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Etiologia: A mastite é a inflamação da glândula mamaria, que se caracteriza por apresentar alterações patológicas no tecido glandular e uma série de modificações físico química no leite. A mastite pode ser subdividida em duas grandes categorias (contagiosa e ambiental), essa divisão é baseada na forma como essas vacas vão receber essa infecção e também nos agentes infecciosos envolvidos no processo Mastite contagiosa: É transmitida de vaca para vaca. EX: na hora da ordenha as teteiras da ordenhadeira ficam contaminadas, quando vem uma vaca sadia ser ordenhada e utiliza a mesma teteira, essa vaca sadia nesse momento adquire a infecção. Os principais microrganismo da mastite contagiosa são o Streptococcus Agalactiae, Staphylococcus Aureus Mycoplasma bovis e Corynebacterium sp. Mastite ambiental: São microrganismos presentes no ambiente. EX: assim que acabou a ordenha, os esfíncteres dos tetos estão abertos, se essas vacas deitam no chão, os microrganismos que estão presentes no ambiente se aproveitam desse fato dos esfíncteres do teto estar aberto e penetram no canal do teto. Os principais microrganismos envolvidos na mastite ambiental são Streptococcus uberis, Streptococcus bovis, Streptococcus dysgalactiae e os Enterococos, mas podemos ter outras causas de mastite, como mastite fúngica, mastite de origem viral e outros microrganismos ambientais que podem causar a mastite também. Epidemiologia: Se o animal estiver apresentando algum dos sinais clínicos chamamos de mastite clínica, se o animal não estiver apresentando sinais clínicos chamamos de mastite subclínica. Na maioria dos rebanhos temos uma porcentagem muito maior de mastite subclínica, cerca de 70% e apenas 30% dos animais vão apresentar a mastite clínica. A prevalência da mastite está relacionada, principalmente, ao manejo antes, durante e após a ordenha. Isso explica a importância da conscientização do ordenhador, dos procedimentos adequados de ordenha, incluindo as formas de ordenha corretas de higienização. Patogenia: Uma vez que esse microrganismo se instalou na glândula mamaria ele vai utilizar os componentes do leite para se nutrir e multiplicar, atingindo números bastante elevados. Inicialmente o microrganismo penetra no orifício do teto, se instala na glândula mamaria, onde se nutri do leite e se multiplica, ocasionando uma reação inflamatória, só que com o tempo ocorre a perda funcional desse quarto mamário, porque ele vai atrofiar e ser substituído por tecido fibroso, então esse teto não irá mais produzir leite. Sinais clínicos: Mastite clínica: quando as alterações são visíveis macroscopicamente. A vaca vai apresentar os sinais cardiais da inflamação, apresentando edema, o quarto mamário vai ficar edemaciado, aumentado de volume, hipertermia, endurecimento e dor na glândula mamaria, e/ou aparecimento de grumos, pus ou alterações das características do leite Mastite subclínica: quando as alterações não são visíveis a olho nu. Não apresenta alterações visíveis, o teto parece um teto normal, não está aumentado de volume, não está avermelhado, animal não sente dor, mas conseguimos detectar em alguns testes alterações no leite, tendo aumento na contagem de células somáticas, o aumento dos teores de CINA+, proteínas séricas e diminuição do percentual de caseína, gordura sólido total e lactose do leite. Mastite Clínica: pode ser dividida em 3 tipos diferentes. Casos superagudos: costumam estar associados aos grupos de bactérias que compõem o grupo de coliformes, como a Escherichia Coli. Nesse tipo observamos os sinais de inflamação bastante intensos, apresentando febre, hipotensão, dispneia, prostração e depressão Casos agudos: observa todos os sintomas observados nos casos superagudos, só que nesse os sintomas são mais discretos. Casos subagudos: Nesses casos muitas vezes nem chega a observar a sintomatologia sistema, mas encontramos grumos de leite, quando realizado o teste da caneca de fundo escuro, os outros sinais de inflamação costumam ser mais discretos, embora costumam ter algumas sensibilidade no úbere. Casos crônicos: Nesses casos o animal passa muito tempo (meses ou anos) com mastite, e isso acaba evoluindo muitas vezes em fibrose, podendo apresentar até fistulas no úbere. Geralmente animais com casos crônicos são abatidos, pois são fontes constantes de infecção para o rebanho. Mastite gangrenosa: Esse