Buscar

TEMAS 1 A 8 FISIOLOGIA INTEGRATIVA DO CORPO HUMANO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 501 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 501 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 501 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Definição de fisiologia humana, com abordagem de conceitos importantes no contexto de seu
estudo, como célula, água corporal total e líquido extracelular, homeostasia e sistemas de controle
homeostáticos. Divisão funcional do sistema nervoso, seus tipos de células e suas principais
funções.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos básicos, o objeto de estudo da Fisiologia Humana e a divisão
anatômica e funcional do sistema nervoso é fundamental para que você possa avançar no estudo
do funcionamento do corpo humano, o que será imprescindível para a sua atuação como
profissional da área de saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir o que é Fisiologia e Fisiologia humana, seus conceitos básicos e as relações existentes
entre os diferentes sistemas orgânicos do corpo humano
MÓDULO 2
Identificar o significado e a importância da homeostasia e de seus sistemas de controle
MÓDULO 3
Reconhecer como o sistema nervoso se divide funcionalmente, quais são os dois tipos de células
que o compõe, suas principais características e respectivas funções
INTRODUÇÃO
A Fisiologia humana é uma disciplina do núcleo básico da maioria das profissões inseridas na área
da Saúde. Uma boa compreensão da Fisiologia humana é pré-requisito para que você entenda
várias outras cadeiras – Fisiopatologia, Farmacologia, Fisiologia do exercício – além de muitas
disciplinas aplicadas de sua grade curricular. Afinal, todo profissional de saúde deve saber como o
corpo humano funciona em condição de repouso. Um bom funcionamento do corpo humano
depende de uma complexa integração e regulação que envolve todas as células do corpo. Nesta
disciplina, nós vamos estudar como esses fenômenos ocorrem.
Para que tudo funcione bem e de forma integrada, todos os sistemas orgânicos atuam
constantemente na intenção de manter o equilíbrio vinte quatro horas por dia. A partir de agora,
temos como objetivo que você compreenda como isso pode ocorrer e quais são os sistemas de
controle homeostáticos que executam esta complexa tarefa, que é manter o equilíbrio das funções
fisiológicas e do metabolismo.
Fisiologicamente, o corpo humano é dividido em dez sistemas orgânicos e, dentre eles, o sistema
nervoso é hierarquicamente superior, pois tem a capacidade de controlar os demais, com o
sistema hormonal. Dessa forma, após a apresentação dos conceitos básicos da disciplina, vamos
introduzir o estudo desses sistemas, através de uma abordagem sobre a organização funcional
básica do sistema nervoso.
MÓDULO 1
 Definir o que é Fisiologia e Fisiologia humana, seus conceitos básicos e as relações
existentes entre os diferentes sistemas orgânicos do corpo humano
FISIOLOGIA HUMANA
A palavra fisiologia tem sua origem na língua grega. O prefixo “fisio” é equivalente a physis, que
significa natureza, função ou funcionamento; e o sufixo “logia”, que vem de logos, significa palavra
ou estudo. Essa prática parece ter surgido na Grécia há mais de 2500 anos com os pré-socráticos,
os primeiros a estudar de maneira racionalizada e científica a natureza. No entanto, o termo
“Fisiologia” foi criado bem depois, pelo médico francês Jean François Fernel (1497-1558), para
descrever o “estudo das funções corporais”. Dessa forma, a Fisiologia é uma ciência que busca
entender o funcionamento dos organismos vivos.
Por aí já fica bem claro a vasta área de conhecimento em que a ciência está diretamente
envolvida, visto que engloba toda a variedade de vida que existe no planeta Terra, que vai de uma
simples bactéria do reino Monera ao ser humano do reino Animalia, ou seja, todo e qualquer ser
vivo conhecido está inserido no contexto do estudo da Fisiologia.
Nesse âmbito, pode-se citar a Fisiologia bacteriana, a Fisiologia vegetal, a Fisiologia animal e
muitas de suas subdivisões, como a Fisiologia humana, nosso foco nesta aula.
A fisiologia humana estuda o funcionamento do organismo humano e a sua capacidade de
adaptação às diversas condições ambientais.
E quais conhecimentos podemos obter com o estudo da Fisiologia humana?
A partir do estudo e entendimento da Fisiologia humana, pode-se avançar, por exemplo, na
compreensão de:
 
Fonte: docent/Shutterstock.
Como funciona o organismo humano quando o indivíduo faz a utilização dos diferentes tipos de
medicamentos com uma enorme diversidade de ações e interações, o que é explicado no estudo
da Farmacologia.
 
Fonte: Dragana Gordic/Shutterstock.
Como funciona o organismo humano quando o indivíduo se encontra doente, o que é explicado
pela Fisiopatologia.
 
Fonte: Oleksandr Briagin/Shutterstock.
Como funciona o organismo humano durante os diferentes tipos de exercício físico, como
caminhar, correr, nadar, fazer musculação ou pilates, o que é explicado pela Fisiologia do
exercício.
 
Fonte: Dmytrenko Vlad/Shutterstock.
Como funciona o organismo humano doente e fazendo exercício, o que é explicado pela Fisiologia
do exercício clínico.
Partindo do princípio que durante o exercício físico e a doença o organismo humano funciona de
maneira completamente diferente quando comparado a uma condição de repouso e saudável,
você já deve ter deduzido que, na Fisiologia humana, o estudo do funcionamento do
organismo humano considera o indivíduo em estado de repouso e com boa saúde. Para que
você compreenda melhor os conceitos básicos de Fisiologia, vamos continuar o nosso estudo
partindo da menor unidade que compõe um organismo, a célula.
 
Fonte: grayjay/Shutterstock.
 Células humanas.
UNIDADE BÁSICA DA VIDA – CÉLULA
Agora que você já compreendeu o que é Fisiologia humana, é necessário lembrar que o
organismo humano, cuja função será estudada aqui, é composto por aproximadamente 100
trilhões de células, sendo que um quarto dessas células são hemácias que têm por função fazer o
transporte de oxigênio dos pulmões para todas as outras células do corpo. A célula é considerada
a unidade básica da vida e a maioria delas tem a capacidade de se reproduzir e originar células de
seu próprio tipo, mas também podem ser destruídas por agentes estranhos como vírus e
bactérias.
Algumas células têm um tempo de vida reduzido, durando apenas alguns dias ou meses, como as
próprias hemácias citadas anteriormente, que possuem um ciclo de vida de aproximadamente
quatro meses. Outros tipos de células têm uma durabilidade maior, podendo acompanhar o
indivíduo durante toda a sua vida.
Conheça a seguir a classificação dada às células em relação à durabilidade:
LÁBEIS
São as células que duram pouco tempo, como as hemácias.
ESTÁVEIS
São as células que duram meses ou anos, como os fibroblastos, que podem ser encontrados no
tecido conjuntivo.
PERMANENTES
São as células que duram a vida toda, como os neurônios e as fibras da musculatura estriada
esquelética.
Para que todas as células do organismo humano funcionem plenamente, é imprescindível que os
parâmetros fisiológicos sejam mantidos dentro de valores de normalidade. Em Fisiologia, esta
condição está associada ao bom desempenho da função celular, ou seja, a manutenção deste
estado quase estável é fundamental para um bom funcionamento das células, que são
extremamente sensíveis às variações dos parâmetros fisiológicos. Caso a manutenção desse
estado quase estável dos parâmetros fisiológicos não ocorra, as funções celulares serão afetadas
e o indivíduo pode desenvolver alguma doença, que, de acordo com a sua progressão, pode
chegar ao óbito.
Um agrupamento de células formará os tecidos. No corpo humano, existem quatro tipos básicos
de tecidos: epitelial, nervoso, muscular e conjuntivo. O agrupamento desses tecidos vai dar
origem aos diferentes órgãos do corpo humano. Ao reunir um grupo de órgãos que realizam juntos
determinadas funções, os fisiologistas criaram dez sistemas orgânicos diferentes. São eles:
SISTEMA NERVOSO
SISTEMA HORMONAL
SISTEMA CARDIOVASCULAR
SISTEMA RESPIRATÓRIO
SISTEMA DIGESTÓRIO
SISTEMA URINÁRIO
SISTEMA REPRODUTIVO
SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO
SISTEMA IMUNOLÓGICO
SISTEMA TEGUMENTARA seguir, veremos os níveis de organização do corpo humano quanto aos quatro tipos de tecidos:
 
Fonte: VectorMine/Shutterstock.
 Níveis de organização do corpo humano.
Embora didaticamente o corpo humano possa ser dividido nesses sistemas orgânicos, é
imprescindível que você o compreenda como algo uno e indissociável. Dessa forma, todos os
sistemas orgânicos e, consequentemente, todos os órgãos, tecidos e células trabalham,
simultaneamente e de forma integrada, o tempo todo, para manter um bom funcionamento do
organismo humano. Como assim?
 EXEMPLO
A ação conjunta do corpo humano e o controle da pressão arterial sistêmica 
 
Quando a pressão arterial sistêmica se eleva, o indivíduo aumenta a excreção de água pela
urina. Nesse caso, o sistema cardiovascular e o sistema urinário atuaram conjuntamente para
manter a pressão arterial dentro de valores considerados normais e, consequentemente, o
indivíduo saudável. Quando o corpo não consegue equilibrar essa desordem orgânica, ocorre o
mau funcionamento e, no caso acima, o indivíduo passa a desenvolver a hipertensão arterial
sistêmica, que é uma doença cardiovascular que afeta aproximadamente 25 a 30% da população
mundial.
Um grande desafio para você, neste momento, é compreender a interação dos sistemas orgânicos
que faz com que o corpo humano seja único e indivisível. Didaticamente, é interessante estudar os
sistemas orgânicos de maneira separada, como observamos nos livros-textos básicos de
Fisiologia humana e nas grades curriculares dos cursos de graduação. Mas, em um estado mais
avançado de conhecimento, as associações entre os sistemas serão possíveis e necessárias.
Você que está iniciando o estudo da Fisiologia humana poderá estudar o sistema neuro-hormonal
ou cardiorrespiratório, unindo, assim, dois sistemas. Até que, com um conhecimento mais
aprofundado, você conseguirá pensar no funcionamento do corpo humano integrando todos os
sistemas orgânicos e, consequentemente, todos os órgãos, tecidos e células. Isto facilitará o seu
conhecimento nas aplicações em qualquer atividade profissional na área de saúde.
ÁGUA CORPORAL TOTAL E LÍQUIDO
EXTRACELULAR
O corpo humano é composto por mais de 60% de líquido. A maior parte desse líquido,
aproximadamente dois terços, encontra-se dentro das células e, por isso, é chamado de líquido
intracelular. O líquido que fica fora das células, cerca de um terço, é chamado de líquido
extracelular. O líquido extracelular pode ser dividido em dois compartimentos: o líquido
intersticial, que também pode ser chamado de fluido intersticial ou líquido intercelular, e o plasma.
Essa divisão pode ser vista na figura a seguir.
 
