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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ - UNESA CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA MARCIO RODRIGUES DE OLIVEIRA MOVIMENTOS SOCIAIS REALIZADOS NO BRASIL QUE CONTRIBUÍRAM PARA A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO PERÍODO DE 1850 A 1888. RIO DE JANEIRO 2021.1 MARCIO RODRIGUES DE OLIVEIRA MOVIMENTOS SOCIAIS REALIZADOS NO BRASIL QUE CONTRIBUÍRAM PARA A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO PERÍODO DE 1850 A 1888. Artigo a ser apresentado à Banca do Curso Superior de Licenciatura em História da Universidade Estácio de Sá – UNESA. ORIENTADORA Prof.ª ADRIANA SOUZA CARVALHO RIO DE JANEIRO 2021.1 1 1 Aluno do curso de Licenciatura em História da Universidade Estácio de Sá. 2 Professora do curso de Licenciatura em História da Universidade Estácio de Sá UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA MOVIMENTOS SOCIAIS REALIZADOS NO BRASIL QUE CONTRIBUÍRAM PARA A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO NO PERÍODO DE 1850 A 1888. MARCIO RODRIGUES DE OLIVEIRA 1 ADRIANA SOUZA CARVALHO 2 RESUMO O refinamento dos materiais didáticos no Brasil vem sendo feito anualmente e o assunto escravidão pode ser aperfeiçoado e deve ser considerado para o enriquecimento da educação de um modo geral com propósito de estimular o desejo pela busca das próprias origens, a criação de raízes culturais e a mantê-la viva na memória. Ao longo deste trabalho serão abordadas questões relacionadas ao ensino de história considerando o tema em questão como fator de suma importância e propor a reformulação do material didático atualmente distribuído nas escolas públicas e estaduais que contam apenas uma parte deste marco na história brasileira que ainda hoje é pouco explorado e divulgado. As reflexões que serão apresentadas resultaram das experiências adquiridas nos campos de estágio em que tive a oportunidade de acompanhar e analisar os materiais aplicados mediante a livros disponibilizados e a verificação das deficiências encontradas. A importância de se aprofundar na história do próprio país consiste em conhecer e compreender o passado, construir orgulho patriótico e ter a capacidade de projetar um futuro melhor. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica com base em materiais impressos e online. O presente trabalho refere-se ao fim 2 da escravidão no Brasil, em que serão apresentadas as etapas que levaram a um dos maiores eventos que ocorreu em nosso país. Está estruturado em Introdução na qual são apresentadas a problemática, os objetivos da pesquisa; discorridas as leis que antecederam a lei áurea e tiveram papel fundamental para a abolição, a própria lei áurea e sua importância e os movimentos abolicionistas. Palavras chave: História, abolição, lei áurea, fim da escravidão. ABSTRACT The refinement of teaching materials in Brazil has been done annually and the subject of slavery can be improved and should be considered for the enrichment of education in general in order to stimulate the desire to search for one's own origins, the creation of cultural roots and the keep it alive in memory. Throughout this work, issues related to the teaching of history will be approached, considering the theme in question as a factor of paramount importance and proposing the reformulation of the didactic material currently distributed in public and state schools that tell only part of this milestone in Brazilian history, which is still today little explored and disseminated. The reflections that will be presented resulted from the experiences acquired in the internship fields in which I had the opportunity to monitor and analyze the materials applied through books made available and the verification of the deficiencies found. The importance of delving into the history of the country itself is to know and understand the past, build patriotic pride and have the ability to project a better future. With this addendum to the teaching plan, there will be a significant contribution to the construction of the student's knowledge with a critical education of young people who attend high school. This is a bibliographic search based on printed and online materials. The present work refers to the end of slavery in Brazil, in which the stages that led to one of the biggest events that took place in our country will be presented. It is structured in Introduction in which the problematic, the research objectives are presented; the laws that preceded the golden law were discontinued and had a fundamental role for the abolition, the golden law itself and its importance and the abolitionist movements. Keywords: History, abolition, golden law, end of slavery. 