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Objetivos Revisar a anatomia e fisiologia das pleuras. Identificar a etiologia e os fatores de risco do derrame pleural (DP). Relatar a classificação (critérios de light) e os tipos de DP. Descrever a patogênese e as complicações da DP, relacionando com os sinais e sintomas. Discorrer sobre o diagnostico e achados dos exames indicativos de DP. Descrever a conduta terapêutica da DP, correlacionando com o caso. Pleura pulmonar Pleura é uma palavra grega que significa literalmente “lateral do corpo”. Hoje ela descreve as duas finas membranas conhecidas como pleuras visceral e parietal, que envolvem os pulmões. A cavidade pleural é um espaço potencial entre estas duas membranas, que é criada quando a pleura serosa cobre o pulmão e se dobra sobre si mesma, deixando uma pequena bolsa liquida ou aérea. Os limites ou bordas da cavidade pleural são marcados utilizando-se linhas retas para estrategicamente posicionar mensurar os órgãos internos. Todas essas linhas são horizontais ou verticais, e se originam de um marco anatômico especifico: - nível da sexta costela direita e da quarta costela esquerda, na linha média anterior. - nível da decima segunda costela, na linha escapular. - nível da oitava costela, na linha hemiclavicular. - nível da decima costela, na linha axilar média. Cavidades: Existem duas cavidades pleurais, uma para cada pulmão. A primeira camada é a camada visceral, que reveste o tecido pulmonar e suas fissuras. A segunda é a camada parietal, que reveste a parede torácica ao se prender no aspecto interno do tórax. Existem quatro regiões da pleura que são nomeadas de acordo com a estrutura anatômica a que se “leite derramado“ https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/torax encontra adjacente. A pleura costal reveste a cavidade ao longo das costelas, a pleura mediastinal reveste a cavidade ao longo do mediastino, a pleura diafragmática reveste a cavidade ao longo do diafragma, e finalmente a pleura cervical ou cúpula reveste o domo que forma o ápice do pulmão. Função: ajuda o funcionamento ideal dos pulmões durante a respiração. Etiologia A produção excessiva de liquido pode ser proveniente dos espações intersticiais do pulmão, da pleura parietal ou da cavidade peritoneal. O sistema linfático é responsável por absorver até 20 vezes mais liquido do que é produzido, ou seja, problemas nesse sistema podem gerar absorção deficiente e com isso levar ao derrame pleural. As principais causas são: IC. Pneumonia. Neoplasias. Tuberculose (geralmente unilateral e em indivíduos jovens). Fatores de risco Pneumonia. Tuberculose. Embolia pulmonar. Doenças cardíacas. Doenças renais. Doenças hepáticas. Neoplasias (como câncer de mama, pulmão e linfomas). Tipos e Classificação Derrame pleural neoplásico: É determinado principalmente por metástases pleurais e, menos frequentemente, por neoplasia primária da pleura. A principal fonte de metástases pleurais são as neoplasias brônquicas. Outras fontes importantes são: mamas, ovários, tubo digestivo, pâncreas, doenças hematológicas e rins. Neoplasia primária da pleura é rara, destacando-se o mesotelioma pleural, que é uma neoplasia associada à exposição crônica a fibras de asbesto. O derrame é um exsudato seroso ou francamente hemorrágico, que pode ser bastante volumoso, às vezes, maciço, e se refaz com relativa facilidade, após punção. Células ou outros indícios de neoplasia podem ser encontrados no líquido ou em fragmentos pleurais, obtidos por biópsia em mais de 60% dos casos de derrame pleural neoplásico, na primeira punção. Quando há sintomas, eles costumam ser dispneia e/ou tosse seca persistente, associados aos sintomas da neoplasia primária. O derrame pleural tuberculoso: é geralmente um exsudato seroso, amarelo citrino (nunca francamente hemorrágico), com níveis proteicos altos (em torno de 4,5 g/dl), linfocitose maior que 85%, unilateral na maioria das vezes. A baciloscopia do líquido é positiva em somente 5% dos casos. A cultura do líquido, em meio https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/mediastino https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/diafragma apropriado, eleva a possibilidade de diagnóstico para 70%. O exame histológico e cultura de biópsia pleural elevam essa possibilidade para 90%. Pode ocorrer isoladamente ou associado a tuberculose pulmonar. Acomete qualquer faixa etária, porém é mais frequente nos adultos jovens (em torno dos trinta e quatro (34) anos). Os sintomas costumam ser os de infecção aguda do aparelho respiratório: febre, dor ventilatório dependente e dispneia, além dos sintomas gerais próprios da tuberculose O derrame na embolia pulmonar: pode ser um exsudato ou um transudato, hemorrágico ou não, com níveis altos de DHL. Na presença de infarto pulmonar, o derrame é quase sempre hemorrágico; costuma ser de pequeno ou de médio volume e não necessita de tratamento específico. Quando de grande volume ou quando interferir com a mecânica respiratória, produzindo dispneia, deve ser drenado. O derrame na pancreatite: é, na maioria das vezes, um exsudato seroso, podendo, ocasionalmente, ser hemorrágico, com elevada quantidade de amilase. Localiza- se mais comumente à esquerda e tem evolução crônica. É frequente o antecedente de alcoolismo e a ocorrência de dor abdominal alta. Pode estar associado aos seguintes mecanismos fisiopatológicos: a) formação de pseudocisto