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DESCRIÇÃO Estudo topográfico da anatomia; anatomia dos ossos da região de cabeça e do pescoço; estrutura articular da região da cabeça e do pescoço; anatomia do sistema muscular da região da cabeça e do pescoço. PROPÓSITO Conhecer a anatomia osteomioarticular das regiões da cabeça e do pescoço para entender sua estrutura, o que, somado aos conhecimentos de anatomia dos sistemas, fisiologia, biomecânica, entre outros, formará uma base sólida para sua atuação profissional. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha acesso a um atlas de anatomia humana, disposto em livro físico ou em ambiente virtual. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os ossos do crânio, da face e da coluna cervical MÓDULO 2 Reconhecer as articulações da cabeça e do pescoço MÓDULO 3 Descrever origem, inserção, ação e inervação dos músculos da cabeça, da face e do pescoço INTRODUÇÃO Neste tema, estudaremos as estruturas ósseas que compõem a cabeça e o pescoço. Os ossos da cabeça, que na verdade são os ossos do crânio, são ossos fortes e muito resistentes, pois protegem o cérebro. Na verdade, estamos falando do encéfalo, que é formado pelo telencéfalo, diencéfalo, cerebelo e tronco encefálico. Outros ossos são mais frágeis, mas esses são os que compõem a face. Na sequência, veremos a localização e estrutura óssea do pescoço. Para isso, estudaremos a coluna cervical e as suas sete vértebras altamente especializadas, que têm função de grande importância ao sustentar a cabeça e proteger a medula espinal. Posteriormente, veremos as articulações da cabeça e do pescoço e, por fim, toda a estrutura muscular que possibilita os movimentos nessa região, responsável pela mastigação e por nossas expressões faciais. MÓDULO 1 Identificar os ossos do crânio, da face e da coluna cervical OSTEOLOGIA DA CABEÇA E PESCOÇO Para iniciarmos o estudo anatômico dos ossos do crânio, da face e da coluna cervical, precisamos que os conceitos a respeito do tecido ósseo fiquem bem claros. O tecido ósseo é um tecido biológico, composto por células com diferentes estruturas e, consequentemente, diferentes funções. Dessa forma, o tecido ósseo é, na verdade, um tecido conjuntivo, e suas células têm funções bem delimitadas, como os osteoblastos, que são os responsáveis por sintetizar maior quantidade de tecido ósseo por meio do depósito de cálcio, colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas, aumentando o tamanho e a densidade dessa estrutura. Por outro lado, existem outras células que formam a matriz óssea, os osteoclastos. Trata-se de células especializadas que têm por função reabsorver esse tecido, diminuindo sua densidade. Como exemplo de ação dos osteoclastos, podemos citar o uso de aparelho ortodôntico, que é utilizado para corrigir a oclusão dentária. SAIBA MAIS Essa técnica exerce pressão sobre os dentes em determinada direção, como, por exemplo, forçando em direção ao interior da boca. A parte interna da arcada dentária está sob pressão e, como essa pressão não cessa, os osteoclastos iniciam um processo de reabsorção óssea, “cedendo” à pressão exercida. É possível perceber que, durante esse processo, os dentes ficam instáveis (“moles”), e a gengiva pode ficar avermelhada, demonstrando o aumento do metabolismo nessa região. Fonte: sujit kantakat/Shutterstock Plasticidade do tecido ósseo (Figura 1). Veja que, agora, há um espaço anterior. Os osteoblastos aumentam a deposição óssea; dessa forma, os dentes voltam à sua “firmeza” original, mas, desta vez, em nova localização. Note que a pessoa que está usando o aparelho ortodôntico relata dor, suas gengivas ficam avermelhadas, e isso é resultado de várias modificações fisiológicas e mecânicas geradas pelo aparelho, que vão levar aos resultados esperados, demonstrando a plasticidade desse tecido (Figura 1). PERCEBA COMO O CORPO HUMANO É DINÂMICO O TEMPO TODO, MESMO EM ESTRUTURAS QUE APARENTEMENTE SÃO INERTES, COMO DENTES E OSSOS. Para iniciarmos este estudo, pense nos ossos do crânio. Sua arquitetura única visa à proteção do encéfalo. Por isso mesmo, são ossos muito compactos e fortes. Além disso, seu sistema de articulações, as suturas, conferem mais estabilidade, gerando uma “junção” firme e estável. Por outro lado, os ossos que formam a face são menos compactos, um pouco mais frágeis, mas também têm forma e organização únicas. VOCÊ SABIA A maior parte dos ossos do crânio são considerados ossos chatos, que podem também ser chamados de planos ou laminares – nenhuma das terminologias está incorreta. Por esse motivo, esses ossos possuem pouca medula óssea e, assim, pouca medula óssea amarela. A medula óssea amarela é um tipo de medula encontrada em ossos longos, como o fêmur. Essa medula é composta por gordura. De forma diferente, os ossos chatos apresentam medula óssea vermelha, que é importante para a hematopoiese, que é o processo em que há formação de sangue. OSSOS DO NEUROCRÂNIO E VISCEROCRÂNIO Na face, temos ossos menores e mais frágeis, conhecidos como ossos da face. Na região anterior, próxima ao nariz, temos os ossos que formam os seios da face, ossos pneumáticos (Figura 2), responsáveis pela formação do muco que umidifica a cavidade nasal. Como exemplo, vale lembrar que indivíduos acometidos por sinusite apresentam grande quantidade de líquidos (muco/inflamação) no interior desses ossos pneumáticos, fato esse que gera as dores de cabeça típicas da doença, que, em casos mais graves, pode causar infecção e febre. Fonte: Trzmiel/Shutterstock Seios paranasais (Figura 2). Fonte: Matis75/Shutterstock Neurocrânio e viscerocrânio (Figura 3). Agora que já conversamos sobre o crânio de forma geral, seguiremos nosso estudo observando duas regiões anatômicas importantes no crânio, os conceitos de (1) NEUROCRÂNIO e (2) VISCEROCRÂNIO, que podem ser observados na Figura 3. Veja que a ideia de neurocrânio remete-nos ao crânio neural, o crânio que protege o encéfalo, parte do Sistema Nervoso Central (SNC), como visto na Figura 3. Perceba que, na Figura 3, a região onde não estão alojadas as estruturas do SNC refere-se ao viscerocrânio. VOCÊ SABIA Os ossos do neurocrânio são: osso frontal (ímpar), occipital (ímpar), esfenoide (ímpar), etmoide (ímpar), temporal (par) e parietal (par). Por outro lado, os ossos que formam o viscerocrânio são: mandíbula (ímpar), vômer (ímpar), zigomático (par), maxila (par), palatino (par), nasal (par), lacrimal (par), concha nasal inferior (par) e mais um osso, o temporal (par). Os ossos ímpares são únicos, os ossos pares aparecem em duplas, um em cada lado do neurocrânio. Além disso, você deve ter percebido que o osso temporal foi citado novamente, e isso acontece porque esse osso pertence ao neurocrânio e ao viscerocrânio. Observe que parte do osso temporal realmente protege o encéfalo. Por esse motivo, ele é considerado um osso do neurocrânio; entretanto, parte desse osso abriga o meato acústico externo, região em que o pavilhão auricular externo se encontra alojado, a região do ouvido. Nesse mesmo osso, encontramos a articulação com a mandíbula. Fonte: stihii/Shutterstock Osso temporal e meato acústico (Figura 4). O osso temporal figura tanto como osso do neurocrânio quanto do viscerocrânio. Veja que esses ossos articulam-se, formando todo este arcabouço (Figura 5). Fonte: stihii/Shutterstock Visão geral dos ossos e seus limites (Figura 5). Em uma visão anterior do crânio (Figura 5), na parte superior, observamos o osso frontal, um osso do neurocrânio, ímpar, que se articula anterior e inferiormente (na frente e para baixo) com os ossos nasais, osso maxila e ossos zigomáticos. Observe a Figura 6, porque é extremamente importante que você os localize. Fonte: stihii/Shutterstock Visão anterior (Figura 6). Como identificamos o osso frontal e sua relação com ossos em sentido caudal (descendente), vamos observar esse mesmo osso em outra perspectiva, agora em visão lateral, pois estamos estudando o osso frontal e suas relaçõesanatômicas. Na visão lateral, é possível perceber que o osso frontal se articula com os ossos temporais. É possível observar ainda que o osso frontal também se articula com o osso esfenoide. Na sequência, podemos ver que esse osso também se articula com os ossos parietais. Todas essas relações podem ser vistas na Figura 7. Fonte: stihii/Shutterstock Visão lateral do crânio (Figura 7). Agora, em uma visão superior, você consegue identificar os dois ossos