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Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 1 ECOLOGIA E MORFOMETRIA DE TACHYPHONUS CORONATUS (VIEILLOT, 1822) (AVES: THRAUPIDAE) EM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA NO ESTADO DO PARANÁ Leticia Coimbra Marques – Aluna de Pós-Graduação 1 Rafaela Cichacewski de Macedo – Aluna de Pós-Graduação 2 Eduardo Carrano – Orientador 3 1-lebiologa@hotmail.com; 2-rafaelacdm@hotmail.com; 3-e.carrano@pucpr.br RESUMO Tachyphonus coronatus pertence à Ordem Passeriformes e à Família Thraupidae, ocorrendo em diferentes habitats como orla da mata e capoeiras, além de ser muito abundante na Serra do Mar. O estudo foi baseado em um banco de dados da espécie obtido em trabalhos realizados na Floresta Estadual do Palmito – FEP (25º35’S – 48º30’W), município de Paranaguá, litoral do Estado do Paraná, entre abril de 2001 e setembro de 2010, sendo realizadas 72 amostragens de campo, com 144 dias de duração totalizando um esforço de 1.440 horas. As informações sobre a dieta da espécie foram compiladas através deste mesmo banco de dados e revisão de literatura. Com base nestes dados, foi possível comparar a morfometria e peso, considerando-se sexo e faixa etária, além da dieta frugívora da espécie. Foram anilhados 80 exemplares, sendo 10 machos jovens, 36 machos adultos, 8 fêmeas jovens, 11 fêmeas adultas e 15 indeterminados. Os pesos variaram entre 25 e 39 g. Através das pesquisas na FEP e outros estudos, foram levantadas 25 espécies vegetais, pertencentes a 15 famílias botânicas consumidas por T. coronatus. Dentre as espécies consumidas, ressaltam-se Cecropia hololeuca, Miconia cinnamomifolia, Miconia cubatanensis, Schinus terebinthifolius, Symplocos uniflora, Ocotea pulchella Euterpe edulis e Tapirira guianensis, sendo que, as quatro últimas são consideradas espécies-chave na Floresta Estadual do Palmito. Embora T. coronatus seja considerada uma espécie comum e de ampla distribuição geográfica, poucas informações ecológicas são encontradas na literatura, o que reforça a importância do presente estudo. ABSTRACT Tachyphonus coronatus belongs to Order Passeriforme, Family Thraupidae, occurring in different environments such as forest edge, brushwood and parks, besides being very abundant in sea coast. The study has been based on the species database which was obtained through works performed in the Palmito State Forest (PSF) (25º35’S – 48º30’W), city of Paranaguá, State of Paraná coast, within April 2001 to September 2010, being carried out 72 field sampling, with 144 days length, total effort of 1440 hours. Information about the species' diet was sought through this same database and bibliographical review. Based on that data, it was possible to compare the morphometric data and weight, considering gender, age moreover species’ frugivorous diet. 80 specimens were banded, out of these, 10 young males, 36 adult males, 8 young females, 11 adult females and 15 undetermined. Weights ranged between 25g and 39g. Through the researches in PSF and and bibliographic studies, it was identified 25 plant species belonging to 15 botanical families consumed by Tachyphonus PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TURMA 2009/2010 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 2 coronatus. Among the species consumed, it is noteworthy Cecropia hololeuca, Miconia cinnamomifolia, Miconia cubatanensis, Schinus terebinthifolius, Symplocos uniflora, Ocotea pulchella Euterpe edulis e Tapirira guianensis, and the last four are considered key species in the Palmito State Forest. Although T. coronatus is considered as a common species and widely geographic distributed, little ecological information is found in the literature, what reinforces the importance of this study. 