Fonte: RUBINI,2020.
 Compartimentos líquidos do corpo humano.
O líquido intersticial é formado por 90% de água e apresenta aspecto claro e transparente. Ele é
responsável por envolver as células, estando em contato direto com elas para fazer as trocas
necessárias de nutrientes e oxigênio para o seu bom funcionamento. A manutenção de uma certa
estabilidade no ambiente que cerca a célula é de vital importância para que ela permaneça viva.
O plasma é a porção líquida do sangue e corresponde a aproximadamente 55% do seu volume
total. No plasma sanguíneo, proteínas, sais minerais, vitaminas, gás carbônico e outras
substâncias estão dissolvidas em água, que é mais de 90% da constituição plasmática e tem
como função destacada garantir o transporte de substâncias pelo corpo humano. Chamamos de
soro o plasma sem uma proteína denominada fibrinogênio, que tem importante papel na
coagulação do sangue.
Podemos destacar algumas diferenças entre os constituintes presentes no líquido intracelular e no
líquido extracelular. Vejamos:
Líquido extracelular
Grande quantidade de sódio, cloreto, íons bicarbonato, oxigênio e os nutrientes celulares como
glicose, ácidos graxos e aminoácidos.

Líquido intracelular
Grandes quantidades de potássio, fosfato e magnésio.
Essa diferença de concentração de determinados íons dentro e fora da célula é mantida por
transportes especializados através da membrana plasmática e é fundamental para o bom
funcionamento da célula e, consequentemente, do organismo humano.
 
Fonte: Morphart Creation/Shutterstock.
 Claude Bernard (1813-1878), o “pai da Fisiologia experimental”.
O termo meio interno ainda é bastante utilizado na literatura para se referir ao líquido extracelular,
apesar de ter sido criado há mais de um século pelo fisiologista francês Claude Bernard (1813-
1878), considerado o “pai da Fisiologia experimental”.
Qual é o papel do líquido extracelular?
Importante ressaltar que, para manutenção do equilíbrio fisiológico, o líquido extracelular tem
papel importantíssimo. É nele que os parâmetros fisiológicos devem ser mantidos quase
constantes, pois alterações nas concentrações dos componentes do líquido extracelular podem
gerar respostas fisiológicas indesejáveis.
 EXEMPLO
O consumo excessivo de sódio na dieta pode levar ao aumento da concentração de sódio e gerar
retenção hídrica e aumento da pressão arterial.
O líquido extracelular é capaz de ser transportado para todas as partes do corpo humano,
seja pela movimentação do sangue através dos vasos sanguíneos, seja pelo movimento entre os
capilares e os espaços intercelulares. As paredes dos capilares são permeáveis à maior parte das
moléculas presentes no plasma sanguíneo, exceto às grandes moléculas das proteínas
plasmáticas, em função do tamanho. Dessa forma, existe um movimento contínuo de água e
constituintes dissolvidos entre o plasma e o líquido intersticial e vice-versa em todo o corpo,
fazendo com que exista uma grande similaridade em todo o conteúdo do líquido extracelular, seja
plasma ou líquido intersticial.
Através do líquido extracelular, o oxigênio e os nutrientes conseguem acessar as células. Nesse
processo, o sistema respiratório deve captar o oxigênio do meio ambiente nas inspirações e fazê-
lo chegar nos alvéolos para que possa ocorrer a hematose. O sangue, antes com alta
concentração de gás carbônico, passa a ter altas concentrações de oxigênio. Através do
bombeamento de sangue pelo coração, o oxigênio será transportado para as células do
organismo. Nestas células, à medida em que o oxigênio é absorvido, o dióxido de carbono (CO2) é
difundido ao líquido extracelular e, posteriormente, aos capilares para serem encaminhados aos
pulmões em sua maior parte pelas hemácias. Após a hematose, o CO2 é expelido ao meio
ambiente na expiração.
A imagem a seguir ilustra esse processo:
javascript:void(0)
 
Fonte: Aldona Griskeviciene/Shutterstock.
 Troca gasosa alvéolo/capilar e capilar/celular.
HEMATOSE
É um processo em que ocorre a passagem do oxigênio de dentro dos alvéolos pulmonares
para o sangue (difusão).
O líquido extracelular ou meio interno, então, tem papel fundamental no acesso de oxigênio e
nutrientes para as células, bem como na remoção de dióxido de carbono e resíduos metabólicos
através do funcionamento integrado entre o sistema respiratório e o sistema cardiovascular.
Observe no infográfico a seguir a organização da circulação sanguínea:
 
Fonte: Olga Bolbot/Shutterstock.
 Organização geral da circulação sanguínea.
A seguir, veremos como se dá o funcionamento de alguns dos sistemas humanos:
SISTEMA DIGESTÓRIO
Aqui, o alimento é deglutido e encaminhado ao estômago. Em seguida, passa ao duodeno, que
fica na primeira parte do intestino delgado. Diferentes nutrientes, como carboidratos, ácidos graxos
e aminoácidos, poderão ser absorvidos para o líquido extracelular e transportados para as
células ou especialmente para o fígado, onde inicia-se um processo de alteração química em
determinadas substâncias. Todo o material que foi ingerido pelo indivíduo na sua alimentação e
não foi digerido ou reabsorvido para a circulação sanguínea é eliminado através das fezes. O
fígado também cumpre um importante papel depurador de substâncias tóxicas ao organismo e
que precisam ser eliminadas.
SISTEMAURINÁRIO
Constitui-se num processo de excreção de substâncias indesejáveis ao funcionamento do corpo. A
maior parte dessas substâncias são resíduos metabólicos da função celular. Os rins
desempenham uma importante função neste processo, uma vez que ele excretará todos os
constituintes que foram filtrados em seus glomérulos e não foram reabsorvidos nos túbulos renais
através da urina. De forma integrada ao sistema hormonal, os rins também atuam na reabsorção e
excreção de substâncias, como, por exemplo, o sódio, influenciando diretamente na concentração
dessas substâncias no líquido extracelular.
SISTEMA ENDÓCRINO
Baseia-se no funcionamento de glândulas responsáveis por secretar substâncias químicas
denominadas hormônios. Os hormônios são transportados das glândulas até uma célula-alvo
específica para desempenhar suas funções fisiológicas. Esse transporte se dá através do líquido
extracelular e, posteriormente, no plasma. Por exemplo, os hormônios produzidos pela tireoide
são responsáveis por aumentar a velocidade das reações químicas das células. Eles são
transportados e ativados através do plasma sanguíneo até as células-alvo.
SISTEMA IMUNOLÓGICO
É um sistema específico que atua no processo de defesa do corpo humano. Ele é constituído
pelos glóbulos brancos e outras células derivadas, pelo timo, linfonodos e vasos linfáticos. De
forma geral, essas estruturas protegem o corpo humano contra bactérias, vírus, parasitas e
fungos.
SISTEMA TEGUMENTAR
O corpo humano também é protegido pelo sistema tegumentar, que envolve estruturas que
formam o revestimento externo com a pele, os pelos e as unhas. Além de desempenhar o papel
de proteção pelo isolamento em relação ao meio externo, o sistema tegumentar é um
importante aliado na manutenção da temperatura corporal pelos mecanismos de
termorregulação, contribuindo para a homeostase, sendo o mecanismo mais importante a
evaporação do suor para perder calor. Glândulas sudoríparas presentes no sistema tegumentar
são responsáveis por excretar suor ao meio externo. À medida em que o suor evapora, ocorre um
resfriamento da pele. Simultaneamente, o sangue que permeia o tecido epitelial também é
resfriado, contribuindo para a manutenção da temperatura corporal em ambientes quentes, assim
como para a homeostase.
Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes sobre o assunto.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O SER HUMANO É CONSTITUÍDO PRINCIPALMENTE DE ÁGUA, O QUE
CORRESPONDE A UMA PROPORÇÃO DE APROXIMADAMENTE 60% DE
SEU CORPO. PARA O MECANISMO HOMEOSTÁTICO, NO ENTANTO, O
COMPARTIMENTO DE ÁGUA CORPORAL QUE É DETERMINANTE É O:
A) Líquido intracelular.
B) Citoplasma.
C) Citosol.
D) Líquido extracelular.
E) e) Plasma.
2. UM INDIVÍDUO SAUDÁVEL CONSEGUE MANTER A HOMEOSTASIA
DURANTE A MAIOR PARTE DO TEMPO QUANDO SE ENCONTRA EM
REPOUSO. PARA AS CÉLULAS, A MANUTENÇÃO DA HOMEOSTASIA É
FUNDAMENTAL. ASSINALE A OPÇÃO CORRETA PARA JUSTIFICAR ESSA
AFIRMAÇÃO.
A) As células são independentes umas das outras.
B) As células são extremamente resistentes a variações homeostáticas apesar do seu tamanho.
C) As células não resistem a grandes variações nos parâmetros fisiológicos.
D) As células necessitam de que seu líquido intracelular seja mantido constante.
E) A homeostasia é o alimento das células.
GABARITO
1. O ser humano é constituído principalmente de água, o que corresponde a uma proporção
de aproximadamente 60% de seu corpo. Para o mecanismo homeostático, no entanto, o
compartimento de água corporal que é determinante é o:
A alternativa "D " está correta.
 
Devemos ressaltar que, para o controle homeostático, o líquido extracelular tem papel
importantíssimo, pois é nele que os parâmetros fisiológicos devem ser mantidos quase constantes.
2. Um indivíduo saudável consegue manter a homeostasia durante a maior parte do tempo
quando se encontra em repouso. Para as células, a manutenção da homeostasia é
fundamental. Assinale a opção correta para justificar essa afirmação.
A alternativa "C " está correta.
 
