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Profa.: Dra. Alexandra de Oliveira França Hayama FUNDIÇÃO E SOLDAGEM UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas Engenharia Mecânica MÓDULO 2: SOLDAGEM AULA 7 PROCESSOS DE SOLDAGEM (PARTE 4) SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO SOLDAGEM A ARCO ELÉTRICO COM ELETRODO REVESTIDO Soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido (Shielded Metal Arc Welding – SMAW): é um processo que produz a união entre metais pelo aquecimento destes com um arco elétrico estabelecido entre um eletrodo metálico revestido e a peça que está sendo soldada. O eletrodo metálico é consumível. Os eletrodos revestidos são constituídos por uma alma metálica, que conduz a corrente elétrica e fornece metal de adição para enchimento da junta, envolta por um revestimento composto de materiais orgânicos ou minerais. O eletrodo revestido é constituído por uma vareta metálica, chamada de alma, recoberta por uma camada de fluxo, chamado de revestimento. Possui diâmetro entre 1 e 8 mm e comprimento entre 150 e 470 mm. → A alma é recoberta por uma mistura de diferentes materiais, numa camada que forma o revestimento do eletrodo. Os revestimentos podem ser formados por uma mistura de ligantes à base de silicatos, óxidos, carbonatos, fluoretos, elementos de liga e celulose. A composição do revestimento pode influenciar a composição química e as propriedades mecânicas da solda efetuada. SOLDAGEM A ARCO COM ELETRODO REVESTIDO Alma do eletrodo Revestimento do eletrodo → O eletrodo E 6013 com 2,50 mm de diâmetro e 350 mm de comprimento custa aproximadamente R$ 15,00/kg. Vídeo 01 : Soldagem a arco com eletrodo revestido Na soldagem com eletrodo revestido, o volume de fumos gerado é um dos maiores entre todos os processos de soldagem, podendo causar danos à saúde do soldador. Fumos são originados da decomposição do revestimento, da vaporização de elementos metálicos e da decomposição de impurezas superficiais no metal de base. Em geral, os vapores metálicos devem ser encarados como potenciais ameaças à saúde, alguns tipos de fumos gerados podem ser cancerígenos. A ventilação é uma das condições essenciais para a minimização de absorção desses fumos pelos soldadores. Em ambientes confinados, máscaras vedadas com suprimento individual de ar ou unidades independentes de respiração são requeridas. SOLDAGEM A ARCO COM ELETRODO REVESTIDO No processo de soldagem com eletrodo revestido: O metal de solda deve possuir as propriedades mecânicas e metalúrgicas requeridas, condicionadas à adequada proteção gasosa e adição de elementos de liga fornecidos pelo revestimento; A composição química deve ser homogênea ao longo do cordão de solda; A operação em geral e o controle e remoção da escória devem ser fáceis; Os depósitos devem ser livres de trincas, poros ou outros defeitos; A quantidade de respingos deve ser mínima; A estabilidade do arco deve ser boa; A abertura e a reabertura do arco devem ser fáceis; O eletrodo não deve superaquecer. SOLDAGEM A ARCO COM ELETRODO REVESTIDO EQUIPAMENTO Fonte de energia. Alicate para fixação do eletrodo ou porta eletrodo. Cabos de interligação: usados na conexão do eletrodo à fonte e outro, designado por cabo terra, para retorno à peça que está sendo soldada. São normalmente compostos por fios finos de cobre enrolados e envolvidos por uma camada de borracha isolante e protetora. Equipamento de proteção individual: capacete equipado com filtros protetores contra radiação, roupas para proteção do corpo, sapatos industriais. Equipamento para limpeza da solda (martelo picador e escova de aço). A corrente de soldagem controla de forma predominante as características operatórias do processo, assim como o aspecto do cordão de solda. → A corrente de soldagem controla de modo direto a magnitude da energia térmica disponível no arco elétrico, e também a maior parte dos fenômenos que ali ocorrem. Uma limitação da utilização de correntes elevadas é o fato que pode aquecer excessivamente o revestimento do eletrodo e causar degradação do mesmo, por isso, os valores de corrente especificados pelo fabricante devem ser obedecidos. EQUIPAMENTO O alicate para fixação dos eletrodos, também