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BARBOT_Janine_conduzir_entrevista_face_a_faece_2015

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A PESQUISA SOCIOLÓGICA
Serge Paugam
(coord.)
EDITORA
V VOZES
COI.VCAO SOCIOLOGIA
Coordemxlor. Brasílio Sallum Jc Universidade de São Paulo
Comissão editorial:
Gahncl Cohn — Universidade de São 
Paulo
Irlvs Barretra — U'nnvrsidade Federal do Ceará
Ricardo Ramalho — Universidade Federal do Rio de Janeiro
Marcelo Ridenti — Universidade Estadual de Campinas
Ota» io Dulci - U'nnvrsidade Federal de Minas Gerais
- A educacào moral
Emilc Durkhcim
- A Pcsqutsa Qualitativa — Enfoques cpistcmológicos c pnctodológicos
WAA
- Soctülogia ambicntal
John Hannigan
O poder cm movimento — Movimentos sociais c confronto político
Sidney Tarrow
- Quatro tradiçócs sociológicas
Randall Collins
- Introduçào d Teoria dos Sistemas
Niklas Luhmann
- Sociologia clássica — Marx, Durkheim c Webcr
Carlos Eduardo Sell
- O senso prático
Pierre Bourdieu
- Comportamento an lugares públicos — Notas sobre a organização social dos ajuntamentos
Erving Goffman
-A estrutura da ação social — Vols. I c II
Talcott Parsons
- Ritual dc interaçào — Ensaios sobrc o comportamento face afacc
Erving Goffman
- A negociação da intimidade
Viviana A. Zelizer
- Sobre enomenologia e relações sociais
Alfred chutz
- Os quadros da a-pcriCncia social — Uma perspectiva dc análise
Erving Goffman
- Democracia
Charles Tilly
- A representação do Eu na vida cotidiana
Erving Goffman
- Sociologia da Comunicação — Teoria c ideologia
Gabriel Cohn
- A pesquisa sociológica
Serge Paugam (coord.)
- Sentido da dialética — Marx: lógica c política — Tomo I
Ruy Fausto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
A pesquisa sociológica / Serge Paugam, (coordenador) ;
tradução de Francisco Morás. — Petrópolis, RJ
Vozes, 2015. — (Coleção Sociologia)
Título original: L'enquête sociologique
Bibliografia
ISBN 978-85-326-4918-8
l. Pesquisa sociológica — Metodologia 2. Sociologia
I. Paugam, Serge. II. Série.
14-11963 CDD-300.72
Indices para catálogo sistemático:
1. Pesquisa sociológica : Sociologia 300.72
6
Conduzir uma entrevista de face a face
Janine Barbot
A pesquisa por entrevista C rnodo dc investigação cujo enunciado en_
contra (lilicul(ladcs específicas. Pelo fato dc ter-se largamente expandido em
titila (liwtsidadc de abordagens sociológicas, hoje a entrevista não parece mais
distintiva de tuna corrente de pesquisa particular. Seus usos se multiplicaram 
e
cm urn boni numero dc pesquisas, a entrevista tornou-se uma referência padrão
suposta a prestar contas de modalidades de coleta dos materiais que, de fato
tnosttarn-se muito heterogéneos. É difícil, no quadro limitado de um capítulo
apresentar a diversidade dos usos da entrevista e esclarecer os debates parti_
culartncnte vivos suscitados37. Trata-se especialmente de propor uma maneira
dc construir uma postura dc pesquisador na entrevista de face a face, tornando
explícitas as consideraçóes teóricas que sustentam esta postura, e de explorar
suas consequências práticas.
A postura do pcsquisador c a dupla "filiação" da entrevista
A postura do pesquisador na entrevista de face a face foi frequentemente
abordada cm referência a uma dupla "filiação". A da i)sicologia clínica, primei_
rarnentc, com os princípios do clicnt-ccntewd-intenruew, formulados por Carl
Rogcrs 3B. Rompendo com a prática do interrogatório clínico que visa a recen-
scarjunto ao paciente os dados julgados necessários ao estabelecimento de um
37. Várias obras oferecem sobre este ponto recursos importantes, notadamente DEMAZIÊRES, D
& DUBAR, C. Analyscr ICS cnttetiens biographiqucs. Paris: Nathan, 1997. Por outro lado, o estudo
das rcaçOes concernindo a obra coletiva dirigida por Pierre Bourdieu (La misere du monde. Paris:
LC Seuil, 1993 [Petrópolis: Vozes, 9. ed., 20121 dá um apanhado das implicações teóricas quanto
ao uso da entrevista.
38. A referencia a Carl Rogers impôs-se após a publicação, na AmeñcanJournal ofSociology, de
seu artigo intitulado "The nondirective method as a technique for social research", vol. 50, n. 4,
1945, p. 279-283.
102
diagnóstico, tratava-se doravante. para o terapeuta. de construir as condições
mais ajustadas a fim dc tornar o pacicntc ativo na exploração dos problemas
dos quais CIC cra acometido. É construindo um "espelho vcrbal", manifestando
a pacicntc uma atcnçào positiva c incondicional, provando empatia, que o
I crapcuta dcvc permitir-lhe o acesso "à sua própria verdade". A referencia aos
principios da entrevista rogcrianos contribuiu para equipar utilmente a postura
do entrevistador. No entanto, é comparanclo os dois tipos dc entrevistas que
as facetas, bem particulares, da entrevista sociológica aparecem. Enquanto a
relação terapêutica é iniciada a pedido do paciente, na pesquisa sociológica é
o pesquisador que provoca o encontro. Assim procedendo, ele deve preparar
vcrdadeiras estratégias dc interesse, notadamente para obter o consentimento
do entrevistado. O pesquisador deve igualmente construir o quadro dc um en-
contro que, como ainda o veremos, não tem nada de análogo com o dispositivo
colocado ao redor do gabinete médico do terapeuta. Contrariamente ao esque-
ma da cura, a entrevista sociológica se inscreve, aliás, em uma gestão do tempo
limitado, e o pesquisador deverá organizar, o mais frequentemente no espaço de
um único encontro, a coleta de um material denso. Ele será confrontado com
uma tensão maior entre deixar o entrevistado explorar à sua guisa o tema que
lhe é proposto e tornar a enquadrá-lo, se ele parece afastar-se demasiadamente
do tema. Pois a entrevista sociológica não persegue uma finalidade terapêutica,
mas um objetivo de pesquisa determinado. E para tanto o entrevistador deverá
estar equipado de instrumel}os específicos.
