemento do aluno para lhe negar a colação de grau, cujo direito
emana de sua aprovação no curso. O crédito referente às mensalidades atrasadas
deve ser cobrado pelas vias legais, vedado cons tranger o aluno com a proibição
de colar grau (TAMG – 4.ª Câm. – Ap. Cív. 263.767-4 – rel. Juiz Tibagy Salles – j.
10.03.1999 – RT 769/388).
Vantagem excessiva – Taxa de administração em consórcio repassando
deveres profissionais – Abusividade
• Direito civil e do consumidor – Contrato de consórcio para aquisição de
veículo – CDC – Incidência – Taxa de administração – Juros remuneratórios
embutidos – Abusividade. Aplica-se o CDC aos negócios jurídicos realizados entre
as empresas administradoras de consórcios e seus consumidores-consorciados.
Precedentes. À taxa de administração de consórcios não podem ser embutidos
outros encargos que não aqueles inerentes à remuneração da administradora pela
formação, organização e administração do grupo de consórcio (art. 12, § 3.º da
Circular do BACEN 2.766/97). Se houver cláusula contratual que fixe a taxa de
administração em valor que exceda ao limite legal previsto no art. 42 do Dec.
70.951/72, estará caracterizada a prática abusiva da administradora de consórcio,
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Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido (STJ – REsp
541.184/PB – rel. Min. Nancy Andrighi – 3.ª T. – j. 25.04.2006 – DJ 20.11.2006 – p.
300)
Nota: Veja sobre sistema de consórcio, arts. 1 a 5 da Lei 11.795/2008 e seus
arts. 16 e 21.
Valores diferenciados para pagamento do preço em dinheiro, cartão de
crédito ou cheque caracteriza prática abusiva – Redução de riscos para o
fornecedor cujo custo é repassado ao consumidor
• Recurso especial – Ação coletiva de consumo – Cobrança de preços
diferenciados pra venda de combustível em dinheiro, cheque e cartão de crédito –
Prática de consumo abusiva – verificação – Recurso especial provido. I – Não se
deve olvidar que o pagamento por meio de cartão de crédito garante ao
estabelecimento comercial o efetivo adimplemento, já que, como visto, a
administradora do cartão se responsabiliza integralmente pela compra do
consumidor, assumindo o risco de crédito, bem como de eventual fraude; II – O
consumidor, ao efetuar o pagamento por meio de cartão de crédito (que só se dará
a partir da autorização da emissora), exonera-se, de imediato, de qualquer
obrigação ou vinculação perante o fornecedor, que deverá conferir àquele plena
quitação. Está-se, portanto, diante de uma forma de pagamento à vista e, ainda,
pro soluto” (que enseja a imediata extinção da obrigação); III – O custo pela
disponibilização de pagamento por meio do cartão de crédito é inerente à própria
atividade econômica desenvolvida pelo empresário, destinada à obtenção de lucro,
em nada referindo-se ao preço de venda do produto final. Imputar mais este custo
ao consumidor equivaleria a atribuir a este a divisão de gastos advindos do próprio
risco do negócio (de responsabilidade exclusiva do empresário), o que, além de
refugir da razoabilidade, destoa dos ditames legais, em especial do sistema
protecionista do consumidor; IV – O consumidor, pela utilização do cartão de
crédito, já paga à administradora e emissora do cartão de crédito taxa por este
serviço (taxa de administração). Atribuir-lhe ainda o custo pela disponibilização de
pagamento por meio de cartão de crédito, responsabilidade exclusiva do
empresário, importa em onerá-lo duplamente (in bis idem) e, por isso, em prática
de consumo que se revela abusiva; V – Recurso Especial provido (STJ – REsp
1.133.410/RS – rel. Min. Massami Uyeda – 3.ª T. – j. 16.03.2010 – DJe
07.04.2010).