chamado de porta eletrodo, não possui nenhum tipo de gatilho. Uma vez que os cabos de interligação foram conectados e a fonte de energia foi ligada, para abrir o arco elétrico basta, fixar o eletrodo no alicate de fixação e aproximá-lo da peça a ser soldada. A abertura do arco se dá tocando o eletrodo na peça e estabelecendo um curto-circuito momentâneo. Martelo picador Escova de aço Alicate de fixação ou Porta eletrodo Máquina de soldagem com eletrodos revestidos: EQUIPAMENTO → Transformador de solda: são constituídos por um núcleo revestido por enrolamento de bobinas de cobre. Os valores de corrente e tensão são alterados através da posição do núcleo. Possuem algumas limitações de acordo com o tipo de eletrodo devido à construção física do equipamento. Os transformadores possuem ajuste simples através de manivelas. São mais simples e baratos, tanto do ponto de vista de investimento inicial, como de operação e manutenção. → Inversor de solda: são constituídos por circuitos eletrônicos, o que garante eficiência e conforto na mudança de corrente e tensão. São equipamentos compactos e potentes, podendo trabalhar com uma gama maior de eletrodos. O inversor é aproximadamente 3 vezes mais leve e compacto que o transformador de solda, possibilitando o uso em lugares de difícil acesso. Possui painéis simples, o que facilita o ajuste e precisão dos parâmetros. Possuem maior custo do que os transformadores. Fonte: Centro de conhecimento Esab. Entre as funções do revestimento do eletrodo na soldagem com eletrodo revestido tem-se: → Ajustar a composição química do cordão de solda: pela adição de elementos de liga e eliminação de impurezas. Uma variedade de elementos tais como cromo, níquel, molibdênio, vanádio e cobre podem ser adicionados ao metal de solda incluindo-os na composição do revestimento; Proteger a poça de fusão e o metal de solda contra contaminação pela atmosfera: mediante geração de gases e de uma camada de escória (a escória é proveniente do fluxo do revestimento do eletrodo que não fez parte da poça de fusão e deve ser retirada com o auxílio de um martelo picador e de uma escova de aço); Isolar a alma do eletrodo: evitando a abertura de arcos laterais e orientar o calor para o local de interesse; Aumentar a taxa de deposição: quantidade de metal depositado por unidade de tempo; Estabilização do arco elétrico: um arco elétrico estabilizado é aquele que abre facilmente, queima suavemente e pode ser mantido empregando-se indiferentemente um arco longo ou um curto. REVESTIMENTO DO ELETRODO REVESTIMENTO DO ELETRODO Os revestimentos consistem de misturas de compostos minerais ou orgânicos, às quais são adicionados, como aglomerantes, outros compostos com finalidades específicas. Os materiais mais comumente presentes no revestimento de eletrodos com alma de aço são: Celulose e dextrina: substâncias orgânicas cuja queima no arco gera uma grande quantidade de gases (principalmente CO e H2). Carbonatos (CaCO3): fornecem atmosfera protetora à poça de fusão. Dióxido de titânio (TiO2): produz uma escória densa e de fácil destacabilidade, os eletrodos com esse tipo de revestimento são de uso geral. Ferro-Manganês e Ferro-Silício: promovem a desoxidação da poça de fusão e ajustam a sua composição química. Pós de ferro: aumentam a taxa de deposição e o rendimento do eletrodo, além de estabilizar o arco elétrico. De acordo com o tipo de revestimento, os eletrodos podem ser classificadosem: Eletrodos rutílicos: O revestimento rutílico contém grandes quantidades de rutilo (TiO2, dióxido de titânio). A escória produzida é abundante, de rápida solidificação e facilmente destacável. São considerados de uso geral e os componentes do revestimento do eletrodo conferem alta estabilidade do arco, pequena quantidade de respingos e bom aspecto superficial do cordão de solda. Eletrodos ácidos: O revestimento destes eletrodos é baseado em óxido de ferro, manganês e silício. A escória formada é abundante, porosa e de fácil remoção. A resistência à fissuração (surgimento de trincas) da junta gerada é uma das mais baixas, em comparação com outros tipos de revestimento. Apresenta penetração média e alta taxa de fusão, causando uma poça de fusão volumosa, sendo