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Livro didatico HISTÓRIA 1 Ensino Médio - aluno

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1. O historiador britânico John Iliffe afirmou que: “Um 
dos aspectos mais empolgantes da história africana é 
aquilo que se encontra debaixo da terra.” (ILIFFE, John. 
Os africanos. História dum continente. Lisboa: Terra-
mar, 1999, p. 14). Qual é o significado dessa frase?
2. Explique a seguinte afirmativa: “Os impérios do Su-
dão ocidental, antes do contato com os europeus, no 
século XV, tiveram como base de seu poder o controle 
de relações comerciais de uma área específica”. 
3. Qual foi a influência do islamismo na formação dos 
impérios ao sul do Saara? Explique.
4. Cite um dos motivos para a desarticulação dos im-
périos do Mali e de Songai por volta do século XV.
5. Defina e diferencie a escravidão praticada no reino do 
Congo em relação à dos grandes impérios do Sudão.
6. Qual era a principal forma de escravização na África?
7. Que motivos religiosos levavam os muçulmanos a 
buscar escravos longe de suas terras e a estimular 
um amplo comércio pela África?
8. O marroquino Ibn Battuta, que viajou longo tempo 
pela região onde foi o grande império do Mali, no 
século XIV, deixou o seguinte testemunho a respeito 
das estradas do Império do Mali. 
Não é necessário andar de caravana. A segurança é 
completa e total [...]. O sultão [rei] não perdoa a nin-
guém que se torne culpado de injustiça [...]. O viajan-
te, tal como o homem sedentário, não tem a temer os 
malfeitores, nem os ladrões, nem os que vivem de pi-
lhagem.
IBN BATTUTA. In: KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. 
Lisboa: Publicações Europa-América, s/d. v. 1. p. 180.
 Identifique um motivo que pode ter influenciado o 
viajante a ter tão boa impressão do Império do Mali.
Visões eurocêntricas e preconceituosas
Em 1830, o filósofo alemão Georg W. F. Hegel refe-
riu-se à África em um curso sobre Filosofia da História:
A África não é uma parte da história do mundo. Não 
tem movimentos, progresso a mostrar, movimentos 
históricos propriamente dela. Quer isto dizer que a sua 
parte setentrional pertence ao mundo europeu ou asi-
ático. Aquilo que entendemos precisamente pela África 
é o espírito a-histórico, o espírito não desenvolvido, ain-
da envolto em condições de natural e que deve ser aqui 
apresentado apenas no limiar da história do mundo.
HEGEL. Georg W. F. Filosofia da História. 2. ed. 
Brasília: Editora UnB, 1995. p. 88. 
Mais de cem anos depois, em 1957, essa inter-
pretação parecia intocável. O historiador francês 
Pierre Gaxotte escreveu, então, na revista Revue 
de Paris:
Estes povos [da África negra] nada deram à huma-
nidade. E deve ter havido qualquer coisa neles que os 
impediu. Nada produziram. Nem Euclides, nem Aristó-
teles, nem Galileu, nem Lavoisier, nem Pasteur. As suas 
epopeias não foram cantadas por nenhum Homero.
GAXOTTE, Pierre. Revue de Paris. Outubro de 1957: 12 
In:. KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. 
Lisboa: Publicações Europa-América, s/d. v. 1. p. 10. 
• Pesquise o significado do termo “eurocentrismo” e discuta como ele se relaciona com as opiniões citadas.
1. (Enem-2011)
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a 
vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, [...] e 79-B:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental 
e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino 
sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste 
artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a 
luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro 
na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição 
do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinen-
tes à História do Brasil.
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123
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Bra-
sileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo esco-
lar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatu-
ra e História Brasileiras.
[...] 
Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novem-
bro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.”
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/
L10.639.htm>. Acesso em: 6 out. 2015. 
A referida lei representa um avanço não só para a educação 
nacional, mas também para a sociedade brasileira, porque:
a) legitima o ensino das ciências humanas nas escolas.
b) divulga conhecimentos para a população afro-brasileira.
c) reforça a concepção etnocêntrica sobre a África e sua 
cultura.
d) garante aos afrodescendentes a igualdade no acesso à 
educação.
e) impulsiona o reconhecimento da pluralidade étnico-ra-
cial do país.
As quitandeiras
Os povos sudaneses, em particular os iorubás, eram agricultores e pastores, mas o comércio tinha 
enorme peso, com os maiores mercados localizados dentro das grandes cidades. Uma característica fun-
damental era a rígida divisão sexual do trabalho. Certas atividades eram realizadas exclusivamente por 
mulheres, como a plantação e comercialização da pimenta. A cultura do inhame era reservada aos homens. 
O comércio ambulante de alimentos e de outros quitutes era monopólio feminino.
Os povos de língua iorubá foram enviados aos milhares para o tráfico negreiro, e seu modo de vida 
marcou profundamente a formação da sociedade colonial do Brasil. Também na região congo-angolana, as 
mulheres eram comerciantes, vendendo seus quitutes nos mercados ou ruas das cidades. Por influência 
das iorubás e das bantas, nas cidades do Brasil as mulheres negras monopolizaram o comércio ambulante 
de alimentos, sendo conhecidas como “negras de tabuleiro” ou “quitandeiras”.
As mulheres armavam suas tendas ou estiravam panos ou esteiras onde expunham suas mercadorias. 
Podiam também levar um fogareiro para cozinhar os alimentos na frente do freguês.
1. Pesquise a origem da palavra quitanda e estabeleça a relação com o tráfico de escravos.
2. Com base nas imagens e no texto desta seção, quais são as continuidades e transformações que podem 
ser indicadas entre as quitandeiras da África e as do Brasil?
História e sociologia
Mercado em Sokoto, Nigéria. Observe as mulheres 
sentadas vendendo produtos, quase sempre alimentos. 
Gravura de Eduard Vogel publicada 1860. Biblioteca da 
Universidade da Virgínia, Charlottesville, Estados Unidos.
Mercado, gravura de Henry Chamberlain representando 
quitandeiras no centro do Rio de Janeiro em 1822. Museu 
de Arte de São Paulo, São Paulo (SP).
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9
Sociedades e impérios 
ameríndios
Em diversos roteiros 
de viagem ao Peru, 
é comum constar do 
programa uma visita a 
Machu Picchu. O que 
você sabe sobre esse 
lugar?
Tenochtitlán, capital do Império Asteca, em mapa atribuído ao conquistador 
espanhol Hernán Cortés. Estima-se que a cidade possuía aproximadamente 
300 mil habitantes, número superior ao da maior parte das cidades europeias 
daquele período. Gravura do século XVI. Biblioteca Newberry, Chicago, EUA.
Rota para Coyoacán, 
ao sul, local habitado 
pelos tepanecas, 
inimigos dos astecas que, 
por isso, foram por eles 
chamados de coiotes.
O continente que os europeus chamaram de Novo Mundo só era novo 
para eles. É um continente tão antigo quanto a Europa, a Ásia e a África, e, no 
século XV, abrigava populações que ultrapassavam a casa dos 150 milhões de 
habitantes. 
A diversidade étnica e as diferenças de cultura material eram notáveis. 
Mais de 2 mil línguas eram faladas; havia tanto Estados altamente organizados 
quanto sociedades tribais que combinavama caça, a pesca, a coleta e, por 
vezes, a agricultura. 
Nos planaltos mexicano e andino, ergueram-se grandes impérios, 
governados por cidades com ampla estrutura e hierarquia social defi nida. 
Ali, em um espaço que mal superava 5% da superfície continental, estava 
concentrada a maior parte da população indígena, cerca de 100 milhões. Nos 
95% restantes do território, habitavam 50 milhões de nativos, entre grupos 
sedentários e nômades. 
As diversidades desse continente, chamado inicialmente de Novo Mundo e 
depois América, é o assunto deste capítulo.
Tlatelolco, ao norte, 
era onde fi cava o 
mercado local.
Templo Maior, ao centro, 
onde aconteciam os 
grandes rituais em 
honra ao deus Sol.
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Primeiros indícios de cultivo agrícola na 
América.
Povos começam a se fixar na Mesoamérica.
Cronologia deste capítulo 7000 a.C. 2000 a.C.
1 Diversidade das populações indígenas
É impossível determinar com precisão qual era a população total da América 
antes da chegada dos europeus, no final do século XV. A maioria dos dados pro-
vém das fontes dos conquistadores europeus, base de diversas estimativas. Sabe-se, 
contudo, que a maior parte da população estava concentrada em duas regiões 
específicas: a Mesoamérica (onde hoje está o México e parte da América Central) 
e a região andina central (correspondente a parte dos atuais Peru, Bolívia e Equa-
dor). Nessas regiões floresceu o que os arqueólogos denominam de altas culturas 
pré-colombianas.
Segundo as pesquisas mais aceitas, os mesoamericanos foram pioneiros no de-
senvolvimento da agricultura, o que provocou a fixação das populações e gerou 
uma capacidade de produção superior às necessidades de subsistência da popula-
ção. A região andina trilhou caminho semelhante pouco depois.
Daí se explica o fato de terem se formado na Mesoamérica e nos Andes as primei-
ras sociedades estrati�cadas, as cidades, o artesanato especializado e a burocracia.
Os complexos agrícolas 
O processo de concentração demográfica no continente certamente não ocor-
reu do dia para a noite. Na Mesoamérica, os arqueólogos datam os primeiros si-
nais do cultivo de milho, feijão e cacau em cerca de 7 mil anos atrás. Mas somente 
há cerca de 2 mil anos a agricultura se tornou a base dessas sociedades.
Nos Andes centrais, o processo de fixação das populações começou mais tarde, 
há cerca de 5 mil anos, baseado sobretudo no cultivo de tubérculos e na domes-
ticação de lhamas. Pode-se afirmar que há cerca de mil anos a organização social 
das populações da Mesoamérica e dos Andes estava baseada em produção agrícola 
altamente produtiva, por vezes utilizando técnicas de irrigação e cultivos em pla-
taformas artificiais.