1 INTRODUÇÃO Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822), o tiê-preto, é uma das três espécies do gênero pertencente à Ordem Passeriformes e à Família Thraupidae, a qual atualmente engloba 99 espécies registradas no Brasil (CBRO, 2010). Encontrada em diferentes habitats como orla da mata, capoeiras e parques, T. coronatus é muito abundante na Serra do Mar, ocorrendo desde o Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, sul do Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina (SICK, 1997). A espécie apresenta dimorfismo sexual através da coloração da plumagem, sendo as fêmeas e jovens completamente amarronzadas, em tons mais claros e/ou mais escuros, e machos com plumagem preto-brilhante com uma estreita faixa vermelha no alto da cabeça. Durante o acasalamento, os machos de Tachyphonus, em frente à fêmea e um rival, abrem e fecham ritmicamente as asas, mostrando o branco resplandecente das coberteiras inferiores das asas. O escarlate do píleo, o qual é invisível quando em repouso, nesta oportunidade é espalhado sobre todo o alto da cabeça (SICK, 1997). A dieta da espécie é baseada praticamente em frutos, além de insetos, botões florais e flores. Porém, apresenta uma dieta frugívora bastante variada, alimentando- se de diversas espécies vegetais (CARRANO, 2006). A frugivoria é uma relação importante tanto para os vertebrados como para as plantas de cujos frutos se alimentam, pois ambos se beneficiam: os frugívoros obtêm principalmente água e nutrientes dos frutos que consomem, ao passo que as plantas têm suas sementes dispersas por estes animais. Esse tipo de relação, que confere benefícios mútuos aos participantes, é conhecido como mutualismo (GALLETI et al. 2003). Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 3 Esta interação diminui nas áreas úmidas, como florestas tropicais, em relação àquelas mais secas, temperadas, devido às associações entre pluviosidade, diversidade e abundância dos frutos carnosos, o que favorece a dispersão zoocórica (GOMES et al. 2008). Para que um frugívoro disperse legitimamente as sementes dos frutos que consome, ele não pode danificá-las com seus dentes ou em seu estômago. A polpa e as demais partes carnosas do fruto são digeridas para obtenção de energia, porém as sementes, protegidas geralmente por um envoltório resistente, são transportadas no interior do animal e posteriormente eliminadas inteiras nas fezes ou regurgitadas pela boca (GALLETI et al, 2003). Um grande número de espécies de aves inclui frutos na sua dieta, e muitas têm sido registradas como dispersoras de sementes (GONDIM, 2001). Um dos temas centrais do manejo da vida silvestre é entender como os animais influenciam as populações vegetais e como a distribuição destes recursos no ambiente afeta a abundância de animais (principalmente folívoros, frugívoros e nectarívoros) (CARRANO, 2006). A polpa de frutos carnosos é a fonte primária de energia para muitas espécies de aves, mamíferos, lagartos e até mesmo peixes. Esses animais podem defecar, cuspir, regurgitar ou simplesmente, derrubar frutos longe da planta mãe, aumentando consideravelmente as suas chances de sobrevivência. Portanto, a frugivoria e a dispersão de sementes são processos essenciais para as populações de plantas, assim como para os animais (GALLETI et al. 2003; apud. CARRANO, 2006). O estudo de frugivoria avalia qualitativamente e quantitativamente quais os frutos consumidos pelos animais, sendo que os dados sobre frugivoria dependem muito do tamanho da amostra realizada (GALLETI et al. 2003). Além de estudos realizados sobre frugivoria, a avifauna brasileira tem recebido recentemente mais atenção por parte dos pesquisadores, com a publicação de diversos trabalhos relacionados à morfometria, muda e placas de incubação das aves (ROOS, 2002). Dados morfológicos são de extrema importância em diversas disciplinas relacionadas ao estudo das aves, tais como Fisiologia, Morfologia,Ecologia e Estrutura de Comunidades, sendo o peso a medida mais segura sobre o tamanho de uma ave (BIERREGAARD, 1988; SICK, 1997). Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 4 Levando-se em consideração a grande importância do conhecimento de medidas morfométricas e de frugivoria, o presente estudo teve como objetivos: levantar os dados morfométricos (bico, tarso, asa, cauda e comprimento total) e peso dos exemplares de Tachyphonus coronatus capturados em redes-de-neblina (considerando-se sexo e faixa etária) e; analisar as espécies de frutos da dieta de T. coronatus na área de estudo e compará-la com outros trabalhos realizados no Brasil. 