A postura do pesquisador tem igualmente sido abordada em referência
a uma segunda filiação da entrevista: a das grandes pesquisas sociais que,
no final do século XIX, se declicaram, na Europa e nos Estados Unidos, às
condições de vida dos pobres citadinos. Rompendo com a tradição do inter-
rogatório social pelo qual o observador "visitava" os pobres em companhia
de um representante da ordem, a fim de avaliar suas condições de higiene e
suas práticas educativas, a pesquisa social deslocou-se na direção das formas
de interrogação mais abertas. O consentimento dos pesquisados impôs-se, lá
onde a coerção reinava. E concedendo aos pesquisados um papel mais ativo
na definição do sentido que eles davam às suas práticas, a entrevista surgiu
como um instrumento mais ajustado que o interrogatório para obter informa-
çóes não falsificadas. Mas a pesquisa social permaneceu longamente ancorada
numa perspectiva bastante descritiva e os princípios da entrevista sociológica
foram pouco formalizados, inclusive pela primeira Escola de Chicago que fez
deles um uso intensivo 39
39. Estas evoluções foram analisadas notadamente na obra recente de Daniel Cefai: L'enquete de
terrain. Paris: La Découverte, 2003.
103
A 'Io 
na
os da ( 
1 v (lites 
lornutlar os (Ia o
volverethlu:l
ao tacioctnio hipotet ico-dedutivo segundo o 
se 
qual
ti 
se clescnsolxv por etapas sucessivas 
(tortutllaçào dc hipóteses
das cle ajustarnentos constantes entre a [ortnulaçào das hipóteses dea elaboracào das categorias conceituais, a analise e a actunulaçào
dos dados oriundos do catnpo de pesquisa. Para os defensores
e definir a o nutnero e as características 
da 
dos
postura
a (Iniostragcnt 
teóliCQ
escolha das pessoas a entrevistar, o pesquisador não está
no sentido estatístico; ele busca antes identificar e
ta,las que lhe pertnitir arquitetar quadro teórico, Nesta ótica, a
elementos pertinentes à análise. A pesquisa para, ao ponto de saturaçàô
um 
conjunto 
de
os dados novos nào parecem tilais inflectir o quadro teorico quau
elaborado. Seguindo estes desenvolvimentos, doravante o pesquisador)
progressivamente
odmapoiar-se em um conjunto dc princípios suscetiveis de orientar suas
Falta, no entanto, dotar este pesquisador de instrumentos que lhe permitirào
abordar concretamente seu campo dc pesquisae conduzir suas entrevistas.
ta-se então de evitar um duplo perigo.
A postura do pesquisador: evitar uni duplo perigo
Urge evitar, de um lado, o Inctodologisnao que, frequentemente guiado peia
preocupação dc neutralizar as obliquidades ligadas ao contexto de enunciaçào
e à posição do pesquisador41 levar à prescrição de práticas dificilmente com.
patíveis com este modo de investigação. Planificar estritamente o quadro de
um encontro, montar o caderno dc encargos dos temas a escolher, focalizar-se
na matriz técnica de cada urna de suas intervenções revela-se contraproducen•
te quando o pesquisador deve empenhar-se tornar o pesquisado ativo ea
undador" de Anselm Strauss e Barncy Glaser: TliC Discovery of Gloundcd Theory - 
Strategies
ualitative Research. Chicago: Aldine, 1907.
Esta preocupaoio corn a neutralizaçao das obliquidades foi ptospectada, 
notadamente,
n Poupart ("Discours ct debats autour dc Ia scientificité des entretiens de 
recherche".
ocietes, vol. 25, n, 2, 19(h3, p. 93-110) e Loic Blondiaux ("L'invention des 
sondages d'opimon
'Cricnces critiques et interrogations methodologiques ( 1935-1950)". Rcvuc 
Francaisc dc
tique, vol. 41, n. 6, 1941, p. 756-780).
progrcsslvamentc as perspectivas emergentes. Por outro lado trata-se,
da critica ao ructodologismo, de evitar enclausurar o discurso sobre
a cntrcvista cm uma pcrspcctiva relacional c experiencial na qual o pcsquisador
calejado, evocando a irredutibilidade das condições do campo c a natureza es-
dc cada objcto dc pesquisa, simplcsmcnte ernpenha-se cm dispensar aos
noviços conselhos, baseados em uma prática sempre considerada singular. As
formas de generalização sc limitam então cm afirmar a primazia das qualidades
u manas" do pesquisador nas interaçóes do face a face e em acentuar a expe-
néncia dc campo como o único modo de aquisição de uma habilidade (savoir-
_fai,c) toda pessoal. Abordaremos a postura do pesquisador como um conjunto
estável e cocrcnte de instrumentos e de práticas mobilizáveis para cada pesqui-
sa: da definição do quadro da entrevista à sua preparação e ao seu desenrolar.
Ajustar e negociar: a definição do quadro da entrevista
Apresentar-se e apresentar seu objeto de estudo, conseguir o consentimento
do pesquisado ou fixar o lugar e o momento do encontro: nos diferentes está-
gios da pesquisa por entrevista, a linguagem do ajustamento e a linguagem da
negociação progressivamente se impuseram na qualificação da postura do pes-
quisador. Examinemos algumas destas operações.