De maneira geral, é possível identificar três 
grandes complexos agrícolas no continente: 
o complexo do milho, concentrado na Me-
soamérica; o complexo dos tubérculos, so-
bretudo a batata, típico da serra andina; e o 
complexo da mandioca, disperso pela região 
amazônica e boa parte do litoral atlântico da 
América do Sul. 
Na Mesoamérica, cultivavam-se também 
as leguminosas e o cacau. Nos Andes existia 
também o cultivo do milho, sobretudo em par-
tes dos atuais Peru e Chile. Observa-se que, no 
complexo da mandioca, a agricultura parece 
não ter conduzido à sedentarização completa. 
As populações seminômades continuaram ain-
da a recorrer à caça, à pesca e à coleta.
Tanto no hemisfério Norte como no Sul, 
inúmeros grupos não desenvolveram nenhum 
tipo de agricultura, fazendo da caça, da pesca e 
da coleta o seu modo de vida — eram nômades.
A Mesoamérica não se confun-
de com o atual México, assim 
como a região andina não se 
resume à cordilheira dos An-
des. Com o apoio do professor 
de Geogra�a, esclarecer para 
os alunos o signi�cado dessas 
expressões.
Explicar aos alunos em que 
consiste uma sociedade estra-
ti�cada e propor a comparação 
entre duas sociedades indí-
genas (inca e tupinambá, por 
exemplo). O Dicionário de Ci-
ências Sociais de�ne sociedade 
estrati�cada como “[...] estru-
tura resultante pela qual as fa-
mílias se tornam diferenciadas 
umas das outras e são dispostas 
em estratos graduados segun-
do os vários graus de prestígio 
e/ou propriedade e/ou poder”. 
SILVA, Benedicto (coord.). 
Dicionário de Ciências Sociais. 
Rio de Janeiro: Fundação Ge-
túlio Vargas, 1986. p. 421.
Curvas de nível no sítio arqueológico de Moray, local usado pelos incas 
para pesquisar técnicas agrícolas. Fotografia de 2015.
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Fixação dos povos nos Andes centrais. Primeiras construções da cidade maia de Tikal.
1500 a.C. Século III
Explicando a diversidade
Os pesquisadores não têm encontrado di�culdades para identi�car e caracteri-
zar as diferenças na ocupação do território, nos sistemas agrícolas e na vida econô-
mica dos povos nativos. Mas é difícil explicar a razão dessas diferenças.
A melhor explicação talvez resida no fato de que tais regiões foram, durante 
milhares de anos, importantes lugares de passagem, áreas receptoras de migra-
ções e mistura de povos de variada procedência. A troca e o acúmulo de expe-
riências possivelmente resultaram em maior capacidade para a “domesticação” 
das plantas.
Ainda assim, o processo foi lento e de irradiação limitada. Mas, quando se 
intensi�cou, estimulou a divisão do trabalho no interior das aldeias e depois en-
tre o campo e a cidade. Estimulou também o surgimento de artesãos, guerreiros 
e sacerdotes por tempo integral, além de uma burocracia ancorada em tradições 
religiosas.
A capacidade de produzir excedentes agrícolas foi a base dessa transforma-
ção, promovendo a distinção entre os camponeses da aldeia, de um lado, e os 
responsáveis pela administração, religião e guerra, de outro. Mas esta é uma 
outra história: a história dos impérios indígenas conquistados pelos espanhóis 
no século XVI.
Fontes: OVERY, Richard. A história completa do mundo. Rio de Janeiro: Reader’s Digest, 
2009; Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha da Manhã, 1995. p. 38-39.
PrinciPais comPlexos agrícolas do continente 
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MAR DO
CARIBE OCEANO
ATLÂNTICO
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PACÍFICO
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DO NORTE
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MAIA
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IMPÉRIO
ASTECA
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Centrais
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DO
SUL
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México
Trópico de Câncer
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60ºO
Complexo do milho
Complexo dos tubérculos
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Andes
Centrais
0 862 km
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• NEVES, Ana Maria 
B.; HUMBERG, 
Flávia R. Os povos da 
América. 5. ed. São 
Paulo: Atual, 2005.
 Este livro faz a 
reconstituição da 
América indígena 
da chegada do ser 
humano à América 
aos grandes 
impérios que o co-
lonizador espanhol 
destruiu.
126
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Construção da cidade maia de Chichen Itzá. Início da expansão asteca no México.
Século VIII 1425
2 Impérios no México e no Peru
No atual México situava-se o Império Asteca, herdeiro de muitos outros Esta-
dos indígenas que se sucediam na região há cerca de mil anos. Esse grupo domi-
nava parte da Mesoamérica a partir da cidade de Tenochtitlán, atual Cidade do 
México. Desde 1425, os astecas conquistaram militarmente cidades e aldeias; por 
isso, muitos historiadores preferem defi nir esse Estado como Confederação Asteca, 
em vez de império. 
Os astecas cobravam tributos de variados tipos: mantas de algodão, plumas, 
pedrarias, sementes de cacau, feijão, milho. Além disso, os camponeses eram obri-
gados a trabalhar nas terras e obras controladas diretamente pelos soberanos as-
tecas, além de serem recrutados para construir estradas, templos, palácios, em um 
sistema conhecido como cuatequil – trabalho compulsório devido pelos aldeãos.
Economia e sociedade asteca
Na agricultura, os astecas utilizavam sistemas de irrigação engenhosos, como 
as plataformas fl utuantes do lagoTexcoco, chamadas chinampas, onde cultivavam 
fl ores e verduras. O artesanato era bastante diversifi cado, produzido nas ofi cinas 
de ourives, ceramistas e tecelões. Os povos da região, entretanto, não domestica-
ram animais de carga nem dominaram a tecnologia do ferro. A maior parte dos 
instrumentos era de pedra, embora trabalhassem o bronze e outros metais.
O comércio local ou de longa distância era atividade importante. Por vezes 
utilizavam como moeda ouro em pó, lascas de cobre e sementes de cacau, mas 
também ocorria a troca direta de produtos. Um grupo especializado, os pochteca, 
fazia o comércio de Tenochtitlán com outras cidades do México central.
A força militar dos astecas era indiscutível. Todos os homens prestavam serviço 
militar, e havia tropas bem treinadas, como a dos guerreiros-águia e a dos guer-
reiros-jaguar, devidamente paramentados com a cabeça de águia e pele de jaguar.
A chefi a fi cava a cargo de um governante eleito pelo conselho dos chefes das 
aldeias astecas, tendo o título de Tlatoani, que na língua nahuatl signifi ca “aquele 
que fala”. Tratava-se, antes de tudo, de um chefe militar, escolhido entre os gran-
des guerreiros. Era quase um deus. Para os astecas, a guerra era fundamental para 
a força do Sol, a principal divindade desse povo.
Os sacrifícios humanos
Os astecas dedicavam grandes sacrifícios ao deus Sol no Templo Maior de 
Tenochtitlán, nos quais eram executados os cativos de guerra. Era um ritual de 
comunhão entre o povo e a divindade, que, para os astecas, precisava de sangue 
para renascer a cada dia. Por essa razão os povos da região faziam guerras, mes-
mo que não houvesse um alvo material ou estratégico em disputa.
• A imagem acima, presente no Códice florentino, sugere o sentido religioso dos sacrifícios humanos naque-
la sociedade. Identifique o elemento da imagem que confirma essa interpretação.
OUTRA DIMENSÃO CULTURA
Os astecas acreditavam que a entrega do coração do prisioneiro ao deus Sol 
era a garantia de que o astro jamais os abandonaria. Ilustração do Códice 
fl orentino, compilado pelo frei franciscano Bernardino de Sahagún, c. 1540. 
Biblioteca da Assembleia Nacional da França, Paris, França.
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Início da expansão inca nos Andes. Pedro Álvares Cabral desembarca em Porto Seguro, berço do 
futuro Brasil.
1438 1500
O Antigo Império Maia
Alguns historiadores chamaram o período de predomínio das cidades de Palenque, Uaxactun e Tikal de 
Antigo Império Maia. No entanto, nessa fase não chegou a existir um império unificado, com jurisdição so-
bre o território centro-americano. Tampouco os sítios arqueológicos da região chegaram a ser cidades com 
população urbana permanente. Eles abrigavam centros cerimoniais. 
A região em que essas cidades estavam foi despovoada por volta do século IX, em razão de alteração 
climática que produziu uma longa seca. Muito diferente foi o que ocorreu na península de Yucatán, no 
atual México, que abrigou os maias que abandonaram a América Central. Os maias lutaram, então, com 
os toltecas, povo de cultura nahuatl, a mesma dos astecas, mas foram derrotados. Prevaleceu, na região, 
durante séculos, uma fusão étnica e cultural entre os toltecas e os maias.
• Em quais países atuais da América Latina estão localizados os sítios arqueológicos de Palenque, Uaxactun 
e Tikal?
Conversa de historiador
Os maias
A existência de um império maia similar ao dos astecas ou dos incas é motivo 
de controvérsia entre os historiadores. É certo, porém, que na América Central 
os maias edi�caram templos monumentais, como indicam os sítios arqueológicos 
dos atuais países do México, da Guatemala e de Honduras. Entre eles, Palenque, 
Uaxactun e Tikal, construídos a partir do século IV.
Por volta do século X, mais ao norte, a agricultura foi renovada e novas cidades 
foram construídas. Foi nessa região que surgiu, no século XIV, o chamado Novo Im-
pério Maia — que foi o único, na verdade —, baseado na aliança entre as cidades de 
Mayapán, Chichén Itzá e Uxmal. Mas era a primeira delas que governava o território.