• Consumidor e administrativo. Autuação pelo Procon. Lojistas. Desconto para
pagamento em dinheiro ou cheque em detrimento do pagamento em cartão de
crédito. Prática abusiva. Cartão de crédito. Modalidade de pagamento à vista. “pro
soluto”. Descabida qualquer diferenciação. Divergência incognoscível. 1. O recurso
especial insurge-se contra acórdão estadual que negou provimento a pedido da
Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte no sentido de que o Procon/MG
se abstenha de autuar ou aplicar qualquer penalidade aos lojistas pelo fato de não
estenderem aos consumidores que pagam em cartão de crédito os descontos
eventualmente oferecidos em operações comerciais de bens ou serviços pagos em
dinheiro ou cheque. 2. Não há confusão entre as distintas relações jurídicas
havidas entre (i) a instituição financeira (emissora) e o titular do cartão de crédito
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(consumidor); (ii) titular do cartão de crédito (consumidor) e o estabelecimento
comercial credenciado (fornecedor); e (iii) a instituição financeira (emissora e,
eventualmente, administradora do cartão de crédito) e o estabelecimento comercial
credenciado (fornecedor). 3. O estabelecimento comercial credenciado tem a
garantia do pagamento efetuado pelo consumidor por meio de cartão de credito,
pois a administradora assume inteiramente a responsabilidade pelos riscos
creditícios, incluindo possíveis fraudes. 4. O pagamento em cartão de crédito, uma
vez autorizada a transação, libera o consumidor de qualquer obrigação perante o
fornecedor, pois este dará ao consumidor total quitação. Assim, o pagamento por
cartão de crédito é modalidade de pagamento à vista, pro soluto, implicando,
automaticamente, extinção da obrigação do consumidor perante o fornecedor. 5. A
diferenciação entre o pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de crédito
caracteriza prática abusiva no mercado de consumo, nociva ao equilíbrio
contratual. Exegese do art. 39, V e X, do CDC: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de
produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (…) V – exigir do
consumidor vantagem manifestamente excessiva; (…) X – elevar sem justa causa
o preço de produtos ou serviços”. 6. O art. 51 do CDC traz um rol meramente
exemplificativo de cláusulas abusivas, num “conceito aberto” que permite o
enquadramento de outras abusividades que atentem contra o equilíbrio entre as
partes no contrato de consumo, de modo a preservar a boa-fé e a proteção do
consumidor. 7. A Lei 12.529/2011, que reformula o Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrência, considera infração à ordem econômica, a despeito da existência de
culpa ou de ocorrência de efeitos nocivos, a discriminação de adquirentes ou
fornecedores de bens ou serviços mediante imposição diferenciada de preços,
bem como a recusa à venda de bens ou à prestação de serviços em condições de
pagamento corriqueiras na prática comercial (art. 36, X e XI). Recurso especial da
Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte conhecido e improvido. (STJ,
REsp 1.479.039/MG, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, j. 06.10.2015,
DJe 16.10.2015)
Vantagem exagerada – Repasse Tributos – PIS/Confins – Prática abusiva
em serviços de telefonia – Direito do consumidor cobrado indevidamente
• Processo civil – Agravo regimental em agravo de instrumento – Aplicação da
Súmula 283/STF – Preclusão consumativa – PIS/Cofins – Repasse ao consumidor
na fatura telefônica – Abusividade da cobrança reconhecida por esta corte –
Devolução em dobro – Possibilidade. 1. Em sede de agravo regimental, não é
possível a apreciação de questões não levantadas nas contrarrazões do recurso
especial e do agravo de instrumento, por força da preclusão consumativa. 2. A
Segunda Turma desta Corte firmou entendimento no sentido da ilegalidade do
repasse do PIS e da Cofins na fatura telefônica, bem como acerca da má-fé das
empresas de telefonia e, por consequência, da abusividade dessa conduta. 3.