3 Introdução A luta pela abolição no Brasil gerou reconhecimento em diversos países, um deles foi a França no qual segundo o despacho lido por Goblet do então ministro da França, a data da emancipação seria a mais memorável da história do Brasil. “Esta pagina de seus anais foi escrita pela nação inteira, na união íntima do povo, do parlamento e da coroa.” (MOSSÉ, 1938, p. 192). A emancipação, grandemente favorecida pelo imperador, foi certamente a maior glória do seu reinado. (MOSSÉ, 1938, p. 199). No entanto, para chegar a esse evento tiveram participações de grandes nomes como André Rebouças, José do Patrocínio, Antonio Prado, etc. Um dos que tiveram participação na luta a favor da abolição foi Joaquim Nabuco que descreveu em seu livro O Abolicionismo de 1863 a importância de Dom Pedro II na evolução da emancipação, principalmente no que tangia a extinção do tráfico de escravos e a libertação dos filhos nascidos de mães escravas. Esta influência do Imperador desencadeou as leis de Eusebio de Queiroz, em 1850, e de Rio Branco, em 1871. Segundo ele as ações do Imperador pela causa da emancipação foram grandes e essenciais. (NABUCO, 2000) Joaquim Nabuco também menciona em seu livro que quando foi discutida pelo gabinete a questão do tráfico em 1849 o Imperador, diante de opiniões contrárias por meio da repressão da primeira lei Eusebio de Queiroz Dom Pedro II declarou que preferia perder a coroa a sofrer a continuação do tráfico. (MOSSÉ, 1938, p. 206). A luta pela abolição de forma gradual sempre foi discutida e não podemos nos esquecer da participação da Princesa Isabel e seu feito durante sua primeira regência no qual possibilitou a discursão da reforma do Rio Branco cujo nome se dava graças a Silva Paranhos no qual teve um papel grandioso sendo um estadista e instrumento do imperador para essa conquista, a lei foi sancionada em 1871 em que liberaria 500.000 filhos de escravos conhecida com a Lei do Ventre Livre, em que com grandeza também possibilitou o surgimento dos grupos abolicionistas. Em seguida, viria a Lei dos Sexagenários do ano de 1885 que libertava os escravos acima de 60 anos entre outros fatos que contribuíram para o fim da escravidão, também no mesmo ano são libertados todos os escravos da província do Ceara e Amazônia, e então uma das maiores vitorias do Brasil, a Lei Áurea sancionada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 que libertou 600.000 escravos que ainda se encontravam em trabalho forçado, e que após esse evento foi denominada como Isabel a Redentora. 4 Com base nessas informações iremos mergulhar em detalhes de nossa história, entender e valorizar os personagens que fizeram parte deste grande acontecimento e desfrutar do conhecimento de minucias da abolição. Esse trabalho justifica-se devido às constantes mudanças no comportamento dos jovens na atualidade, nas questões do conhecimento histórico e sua projeção do presente é importante o aprofundamento em diversos assuntos que compõem a história brasileira. É comum deparar-se com a faltade conhecimento de fatos que constituíram a identidade da nossa nação, e um destes assuntos é a luta pela abolição da escravidão, que sofre na atual conjuntura dos materiais didáticos uma trágica poda justificada pelo desprezo ao título das leis e apresentada em resumos. Para auxílio nos estudos da escravidão no Brasil elegemos pontos a serem detalhados das leis que constituíram a luta pelo fim da escravidão no Brasil e destacaremos o papel do Imperador neste processo. O objetivo geral foi apresentar a história de um modo mais específico e expor o movimento realizado para chegar à abolição da escravidão. E quanto aos objetivos específicos têm-se: apresentar informações mais detalhadas sobre o processo para a abolição; formar novas ideias sobre o assunto, trazendo informações importantes para os estudos didáticos. O problema de pesquisa foi o seguinte: como abordar o tema do fim da escravidão sem focar somente na Lei Áurea? Fundamentação Teórica Processo da abolição Pode-se dizer que o Brasil, devido à escravatura do período colonial que se estendeu até a Abolição ocorrida em 1888, sempre teve ligações culturais com a África, no entanto, é importante como se processaram as políticas internacionais após 1889 com a Proclamação da República. O autor não coaduna com a hipótese do subimperialismo e concebe os dois países como agentes envolvidos em um processo no qual “alguns países periféricos terem conseguido um elevado grau de industrialização, que lhes permitiu certa