O império não durou muito tempo. Disputas internas na capital e ataques de 
cidades rivais levaram à fragmentação do império. Mayapán foi saqueada e des-
truída em meados do século XV. Os maias mantiveram uma organização política 
descentralizada. Quando os espanhóis chegaram à região, em 1519, encontraram 
cidades independentes.
Fontes: KINDER, Hermann; 
HILGEMANN, Werner. Atlas Histórico 
Mundial: de los orígenes a la 
Revolución Francesa. Madri: Ediciones 
Istmo, 1982. p. 234; DUBY, Georges. 
Atlas Historique Mondial. Paris: 
Larousse, 2006. p. 236.
100º O
TRÓPICO DE CÂNCER
OCEANO PACÍFICO
OCEANO 
ATLÂNTICO
Golfo do
México
Trópico de Câncer
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Chichén Itzá
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0 205 km
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Área do Império Asteca
Cidade
Área de domínio maia
o imPério asteca e a civilização maia (c.1520)
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imPério inca (século xv)
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60ºO
AMÉRICA
DO SUL
AMÉRICA
CENTRAL
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Quito
Cuzco
Tiahuanaco
0 1141 km
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Área do Império Inca
Capital do Império
Cidade
Os espanhóis conquistam o México asteca, chefiados por Hernán 
Cortés.
Conquista do Império Inca pelos espanhóis, liderados por 
Francisco Pizarro.
1519-1521 1531-1533
Os incas
Por volta de 1438, formou-se o Império Inca na região 
dos atuais Peru e Bolívia, principalmente. Chamava-se 
Tawantinsuyo, em quechua, principal língua falada nos 
Andes. No Império Inca, o principal deus era Inti, o deus 
Sol. O Império cobrava tributos das aldeias vizinhas, 
que cultivavam vários tipos de batata nas terras altas do 
território, transportados ao litoral no lombo de lhamas. 
Os povos andinos foram os únicos na América a domes-
ticar animais para o trabalho.
Por ter conquistado vastas áreas com diferentes am-
bientes ecológicos e climáticos, desde o frio altiplano 
andino até a quente costa peruana, o Império Inca pôde 
desenvolver atividades bem variadas. Na verdade, o Im-
pério Inca era imenso, incluindo os atuais Peru, Bolívia e 
Equador, o sul da Colômbia, parte do Chile e o noroes-
te argentino. Os incas estavam em plena expansão na 
região da Amazônia quando foram conquistados pelos 
espanhóis, na década de 1530.
A administração dos impérios americanos
Nos dois grandes impérios americanos, o asteca e o inca, a propriedade da 
terra era coletiva, parte dela explorada pelos camponeses, visando à subsistência 
do grupo, e o restante trabalhada por eles para sustentar os grupos dirigentes – 
governantes, guerreiros e sacerdotes. 
Uma diferença importante entre esses impérios residia na forma de tributação. 
No caso asteca, como vimos, embora o tributo em trabalho (cuatequil) fosse im-
portante, predominava o pagamento em gêneros agrícolas ou artesanato. No caso 
inca, prevalecia o tributo em trabalho, conhecido como mita.
Tawantinsuyo u na língua 
quechua significa, literal-
mente, “quatro regiões” 
(tawan, quatro; suyo, 
região). A ideia era a de 
um império com quatro 
divisões territoriais subor-
dinadas à capital, Cuzco.
Fonte: DUBY, Georges. Atlas Historique Mondial. Paris: Larousse, 
2003. p. 237.
Fotografia das ruínas 
de Machu Picchu, Cuzco, 
Peru, que foi um dos 
refúgios incas após 
a conquista espanhola. 
Sua descoberta 
ocorreu em 1911 pelo 
arqueólogo estadunidense 
Hiram Bingham.
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Fundação da Virgínia e início da colonização inglesa no sul da 
América do Norte.
1607
Outra diferença entre os dois impérios americanos reside na importância do 
comércio a longa distância no Império Asteca,em contraste com sua ausência no 
Inca. Essas diferenças entre os dois impérios se explicam: o Império Inca era mais 
centralizado e possuía controle mais abrangente dos seus domínios. No caso aste-
ca, o grau de centralização administrativa era menor, daí o predomínio de tributos 
em gêneros e a importância do comércio para suprir as necessidades da elite. 
De Cuzco, o soberano inca governava o Império. E se os governantes astecas 
eram quase deuses, por liderarem as guerras, o soberano inca era de fato visto 
como um deus completo, adorado como a encarnação do Sol. Centralizado, hie-
rarquizado, militarizado, assim era o Império dos incas. Não por acaso, atribui-se 
a Atahualpa, o último imperador, a seguinte frase: “No meu reino, não há folha 
que se mexa, nem ave que voe, se tal não for a minha vontade”.
O quipo
Os incas desenvolveram sistemas próprios de contabilidade e 
comunicação. Por exemplo, os tributos devidos e a população de cada 
aldeia eram quantificados por meio de uma tela de nós coloridos, os 
quipos; para decifrá-los, havia um corpo de funcionários especiais: os 
quipocamayoc. 
O quipo era composto de uma série de fios coloridos em que eram 
feitos diferentes nós. O tipo de cada nó indicava determinado número, e 
a disposição dos nós em um fio indicava unidades de 1, 10, 100 ou mais. 
Todos os fios estavam presos a um fio principal, ou a uma madeira, e o 
posicionamento dos fios com relação ao fio principal, bem como sua cor, 
indicavam o que estava sendo contabilizado: ouro, milho, pessoas etc. 
1. Quais elementos representados na ilustração permitem reconhecer 
que o autor pretendia associar o quipocamayoc à informação contábil 
no Império Inca? 
2. Agora, um desafio: procure transcrever a primeira linha do escrito 
da ilustração, traduzindo-a para o português.
oUtra diMensão LinGUaGens
Ilustração representando um 
quipocamayoc, funcionário do Império Inca. 
Desenho de Poma de Ayala, século XVI. 
Biblioteca Real, Copenhague, Dinamarca.
3 Maloca: a sociedade dos povos tupis
No momento em que os portugueses chegaram ao Brasil, desembarcando no 
sul da atual Bahia (que chamaram de Porto Seguro), a população nativa contava 
com alguns milhões de indivíduos. Muitos a�rmam que ela variava entre 1 e 10 
milhões de pessoas. 
Números muito imprecisos. Estimativas recentes, entretanto, sugerem que ha-
via de 1 a 3 millhões de tupis no litoral colonizado pelos portugueses. Se somar-
mos a esses os grupos do interior e da Amazônia, que os portuguses não conquis-
taram, exceto as franjas litorâneas, é possível que a população indígena das terras 
que hoje pertencem ao Brasil chegasse a 5 milhões de pessoas.
• Como era gostoso 
o meu franc•s. 
Direção: Nelson 
Pereira dos Santos. 
Brasil, 1971. 
Baseado no relato 
de Hans Staden 
sobre o período em 
que ficou cativo dos 
tupinambás, no Rio 
de Janeiro, aguar-
dando ser executado 
e devorado.
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Na faixa litorânea que veio a ser ocupada primeiramente pelos portugueses, 
prevaleciam os nativos do tronco linguístico tupi, subdivididos em diferentes gru-
pos: Tupinambá, Tupiniquim, Tamoio, Caeté, Potiguar, Tabajara etc. Nem sempre 
eram os nativos que se designavam desse modo, mas assim foram identificados 
pelos portugueses.
Os nativos de língua tupi chamavam de “tapuias” aqueles que não falavam sua 
língua. Os tapuias eram minoritários no litoral, e muito numerosos no interior. 
Falavam línguas dos troncos jê, arawak ou famílias linguísticas menores.
O cotidiano dos povos tupis
Os povos tupis viviam em aldeias compostas 
de cerca de sete ou oito malocas, feitas de pa-
lha, talos de madeira e folhas de palmeira. Cada 
maloca podia abrigar até 100 famílias, de modo 
que algumas tinham cerca de 600 habitantes. O 
mais comum, porém, era haver entre 100 e 200 
moradores em cada maloca.
A família era composta do chefe, de suas es-
posas e filhos, parentes e até cativos de guerra. 
Todos dormiam em redes. Em geral, a maloca 
tinha duas aberturas laterais e uma no centro, 
para ventilação. Dentro delas, as mulheres cozi-
nhavam e teciam redes.
A caça e a pesca eram tarefas masculinas. As 
mulheres cuidavam das roças de mandioca. Os 
homens basicamente abriam clareiras por meio 
de queimadas (a coivara), e as mulheres cuida-
vam do restante. Era uma economia de subsis-
tência com propriedade coletiva da terra.
Guerra e canibalismo
A guerra era um dos pontos mais importan-
tes da cultura tupi. As aldeias eram circundadas 
por paliçadas de mais de três metros de altura. O 
arco e flecha era a arma principal. Muitos grupos 
nativos viviam em guerra, que tinha importante papel na formação das famílias 
e na identidade do grupo. Os homens só podiam se casar quando tivessem feito 
um prisioneiro de guerra; assim, os melhores guerreiros possuíam várias esposas. 
O principal objetivo da guerra era fazer prisioneiros, para depois executá-los 
em uma cerimônia tribal. Os Tupinambá não guerreavam entre si por territórios 
ou riquezas. Guerreavam para fazer prisioneiros e comê-los, vingando-se dos pa-
rentes comidos pelos rivais e absorvendo, no rito antropofágico, a força do inimi-
go. Assim, reforçavam a identidade cultural do grupo.
O cotidiano dos grupos tupis só era interrompido com a chegada dos grandes 
pajés, os chamados pajés-açu, pregadores itinerantes aos quais se atribuía o poder 
de falar com os mortos. Esses pajés tinham o privilégio de circular entre as diferen-
tes aldeias e invocar os ancestrais. Eles eram sempre recebidos com grandes festas, 
em que fumavam tabaco, chamado petim, e entravam em transe. 