Direito à devolução em dobro reconhecido com base no art. 42, parágrafo único,
do Código de Defesa do Consumidor. 4. Agravo regimental não provido (STJ – 2.ª
T. – AgRg no Ag 1.102.492/SP – rel. Min. Eliana Calmon – j. 25.08.2009).
Vantagem excessiva – Limites temporais dos créditos de telefone celular
pré-pago – Razoabilidade – Decisão liminar
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• Processual civil – Sistema de telefonia pré-pago – Validade dos créditos –
Medida cautelar – Efeito suspensivo – Recurso especial – Conjugação dos
pressupostos de concessão da liminar. I – O agravante postula a reforma da
decisão que indeferiu a liminar que buscava atribuir efeito suspensivo ao recurso
especial interposto contra o acórdão que viabilizou tutela antecipada para acabar
com a prescrição dos créditos do sistema de celulares pré-pagos. II – Entendo
relevantes os argumentos lançados pelo reque rente, pelo que se dessume que,
para a execução do acórdão infirmado pelo recurso especial vinculado, far-se-ia
necessária uma alteração no sistema técnico implantado, o qual implicaria em
efetivo prejuízo para a parte em face mesmo da mudança no planejamento, que
segundo o requerente implica em investimentosda ordem de R$ 16.000,000,00
(dezesseis milhões de reais) para os próximos dois anos. III – Nesse diapasão,
estaria mesmo caracterizada lesão irreparável para o requerente, tendo em vista
que, in casu, o acórdão que ampara a tutela antecipada tem natureza provisória
pendente de confirmação no juízo ordinário, sem falar dos recursos aplicáveis, e a
reversibilidade da implantação de nova tecnologia para permitir a utilização dos
créditos para período indeterminado importaria em maior prejuízo para a compa
nhia requerente. IV – Além da análise encimada observe-se ainda que os valores
não auferidos pelo requerente dificilmente seriam recompostos em face da
natureza do sistema pré-pago. V – Agravo regimental provido (STJ – AgRg na MC
10.443/PB – rel. Min. Francisco Falcão – 1.ª T. – j. 13.12.2005 – DJ 06.03.2006 –
p. 158).
Advogado – Vantagem exagerada em contrato de serviços – Art. 39, V
• Assistência judiciária – Justiça gratuita – Declaração de hipossuficiência –
Insuficiência para se deferir o pedido se o autor é proprietário de inúmeros imóveis
e advoga em causa própria. Ementa Oficial: Muito embora a Lei 1.060, de
05.02.1950, para conceder os benefícios da assistência judiciária aos
necessitados, se contente, no art. 4.º, caput e § 1.º, com a simples declaração de
hipossuficiência, não quer isso significar que não se deva deixar de considerar
certos aspectos especialíssimos que envolvem o presente pedido. Autor
proprietário de inúmeros imóveis e advogando em causa própria, é evidente que
possui porte econômico suficiente para suportar, sem prejuízo a si próprio ou à sua
família, as despesas do processo.
• Ação civil pública – Propositura pelo Ministério Público visando nulidade
contratual com pedido de liminar para revogação de mandatos outorgados a
advogado – Legitimidade ad causam – Introdução de cláusula abusiva em contrato
de prestação de serviços profissionais firmado pelo causídico e seu cliente –
Aplicação dos arts. 39, V, 51 e 81 da Lei 8.078/1990 e do art. 129, III, da CF.
Ementa da Redação: A introdução de cláusula contratual abusiva em contrato de
prestação de serviços profissionais firmado por advogado e seu cliente enseja a
proteção do Código de Defesa do Consumidor, conforme se depreende de seus
arts. 39, V, 51 e 81, o que dá legitimidade para o Ministério Público ajuizar ação
civil pública de nulidade contratual com pedido de liminar para revogação dos
mandatos particulares e públicos outorgados ao causídico, conforme dispõe o art.
129, III, da CF (TJSP – 4.º Gr.Câm. – AgRg 7750140 – rel. Des. Brenno
Marcondes – j. 01.06.1999 – RT 769/203).
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Ônus pela corretagem em contrato de compra e venda de imóvel
transferido ao consumidor – Prática abusiva
• Responsabilidade civil. Compromisso de compra e venda de bem imóvel.
Preten são de restituição do valor pago a título de comissão de corretagem pelo
compromissário comprador de unidade imobiliária. Autor que contratou o serviço
de intermediação e que tinha plena ciência dos valores devidos a título de
comissão de corretagem. Inexistência de falha no dever de informação. Cobrança
não abusiva, porquanto regularmente pactuada. Resultado útil alcançado.
Remuneração devida. Serviço de Assessoria Técnica Imobiliária. SATI. Custo
contratual a ser suportado pela forne cedora (CDC, arts. 39, V, e 51, XII). Venda
casada. Abusividade caracterizada (CDC, art. 39, inciso I). Restituição simples dos
valores despendidos pelo consumidor que se impõe. Ausência de má-fé na
cobrança que configura engano justificável. Sucumbência recíproca caracterizada.
Recurso parcialmente provido. (TJSP; APL 1018311-94.2015.8.26.0002; Ac.
9269204; São Paulo; Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Hamid Bdine; j.