autonomia frente às economias centrais, devido às necessidades internas do processo de acumulação de capital, que forçaram a busca de novos espaços”. (CUNHA, 2002, p. 138) 5 Para chegar ao fim da escravidão no Brasil foram necessários vários processos, e claro, não foi fácil. Ao contar sobre o movimento para a abolição não podemos ignorar as leis que precederam a famosa lei áurea, devemos quebrar este paradigma que somente uma lei pôs fim a escravidão e ao trafico de escravos. A primeira lei que estabeleceu medidas para a repressão do tráfico de africanos no império imposta pelo conservador Eusébio de Queirós Coutinho Matoso da Câmara surgiu em 04 de setembro de 1850. A lei de número 581 com 10 artigos se inicia desta forma: Dom Pedro por Graça de Deus, e Unânime Aclamação dos Povos,Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos súditos, que a Assembleia Geral decretou, e nós queremos a Lei seguinte. (FEDERAL, 2012, p. 161). Podemos analisar que nessa lei foram colocados vários pontos que oprimiam a escravidão e umas delas era a questão do monitoramento sobre as embarcações. Todos os escravos apreendidos eram devolvidos pelo Estado para o local de onde vieram ou para qualquer outro ponto fora do Império, caso não achasse um destino o escravo trabalharia sobre a tutela do Estado. Também eram aplicadas multas para qualquer suspeita por tráfico, essa medida era cabível do comandante até quem estivesse nas embarcações ou contribuísse para ocultação do crime ou para o extravio de escravos. Neste caso havia a apreensão de toda a carga encontrada a bordo que seria vendida posteriormente, deduzindo um quarto de seu valor ao denunciante, se houvesse. O governo retribuía a tripulação com o valor de quarenta mil reis por cada africano apreendido. O governo também proibia quaisquer embarcações para a Costa da África sem seus donos assinarem um termo em que não receberiam abordo nenhum escravo. Todo o processo de julgamento era feito pela marinha do Brasil onde era julgado de acordo com o código penal da época. Lei do Ventre Livre Para chegar a essa lei foram discutidos vários projetos em que tinham como princípio a abolição por completo da escravidão. Grandes nomes como Nabuco e Visconde de Rio Branco defendiam o projeto. Tal projeto foi aprovado no dia 27 de setembro de 1871 e enviado o decreto para sanção de Sua Alteza, a Princesa Imperial Regente, pela deputação do Senado formada por: 6 Visconde de Sapucaí, Barão de São Lourenco, Senadores Firmino, Paes de Mendonca e Uchoa Cavalcante, Visconde de São Vicente e Barão do Rio Branco. Em 1871, foi decretada a Lei do Ventre Livre, sem produzir os efeitos esperados, mesmo com a participação de escravos na Guerra do Paraguai (1864-1870) ao lado de homens livres. A partir da década de 1880, o movimento abolicionista organizou-se e ganhou força e ao final daquela década, em 1888 foi assinada a Lei da Abolição. A sociedade não abriu espaços aos negros libertos nem oportunidades de trabalho com a entrada de imigrantes europeus, que eram contratados para os trabalhos. O preconceito ligado ao escravismo perdurou por muito tempo, excluindo os negros do sistema educacional devido a sua cor e condição econômica. (BIGNOTTO, 2005) Foi assim que em 28 de setembro de 1871 a lei do Ventre Livre também conhecida como Lei do Rio Branco, pelo fato de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco ter contribuído com a formulação de alguns decretos para a mesma lei na qual apresentava melhorias nas condições dos escravos e ex-escravos, agilizando a abolição. Essa lei mudou de fato o rumo da escravidão dando um grande passo no que posteriormente ajudaria pôr fim da escravidão. A lei ficou da seguinte forma: Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daqueles filhos menores e sobre a libertação anual de escravos. (FEDERAL, 2012, p.527). Foram libertos mais de 500.000 filhos de escravos que tinham nascido livres graças à lei do Rio Branco; nessa lei foram colocados pontos a favor dos escravos: o senhorio teria que cuidar da criança até que completasse 8 anos, e chegando nesta idade o senhor teria duas opções: receber uma indenização do governo e libertar o escravo ou utilizar do serviço do menor até que completasse 21 anos. Nos casos em que o ex dono quisesse a indenização pela criança o escravo ficaria aos cuidados do governo, e em casos que optava pela prestação de serviços deste o senhor era obrigado a criá-las e tratá-las enquanto estivessem prestando serviços. Nos casos em que acabasse a prestação de serviço da mãe ou ela viesse a falecer ficaria isento o serviço do menor e este ficaria sobre a guarda do governo. Poderia ocorrer também da mãe conseguir a liberdade e escolher ficar com o filho ou deixá-lo com o senhor. Outro ponto importante é que caso o menor sofresse algum tipo de tortura ele seria isento e ficaria sob os cuidados do governo; o responsável por fiscalizar seria o juiz de órfãs. 