parietais que se articulam exatamente no centro do crânio, na área chamada calvária, “o alto da cabeça” (veja na Figura 8). Fonte: Magic mine/Shutterstock Ossos parietais (Figura 8). Entretanto, quando observamos em uma visão lateral, podemos ver que os parietais se articulam com os ossos temporais (direito e esquerdo), com o osso esfenoide e com o osso occipital (Figura 9A). Continuando na visão lateral, vemos o osso esfenoide, sendo importante lembrar que esse é um osso ímpar (apenas um osso) que perfaz um caminho interno, e vemos externamente apenas sua asa maior (Figura 9B). Fonte: stihii/Shutterstock Articulações dos ossos parietais em visão lateral, destacadas em verde (Figura 9A). Fonte: stihii/Shutterstock Osso esfenoide em seu percurso interno, destacado em amarelo (Figura 9B). Vamos aproveitar essa visão lateral e estudar os ossos temporais. Esses ossos são muito interessantes, pois se articulam com o osso esfenoide, o parietal e o occipital, mas também com o osso zigomático e com a mandíbula. Na articulação com a mandíbula, vemos a única articulação com movimento real, porém estudaremos este assunto mais à frente na artrologia da cabeça e do pescoço. Fonte: stihii/Shutterstock Osso temporal, destacado em vermelho (Figura 10). Observe que há elementos interessantes para aprendermos. Esses elementos chamam-se acidentes ósseos e são muito variados. Vejamos esses acidentes ósseos no osso temporal. Na parte posteroinferior do osso temporal, encontramos o processo mastoide; seguindo em sentido superior e anterior, encontramos uma espécie de forame, chamado meato acústico; abaixo e anteriormente, encontramos o processo estiloide do osso temporal e, imediatamente acima do meato acústico e em sentido anterior, encontramos o processo zigomático do osso temporal (Figura 10). Estudamos diversos ossos do crânio até agora. Você já percebeu que são muitos e que todos são importantes na formação do arcabouço que protege o encéfalo, parte importante do SNC. Mais à frente, estudaremos a visão posterior do crânio, com o osso occipital (Figura 11). Esse osso é muito interessante, especialmente pelo motivo de conter o forame magno, local em que a medula espinal abandona a caixa craniana e projeta-se no sentido caudal para a coluna vertebral. Além disso, em visão posterior, podemos observar as linhas nucais superior e inferior, a protuberância occipital externa e a crista occipital externa, acidentes ósseos importantes para o estudo dos músculos (miologia). Fonte: stihii/Shutterstock Visão posterior (Figura 11). Progredimos bastante até o momento, e conseguimos fechar o estudo dos ossos do crânio nas visões anterior, superior, lateral e posterior. Vamos, então, à visão anterior, mas nosso foco agora é estudar os ossos da face que foram demonstrados inicialmente na Figura 6. Como ponto de partida, utilizaremos o nariz. Iniciando, vemos o násio, que é considerado a raiz do nariz, e os ossos nasais direito e esquerdo. Logo ao lado dos ossos nasais, temos os ossos maxilas, e, ao lado, porém, no interior da órbita (onde ficam os olhos), estão os ossos lacrimais. Perceba que os ossos nasais são bem pequenos e não perfazem toda a estrutura do nariz, que é “completado” por cartilagens nasais. Por outro lado, os ossos maxilas projetam-se inferiormente e se expandem lateralmente até se articularem com os ossos zigomáticos, formando a famosa “maçã do rosto”. Agora, vamos nos deter um pouco na abertura piriforme, a abertura do nariz. Veja que internamente e bem na parte central vemos acima a lâmina do osso etmoide e inferiormente o vômer. Lateralmente, podemos observar as conchas nasais do osso etmoide (Figura 12). Fonte: stihii/Shutterstock Abertura piriforme (Figura 12). Vejamos, agora, com mais detalhes as órbitas (Figura 13), que são formadas pelos ossos frontal e esfenoide em sua parte superior e pelos ossos etmoide, esfenoide, lacrimal e frontal na parede medial. Sua parte inferior (assoalho) é formada pelos ossos maxila, zigomático e palatino. Por cima, a parede lateral é formada pelos ossos zigomático (processo frontal) e asa maior do osso esfenoide (ver detalhes na Figura 9). Fonte: Ensine.me Órbita (Figura 13). Após estudarmos a órbita, mas ainda observando a face, vemos dois forames imediatamente abaixo das órbitas, que são os forames infraorbitais. Veja que imediatamente abaixo da espinha nasal anterior (na parte inferior da abertura piriforme) podemos identificar a sutura intermaxilar. Por fim, mais abaixo, encontramos o osso mandíbula. Em sua parte anteroinferior, vemos os forames mentuais, a protuberância mentual e os tubérculos mentuais. Lateralmente, é possível identificar a cabeça da mandíbula, incisura da mandíbula e o processo coronoide da mandíbula (Figura 14). Fonte: VectorMine/Shutterstock Mandíbula e seus acidentes ósseos (Figura 14). Os ossos da face são mais sensíveis e menos densos, ou fortes, quando comparados aos ossos do crânio. Assim, alguns “formatos” de fratura são comuns em traumas anteriores (traumatismos anteriores), como é o caso das fraturas de Le Fort (Figura 15). Fonte: Blamb/Shutterstock Fraturas de Le Fort (Figura 15). Em decorrência de trauma, as fraturas podem ser de maior ou menor complexidade, ou seja, podem afetar áreas maiores ou menores. Na fratura de Le Fort I, observa-se uma fratura localizada no osso maxila inferior apenas. Na fratura de Le Fort II, ocorre uma fratura que vai se localizar de forma infraorbital. Por fim, mais grave seria a fratura de Le Fort III, onde a fratura ocorre na região média da órbita, gerando um deslocamento total da face média do crânio, situação conhecida como dissociação craniofacial. Após aprendermos sobre a osteologia da cabeça (crânio e face), daremos sequência estudando a osteologia do pescoço. OSTEOLOGIA DO PESCOÇO Quando estudamos a osteologia do pescoço, é comum que as pessoas pensem única e exclusivamente nas sete vértebras cervicais, e assim pratica-se um erro muito comum. Na verdade, ao se estudar a osteologia do pescoço, é preciso perceber as vértebras cervicais e o osso hioide. O osso hioide tem por função servir de ancoragem para diversos músculos localizados na região anterior do pescoço, sendo esses músculos agrupados por região, apresentando o osso hioide como referência anatômica. Dessa maneira, esses músculos são nomeados como músculos supra-hióideos e infra-hióideos. Estudaremos estes músculos mais à frente, por ora nos deteremos no osso hioide, que você pode ver nas Figuras 16A e 16B. Observe que o osso hioide tem aspecto de ferradura e destacam-se nele os cornos maiores, os cornos menores e o corpo. Uma curiosidade é que, em anatomia forense, a presença de fratura no osso hioide é forte indício de estrangulamento. Fonte: stihii/Shutterstock Osso hioide (Figura 16A). Fonte: SciePro/Shutterstock Osso hioide (Figura 16B). Após entendermos a forma, as partes e a localização do osso hioide, que pode ser visualizado em uma vista frontal, vamos estudar a região dorsal, ou seja, as vértebras cervicais. Elas são em número de sete, sendo as menores em relação às demais vértebras de uma mesma pessoa, localizadas nas regiões torácica e lombar da coluna. As vértebras cervicais podem ser classificadas em típicas e atípicas. Transferindo essa informação para o nosso estudo, entendemos que há acidentes ósseos típicos em todas as vértebras (cervicais, torácicas e lombares), entretanto há vértebrasatípicas, ou seja, diferentes das demais. Vamos entender melhor este assunto. Veja que toda vértebra possui o forame vertebral, abertura por onde passa a medula espinal. Outro acidente ósseo típico (que se encontra em todas as vértebras) é o processo transverso. Os acidentes ósseos citados anteriormente são típicos, ou seja, são encontrados em todas as vértebras, porém outras estruturas, como o forame intertransversário (forame encontrado no processo transverso), só é encontrado nas vértebras cervicais. Nesse forame, passam as artérias vertebrais, que sobem até o crânio. Agora que já temos uma ideia geral das vértebras, vamos iniciar nosso estudo propriamente dito sobre essas estruturas. Veja a Figura 17. Fonte: stihii/Shutterstock Vértebras típica e atípica – Atlas à esquerda, atlas acima e C3 à direita (Figura 17). As vértebras cervicais podem ser chamadas de C (cervical). Como são sete vértebras, logo temos C1, C2, C3, C4, C5, C6 e C7. As duas primeiras vértebras são atípicas por terem características