Para que todas as células do corpo humano estejam funcionando plenamente, é imprescindível
que os parâmetros fisiológicos sejam mantidos dentro de valores de normalidade, sendo a
manutenção da homeostasia fundamental para um bom funcionamento das células que são
extremamente sensíveis a variações dos parâmetros fisiológicos, podendo, caso essa manutenção
não ocorra, levar o indivíduo a ficar doente ou ao óbito.
MÓDULO 2
 Identificar o significado e a importância da homeostasia e de seus sistemas de controle
HOMEOSTASIA
O termo homeostase foi criado pelo fisiologista americano Walter Cannon em 1929. O prefixo
homeo indica semelhante, similar, parecido, e o termo estase significa estático, o que indica
que o organismo necessita de uma condição de relativa estabilidade para manter suas funções
plenas. Observe que o termo não é homostase, com o prefixo homo, que significa igual, deixando
claro que Cannon já reconhecia a existência de uma variação nos controles biológicos. Mesmo
passado tanto tempo da criação do termo por Cannon, algumas pessoas ainda têm dificuldade de
entender esse conceito. Não é raro vê-las se referindo erradamente a homeostase como “o
equilíbrio do corpo humano”.
No entanto, a definição correta do termo homeostase é a manutenção de condições quase
constantes no líquido extracelular ou, melhor ainda, a manutenção de todos os parâmetros
fisiológicos quase constantes no líquido extracelular.
Observe que não se fala em constância, em equilíbrio, e sim numa quase estabilidade que jamais
é alcançada realmente. Pode-se até falar que o organismo busca um equilíbrio. No entanto, todos
os parâmetros fisiológicos estão em constante oscilação. Cada um tem suas características e
valores próprios chamados de ponto de ajuste, que podem variar dentro de limites inferiores e
superiores que são considerados normais (veja o quadro a seguir).
Valor normal Limite inferior – limite superior unidade
Oxigênio 40 35 – 45 mmHg
Dióxido de carbono 40 35 – 45 mmHg
Íon sódio 142 138 – 145 mmol/L
Íon potássio 4,2 3,8 – 5,0 mmol/L
Glicose 85 75 – 95 mg/dL
Ácido-base 7,4 7,3 – 7,5 pH
Temperatura 37,1 36,6 – 37,6 OC
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Parâmetros fisiológicos constituintes importantes do líquido extracelular.
Observe que os parâmetros fisiológicos são mantidos dentro dos seus valores de normalidade.
Veja alguns exemplos:
TEMPERATURA CORPORAL
PH DO SANGUE
GLICEMIA
É um parâmetro fisiológico que tem como ponto de ajuste o valor de 37,1 OC e tem como limite
inferior e limite superior, 36,6 OC e 37,6 OC respectivamente, variando apenas 0,5 OC para baixo
ou para cima. Conforme a temperatura corporal aumenta ou diminui, existe todo um sistema de
controle que é ativado para fazer com que esse parâmetro fisiológico busque sempre o seu valor
do ponto de ajuste fisiológico. A manutenção dentro dessa faixa de normalidade (limite inferior e
limite superior) é fundamental para a função celular e, consequentemente, para a saúde do
indivíduo, pois, se esses valores ultrapassam os limites para baixo ou para cima, as células têm a
sua função comprometida. À medida que esses valores continuam se afastando dos parâmetros
considerados normais, a função celular vai ficando cada vez mais comprometida e, em casos mais
extremos, poderão levar à destruição das células e, consequentemente, ao óbito do indivíduo.
Alguns parâmetros têm faixas muito estreitas de controle, como o pH do sangue, que tem seu
ponto de ajuste em 7,4 e oscila entre 7,35 e 7,45. Caso os valores de pH do sangue fiquem abaixo
de 6,9 ou acima de 7,8, o indivíduo tem grande chance de morrer. Importante ressaltar novamente
que a manutenção do pH do sangue dentro dos valores normais é fundamental para manter a
qualidade do funcionamento das células do corpo humano. Assim, quando o sangue está com o
pH ideal, as células estão saudáveis e funcionando plenamente. Porém, quando o sangue seencontra mais ácido ou mais básico, pode haver doenças e complicações que poderão culminar
com a destruição das células. O corpo humano é feito de trilhões de células e, para que esteja
saudável, todas essas células devem estar funcionando plenamente.
Esse é um parâmetro fisiológico que possui um espectro de variação maior, tendo um ponto de
ajuste em 85 mg/dL, limite inferior de 70 mg/dL e limite superior de 100 mg/dL. Para cada
parâmetro, temos seus respectivos valores de normalidade, mas nunca se pode esquecer que
cada indivíduo é único e, dentro desses valores apresentados para uma população, podem haver
pequenas variações individuais. Uma análise pura e simples dos dados referentes a esses
parâmetros coletados jamais se sobrepõe a uma boa avaliação clínica, que será sempre
soberana. Uma tomada de decisão correta e consistente dependerá significativamente do bom
entendimento sobre Fisiologia humana de que o profissional da saúde necessita.
SISTEMAS DE CONTROLE HOMEOSTÁTICOS
Há dois tipos de sistemas de controle homeostáticos: retroalimentação negativa (feedback
negativo)e retroalimentação positiva (feedback positivo).
O que é a retroalimentação negativa?
Ela pode ser conceituada da seguinte forma: é um mecanismo que ocorre quando o organismo
provoca uma alteração em determinado parâmetro fisiológico no sentido contrário do que
estava ocorrendo.
A maioria dos sistemas de controle homeostáticos atua por retroalimentação negativa (feedback
negativo).
Esse sistema de controle é facilmente explicado com alguns exemplos, como o que ocorre com a
pressão arterial. Veja:
 EXEMPLO
Quando a pressão arterial se torna elevada, existem sensores específicos que são ativados e
enviam essa informação ao sistema nervoso central. Este, por sua vez, envia uma informação a
órgãos específicos que desencadeiam uma série de reações que culminam com a diminuição da
pressão arterial. A situação oposta também ocorre. Quando a pressão arterial sofre uma
diminuição, outros sensores reconhecem essa alteração e um processo de elevação é
desencadeado. Tudo isso para manter a homeostasia e o bom funcionamento do corpo humano.
Observe que o parâmetro fisiológico (no exemplo, a pressão arterial) é direcionado para o sentido
contrário do que estava ocorrendo, ou seja, os efeitos são negativos em relação ao estímulo
inicial. Dessa forma, os diferentes tipos de parâmetros fisiológicos são mantidos quase constantes
nos indivíduos saudáveis na maioria das vezes.
O que é a retroalimentação positiva?
A retroalimentação positiva (feedback positivo), por sua vez, ocorre em situações bem
específicas. Se este tipo de resposta ocorresse na maioria das vezes, poderia gerar uma
instabilidade no organismo cada vez maior, o que culminaria na morte do indivíduo. Na
retroalimentação positiva, o organismo provoca uma alteração em um determinado parâmetro
fisiológico no mesmo sentido do que estava ocorrendo. Por exemplo: imaginem a temperatura
corporal sofrendo retroalimentação positiva se ela já estivesse elevada. Ela iria aumentar mais
ainda e piorar a situação até que o indivíduo fosse a óbito. O mesmo raciocínio vale para o caso
da diminuição da temperatura corporal. Vamos ver um outro exemplo de retroalimentação
positiva?
 EXEMPLO
Na coagulação sanguínea, uma variedade de enzimas é ativada após o rompimento de um vaso e
começam a atuar sobre outras enzimas que se encontravam inativas no sangue próximo ao local
de rompimento, causando mais coagulação sanguínea. Essa sequência de fatores continua até
que o vaso esteja com o seu rompimento fechado e o sangramento tenha sido interrompido.
Vamos a outra situação clássica de retroalimentação positiva fisiológica?
 EXEMPLO
No parto natural, à medida que o bebê começa a sair e pressionar o colo uterino, esse estiramento
aumenta a secreção de um hormônio denominado ocitocina e, em função disso, aumentam as
contrações locais. Quando o bebê sai um pouco mais, o colo uterino sofre uma nova distensão,
fazendo com que tenha mais secreção de ocitocina e aumentem as contrações. Até que o bebê
saia completamente, esse ciclo se repete por várias vezes.
A despolarização da membrana também é um outro exemplo em que a abertura dos canais
rápidos de sódio estimula a abertura de mais canais rápidos de sódio numa velocidade muito alta.
Nesses casos, a retroalimentação positiva será útil e fisiológica. Mas, são casos específicos em
que esse sistema é utilizado.
O PROCESSO DE RETROALIMENTAÇÃO
Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes sobre os processos de retroalimentação
negativa e positiva.
Os ajustes do controle circadiano
Alguns parâmetros fisiológicos também têm um controle circadiano, que se ajusta de acordo
com o momento do dia, em um período de 24 horas, sob o qual se baseia o relógio biológico
humano (fator endógeno). Mas fatores exógenos ou ambientais também afetam o ciclo circadiano.
A temperatura corporal, por exemplo, diminui naturalmente durante a madrugada quando o
metabolismo se encontra bem baixo e volta a aumentar naturalmente no início do dia. Esse ciclo
se repete diariamente e alguns parâmetros fisiológicos são afetados diretamente por ele. Um
exemplo em que isto ocorre se dá pela quantidade de cortisol, que, no início do dia, é maior em
comparação ao período da noite. A produção de hormônio do crescimento, que aumenta muito
nas duas primeiras horas de sono, é mais um exemplo de parâmetros fisiológicos controlados
circadianamente.
 