2 MATERIAS E MÉTODOS O banco de dados utilizado neste estudo foi elaborado através de trabalhos desenvolvidos na Floresta Estadual do Palmito - FEP (25º35’S - 48º30’W), localizado em Paranaguá, litoral do Estado do Paraná (Figura 1). Figura 1. Mapa de localização da Floresta Estadual do Palmito, Paranaguá, Paraná. Fonte: Pró-Atlântica. Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 5 A FEP é uma Unidade de Conservação enquadrada na categoria de Uso Sustentável (SNUC, 2000), sendo definida desta maneira sob instância estadual e, portanto, administrada pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Possui 530 hectares de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas (IBGE, 1992) e formações pioneiras com influência marinha (restingas) e flúvio-marinha (manguezais), além de contar com uma estrada de aproximadamente 8 km em seu interior. Segundo CARRANO (2006), as maiores extensões são caracterizadas por Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas, sendo sua fisionomia marcada por uma cobertura arbórea cujos indivíduos do dossel apresentam grandes dimensões, com alturas superiores a 20 metros. Os dados da espécie foram coletados entre abril de 2001 e setembro de 2010, sendo realizadas 72 amostragens de campo, com 144 dias de duração totalizando um esforço de 1.440 horas. As amostragens mensais foram realizadas com dois dias de duração. Para a captura dos exemplares, foram utilizadas 10 redes de neblina “mist nets” instaladas em locais pré-estabelecidos, sendo amostrados ambientes de borda e interior de floresta. As aves capturadas receberam uma anilha metálica cedida pelo CEMAVE - Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres (Licença 1124), sendo tomadas as medidas morfométricas (bico, tarso, asa, cauda e comprimento total) conforme SICK (1997) com auxílio de Paquímetro Mitutoyo 0,05 mm e peso (balanças de precisão Pesola 100 g). Foram definidas cinco categorias distintas: FJ (Fêmea jovem); FA (Fêmea adulta), MJ (Macho jovem), MA (Macho adulto) e JI (Jovem indeterminado) as quais também se referem à faixa etária dos exemplares. A utilização do termo “indeterminado” foi adotada para exemplares jovens, que não apresentavam condições em relação à coloração da plumagem para a definição segura quanto ao sexo. A dieta da espécie foi baseada em dados obtidos através de estudos na Floresta Estadual do Palmito (CARRANO, 2006; E.Carrano, inf. pess.), através de observações do consumo de frutos pela espécie e também fezes de exemplares capturados em redes-de-neblina. Como complemento, realizou-se a revisão bibliográfica sobre dieta e frugivoria da espécie na Floresta Atlântica brasileira. Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 6 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O esforço amostral empregado com a utilização das redes-de-neblina totalizou 80 exemplares anilhados. O número total de capturas (n=122) incluiu a somatória dos exemplares capturados no presente estudo (n=80) e recapturas (n=42) em aproximadamente 14.000 horas/rede. Levando-se em consideração o número de exemplares anilhados (n=80), obteve-se a seguinte estimativa populacional para a espécie na área: FJ (n=08); FA (n=11), MJ (n=10), MA (n=36) e JI (n=15), conforme representa a Tabela 1. Nas análises morfométricas e peso, os exemplares classificados como JI não foram incluídos. As variações morfométricas e peso dos exemplares capturados levando-se em consideração o sexo e faixa etária são apresentados em valores mínimos, máximos e as respectivas médias (Tabelas 2 e 3). Tabela 1. Número de exemplares de Tachyphonus coronatus anilhados entre abril de 2001 e setembro de 2010 na área de estudo considerando-se sexo e faixa etária. Jovens Adultos Total Fêmeas 08 11 19 Machos 10 36 46 Indeterminados 15 - 15 TOTAL 80 Tabela 2. Morfometria de Tachyphonus coronatus capturados na área de estudo considerando-se sexo e