únicas, incluindo nomes, onde C1 é chamada de Atlas, e C2, de Áxis. Antes de conversarmos sobre atlas e áxis, vale a pena falar sobre as demais vértebras, ou seja, de C3 a C7. SAIBA MAIS Essas vértebras têm características típicas não somente em relação às cervicais, mas também em relação a outras vértebras (torácicas e lombares). Essas características típicas, ou comuns a todas as vértebras, são a presença do corpo vertebral, forame vertebral, processo transverso e processo espinhoso. Vale chamar a atenção para a C7, porque essa vértebra tem um processo espinhoso maior do que o das demais vértebras cervicais, sendo conhecida como vértebra proeminente. Mesmo perante essa característica, a maior parte dos livros clássicos de anatomia não a classificam como vértebra atípica. Agora que já fizemos um apanhado, vamos ao estudo de nossas duas vértebras atípicas. Veja que atlas parece ser uma vértebra frágil – ela tem esse nome em alusão ao personagem da mitologia grega, Atlas, que sustentava o globo (a cabeça, em nosso caso). Veja a Figura 18: Fonte: stihii/Shutterstock Vértebras cervicais (Figura 18). Na Figura 18, podemos observar alguns acidentes ósseos muito interessantes. À esquerda, temos a visão anterior. Veja que é facilmente perceptível a presença do unco do corpo vertebral. Se você observar atentamente esses uncos, verá que são projeções laterais da vértebra inferior em direção à superior, gerando um encaixe. Desse modo, essas estruturas ósseas favorecem a estabilidade desse segmento vertebral. Fonte: Lemurik/Shutterstock Extensão do pescoço (cervical) (Figura 19). Claro que outras estruturas, como ligamentos e músculos, também contribuem grandemente para a estabilidade desse segmento. Ao analisar a figura da direita, observamos os processos espinhosos dessas vértebras. Perceba a existência de processo espinhoso bífido (dividido em dois) em algumas dessas vértebras. Essa característica é importante para que haja maior grau de liberdade no movimento de extensão/hiperextensão do pescoço, que pode ser observado na Figura 19. Após a visão geral do segmento cervical, vamos estudar e localizar alguns acidentes ósseos dessas vértebras, iniciando com C1 e C2 (atlas e áxis, respectivamente), posteriormente realizando esse mesmo estudo para as vértebras cervicais típicas (C3 a C7). Observando a vértebra atlas, podemos identificar: tubérculos anterior e posterior, arco anterior e posterior, face articular (superior e inferior) das massas laterais, fóvea do dente, processo transverso, forame do processo transverso e forame vertebral. Veja na Figura 20 a vista superior da vértebra atlas. Fonte: stihii/Shutterstock Atlas (Figura 20). No vídeo a seguir, veremos o desenvolvimento dos ossos do crânio de recém-nascidos até a fase adulta e, ainda, os principais pontos anatômicos das vértebras cervicais. Dando sequência aos estudos, vejamos áxis, que também pode ser chamada de C2. Essa é a segunda vértebra atípica, a primeira é atlas. Nessa vértebra, encontramos uma estrutura muito marcante, o dente do áxis. Essa estrutura é de crucial importância por se articular com atlas de forma diferente. Nenhuma outra vértebra se articula dessa forma. O dente do áxis ou processo odontóide se insere no espaço anatômico de atlas, formando uma articulação do tipo trocoide, na verdade como um pino interno de uma dobradiça. Observe as dobradiças da porta e perceba que há um pino interno. O dente do áxis faz um trabalho semelhante, favorecendo o movimento e estabilizando-o ao mesmo tempo. Fonte: stihii/Shutterstock Vértebra áxis. Do lado esquerdo, uma vista anterior da vértebra; do direito, a vista póstero- superior (Figura 21). Encontramos a face articular anterior e posterior do dente do áxis, faces articulares superior e inferior, corpo vertebral, processo transverso e forame do processo transverso, forame vertebral e processo espinhoso (Figura 21). Fonte: Tefi/Shutterstock Vértebras cervicais típicas (Figura 22). Após estudar as duas vértebras atípicas, as demais são estudadas como vértebras típicas. Veja que as demais vértebras possuem corpo vertebral, processo espinhoso, processo transverso, forame do processo transverso, forame vertebral, faces articulares superior e inferior, pedúnculo e lâmina do arco vertebral e unco do corpo (Figura 22). Vejamos alguns fatos interessantes. Se observarmos as vértebras de forma comparativa, podemos concluir que as vértebras cervicais não possuem formas de estabilidade como as outras vértebras, pois: 1 As vértebras cervicais são menores. 2 As torácicas possuem o arcabouço das costelas para estabilizá-las. 3 As lombares são maiores e ladeadas por muito mais músculos. Sendo assim, essas vértebras possuem “mecanismos” que lhes conferem outras possibilidades de estabilização; entre eles, podemos destacar o unco do corpo. Note que o unco do corpo aumenta a superfície de contato com a vértebra imediatamente acima, resultando em melhor estabilidade entre elas, como vimos anteriormente. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANTO AO ENTENDIMENTO DO CONCEITO DE TÍPICO E ATÍPICO APLICADO AO ESTUDO DAS VÉRTEBRAS CERVICAIS, É CORRETA APENAS A ALTERNATIVA: A) As vértebras cervicais são todas consideradas atípicas em virtude de seu tamanho diferente de uma vértebra típica. B) As vértebras cervicais são todas típicas, uma vez que apenas o tamanho não é um fator determinante para elucidar quais seriam típicas ou não. C) Na região cervical, apenas C1 e C2 são vértebras atípicas em virtude de suas formas únicas. D) Apenas a vértebra C7 é considerada atípica por ser uma vértebra de maior processo espinhos, sendo esta a vértebra proeminente. E) Todas as vértebras cervicais são atípicas em virtude de seu tamanho menor em relação às demais. 2. NA VISÃO ANTERIOR DO CRÂNIO, QUAL OU QUAIS SÃO OS OSSOS ÍMPARES? A) Temporal e frontal. B) Frontal e mandíbula. C) Frontal, maxila e mandíbula. D) Frontal, nasal e mandíbula. E) Frontal, nasal e lacrimal. GABARITO 1. Quanto ao entendimento do conceito de típico e atípico aplicado ao estudo das vértebras cervicais, é correta apenas a alternativa: A alternativa "C " está correta. A resposta correta é a letra C, uma vez que as duas primeiras vértebras possuem uma anatomia bem distinta das demais. 2. Na visão anterior do crânio, qual ou quais são os ossos ímpares? A alternativa "B " está correta. Na visão anterior do crânio, os ossos ímpares vistos são o osso frontal e o osso mandíbula, os demais citados em outras opções são ossos pares. MÓDULO 2 Reconhecer as articulações da cabeça e do pescoço ARTROLOGIA DA CABEÇA Após estudarmos e entendermos as estruturas ósseas da cabeça e do pescoço, veremos agora como esses ossos articulam-se entre si, para que, assim, possam cumprir suas tarefas anatômicas, biomecânicas e fisiológicas. Observando as Figuras 23 e 24, com imagem do crânio e da face, podemos observarque não encontramos movimento entre esses ossos, com exceção da articulação entre osso temporal e mandíbula, que estudaremos mais tarde. Fonte: stihii/Shutterstock Visão anterior (Figura 23) / Visão lateral do crânio (Figura 24). Para entendermos melhor o que são as articulações, podemos separá-las em grupos. Por exemplo, podemos separá-las com base no grau de movimentos que essas articulações permitem. Assim, teríamos: aquelas que não permitem movimento visualmente perceptível, as chamadas sinartroses, sendo articulações constituídas por tecido fibroso, e aqui encaixam-se as articulações do crânio, chamadas de suturas. Há outras articulações conhecidas como semimóveis, que permitem um grau limitado de movimentos, sendo estas constituídas por tecido cartilaginoso, chamadas de anfiartroses. Como exemplo, podemos citar as articulações entre as vértebras, que veremos em breve. Por fim, para o nosso estudo, temos a ideia de articulações com maior grau de liberdade de movimento. Essas podem ser exemplificadas pela articulação entre o osso temporal e a mandíbula. Aqui, temos uma articulação chamada diartrose, também conhecida como articulação sinovial. ATENÇÃO As articulações sinoviais possuem subtipos e organizações distintas, além de grandes diferenças entre os graus de liberdade de movimento. Por exemplo: a articulação da mandíbula tem apenas os movimentos de "abrir e fechar". Por outro lado, o ombro tem muito mais liberdade de movimentos; sendo assim, podemos concluir que há diferentes tipos de articulações sinoviais. Agora que você já compreendeu