Apresentar sua postura e tornar seu objeto dc estudo apresentável
A maneira de apresentar-se depende das modalidades de contato com os
pesquisados. Estas podem ser muito diversas. Podemos distinguir os contatos
feitos, notadamente, quando o pesquisador e o pesquisado compartilham um
determinado grau de proximidade. Esta proximidade é vinculada, por exemplo,
ao fato de eles se encontrarem em lugares que constituem, para o pesquisador,
locais de observações etnográficas. Neste quadro, a entrevista se inscreve em
uma dinâmica particular, em continuidade de uma copresença42. Abordaremos
aqui a situação na qual o contato é feito, ao contrário, com um grau de distância
importante entre pesquisador e pesquisado: quando, por exemplo, o pesquisa-
dor tenta marcar um encontro, por telefone, com uma pessoa da qual ele é até
então totalmente desconhecido e sem poder prevalecer-se de qualquer vínculo.
Alguns manuais tentaram montar o caderno dos encargos que o pesquisador
deveria então preencher para fornecer ao pesquisado todas as informações re-
queridas a fim de obter seu acordo para um encontro:
Bom dia! Eu me chamo... Sou estudante de... Trabalho sobre... Gosta-
ria de falar-lhe de... Obviamente, a entrevista será confidencial... Seu
nome não será... A entrevista deve durar em torno de... Ela será grava-
da, mas você pode... Você aceitaria...?
42. Reenviamos aqui à obra de Stéphane Beaud e Florence Weber: Guide de l'cnquête de terrain.
Paris: La Découverte, 2003.
105
にいはいいい、、
~き ′ 第れ・、いド 、い、、れハ、れ、u、、ド議、、第いい朝、朝
3いⅡい献
、に、い3い、第、町3 ド広いいⅲ、い、山いト沁い0いい、い、ⅲ、い、いトい、いトいⅱ眠ト
ドい、いトⅡい、い討、ドい、い 、ド、にM 、い、、ⅲリ、いい山、、、、、、、いⅲ、い、qいぐいド、、
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、 い、、いヨい ⅲいⅲ、い、い 小、い、い
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、、、川3 川 い 、は( 1 いいれ物自いⅲ Ⅲ、い、ドⅢい い、 、、、、、、、い卩00い、い
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n;io mııito prccipilaçl',iüjjcnlc cncorjırwş.c dianlc dc uma re-
cl;i p;ırlC (10 Iğmbcjl%j cxisl;jlül niio cnganam (quand(l
(Icslig;l o Iclc[onc na cara, 011 pöç o pcscıujiqador porta afora), o mais
os pcqcpıis;ıdos mais cıc rccııscl qııc rccusas
o lom pcrınanccc cordi',ıl, diamc dc um "cu Illio acrcdjUo
poclcr Ihc jıporı;ır 711191Ji171 coisa" "111do isç.() n;io serve pra nada", "ç) que me
E vınv,l proposl;j de rccvısa confiımıw, c o pcsquis;ıclor 11710 conseguir
cxcrccr um papel ativo çotifjrrnaç;io? Vale Icmbr;ır cıvıc. cın sua propost;ı
0 pcsquisaclo frcqtlclllcnıcntc fornccc clcmcnt(j" de informaçöcs que
j'compctûnci;i para (alar de. qııc mclhor "(lirigir-sc (tal sindic;ıto, tal
lal pcrilo), lFslcs cnunciados podcın ser [acilrncntc contrariados, O
pcsqııisaclor çlcvc Icnt;w ct11;İo convcnccr o pcsqııişd(lo: "C) que me intercssa
rcalnıcnıc salıcr conıo nıedicos vivcm coıidıanamcntc em um hospital",
vida cotidiana das pessoas no hospıtal quc ınc inıcrcssa..." ctç. O pcsquiqador
faz comprccndcr quc cıc n.io kilııa as "cotnpcICncıas- cm uma cscala so-
011 uma altcrnatıva cntrc os que sabcm c os que sabern, mas que o
pcsquisado Ilıspöc. para dızc-lo naturalmcntc, do Itpo dc coınpctencjas requeri-
cnltrvista, o pcsquısador scınprc acaba dısporıdo de rnatcrıa para rrıelhor
conıprecndcr il rccusa do pcsquısado. Por isso cıc n,io devc sentjr-sc petri[ıcado
pnori diante da ıncoıtırnitncıa de dcvcr ınsisıır: a cmrcvısta sociolögıca
o pesquişJdor podcra prcctsar ınclhor sua naturcza. Alihs, as propostas de recu-
oulros casos, diamc de um pcsquısado rctıccntc e que nJo "drspöc de tempo",
frcqucnlcmcnıc insıstındo que o pcsquısador lesturd ccrtas qualidades que
acabJ111 tornando-se dccisıvas aos olhos do pesquısado (convıcç,io, tcnacıdade,
cngajanıcnto). Entâo, insistir ou nâo insıstır? A nao jnststencia rjâo deve mas-
carar, a ptrtcxto de rcspcito, a condesccnderıcia social ou a falla de habilidade
do pcsquisador. A insistencıa igualmente nunca deve servır-se, a pretexto de
c-xplicitaçdo, da moralizaçdo do pesquısado ou das estrategias de intimidaçâo.
Negociar o quculvo do cncontro
Uma vez a entrevisıa aceıta, o pcsquisadorv outorgando, por principio, ao
pcsquısado, a liberdJde de fixar o quadro do encontro, o orienta de modo fle-
Murtcl Darınon cstabelcceu um vınculo emre a recusa de enırevısta de um
e a manejra com a qual o segmento da pstquuıru. represenudo peio pesqu»ado. abor& o
da sıx•jologıa no sobre a doença mental ( -Le psychutre. le socwiogue et b
analy.e d'un rrius de Icrrun-. n. 58, XX", p 98-112)
ele
.,q-..; F. que d*rncvs ao
no
que estabelecer entre oc, 
recolhidos 
EstesnotAdamcntc no domínio da, m mancha. frequentemente Cita
a produçio cl'€,curstva da c nança%
do, 
abordou
pstcolo
araso foram (bsid)das em três
e 
entrevistadasUdO
essegrupos 
t--stn;o, cm três espaços escolares diferentes:
mcdvo c no pano dc recreaçào. O mesmo
pesquisador 
r•
na sala 
lhes 
de 
tinha
aula.que íalaqv-m dc sua rclaçào com a escola, empregando 
formais c os mesmos estímulos. Os resulta
I
gorosamente
tanto na quantidade das falas recolhidas quanto 
mostraram 
nos di.