faixa etária. Valor da Média, Mínimo e Máximo, expressos em milímetros (mm). Sexo / Faixa etária Bico Tarso Asa Cauda Comprimento Total Fêmea adulta 16,5 14,3 - 17,9 18,9 13,9 - 21,9 79,6 75,8 - 82,8 75 70,2 - 82 188,3 183 – 195 Fêmea jovem 16,6 15,7 - 17,9 19,9 17 – 26 79,1 75,3 - 82,6 77,9 72 - 81,7 188,8 183 – 198 Macho adulto 16,5 13,9 - 18 17,5 15,5 - 22,2 83,2 70,8 - 88,7 79,5 68,8 - 87,5 192,3 178 – 205 Macho jovem 16,3 12,3 - 17,9 16,8 14,2 - 18,6 78,9 72,7 - 85 75,8 69,7 - 80 186,6 179 – 193 Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 7 Tabela 3. Peso de Tachyphonus coronatus capturados na área de estudo considerando-se sexo e faixa etária. Valores Mínimo, Máximo e a Média, expressos em gramas (g). Sexo/Faixa etária Mínimo Máximo Média Fêmea adulta 26 39 29,9 Fêmea jovem 26 36 30,0 Macho adulto 25 36 29,6 Macho jovem 26 38 29,2 De maneira geral, os valores obtidos quanto à morfometria de T. coronatus não demonstraram diferença significativa entre si. Quanto aos valores encontrados no comprimento total, as fêmeas jovens apresentaram maiores valores se comparadas com as demais categorias (FA, MA e MJ). Este fato pode ser justificado pela grande variação individual apresentada pelas populações de diversos grupos. ROOS (2002), em um estudo realizado em áreas de Floresta Atlântica de Santa Catarina, encontrou medidas similares aos obtidos na FEP, sendo eles, expressos em médias: bico (MA=17,6 mm) e (FA=17 mm); cauda (MA=78,1 mm) e (FA=75,6 mm); comprimento total (MA=180,5 mm) e (FA=170 mm) e peso (MA=29,6 g) e (FA=28,5 g). Este autor relatou no estudo que a espécie apresenta diferenças significativas entre machos e fêmeas, sendo os machos sempre maiores nas características medidas que apresentam diferenças. O fato de T. coronatus apresentar a média das medidas de largura do bico maiores nas fêmeas pode estar sendo mascarado pela presença de indivíduos jovens fêmeas, os quais não apresentando plumagem diferente das fêmeas adultas foram considerados adultos. Muitos indivíduos jovens, já com plumagem de adultos, ainda podem apresentar resquícios da comissura labial, fazendo com que a tomada de medida seja prejudicada. Tal possibilidade deve ser considerada, pois, como foram capturados indivíduos jovens machos, haveria possibilidade de captura de jovens fêmeas (ROOS, 2002), fato também ocorrido no presente estudo através da captura de 15 exemplares considerados indeterminados, ou seja, jovens sem a possibilidade de definir o sexo. Através dos dados obtidos em de estudos realizados na Floresta Estadual do Palmito e pesquisas de estudos bibliográficos, foram identificadas 25 espécies vegetais, pertencentes a 15 famílias botânicas, que são consumidas por Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 8 Tachyphonus coronatus (Tabela 4), sendo as mais representativas Melastomataceae, com seis espécies consumidas, Arecaceae e Urticaceae, com três espécies consumidas cada, Anacardiaceae e Symplocaceae, com duas espécies cada. Destas espéciesvegetais, dez foram registradas na Floresta Estadual do Palmito (Tabela 4). Euterpe edulis e Alchornea glandulosa foram as espécies com o maior número de citações de consumo por T. coronatus, ambas com duas localidades, enquanto as demais espécies vegetais que foram citadas tiveram apenas citação para uma única localidade (Tabela 4). Tabela 4. Espécies vegetais incluídas na dieta de Tachyphonus coronatus na área de estudo entre abril de 2001 e setembro de 2010 e informações bibliográficas. FEP (Floresta Estadual do Palmito). Ordenamento Taxonômico Nome Popular Local Bibliografia ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolius Tapirira guianensis Aroeira Peito-de-pombo FEP – PR FEP – PR Carrano, 2006 Carrano, 2006 ARECACEAE Euterpe edulis Euterpe edulis Syagrus romanzoffiana Palmito-juçara Palmito-juçara Jerivá FEP – PR; Vale do Ribeira – SP Mata Atlântica Semidecidual - SP Carrano, 2006 Barrozo et al. 2010 Messias & Alves, 2009 ASTERACEAE Tilesia baccata - Floresta Estacional Semidecidual – MG Fonseca, 2009 BROMELIACEAE Aechmea lindenii - Floresta Atlântica Lenzi