o que são articulações e suas diferenças, podemos avançar em nosso estudo sobre as articulações da cabeça e do pescoço. Por exemplo, ao nascer, os ossos do crânio ainda não estão tão unidos quanto na vida adulta. Dessa forma, se você observar uma imagem do crânio de um recém-nascido, pode facilmente ver “espaços” entre os ossos, conforme mostra a Figura 25. Fonte: logika600/Shutterstock Crânio de recém-nascido (Figura 25). Essa organização é fisiologicamente necessária para permitir o crescimento normal do encéfalo. Observe as regiões chamadas de fontículo, que podem ser observadas tanto na visão lateral quanto na superior. Na vista superior, vemos o fontículo anterior e o fontículo posterior. VOCÊ SABIA Você já ouviu falar da “moleira” do bebê, certo? Essas estruturas anatômicas que estamos estudando são as “moleiras” do bebê. O crescimento do sistema nervoso central ocorre de forma mais rápida do que nas demais estruturas do organismo. Por esse motivo, é importante que os ossos do crânio não estejam totalmente unidos tal como vemos na idade adulta. Na fase adulta, esses ossos já estão formados, e as articulações, “soldadas”, formando as suturas na região onde ocorre o encontro entre a sutura coronal e a sutura sagital, a chamada bregma. O encontro entre a sutura sagital e a sutura lambidóidea chama-se lambda, formando regiões importantes para a localização anatômica de diversas estruturas, inclusive sendo utilizadas como marcos anatômicos para a realização de delicadas cirurgias do sistema nervoso central. Na visão lateral, podemos identificar os fontículos posterolaterais, ou mastoídeo, e anterolateral ou esfenoidal. Como visto anteriormente, estes têm a mesma função. Após o crescimento e a maturação do sistema nervoso central, ocorre então o fechamento dos fontículos e das demais articulações do crânio, gerando os ossos do crânio da vida adulta. Agora que já entendemos o processo de crescimento maturação e o porquê do fontículos, podemos avançar no estudo da artrologia. Como visto anteriormente, as suturas são articulações imóveis, formadas pela união de tecido fibroso. Nessas articulações, não há movimento perceptível. Isso é importante, pois esse conjunto de ossos e articulações têm a relevante tarefa de proteger o sistema nervoso central. Vale, então, identificá-las de maneira adequada. Já fizemos uma prévia disso em nosso estudo de osteologia do crânio, então, agora, estudaremos de forma mais específica essas articulações. Para fins didáticos, estudaremos estas articulações com o recurso da Tabela 1, composta pelos nomes dos ossos e a sutura que os une. Por exemplo: sutura sagital – ossos parietais ou sutura coronal – ossos frontal e parietais. TABELA 1 - OSSOS QUE SE ARTICULAM FORMAM AS SUTURAS. Sutura Ossos constituintes Frontonasal Frontal e nasais Internasal Nasais Nasomaxilar Nasal e maxila Zigomaticomaxilar Zigomático e maxila Intermaxilar Maxilares Coronal Frontal e parietais Esfenofrontal Esfenoide e frontal Frontozigomática Frontal e zigomático Temporozigomática Temporal e zigomático Escamosa Parietal e temporal Temporomandibular Temporal e mandíbula Parietomastóidea Parietal e temporal Lambidóidea Parietais e occipital Sagital Parietais � Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Após verificar essas suturas e seus ossos envolvidos, veja, nas Figuras 26A e 26B, suas localizações anatômicas de forma a associar o conhecimento de seus nomes e sua real localização anatômica. Aproveite para revisar os ossos e suas localizações. Fonte: stihii/Shutterstock Suturas do crânio vista posterior (Figura 26A) / Suturas do crânio vista lateral (Figura 26B). Você deve ter percebido que apenas uma articulação apareceu em negrito em nossa tabela. Essa articulação em negrito destaca-se pelo fato de que as demais articulações apresentadas na tabela são articulações fibrosas e, assim, imóveis. Dessa forma, é fácil perceber que a articulação destacada em negrito é uma articulação móvel. Agora, estudaremos mais detalhadamente a articulação temporomandibular ou ATM. Nessa articulação, temos alguns pontos bem interessantes, porque é a única com movimento real na face, exercendo importância fundamental na alimentação (mastigação) e na fonação (fala). Fonte: VectorMine/Shutterstock Interior da articulação temporomandibular (Figura 27). Essa articulação é do tipo sinovial e possui movimentos, neste caso abertura, fechamento da boca e movimentos laterais. A ATM é composta pela conexão entre a parte escamosa do osso temporal na parte superior e o disco articular, que se localiza na parte interna da cápsula articular. Esse disco tem a função de separar mecanicamente os ossos envolvidos na articulação, evitando, assim, atrito e consequente desgaste das estruturas ósseas por atrito direto (Figura 27). Na parte inferior da ATM, encontramos a mandíbula, mais precisamente a cabeça da mandíbula. A cápsula articular envolve e protege as estruturas articulares. Além disso, por ser uma articulação sinovial, ocorre a secreção de líquido sinovial, secretado por uma membrana localizada no interior da articulação, que tem por função lubrificá-la. As estruturas ósseas não se articulam diretamente, ou seja, são recobertas por cartilagem hialina, que tem por finalidade proteger os ossos. Outras estruturas podem ainda estar presentes no interior da cápsula articular, como o disco articular presente na articulação da ATM. Para que haja estabilidade durante os movimentos, essa articulação é envolvida por ligamentos que dissipam as forças de carga e estabilizam ainda mais a articulação. Esses são os temporomandibular, estilomandibular e esfenomandibular. ARTROLOGIA DO PESCOÇO Após o estudo das articulações do crânio, seguimos em sentido póstero caudal, para estudarmos as articulações das vértebras cervicais. Na região cervical da coluna, temos sete vértebras postas umas sobre as outras, e entre elas há um disco intervertebral que evita o atrito direto entre as estruturas ósseas. Para dar início ao nosso estudo de artrologia do pescoço, começaremos pela articulação entre a primeira vértebra (atlas) e o osso occipital localizado no crânio. O osso occipital repousa sobre o atlas, de forma que as estruturas neurais que descem do crânio possam converter-se em medula espinal e, assim, prosseguir em sentido caudal pordentro do canal medular. DESSA AFIRMAÇÃO E OBSERVAÇÃO ANATÔMICA, EMERGE UMA QUESTÃO: COMO ESSA ARTICULAÇÃO É CAPAZ DE SUSTENTAR O PESO DA CABEÇA? Existem estruturas anatômicas de grande importância que respondem a essa questão. Vejamos: em visão anterior do centro para as laterais, ou de medial para lateral, vemos o ligamento longitudinal anterior, vemos a cápsula da articulação atlantoccipital nas laterais, a membrana atlantoccipital anterior e, finalmente, a cápsula da articulação atlantoccipital. Em visão posterior, é possível ainda ver a cápsula articular atlantoccipital, a membrana atlantoccipital posterior e o ligamento nucal (Figura 28). Fonte: stihii/Shutterstock Ligamentos atlanto-occipitais e atlantoaxiais (Figura 28). Voltaremos a falar dos ligamentos nucal e longitudinal, mas, antes, estudaremos os ligamentos da articulação atlantoaxial. Nessa articulação, encontramos uma quantidade maior de ligamentos exercendo melhor estabilidade sobre as estruturas. Vejamos: na vista anterior, após retirada parcial das vértebras, podemos ver os ligamentos alares, o ligamento do ápice do áxis, gerando conexão entre atlas e o dente do áxis. Além desses, vemos ainda o ligamento cruciforme (fascículos longitudinais superior e inferior e ligamento transverso do atlas). Esses ligamentos têm por função gerar estabilidade e, para ficar mais claro o que seria a estabilidade para essa área, devemos entender o conceito de estabilidade ativa e passiva. A estabilidade passiva é gerada pelos ligamentos, enquanto a estabilidade ativa é gerada pelos músculos que se localizam naquela região. Fonte: sciencepics/Shutterstock Ligamentos longitudinais anterior e posterior, ligamento interespinhal (Figura 29). Ainda fazendo uso da Figura 29, é possível observar o ligamento longitudinal anterior, ligamento longitudinal posterior e o ligamento interespinhal. Vale lembrar que esses ligamentos percorrem toda a coluna vertebral, favorecendo a estabilidade dos segmentos e contribuindo para a manutenção da anatomia fisiológica dos segmentos. Após o estudo dos ligamentos mais específicos de atlas e áxis, podemos