7 Neste período o governo criou um fundo de emancipação de escravos em que cita que seriam todo ano libertos em cada província do império uma quantia de escravos de acordo com o valor anual destinado ao fundo de alforria; esse fundo viria de impostos gerais sobre o processo dos escravos, de produtos, de multas impostas por lei, ou doações de pessoas compromissadas com esse objetivo. Poderia o escravo ter sua reserva em dinheiro para comprar sua própria alforria ou também receber doações para o mesmo propósito. Seriam feitas inspeções pelos juízes de órfãos as sociedades de alforria já organizadas e as sociedades citadas anteriormente teriam o privilégio dos serviços dos escravos que libertassem para o fim de indenização da compra e seriam libertos os escravos que ficassem sobre decisão do governo. Os que adquiriam por sucessão de cargo ou função ou abandonados pelos senhores, caso fosse por invalidez, o senhor seria obrigado a alimentá-lo, salvo sobre caso de miséria. Então, todos esses escravos libertos na data dessa lei ficariam sob a fiscalização do governo para garantir meios de contratos de serviços em locais públicos para não serem constrangidos; o trabalho público poderia ser interrompido quando o escravo conseguissecontrato de serviço. O governo cria a partir dessa lei uma matrícula na qual eram anotados todos os dados dos escravos; para ter controle cada senhor de escravo tinha que pagar uma quantia se caso passasse do prazo seria liberto o escravo; o dinheiro pago pela matrícula seria colocado no fundo de alforria. Uma parte importante sobre essa lei era que os padres eram obrigados a ter livros com registros de morte dos filhos de escravas a partir dessa lei; se este deixasse de ser feito sofreria a cobrança da multa. O governo poderia tornar obrigatória a multa no valor citado ou prisões simples de atá um mês, levando em consideração essa lei foi muito importante por que deu um salto não só para liberdade dos filhos, mas também para a libertação de vários escravos. Lei dos sexagenários A terceira lei que é importante mencionar é a lei dos Sexagenários, pois no senado estava em discussão a elaboração de uma nova lei, e no dia 23 de setembro de 1885 foi apresentado um projeto de autoria de Silveira Martins, que foi apoiado e colocado na mesa para discussão. Em um dos artigos falavae sobre a libertação dos escravos de 60 anos, além da concessão de liberdade dos escravos do Rio Grande do Sul. O debate se estendeu, até que em 25 de setembro de 1885 são rejeitados alguns artigos e assim elaborado uma nova lei que foi 8 enviada para a sanção imperial, e aceita em 28 de setembro do mesmo ano, se tornando a lei de número 3270 a qual viria se chamar Lei dos Sexagenários, regulando a extinção gradual do elemento servil. LEI N° 3.270, DE 28 DE SETEMBRO DE 1885. Regula a extinção gradual do elemento servil. D. Pedro II, por graça de Deus e unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos súbditos que a Assembleia Geral decretou e nós queremos a lei seguinte: (FEDERAL, 2012, p. 281) A lei se trata de uma nova matrícula na qual seriam libertos os escravos de 60 anos, não seriam dadas as matrículas a escravos de 60 anos pelo fato de terem ganhado sua liberdade, esses continuarão em companhia de seus antigos senhores durantes três anos que poderiam usufruir dos serviços compatíveis com a força deles. Os antigos senhores seriam obrigados a alimenta-los, vesti-los, e tratá-lo, nessa lei também foi tratado das alforrias e dos libertos, continuaria a arrecadação do fundo de emancipação os escravos, mesmo libertos segundos a lei anterior os liberto não poderia fica sem ocupação. Os escravos que trabalhavam em estabelecimentos agrícolas seriam libertos pelo fundo de emancipação em que seus senhores iriam substituir o trabalho escravo por trabalho livre lembrando que mesmo liberto teria que trabalhar por cinco anos mais claro recebendo uma quantia e o senhor terá que alimentar vestir e trata-lo. O valor a ser pago ao liberto deveria ser divido de duas formas: a metade paga na hora e a outra metade seriam depositadas em uma caixa econômica para que após o fim da prestação de serviço o liberto possa receber esta quantia. Um ponto importante a ser mencionado era uma obrigação segundo a transição de trabalho escravo para trabalho livre, o liberto