Fonte: kanyanat wongsa/Shutterstock.
Sendo assim, a homeostasia é mantida basicamente por retroalimentação negativa, exceto em
casos bem específicos em que a retroalimentação positiva ou o ciclo circadiano participam do
controle em determinados parâmetros fisiológicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NO MOMENTO DE O BEBÊ NASCER ACONTECE UM AUMENTO
CONTÍNUO DA CONTRAÇÃO DA MUSCULATURA UTERINA EM RAZÃO DA
SECREÇÃO DE UM NEUROHORMÔNIO CHAMADO OCITOCINA. QUANTO
MAIS CONTRAÇÕES UTERINAS, MAIS OCITOCINA É PRODUZIDA E
SECRETADA E MAIS CONTRAÇÕES UTERINAS ACONTECEM, O QUE
PERMITE, ASSIM, A SAÍDA DO BEBÊ. QUAL SISTEMA DE CONTROLE
HOMEOSTÁTICO OCORRE DURANTE O PARTO NATURAL?
A) Retroalimentação negativa.
B) Controle circadiano.
C) Sistema nervoso simpático.
D) Retroalimentação positiva.
E) Sistema nervoso parassimpático.
2. A CONCENTRAÇÃO DE CORTISOL SE ALTERA DURANTE AS HORAS DO
DIA, APRESENTANDO SEU PICO PELAS PRIMEIRAS HORAS DA MANHÃ.
LOGO AO DESPERTAR, SEUS NÍVEIS VÃO DECLINANDO
PROGRESSIVAMENTE AO LONGO DO DIA, FICANDO BASTANTE BAIXOS
DURANTE A NOITE. QUAL SISTEMA DE CONTROLE HOMEOSTÁTICO ESTÁ
OCORRENDO NESSE CASO?
A) Retroalimentação negativa.
B) Controle circadiano.
C) Sistema nervoso simpático.
D) Retroalimentação positiva.
E) Sistema nervoso parassimpático.
GABARITO
1. No momento de o bebê nascer acontece um aumento contínuo da contração da
musculatura uterina em razão da secreção de um neurohormônio chamado ocitocina.
Quanto mais contrações uterinas, mais ocitocina é produzida e secretada e mais
contrações uterinas acontecem, o que permite, assim, a saída do bebê. Qual sistema de
controle homeostático ocorre durante o parto natural?
A alternativa "D " está correta.
 
Um exemplo clássico de retroalimentação positiva fisiológica (útil) é o que ocorre no parto natural,
em que, à medida que o bebê começa a sair e pressionar o colo uterino, esse estiramento do colo
uterino faz com que aumente a secreção de ocitocina e, em função disso, aumentem as
contrações uterinas. Dessa forma, o bebê sai um pouco mais e distende mais o colo uterino,
fazendo com que tenha mais secreção de ocitocina e aumentem as contrações uterinas até que o
bebê saia completamente esse ciclo se repete.
2. A concentração de cortisol se altera durante as horas do dia, apresentando seu pico
pelas primeiras horas da manhã. Logo ao despertar, seus níveis vão declinando
progressivamente ao longo do dia, ficando bastante baixos durante a noite. Qual sistema de
controle homeostáticoestá ocorrendo nesse caso?
A alternativa "B " está correta.
 
A quantidade de cortisol que, no início do dia, é maior que no final do dia ou a produção de
hormônio do crescimento, que aumenta muito nas duas primeiras horas de sono, são alguns
exemplos de parâmetros fisiológicos controlados circadianamente.
MÓDULO 3
 Reconhecer como o sistema nervoso se divide funcionalmente, quais são os dois tipos
de células que o compõem, suas principais características e respectivas funções
DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA
NERVOSO
Conhecer as bases anatômicas e fisiológicas do sistema nervoso é fundamental para o
profissional da área da saúde. Atualmente, os profissionais que pesquisam sobre o sistema
nervoso passaram a ser chamados de neurocientistas. O termo neurociência passou a ser muito
utilizado, e nem sempre corretamente. Portanto, se faz necessário que exista um entendimento
sobre o que realmente significa neurociência. No entanto, na verdade, não existe uma
neurociência, mas as neurociências, pois existem cinco grandes disciplinas neurocientíficas
completamente interligadas:
NEUROCIÊNCIA MOLECULAR
NEUROCIÊNCIA CELULAR
NEUROCIÊNCIA SISTÊMICA
NEUROCIÊNCIA COMPORTAMENTAL
NEUROCIÊNCIA COGNITIVA
Dessa forma, o termo neurociências fica melhor empregado no plural, e o estudo da fisiologia do
sistema nervoso, que será o assunto discutido a seguir, está inserido no estudo da neurociência
sistêmica.
 ATENÇÃO
O conhecimento sobre o funcionamento do sistema nervoso é imprescindível para um profissional
da área da saúde, visto que o sistema nervoso e o sistema hormonal são capazes de controlar e
regular os demais sistemas orgânicos e, consequentemente, as funções corporais.
Hierarquicamente, esses dois sistemas são superiores aos demais e, inclusive, num estado de
conhecimento mais avançado, não é raro que sejam estudados de maneira associada, sendo
então, nomeados de sistema neuro-hormonal.
Dessa forma, estudar o sistema nervoso não é importante apenas para quem pretende preservar
ou restaurar a função do sistema nervoso pura e simplesmente como uma visão mais reducionista
poderia imaginar, mas para quem quer entender o funcionamento do corpo humano sob qualquer
perspectiva e pretende trabalhar diretamente com o organismo humano, seja na Biomedicina, nas
Ciências Biológicas, na Educação Física, na Estética e Cosmética, na Enfermagem, na Farmácia,
na Fisioterapia, na Medicina, na Nutrição, na Radiologia ou em qualquer outra área da saúde que
trabalhe diretamente com seres humanos.
Como funciona o sistema nervoso?
O sistema nervoso recebe ininterruptamente uma infinidade de estímulos nervosos
(informações) provenientes de todas as partes do interior do corpo humano e do meio
ambiente. Essas informações são continuamente captadas por receptores sensoriais e
conduzidas ao sistema nervoso central (SNC) por vias aferentes. O SNC interpreta tais
informações e, caso seja necessário, determina a(s) resposta(s) que será(ão) adequada(s) para
cada informação que foi captada. Caberá às suas vias eferentes conduzirem aos efetores
(músculos e glândulas) a informação determinada pelo SNC para uma resposta adequada ao
estímulo que foi captado.
 
Fonte: Sanja Karin Music/Shutterstock.
Por exemplo, o nariz é um órgão sensorial que permite que o indivíduo possa identificar as mais
diferentes substâncias odorantes. Na nossa pele, temos receptores sensoriais que sinalizam
quando algum objeto externo toca a superfície corporal e, através de receptores espalhados por
todo o corpo humano, interna ou externamente, os estímulos são detectados e direcionados ao
SNC (via aferente). Além disso, o encéfalo pode armazenar informações, produzir pensamentos e
determinar respostas adequadas aos diferentes estímulos que ali chegam.
Para que você possa entender como o sistema nervoso se divide funcionalmente, é necessário
relembrar como ele foi dividido anatomicamente. Por incrível que possa parecer, ainda existem
alguns equívocos sobre essa divisão que não podem passar despercebidos por olhares mais
críticos. O critério utilizado pelos anatomistas para dividir o sistema nervoso em sistema nervoso
central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP) foi a presença de caixas ósseas, no caso, o
crânio e a coluna vertebral. Todas as estruturas que se encontram dentro das caixas ósseas são
consideradas como parte do SNC e todas as estruturas que se encontram fora das caixas ósseas
fazem parte do SNP (veja a figura a seguir). Dentro das caixas ósseas, encontram-se o encéfalo, a
medula espinal e uma parte dos neurônios aferentes (sensitivos) e eferentes (motores). Fora das
caixas ósseas, encontram-se uma parte (maior parte) dos neurônios aferentes e eferentes e os
gânglios.
 
Fonte: Systemoff/Shutterstock.
 Estruturas do sistema nervoso central (vermelho) e do sistema nervoso periférico (azul).
Funcionalmente, o sistema nervoso é dividido em dois:
SISTEMA NERVOSO SOMÁTICO
 
Fonte: RUBINI,2020.
Esse sistema relaciona o ser humano ao meio ambiente (seu exterior) e é voluntário e consciente.
Portanto, seus efetores serão sempre o músculo estriado esquelético.

SISTEMA NERVOSO VISCERAL
 
Fonte: RUBINI,2020.
Esse sistema relaciona o ser humano ao seu interior, e é involuntário e inconsciente. Portanto,
seus efetores poderão ser os músculos lisos ou o músculo estriado cardíaco ou as glândulas.
Os dois sistemas possuem as seguintes estruturas:
RECEPTORES
São encarregados de captar os estímulos (no meio ambiente ou no interior do corpo humano,
sistema nervoso somático e visceral, respectivamente).
VIA AFERENTE
Conduz os estímulos captados em direção ao SNC.
SNC
Interpreta os estímulos e analisa se há necessidade de uma resposta para algum ajuste.
VIA EFERENTE
Conduz um estímulo nervoso proveniente do SNC para uma resposta julgada necessária.
EFETOR
Responsável por produzir a resposta determinada pelo SNC.
 ATENÇÃO
A via eferente do sistema nervoso visceral se chama sistema nervoso autônomo. O sistema
nervoso autônomo é ativado principalmente por centros localizados na medula espinal, no tronco
encefálico, no hipotálamo e em parte do córtex cerebral. É responsável pelo controle da frequência
cardíaca, pressão arterial, frequência respiratória, temperatura corporal, motilidade gastrintestinal,
assim como outras atividades viscerais para manutenção da homeostase. Essa parte do sistema
nervoso é subdividida em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático.
Veja uma comparação entre as duas partes do sistema nervoso autônomo:
Função simpática
É mediada, em sua maioria, pela ação de uma substância denominada norepinefrina, que atua
nas seguintes funções: aumento da frequência cardíaca, dilatação da pupila, dilatação dos
brônquios, constrição dos vasos sanguíneos, aumento da sudorese, inibição dos movimentos
peristálticos do trato gastrointestinal e aumento da renina.