entender os demais ligamentos envolvidos. Então, precisamos perceber que há ligamentos que se iniciam na região occipital e prolongam-se até a região sacrococcígea. Vamos a eles: ligamento longitudinal anterior, ligamento longitudinal posterior, ligamento amarelo, ligamentos interespinhais, ligamentos intertransversários, que se estendem de “alto a baixo” na coluna vertebral. No vídeo a seguir, você compreenderá mais profundamente as articulações do crânio, com destaque para a ATM, e, posteriormente, as articulações entre as vértebras, inclusive as possibilidades de movimento. Para você ter uma ideia, perceba que as vértebras são pequenos ossos que se articulam entre si, porém não há um “encaixe” mais forte ou profundo. Logo, elas poderiam deslizar entre si facilmente, o que seria uma condição chamada espondilolistese, que é extremamente danosa, uma vez que o saco dural (espaço formado pelas vértebras e os ligamentos que estudamos e onde a medula espinal se aloja) pode ser drasticamente afetado, agredindo a medula espinal. Com a anatomia normal mantida, o pescoço tem liberdade fisiológica de movimentos muito boa, facilitando o movimento de extensão, em uma amplitude entre 50° e 70°. Para a flexão, temos como amplitude normal entre 60° e 90° para rotação lateral, que gira em torno de 60° a 90°. Por fim, no que diz respeito à flexão lateral (direita e esquerda) ou inclinação lateral, o grau de liberdade gira em torno de 20° a 40° (Figura 30). Fonte: Lemurik/Shutterstock Movimentos do pescoço (Figura 30). VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A IDEIA DE ESTABILIDADE DEVE SER APLICADA A TODAS AS ARTICULAÇÕES. DE FORMA GERAL, QUAIS ESTRUTURAS INTERNAS E EXTERNAS ESTÃO PRESENTES EM UMA ARTICULAÇÃO SINOVIAL? A) Disco articular (como na ATM), membrana sinovial, líquido sinovial, cápsula articular e ligamentos como estabilizadores passivos e músculos como estabilizadores ativos. B) Disco articular (como na ATM), membrana sinovial, cápsula articular e ligamentos como estabilizadores passivos e músculos como estabilizadores ativos. C) Cápsula articular e ligamentos como estabilizadores passivos e músculos como estabilizadores ativos. D) Ligamentos. E) Ligamento longitudinal posterior. 2. HÁ DOIS TIPOS DE ESTABILIDADE NAS ARTICULAÇÕES, EM ESPECIAL, NAS ARTICULAÇÕES DAS VÉRTEBRAS CERVICAIS. COMO ESSAS ESTABILIDADES SÃO CHAMADAS E QUAIS ESTRUTURAS ANATÔMICAS SÃO RESPONSÁVEIS POR ELAS? A) Estabilidade articular e ligamentar; estruturas responsáveis: cápsula articular e ligamentos, respectivamente. B) Estabilidade ligamentar e muscular; estruturas responsáveis: ligamentos e músculos, respectivamente. C) Estabilidade discal e ligamentar; estruturas responsáveis: disco articular e ligamentos, respectivamente. D) Estabilidade articular e ligamentar; estruturas responsáveis: cartilagem articular e ligamentos, respectivamente. E) Estabilidade óssea, uma vez que o osso é a base exclusiva de toda articulação. GABARITO 1. A ideia de estabilidade deve ser aplicada a todas as articulações. De forma geral, quais estruturas internas e externas estão presentes em uma articulação sinovial? A alternativa "A " está correta. Nesta opção, encontram-se todas as estruturas internas e externas necessárias para estabilidade da articulação estudada neste módulo. 2. Há dois tipos de estabilidade nas articulações, em especial, nas articulações das vértebras cervicais. Como essas estabilidades são chamadas e quais estruturas anatômicas são responsáveis por elas? A alternativa "B " está correta. A estabilidade ligamentar é tida como estabilidade passiva, sendo realizada pelos ligamentos distribuídos em dada articulação. A estabilidade ativa diz respeito à estabilidade gerada pelos músculos que ultrapassam dada articulação e chama-se estabilidade ativa pela capacidade de contração dos músculos. MÓDULO 3 Descrever origem, inserção, ação e inervação dos músculos da cabeça, da face e do pescoço MÚSCULOS E EXPRESSÃO FACIAL A expressão facial é algo muito interessante. Por meio dela, você pode expressar seus sentimentos, sua alegria, seu descontentamento, aborrecimento e as demais emoções. Essa expressão facial, ou mímica facial, é fruto das ações dos músculos da cabeça e da face. Sim, é exatamente isso. Todas as nossas expressões faciais de alegria, tristeza, raiva, surpresa, estranhamento etc. só são possíveis devido às ações musculares. Fonte: Krakenimages.com/Shutterstock Agora que já estudamos os ossos e as articulações da cabeça e do pescoço, podemos estudar os músculos da face, da mastigação, além dos músculos do pescoço. Assim, entenderemos melhor como eles atuam para gerar estabilidade e movimento. Para isso, é necessário que você entenda um detalhe importante: usualmente, os músculos “nascem” (origem) em um osso e se fixam (inserção) em outro. Entretanto, para os músculos da face, isso não ocorre necessariamente dessa forma, ou seja, os músculos têm origem em ossos, mas se inserem na pele, de forma que, ao se contraírem, gerem movimentos na pele da face. Assista ao vídeo a seguir para compreender a relação entre a ação dos músculos e a expressão facial humana. Iniciando o nosso estudo, visualizando a parte superior da cabeça, observamos a aponeurose epicrânica, também conhecida como gálea aponeurótica. Ela é composta por um tecido fibroso de cor clara, que se localiza entre os ventres dos músculos occipitofrontal (direito e esquerdo), recobrindo a parte superior do crânio. Você pode ver isso com mais detalhes na Figura 31. Fonte: Tefi/Shutterstock Músculos da face (Figura 31). Como você pôde ver, a aponeurose epicrânica está entre dois músculos, que são os músculos occipitofrontal, ou epicrânio. Esse músculo tem origem em dois terços laterais da linha nucal superior do osso occipital, além da parte mastoidea do osso temporal.Sua inserção é diretamente na gálea aponeurótica, e não em um osso. RELEMBRANDO Estudamos essa situação ímpar dos músculos da face quando entendemos que eles se inserem na pele. Dessa forma, estudando o músculo occipitofrontal, percebemos que seu ventre frontal não possui inserção óssea, mas, sim, inserção no tecido da gálea aponeurótica. PORÉM, UMA LACUNA AINDA EXISTE, ENTÃO EMERGE A QUESTÃO: O QUE ACONTECE QUANDO ESSE MÚSCULO SE CONTRAI? AQUI, TEMOS O ESTUDO DA AÇÃO DESSES MÚSCULOS (SÃO PARES, DIREITO E ESQUERDO). Então, vamos entender: quando os dois músculos se contraem ao mesmo tempo, tracionam para cima as sobrancelhas e enrugam a testa. Se somente um deles for ativado, apenas uma das sobrancelhas é elevada. Para findar o estudo de um músculo, precisamos contemplar quatro aspectos: ASPECTO 1 Origem ASPECTO 2 Inserção ASPECTO 3 Ação ASPECTO 4 Inervação Fonte: The facial nerve/Shutterstock Nervo facial (VII par nervo craniano) (Figura 32). Já vimos origem, inserção e ação, de modo que nos resta estudar a inervação, ou melhor dizendo, os nervos que inervam, ou ativam esses músculos. Este aspecto será visto no final do estudo dos músculos da face, pois todos eles são inervados pelo nervo facial (VII par de nervo craniano), Figura 32. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Continuando com o estudo dos músculos da face, vamos ao músculo temporoparietal. Vamos seguir um padrão, que é o seguinte: apresentaremos o músculo e, na sequência, estudaremos origem, inserção e ação. Já sabemos que a inervação é feita pelo nervo facial, mas isso só é assim para os músculos faciais, pois os músculos da mastigação têm outras inervações sobre as quais conversaremos posteriormente. O músculo temporoparietal tem origem na fáscia temporal, acima e anteriormente ao pavilhão auricular externo. Sua inserção é na borda lateral da gálea aponeurótica, e sua ação é elevar o pavilhão da orelha, manter o couro cabeludo tensionado e tracionar a pele da região temporal para trás. Quando ocorre ativação conjunta do músculo temporoparietal do occipitofrontal, é gerada a “cara de medo e espanto” (Figura 33). Fonte: Krakenimages.com/Shutterstock “Cara de espanto” (Figura 33). Vamos aproveitar a localização anatômica, tendo o pavilhão auricular como referência, e estudar agora os músculos auriculares anterior, superior e posterior, também conhecidos como músculos extrínsecos da orelha. Sua origem fica na região anterior da fáscia temporal, região anterior da aponeurose epicrânica, no processo mastoide e na parte do tendão do músculo esternocleidomastóideo. Sua inserção é na pele e na cartilagem do pavilhão auricular. Esses músculos têm por função tracionar o pavilhão auricular externo, a orelha, para cima e para frente, para cima e para trás (Figura 34). Fonte: Richcat/Shutterstock Músculos auriculares (Figura 34). Vejamos, agora, a região ocular. Pense nas pálpebras. Se você imaginou que elas são repletas de músculos, acertou. Então, podemos dizer músculos das pálpebras. Fonte: DeryaDraws/Shutterstock Músculo orbicular do olho (Figura 35). Vamos dissecar o assunto. Iniciamos com o músculo orbicular do olho, cuja origem é na parte nasal do osso frontal, no processo frontal da maxila, no ligamento palpebral medial e osso lacrimal. Sua inserção acontece na pele da região orbital e na rafe palpebral lateral. Dessa forma, podemos dividir esse músculo em três partes: Parte orbicular. Parte palpebral. Parte lacrimal. Sua ação é o fechamento ativo dos olhos (Figura 35). Agora, vamos ao músculo que se localiza imediatamente acima dos olhos, o músculo corrugador do supercílio. Esse músculo origina-se na extremidade medial do arco superciliar, tendo sua inserção na pele da parte média do arco orbital. Quando se contrai, traciona a sobrancelha para baixo e medialmente, gerando aquele "ar" de sofrimento/ frustração (Figura 36). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo corrugador do supercílio. (Figura 36). Vamos agora ao músculo que fica entre os olhos, um pouco superior em relação àqueles. Estamos falando do músculo prócero. Esse músculo origina-se na fáscia que reveste o osso nasal, bem como parte da cartilagem nasal. Sua inserção fica entre as duas sobrancelhas. Ao se contrair, traciona para baixo o ângulo medial das sobrancelhas. Seria aquele franzir de sobrancelhas, a “cara de desconfiado” (Figura 37). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo prócero (Figura 37). Em sentido caudal, vamos ao músculo nasal, que tem origem no osso maxila, tendo sua inserção na região da fossa do dente incisivo (o dente canino). Assim, esse músculo apresenta a parte transversal e a parte alar. A parte transversal deprime a parte da cartilagem do nariz, enquanto a parte alar dilata os orifícios das narinas em ações de inspiração vigorosa (Figura 38). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo nasal (Figura 38). O músculo depressor do septo tem origem na fossa incisiva da mandíbula e se insere no septo nasal e na asa do nariz. Como o próprio nome diz, sua ação é "deprimir" e tracionar a asa do nariz para baixo, lembrando que é um músculo bilateral, ou seja, existe nos dois lados (Figura 39). Fonte: Richcat/Shutterstock Músculo depressor do septo nasal (Figura 39). Agora, vamos trabalhar os músculos que estão próximos da boca, mas, antes, lembre-se de que as ações musculares geram expressões faciais, como já dissemos no início de nosso estudo. Os nomes dos músculos orientam sobre suas ações. Veja que os músculos com ação de levantar, elevar, são músculos que erguem os lábios em ações como o riso, logo seriam "músculos da alegria". Por outro lado, os músculos com nomes e funções de abaixar ou deprimir são músculos que geram movimentos em sentindo inferior, como expressão de tristeza, descontentamento. Dando sequência, vemos o músculo levantador do lábio superior, que se origina imediatamente acima do forame infraorbital. Tem sua inserção na pele musculosa do lábio superior, e sua ação é levantar o lábio superior. Na mesma linha, vemos agora o músculo levantador do lábio e da asa do nariz. Nesse músculo, que tem sua origem no processo frontal do osso maxila, sua inserção acontece na cartilagem alar maior e na asa do nariz, e suas ações são a dilatação da narina e participação na elevação do lábio superior. Outro músculo dessa região é o músculo levantador do ângulo da boca. Esse músculo tem origem logo abaixo do forame infraorbital e se insere no ângulo do lábio superior. Sua ação é a elevação do ângulo da boca (Figura 40). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo levantador do ângulo da boca (Figura 40). Observe que a boca exerce um grande leque de movimentos, seja na fala, seja na expressão de sentimentos. Vejamos agora o músculo zigomático menor e seu par, o zigomático maior. Ambos têm origem no osso zigomático e se inserem no lábio superior. Suas ações são, na verdade, um auxílio na elevação do lábio superior, além de acentuar o sulco nasolabial. Por fim, traciona lateralmente o ângulo superior da boca, gerando o movimento de riso (Figura 41). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculos zigomáticos maior e menor (Figura 41). Vejamos agora o músculo risório, com origem na fáscia do músculo masseter (o principal músculo da mastigação, que estudaremos em breve) e se insere na pele no ângulo da boca. Quando se contrai, tem por ação a retração do ângulo da boca em direção lateral, o que seria aquele riso de "canto de boca" (Figura 42). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo risório (Figura 42). O músculo depressor do lábio inferior tem origem na linha oblíqua da mandíbula e inserção na pele do lábio inferior. Sua ação é o abaixamento do lábio inferior. O músculo depressor do ângulo da boca tem origem na linha oblíqua da mandíbula e inserção no ângulo da boca. Sua ação é tracionar o ângulo da boca em sentido inferior, gerando a expressão de tristeza/descontentamento (Figura 43). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo depressor do lábio inferior (Figura 43). O músculo mentual (também chamado de músculo do mento) tem origem na fossa incisiva da mandíbula e tem a inserção na pele do queixo, que também pode ser chamado de mento, daí o nome músculo mentual. Sua ação é elevar a pele do mento (ou queixo) e realizar protusão do lábio inferior. Já o músculo transverso do mento cruza uma linha imaginária em posição mediana, imediatamente abaixo do queixo, aproximando-se do músculo depressor do ângulo da boca. Por esse motivo, nem sempre é facilmente localizado, porque pode se fundir ao músculo depressor do ângulo da boca (Figura 44). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo mentual (Figura 44). É interessante pensar em quantos pequenos músculos são necessários para que possamos nos expressar como fazemos. Vamos continuar mais um pouco, vendo agora o músculo orbicular da boca. Esse músculo, em especial, possui uma formação ímpar, sendo composto por várias camadas de fibras musculares que se localizam ao redor da boca. Interessante percebermos que essas fibras possuem diferentes direções. Dessa forma, suas fibras atuam em conjunto e promovem o fechamento direto dos lábios (Figura 45). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo orbicular da boca (Figura 45). Por outro lado, o músculo bucinador tem origem na superfície externa dos processos alveolares da maxila, acima da mandíbula, percorrendo aproximadamente três dentes molares e a rafe pterigomandibular (músculo da mastigação, que veremos mais tarde). Suas fibras superiores e inferiores podem unir-se às fibras musculares contralaterais, e as fibras da porção central podem fundir-se com as fibras musculares do músculo orbicular da boca. Com toda esta informação, é fácil entender que sua ação é comprimir a bochecha. Assim, esse músculo da face tem função auxiliar na mastigação (Figura 46). Fonte: Tefi/Shutterstock Músculo bucinador (Figura 46). Por fim, após vermos todos esses músculos e suas origens, inserções e ações, vale lembrar que todos são inervados pelo VII par de nervos cranianos, o nervo facial. Agora seria bom você revisar esses músculos, como visto na Figura 47. Fonte: Tefi/Shutterstock Músculos da face (Figura 47). MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO Após fecharmos o estudo dos músculos da face, chegamos aos músculos da mastigação, que são os responsáveis pela movimentação da mandíbula, via ATM. Esses músculos são capazes de gerar muita força. Na visão lateral, vemos o músculo temporal, e sua origem está na linha temporal inferior. Ele cobre toda a temporal e projeta-se inferiormente (gerando uma forma de leque), inserindo-se no processo coronoide da mandíbula. Sua ação é elevar e retrair a mandíbula, além de participar nos movimentos laterais auxiliando o músculo pterigóideo lateral. Sua inervação é feita pelos ramos mandibulares do nervo trigêmeo (Figura 48). Fonte: Beate Panosch/Shutterstock Nervo trigêmeo (Figura 48). VOCÊ SABIA O músculo pterigóideo lateral é formado por fibras pequenas, ou melhor, curtas