Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Heloiza Bernardes Virologia (4/12) EPIDEMIOLOGIA MUNDIAL: - O vírus HIV foi descoberto no início da década de 80 nos EUA; - 36 milhões vivem atualmente infectados por HIV; - 20 milhões já morreram com SIDA; - Total cumulativo de 56 milhões infectados por HIV; - 25,3 milhões na África subsaariana estão infectados com HIV (cerca de 2/3 do total); - 3/4 das mortes por SIDA na África Subsaariana; - 1,46 milhões de pessoas infectadas no Oeste da Europa e na América do Norte; - A prevalência está aumentando modestamente; - Diminuição da taxa de mortalidade devido à terapia anti-retrovírica; - Terapia anti-retrovírica: Controla a carga viral e melhora a qualidade de vida; - HIV/SIDA nas minorias étnicas e populações mais pobres: A incidência aumenta mais rapidamente. - Distribuição das novas infecções segundo a UNAIDS 2017: TRANSMISSÃO: - Transmissão sexual: Heterossexual (modo mais comum de infecção no mundo); Homossexual. - Transmissão por sangue e hemoderivados: Hemotransfusões (hemofílicos: Menos de 1% dos casos); Hemoderivados (+/- 1% dos casos); Transplantes; Compartilhamento de utensílios de injeção (indivíduos toxicodependentes). - Transmissão materno-fetal/infantil: In-utero (via transplacentária); Durante o parto; Ingestão de leite materno contaminado. BIOLOGIA DO HIV: - Membro da família dos retrovírus humanos e do gênero lentivírus; - É um vírus de RNA que causa doença crônica devido à presença da enzima transcriptase reversa; - Transferência do HIV dos símios para os humanos Alteração da virulência (mais relacionada à resposta imune do hospedeiro do que com as propriedades do vírus). HIV-1: - Causa mais comum de doença pelo HIV no mundo; - Compreende vários subtipos: - Grupo M (major): Responsável pela maioria das infecções no mundo; - Grupo O (outlier) – é mais raro: Encontrado em República dos Camarões, Gabão e França; - Grupo N: Encontrado pela primeira vez na República dos camarões. HIV-2: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Heloiza Bernardes Virologia (4/12) - Originalmente restringido à Africa Oriental; - Mais relacionado, filogeneticamente, com o SIV (vírus da imunodeficiência símia); - Parece ser menos patogênico (síndrome mais branda e com evolução mais lenta). ESTRUTURA DO VÍRUS: - 2 cópias de RNA; - 3 enzimas: Protease (gera proteínas maduras), transcriptase reversa e integrase (integra DNAc ao DNAh); - p7/p9: Proteínas do nucleocapsídeo; - p24: Faz parte do capsídeo (Antígeno mais facilmente detectado – diagnóstico); - p17: Proteína da matriz; - GP 120 e GP 41: Proteínas transmembranares presentes no invólucro viral que são fundamentais para a infecção. DIVERSIDADE: - HIV-1 Necessidade de uso de co-receptores para infecção da célula-alvo. - Linhagem M-trópica: Infecta macrófagos e células dendríticas. A resposta imune permanece inalterada e isso caracteriza a fase inicial da infecção. - Linhagem T-trópica: O vírus liga-se a co- receptores do tipo CXCR4 que tem tropismo pelas células CD4+. Nesse momento, vai haver destruição da resposta imune e isso constitui a fase final da infecção. - Ocorre transição de linhagem M-trópica para a T-trópica quando o paciente atinge a fase crônica da infecção, manifestando a SIDA. - Sincícios: Vírus consegue infectar a célula, permanecendo na membrana da célula e promovendo a interação com células vizinhas (capacidade de infectar várias células ao mesmo tempo). Utiliza-se para formação de sincícios co-receptor CXCR4 e proteína de membrana GP 120. - Células CD4+ com co-receptor CXCR4 são capazes de induzir à formação de sincícios, que leva