indicado para aplicação nas posições plana e de filete horizontal (em ângulo). Este revestimento produz um cordão de solda com boa aparência. REVESTIMENTO DO ELETRODO → Eletrodos básicos: O revestimento destes eletrodos é baseado no carbonato de cálcio e fluorita, gerando um metal de solda altamente desoxidado e com baixo teor de hidrogênio e inclusões. → A escória é fluida e facilmente destacável, apresentando cordão de média penetração e perfil plano ou convexo. → Este tipo de eletrodo apresenta boas propriedades mecânicas, destacando-se a tenacidade (Tenacidade: capacidade de um material absorver energia (campo elástico + plástico) e se deformar plasticamente antes de fraturar). → Em razão de ser o mais higroscópico de todos, este tipo de revestimento exige cuidados especiais com o armazenamento e manuseio. (Higroscópico: que absorve a umidade do ar). → São indicados para aplicações de alta responsabilidade, para soldagens de grandes espessuras e de elevado grau de restrição, isto é, dificuldade de dilatação e de contração da peça. → Também são recomendados para soldar aços de pouca soldabilidade, como por exemplo, os aços de alto teor de carbono ou aços de composição química desconhecida. REVESTIMENTO DO ELETRODO → Eletrodos celulósicos: apresentam elevada produção de gases resultantes da combustão dos materiais orgânicos (principalmente a celulose), sendo os principais gases gerados: CO2, CO, H2, H2O (vapor). → De um modo geral, as características mecânicas da solda resultante do trabalho com eletrodos que possuem revestimento celulósico são consideradas boas, embora exista a possibilidade de fragilização pelo hidrogênio em materiais sujeitos a trincas por hidrogênio. → A quantidade de escória produzida é pequena e facilmente destacável. O arco elétrico é muito violento, causando grande volume de respingos e alta penetração, se comparado a outros tipos de revestimento. → O aspecto do cordão de solda produzido pelos eletrodos com este tipo de revestimento não é dos melhores, apresentando escamas irregulares. → Os eletrodos com revestimento celulósico são recomendados para soldagens fora da posição plana, tendo grande aplicação na soldagem circunferencial de tubulações. REVESTIMENTO DO ELETRODO Os eletrodos revestidos são classificados com base nas propriedades mecânicas e na composição química do metal depositado, no tipo de revestimento, posição de soldagem e tipo de corrente. A classificação da AWS (American Welding Society) utiliza uma série de números e letras que fornecem várias informações a respeito do eletrodo, conforme mostrado abaixo: E7015 Eletrodo 70.000 PSI Todas as posições de soldagem Ver tabela abaixo Fonte: http://www.esab.com.br. ELETRODOS CC+: Corrente contínua, polaridade inversa (eletrodo positivo e peça negativa) CC-: Corrente contínua, polaridade direta (eletrodo negativo e peça positiva) CA: Corrente alternada Exemplo: Eletrodo E7015 Levando-se em conta somente a produtividade, deve ser escolhido o maior diâmetro de eletrodo praticável, para que se possa maximizar a taxa de deposição. → O maior diâmetro de eletrodo utilizável é, por sua vez, função de fatores como espessura do material a ser soldado, formato do chanfro e tipo de revestimento do eletrodo, visto que estas variáveis influenciam nas características do arco elétrico. Os eletrodos revestidos devem ser armazenados em local adequado, como estufas, para que o eletrodo não seja contaminado com a umidade do ambiente, o que pode deteriorar o revestimento do mesmo. ELETRODOS Relação entre corrente e diâmetro do eletrodo: ELETRODOS Fonte: http://www.esab.com.br. Classificação dos eletrodos para aços carbono: ELETRODOS Fonte: Apostila de Eletrodos Revestidos ESAB. Observações: → Pó de ferro aumenta a taxa de deposição e o rendimento do eletrodo, além de estabilizar o arco. → CC+: corrente contínua, polaridade inversa (eletrodo positivo e peça negativa). → CC-: corrente contínua, polaridade direta (eletrodo negativo e peça positiva). → CA: corrente alternada. Características de alguns tipos de eletrodos de acordo com sua classificação (Fonte: Apostila de Eletrodos Revestidos – ESAB): → Eletrodos E6012: são utilizados em reparos e na soldagem de estruturas menos