pancreático com trajeto fistuloso para o espaço pleural; b) passagem passiva de líquido do abdome para o espaço pleural, facilitada pela ação das enzimas pancreáticas em contato com o diafragma; c) passagem de líquido abdominal para o retroperitônio e daí para o mediastino posterior, de onde pode se estender para o espaço pleural bilateral; d) passagem de líquido ascítico para a cavidade pleural através da rica comunicação linfática existente entre o abdome e o tórax ou através de orifícios diafragmáticos. Fisiopatologia O liquido pleural se acumula quando ocorre um desbalanço na sua produção e absorção. Normalmente, o aumento da pressão hidrostática na microcirculação sistêmica faz com que o liquido saia de dentro do vaso para o esboço pleural. Já a pressão coloidosmótica faz com que o liquido volte para dentro do vaso. Na pratica, essas duas forças se anulam na pleura visceral, porem, na pleura parietal há saída de liquido para o esboço pleural, gerando cerca de 20 ml em situação fisiológica. Os fatores que dificultam a saída de líquido do espaço pleural estão basicamente relacionados à redução da função linfática pleural. Os vasos linfáticos são dotados de válvulas unidirecionais e, no tórax, impulsionam a linfa, utilizando sua própria contração rítmica e os movimentos respiratórios da parede torácica. Adicionalmente, o fluxo, através dos linfáticos, é afetado pela permeabilidade dos mesmos, pela disponibilidade de líquido e pelas pressões de enchimento e de esvaziamento dos linfáticos. Outros mecanismos de formação do derrame pleural são a passagem de líquido da cavidade abdominal para o espaço pleural através de pertuitos, na superfície do diafragma, ou através da vasta circulação linfática existente entre o abdome e o tórax. Quadro clínico O quadro clínico do paciente geralmente consiste em dor pleurítica (quando há inflamação), dispneia (quando o liquido comprime o pulmão, resultando no aumento do esforço ou da frequência respiratória) e tosse. Manifestações clínicas Variam de acordo com a causa. Empiema: acompanhado de febre, aumento da contagem de leucócitos e outros sinais de inflamação. Redução na expansão do pulmãono lado afetado proporcional ao volume de liquido acumulado. Submaciez ou maciez à percussão e redução dos sons respiratórios. Hipoxemia devido à diminuição da área de superfície. Exame físico Ao exame físico, a inspeção pode nos mostrar abaulamentos, desvio contralateral do mediastino e alargamento dos espaços intercostais. À palpação percebe-se uma redução do frêmito tóraco-vocal. Há maciez à percussão e o murmúrio vesicular se encontra reduzido à ausculta. Pode haver sopro pleurítico. Diagnóstico É baseado em exames de imagem, a fim de caracterizar a extensão do derrame pleural, e também na determinação da causa que pode ser feita através da toracocentese. No RX de tórax, é possível observar uma opacidade do hemotórax acometido e o sinal do menisco. Pode-se utilizar também ultrassom na avaliação de suspeita de derrame pleural e como guia da toracocentese. A TC é uma técnica que fornece mais dados e por isso pode ser útil em alguns casos. Para a determinação da causa do derrame pleural, é fundamental verificar se trata de um exsudato ou transudato. Para isso, é necessário fazer uma toracocentese diagnostica e correlacionar os achados com os critérios de Light. Critérios de Light Relação entre as proteínas no liquido pleural/soro > 0,5. Relação entre LDH no líquido pleural/soro > 0,6. LDH no liquido pleural mais de dois terços do limite superior normal do soro. *atenção: se um ou mais desses critérios forem preenchidos, o DP é caracterizado como exsudativo. As principais causas de derrame transudativo são a ICC, cirrose e síndrome nefrótica. Já os derrames pleurais exsudativo geralmente ocorrem por conta de doenças neoplásicas, infecciosas, embolia pulmonar, doença gastrointestinal e doenças vasculares do colágeno. Tratamento O tratamento vai depender da causa base e a retirada de liquido avalia os sintomas do paciente. A drenagem deverá ser feita em casos de hemotórax e derrame pleural parapneumônico complicado. O exame de escolha para retirada do liquido é a toracocentese de alivio. Para que a toracocentese diagnostica seja segura, deve haver pelo menos 300 ml de liquido na cavidade pleural. Por outro lado, a retirada de grandes volumes também deve ser cautelosa (somente até 1500 ml). Referencias: Neil S. Norton, Ph.D. and Frank H. Netter, MD, Netter’s Head and Neck Anatomy for Dentistry, 2nd Edition, Elsevier Saunders, Chapter 22 Introduction to the Upper Limb, Back, Thorax and Abdomen, Page 582. Pleural effusion: MedlinePlus Medical Encyclopedia. Disponível em <https://medlineplus.gov/ency/article/000 086htm>. TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON Bryan. Corpo Humano-; Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. Artmed Editora 2016. SILVA, Geruza A. Derrames pleurais: fisiopatologia e diagnóstico. Medicina (Ribeirão Preto), v. 31, n. 2, p. 208-215, 1998. Teixeira, Lisete Ribeiro, Pinto, José Antonio de Figueiredo e Marchi, EvaldoDerrame pleural neoplásico. Jornal Brasileiro de Pneumologia [online]. 2006, v. 32, suppl 4 [Acessado 5 Novembro 2021] , pp. S182- S189. JANY, Berthold; WELTE, Tobias. Pleural effusion in adults—etiology, diagnosis, and treatment. Deutsches Ärzteblatt International, v. 116, n. 21, p. 377, 2019.
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