Pajés u curandeiros, na 
cultura tupinambá, aos 
quais, em certos casos, se 
atribuíam poderes místicos 
e mágicos.
Fontes: BETHELL, Leslie. 
História da América Latina, 
v. 1. São Paulo: EDUSP, 1997. 
p. 103; OVERY, Richard. A 
História Completa do Mundo. 
Rio de Janeiro: Reader’s Digest 
Brasil, 2009. p. 162.
Um dos principais trabalhos 
era o preparo do cauim, bebida 
fermentada à base da raiz de 
mandioca, muito apreciada pe-
los nativos. A chamada cauina-
gem (reunião para a ingestão 
do cauim) era frequente. Esta-
va carregada de símbolos, rela-
cionada à celebração dos guer-
reiros e ancestrais do grupo.
50° O
TRÓPICO DE CAP
RICÓRNIO
EQUADOR
OCEANO
ATLÂNTICO
Tupinambá
Tupinambá
Goitacases
Tupiniquim
Tupiniquim
Carijó
(Guarani)
Temiminó
e Tamoio
Tremembé
Potiguara
Tabajara
Caeté
Aimoré
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Povos tapuia (tronco linguístico Jê 
e outros grupos linguísticos)
Povos tupi (tronco linguístico tupi)
Povos indígenas no litoral do Brasil (século xv)
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Passavam então a narrar os feitos dos heróis míticos, contando como Tupã, o 
trovão, avisara Tamandaré do dilúvio, e de como este se refugiara com sua mulher 
no topo da mais alta palmeira da Terra, dando origem aos tupinambás. Falavam 
também da necessidade de todos buscarem o que chamavam de Terra sem Males, 
um paraíso onde as mulheres nunca envelheciam, as flechas caçavam sozinhas e 
ninguém precisava plantar os alimentos.
Mostrar aos estudantes que os 
signi�cados e as motivações 
da guerra entre os povos tupis 
eram fundamentalmente de 
tipo cultural, e não econômi-
co ou político. O sentimento 
de vingança era um reforço 
da identidade grupal, cuja ce-
rimônia máxima era o ritual 
antropofágico. 
4 Algonquinos e iroqueses: 
nativos do hemisfério Norte 
Quando franceses, ingleses e holandeses estabeleceram os primeiros núcleos 
coloniais na América, no início do século XVII, os principais grupos indígenas 
fixados no litoral do Atlântico norte eram os iroqueses e os algonquinos. Esses 
grupos falavam línguas de diferentes troncos linguísticos. 
Os povos desses grupos espalhavam-se por vastos territórios que hoje perten-
cem ao Canadá e aosEstados Unidos. Os iroqueses eram mais numerosos na ribei-
ra do Rio São Lourenço e de seus afluentes, ao sul do Lago Ontário, enquanto os 
algonquinos predominavam no litoral atlântico.
Cerimônias tupinambás
Escrevendo da Bahia, em 1549, o padre jesuí-
ta Manuel da Nóbrega assim descreveu a atua-
ção dos grandes pajés nas cerimônias tupis.
De certos em certos anos, vêm uns feiticeiros 
de mui longes terras, fingindo trazer santidade […]. 
Em chegando o feiticeiro com muita festa ao lugar, 
entra em uma casa escura e põe uma cabaça que 
traz em figura humana […] e mudando a sua voz 
para a de menino, junto da cabaça, lhes diz que não 
cuidem de trabalhar, nem vão à roça, que o manti-
mento em si crescerá, e que nunca lhes faltará o 
que comer […] e que as enxadas irão a cavar e as 
flechas irão ao mato por caça […]. Acabando de fa-
lar o feiticeiro, começam a tremer, principalmente 
as mulheres, que parecem demoinhadas (como de 
certo o são), deitando-se em terra e escumando pe-
las bocas, e nisto lhes persuade o feiticeiro que lhes 
entra a santidade…
NÓBREGA, Manuel da. Informação das terras do Brasil. In: Cartas do Brasil (1549-1560). 
Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1886. p. 99-100.
• Apesar de oferecer descrição razoável do transe místico na cultura tupinambá, o jesuíta demoniza o ritual. 
Indique no texto a evidência da citada demonização.
Visita de um pajé-açu a uma aldeia Tupinambá. Gravura de Theodor 
de Bry publicada no livro Navigatio in Brasiliam Americae, século XVI. 
Serviço Histórico da Marinha, Vincennes, França.
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Pode-se fazer uma correlação entre as práticas rituais dos grandes pajés e as representações dos caboclos na umbanda brasileira. O mesmo 
vale para os catimbós e as pajelanças do interior do Brasil.
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Apesar das diferenças linguísticas, iroqueses e 
algonquinos possuíam cultura material semelhante. 
Viviam em casas feitas de casca de árvore de cerca 
de 60 m2 que abrigavam várias famílias. As moradas 
compunham aldeias forti�cadas com população de 
mil a duas mil pessoas.
Eram povos agrícolas dedicados ao cultivo de legu-
mes variados, milho e hortaliças, ao que se unia a pesca 
e a caça. A pesca era feita em rios e lagos e baseada na 
canoagem. A caça era feita com arco e �echa, lanças 
e machados de pedra, com preferência pelos castores, 
veados, lobos e ursos. Além da carne, a caça proporcio-
nava os couros e as peles para a confecção de roupas 
adequadas ao rigor do inverno naquela região.
Antes mesmo da chegada dos europeus, as tribos 
algonquinas e iroquesas entraram em con�ito, possi-
velmente motivadas por disputas territoriais. A che-
gada dos europeus não mudou essa situação, pois os 
con�itos se prolongaram nos séculos seguintes, misturando-se com as disputas 
anglo-francesas na região.
Os iroqueses, em sua grande maioria, aliaram-se aos ingleses nas guerras colo-
niais, enquanto os algonquinos apoiaram os franceses. As inimizades do passado 
indígena tiveram peso essencial nas alianças e con�itos do período colonial, como 
em outras partes do continente.
Tudo indica que nos con�itos entre os dois grupos reside a origem das con-
federações iroquesa, com destaque para o povo Mohawk, e algonquina, à qual 
pertencia o famoso povo dos Moicanos. Esses grupos indígenas possuíam grandes 
guerreiros, pois franceses e ingleses não conseguiram derrotar essas tribos, senão 
episodicamente, até meados do século XVIII.
Fonte: Atlas of the Historical Geography of the United States. Indian Tribes and 
Linguistic Stocks, 1650. Richmond: University of Richmond, s.d. Disponível 
em: <http://dsl.richmond.edu/historicalatlas/33/>. Acesso em: 30 set. 2015. 
gruPos indígenas no leste da américa 
do norte (séculos xv e xvi) 
A maloca tupi
As sociedades tupis tinham por referência es-
pacial a maloca, lugar de morada, de trabalho, da 
organização familiar, dos rituais de contato com 
os ancestrais mortos e de defesa do grupo. Veja 
um registro feito pelo gravurista Theodor de Bry 
a partir de relatos de viajantes que estiveram no 
litoral brasileiro no século XVI. 
1. Considerando a imagem como documento 
histórico, bem como as informações do 
capítulo, estime a população da aldeia 
representada na imagem ao lado.
2. Em seguida, avalie se a fonte histórica traz uma 
informação verossímil a respeito da população 
da aldeia.
Aldeia indígena fortificada. Detalhe da gravura de Theodor de Bry,1563. 
Serviço Histórico da Marinha, Vincennes, França.
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1. 
As estruturas dos impérios Asteca e Inca eram similares, 
não obstante a ausência de qualquer contato entre o Mé-
xico e o Peru no período anterior à conquista espanhola. 
Eram impérios tributários baseados na exploração das 
aldeias de suas respectivas regiões, seja na arrecadação 
de excedentes agrícolas, seja no recrutamento de aldeões 
para obras de interesse coletivo. Essa similitude permite 
comparar o significado cultural do cargo de chefia nesses 
impérios. Considerando as semelhanças e as diferenças 
entre as duas culturas, é possível afirmar que:
a) Tanto o imperador inca como o tlatoani asteca eram divi-
nizados pelos respectivos súditos, pois eram considera-
dos filhos do Sol.
b) A sucessão imperial asteca era eletiva, enquanto a su-
cessão inca era hereditária.
c) O imperador inca era considerado um deus, filho do Sol, 
enquanto o significado em nahuatl de tlatoani é “aquele 
que fala”, em especial o que comanda a guerra.
d) O soberano inca era escolhido pelos curacas do Império, 
enquanto o tlatoani asteca era um cargo hereditário.
e) Inexistiam, a rigor, regras sucessórias nos impérios as-
teca e inca, sendo comum a disputa política entre preten-
dentes rivais.
2. (Enem-2012) 
Michel de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, 
as guerras das sociedades Tupinambá com as chamadas 
1. Compare o sentido da guerra na sociedade tupi-
nambá e na sociedade asteca. 
2. Dê um exemplo de tecnologia agrícola desenvolvida 
pelos astecas. 
3. Compare as estruturas socioeconômicas dos impé-
rios Asteca e Inca. 
4. Os soberanos asteca e inca eram considerados deu-
ses nas respectivas sociedades? 
5. Por que a maioria da população indígena que vivia 
no litoral em 1500 ficou conhecida como tupi?
6. Qual a importância da maloca na sociedade tupi-
nambá?
7. É possível afirmar que os tapuias compunham um 
grupo linguístico no que hoje é o Brasil?
8. Um jesuíta português afirmou, no século XVI, que 
os indígenas tupis não tinham fé em nenhum deus, 
eram como papel em branco onde se podia escrever 
à vontade. Comente.
9. Por que os grupos nativos do litoral atlântico da 
América do Norte se especializaram na caça de ani-
mais de pelagem densa?