dos 
ente Cita a 
demonstraçàododo tnotncnto da entrevista sobre as conversas recolhidas. Para ae trabalhar na obscssao das obliquidades; uma situação de pesquisao tncsrno objetivo que um protocolo experimental visando ao impacto dc um [ator pela tcntativa de neutralização dos que participamna dcítngào da SitUaçao, No entanto, o pesquisador não pocle fazer economiade uma tcflcxAo, a partir de seu objcto dc estudo singular, sobre o conjunto deque pesarn sobre o ato dc assumir a palavra do pesquisado ou favores«ctna enunciaçao e sobre as condiçócs materiais e morais do encontr046
iat 0 al da entrevista: como tomar-se "convidado"
'ma vez dclgmjtas suas preferências, como o entrevistador poderia negociar
o quadro do encontro? Inúmeros sio os entrevistadores iniciantes que realizam
enues em cales Indicados pelos entrevistados, por não terem sabido nego.
outros locos. Fazendo das tripas coração, eles veem no café um lugar ins-
taurando em st urna [atmliaridade propícia ao desbloqueio das falas. Esta expec•
tansa se tesela frequenternente decepcionante: o lugar mostra-se barulhento, as
4', Pesquisa Cilada na obra de referencia de Alain Blanchet e Anne Gotman: Cenquete et ses
renueuen. Pans: Nathan, 1992, p. ó3-ó•} [Colleclion 128"1.
40. Machacl Pollak analisa assim o que o levou a entrevistar pessoas, fugidas dos campos de
concentraçao, em um hotel pansiense, antes que no domicilio delas ou em seu escritório 
da
Lcole des Hautes Ê:lude» en Sctences Sociales ("La gestion de l'indicible", Actes de Ia 
Recherche 01
Sat•nces Socialrs, n. 02-63, 1986, p. 30-53).
aq entrevistas curtas c «uperficiais, a gravacào eventual
qu,ilicladc tncdiocrc. ror estas razoes, o pesquisador não dcvc permanecer
quando o entrevistado dircciona a escolha para urn lugar quc não lhc
por exctnplo, este intercambio com um entrevistado que,
o princtpio da revista, coloca-«c de bom grado "à disposição" do
cntrcvistador:
lintrcvistado: "Onde você (Ic«eja fazer isso?"
lintrcvtstador: "Diga-me o que melhor lhe convém.
lintvcvistado: "Eu poderia vir ao seu escritório?"
Entrevistador: "Se assinn o preferir... , mas eu também posso me deslocan
para local onde ficaríamos mais à vontade".
podcriatnos entender, aqui, que a preferência do entrevistador sc encami-
nha na dircçao dc um encontro na casa do entrevistado. Talvez o entrevistador
disponha dc um escritório, ou o divida com outros colegas. Ou talvez es-
que, considerando o teor da pesquisa, seu escritório não seja o local mais
propício para realizar uma entrevista: ali o entrevistado pode não sentir-se à
vontade ao evocar aspectos íntimos de sua vida, sentir-se intimidado pelo local
ou, ao contrário, interpelado pela pobreza da decoração e pela desordem que ali
reina. O entrevistador, além disso, pode julgar que seria interessante, para sua
pesquisa, obscrvar o quadro de vida do entrevistado. Ao invés de propor-lhe de
cara o desejo dc ir à sua casa, no entanto, o entrevistador pode oferecer ao entre-
vistado um conjunto de elementos que o levarão naturalmente — se ele o desejar
e sc tiver a possibilidade — a ele mesmo fazer-lhe esta proposta. O entrevistador
faria cntào figura de convidado, antes que de intruso. Neste exemplo, nota-se
igualmente que ao indicar suas preferências, o entrevistador não as justifica por
conveniências pessoais, mas pelas qualidades esperadas da relação ("ficaríamos
mais à vontade"). Assim, negociando o quadro do encontro, o entrevistador
continua definindo a natureza particular da relação que pretende estabelecer
com o entrevistado.
Negociar a duração da entrevista: exemplo de um entrevistado sobrecarregado
Em inúmeros casos, o ponto mais sensível da negociação diz respeito àdu-
ração da entrevista. Assim, por exemplo, em minha pesquisa sobre a judiciari-
zaçáo dos serviços de saúde, os médicos hospitalares eram encontrados em seu
local de trabalho. Após aceitar, sem entusiasmo, o princípio da entrevista, um
médico, chefe de serviço, propôs que eu entrasse em contato com sua secretária,
à qual ele passaria as instruções necessárias:
Entrevistado: "De quanto tempo você precisa?"
109
Entrevistador: "Isso 
dcpcndc de você... 
C verdade que isso pode levar
po... gcralmcntc, 
com seus colegas, 
isso nunca durou menos que uma h
às vczes até mais... 
mas isso depende 
realmente de você"
Entrevistado: "Ora (?!). 
Então pedirei à minha 
secretária que encontre 
u
'janela', no final da 
manha... ou, antes, 
pelas 20 horas... se você ainda
lha... às 20 horas?"
Entrevistador: "20 horas, 
sem dúvida é melhor... estaremos mais vonta_
de... 20 horas ou até 
mesmo mais tarde... 
para mim está ótimo"
E evidente que a questão 
"De quanto tempo você 
precisa?" não indica, aqui
uma grande disponibilidade 
do entrevistado. Para tanto, 
teria o entrevistador
teresse de minimizar o tempo 
da entrevista com o risco de ser dispensado após
alguns minutos? Definindo o 
tempo como ajustável à disponibilidade do entre.
vistado, o entrevistador evoca 
claramente a duração da entrevista. Ele não a evoca
como uma coerção imposta do 
exterior, mas enquanto experiência vivida com
outro entrevistado de mesma condição. 