et al. 2006 EUPHORBIACEAE Alchornea glandulosa Alchornea glandulosa Caxeta Caxeta Fragmento de Mata Ciliar – SP Mata Atlântica – SC Pascotto, 2006 Zimmermann, 1996 FLACOURTIACEAE Casearia sylvestris Chá-de-bugre Mata Atlântica – MG Fadini & Marco, 2004 LAURACEAE Ocotea pulchella Canela-preta FEP – PR Carrano, 2006 MAGNOLIACEAE Magnolia ovata Pinha-do-brejo Mata Semidecídua/Cerrado – SP Cazzeta et al. 2002 MELASTOMATACEAE Miconia budlejoides Miconia cinnamomifolia Miconia cubatanensis Miconia sp. Miconia tentaticulifera Miconia urophylla Pixirica Jacatirão Pixirica - - - Mata Atlântica - MG Mata Atlântica - MG FEP – PR Mata Atlântica - MG Mata Atlântica – MG Mata Atlântica – MG Fadini & Marco, 2004 Fadini & Marco, 2004 Carrano, 2006 Fadini & Marco, 2004 Fadini & Marco, 2004 Manhães et al., 2003 MORACEAE Cecropia glaziovii Cecropia hololeuca Cecropia sp. Embaúba Embaúba - Mata Atlântica – MG FEP – PR Mata Atlântica – SP Fadini & Marco, 2004 Carrano, 2006 Machado & Oliveira, Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 9 1988 MYRSINACEAE Myrsine ferruginea Capororoquinha FEP – PR Carrano, 2006 MYRTACEAE Psidium cattleyanum Araçá FEP – PR Carrano, 2006 RUBIACEAE Psychotria nuda Erva-de-anta FEP – PR Carrano, 2006 SOLANACEAE Solanum granulosoleprosum Fumo-bravo Floresta Estacional Decidual - RS Jacomassa, 2009 SYMPLOCACEAE Symplocos pubescens Symplocos uniflora - Sete-sangrias Mata Atlântica – MG Floresta Est. do Palmito - PR Fadini & Marco, 2004 Carrano, 2006 Carrano (2006) afirma que Symplocos uniflora, Didymopanax morototoni, Ocotea pulchella, Euterpe edulis e Tapirira guianensis são consideradas espécies- chave na FEP, sendo consumidas por 25% do total de aves registradas, sendo que destas, apenas D. morototoni não foi incluída na dieta de T. coronatus. Embora Euterpe edulis seja espécie-chave na dieta de T. coronatus na FEP, não houve registro do seu consumo em um trecho de Mata Atlântica em Minas Gerais, segundo FADINI & MARCO (2004). Estes autores relataram ainda a alta densidade absoluta de plântulas e jovens de E. edulis, o que se faz entender que T. coronatus consome o vegetal quando o mesmo encontra-se em sua fase adulta, uma vez que a ave só se alimenta da parte carnosa, dispensando a semente. Em um fragmento de Floresta Atlântica em São Paulo, foi relatado o consumo de Cecropia sp. por T. coronatus ((MACHADO & OLIVEIRA, 1988) enquanto na FEP a espécie se alimentou de Cecropia hololeuca, muito abundante na área e consumida também por outras oito espécies de aves (CARRANO, 2006). Fonseca (2009) demonstra que Tilesia baccata é fonte de pólen e néctar para os visitantes florais durante a estação chuvosa e de frutos para frugívoros facultativos entre a estação chuvosa e seca, sendo T. coronatus uma das aves mais freqüentes, responsáveis por 77,4% das visitas. Messias & Alves (2009) registraram um casal de T. coronatus coletando frutos de Syagrus romanzoffiana em fragmentos de mata ciliar no estado de São Paulo, em relictos de Mata Atlântica Semidecídua. Já Pascotto (2006) observou o consumo de Alchornea glandulosa pela ave em uma área de mata ciliar, também no estado de Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 10 São Paulo, porém não o considerou dispersor, pois consumiu apenas o arilo, descartando a semente sob a planta-mãe, não engolindo a semente inteira, fato também observado na FEP (E. Carrano inf. pess). Em outro fragmento de Floresta Semidecídua e em um fragmento de cerrado em São Paulo, foi observado o consumo de Magnolia ovata pela espécie (CAZETTA et al., 2002). Da mesma forma, Oliveira et al. (2007) relataram que Tachyphonus coronatus se reproduz na região do Cerrado, também comprovado nos pequenos relictos deste bioma na região nordeste do estado do Paraná (E. Carrano inf. pess). O estudo da fenologia é fundamental para avaliarmos que tipos de frutos, qual a época (sazonalidade) e a quantidade em que estão disponíveis para os frugívoros, em uma determinada área, sendo que os frugívoros raramente dependem de somente uma ou poucas espécies de frutos, consumindo frutos de várias espécies, bem