As armadilhas do vocabulário histórico
O uso do termo “América Pré-Colombiana” para designar o continente americano e os povos que nele 
habitavam antes da chegada dos europeus é muito discutido pelos historiadores. A maioria deles conside-
ra o termo eurocêntrico, uma vez que submete a história das sociedades nativas à lógica europeia: o pas-
sado é definido em função de uma temporalidade estranha aos povos que habitavam o continente. O termo 
pré-colombiano parece desconsiderar as culturas nativas, anteriores à viagem de Cristóvão Colombo. 
Hoje, parece mais corretousar o termo América indígena, que dá ênfase aos povos nativos. Mas nem 
essa expressão encontra-se isenta de eurocentrismo, pois inclui povos e sociedades muito diferentes sob 
a mesma denominação, além de manter o nome América, uma invenção para designar o continente que 
os europeus até então desconheciam. Trata-se de um problema difícil de contornar, pois o vocabulário 
histórico relacionado ao tema sempre foi construído com o olhar europeu. Mas, se temos de chamar a 
América pelo nome que acabou por se tornar famoso, devemos ao menos estar conscientes da historici-
dade de nosso vocabulário. 
• Pesquise a origem do termo América, identificando o eurocentrismo presente no conceito. 
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Corda principal
Corda
pendente
Quipus
Milhares
Centenas
Dezenas
Unidades
Figura 1 Figura 2
guerras de religião dos franceses que, na segunda metade 
do século XVI, opunham católicos e protestantes: 
[…] não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem da-
queles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que 
não se pratica em sua terra. [...] Não me parece excessivo jul-
gar bárbaros tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que 
o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca 
dos nossos. Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo 
do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um ho-
mem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou 
entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como 
não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos 
conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que as-
sar e comer um homem previamente executado. [...] Podemos 
portanto qualifi car esses povos como bárbaros em dando ape-
nas ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós 
mesmos, que os excedemos em toda sorte de barbaridades. 
MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. 
São Paulo: Nova Cultural, 1984.
De acordo com o texto, pode-se afi rmar que, para Montaigne: 
a) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da 
origem única do gênero humano e da sua religião.
b) a diferença de costumes não constitui um critério válido 
para julgar as diferentes sociedades.
c) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois 
não conhecem a virtude cristã da piedade.
d) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a 
ausência de uma cultura civilizada e racional.
e) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos 
europeus, o que explica que os seus costumes sejam si-
milares.
3. (Enem-2014) 
Os incas desenvolveram uma maneira de registrar quan-
tidades e representar números utilizando um sistema de 
numeração decimal posicional: um conjunto de cordas 
com nós denominado quipo. O quipo era feito de uma corda 
matriz, ou principal (mais grossa que as demais), na qual 
eram penduradas outras cordas, mais fi nas, de diferentes 
tamanhos e cores (cordas pendentes). De acordo com a sua 
posição, os nós signifi cavam unidades, dezenas, centenas e 
milhares. Na Figura 1, o quipo representa o número deci-
mal 2 453. Para representar o “zero” em qualquer posição, 
não se coloca nenhum nó.
O número da representação do quipo da Figura 2, em base 
decimal, é
a) 364 d) 3 640
b) 463 e) 4 603
c) 3 064
A arte asteca
A arte asteca foi infl uenciada pela cultura de diferentes povos que an-
tecederam ou integraram o seu Império. Entre as manifestações artísticas 
astecas estavam a cerâmica, a escultura, a arquitetura, a tecelagem, a joa-
lheria e a plumagem. Máscaras e artefatos de ouro também eram típicos 
do mundo nauatl, aos quais pertenciam os astecas. 
O ouro, para os europeus, era um material valorizado. Era desse metal 
que as moedas mais valiosas eram feitas. Nesse sentido, estava ligado 
também ao luxo. 
• Discuta, em grupo, se a enorme quantidade de peças em ouro, caracterís-
tica do artesanato asteca, indica a importância do luxo naquela sociedade.
História e arte 
Máscara de ouro do século VII representando o deus Xipe 
Totec encontrada no sítio arqueológico de Monte Alban, no 
México. Museu das Culturas de Oxaca, Oxaca, México.
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Sociedades do Extremo 
Oriente: China, Japão e Índia
Um pagode, edifício típico 
do Extremo Oriente, 
construído durante o 
período imperial na China. 
Torre Wangu, na província 
de Yunan, na China. 
Fotografi a de 2014.
O pagode é uma forma de edifi cação tipicamente asiática, comum na China, 
na Índia, no Japão, na Coreia e no Nepal, ou seja, na Ásia meridional e oriental. 
Um modelo arquitetônico original, que não é comparável às pirâmides egípcias 
da Antiguidade nem aos templos greco-romanos, tampouco às catedrais 
góticas da Idade Média europeia.
Para os europeus, o Oriente era cheio de mistérios. Mistérios que assim 
foram chamados porque os povos do Ocidente não conheciam quase nada do 
Oriente quando as diferentes culturas desses dois hemisférios se encontraram 
pelos mares na viagem do português Vasco da Gama. Também poderiam ter 
se cruzado em alguma viagem de Zheng He, principal almirante chinês da 
dinastia Ming, no século XV.
Este capítulo busca desvendar a Ásia na sua diversidade, adotando o ponto 
de vista de algumas sociedades do Extremo Oriente. A perspectiva de 
não estu dar a História asiática segundo o movimento do Ocidente é um 
pressuposto essencial para desvendar as histórias milenares da China, do 
Japão e da Índia.
Hoje, chamamos de 
pagode o estilo de 
samba surgido nas 
rodas de fundo de 
quintal no Rio de 
Janeiro durante a 
década de 1970. Mas 
qual é a origem da 
palavra pagode? 
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Sociedades do Extremo 
Oriente: China, Japão e Índia
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Desenvolvimento da agricultura no Japão. Surgimento da civilização de Harapa.
Cronologia deste capítulo 4000 a.C. Terceiro milênio a.C.
1 Diversidades asiáticas
O continente asiático é o maior do planeta em extensão territorial. Assim como 
os demais continentes, abriga inúmeros povos de cultura completamente diferen-
tes. Alguns povos da Ásia tiveram suas histórias conectadas com o Ocidente desde 
a Antiguidade, enquanto outros, mais a leste, mal conheciam europeus e africanos, 
sem mencionar os povos da América. 
O conhecimento que os povos do Ocidente e do Extremo Oriente tinham uns 
dos outros vinha dos mercadores que buscavam sedas e especiarias, percorrendo 
os caminhos da famosa Rota da Seda. O mais famoso deles foi Marco Polo, vene-
ziano que esteve na China mongol durante o século XIII.
As regiões asiáticas que mantiveram contato estreito com o Ocidente foram 
a Ásia Menor (hoje parte da Turquia) e o Oriente Médio, outrora chamado de 
Oriente Próximo. Esta última região, que foi o berço das teocracias egípcias e 
mesopotâmicas, foi tragada pela expansão macedônica ou alexandrina, no século 
IV a.C., e conquistada pelos romanos, a partir do século II a.C. Em contrapartida, 
os Omíadas do Califado de Damasco conquistaram a península Ibérica, no século 
VIII, enquanto os turcos-otomanos invadiram o mundo ocidental, no século XV, 
avançando sobre o norte africano e o leste europeu. Quase conquistaram partes da 
Europa Central, como Viena (Áustria) no fi nal do século XVII.
Mas as regiões orientais que interessam a este capítulo são as que os europeus 
chamavam de Outro Mundo, retratado pela literatura como um continente de 
muitas riquezas e maravilhas. 
É o caso da Ásia 
meridional e da Ásia 
oriental. Na primeira, 
vale destacar a Índia, 
melhor dizendo, as 
Índias, consideradas 
as diversidades inter-
nas do sub-continente. 
Na segunda, destaque 
para a China, imensa 
e também cultural-
mente diversa, e para 
o Japão, arquipélago 
que sofreu grande in-
fl uência chinesa até 
encontrar seu próprio 
caminho.Fonte: CALDINI, Vera; 
ÍSOLA, Leda. Atlas 
geográfi co Saraiva. 
4. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2013. p. 130.
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DO NORTE
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Para a visão medieval do “Ou-
tro Mundo”, ver capítulo 11.
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Período védico. Confúcio elabora sua doutrina filosófica na China.
1500 a.C.-500 a.C. Século V a.C.
2 China Antiga e Imperial
Quando os portugueses desembarcaram na ilha de Ling-Ting, situada na costa 
da China meridional, em 1513, logo �ncaram um padrão para sinalizar a sua pos-
se do território. Mal sabiam eles que estavam se aproximando de um império tão 
grande e poderoso que os portugueses jamais poderiam conquistar.
A China do século XVI era governada pela dinastia Ming, que havia substi-
tuído a dinastia Yuan, de origem mongol, em 1368. O poder dos Ming sobre a 
China se prolongou até 1644. Foi no século XV que a China ensaiou uma vigo-
rosa expansão comercial e marítima no sudeste asiático e no Oceano Índico e por 
muito pouco não dobrou o sul da África para o Ocidente, antes que o português 
Bartolomeu Dias o �zesse, em 1488.
Padrão u marco de pedra 
com inscrições que os 
portugueses fincavam nos 
territórios descobertos.
Vista da Cidade Proibida, em 
Beijing, China. Construída 
durante a dinastia Ming, na 
primeira metade do século 
XV, o complexo de palácios 
tinha esse nome porque 
somente o imperador, sua 
família e sua criadagem 
tinham acesso à cidadela. A 
reclusão do imperador tinha 
relações com outros aspectos 
de seu poder divino, como 
a proibição de que pessoas 
comuns olhassem para ele 
diretamente. Proclamada a 
República, em 1912, a cidadela 
se tornou museu em 1925 e foi 
incluída no Patrimônio Mundial 
da Humanidade pela Unesco, 
em 1987.