10.03.2016; DJESP 29.03.2016)
Vantagem excessiva – Planos de saúde – Impor cláusula abusiva sobre
risco do negócio – Limite dias de internação
• Previdência privada – Plano de saúde – Convênios de assistência médico-
hospitalar – Limitação de internação – Inadmissibilidade. A cláusula contratual que
fixa limites de prazo para internação do paciente é leonina, devendo ser
considerada como não escrita. A enfermidade que requer longa internação do
beneficiário é risco do negó cio. Inteligência dos arts. 6.º, V, 39, V, 47 e 51, IV, §
1.º, I, e III, da Lei 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor. Apelação
desprovida (TJRS – 6.ª Câm – Ap. Civ. 7000496711 – rel. Des. João Pedro Freire –
j. 20.12.2000).
Nota: Veja Súmula do STJ 302: “É abusiva a cláusula contratual de plano de
saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado.”
Serviço contratado por telefone – Informação – Método de contratação é
risco do fornecedor – Art. 39, VI
• Consumidor – Automóvel – Conserto – Serviço supostamente contratado por
telefone – Inexistência de fatura discriminando os serviços – Apontamento de
títulos para protesto – Ilegalidade – Ação Declaratória de Inexistência de Relação
Cambial – Procedência – Apelação – Serviço autorizado por telefone – Alegação
sem respaldo nos autos – Risco assumido pela fornecedora – Desprovimento do
recurso. A duplicata é título causal, apenas podendo ser emitida tendo como causa
subjacente uma compra e venda mercantil ou a prestação de serviços. Impõe-se,
outrossim, seja ela emitida com base em fatura que discrimine as mercadorias
vendidas ou os serviços presta dos, devidamente assinada pelo cliente.
Insubsistente a alegação de que o serviço foi prestado por telefone, notadamente
em se tratando de empresa de grande porte, tendo em vista que quem assim
procede assume o risco de não poder cobrar a dívida do suposto devedor por
ausência de prova cabal. É vedada a execução de serviços sem a prévia
16/04/2018 Thomson Reuters ProView - Comentários ao Código de Defesa do Consumidor - Edição 2017
https://proview.thomsonreuters.com/title.html?redirect=true&titleKey=rt%2Fcodigos%2F72654266%2Fv5.2&titleStage=F&titleAcct=i0adc419100000162bbe8cde2
elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor (TJPB – 1.ª Câm.
Civ. – Ap. Cív. 20010076040 – rel. Des. Antonio de Pádua Lima Montenegro).
Produto em desacordo com normas – Art. 39, VIII
• Ação civil pública – Consumidor – Prática abusiva prevista no art. 39, VIII, da
Lei 8.078/1990 – Ministério Público – Substituto processual na primeira fase do pro
cesso até a sentença declaratória – Necessidade, quando da execução da
sentença, da intervenção concreta e efetiva dos consumidores lesados, os quais
deverão trazer prova do quantum do seu dano para fins de ressarcimento. Ementa
Oficial: Na ação civil pública, em face da prática abusiva prevista no art. 39, VIII, da
Lei 8.078/1990, o Ministério Público age como substituto processual dos
consumidores lesados, mas sua atuação nessa condição cessa logo na primeira
fase do processo, com a sentença declaratória. Na segunda fase do processo,
quando da execução da sentença, é necessária a intervenção concreta e efetiva
dos consumidores eventualmente lesados, os quais deverão trazer aos autos a
prova do quantum de seu dano, a fim de que sejam ressarcidos (TAMG – 7.ª Câm.
– Ap. Cív. 2335935 – rel. Juiz Geraldo Augusto – j. 19.06.1997 – RT 748/396).
Seguro oferecido para trabalhador – Leucemia curada – Recusa da
seguradora – Prática abusiva do art. 39, IX
• Direito civil e securitário – Proposta de seguro de vida – Consumidor jovem
acometido por leucemia, de que se encontra curado – Seguro oferecido no âmbito
da relação de trabalho – Proposta rejeitada pela seguradora, sob a mera
fundamentação de doença preexistente – Ausência de apresentação de opções –
Dano moral caracterizado. 1. Na esteira de precedentes desta Corte, a oferta de
seguro de vida por companhia seguradora vinculada à instituição financeira, dentro
de agência bancária, implica responsabilidade solidária da empresa de seguros e

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