que se ausentava de sua residência era considerado vagabundo e apreendido pela polícia para ser empregado em locais públicos ou voltaria para as colônias agrícolas. Depois de explicar de um modo mais simples as leis que fizeram parte do movimento para chegar até o fim da escravidão tenho por obrigação que considerar vários pontos importantes, as lutas ao longo do tempo e quebrar o paradigma de que essas leis foram inválidas. Diversos decretos do governo brasileiro tinham mudado as condições dos escravos com o objetivo de incentivar as alforrias, é preciso analisar que após a sanção dessas leis a situação dos escravos já não era como há de trinta anos atrás, pois desde que essas três medidas começaram a funcionar grande parte dos escravos começaram a serem mais cuidados, pela lei alimentados, bem alojados e bem vestido pelos lavradores, não podiam mais 9 separar nenhum membro da família do escravo e se fossem vendidos, teria que vender todos, e por incrível que pareça, isso ajudou bastante pelo fato do preço ser mais alto pela quantidade de membros da família, então as vendas de escravos caiaram muito. Uma das preocupações de Dom Pedro ll era que ocorresse no Brasil a mesma situação que aconteceu nos Estados Unidos da América no processo para se chegar à abolição, onde rios de sangue foram derramados em que foi apontado como uma das mais cruéis guerras já registradas. Para entender melhor a preocupação de Dom Pedro II vou ser mais específico: entre 1863 e em 1865 foi decretado nos Estados Unidos da América a emancipação total de escravos sem indenização, onde a parte sul era representada pela supremacia branca que era contra o fim da escravidão e que foi derrotada pelo norte que era a favor da abolição. Os estados do sul perderam seus quatros milhões de escravos que tinham um valor de dois bilhões e oitocentos milhões de dólares em que também gastaram quatro bilhões em guerras e tiveram de pagar ao norte uma divida nacional. Essa aterrorizante luta para a emancipação teve um prejuízo maior que dinheiro, cerca de 700.000 homens foram mortos e 2.200.000 foram feridos nos 625 combates. Foi então que em 1865 pela primeira vez se falou em abolição por completo, disse Dom Pedro ll aos seus ministros: É preciso que se comece a fazer qualquer coisa para que não aconteça o que se deu nos Estados unidos. Deve-se preparar essa reforma com prudência. Só conseguiremos a emancipação gradual; preparêmo-la. (MOSSÉ, 1938, p. 154). Assim foi aceito o projeto de Pimenta Bueno conhecido no futuro como Marques de S. Vicente que falaria sobre a emancipação gradual no qual foi apresentada no dia 23 de janeiro de 1866 que continha toda a ideia defendida por Dom Pedro ll, e foi apresentada ao conselheiro Marques Olinda, que não concordou por ser contra o fim da escravidão e, como justificativa, falou que não deveriam tratar de assuntos durante a guerra do Paraguai. Após esta negação foi formada a primeira discussão que ocorreu em 1° de fevereiro de 1867 em que foi analisada esta proposta. As ideias foram aceitas por todos porem modificados alguns artigos em que determinavam o fim da escravidão em 1889, porém foi rejeitada. A segunda discussão foi dada de 16 de abril a 7 de maio de 1868 em que as oposições contrariavam as ideia do imperador que foram em vão por não conseguir convencer os ministros. O partido conservador falava que era impossível viver no estado atual por que muitos reclamavam da reforma e o Brasil não deveria ser o ultimo povo a libertar seus escravos. Um dos membros do partido conservador, Visconde de Cruzeiro pediu uma nomeação especial para compor um 10 projeto idêntico a de Pimenta Bueno que foi aceito pelo conselho, no qual tinha em seu objetivo libertar todos os filhos de escravos nascido depois desta lei, esta que futuramente seria conhecida Lei do Ventre Livre. Em 1870, o Visconde do Rio Branco reassumiu o cargo de ministro dos negócios estrangeiros, sendo que na época da apresentação da lei de Pimenta Bueno, era a favor da abolição por completo em 1889, porém a achava muito longa. O projeto ainda estava tendo problemas por encontrar ideias contrarias, foi então que Dom Pedro ll colocou Marque de S. Vicente encarregado e convocou um novo ministério, porém a imprensa estava atacando e pressionando Marques de S. Vicente, que posteriormente desistiu do cargo. Dom Pedro ll insistiu para que o mesmo ficasse no cargo, mas não adiantou e foi neste momento que Marques de S. Vicente indicou Marques do Rio Branco para o cargo, e se formou em 1871 um novo gabinete sobre o comando dele. Dom Pedro ll teve que viajar para Europa onde recebeu a noticia que