Zheng He e a expansão marítima chinesa
Enquanto os portugueses apenas começavam sua expansão marítima, os chineses 
já eram veteranos na navegação de longo curso. Registros chineses informam que sete 
expedições foram enviadas para a Índia, costa oriental da África, Golfo Pérsico e arqui-
pélago de Java entre 1415 e 1433. O principal almirante chinês foi Zheng He, que cresceu 
como um dos eunucos da corte da dinastia Ming. Os chineses só não atravessaram o cabo 
das Tormentas, no século XV, porque seus interesses comerciais se concentravam na 
costa leste africana.
A unificação política
A dinastia Ming não foi, porém, senão a penúltima dinastia dentre as muitas 
que reinaram na China desde o III milênio a.C. A história chinesa foi, do ponto 
de vista político, a da sucessão de diversas dinastias, não raro rivais. Uma história 
da guerra, portanto, e não por acaso o primeiro manual de que se tem notícia no 
mundo sobre como fazer a guerra foi de origem chinesa: EstratŽgia militar, do 
general Sun Tzu, escrito no século IV a.C.
A história política da China antes do século XX se divide em dois grandes pe-
ríodos: China Antiga (2207 a.C.-211 a.C.) e China Imperial (211 a.C.-1911 d.C.). 
A convenção cronológica a.C. e d.C. é claramente eurocêntrica, e só admitimos 
usá-la por conveniência didática. A periodização da história chinesa nada tem a 
ver com Cristo, evidentemente. 
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A Muralha da China
Também conhecida como 
“Grande Muralha”, trata-se de 
um complexo de fortalezas eri-
gido ao norte da China. Ampliada 
inúmeras vezes com a justificativa 
de consolidar a defesa do império 
contra povos invasores, o fato é 
que, durante mil anos, a China não 
foi ameaçada por qualquer invasão 
de grande escala naquela direção. 
Alguns estudiosos afirmam que o 
propósito da Grande Muralha era, 
antes de tudo, o de ocupar os pri-
sioneiros em trabalhos forçados, 
bem como o de mobilizar campo-
neses de modo a exaltar a gran-
deza do poder imperial.
No entanto, sabe-se que a maior extensão da Grande Muralha foi construída durante a dinastia Ming, 
a partir do século XV, e estima-se que mais de um milhão de trabalhadores foram recrutados para traba-
lhar na grande obra, com elevada mortalidade entre eles causada por frio, fome e acidentes.
• Com base nas informações do capítulo discuta, em grupo, a polêmica sobre os objetivos imperiais na 
construção da Grande Muralha: exibição do poder imperial ou defesa contra invasores?
Lao Tzi escreve o Tao Te Ching. O reino de Magadha expulsa os invasores gregos e dá início ao 
Império Maurya.
Século IV a.C. 322 a.C.
No período da China Antiga, inaugurado pela dinastia Xia, nenhum reino con-
seguiu uni�car o território. As dinastias são reconhecidas pelo fato de terem con-
seguido, durante algum tempo, reinar sobre territórios mais ou menos extensos. 
Houve fases, porém, em que várias dinastias governavam ao mesmo tempo. No 
�nal do século V a.C., havia sete estados políticos importantes, cada qual tentando 
dominar e incorporar os demais. Os historiadores chineses chamaram esta fase de 
Período dos Reinos Combatentes.
A China Imperial
O período da China Imperial se inciou quando a família Quin submeteu os 
demais reinos chineses, e seu rei, Ying Zheng, proclamou-se imperador no �nal do 
século III a.C. O primeiro imperador Quin mandou elaborar um código legislativo 
uni�cado, instituiu a moeda imperial e uma escrita o�cial.
Durante o primeiro reinado imperial, a capital foi estabelecida em Xianyang 
(atual Xian), “lugar eterno”, em chinês. O primeiro imperador Quin considerava 
que sua família reinaria para sempre, mas ela foi destronada 15 anos depois.
Foi no período Quin que se iniciou a construção da Grande Muralha, ao norte, 
com a justi�cativa de que o império precisava de uma grande forti�cação contra 
possíveis invasores. A construção se prolongou por quase 1500 anos, entre amplia-
ções e reformas, e só foi concluída em 1677, sob a dinastia Ming.
• Confúcio. Os 
analectos. São 
Paulo: Martins 
Editora, 2005. 
Alicerce espiritual 
da mais antiga e 
populosa civilização 
viva da Terra, Os 
analectos serviram 
de inspiração aos 
chineses e a todos 
os povos da Ásia 
oriental com sua 
afirmação de uma 
ética humanista.
OUTRA DIMENSãO cUlTURA
Vista da Grande Muralha da China em fotografia de 2015.
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Início da dinastia Quin. Início da construção da Grande Muralha. Invenção do papel.
Século III a.C. Século I d.C.
Dinastias e guerras
A história política da China Imperial continuou turbulenta, apesar da uni�ca-
ção. Houve momentos em que o império se fragmentou completamente, como no 
século X. 
Entre 907 e 960, com a queda da dinastia Tang, a China �cou dividida em dez 
reinos com dinastias diferentes. Foram quase sessenta anos de guerra civil e luta 
pelo poder imperial.
No século XIII, o império foi conquistado pelos mongóis, liderados por Kublai 
Khan, instituindo a dinastia Yuan. Foi somente a partir de 1368, com a ascensão 
da dinastia Ming, que a China Imperial alcançou uma certa estabilidade política.
Mongol u povo originário 
da atual Mongólia, na 
Ásia central. Eles con-
quistaram, no século XIII, 
parte da Europa central, 
parte da atual Rússia, do 
Oriente Médio, Indochina, 
península Arábica e a 
China.
Pólvora e papel
Uma das principais invenções chinesas foi a pólvo-
ra, descoberta por acidente no século IX. Alguns sábios 
realizaram um experimento, misturando salitre, carvão 
vegetal e enxofre, acreditando que estavam criandouma 
poção para prolongar a vida indefinidamente. O resultado 
foi uma explosão. Descoberta a pólvora, seu primeiro uso 
foi para produzir fogos de artifício. 
No século X, a pólvora passou a ser utilizada em ar-
mas, como foguetes lançados de catapultas. No século 
XIII, começou a ser utilizada em canhões. Foi nesse perío-
do que a tecnologia se difundiu, e, no século XV, o Ocidente 
já usava a pólvora com objetivos militares.
Outra importante invenção chinesa foi o papel. Atri-
bui-se o feito a Tsai Lun, eunuco, funcionário do impera-
dor no século I d.C. 
A técnica original de produção do papel consistia na 
tritura de cascas de amoreira, trapos de roupas, redes de 
pesca e cânhamo. Após a mistura dos materiais tritura-
dos, mergulhava-se tudo em água quente, formando uma 
massa que, depois de esfriada, era espalhada em lâminas 
de metal. O papel só foi introduzido no Ocidente durante o 
século XIII, entre as mercadorias da Rota da Seda.
1. Com base nas informações do capítulo, em qual 
contexto da história chinesa a pólvora passou a ser 
utilizada em canhões?
2. Considerando que Tsai Lun foi reverenciado durante 
séculos por causa de sua invenção, que lugar ele 
ocupava na memória imperial?
OUTRA DIMENSãO cUlTURA
Ilustração representando guerreiro chinês usando 
uma lança equipada com um foguete, uma das 
primeiras formas de utilização militar da pólvora.
Coleção particular.
Tsai Lun, inventor do papel, em gravura chinesa 
(autor desconhecido). Coleção particular.
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Início do império japonês com o clã Yamato. Surgimento do 
Império Gupta, no Noroeste da Índia.
Introdução da escrita chinesa no Japão.
Século III Século VII
Agricultura e irrigação
É notável o contraste entre a turbulenta história 
política e militar da China e a estabilidade de sua 
história socioeconômica.
Em torno do ano 4000 a.C., várias comunidades 
habitavam o vale do rio Amarelo (Huang He). Essas 
populações já haviam aprendido a controlar as en-
chentes do rio e a utilizar suas águas para irrigar as 
plantações. As obras de irrigação favoreceram uma 
divisão social importante entre os que trabalhavam e 
os que dirigiam a economia e a defesa da comunida-
de, a mais provável origem das primeiras dinastias.
Os camponeses plantavam, colhiam, estocavam 
alimentos, faziam vasos de cerâmica desenhados e 
armas para a defesa. As comunidades camponesas 
também forneciam os soldados e os criados dos pa-
lácios. A base econômica da China era a agricultu-
ra, de início a do milhete, um grão miúdo, depois 
da soja, do arroz e de outros grãos. Com o pas-
sar do tempo, a economia da China se diversi� cou 
bastante. Surgiram o� cinas artesanais, inclusive da 
metalurgia (do bronze e do ferro). O comércio local 
e inter-regional se ampliou, dando origem a importante grupo de mercadores.
As relações sociais de trabalho na agricultura chinesa eram muito parecidas 
com as do Egito ou da Mesopotâmia no Oriente Próximo. Comunidades campo-
nesas trabalhavam a terra para sua sobrevivência além de produzir o sustento dos 
reis, altos funcionários e grandes guerreiros. 
Mandarinato chinês
Apesar de a expressão mandarim, com o signi� cado de governa-
dor local, ter sido popularizada pelos portugueses somente no sécu-
lo XVI, a instituição era antiga. 
Os mandarins não eram um grupo único, pois havia, entre eles, 
nove graus. Os chamados grandes mandarins eram os mais ins-
truídos (civis) ou condecorados por feitos militares (guerreiros). 
Chefes locais, eles podiam usar as vestes mais luxuosas, como tú-
nicas bordadas, � vela no cinturão e chapéus com um botão feito 
de pedras preciosas, como o rubi, de prata ou de ouro. 
Os chefes locais, antes mesmo da uni� cação imperial, possuíam 
vários privilégios, inclusive a propriedade privada da terra, com 
raras exceções. Em cada região da China onde havia reinos e, mais 
tarde, no império chinês, as terras eram controladas pelo monarca. 