tipo é o pior de todos, o quarto mamário afetado fica frio, azulado, escurecido, chegando até perder a sensibilidade, havendo gotejamento de leite, e leite com presença de sangue. (Nesse caso o quarto mamário chega a perder) Diagnostico: O diagnóstico da mastite clinica é realizado através do exame físico e pelo teste da caneca de fundo escuro Na mastite subclínica não conseguimos diagnosticar através do exame físico, utilizamos alguns testes no leite como CMT, e a contagem de células somáticas Teste da caneca de fundo escuro: O exame do leite inicia olhando-se uma amostra de cada unidade num recipiente com o fundo escuro. O aspecto do leite é então avaliado quanto a coloração, presença de grumos, pus e sangue. CMT - California mastits test: É um teste para qual utilizamos uma raquete, essa raquete possui quatro orifícios, em cada um desses orifícios despejamos 2,5 ml de leite de cada um dos quartos mamários, feito isso adicionamos 2,5 ml de solução CMT (solução de coloração arroxeada), depois homogeniza por 1 minuto e assim faz a leitura desses resultados, quanto mais coagulado estiver, indica que mais inflamação eu tenho nesse quarto mamário. Tratamento: A administração de antibióticos pela via intra- mamaria é um método frequente de tratar a mastite bovina. Durante o tratamento na lactação, o medicamento ideal a ser usado por via intra- mamaria deve: Causar mínima irritação a glândula, ter concentração inibitória mínima, baixo grau de ligação com o leite e tecidos glandulares, quimicamente se apresentar pouco ionizado, ser lipossolúvel, ser de liberação rápida após a aplicação e apresentar baixa persistência veículo aquoso oleoso. Muitas vezes pode ter a necessidade de associar o tratamento por via sistêmica, se a vaca está tendo uma mastite subclínica, muitas vezes o tratamento tópico intra-mamário pode ser suficiente, mas se apresentar uma mastite clinica aguda, o tratamento intra-mamario não é o suficiente tendo que associar com o tratamento sistêmico. Podemos associar por exemplo uma enrofloxacina por via sistêmica e uma gentamicina ou cefoperazona por via intra- mamaria. O número de dias de tratamento de mastite clinica com antimicrobiano sistêmico, e ou intramamários não deve ultrapassar a cinco dias. Controle: Ter uma rotina higiênica de ordenha, focando na desinfecção dos tetos após a ordenha, funcionamento adequado dos equipamentos de ordenha, terapia de vaca seca em todos os quartos mamários, Segregação e/ou linha de ordenha – ordenhar por último as vacas com mastite, tratamento de casos clínicos e alguns subclínicos, descarte de animais com infecção crônica, melhoria do “status” imunológico dos animais via redução de stress, suplementação adequada de vitaminas e minerais ou mesmo vacinações. Pós-Dipping: A imersão dos tetos com produto germicida logo a ordenha é fundamental para evitar que microrganismos contagiosos como o S. aureus se instalem na superfície dos tetos ou no canal do teto. Portanto, toda a superfície dos tetos deve ser coberta pelo produto a fim de reduzir a população de S. aureus no rebanho e, por consequência, reduzir a ocorrência de novas infecções. Segregação/linha de ordenha: Identificar os animais infectados e ordenha-los após os animais sadios é fundamentalpara o controle do S. aureus. A glândula mamaria infectada é o principal reservatório desse agente no sistema e sua disseminação ocorre no momento da ordenha. Portanto, separar os animais doentes para o final da ordenha evitar a ocorrência de novas infecções. Perdas econômicas: A mastite leva a perdas elevadas por descarte do leite, causando grandes prejuízos para os produtores, pois o leite está contaminado e impossibilitado para o consumo tanto do leite propriamente dito como os derivados, isso represente um risco a saúde pública em decorrência dos patógenos e das toxinas que são eliminadas, essas são produzidas pelos microrganismos do leite, tendo um período em que as vacas estão em tratamento o leite também não poderá ser consumido pois os antibióticos usados para o tratamento alteram a composição do leite ou exigem período de carência. Falando ainda de perdas econômicas temos uma diminuição na produção e na qualidade do leite, elevação dos custos com mão de obra, medicamentos e serviços veterinários, e ainda com o descarte desses animais que podem apresentar uma mastite crônica.
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