sua filha Princesa Leopoldina tinha morrido e deixou a regentePrincesa Isabel pela segunda vez no comando, voltando ao ato da aprovação da lei. O projeto estava sendo combatido com extrema violência pelos clubes agrícolas e os ataques da imprensa estavam impedindo seu andamento, foi uma luta de cinco meses, lembrando que essa foi a primeira luta que os abolicionistas travaram contra o Estado atual. Foi então que em 28 de setembro de 1871 a lei foi votada e no mesmo dia sancionada pela Princesa Isabel. De acordo com Visconde de Itaúna, em 28 de outubro de 1871, que testemunhou a carta que o Imperador recebeu informando a notícia, e descreveu o acontecimento da seguinte forma: “Eu nunca vi o Imperador tão satisfeito!” E não tinha motivos para alegrar-se? Seu Povo, em futuro bem próximo, seria composto de homens livres, independentes, em estados de concorrer, cada um de persi, para a prosperidade e grandeza do império. (MOSSÉ, 1938, p. 166 e 167). Histórico da Abolição Em 28 de setembro de 1880 foi formada a Sociedade Brasileira contra a escravidão constituída pelo senador Jaguaribe, os deputados Joaquim Nabuco e Joaquim Serra entre os jornalistas Ferreira de Menezes, Patrocínio, Gusmão Lobo, Vicente de Souza e André Rebouças. Esse grupo insistia pelo fim da escravidão, e em 24 de agosto do mesmo ano 11 recomendaram que fossem libertos todos os escravos em 1° de janeiro de 1890, mas o pedido foi recusado, então os abolicionistas fizeram propagandas em todo o país, o número de liberais e conservadores a favor da causa era considerável. Assim em 1884, Dom Pedro ll colocou Rodolfo Dantas, um abolicionista, para formar um novo ministério em que foi apresentada uma lei que libertasse todos os escravos que tivessem atingindo ou que iriam fazer 60 anos. A lei foi recusada duas vezes até que na terceira vez foi adotada pelo senado e sancionada pelo Imperador em 28 de setembro de 1885 e esse dia foi comemorado com festas. Neste mesmo período o Brasil estava em festa, pois a escravidão tinha sido abolida por completo no Ceara e na Amazônia e José do Patrocínio estava em Paris em baquete fraternal com alguns deputados festejando essa conquista. Victor Hugo foi convidado ao banquete, mas não pode comparecer e enviou-lhes uma carta: Uma província do Brasil acaba de declarar abolida a escravidão, eis uma grande noticia! A escravidão é o homem substituído no homem pelo animal, o que pode restar de inteligência nessa vida animalizada do homem, pertence ao senhor, segundo sua vontade e seu capricho. Originam-se da circunstancias terríveis. O Brasil desferiu um golpe decisivo na escravidão. O Brasil tem um imperador, é um homem, que ele continue nos felicitamos e o honramos. Antes que termine o século a escravidão terá desaparecido da terra. A liberdade e a lei humana, sintetizamos numa palavra a situação do progresso: a barbárie recua, a civilização avança. (MOSSÉ, 1938, p. 176 e 177). E pelo fato dos estados do Ceará e da Amazônia terem abolido a escravidão, foram organizadas varias sociedades emancipadoras, e grandes números de proprietários declaravam livres seus escravos. Temos como exemplo a Viscondessa de Rio Novo que por não ter herdeiros, deixou em testamento seus escravos libertos e para eles as propriedades na qual tinham trabalhado. Em 1887, Dom Pedro II vai novamente para Europa por causa de uma doença no fígado e a Princesa Isabel assume a regência novamente pela terceira vez. A causa abolicionista foi crescendo de um modo significativo e não podemos esquecer-nos de duas figuras importantes do partido conservador, João Alfredo Corrêa de Oliveira e Antônio Prado, esses dois homens lutaram para uma nova reforma que deixariam todos os escravos livres, era o mesmo objetivo dito nas propagandas elaboradas por Nabuco e Patrocínios. Antônio Prado colocou-se a frente da causa abolicionista em São Paulo e sua ação foi muito significativa, pois membros de sua família que eram muito ricos libertaram todos os escravos que possuíam e além do mais, muitos lavradores e amigos deles seguiram o exemplo libertando também seus escravos, o movimento aumentava cada dia mais. 12 Em alguns lugares da província em que os senhores não eram a favor da emancipação os negros que eram intimados a voltar ao trabalho rural respondiam: “Atira sobre nós, se quiser, não temos armas e não queremos nos defender. Mas somos homens como vocês e queremos que nos restituam a liberdade que todo homem recebe de Deus. Vamos procurar trabalho onde nos receberem como homens livres” (MOSSÉ, 1938, p. 180). Esses escravos iam às ruas sem violência e procuravam proteção dos grupos abolicionistas