Ele coloca em epígrafe o interesse
do à sua pesquisa por colegas supostamente 
ocupados em igual medida que seu
novo entrevistado. Por outro lado, 
propondo a "janela" das 20 horas, o médico
parecia desafiar o sociólogo ao inscrevê-lo numa 
perspectiva, frequentemente en-
contrada em ambiente médico, que, de um lado, opõe os médicos que "não
hora marcada para encerrar o expediente" e, de outro, a equipe administrativa
extremamente exigida, mas cujo engajamento permanece circunscrito aos horá-
rios de abertura e fechamento dos escritórios. Neste caso, a escolha desta "janela"
reenviava à preocupação de responder ao desafio feito pelo entrevistado.
Preparar a entrevista, preparar-se para a entrevista
Preparar a entrevista, no caso da postura indutiva, é construir instrumen
tos que integrarão, ao longo de toda a pesquisa, as perspectivas oriundas d
campo pesquisado e a elaboração progressiva do quadro de análise. Preparar
entrevista é também construir instrumentos de pesquisa que sejam válidos pa
qualquer entrevistado (ou para o maior número dentre eles), e considerar ae
L
trevisca com "aquele entrevistado lá" (entrevistado singularizável).
A grade de entrevista: um instrumento híbrido e evolutivo
Os manuais de metodologia se posicionaram a favor ou contra o uso de
grade ou de um guia de entrevista. Os promotores da grade encontraram
uma maneira de explicitar os procedimentos de coleta de informações e de
tar assim a cientificidade da postura qualitativa — apresentando-a então
frequentemente como um instrumento relativamente estático. Os detratofl
grade preveniram o pesquisador contra os perigos de sua utilização: esta 
co'
110
tnctcJental
Ft.' nao e
Ias. se ha (Io tona r io
tens aos c ntrcx Iscados. Ia
, \ entrevista e tns(rutncnto hlhrt(l'i
qual tila (lifercntcs Estas n.io s«io (ormttladas
sct aplic aclas ao entrevistado. A grade dc en-
C um InstiAtrncnto no qual algumas qttcstóes presctltcs
(Ia progrvsslvamente relegadas. enquanto que outras
a incorporar-sc-ao. Assitn, c importante guardar na rncrnorta
c sA*luçocs da grade, enquanto constituem os rast ros dos avanços
da pcsqtnsa, Uni botu nunncro dc pequenos deslocamentos, no
coni isso invalidar a cientificidade da postura. Ja-
'pwstar contas" da pesquisa por entrevista, como na abordagem
dc dados: a grade dc enlwvista acompanha a exploração progressiva dc
«atupo de pesquisa c integra sinulltaneanncntc os conhecimentos que dele
Box
t cxctnplo
pesquisa realizei cotu Nicolas Doclicr, cm torno da rcparaçào dos dramas
sanita'Aos. a g!acle de entrevista — destinada aos pais de crianças tratadas pelo hor-
tnonio de crcscltncnto est rativo nos anos dc 1980 1 — foi progressivamente elaborada
sob urna fornia essenciahnentc tcnvática. No ternno da pesquisa, ela apresentava um
conjunto de (etnas: a relacào do pesquisado cotu as "associaçóes", com os "médicos",
as 'nudias", COIAI os "riscos" de contanninaçào, com o "processo e a açào judiciá-
t Kl" cotn a "indcnizacào' , notadamente. Cada um destes ternas era equipado de dois
tipos de questóes. cle pesquisa, inicialtncnte, que sáo tentativas sucessivas de
lortntll;wao das apostas sociológicas girando em torno do tema. Trata-se de questóes
do pesquisador, lortnuladas em urna linguagem que lhe é própria. Questões praticas,
seguida, que visanl a traduzir cada terna na experiência concretadas pessoas.
Certos (etnas sido identificados e parte explorados antes da realização das
pritnciras enttcvistas. li o caso do tetna associações". Inspirado em meus trabalhos
bre a alçada do engajanncnto nu litante, sobre as formas de solidariedade presentes etc.
Ele recenseou igualinente questóes praticas: O pesquisado conhecia as associaçOes?
Quais? Quando? Onde? Conuo cle tinha sido colocado contato corn elas? Estas
questóes nào tinlvatn sido pensadas C01110 "devendo" ser postas aos pesquisados, mas
penencia das pessoas. Outros ternas loram sendo acrescentados progressivamente.
o caso da relaçao dos pais dc crianças falecidas pela doença de Creutzfeldt-Jakob
111
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114
O entrevistador às vezes anota ideias, oriundas de operações cle
Vilna linguagenl sociológica ainda não estabilizada ncm validada.
apreende dc maneira incompleta os termos usaclos pelo entrevista-
poder inscrevê-los precisamente cm um contexto de enunciação, cm um
encadeamento específico do discurso do entrevistado, cuja pertinência talvez
apenas no linal da análise, IEnfim, as simples anotações tornam impossível
ao material bruto: este está irremediavelmente perdido. O trabalho
dc selccao, a» opcraçócs de traduçócs efetuadas mostram-se então ineversívcis.
IE o entrcvistaclor guarda frequentemente a lembrança confusa das conversas
por tal ou tal entrevistaclo, malcompreencliclo no momento, ou julgadas
interessantes, que ele "deixou escapulir", mas que ele teria, ao longo da
entrevista, clcseiaclo questionar novanncnte. A gravação da entrevista constitui,
um ponto de apoio essencial na análise dos materiais recolhidos e na
concluçao cla enl revista. Desde as primeiras entrevistas, as retranscriçóes são
para avaliar a pertinência da grade e enriquecê-la. Elas constituem igual-
instrumento para o sociólogo, em período dc formação e mesmo para
alem dele, para avaliar e melhorar suas práticas.