críticas. O uso desse eletrodo, contudo, diminuiu consideravelmente nos últimos anos. Antes da chegada dos eletrodos de baixo hidrogênio e de outros processos de soldagem, o eletrodo E6012 constituía 60% da produção total de eletrodos. Utilizado na soldagem de aços carbono, podendo ser empregado no fechamento de grandes aberturas. → Eletrodos E6013: foram originalmente desenvolvidos para apresentar baixa penetração e cordões de solda planos. Essas características permitiram a soldagem de chapas finas com esses eletrodos. Hoje em dia os eletrodos E6013 são empregados no lugar de eletrodos E6012 devido ao arco elétrico ser mais suave, ocorrência de menos respingos e superfície mais uniforme do cordão de solda. ELETRODOS → Eletrodos E7014: possuem pó de ferro adicionado à formulação do revestimento dos eletrodos E6013. Essa adição permite que se utilize altas correntes de soldagem, resultando em taxa e eficiência de deposição mais alta. As aplicações do eletrodo E7014 são semelhantes às do eletrodo E6013. → Eletrodos E7016: são básicos de baixo hidrogênio. Essa combinação de características permite que esse eletrodo seja utilizado para soldar alguns aços de maior teor de carbono e também alguns aços de baixa liga. Esse eletrodo tem sido menos consumido por causa de sua taxa de deposição mais baixa e também menor eficiência de deposição em relação ao eletrodo do tipo E7018. → Eletrodos E7018: são de baixo hidrogênio com adição de pó de ferro. O pó de ferro no revestimento e também a quantidade de revestimento bem maior permitem que esses eletrodos sejam utilizados com correntes de soldagem mais altas que as empregadas com os eletrodos E7016. Apresenta arco elétrico mais suave e maiores taxa e eficiência de deposição. ELETRODOS ELETRODOS → Eletrodos E7024: recebem grande quantidade de pó de ferro em seu revestimento (aproximadamente 50%). Devido a isso, apresentam altíssimas taxas de deposição e eficiência de deposição. A qualidade do metal de solda depositado por esses eletrodos não é tão boa quanto a dos eletrodos E7018 (por exemplo, a ductilidade do metal de solda depositado por um eletrodo E7024 é menor que a do E7018). Observação: Alguns fabricantes possuem classificação própria dos eletrodos, mas que têm correspondência com a norma AWS. → Por exemplo: O eletrodo OK 46.00 da ESAB corresponde ao eletrodo E6013, conforme informado em seu catálogo. ELETRODOS Entre os fatores que influenciam na seleção do eletrodo tem-se: → Tipo do metal de base: a composição química da alma do eletrodo deve ser próxima da do metal de base; → Posição de soldagem: de acordo com a posição de soldagem tem-se um tipo de eletrodo adequado, se em todasas posições de soldagem ou em posições específicas. Sempre que possível, a peça deve ser posicionada levando-se em consideração a facilidade de soldagem e a maior velocidade de realização da solda; → Equipamento disponível: se tanto os equipamentos que utilizam CA ou CC estiverem disponíveis, deve-se analisar fatores como a penetração da solda para determinar o equipamento que deve ser utilizado; → Espessura da chapa: na soldagem de chapas finas devem ser empregados eletrodos de baixa penetração, e chapas mais espessas podem necessitar de um eletrodo com maior penetração. → Custos da soldagem: levar em consideração fatores que impactam os custos da soldagem, tais como custo da mão-de-obra, taxa de deposição e eficiência de deposição. APLICAÇÕES A soldagem a arco com eletrodo revestido pode ser usada em grande número de materiais, como aços carbono de baixa, média e alta liga, aços inoxidáveis, ferros fundidos, cobre, níquel e ligas. → Não são soldáveis com esta técnica: metais de baixo ponto de fusão como o chumbo, estanho e zinco, e metais refratários ou muito reativos, como o titânio, zircônio, molibdênio e nióbio. Para espessuras de chapa inferiores a 2 mm, o material é facilmente perfurado pelo calor do arco. A soldagem com eletrodos revestidos é usada de modo mais frequente para espessuras entre 3 e 40 mm, em aços, sendo que para espessuras muito grandes, a baixa produtividade do processo é o fator limitante. Vídeo 02: Tipos de preenchimento BONS ESTUDOS!
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