e de fazendeiros que já haviam liberto seus escravos. Por mais que a parcela de abolicionistas fosse enorme, a resistência se negava a nova reforma, e foi então que a Princesa Isabel e seus ministros fizeram uma troca no governo em 10 de março de 1888 e encarregou João Alfredo Corrêa de Oliveira para organizar novos ministérios em que Antônio Prado fez parte. Os lavradores do Rio de Janeiro e de Minas Gerais resistiam à reforma, mas o movimento abolicionista aumentava cada vez mais até por que o mais rico lavrador que tinha o maior número de fazendas, S. Clemente e sua família composta somente com pessoas ricas e importantes, libertou todos seus escravos, e com isso provocava indignação em muitos fazendeiros que defendiam suas ideologias, e tornava a resistência impossível. Em 3 de maio do mesmo ano de 1888, a Princesa Isabel abriu o parlamento com a fala do trono, em que discursava sobre a extinção do elemento servil e da liberdade de todos pela honra do Brasil, e com satisfação pelo interesse espontâneo dos proprietários que vinham colaborando e que se desfaça a infeliz herança que as fazendas tinham mantido, ou seja, a escravidão. Nesta fala estava claro o que a Princesa queria. Mas o que estava por vim era algo maior, seria este um ano memorável. Em 8 de maio foi apresentado por Rodrigo Silva, na época ministro da agricultura, em nome do governo o projeto da abolição da escravidão, apresentada ante a câmara. A discussão sobre o projeto durou cerca de dois dias e ficou em analise entre o dia 9 e 10 de maio, fora feito cinco discursos sobre o projeto e três deles eram contra, mas somente em 11 de maio o projeto chega ao senado no qual foi examinado. A discussão persistiu entre o dia 12 e 13 de maio, e durante esses dois dias foram feitos dois discursos contra a reforma escritos pelo Barão de Cotegipe, antigo presidente do conselho, e o mais interessante é que dentre as pessoas que votariam neste novo projeto estava uma forte pessoa da resistência, Paulinho de Souza, que era totalmente contra a abolição, porém com a Lei do Ventre Livre de 1871, muitos integrantes da resistência começaram a mudar de ideia, deixando ele sem escolha. No dia 13 de maio Paulinho de Souza pronunciou seu discurso em que falava sobre 13 seu dever em representar seus companheiros no trabalho agrícola, ou seja, os antigos senhores de escravos, e que cumpriu sua missão em nome da defesa nacional, ou seja, defendeu sempre a escravidão, e o mais interessante que ele cita que quando todos estiverem livres não saberia qual sentimento sentiria mais que sempre respeitaria a lealdade, a integridade e a honra á politica. Assim que terminou seu discurso foi para votação final, onde se encontravam no senado 49 senadores, sendo eles compostos por 19 conservadores e 24 liberais que votaram a favor da lei e 6 conservadores que votaram contra, totalizando 43 votos a favor e 6 contra. Com muito entusiasmo a lei foi levada para Princesa Isabel a qual foi sancionada no mesmo dia, e continha somente dois artigos. Artigo 1° - É declarada a extinção a escravidão no Brasil. Artigo 2° - Revogam-se as disposições em contrário. (MOSSÉ, 1938, p.190) No dia 13 de maio de 1888 com a lei áurea foram libertados 600.000 escravos que ainda estavam aprisionados.O número de escravos no Brasil que era de 1.700.000 por causa da lei Rio Branco em 1871 desceu para 1.584.674, em 1873, para 1.133.228, e em 1884 para 733.416 no recenseamento de março de 1887. Depois da abolição total a maioria dos escravos preferiu continuar nas propriedades rurais onde tinham passado toda sua vida e construído uma família. Houve muitas festas públicas em todo império e a nação brasileira estava celebrando com flores e intensa sensação de prazer referente a primeira reforma de 1871 até o fim da escravidão. Grandes nomes escreveram cartas ao Imperador demostrando a felicidade do acontecimento. Citaremos algumas delas aqui. Em 22 de agosto de 1888 escreveu Visconde de Ouro Preto: Enquanto outros reis cercam-se de guardas e encouraçam as paredes de seus paços, o Senhor. D. Pedro II folga de ver-se rodeado da multidão, e mais fácil é penetrar até o gabinete de trabalho na residência de S. Christovão, encontrando-o só, do que na casa do mais modesto particular, o que tanto honra o caráter do soberano, quanto à índole da nação. Investido de poderes discricionários, na idade da inexperiência e das paixões, Sua Majestade governa há quase meio século, e nunca fez uma vítima, nem teve um válido: neste fato reconhecerá a historia uma de suas maiores virtudes. (POLYANTHEA, 1892, p. 6). O abolicionista e historiador Joaquim Nabuco