como outros itens alimentares ao longo da vida (GALLETI et al, 2003). Os estudos fenológicos em áreas tropicais apontam sazonalidade extrema nas florestas com estação chuvosa e seca bem delimitada, até a sazonalidade menos marcante (mas ainda presente) naquelas florestas com grande precipitação durante todo o ano (LECK, 1970; FOSTER, 1982; HOWE & SMALLWOOD, 1982; TERBORGH, 1986 apud CARRANO, 2006). Esta sazonalidade apresenta algumas características, como por exemplo, o pico anual de frutos ocorrendo geralmente em períodos de baixa atividade fotossintética ou após períodos de grande acúmulo de reservas energéticas, ou seja, no fim da estação seca ou início das chuvas (CARRANO, 2006). Na Floresta Estadual do Palmito, os eventos de frutificação ocorreram em praticamente todos os meses do ano, na sua maioria no período primavera-verão, os quais apresentaram maior diversidade e disponibilidade de frutos. 4 CONCLUSÃO Há pouca informação disponível na literatura que permita comparações refinadas entre as medidas morfométricas, sendo que, embora exista um manual Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 11 específico do CEMAVE para obtenção das medidas, certamente ocorrem diferenças entre cada pesquisador durante as mensurações. A publicação de um estudo de banco de dados é de grande importância, visto que, a tendência seria o aumento de trabalhos com morfometria, permitindo assim, futuras investigações sobre os padrões de variação geográfica das diferentes medidas morfométricas e peso das aves (KARR et al., 1978; PIRATELLI et al. 2000b) Existe uma escassez de informação na literatura sobre morfometria, biologia e ecologia de espécies neotropicais. Grande parte dos trabalhos se restringe a levantamentos sobre riqueza de espécies em determinadas localidades, sendo que trabalhos realizados com coleta de dados por um longo período como neste caso são raros. Embora T. coronatus seja uma espécie comum e abundante na Floresta Atlântica do sul e sudeste brasileiro, são poucas as informações publicadas sobre sua ecologia, reforçando assim a importância deste estudo. Ademais, pode ser considerado um importante frugívoro da Floresta Atlântica, atuando como dispersor de sementes de mais de 20 espécies vegetais, sendo que na área de estudo esta ave foi observada consumindofrutos de dez espécies. Apesar da espécie ter preferência por ambientes florestais, é vista também em ambientes alterados e antrópicos, sendo que desta forma pode desempenhar um papel importante na dispersão de sementes de árvores nestas áreas, auxiliando assim nos processos de regeneração da floresta. Este estudo reforça a importância para o melhor entendimento do funcionamento e conexão existente entre animais e plantas inseridos em um ecossistema, auxiliando na execução e planejamento de programas de conservação de aves da Floresta Atlântica. Curso de Especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental - 09/10 12 5 AGRADECIMENTOS Ao biólogo Marlon Selusniaki pela revisão da nomenclatura botânica. Ao professor André Marinho pelas contribuições e revisão do Abstract. 6 REFERÊNCIAS ANCIÃES, M.; MARINI, M, A. Fluctuating assimetry as indicator of fragmentation effects on birds from Brazil tropical forest. Journal of Applied Ecology, v. 37, p. 1013-1028. 2000 BARROSO, R.M.; REIS, A.; HANAZAKI, N. Etnoecologia e etnobotânica da palmeira juçara (Euterpe edulis Martius) em comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, São Paulo. Acta Botanica Brasilica, v. 24, n. 2, p. 518-528. 2010. BIERREGAARD Jr., R.O. Morphological data from understory birds in Terra Firme Forest in central Amazonian basin. Revista Brasileira de Biologia, v. 48, n. 2, p. 169-178. 1988. CARRANO, E. Composição e conservação da avifauna na Floresta Estadual do Palmito, município de Paranaguá Paraná. Dissertação de Mestrado, Conservação da Natureza, UFPR. 125 p. 2006. CAZETTA, E. et al. Frugivoria e dispersão de sementes de Talauma ovata (Magnoliaceae) no sudeste brasileiro. Ararajuba, v. 10, n. 2, p. 199-206. 2002. 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