Função parassimpática
É mediada por um neurotransmissor denominado acetilcolina e sua ação repercute da seguinte
forma: redução da frequência cardíaca, aumento da secreção de glândulas do olho, aumento da
peristalse, aumento da secreção salivar e de glândulas pancreáticas e constrição dos brônquios.
A atividade autonômica tem papel preponderante na função fisiológica dos seres humanos.
Doenças crônicas como a insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, diabetes, entre outras estão
associadas ao comprometimento da atividade do sistema nervoso autônomo.
TIPOS DE CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO E
SUAS PRINCIPAIS FUNÇÕES
Como é composto o sistema nervoso?
O sistema nervoso é composto por dois tipos de células, os neurônios e as neuroglias ou
células da glia. Para cada neurônio, existe, aproximadamente, uma neuroglia, contrariando o que
sempre foi reproduzido por estudiosos e diversos livros textos que afirmavam (equivocadamente)
que, para cada neurônio, existem 10 neuroglias. Outro equívoco é a de que existem 100 bilhões
de neurônios. Na verdade, estima-se que o sistemanervoso possua aproximadamente 86 bilhões
de neurônios e 85 bilhões de neuroglias conforme estudo publicado pelo grupo de pesquisadores
comandado pelo professor Roberto Lent, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
(LENT et al., 2012).
Classicamente, sempre se considerou o neurônio como a unidade morfofuncional mais importante
do sistema nervoso, e as neuroglias com um papel secundário, sendo apenas células de “suporte”.
No entanto, a importância dessas “células de suporte” aumentou muito ao se entender que as
neuroglias também trabalham com sinais, apesar de serem sinais diferentes. São sinais químicos
que orientam o crescimento e a migração dos neurônios durante o desenvolvimento, de conexão
entre os neurônios na vida adulta, de proteção e reconhecimento de disfunções, entre outros.
Sendo assim, ao serem capazes de interferir na comunicação entre os neurônios, podem até
alterar a transmissão dessas informações.
Os neurônios são células especializadas na condução de estímulos nervosos, ou seja,
informações (ver figura a seguir). Um neurônio pode ter três partes:
DENDRITOS
Principais locais de recepção de estímulos num neurônio. A palavra dendrito deriva do termo
grego dendro, que significa árvore. Dependendo do neurônio, ele pode ter apenas um dendrito
(bipolar) ou até milhares de dendritos (multipolar) ou não ter dendritos, como os neurônios
pseudounipolares. Constituem a parte receptora do neurônio. Em outras palavras, a maioria dos
impulsos nervosos que são transmitidos aos neurônios chegam pelos dendritos.
CORPO CELULAR (SOMA OU PERICÁRIO)
Essa estrutura é encontrada em todos os neurônios e é considerada o seu centro metabólico.
Neste local, ficam o núcleo e a maior parte das organelas celulares. É no núcleo que ocorre a
síntese das proteínas neuronais e dos seus neurotransmissores.
AXÔNIO
Estrutura responsável por transmitir os impulsos nervosos até a terminação axonal onde ficam os
botões sinápticos com as vesículas secretoras contendo neurotransmissores. Os axônios se
iniciam em uma área especializada chamada cone axonal ou segmento inicial e podem estar
envoltos por uma camada lipídica chamada bainha de mielina, que interfere diretamente na
velocidade de transmissão nervosa. Quanto mais espessa a camada da bainha de mielina, mais
rápida é a propagação do impulso nervoso. O espaço entre as bainhas de mielina é denominado
nodo de Ranvier. A propagação do impulso nervoso no axônio sempre vai em sentido de sua
extremidade, denominada de terminação axonal, que fazem contato com outro neurônio ou com
uma célula efetora. Essas conexões são denominadas sinapses. Através das sinapses, as
informações de um neurônio são transmitidas a outro neurônio ou a uma célula efetora.
 
Fonte: logika600/Shutterstock.
 Neurônio típico com dendritos, corpo celular e axônio.
Na figura a seguir, estão ilustradas as conexões entre neurônios, as sinapses.
 
Fonte: Andrii Vodolazhskyi/Shutterstock.
 Conexões entre neurônios.
OS IMPULSOS NERVOSOS
Neste vídeo, nos aprofundaremos com mais detalhes no processo de transmissão dos impulsos
nervosos desde o dendrito até a sinapse.
Os neurônios encontrados nos seres humanos podem ser classificados de acordo com sua
estrutura:
 
Fonte: Lila Raymond/Shutterstock.
MULTIPOLARES
São os mais comuns no sistema nervoso central, sendo encontrados no encéfalo e na medula
espinal. Eles contêm múltiplos dendritos, podendo chegar a ter milhares, com uma grande
capacidade de receber estímulos.
 
Fonte: Lila Raymond/Shutterstock.
BIPOLARES
São encontrados em órgãos sensoriais, principalmente na retina e no epitélio olfatório, possuem
apenas um dendrito e um axônio de cada lado do corpo celular.
 
Fonte: Lila Raymond/Shutterstock.
PSEUDOUNIPOLARES
Encontrados principalmente nos gânglios espinais, são todos aferentes. Os pseudounipolares não
apresentam dendritos, mas um axônio que se subdivide em um ramo dirigido à periferia em
direção a um receptor sensorial e um outro ramo que se dirige ao SNC. A informação sensorial
proveniente da periferia é enviada diretamente para a medula espinal, sem passar pelo corpo
celular.
Do ponto de vista funcional, os neurônios podem ser classificados em:
AFERENTES OU SENSITIVOS
Conduzem os estímulos a partir dos receptores em direção do SNC.
INTERNEURÔNIOS
São 99% dos neurônios e estão todos localizados no SNC conectando dois neurônios.
EFERENTES OU MOTORES
Conduzem os estímulos a partir do SNC em direção aos efetores.
As neuroglias ou células da glia podem ser divididas em micróglias e macróglias (figura a
seguir). O termo glia é proveniente da palavra grega que significa cola. Portanto, neuroglia seria a
cola neural. Isso porque antigamente se achava que as neuroglias tinham apenas a função de
agregação e sustentação dos neurônios, o que continua sendo correto, embora já se saiba que
elas desempenham outras funções de grande importância.
 
Fonte: Designua/Shutterstock.
 Neuroglias ou células da glia.
A seguir, veremos os componentes e funções de cada uma delas:
MICRÓGLIAS
São as menores neuroglias que existem e estão distribuídas por todo o SNC. Exercem uma
função imune no SNC, sendo ativadas pela presença de moléculas inflamatórias, como as
citocinas, por exemplo, de maneira muito semelhante ao que ocorre com os macrófagos no
sangue. Quando ocorre alguma lesão neuronal, inflamação ou doença degenerativa, elas se
proliferam rapidamente na área da lesão, fagocitam as substâncias indesejadas e participam da
produção de antígeno.
MACRÓGLIAS
Dentre as macróglias existem:
 
• Os astrócitos, que têm várias funções importantes, mas podemos destacar o importante papel
de preencher os espaços entre os neurônios, dando-lhes maior sustentação estrutural e atuando
na nutrição neuronal, pois armazenam glicose que poderá ser disponibilizada aos neurônios para
ser utilizada como fonte de energia. Além dessas funções, formam a barreira hematoencefálica
que envolve os capilares encefálicos e impede que substâncias tóxicas e nocivas passem de
dentro dos vasos para o encéfalo. Sendo assim, cumprem um importante papel de proteção do
encéfalo. De forma complementar, também são responsáveis por remover íons e
neurotransmissores e secretam fatores de crescimento neuronais. 
• Os oligodendrócitos, que sintetizam a mielina que envolve os axônios localizados no SNC,
podendo mielinizar múltiplos axônios ao mesmo tempo. 
• As células de Schwann, as quais cumprem função muito semelhante aos oligodendrócitos na
síntese da mielina que envolve os axônios localizados no SNP. No entanto, ao contrário dos
oligodendrócitos, são capazes de mielinizar um único axônio. 
• As células ependimárias, que são consideradas células de revestimento. Elas revestem os
ventrículos do encéfalo e o canal central da medula espinal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS ASTRÓCITOS SÃO CÉLULAS DA NEURÓGLIA E SÃO AS QUE
POSSUEM AS MAIORES DIMENSÕES. RECEBERAM ESSE NOME POR
LEMBRAREM ESTRELAS. DENTRE AS SUAS FUNÇÕES, PODE-SE
DESTACAR:
A) Nutrição neuronal e produção de mielina.
B) Produção de mielina e remoção de íons em excesso.
C) Formação da barreira hematoencefálica e nutrição neuronal.
D) Formação da barreira hematoencefálica e produção de hormônios.
E) Fagocitose de substâncias estranhas ao SNC e nutrição neuronal.
2. AS MICRÓGLIAS SÃO UM TIPO DE CÉLULA DO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL QUE, DENTRE OUTROS PAPÉIS, TÊM FUNÇÃO DE:
A) Produção de mielina que envolve os axônios do SNC.
B) Produção de mielina que envolve os axônios do SNP.
C) Imunidade do sistema nervoso central.
D) Nutrição neuronal.
E) Transmissão de impulsos nervosos do SNC ao SNP.
GABARITO
1. Os astrócitos são células da neuróglia e são as que possuem as maiores dimensões.
Receberam esse nome por lembrarem estrelas. Dentre as suas funções, pode-se destacar:
A alternativa "C " está correta.
 
Podemos destacar o importante papel de preencher os espaços entre os neurônios, dando maior
sustentação e nutriçãoneuronal, pois armazenam glicose que poderá ser disponibilizada aos
neurônios. Além disso, formam a barreira hematoencefálica que envolve os capilares encefálicos,
impedindo que substâncias tóxicas e nocivas passem de dentro dos vasos para o encéfalo.
Também removem íons e neurotransmissores e secretam fatores de crescimento neuronais entre
outras funções.
2. As micróglias são um tipo de célula do sistema nervoso central que, dentre outros
papéis, têm função de:
A alternativa "C " está correta.
 