Int tocluzir 11 In objcto na situação
A int rocluçao dc material de gravação suscita às vezes mais inquietação
ao entrevistador que ao entrevistado. O entrevistador se inquieta quando dota
o material de gravação de urna capacidade de desvelar o caráter artificial da
situaçào, dc tornar visível a assinnetria da relação, de alterar a relação de con-
fiança clo entrevistado, de conlprometcr sua capacidade de entrar numa relação
de confidencia, Ele se inquieta igualmente quando, conhecenclo a importância
da gravacao, ele mesmo sobrevaloriza a presença do material, verificando às ve-
zes repetidanncntc ao longo da pesquisa que "tudo se encaminha perfeitamente
bem", A presença do material deve frequentemente ser desdramatizada simulta-
neatuente para o entrevistado c para o entrevistador. Urge dotar este material de
scnticlo que permita introduzir sua presença e geri-la da melhor forma. Tra-
ao mesmo tempo, dc obter o consentimento do entrevistado, lembrando
as garantias de anoninnato c cle confiabilidade da pesquisa, mas também expli-
cando clarannente e positivamente a função do gravador na relação da pesquisa.
O gravador pode scr apresentado por aquilo que ele é: um "auxílio-memória"
instrunncnto que nao tem por vocaçào ser "ouvido por outros" (tcrccims
potencialmente ameaçadores), mas que encarna a vontade do entrevistador de
estar realincntc à escuta do entrevistado. O gravador não deve ser simplesmente
aceito pelo entrevistado porque o entrevistador enuncia garantias contra seus
usos abusivos, tuas porque ele entende o sentido de sua presença, no seio de
dispositivo de alençào distribuída: "IÉ importante, para mim, porque assim
ec,cutá-lo Inclhor, e isso nos deixa mais à vontade."
115
1101' as lalhac técnicas (Io tualerilll -Stas
tuclli0i' o que o ent t•cvistaclo lilla, A anotaçâo
anota
é nt ividade intensiva
gravaç;io
concebido, fazendo parte do disposi
de escrita. 
(El
(li5t As anotaçóes dcst a servir dc pontos de
tivo de 
atençaApoio 
ao 
entrevis
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que lheseguil' o Ito condutor (Ic tuna na l't•açào conul)lexa e apontar 
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o ent por ao interromper
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aou quando 0 se afasta(Io alguns casos, as
por si mesmo, 
acaba
havia petvebi(lo obscura, casos, as relerencias precisam
da dinatnica da ent revista e da gestáo às vezes apertada
A entrevbàtli viii< de realizar-se
entwvista é interacà() %ocial na (Itial, cotno etn qualquer outraraçao social, entra etn cena tun conjunto de cletucntos heteróclitos SUscetfveisde orientar seti (itnprcvi<tos, incidente< etc.), Os desenvolvimentos quesegueill incidirÀ() somente sobre a exploraçao da "caixa de ferramentas" que oent revistador gerallncntc é levado utili ' — na dupla ótica de seguir o entrevis.Icl(lO, (e por que nào?), de pelá-lo.
patil seguir o entrcvi»tado
A eqcttta ativa, o cstítnulo, o silencio sno as técnicas prediletas do entrevis•
taclor, lilas lhe pcrtniletn seguir o entrevistado, Seguir o entrevistado é acompa•nlui.l() no de."dobratnento dc sua narraçào e de suas opinióes. Seguir o entre
vi5tado e na cotuprecn%io dos elementos que ele julga pertinent6
para dar sentido a tlina situaçáo, para interpretar os acontecimentos, para
portante do entrevistador a tildo aquilo que o entrevistado poderá mobilizar
cm seu discurso. O entrevistador frequentemente pode conceder-se o risco de
deixar o entrevistado distanciar-se do tema, digressionar; antes que perder, em
enquadrando-o, desenvolvimentos que poderiam progressivamente revelar-se
pertinentes. Seguir o entrevistado, portanto, supõe uma forma de engajamento
bem particular do entrevistador. Se ele intervém muito pouco ao longo da entre-
vista, privilegiando o silêncio às intervenções precipitadas, o entrevistador pode
não estar nem passivo nem acuado. Algumas formas de intervenções (os "hum,
hum" e os "sim-sim") às vezes parecem ilustrar de forma caricatural a postura
do ouvinte que tranquiliza o entrevistado sobre o fato dele responder bem às
expectativas da entrevista. O entrevistador dispõe, entretanto, de um leque mais
largo de técnicas de intervenções que lhe permitem gerir os ritmos da entrevista.
As intervenções não verbais exercem assim um papel importante e podem fre-
quentemente substituir vantajosamente uma fala desajeitada. Meneios de cabe-
ca, atenção acentuada, risos compartilhados indicam uma presença do entrevis-
tador que contribui ativamente na manutenção da mobilização do entrevistado.
0 entrevistador, por outro lado, deve buscar uma formação quanto à diversida-
de das intervenções verbais. O imperativo não é puramente formal: cada técnica
vem efetivamente pontuar o intercâmbio de maneira diferente, colocando em
epígrafe certas falas, ou acentuando determinados efeitos de dramatização.
Vañações úteis para manter a atenção
Não se trata aqui de fazer o inventário das técnicas de intervenções, aliás,
largamente documentadas, mas de ilustrar algumas nuanças. Assim, classica-
mente fala-se de repetição em eco quando o entrevistador repete as últimas pa-
lavras pronunciadas peloentrevistado. A repetição em eco é particularmente
apropriada quando o entrevistado se detém em uma frase, como que absorto
pelo que acaba de dizer: "Esta situação foi realmente difícil..." , diz o entrevis-
tado, como para concluir um desenvolvimento que não houve; "difícil..." , re
toma o entrevistador, em forma de eco. Fala-se ainda de reflexo personalizado
para descrever a intervenção que, para o entrevistador, consiste em formular
o que foi dito, engajando o entrevistado a desenvolver mais precisamente sua
fala: "Para você, o fato que... era..." Quando o entrevistador tenta fazer uma
reformulação das falas do entrevistado, frequentemente ele deve usar termos
próximos aos empregados pelo entrevistado. Ele poderia retomar os termos par-
ticularmente fortes, voluntariamente pejorativos ou grosseiros do entrevistado:
"Você pensava que ele era um cretino, só porque não tinha..." O entrevistador
deve evitar introduzir brutalmente um vocabulário manifestamente diferente
daquele do entrevistado. Introduzindo repentinamente termos técnicos, ele
igualmente parecerá adotar um ponto de vista saliente: "O que você quer dizer,
é exatamente que..." , diz o entrevistador, como para traduzir os termos julgados
desajeitados ou imprecisos do entrevistado em termos que ele julga mais ajus-
117
de validar suas
apresenta 'gualrncnte provas de deslize. Mas
do o entrevistador não tern
ado:a-lñ, t. 'nqnuar que este vocabulário lhe por
pertence. 