e entrelaçadas. Sua origem é na fossa pterigóidea, no processo pterigóideo. Sua ação é a elevação da mandíbula e pequenos movimentos laterais. Sua interseção ocorre no ângulo da mandíbula, sendo inervado pelo nervo pterigóideo medial, um ramo no nervo trigêmeo. Já o músculo pterigóideo medial tem sua origem na lâmina lateral do processo pterigóideo e inserção no ângulo da mandíbula de forma interna. Sua ação é a elevação da mandíbula (fechamento da boca). Sua inervação é realizada pelo nervo pterigóideo medial, também ramos do nervo trigêmeo (Figura 49). Fonte: MadiGraphic/Shutterstock Músculo pterigóideo lateral e medial (Figura 49). Finalmente, o principal músculo da mastigação: o masseter. É um músculo com altíssima capacidade de gerar força, apesar de seu tamanho. Sua origem está na margem inferior do osso zigomático, percorrendo toda sua margem até a sutura zigomático-temporal. Ele ainda se origina na margem inferior e na face medial do arco zigomático. Fonte: MadiGraphic/Shutterstock Músculos da mastigação (Figura 50). Com toda essa “ancoragem” de origem, podemos perceber que há uma parte mais profunda e outra mais superficial. Sua inserção ocorre nos dois terços inferiores da face lateral do ramo da mandíbula. Esse poderoso músculo é inervado pelo nervo massetérico, um ramo mandibular do nervo trigêmeo (Figura 50). ATENÇÃO Esses músculos são responsáveis pela qualidade de sua mordida, mas aqui cabe uma observação: os músculos não são a única frente de “combate”, pois os dentes são de extrema importância, não por cortarem e triturarem o alimento, mas por sua oclusão. O que seria oclusão? De maneira simples, é como os dentes encaixam-se na arcada dentária, ou seja, se sua posição é inadequada, eles podem mudar a mordida, sendo então necessário um ajuste em suas posições por meio do aparelho ortodôntico. MIOLOGIA DO PESCOÇO Após o estudo dos músculos da face e mastigação, seguimos em sentido caudal e estudaremos os músculos do pescoço. Antes, porém, devemos ter uma organização, que é o entendimento anatômico, em que dividimos os músculos, tendo por base o osso hioide. Assim, temos os músculos supra-hióideos, que são aqueles que se localizam acima do osso hioide e se inserem na mandíbula, formando o “assoalho” da boca. Os músculos infra-hióideos são os que estão abaixo do osso hioide, em direção às clavículas e ao esterno. Abaixo da mandíbula, não há estrutura óssea, sendo o osso hioide o único osso nessa região. Por isso, é ele que ancora os músculos hióideos. Com esse entendimento, vamos iniciar nosso estudo. Veja que a parte superficial é coberta por uma fina camada muscular, que se estende da mandíbula até as clavículas e o esterno. Esse músculo chama-se platisma, ou músculo cutâneo do pescoço. A origem está na face inferior do osso mandíbula e na pele da parte inferior da face e no canto da boca. Sua inserção espalha- se pela fáscia que cobre as fibras musculares superiores dos músculos peitoral maior e deltoide. Esse músculo é inervado pelo ramo cervical do nervo facial, o sétimo par de nervo craniano. Ao contrair-se, esse músculo traciona o lábio inferior e o ângulo da boca, contribuindo parcialmente para a abertura da boca e, por fim, traciona a pele que cobre a clavícula (Figura 51). Fonte: SciePro/Shutterstock Músculo platisma (Figura 51). O pequeno músculo digástrico tem sua origem dividida em duas, de acordo com seus ventres. Dessa forma, o ventre anterior origina-se na fossa digástrica da mandíbula, e o ventre posterior tem sua origem no processo mastoide. Suas ações são a elevação do osso hioide, mas também o abaixamento da mandíbula. Em outras palavras, a abertura da boca. Vale entender que o ventre anterior traciona o osso hioide para a frente e o ventre posterior para trás. Por fim, esse músculo é inervado pelos nervos facial (ventre posterior) e mandibular (ventre anterior) (Figura 52). SAIBA MAIS O músculo estilo-hióideo, como o próprio nome já diz, dá uma dica, estilo, de processo estiloide, lá do osso temporal e o osso hióide. Esse músculo tem origem no processo estiloide e sua inserção se dá no corpo do osso hióide. Sua ação é a retração do hióide, e é inervado pelo nervo facial (Figura 52). Outro músculo dessa região é o músculo milo-hióideo. Este músculo tem origem na linha milo- hióidea, localizada na mandíbula, enquanto sua inserção ocorre no corpo do osso hioide. Sua ação ocorre sobre o osso hioide, gerando elevação, mas também na língua, gerando igualmente elevação. Esse músculo é inervado pelo nervo mandibular, um ramo do nervo trigêmeo, o quinto par de nervo craniano (Figura 52). Fonte: SciePro/Shutterstock Músculos supra e supra-hióideos (Figura 52). Fonte: Anna Bessmertnaya/Shutterstock Músculo gênio-hioide (Figura 53). O próximo é o músculo gênio-hioide, outro músculo responsável pelo "assoalho" da boca. Sua origem está na espinha mentoniana da mandíbula, e suainserção fica no corpo do osso hioide. Sua ação é tracionar o osso hioide e a língua em direção anterior. Sua inervação é por conta do nervo hipoglosso (Figura 53). Os demais músculos que têm origem no osso hioide e inserem-se no esterno, na clavícula e nas áreas correlatas são chamados de músculos infra-hióideos. Na sequência, vemos o músculo esterno-hióideo, com origem no corpo do osso hioide, inserção na face posterior do manúbrio do esterno e no quarto medial da clavícula. SAIBA MAIS Esse músculo é inervado por ramos do nervo hipoglosso (alça cervical), e sua função é o movimento descendente do osso hioide. O músculo esternotireóideo tem origem na cartilagem tireoide e inserção na face posterior do manúbrio do esterno. Sua ação é tracionar a cartilagem tireoide em movimento descendente, sendo inervado também pelo nervo hipoglosso, da mesma forma que o músculo esterno-hióideo (Figura 54). Continuando, o músculo tireo-hióideo tem sua origem no corno maior do osso hioide, insere-se na cartilagem tireoide, é inervado pelo nervo hipoglosso e, ao se contrair, gera o movimento de baixar o osso hioide (Figura 54). Nosso próximo músculo é o omo-hióideo, com origem no corpo do osso hioide, que se projeta em direção à borda superior da escápula, onde se insere. É inervado pelos ramos da alça cervical do nervo hipoglosso, e sua ação é tracionar em direção inferior o osso hioide (Figura 54). Fonte: NelaR/Shutterstock Músculos infra-hióideos (Figura 54). O músculo reto lateral da cabeça com origem no processo jugular do occipital e inserção no processo transverso de atlas é inervado pelo ramo da alça cervical. Sua ação é a inclinação homolateral da cabeça, localizando-se abaixo dos músculos superficiais. Outro músculo do pescoço é o músculo longo da cabeça com origem no processo basilar do occipital, inserção nos tubérculos anteriores dos processos transversos (da 3ª até a 6ª vértebra cervical). Sua inervação é feita pelos nervos que emergem de C1, C2 e C3. Ao contrair-se auxilia a flexão da cabeça. Já o músculo reto anterior da cabeça tem origem no processo basilar do occipital e inserção no processo transverso e na superfície anterior do atlas. É inervado pelo ramo da alça cervical (C1 e C2). Ao contrair-se, também auxilia na flexão da cabeça. Quanto ao músculo longo do pescoço, sua porção superior tem origem nos tubérculos do arco anterior do atlas, e sua inserção ocorre no tubérculo anterior dos processos transversos de C3 e C5. Sua porção oblíqua tem origem no tubérculo anterior dos processos transversos de C5 e C6, e sua inserção é única, ocorrendo no corpo vertebral de T1 até T3. É inervado pelos ramos de C2 a C7, e sua ação é a flexão do pescoço e inclinação homolateral. Vejamos o músculo esternocleidomastóideo, ou ECOM. Como o nome sugere, tem origem no processo mastoide e na linha nucal superior, com inserção na face anterior do manúbrio do esterno e borda anterior cerca de um terço medial na clavícula. Sua inervação ocorre pelos nervos que emergem de C2, C3, além do nervo acessório, 11º par de nervo craniano (apenas a parte espinhal). ATENÇÃO Para falar de ação, precisamos fazer algumas ressalvas. Se fixo superiormente, ou seja, no processo mastóideo, ao contrair-se, realiza função inspiratória, mas, se fixo inferiormente, no manúbrio do esterno e terço medial da clavícula, ao contrair-se de forma unilateral, gera flexão, inclinação homolateral e rotação com o rosto, girando para o lado oposto. Contudo, se essa contração for bilateral, ocorre a flexão da cabeça (Figura 