As micróglias são as menores neuroglias que existem e exercem uma função imune no SNC
fagocitando substâncias indesejadas. Quando ocorre alguma lesão, inflamação ou doença
degenerativa, elas se proliferam rapidamente.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste conteúdo, você aprendeu o que é Fisiologia humana, seu objeto de estudo, como
todas as células do corpo humano trabalham para manter a homeostasia e, consequentemente, o
indivíduo saudável, e de que forma o sistema nervoso se divide funcionalmente. No entanto,
sempre é bom lembrar que a ciência é extremamente dinâmica e que novos estudos e pesquisas
são realizados continuamente. Em função disso, essas informações podem ser alteradas. Sendo
assim, é necessário que você busque atualização constante através de cursos, congressos e
simpósios da área, leitura de artigos atualizados e livros. Enfim, nunca pare de estudar.
REFERÊNCIAS
AIRES, M. M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
BEAR, M.F.; CONNORS, B.W. & PARADISO, M.A. Neurociências: desvendando o sistema
nervoso. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BERNE, Robert M. & LEVY, Matthew, N. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.
HALL, J. E. Guyton & Hall. Tratado de Fisiologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociências. 2. ed. Atheneu,
2010.
LENT, R. et al. How many neurons do you have? Some dogmas of quantitative neuroscience
under revision. In: European Journal of Neuroscience. 35(1): 1-9, 2012. Consultado em meio
eletrônico em: 22 out. 2020.
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: uma abordagem integrada. 7. ed. Porto Alegre:
ArtMed, 2017.
EXPLORE+
Leia o artigo A formulação do conceito de homeostase por Walter Cannon, de Ivana
Brito e Amilton Haddad, publicado em 2017.
Leia o artigo Resposta ao estresse: I. Homeostase e teoria da alostase, que detalha
todas as discussões dos cientistas sobre o conceito de homeostasia, de Maria Bernardete
Cordeiro de Sousa, Hélderes Peregrino Silva e Nicole Leite Galvão-Coelho, publicado em
2015.
CONTEUDISTA
Ercole da Cruz Rubini
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);
DESCRIÇÃO
Os potenciais de repouso, graduado, de ação e as sinapses na célula nervosa. A fisiologia
sensorial do tato, dor, propriocepção, olfato, gustação, audição e visão.
PROPÓSITO
Compreender como ocorre a comunicação neural é imprescindível para o entendimento do
funcionamento do sistema nervoso. Entender como os sentidos somatossensoriais e os sentidos
especiais atuam é fundamental para que o futuro profissional da área da saúde possa avançar no
estudo do funcionamento do sistema nervoso e na sua atuação profissional.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir o que é potencial de repouso da membrana, potencial graduado, potencial de ação e como
ocorre a comunicação neural
MÓDULO 2
Identificar quais são, como atuam e a importância dos sentidos somatossensoriais para o ser
humano
MÓDULO 3
Reconhecer quais são, como atuam e a importância dos sentidos especiais para o ser humano
INTRODUÇÃO
O sistema nervoso e o sistema hormonal são considerados superiores aos demais sistemas
orgânicos hierarquicamente, pois ambos são capazes de comandá-los. Isso é possível através de
uma impressionante capacidade de comunicação, extremamente rápida e precisa, que pode
atingir grandes distâncias em um curto espaço de tempo. A transmissão de informações ou
transmissão sináptica é fundamental para processos vitais, tais como a percepção, a linguagem, a
memorização, os movimentos voluntários, a aprendizagem, entre outros.
Dentro dessa complexa rede de comunicação neural, temos os estímulos sensitivos que,
ininterruptamente, são enviados ao sistema nervoso central (SNC) e são fundamentais para a
manutenção da homeostasia e boa função do corpo humano. O estudo da fisiologia sensorial
permitirá que você entenda como o SNC recebe estímulos externos e internos, como os decodifica
e determina as diferentes reações do organismo para esses estímulos. Dividimos o estudo da
fisiologia sensorial em sentidos somatossensoriais (somáticos) do tato, da dor (incluindo
temperaturas extremas) e da propriocepção, e em sentidos especiais do olfato, da gustação, da
audição e da visão.
MÓDULO 1
 Definir o que é potencial de repouso da membrana, potencial graduado, potencial de
ação e como ocorre a comunicação neural
POTENCIAL DE REPOUSO DA MEMBRANA
Os neurônios têm a capacidade de gerar e propagar sinais elétricos por serem células lábeis ou
excitáveis. Em repouso, existe uma diferença de cargas elétricas dentro e fora da membrana
celular que faz com que o seu interior seja negativo em relação ao seu exterior, ou seja, existe
uma polarização.
O potencial de repouso da membrana (Vm) é definido como: Vm = Vint - Vext, em que Vint é o
potencial no meio intracelular, e Vext é o potencial no meio extracelular.
Essa negatividade interior da membrana interna dos neurônios em relação à membrana externa
fica em torno de -70 mV (milivolt) e se chama potencial de repouso da membrana. Esse valor foi
obtido ao medir essa diferença de carga elétrica com um voltímetro. Um microeletrodo de registro
foi colocado no interior da membrana, e um outro microeletrodo de referência foi colocado no lado
externo da membrana.
Arbitrariamente, por convenção, atribuiu-se o valor de zero para o exterior e verificou-se que o
interior estava aproximadamente -70 mV em relação ao seu exterior.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Potencial de repouso da membrana.
Pode-se destacar três principais responsáveis pelo potencial de repouso da membrana:
A distribuição desigual na quantidade de íons de sódio, potássio e cloro dentro e fora da célula é
muito importante no desenvolvimento do potencial de repouso da membrana. No lado de fora, há
mais sódio (carga positiva) e cloro (carga negativa) em relação ao lado de dentro; e do lado de
dentro há mais potássio (carga positiva) em relação ao lado de fora.
A incapacidade de alguns íons negativos saírem da célula que influenciam na negatividade
interior, como o fosfato, que, normalmente, liga-se a outros dois fosfatos, formando uma molécula
de ATP (adenosina trifosfato), e aminoácidos que se ligam a outros aminoácidos, formando uma
grande molécula de proteína.
A bomba eletrogênica, ou bomba de sódio e potássio, que, ininterruptamente, transporta três íons
de sódio para o líquido extracelular e dois íons de potássio para o líquido intracelular, contra o
gradiente de concentração e com gasto energético, por transporte ativo.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Bomba de sódio e potássio.
Qualquer tipo de sinalização elétrica envolve alterações rápidas do potencial de repouso da
membrana, que são decorrentes da abertura e do fechamento dos canais iônicos encontrados na
membrana celular. A entrada e a saída de íons da célula, sejam eles carregados positiva (cátions),
ou negativamente (ânions), afetam a característica do potencial de repouso da membrana.
Quando esse potencial de repouso da membrana torna-se menos negativo, chama-se
despolarização e, quando se torna mais negativo, chama-se hiperpolarização.
POTENCIAL GRADUADO
Os potenciais graduados são despolarizações ou hiperpolarizações que ocorrem nos neurônios.
Normalmente, ocorrem nos dendritos e no corpo celular, embora também possam ocorrer nos
axônios de maneira menos frequente. Eles se denominam graduados em função da sua
amplitude, que está diretamente relacionada coma intensidade do estímulo que desencadeia o
evento, ou seja, um estímulo grande vai desencadear um grande potencial graduado, e um
estímulo pequeno vai desencadear um pequeno potencial graduado. Os potenciais graduados
percorrem distâncias curtas e perdem a força à medida que percorrem a célula.
POTENCIAL DE AÇÃO
O potencial de ação é diferente do potencial graduado em dois pontos que valem ser destacados:
Os potenciais de ação são sempre idênticos, sempre terão a mesma amplitude.
Os potenciais de ação não diminuem conforme percorrem o neurônio.
Um potencial de ação é gerado pelo fluxo de íons através dos canais voltagem dependentes e sua
amplitude não diminui à medida que ele percorre o axônio.
Pode-se definir potencial de ação como sendo uma alteração extremamente rápida do
potencial de repouso da membrana com a inversão das cargas elétricas, tornando o interior
da membrana positivo e o exterior negativo. O potencial de ação é fundamental para que o
estímulo nervoso possa ser transmitido por toda a fibra nervosa. Quando o potencial de ação
acaba, a situação característica de repouso é restabelecida rapidamente.
Na fase de repouso, anterior ao potencial de ação, a membrana encontra-se polarizada com o
interior da membrana negativo (em torno de -70 mV) em relação ao seu exterior. Quando a célula
é estimulada, ocorre a abertura dos canais rápidos de sódio, e a membrana plasmática torna-se
permeável aos íons de sódio com grande influxo (entrada) desse cátion na célula. Esse fenômeno
ocorre por retroalimentação positiva; como os íons de sódio têm carga positiva, gera uma
despolarização da membrana, fazendo com que o interior desta, que, anteriormente encontrava-
se negativo em relação ao seu exterior, fique positivo, ou seja, ocorre uma inversão das cargas
elétricas.
Quase que imediatamente após essa abertura dos canais rápidos de sódio que fez com que a
membrana celular ficasse permeável aos íons sódio, os canais de sódio se fecham e interrompem
o influxo de sódio na célula. Nesse momento, os canais lentos de potássio se abrem, causando o
efluxo (saída) de íons de potássio(ânions) para fora da célula, iniciando a restauração do potencial
de repouso da membrana. À medida que os íons de potássio carregados positivamente saem, o
interior da membrana fica mais negativo, ocorrendo uma repolarização da membrana.
No entanto, assim como os canais lentos de potássio se abrem depois, eles podem continuar
abertos, mesmo após atingir o valor do potencial de repouso da membrana (-70 mV); e como
cargas positivas continuam a sair da célula, a membrana poderá ficar mais negativa do que se
encontrava no potencial de repouso da membrana, causando a hiperpolarização. É possível
chegar a valores de -90 mV, até que os canais de potássio voltem a se fechar e o potencial de
repouso da membrana de -70 mV seja restabelecido.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Etapas do potencial de ação.
As bombas de sódio e potássio terão papel fundamental no restabelecimento do potencial de
repouso da membrana, pois elas nunca param de fazer o seu trabalho. Todas essas possíveis
etapas do potencial de ação somadas duram menos de 1 ms (milissegundo). Dessa forma, os
potenciais de ação se repetem mais de mil vezes em apenas um único segundo.
1 MS (MILISSEGUNDO)
Um segundo dividido por mil
javascript:void(0)
 