Os soberanos concediam aos mandarins o direito de receber parte 
dos tributos impostos aos camponeses de determinada região. 
Fonte: OVERY, Richard. A 
história completa do mundo. 
Rio de Janeiro: Reader’s 
Digest, 2009. p. 55.
a EXpaNsÃO da ciViliZaÇÃO cHiNEsa
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Pintura em seda do século XVII representando dois mandarins 
chineses. De acordo com o protocolo da China imperial, o 
quadrado no peito com o símbolo do leão mostra que esses 
dois ofi ciais eram de grau elevado. Coleção particular.
Professor, a palavra mandarim (do sânscrito mantri) foi usada para desig-
nar a língua chinesa porque era esta a língua falada pelos funcionários que 
se comunicavam com os portugueses no século XVI. Foram os jesuítas que 
designaram de mandarim a língua desses funcionários (“fala dos o� ciais”).
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142
A escrita chinesa
A escrita chinesa existe desde, pelo menos, o século 
XVI a.C. É composta de caracteres hoje chamados de lo-
gogramas, sinais que podem indicar uma ideia (ideogra-
mas) ou algo concreto (pictogramas). O dicionário chinês 
mais completo já elaborado, publicado em 1994, fi xou em 
85 mil o número de caracteres. A escrita chinesa permite 
a comunicação entre o mandarim, principal língua chine-
sa, e as demais línguas ou dialetos, como o cantonês. Os 
sinólogos (especialistas no estudo desta civilização) con-
sideram que o chinês é uma família de línguas e não uma 
língua única. Inicialmente, o Japão também adotou a es-
crita chinesa, com ajustes, embora a língua nipônica seja 
totalmente diferente do mandarim.
• Com base no texto acima e nas informações do capítulo, 
discuta, em grupo, a importância da escrita para a histó-
ria política da China imperial.
A escrita chinesa existe desde, pelo menos, o século 
lo-
, sinais que podem indicar uma ideia (ideogra-
mas) ou algo concreto (pictogramas). O dicionário chinês 
mais completo já elaborado, publicado em 1994, fi xou em 
85 mil o número de caracteres. A escrita chinesa permite 
, principal língua chine-
sa, e as demais línguas ou dialetos, como o cantonês. Os 
sinólogos (especialistas no estudo desta civilização) con-
sideram que o chinês é uma família de línguas e não uma 
língua única. Inicialmente, o Japão também adotou a es-
crita chinesa, com ajustes, embora a língua nipônica seja 
Com base no texto acima e nas informações do capítulo, 
discuta, em grupo, a importância da escrita para a histó-
Invenção da pólvora. Início do Xogunato no Japão.
Século IX Século XII
Riquezas da China
Segundo o historiador Sima Qian, cada região ou província do império chinês 
tinha uma especialidade econômica. Em Sanxi eram produzidos madeira, cereais, 
linho, couros bovinos e jade. Shandong, província banhada pelo mar, produzia pei-
xe, sal, laca, sedas e instrumentos musicais. Kiangnan, ao sul do rio Azul (Yangtzé), 
produzia cedro, gengibre, canela, ouro, estanho, pérolas, objetos com chifres de 
rinoceronte e carapaças de tartaruga, pérolas e couros. 
No século I a.C., as mercadorias chinesas, principalmente a seda, foram co-
mercializadas em outros territórios. A seda chinesa era tão valiosa que foram 
criados vários caminhos marítimos e terrestres para unir a China a outras cida-
des e portos, chegando ao mar Mediterrâneo. Reinos e impérios participaram 
desse grande comércio, que abrangia parte da Ásia e da Europa, enriquecendo 
muitos mercadores. O conjunto desses caminhos ou rotas comerciais era chama-
do de Rotada Seda.
Diversas mercadorias orientais chegaram ao Ocidente através da Rota da Seda, 
mas o intercâmbio não foi apenas comercial. Nesse longo período, de mais de dez 
séculos, o comércio entre Oriente e Ocidente possibilitou que valores e costumes 
de diferentes povos fossem compartilhados, resultando em um ganho não somente 
econômico, mas também cultural. A Rota da Seda perdeu sua importância somen-
te no � nal do século XV, quando os portugueses chegaram ao oceano Índico e ao 
mar da China, estabelecendo contato marítimo com os mercados orientais.
Laca u pigmento de 
matéria orgânica sobre um 
suporte, em geral nas cores 
vermelha ou preta.
OUTRA DIMENSãO lINGUAGENS
Papel com caracteres chineses 
feitos pelo calígrafo Sun Guo-Ting, 
que viveu no século VII, durante a 
dinastia Tang. Museu do Palácio 
Nacional, Taipei, Taiwan.
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DINASTIA WEI
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DINASTIA
VAKATAKA
IMPÉRIO GUPTA
IMPÉRIO SASSÂNIDA
DA PÉRSIA
IMPÉRIO
ROMANO
DO ORIENTE
DINASTIA
CINGALESA
ESTADOS
INDIANOS
REINO
CHAMPA
REINO
BAEKJE
REINO
DE SILLA
REINO DE
YAMATO
REINO
KOGURYO
REINO
FUNAM
REINO
HYMIARITA
Povos nômades da Ásia Central
Rota da seda
Conquistadores islâmicos fundam o Sultanato de Déli. Queda da dinastia Yuan, de origem mongol.
Século XIII 1368
Fonte: 
VICENTINO, 
Cláudio. Atlas 
histórico. São 
Paulo: Scipione, 
2012. p. 49.
Riqueza e pobreza
O primeiro historiador chinês assim considerado foi Sima Qian, fi lho 
de um servidor da dinastia Han, que viveu no século I a.C. No cargo de 
escrivão palaciano, Sima acompanhou o imperador em várias viagens. 
Compilou informações sobre as províncias e as utilizou no seu projeto de 
escrever uma síntese da história da China. 
Na obra Registros históricos, Sima Qian comentou:
O Livro de Zhou diz: “Sem os lavradores, não serão produzidos víveres; 
sem os artesãos, a indústria não se desenvolverá; sem os mercadores, os 
bens de valor desaparecerão; e sem os atacadistas, não haverá capitais e 
os recursos naturais de lagos e montanhas não serão explorados”. Nossos 
alimentos e nossas vestes vêm dessas quatro classes, e a riqueza e a pobreza 
variam com o volume dessas fontes. Com isso, em escala maior, benefi cia-se 
um país; em escala menor, enriquece-se uma família. São estas as inevi-
táveis leis da riqueza e da pobreza. Os argutos têm bastante e poupam, ao 
passo que os estúpidos nunca têm quanto baste [...]. 
QIAN, Sima. Registros históricos. Citado em: BUENO, André da Silva. O Extremo Oriente na Antiguidade. 
Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2012. p. 160. 
• Qual traço de caráter Sima Qian considerava essencial para o enriquecimento?
Retrato do historiador chinês 
Sima Qian (145 a.C.-85 a.C.). 
Coleção particular.
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Expedições do almirante chinês Zheng He. Vasco da Gama chega a Calicute, na Índia.
1405-1433 1498
Religiões chinesas
A religião tradicional chinesa, conhecida como shenismo, voltava-se para o 
culto de entidades (shens) que variavam segundo as regiões: espíritos da natureza, 
os antepassados, dragões, heróis da mitologia e pessoas. No período imperial, dois 
cultos sobressaíram na devoção popular: o culto de Ling Shu, deusa do bicho-da-
-seda, e o culto do imperador. 
Duas outras religiões doutrinárias surgiram na China, o confucionismo e o 
taoismo. 
O confucionismo surgiu na China Antiga com a doutrina de Kung-Fu Tzi , co-
nhecido no Ocidente como Confúcio, intelectual que viveu no século V a.C. Trata-
-se de uma � loso� a muito pessimista acerca da humanidade: de acordo com o con-
fucionismo, os indivíduos sempre tentariam satisfazer as suas vontades sem medir 
as consequências de seus atos. Confúcio elaborou regras morais para que cada um 
pudesse crescer espiritualmente, controlando suas ambições e seu egoísmo naturais. 
Ao contrário de religiões como o cristianismo, o objetivo da doutrina con-
fuciana não era salvar a alma para uma vida após a morte, mas para que cada 
um vivesse melhor consigo mesmo e com os outros. À diferença do shenismo, o 
confucionismo era uma � loso� a de letrados, cuja doutrina � cou conhecida como 
“ensinamentos dos sábios”. A doutrina só se popularizou como religião depois da 
morte de Confúcio.
De sábio a santo
Confúcio nasceu em uma família da pequena nobreza em-
pobrecida chinesa. Casou-se aos 19 anos, teve dois fi lhos e 
tornou-se funcionário da monarquia do rei Zhou. Talentoso, 
dedicou-se aos estudos e exerceu cargos políticos. Quando o 
nobre que o protegia na corte caiu em desgraça, Confúcio aban-
donou a corte. Viveu em um exílio errante por quatorze anos e 
decidiu dedicar-se ao magistério. Reuniu vários discípulos que 
transformaram seu pensamento em uma doutrina religiosa. Ao 
longo dos séculos seguintes foram fundados vários templos na 
China dedicados a ele. 
A maioria dos historiadores concorda, porém, que 
Confúcio não fundou nenhuma religião. Não negava a outra vida, 
mas confessava nada conhecer a seu respeito. No entanto, a im-
portância que dava aos ritos — culto do céu reservado ao soberano, 
culto dos antepassados, culto dos gênios locais e dos deuses do lar 
— unia-se às aspirações religiosas de todos os tempos. Portanto 
não surpreende o fato de o confucionismo ter progressivamente to-
mado o aspecto de uma religião. 
DELUMEAU, Jean; MELCHIOR-BONET, Sabine. De religiões e de homens. 
São Paulo: Edições Loyola, 2000. p. 51-52. 
• Como é chamada a religiosidade popular chinesa, cuja ritualidade foi valorizada por Confúcio?