a mortalidade maior de células em um menor tempo. OBS.: Formação de sincícios só ocorre na fase crônica da infecção, ou seja, os vírus de linhagem M-trópica (infectam macrófagos) não induzem à formação de sincícios. - CD4 funciona como receptor para o vírus do HIV. Os linfócitos T-helper, monócitos e macrófagos e células dendríticas possuem receptor CD4 e são infectados. - Células dendríticas apresentam antígenos até os linfócitos T-helper nos linfonodos e isso Heloiza Bernardes Virologia (4/12) estimula uma resposta imune específica com liberação de citocinas. - Receptor DC-SIGN é típico de célula dendrítica e auxilia na ativação de resposta imune quando o HIV infecta células dendríticas. - Enquanto o vírus HIV permanece na linhagem M-trópica, a resposta imune consegue controlar a carga viral. A conversão de linhagem é gradual e utiliza o co-receptor CXRC-4 para infectar apenas linfócitos, fazendo a carga viral aumentar e o quadro clínico evoluir para SIDA. - Monócitos infectados que prevalecem no organismo com o vírus HIV conseguem atravessar a barreira hematoencefálica e afetar o SNC isso é uma complicação de fase aguda manifestada em apenas 5% dos pacientes. - O vírus HIV consegue afetar e infectar células hematopoiéticas na medula óssea, ocasionando um quadro de anemia aplásica no paciente e, em longo prazo, pancitopenia. - A fase aguda da infecção apresenta sinais prodrômicos que nem sempre são perceptivos. - A pesquisa direta (PCR) de antígenos é utilizada para diagnóstico de HIV em período de janela imunológica. CICLO DE REPLICAÇÃO: - Drogas antirretrovirais são inibidoras de transcriptase e integrase. - Integrase: Integra DNA viral ao DNA humano. - Protease: Estimula a síntese proteica. - Linfócitos, macrófagos e células dendríticas são infectados pelo HIV com uso de co-receptor CCR-5. - A soroconversão é a transição de fase aguda para fase crônica que é manifestada pela produção de IgG. APRESENTAÇÃO CLÍNICA: - Fase aguda, crônica (assintomática prolongada) e fase de crise/SIDA (doença sintomática). - O vírus HIV permanece em ciclo lítico, replicando-se continuamente. - Ocorre alternância de elevação e queda entre carga viral e quantidade de linfócitos T. - Durante a fase crônica ocorre a conversão de linhagem. FASE AGUDA - Sintomas Gerais: Febre, faringite, linfadenopatia, cefaléia, letargia, anorexia, vômitos, náuseas, diarréia. - Sintomas Neurológicos: Meningite, encefalite e neuropatia periférica. - Sintomas Cutâneos: Exantema maculopapuloso e úlceras cutâneo-mucosas. - Pico de viremia: Presença de anormalidades imunológicas, como diminuição de linfócitos TCD4+ e inversão da razão CD4+/CD8+ (com depressão de CD4+). Heloiza Bernardes Virologia (4/12) - De 3 a 17 semanas após a exposição: Ocorre soroconversão e produção de células TCD8+ específicas contra o HIV. FASE CRÔNICA - Estado assintomático prolongado (período de latência): Varia de 7 a 10 anos em doentes sem tratamento. - Abaixo de 200 linfócitos/mL de sangue Fase de crise/SIDA. - Diminuição da viremia com continuação da replicação do HIV nos macrófagos e células TCD4+ e perda contínua de TCD4+ compensada por regeneração. FASE DE CRISE - Descompensação do sistema imune. - Diminuição do n° de células TCD4+. - Aumento da proporção de células TCD4+ infectadas que sobrevivem. - Aumento da viremia. - Linfadenopatia persistente. - Sintomas constitutivos significativos SIDA. - Desenvolvimento de neoplasias secundárias, como sarcoma de Kaposi é uma das manifestações sintomatológicas de SIDA. - Ocorrência de infecções oportunistas: Candidíase oral e esofágica, pneumonia por Pneumocystis carinii (afeta apenas imunossuprimidos), citomegalovírus, tuberculose (Mycobacterium avium-intracelulare – acomete apenas HIV+), leishmaniose, herpes, criptococose. DIAGNÓSTICO: - Fase aguda/janela imunológica pesquisa direta de antígenos (proteína p24). -PCR-RT; -Western Blotting; -ELISA; -Teste de captura do antígeno p24. - Fase crônica pesquisa de anticorpos(sorologia indireta). Em casos positivos, faz- se 2 testes ELISA para confirmação. MONITORIZAÇÃO LABORATORIAL: - Contagem de células T CD4+: - É um exame de rotina na avaliação dos indivíduos infectados pelo HIV; - Melhor indicador do estado de imunocompetência imediata; - Contagens realizadas no momento do diagnóstico e a cada 3 a 6 meses em diante. - Medições do número de linfócitos: - número de linfócitos < 500/microL início da terapia antirretroviral; - número de linfócitos < 200/microL profilaxia contra P. carinii e toxoplasma; - número de linfócitos < 50/microL profilaxia contra CMV e micobactérias do complexo M. avium. - Níveis de RNA/HIV: - Traz informação importante acerca do prognóstico. - Alterações nos níveis de RNA-HIV trazem informações sobre: - Relação entre níveis de vírus e taxas de progressão da doença; - Taxas de turnover viral; - Relação entre ativação do sistema imune e replicação viral e tempo para o desenvolvimento da resistência aos fármacos. - Os níveis de RNA-HIV devem ser medidos no momento do diagnóstico e a cada 3 a 4 meses. - Medições dos níveis de RNA-HIV: - número > 10.000 cópias de RNA-HIV por mL de sangue início do tratamento. - número < 50 cópias de RNA-HIV por mL de sangue tratamento eficaz. MECANISMOS DE DEPLEÇÃO DOS LTCD4+: Heloiza Bernardes Virologia (4/12) - Destruição aumentada de células TCD4+ maduras: Resultaria da destruição direta das células infectadas pelo HIV por meio de: - Apoptose mediada pelo envelope viral; - Perda da integridade da membrana celular (formação de sincícios); - Acumulação intracelular de DNA viral não integrado. Ou da indução indireta da morte nas células não infectadas: - Por citólise via células T citolíticas HIV-específicas; - Por incorporação em sincícios de células infectadas vizinhas. - Movimentação alterada que leva a uma perda aparente: Ocorre por migração do LTCD4+ para os linfonodos que aumenta a quantidade de LTCD8+ ativa no sangue e reduz a quantidade de LTCD4+. - Ativação crônica e morte de células T: A infecção por HIV caracteriza-se por um estado de ativação crônica devido a: -Estímulos antigênicos pelo HIV; -Estímulos por mecanismos independentes de antígenos: Citocinas liberadas pelos APCs e células T ativadas. - Produção deficitária de células TCD4+ (destruição de células mieloides): - Hemograma de pcte com SIDA: Linfopenia, anemia, neutropenia e trombocitopenia pancitopenia (queda de todas as células do hemograma). - Aplasia medular: Incapacidade das células da medula de produzir células do sangue. INFECÇÃO AGUDA POR HIV: - À medida que o vírus aumenta a sua carga viral e diminui a quantidade de TCD4+, isso reduz a ativação de TCD8+. - A quantidade de TCD4+ e TCD8+ irá flutuar, fazendo com que o pcte tenha fases de queda imunológica junto a manifestações de infecções oportunistas e fases de melhor imunidade. DINÂMICA DA RESPOSTA CELULAR CD8+: - Enquanto há células TCD8+ de memória, o pcte consegue manter uma resposta imune contra o vírus. - LTCD8+ libera quimiocinas, perforinas e granzimas que controlam a carga viral do pcte, impedindo o aumento da carga viral. - Quando há queda do número de LTCD8+, o pcte começa a manifestar queda da resposta imune devido a não liberação das perforinas, granzimas e quimiocinas.
Compartilhar