Fonte: OpenStax/Wikipedia commons/CC BY 4.0
 Potencial de ação.
LEI DO TUDO OU NADA
A estimulação de um neurônio obedece à Lei do Tudo ou Nada, segundo a qual, para que ocorra
o potencial de ação, o estímulo deve ser intenso o suficiente para atingir o limiar de
excitabilidade, que fica em torno de –55 mV. Não existe potencial de ação mais forte ou mais
fraco, pois, atingindo o limiar de excitabilidade, todos os potenciais de ação terão sempre a
mesma amplitude de +30 mV. Caso não consigam atingir o limiar de excitabilidade, não ocorrerá o
potencial de ação, ou seja, ou o estímulo é suficientemente intenso para estimular o neurônio,
desencadeando o potencial de ação, ou não vai acontecer nada.
Utiliza-se o termo potencial excitatório pós-sináptico (PEPS) para os estímulos capazes de
gerar o influxo de íons positivos, tornando a membrana mais propensa a despolarizar e gerar um
potencial de ação. Por outro lado, utiliza-se o termo potencial inibitório pós-sináptico (PIPS)
para os estímulos capazes de gerar o influxo de íons negativos, aumentando a negatividade
interior (hiperpolarizando) e tornando a membrana menos propensa a produzir um potencial de
ação.
Os potenciais de ação respeitam também ao que é chamado de período refratário. Esse termo
vem de uma palavra latina que significa “inflexível”. Existe um período refratário absoluto, no
qual um segundo estímulo é incapaz de desencadear um novo potencial de ação. Esse período
ocorre durante as fases de despolarização e final da repolarização da membrana. O outro período
é denominado de período refratário relativo, em que um estímulo mais intenso que o normal, é
capaz de desencadear um novo potencial de ação, desde que atinja o limiar excitatório, antes que
ocorra o completo retorno ao potencial de repouso da membrana. Esse período ocorre na fase de
hiperpolarização da membrana.
DIREÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO
Sabe-se que os potenciais de ação sempre se dirigem para as terminações axonais conforme foi
descrito pelo médico espanhol Santiago Ramon Y Cajal. Ele usou o método de coloração por
prata, desenvolvido pelo italiano Camilo Golgi, para propor o “princípio da polarização
dinâmica”, no final do século XIX. Isso o levou a ganhar o prêmio Nobel de fisiologia em 1906,
juntamente com Camilo Golgi, outro grande neurofisiologista.
Segundo o princípio da polarização dinâmica, a informação desloca-se sempre em apenas uma
direção dentro do neurônio (que, normalmente, vai dos dendritos para o axônio, até atingir as
terminações axonais).
VELOCIDADE DE CONDUÇÃO NERVOSA
A velocidade de condução nervosa é afetada diretamente pelo diâmetro (calibre) do axônio e pela
quantidade de mielina envolvendo esses axônios.
O neurônio com um axônio de grande diâmetro promove um potencial de ação mais rápido, pois
oferece menos resistência ao fluxo de cargas elétricas. Assim, quanto maior for o diâmetro do
axônio, maior será a velocidade de condução; e o contrário também é verdadeiro, quanto menor
for o axônio do neurônio, menor será a sua velocidade de condução nervosa.
A quantidade de mielina que envolve o axônio é outro fator importante para a velocidade de
condução nervosa. A mielina é uma substância lipídica produzida pelos oligodendrócitos e pelas
células de Schwann para os axônios dos neurônios localizados no sistema nervoso central e
sistema nervoso periférico (SNP), respectivamente. A mielina atua como isolante elétrico,
impedindo o fluxo de corrente entre o citoplasma e o líquido extracelular.
No entanto, nem todos os neurônios têm mielina envolvendo seus axônios, e a transmissão
nervosa em neurônios sem mielina (amielinizados) é denominada de condução contínua, e a
transmissão nas fibras com mielina (mielinizadas) é denominada de condução saltatória.
Fonte: Shutterstock.com
 Neurônio com bainha de mielina.
Na condução saltatória, em cada Nodo de Ranvier existe uma grande quantidade de canais
iônicos dependentes de voltagem; quando a despolarização chega ao nódulo, esses canais se
abrem e ocorre influxo de sódio, reforçando a despolarização. No Nodo de Ranvier, o fluxo é mais
lento; na região mielinizada, o fluxo é mais rápido e “salta” para o próximo Nodo de Ranvier. Por
causa desse padrão “saltatório” do potencial de ação, de Nodo de Ranvier em Nodo de Ranvier, é
que a transmissão nas fibras mielinizadas foi chamada de condução saltatória.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Condução saltatória.
Ao atingir as terminações axonais, o potencial de ação poderá excitar ou inibir uma outra célula
alvo. Essa célula alvo pode ser um outro neurônio ou uma célula efetora, e para que isso ocorra
terá de aconteceruma sinapse. Se a célula alvo estiver localizada no SNC, ela será um outro
neurônio. Mas, se ela estiver localizada no SNP, poderá ser um outro neurônio ou uma célula
efetora.
SINAPSES
Em média, um neurônio tem 1.000 conexões sinápticas e recebe mais de 10.000 conexões. As
células de Purkinje do cerebelo recebem mais de 100.000 conexões aferentes, por exemplo.
O sistema nervoso tem uma complexa rede sensorial em que os mais diversos tipos de receptores
sensoriais, dentro e fora do corpo humano, estão o tempo todo captando estímulos e enviando ao
Sistema Nervoso Central (SNC). Mais de 99% dessa informação sensorial, depois de ser
“analisada”, é descartada pelo SNC e sequer se torna consciente. No entanto, algumas
informações sensoriais captadas necessitam que respostas adequadas sejam enviadas por vias
motoras até os respectivos órgãos efetores.
Para que essa comunicação ocorra entre os diferentes neurônios, ou entre o neurônio e uma
célula efetora (pode ser uma glândula ou um músculo), é necessário que ocorram sinapses. O
termo sinapse parece ter sido dado pelo Fisiologista inglês Sir Charles S. Sherrington (1852-
1952) e significa em grego “prender”. No entanto, Santiago Ramon Y Cajal já havia descrito
histologicamente como “zona especializada de contato”.
 