55). MÚSCULO ESCALENO ANTERIOR O músculo escaleno anterior tem origem nos tubérculos anteriores dos processos transversos da 3ª à 6ª vértebras cervicais. Sua inserção é na face superior da 1ª costela, sendo inervado pelos ramos dos nervos cervicais inferiores. Ao contrair-se, realiza a ação de elevação da primeira costela e inclinação homolateral do pescoço. MÚSCULO ESCALENO MÉDIO O músculo escaleno médio tem origem nos tubérculos anteriores dos processos transversos da 2ª à 7ª vértebras cervicais, e sua inserção na face superior da 1ª costela. É inervado pelos ramos dos nervos cervicais inferiores e, ao ser ativado (ou contraído), eleva a primeira costela, além de inclinar o pescoço de forma homolateral. MÚSCULO ESCALENO POSTERIOR O músculo escaleno posterior tem origem nos tubérculos posteriores dos processos transversos da 5ª à 7ª vértebras cervicais. Sua inserção ocorre na borda superior da 2ª costela, sendo inervado pelos ramos anteriores dos três últimos nervos cervicais. Ao contrair-se, gera a elevação da segunda costela e inclinação homolateral do pescoço (Figura 55). O músculo levantador da escápula tem sua origem nas apófises transversas da primeira e segunda vértebras cervicais (atlas e áxis), tubérculos posteriores dos processos transversos de C3 e C4. Sua inserção ocorre no ângulo superior e bordo medial da escápula. Ao contrair-se, realiza a ação de elevar a escápula. Como seu nome indica, é inervado pelos nervos cervicais C3 e C4 e nervo escapular dorsal (Figura 55). Fonte: Mister_X/Shutterstock Músculo ECOM, escalenos e levantador da escápula (Figura 55). Em uma visão posterior, podemos observar outros músculos. Sei que você pensaria imediatamente no trapézio, e está certo. Então, vamos a ele! O músculo trapézio tem origem na linha nucal superior, no ligamento nucal e nos processos espinhosos da C7 a T12. Sua inserção ocorre na borda posterior da clavícula, acrômio e espinha da escápula; é inervado pelo nervo acessório, o 11º par de nervos cranianos, e pelo nervo do trapézio (C3 – C4). Para entender a ação, temos de dividi-la de acordo com o ponto de fixação, ou ponto fixo. Então, se fixo na coluna vertebral, ao contrair-se, realiza elevação do ombro, adução das escápulas, rotação superior das escápulas e depressão de ombro. Por outro lado, se fixo na escápula, ao contrair-se, inclina a cabeça de forma homolateral, além de rodar a cabeça de forma contralateral. Caso a contração seja bilateral, ocorre a extensão da cabeça (Figura 56). Fonte: Magic mine/Shutterstock Músculo trapézio (Figura 56). Abaixo do músculo trapézio, há os músculos profundos, que são estudados como parte integrante do dorso. Agora que vimos todo os músculos vinculados ao osso hioide, vamos analisar de forma prática sua função em conjuntos. Observe que os músculos supra-hióideos têm função estrutural de grande importância, pois são eles que formam o "assoalho" da boca. Esse "assoalho", porém, tem relevante papel funcional, pois é ele que realiza importantes funções, como também possui papel auxiliar na mastigação, na deglutição e na fala. É fácil entender que, por sua posição, podem erguer o osso hioide. Por outro lado, os músculos infra-hioideos exercem função de baixar o osso hioide, porém eles trabalham em sinergia com os supra-hioideos modulando suas ações. Assim, também agem de forma indireta sobre a deglutição, mas igualmente sobre os movimentos da laringe – estrutura predominantemente cartilaginosa, onde se encontram a epiglote e as pregas vocais. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANTO À LOCALIZAÇÃO E FUNÇÃO OS MÚSCULOS DO PESCOÇO EM VISÃO ANTERIOR, SÃO CLASSIFICADOS EM SUPRA E INFRA- HIÓIDEOS. DESSA FORMA, QUAL SERIA A FUNÇÃO DOS MÚSCULOS SUPRA-HIÓIDEOS? A) Estabilizar as vértebras por sua localização em posição oposta a elas, ou seja, vértebras são posteriores, e os músculos hióideos, anteriores. B) Agir diretamente nos grandes movimentos da cabeça. C) Fechar a boca, elevando a mandíbula. D) Em conjunto, esses músculos formam o assoalho da boca, auxiliando na deglutição, na mastigação e na fala. E) Elevar a escápula. 2. ANDRÉ ESTÁ SENTADO EM UMA CADEIRA NA CANTINA DA FACULDADE, REUNIDO COM SEUS AMIGOS. VITOR LHES CONTA UMA PIADA. ANDRÉ ARREGALA OS OLHOS, ERGUE AS SOBRANCELHAS E SOLTA UMA GRANDE E PROLONGADA GARGALHADA, ENQUANTO JAQUES APENAS SORRI COM O CANTO DA BOCA. PELA DESCRIÇÃO, QUAIS MÚSCULOS ANDRÉ E JAQUESATIVARAM NESTE EXEMPLO? A) André: orbicular do olho, occipitofrontal, masseter, elevador do ângulo da boca, zigomático maior e menor, elevador da asa do nariz e do ângulo da boca e bucinador. Jaques: risório. B) André: orbicular do olho, prócero, risório, elevador do ângulo da boca, zigomático maior e menor, elevador da asa do nariz e do ângulo da boca e bucinador. Jaques: risório. C) André: orbicular do olho, occipitofrontal, risório, elevador do ângulo da boca, zigomático maior e menor, elevador da asa do nariz e do ângulo da boca e bucinador. Jaques: risório. D) André: orbicular do olho, corrugador do supercílio, risório, elevador do ângulo da boca, zigomático maior e menor, elevador da asa do nariz e do ângulo da boca e bucinador. Jaques: risório. E) André: orbicular do nariz, corrugador do supercílio, risório, elevador do ângulo da boca, zigomático maior e menor, elevador da asa do nariz e do ângulo da boca e bucinador. Jaques: risório. GABARITO 1. Quanto à localização e função os músculos do pescoço em visão anterior, são classificados em supra e infra-hióideos. Dessa forma, qual seria a função dos músculos supra-hióideos? A alternativa "D " está correta. Pela origem e inserção desses músculos, eles podem ancorar e estabilizar os movimentos da deglutição, da mastigação e da fala. 2. André está sentado em uma cadeira na cantina da faculdade, reunido com seus amigos. Vitor lhes conta uma piada. André arregala os olhos, ergue as sobrancelhas e solta uma grande e prolongada gargalhada, enquanto Jaques apenas sorri com o canto da boca. Pela descrição, quais músculos André e Jaques ativaram neste exemplo? A alternativa "C " está correta. Acompanhe todos os músculos da letra C. Agora, veja que, na letra A, aparece masseter, que é o músculo da mastigação. Na letra B, aparece prócero, que aproxima as sobrancelhas, e não as eleva. Na letra D, aparece corrugador do supercílio, que é a expressão de desconfiança e descontentamento. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, estudamos muitos assuntos interessantes e pudemos observar os ossos em separado, mas também como eles se articulam entre si para gerar proteção; no caso, o crânio e a coluna cervical, que protegem o encéfalo e a medula espinal, respectivamente. Vimos ainda como as articulações permitem movimentos de grande importância, mas entendemos também que esses movimentos só são possíveis mediante a ação dos músculos. Em suma, percebemos a beleza e a complexidade fabulosa que é a máquina humana! Vimos os ossos do crânio e pescoço, como eles se localizam, as relações entre si (como articulam-se entre si). Foi possível entender essas articulações e suas diferenças, como também a diferença entre as suturas do crânio e a articulação temporomandibular. Além disso, foi possível compreender os mecanismos de estabilização dos segmentos estudados. Por fim, tivemos a oportunidade de estudar os músculos, sua relação anatômica com os ossos e as articulações por eles ultrapassadas, os movimentos realizados em resposta às suas ações/contrações, bem como os nervos que ativam esses músculos. Agora, lembre-se: para ter sucesso em sua profissão, você precisa entender e dominar esses conceitos, identificar a anatomia dessas estruturas para, então, agir de forma autônoma e responsável para o melhor proveito de todos. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS GILROY, A. N.; MACPHERSON, B. R.; ROSS, L. M. Atlas de Anatomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. EXPLORE+ O estudo da anatomia é fascinante e ao mesmo tempo extenso. Por isso, existe uma quantidade enorme de material para se estudar. Algumas boas fontes de pesquisa estão na Rede de Bibliotecas da Fiocruz, onde se encontra a Biblioteca de Anatomia e Fisiologia da Fiocruz, que compõe a rede (Biblioteca de Manguinhos), e pode ser de grande utilidade na complementação de seus estudos. CONTEUDISTA Elisaldo Mendes Cordeiro CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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