OUTRA DIMENSãO PERSONAGEM
Confúcio representado em pintura chinesa 
do século XVII. Coleção particular.
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Portugueses desembarcam em Ling-Ting, na costa chinesa. Queda da dinastia Ming.
1513 1644
O taoismo
O taoismo é uma doutrina baseana no Tao-te Ching (Livro do Caminho e da 
Virtude), que teria sido escrito entre 350 e 250 a.C. por Lao Tzi (velho mestre), 
personagem considerada por alguns especialistas lendária. Este livro combina pen-
samentos da tradição popular chinesa com ensinamentos mais � losó� cos. 
Na doutrina taoista, pouco importam a origem e o � m do universo, do mundo 
ou da humanidade. Mais importante é o caminho (Tao), e este não é uma simples 
trilha ou estrada, mas um conjunto de energias positivas (yang) e negativas (yin) 
que cada ser contém em si mesmo. 
De acordo com o Tao-te Ching, caberia ao ser humano buscar o equilíbrio 
entre essas energias opostas, tarefa que abrange todas as dimensões de sua vida, 
espirituais e corporais, sem excluir a sexualidade.
3 Japão fragmentado:
xoguns e samurais
Marco Polo comerciante veneziano que viajou para o Extremo Oriente no 
século XIII, chamou o Japão de “Cipango”, também grafado “Xipangu”, nome 
que aprendeu no contato com os chineses. A palavra é, portanto, de origem chi-
nesa, derivada de Cipan Guó ou Jipango, que signi� ca “reino do sol nascente”.
Em japonês, o nome do país é Nippon (ou Nihon), cujo signi� cado é o 
mesmo. Diversas crônicas portuguesas utilizavam
“Nippon” no lugar de Jipango, embora o uso desta 
última, transformada em “Japão”, tenha triunfado 
na língua portuguesa e em várias outras línguas eu-
ropeias.
Povoado havia milhares de anos, o arquipélago 
japonês começou a desenvolver a agricultura por 
volta de 4000 a.C, sobretudo o cultivodo arroz, 
base da economia agrária regional. 
A importância do arroz era tão grande que, du-
rante séculos, os camponeses pagaram seus impos-
tos com esse grão.
A pesca, por outro lado, era essencial na economia 
das comunidades nipônicas, considerando a relativa 
escassez de terras, sobretudo para a atividade criatória. 
Ainda hoje a pesca é uma atividade econômica 
importante no Japão e uma das bases da alimenta-
ção dos japoneses.
O arQuipélaGO NipÔNicO
Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfi co 
Saraiva. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 130.
• O último imperador, 
Direção: Bernardo 
Bertolucci. Reino 
Unido, Itália, China e 
França, 1997. 
O filme conta a 
história do último 
soberano da China 
imperial. Viveu isolado 
na Cidade Proibida, 
após a proclamação 
da República, em 
1912, e depois se 
tornou um fantoche 
do Japão, entre 1932 
e 1945.
Tóquio (Edo)
Akita
Sapporo
Sendai
Nagoya Yokohama
Osaka
Fukuoka
Kitakiushu
Hiroshima
Kobe
Kyoto
JAPÃO
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 (MAR DO LESTE) 
OCEANO
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MAR DA
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ORIENTAL 
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AMARELO 
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Lembrar que o budismo também se difundiu na China no período imperial, a partir do século III d.C., mas trata-se 
de uma religião originária da Índia a ser vista no � nal do capítulo.
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146
Yamato e Minamoto
Por volta do século III a.C., o arquipélago recebeu migrações da Ásia central, 
inclusive de chineses. Foi nessa época que se introduziram no Japão técnicas de te-
celagem e o uso de metais, além da criação do bicho-da-seda. A influência cultural 
chinesa seria ainda mais forte nos séculos seguintes.
Com o desenvolvimento da agricultura deu-se uma gradual estratificação das 
comunidades agrárias nipônicas. Formaram-se clãs cada vez mais poderosos em 
várias ilhas, base de diversos pequenos reinos na região. No século III d.C., ocor-
reu o primeiro ensaio de unificação política, com o governo centralizado na ilha 
de Honshu, governada pelo clã Yamato. Esta palavra é, porém, controvertida. Em 
certos documentos japoneses, Yamato aparece como o nome do fundador do clã, 
mas o registro é lendário. No século XIX, passou a designar, no Ocidente, a etnia 
predominante no Japão.
O certo é que esse clã organizou a primeira versão de um “império japonês” 
por meio da guerra e de acordos diplomáticos. O principal imperador dessa fase 
foi Shotoku, entre os séculos VI e VII, o qual, admirador da cultura chinesa, ado-
tou o calendário, algumas leis, crenças e os logogramas chineses — origem da 
escrita Kanji, uma das que ainda existem no Japão.
A história política japonesa foi semelhante à chinesa, com disputas de poder 
por diversos clãs, com a diferença de que, no Japão, desde cedo, as famílias pode-
rosas eram proprietárias de terras em caráter privado. 
Outra diferença importante entre China e Japão era que o poder imperial neste 
último era mais fraco. No século XII, o clã Minamoto conseguiu submeter os de-
mais e fundou o regime de governo que se prolongou até 1868 no Japão. Com bre-
ves períodos de atuação política, o imperador teve de ceder às forças centrífugas, 
de modo que a unificação imperial nipônica permaneceu, por séculos, muito frágil.
Gravura do século XIX representando o conflito entre os clãs Minamoto e Taira, ocorrido no século XII. 
Biblioteca do Congresso, Washington D. C., Estados Unidos.
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Período Tokugawa.
1603-1868
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Xoguns e samurais
O período que se inicia com o predomínio do clã Minamoto é conhecido como 
xogunato porque, na prática, o poder era exercido por regentes chamados xoguns. 
Os xoguns eram governantes mais poderosos do que o imperador. Reside no xogu-
nato as origens culturais do militarismo japonês que se prolongaria até meados do 
século XX. Os xoguns eram escolhidos, antes de tudo, entre os grandes senhores de 
terras, os daimyos, chefes de clãs afamados pelos feitos militares na história nipônica. 
Foi nessa época que se organizaram corporações militares em apoio aos gran-
des senhores, em princípio abertas ao recrutamento de indivíduos de origem mo-
desta. Assim surgiram os samurais. Eles recebiam treinamento intensivo nas artes 
marciais, e cada grupo de samurais dava suporte aos daimyos, a começar por um 
juramento de � delidade inquebrantável. 
Os samurais foram os guerreiros de elite no mundo nipônico e a atuação 
desses grupos favoreceu a descentralização do poder imperial durante os séculos 
XII e XIX.
Xintoísmo
A religião mais antiga dos japoneses é o xintoísmo. As práticas e valores comuns ao 
xintoísmo são o culto às forças da natureza, aos ancestrais, a algumas divindades, como 
Amaterasu, a deusa do Sol, e aos espíritos divinos, conhecidos como kami. Por fi m, a 
simplicidade, a purifi cação do corpo e da alma e o respeito pela vida são importantes 
valores para o xintoísmo.
Os samurais
As regras fundamentais dos samurais residiam na 
disciplina corporativa, na lealdade ao próprio chefe e 
na destreza, com destaque para o uso da espada (ka-
tana) e da adaga.
A importância dos samurais não se resume a atua-
ção militar desses guerreiros. Parte da literatura ja-
ponesa se dedica a narrar os feitos heroicos e a deter-
minação dos samurais.
O prestígio dos samurais se prolongou do século XII 
ao XIX, período marcado pelo xogunato descentraliza-
dor, cujo apogeu data do período Edo, que alguns de-
signam como feudalismo Tokugawa. Com a moderni-
zação promovida pela Renovação Meiji, irrompida em 
1868, eles entraram em declínio.
• Pesquise para comprovar a seguinte afirmação: Alguns aspectos da ética militar dos samurais não ape-
nas sobreviveram à Renovação Meiji como foram recriados no século XX. 
OUTRA DIMENSãO cUlTURA
Samurai com armadura, empunhando a espada. 
Fotografi a de Beato Felix de c.1860. Coleção particular
A religião mais antiga dos japoneses é o xintoísmo. As práticas e valores comuns ao 
xintoísmo são o culto às forças da natureza, aos ancestrais, a algumas divindades, como 
Amaterasu, a deusa do Sol, e aos espíritos divinos, conhecidos como kami. Por fi m, a 
simplicidade, a purifi cação do corpo e da alma e o respeito pela vida são importantes 
As regras fundamentais dos samurais residiam na 
 ao próprio chefe e 
ka-
A importância dos samurais não se resume a atua-
ção militar desses guerreiros. Parte da literatura ja-
ponesa se dedica a narrar os feitos heroicos e a deter-
O prestígio dos samurais se prolongou do século XII 
ao XIX, período marcado pelo xogunato descentraliza-
dor, cujo apogeu data do período Edo, que alguns de-
signam como feudalismo Tokugawa. Com a moderni-
, irrompida em 
Pesquise para comprovar a seguinte afirmação: Alguns aspectos da ética militar dos samurais não ape-
Samurai com armadura, empunhando a espada. 
Fotografi a de Beato Felix de c.1860. Coleção particular
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Xogunato Tokugawa
Quando os portugueses chegaram ao Japão – o primeiro contato dos europeus 
com os japoneses —, o poder imperial estava estilhaçado por disputas internas 
entre daimyos. Esse contexto, de meados do século XVI, favoreceu a penetração 
de missionários católicos — os jesuítas — e de comerciantes que negociavam com 
o Japão a partir de Macau, na China.
Esse quadro mudou radicalmente no século XVII, com a ascensão da família 
Tokugawa ao poder, em 1603, com a vitória do xogum Tokugawa Ieyasu sobre 
os rivais. Inaugurou-se, então, o Per’odo Edo — nome antigo da atual cidade de 
Tóquio, capital do Japão.

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