Fonte: Shutterstock.com
Atualmente, pode-se conceituar sinapse como sendo a passagem de um estímulo nervoso
(informação) de um neurônio para outro, ou de um neurônio para uma célula efetora. Portanto, a
sinapse é interpretada como uma forma de comunicação entre essas células.
Primeiramente, acreditava-se que todas as sinapses eram elétricas até que, por volta de 1920, o
farmacêutico alemão Otto Loewi descobriu que uma substância química denominada de
acetilcolina (Ach) transmitia sinais do nervo vago (10º par craniano) ao coração. Essa descoberta
gerou intensos debates sobre como ocorriam as transmissões sinápticas.
Atualmente, sabe-se que existem dois tipos de sinapses: elétricas e químicas. No ser humano, a
maioria das sinapses se utilizam de um transmissor químico (neurotransmissor). Porém, existem
sinapses que atuam exclusivamente por estímulos elétricos.
javascript:void(0)
As sinapses elétricas necessitam de estruturas proteicas denominadas canais de junções
comunicantes ou junções do tipo GAP, que permitem a passagem de íons de uma célula para a
outra de maneira muito rápida e estereotipada. Esse tipo de junção interliga o citoplasma da célula
pré-sináptica com o citoplasma da outra célula pós-sináptica (célula alvo), permitindo que a
corrente elétrica flua através desses canais. A sinapse elétrica ocorre em neurônios e neuroglias,
sendo também encontrada na musculatura lisa e na musculatura estriada cardíaca.
Otto Loewi (1873-1961) recebeu o prêmio o prêmio Nobel de Medicina em 1936 por seus
estudos sobre transmissão de impulsos nervosos.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Sinapse elétrica.
O potencial de ação produzido na célula pré-sináptica produz um potencial pós-sináptico de
despolarização, desencadeando um potencial de ação. A latência, que é o tempo entre o potencial
de ação pré-sináptico e o potencial de ação pós-sináptico, é muito curta, sendo quase instantânea.
Já a sinapse química depende de outros fatores que vão desde a liberação do transmissor na
fenda sináptica, difusão do transmissor até a membrana pós-sináptica e ligação desse transmissor
a um receptor específico na membrana pós-sináptica para que ocorra a abertura de canais
iônicos.
A maioria dos canais de junções comunicantes fecha-se em resposta a uma diminuição do pH do
citoplasma ou a um aumento do nível de cálcio intracelular. Sendo essa informação útil, inclusive,
para verificar se a célula se encontra em perfeita funcionabilidade. Células lesadas têm altas
quantidades de cálcio e prótons no seu interior.
Algumas sinapses elétricas são chamadas de retificadoras, pois seus canais são dependentes de
voltagem. Isso faz com que só sejam capazes de conduzir o estímulo elétrico em um único
sentido, sempre da célula pré-sináptica para a célula pós-sináptica.
A abertura e o fechamento dos canais parecem ser dependentes de um pequeno deslocamento
das seis conexinas que os compõe. Cada canal de junção comunicante é formado por dois
hemicanais, que ficam um na célula pré-sináptica e outro na célula pós-sináptica. Esse hemicanal
é denominado de conéxon e é composto de seis proteínas chamadas de conexinas que parecem
ser capazes de executar essa mudança conformacional que resulta na abertura e no fechamento
dos canais de junções comunicantes.
Desse modo, as junções comunicantes são importantíssimas pela sua capacidade de aumentar
a velocidade da sinalização neural e de produzir sincronismo importante. Além disso, pelo seu
tamanho relativamente grande, os canais de junções comunicantes também podem permitir sinais
metabólicos entre as células, pois, além do fluxo de íons (positivos ou negativos) através deles ser
comum, eles também permitem a passagem de alguns compostos orgânicos e até de pequenos
peptídeos.
As sinapses químicas são realizadas através de substâncias químicas chamadas de
neurotransmissores, que atuam como mensageiros químicos, passando o estímulo nervoso de
uma célula para a outra, as quais são separadas completamente por um espaço que se chama
fenda sináptica.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Sinapse química.
Os neurotransmissores são substâncias químicas sintetizadas no interior do neurônio pré-
sináptico e que ficam armazenadas, aos milhares, no interior de vesículas secretoras ou vesículas
sinápticas, esperando um estímulo para que sejam secretadas na fenda sináptica por exocitose.
A exocitose é ativada pela entrada de cálcio e seu acúmulo no interior das terminações axonais.
Assim, as vesículas secretoras se dirigem para a membrana plasmática, se fundem a essa
membrana e rompem, liberando os neurotransmissores na fenda sináptica. Após serem
secretados por exocitose na fenda sináptica, os neurotransmissores se difundem até os seus
receptores específicos que estão localizados na membrana pós-sináptica.
A interação do neurotransmissor com o receptor faz com que esse receptor seja ativado, e essa
ativação poderá provocar excitação ou inibição, podendo gerar uma sinapse excitatória ou uma
sinapse inibitória, ou seja, a abertura ou o fechamento de canais iônicos.
A existência de todas essas etapas causa uma latência nas sinapses químicas de alguns
milissegundos (ms) que não ocorre nas sinapses elétricas. Por outro lado, as sinapses químicas
têm a capacidade de amplificação, visto que a liberação de neurotransmissores por apenas uma
única vesícula já é capaz de abrir milhares de canais iônicos na célula pós-sináptica (célula alvo).
Dessa forma, a sinapse química envolve dois processos: a transmissão e a recepção. A
transmissão ocorre com a liberação (secreção) do neurotransmissor na fenda sináptica, e a
recepção ocorre quando o neurotransmissor se liga ao seu receptor na célula pós-sináptica.
O processo de atuação de um neurotransmissor é semelhante à ação de um hormônio endócrino.
Ambos são substâncias químicas secretadas e que levam uma mensagem para uma célula alvo.
No entanto, duas diferenças funcionais devem ser destacadas. A primeira é que o
neurotransmissor só precisa atravessar a fenda sináptica para se ligar aos seus receptores,
enquanto os hormônios são conduzidos pela corrente sanguínea até as células espalhadas pelo
corpo humano que possuem os seus respectivos receptores. Portanto, os neurotransmissores
chegam mais rápido, e de forma mais direcionada, à célula alvo do que os hormônios.
A outra diferença que merece ser destacada é a meia vida (tempo necessário para que uma
determinada substância reduza sua quantidade pela metade) de um neurotransmissor, que é bem
menor que a de um hormônio.
Os neurônios também são capazes de sintetizar e secretar, além dos neurotransmissores, os
neuromoduladores e os neuro-hormônios. Uma diferença entre essas três substânciasé que os
neurotransmissores e os neuromoduladores atuam na célula alvo próxima ao seu botão terminal.
Sendo que, os neuromoduladores atuam em locais não sinápticos, ao contrário dos
neurotransmissores. Os neuro-hormônios são secretados na corrente sanguínea e podem atuar
por todo o corpo humano e, por isso, muitas vezes, são confundidos com a ação de um hormônio
endócrino.
A quantidade de substâncias identificadas como neurotransmissores e neuromoduladores
aumenta constantemente e encontra-se próxima de uma centena. Classificar os
neurotransmissores é uma tarefa difícil.
Alguns autores classificam os neurotransmissores pelo tamanho da molécula e pela velocidade da
ação:
Neurotransmissores de moléculas pequenas e de ação rápida.
Neurotransmissores de moléculas grandes e de ação lenta.
No entanto, alguns neurotransmissores são mais conhecidos e merecem ser destacados por sua
importância.
A acetilcolina (Ach) que é sintetizada a partir da colina e da acetil-CoA de forma bem simples nas
terminações axonais. Os neurônios que sintetizam Ach e os seus receptores específicos são
igualmente denominados de colinérgicos, podendo os últimos ser do tipo nicotínico ou
muscarínico.
Os neurotransmissores amínicos (dopamina, norepinefrina e epinefrina) recebem esse nome
por serem provenientes de um único aminoácido chamado de tirosina. Esses três
neurotransmissores também são secretados pela medula da glândula suprarrenal. Os neurônios
que sintetizam esses neurotransmissores e os seus receptores são denominados de adrenérgicos,
sendo que os últimos podem ser classificados em alfa1, alfa2, beta1 e beta2.
A serotonina e a histamina também são considerados neurotransmissores amínicos. No entanto,
são sintetizadas a partir dos aminoácidos triptofano e histidina, respectivamente.
Alguns aminoácidos como o glutamato, o aspartato, o ácido gama aminobutírico (GABA) e a
glicina também são neurotransmissores. Sendo que, os dois últimos estão associados à geração
de sinapses inibitórias.
A substância P, que participa de vias nociceptivas, as encefalinas e as endorfinas que
promovem analgesia, são exemplos de neurotransmissores polipeptídeos.
Purinas como a adenosina também podem atuar como neurotransmissores no coração, por
exemplo, assim como gases como o óxido nítrico (ON) sintetizado a partir da conversão da
citrulina em arginina no organismo.
Dessa maneira, com um outro olhar sobre os neurotransmissores, podemos separá-los em
categorias como: a) acetilcolina; b) aminas; c) aminoácidos; d) polipeptídeos; e) purinas e; f)
gases. Veja a tabela abaixo:
NEUROTRANSMISSOR RECEPTOR LOCALIZAÇÃO DO RECEPTOR
Acetilcolina (Ach)
Colinérgico
Tipo nicotínico
Tipo muscarínico
MEE e nas sinapses autonômicas
Músculo liso, MEC e glândulas
Norepinefrina Adrenérgico
Alfa e Beta
Músculo liso, MEC e glândulas
Dopamina Dopamina (D) SNC
Serotonina
Serotonérgico
5-
hidroxitriptamina
SNC
Histamina Histamina (H) SNC
Glutamato
Glutaminérgico
APAM e NMDA
SNC
GABA GABA SNC
Glicina Glicina SNC
Adenosina Purina (P) SNC
Óxido nítrico Nenhum NA
 Fonte: EnsineMe.
APAM = ácido propriônico alfa-amino-3-hidroxi-5-metil-4-isoxazole; NMDA = N-metil-D-aspartato;
GABA= ácido gama aminobutírico; MEE = músculo estriado esquelético; MEC= músculo estriado
cardíaco; SNC= sistema nervoso central; NA=não se aplica.
Exemplos de neurotransmissores, seus receptores e localização do receptor.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
POTENCIAL DE AÇÃO E COMUNICAÇÃO
NEURAL
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL É O TIPO DE SINAPSE QUE PERMITE O FLUXO LIVRE DE ÍONS EM
UMA TRANSMISSÃO MUITO MAIS RÁPIDA?
A) Sinapse excitatória
B) Sinapse química
C) Sinapse inibitória
D) Sinapse elétrica
E) Sinapse térmica
2. ASSINALE A OPÇÃO CORRETA. A DESPOLARIZAÇÃO É A PRIMEIRA
FASE DO POTENCIAL DE AÇÃO E É DESENCADEADA:
A) Pela abertura dos canais lentos de potássio
B) Pelo fechamento dos canais rápidos de sódio
C) Pela abertura dos canais rápidos de sódio
D) Pela abertura dos canais lentos de cloro
E) Pelo fechamento dos canais lentos de potássio
GABARITO
1. Qual é o tipo de sinapse que permite o fluxo livre de íons em uma transmissão muito
mais rápida?
A alternativa "D " está correta.
 
A sinapse elétrica caracteriza-se por ter as junções comunicantes, que são importantíssimas pela
sua capacidade de aumentar a velocidade da sinalização neural.
2. Assinale a opção correta. A despolarização é a primeira fase do potencial de ação e é
desencadeada:
A alternativa "C " está correta.
 
Quando a célula é estimulada, ocorre a abertura dos canais rápidos de sódio e a membrana
plasmática torna-se permeável aos íons de sódio com grande influxo (entrada) desse cátion na
célula, causando a despolarização da membrana.
MÓDULO 2
 Identificar quais são, como atuam e a importância dos sentidos somatossensoriais para
o ser humano.
FISIOLOGIA SENSORIAL
O tempo todo, milhões de estímulos aferentes chegam ao SNC provenientes das mais diferentes
áreas internas e externas ao corpo humano. A maior parte desses estímulos não chega a se tornar
consciente. O estímulo que se torna consciente é chamado de sensação, e a percepção é a
subsequente interpretação dessa sensação.
Apesar de as sensações terem diferentes maneiras de recepção, todas elas apresentam três
etapas em comum:
Um estímulo.
Uma série de eventos que transformam esse estímulo em impulsos nervosos.
Uma resposta para esse estímulo na forma de experiência consciente da sensação ou percepção.
Para que esses estímulos sejam detectados, os receptores sensoriais estão constantemente
ativados e captando informações. Existem cinco grupos de receptores sensoriais:
a) Os mecanorreceptores, que detectam alterações mecânicas, como a vibração, a
pressão, a aceleração e o estiramento, por exemplo.
b) Os quimiorreceptores, que detectam alterações químicas, como a concentração de
oxigênio, dióxido de carbono e o pH, por exemplo.
c) Os termorreceptores, que detectam alterações na temperatura.
d) Os fotorreceptores, que detectam alterações na luminosidade.
e) Os nociceptores, que detectam alterações nocivas ou dolorosas.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Em uma classificação mais geral, podemos separar os receptores sensoriais em três grupos:
 
Fonte: Shutterstock.com
Os exterorreceptores, que captam estímulos externos ao organismo humano.
 
Fonte: Shutterstock.com
Os visceroceptores, que captam estímulos internos.
 
Fonte: Shutterstock.com
Os proprioceptores localizados nas articulações, nos músculos e nos tendões que informam
sobre a localização do corpo humano no espaço, a força e o nível de estiramento das fibras
musculares.
Alguns fisiologistas dividem em duas as modalidades de sensação: os sentidos
somatossensoriais, que incluem o tato, a dor (incluindo temperaturas extremas) e a
propriocepção; e os sentidos especiais, que incluem o olfato, a gustação, a audição e a visão.
Agora, vamos estudar detalhadamente cada um deles.
TATO
Inicialmente, o tato fazia parte dos cinco sentidos especiais propostos por Aristóteles. No entanto,
essa indicação foi revista, e hoje são considerados apenas quatro sentidos especiais, tendo o tato
recebido a classificação de sentido somático.
Os receptores de tato são os mesmos que detectam as sensações de pressão e vibração, apesar
de serem sensações diferentes. A sensibilidade tátil permite ao ser humano perceber o mundo
exterior através do contato com a sua superfície corporal.
 
Fonte: Shutterstock.com
 Indivíduo cego baseando-se em sua percepção tátil para se guiar.
Os receptores táteis estão localizados na pele ou em tecidos imediatamente abaixo dela. Existem
seis tipos de receptores táteis diferentes:
 
Fonte: Shutterstock.com
 Receptores táteis.
As terminações nervosas livres detectam tato e pressão. São encontradas em toda a pele e em
alguns tecidos espalhados pelo corpo humano.
O corpúsculo

Continue navegando