Fala_dc t-sp€lhadas quando o entrevistador se apoia
c«nmoJo. não mats nas falas do entrevistado, mas na inf para f
suas falas. Durante a entrevista, o entrevistado
orrnaÇào
dc Indicações, para alem dos próprios termos, através do tomdo. das mimicas, dos gestos. Aqui, ele parece marcar s
desaprovadhh
assumir um ar irónico, agitar-se ou sentir-se 
ua 
pouco àA Inrcncncào espelhada consiste, para o entrevistador, em mostrar onentrevistado a 
explicá-hs.
que
nào mc parecia estar completamente de acordo com isso. "
me pareceu deixá-lo a vontade..." , poderia sugerir então 0
Ajustar as intervenções aos ritmos da entrevista
Estas técnicas de intervenções formam a caixa de ferramentas
0 entrevistador mantenha a atenção do entrevistado; elas devemvista e ao mesmo tempo 
contribuirimpulsioná-la. A entrevista efetivamente se desenrola em diferentes
possível, aliás, observar estes ritmos em sua retranscrição. Assim,
r a Instrução deum monólogo do entrevistado, entrecortado por algumas intervenções
vistador (repetições em eco, reflexo personalizado etc.). Durante esta
de exploração aprofundada do tema pelo entrevistado, o entrevistador
no fio condutor do discurso do entrevistado, e anota alguns pontos de
cia. Uma vez o discurso esgotado, por estimar que o entrevistado 
afastou-*
demasiadamente do tema, o entrevistador poderá escolher, no memento opor.
tuno, retornar ao que foi dito, mobilizando seus pontos de referência ("Ainda
há pouco você dizia que..."), ou introduzir um tema da grade inexplorado,R.
correndo a uma nova instrução ("Existem também, acredito, associações que*
mobilizaram ao redor disso... a instrução iniciando potencialmente uma non
fase da explicação e consagrando o estatuto dos temas da grade como pontosde
passagem obrigatórios da entrevista.
Urgiria interpelar o entrevistado?
Durante a entrevista, o princípio da naturalidade benevolente frequente
mente lançou dúvida sobre certos tipos de intervenções do entrevistador. Apoy
tura do entrevistador exigiria que ele renunciasse a toda contradição do 
entre
vistado? Estaria, pois, a expressão de qualquer forma de desacordo 
proscrita,
por maior que seja o imperativo de compreensão? Mostrar surpresa 
diante
118
falas do entrevistado não significa necessariamente adotar um ponto dc vista
CICsobressalente. Interpelar é igualmente querer compreender mclhor. A fortna 
interpclaçao, a sequência de intervenções na qual ela sc exerce, o tom adotaclo
a atitude corporal do entrevistador (modesto, interessaclo) cxerccm aqui umc 
papel determinante. Assim, quando a relação de pesquisa é bem-cstabclecicla. c
quando o entrevistado já explorou "à sua guisa" um conjunto de temas, o entre-
vistador pode apoiar-se nesta experiência comum da entrevista para implementar
outras formas de intervenções e estabelecer intercâmbios mais estreitos. Isso
não significa dizer, no entanto, que a entrevista se transforme numa discussào
ordinária na qual entrevistador e entrevistado trocam doravante seus pontos dc
vista. O entrevistador continua, mas sob outra forma, a aprofundar o ponto dc
vista do entrevistado. Para tanto, ele pode referir-se à existência de controvérsias
ou de posições contrastadas ao redor de uma questão, como forma de levar o en-
trevistado a um posicionamento mais nítido. O entrevistador não se posiciona
aqui como árbitro das colocações em presença de alguém; ele simplesmente faz-
-se testemunha daquilo que viu ou ouviu ao longo de sua pesquisa. Ele submete
suas observações (anonimamente) ao entrevistado e o estimula, se o clesejar,
a comentá-las: "Eu encontrei pessoas que me diziam que elas..." As falas do
entrevistado são assim aproximadas às de outro entrevistado, e os intercâmbios
acabam participando da construção de um espaço das comparações internas ao
corpus.
Uma abordagem etnográfica dos tempos do encontro
No caso da pesquisa por entrevista, o encontro é a sequência etnográfica
pertinente para a análise. Existem, em diferentes casos, diferentes tempos no
encontro do entrevistador com o entrevistado: um tempo antes da entrevista, o
tempo da entrevista, e um tempo após a entrevista. O entrevistador deve refletir
sobre a dinâmica temporal na qual se perfila cada encontro. Ele deve posicionar-
-se diante do estatuto que ele acorda às falas do entrevistado ao longo destes
diferentes tempos.