escreveu: “A missão da Monarquia no Brasil não tem exemplo na historia das dinastias. O primeiro Imperador criou a nacionalidade, 14 o segundo constituiu a nação, e sua filha uma curta regência, aproveitando o que ele mesmo havia iniciado, realizaram a abolição, fundando a igualdade social”. Um criou a Pátria, outro a Nação e a terceira pessoa dessa trindade nacional criou o Povo. De volta ao Brasil, ao pisar o solo livre da pátria, o Imperador está diante da posteridade. Ele pode ler na alegria de uma raça libertada e na gratidão de um povo social e moralmente unificado durante o seu reinado a grande quitação da historia. (POLYANTHEA, 1892, p. 26-27). No Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1888 José do Patrocínio escreveu a Dom Pedro II: Um dia, como eu houvesse pedido a Victor Hugo algumas palavras em prol dos escravos, o imortal escreveu: “O Brasil tem um Imperador, e este diz mais que um soberano: é um Homem.” Meu espírito republicano refletiu e eu concordei com o gênio. O Imperador é de fato um Homem. Vi principalmente através da alma de sua augusta filha, a Princesa dos cativos, a Padroeira da liberdade nacional. Os reis educam princesas, o Imperador criou uma Mulher. Em vez de uma Imperatriz educou simplesmente uma Mãe, isto é, um coração que reparte e multiplica dia a dia carinho e bondade e repassa o ambiente pátrio de um suave perfume de virtude. Eu não lisonjeio o Soberano; congratulo-me com o Pai. (POLYANTHEA, 1892, p. 37 e 38). E por fim o grande engenheiro, inventor e abolicionista André Rebouças escreveu em 22 de agosto de 1888: “Gloria! Gloria eterna a todos os Bem-aventurado, que semeiam neste vale de lagrimas a justiça e a equidade, altruísmo e a caridade, a paz e a amizade, a liberdade, a igualdade e a fraternidade!” (POLYANTHEA, 1892, p. 54). 15 Referências AMISTAD. Sinopse do Filme. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme- 16168/>. Acesso em: 10 Mar. 2021. BIGNOTTO, C.C. Monteiro Lobato e a infância na república velha. São Paulo: UNICAMP, 2005. CUNHA, Sílvio Humberto dos Passos. As Relações Econômicas Brasil – Angola (1975- 1988). Caderno CRH, Salvador, n. 36, p. 137-164, jan./jun. 2002. DICIONÁRIO. Significado de Azorrague. 2009. Dicionário da Língua Portuguesa. FEDERAL, Senado. A Abolição no Parlamento: 65 anos de lutas (1823 -1888). 2. ed. - Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2012. 1 v. 1823 a 1883. FEDERAL, Senado. A Abolição no Parlamento: 65 anos de lutas (1823-1888). 2. ed. Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2012. 2 v. 1884 a 1888. HOMEM, Joaquim de Salles Torres. Apontamentos para a história do movimento abolicionista na província do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS: Typ. da Reforma – Praça Senador Florêncio, 1888. MOSSÉ, Benjamin. Vida de Dom Pedro II Collecção grandes homens - São Paulo, SP: Edições Cultura Brasileira S/A, 1938. NABUCO, Joaquim. O abolicionismo. São Paulo: Publifolha, 2000. (Grandes nomes do pensamento brasileiro da Folha de São Paulo). POLYANTHEA: album de autographos offerecido a Sua Magestade o Senhor Don Pedro II, Imperadõr do Brazil por occasião de seo regresso a patria em setembro de 1888 – Voiron: Typ. et Lithographie A. Mollaret, 1892. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/518765>. Acesso em: 30 Mar. 2021. UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – UNESA CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA Introdução Fundamentação Teórica Processo da abolição Lei do Ventre Livre Lei dos sexagenários Histórico da Abolição Referências AMISTAD. Sinopse do Filme. Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-16168/>. Acesso em: 10 Mar. 2021. BIGNOTTO, C.C. Monteiro Lobato e a infância na república velha. São Paulo: UNICAMP, 2005. CUNHA, Sílvio Humberto dos Passos. As Relações Econômicas Brasil – Angola (1975-1988). Caderno CRH, Salvador, n. 36, p. 137-164, jan./jun. 2002. DICIONÁRIO. Significado de Azorrague. 2009. Dicionário da Língua Portuguesa. FEDERAL, Senado. A Abolição no Parlamento: 65 anos de lutas (1823 -1888). 2. ed. - Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2012. 1 v. 1823 a 1883. FEDERAL, Senado. A Abolição no Parlamento: 65 anos de lutas (1823-1888). 2. ed. Brasília: Secretaria Especial de Editoração e Publicações, 2012. 2 v. 1884 a 1888. POLYANTHEA: album de autographos offerecido a Sua Magestade o Senhor Don Pedro II, Imperadõr do Brazil por occasião de seo regresso a patria em setembro de 1888 – Voiron: Typ. et Lithographie A. Mollaret, 1892. Disponível em: <http://www2.senado.leg.b...
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