O sequenciamento do encontro
O sequenciamento do encontro em geral é estreitamente vinculado à intro-
dução do material de gravação: seu início e seu fim contribuindo por assim dizer
na definição, aos olhos do entrevistado, da própria entrevista. Mas, para além do
próprio impacto da presença do material, os tempos do encontro são frequen-
temente condicionados por um conjunto de fatores sociais e circunstâncias lo-
cais. Assim, por exemplo, quando um pesquisador marca um encontro com um
conselheiro municipal em seu escritório na prefeitura, na segunda-feira, das 10
às II horas, ele pode esperar que o tempo do encontro se sobreponha estreita-
mente ao da entrevista. Em contrapartida, quando um encontro ocorre com um
119
recém-aposentado, em seu domicílio, no início da tarde, é 
provável
qualquer preço planificar a priori estes tempos, a 
organiza-los
e não 
necessita
sabendo que estes tempos existem, é levado a prestar contas disso 
d
tes maneiras. Primeiramente em sua organização 
material: éentrevistador se reserve uma margem de manobra no campo de
e difpreferível
de evitar o atraso de uma entrevista ou para fazer frente, ao 
contrário 
Pesquisa 
d
que 0se esperava, a um convite de acompanhar a discussão
enfrenta uma agenda lotada. A entrevista não deve, porta
uma gestão excessivamente fechada no planejamento
nto, 
inscrever
encontro é inviabilizado, outro deve estar programado 
do 
"na
entrevistador•
entrevistador, antecipando determinadas características do encontro
se
siderar influenciar na organização de seu sequenciamento
Aliás
de uma dinâmica particular na construção da relação com 0
, pode 
con
Antes da entrevista: Não é a cntrcvista?
Na pesquisa sobre 0 hormónio dc crescimento, por exemplo, 0nário retornava regularmente: a entrevista era marcada em domicílio dovistado, e em várias regiões da França, para as quais eu me deslocava
o O trajeto de carro comoentrevistado, desde o início da pesquisa, impôs-se como uma sequência particu.lar de encontro que precisou scr considerado. Uma viagem de carro é,muitos casos, nem o lugar nem o momento mais ajustado para se iniciar umaentrevista. A atenção do motorista é mobilizada pelas demandas da estradasituaçãonão é propícia para uma conversa "face a face", e nestas 
CirCUnstânciastorna-se difícil de introduzir um material de gravação. Assim o entrevistadorpode não ter interesse em favorecer a entrada rápida no tempo da entrevista, naexploração profunda do tema que está no coração do encontro, Ele pode entãotirar partido deste trajeto percorrido de carro estabelecendo uma série de inter-
câmbios destinados a instaurar um clima de escuta e discernir as características
sociais da pesquisa. Estes intercâmbios sempre devem permanecer informais.
Não se trata de aproveitar-se da viagem para preencher a "ficha identificadora'
do entrevistado antes da entrevista48. Estes intercâmbios são frequentemente
circunstanciados. Com tal entrevistado, nós evocamos, ao deixar o estaciona-
48. Esta "ficha identificadora- nem por isso e proscrita. O entrevistador, em anexo à sua gó
de entrevista, poderia ter listado o conjunto das características sociais que desejaria recoha
saída do encontro (idade do entrevistado, sua profissão etc.). Muito frequentemente, é no E 
&
entrevista que ele verificará, colocando questóes diretas ao entrevistado, que estas tnforrEG.ôS
foram suficientemente precisadas: "Você me havia tido que era professor?" , -você nàoé 
on—
da região?" etc.
120
da cstaçao dc trem, os engarrafamentos no centro , que não têm "nada
m parável aos dc Paris, evidentemente!" , me diz o entrevistado. Eu concordoc o 
c acrcqccnto que tornou-se "simplesmente impossível" desco-
dc carro cm Paris. Segundo o entrevistado, os engarrafamentos na cidade
ligados à "política do novo prefeito da cidade que...". Naquela ocasião
c.onnprccncli que o entrevistado cra professor aposentado, que ele sempre esteve
c IA gajado nas diferentes associaçócs locais e que ele estimava, enquanto cida-
cl'À(), tcr "sua 
palavra a dizer... Estes intercâmbios preparam simultaneamente
o tempo da entrevista c produzem elementos úteis à análise.
Após a entrevista: O momento cla verdade?
Raramente o encontro termina no momento em que entrevistador e en-
trevistado concordam com o fato de que a entrevista acabou, que "tudo foi
exaustivamente dito sobre o tema", e que o gravador é desligado. O encontro
podc estender-se por um tempo mais ou menos longo: se alguns entrevistados
conduzem simplesmente o entrevistador à porta de seus escritórios, outros lhe
propõem um café, ou o levam à estação... Após o encontro, a relação entre entre-
vistador e entrevistado se transforma. Ambos têm a impressão de que a tensão
desfez-se, que um novo espaço de discussão se abriu. O que concluir disso? Que
a entrevista foi um engodo? Que a presença do gravador, longe de ser invisível,
condicionou de uma ponta à outra o discurso de entrevistado? Que enfim a
palavra correu solta? Que a máscara caiu? Qual estatuto atribuir às conver-
sas "in-off'? Propomos aqui fugir da alternativa frequentemente evocada entre
"mentira e verdade", "dissimulação e revelação", para abordar a questão da ar-
ticulaçáo entre o tempo da entrevista e o tempo após a entrevista. Desta forma
pode-se considerar que o fim da entrevista (simbolizado pelo desligamento do
gravador) pode provocar uma oscilação nos discursos do entrevistado entre en-
gajamento público e familiaridade. Pelo fato desta oscilação ser frequentemente
limitada às questões particulares, ela é reveladora da posição que o entrevistado
adota diante delas. Assim, por exemplo, alguns entrevistados poderão evocar ao
longo da entrevista, de forma nuançada, as diferenças que os opõem a outros
atores engajados "numa causa comum". Após a entrevista, em contrapartida,
eles poderão mostrar-se muito prolixos, criticando-as ou tornando-as ridículas.
Não teríamos razão em ver nisso, de um lado, hipocrisia e, de outro, a mani-
festaçào de uma verdade. A unidade pertinente para a análise será constituída
das duas sequencias de enunciação que traduzem a existência de uma tensão
entre o que é vivido pela pessoa como uma coerção de concordância pública
entre pessoas atingidas por um mesmo infortúnio e a existência de divergências
de visões sobre a maneira de gerir este infortúnio. Assim, o entrevistador — já
ambientado poderá investir o tempo posterior à entrevista como um momento
propício para retornar aos elementos sobre os quais ele teria sentido a entrevista
121
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