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Professor Dr Paulo Márcio Leal de Menezes Universidade Federal do Rio de Janeiro IGEO - Dep de Geografia - Laboratório de Cartografia (GeoCart) e-mail: pmenezes@ufrj.br UNIDADE VII - 3 OBTENÇÃO E PLOTAGEM DE COORDENADAS UTM AZIMUTES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO IGEO CCMN Departamento de Geografia Disciplina de Cartografia Básica – IGG-125 INTRODUÇÃO O posicionamento de um ponto em coordenadas UTM é dado pelo par coordenado E e N, correspondentes ao afastamento do meridiano central (E) e do Equador (N) N > 0 m E > 500 000m N < 10 000 000 m E > 500 000m N > 0 m E< 500 000m N < 1 000 000 m E < 500 000m Equador Meridiano Central Coordenadas são sempre referenciadas em metros: P (E,N) = P (362.422,00 m; 7.389.901,38 m) Q (713.901,38 m; 8.728.773,83 m) Obtenção e Plotagem de Coordenadas UTM -Ligado à escala e ao erro gráfico de percepção da carta - O erro gráfico: a menor percepção visual que o olho humano pode ter -0,2 mm por razões de precisão instrumental -Valor único, seja qual for a escala de carta considerada -aceito como a área de indefinição relativa à ponta de um lápis no papel ou à ponta seca do compasso - para cada escala haverá um erro gráfico associado: 1:5.000 1 m (1.000 mm) 1:10.000 2 m (2.000 mm) 1:25.000 5 m 1:50.000 10 m 1:100.000 20 m 1:250.000 50 m O significado destes valores, para a obtenção de coordenadas em uma carta, é devido aos seguintes aspectos: - Em relação à escala da carta, não será possível obter coordenadas com valores de precisão menores do que o valor expresso pelo erro gráfico; - Não será possível plotar coordenadas com uma precisão menor do que a expressa pelo erro gráfico Exemplo: Carta na escala 1/50.000 - na medida de uma coordenada qualquer, o erro de sua determinação estará sempre em torno da precisão de 10 m. 14 mm x 50 000 = 700 m 13,9 mm x 50 000 = 695 m 13,8 mm x 50 000 = 690 m Significado dos Valores do Erro Gráfico 13.9 mm Valor e = 635.843,32 m - escala 1/25.000 Necessário plotar só a parte de centenas de metros Valor 33,7328 mm, (843,32/ 25000) o que é impossível. Pode-se plotar 33 mm e estimar 0,7 mm, considerando-se a certeza da régua em 0,5 mm Precisão estimada em torno de 5 m definidos pelo erro gráfico. Exemplo: Plotagem de uma coordenada Cartas Topográficas 1984 Obtenção de Coordenadas UTM da carta Problema prático: verificação da escala da carta a trabalhar As coordenadas obtidas por interpolação linear, dentro da quadrícula que contém o ponto a determinar Essencial a identificação da quadrícula através dos valores de coordenadas E e N que a limita Serão utilizados os valores de E e N e dE e dN, na carta e no terreno, respectivamente EC , NC , dEC , dNC e ET , NT , dET , dNT 672 674 7536 7538 E N dE dN Problema resolvido por uma simples regra de três, relacionando estes elementos, tanto para a obtenção como para a plotagem de coordenadas T C T C dE dE E E T C T C dN dN N N C TC T E ExdE dE C TC T N NxdN dN T CT C E ExdE dE T CT C N NxdN dN e e Os valores de EC , NC , ET e NT serão fixos, e os seus relacionamentos serão iguais à escala da carta e ao número da escala respectivamente: T C NouE NouE E C T NouE NouE escaladanúmeroN )( Para a obtenção de coordenadas, basta multiplicar o valor de dEc ou dNc obtidos na carta, pelo valor do número da escala do mapa em trabalho NxdEdE CT NxdNdN CT NdEdE TC / NdNdN TC / Para a obtenção de coordenadas, basta dividir o valor de dET ou dNT obtidos na carta, pelo valor do número da escala do mapa em trabalho Exemplo: Escala 1/50.000 Quadrícula definida pelos limites das coordenadas do canto inferior esquerdo (CIE), referenciadas em quilômetros. Q (672, 7536) – CIE = 672000m, 7536000 m 672 674 7536 7538 EC = 4 cm NC = 4cm dE = 2,84 cm dN = 2,93 cm ET = 2 km NT = 2 km Medidos na carta, os afastamentos de cada uma das linhas das coordenadas limite, que corresponderão às diferenças de coordenadas, a partir do início da quadrícula. Medidas efetuadas à régua milimetrada de precisão (1/2 mm), ou com o escalímetro Medida a Régua Os resultados das medidas à régua, devem ser transformados para a escala, aplicando-se a formulação estabelecidaida dE = 2,84 cm x 50.000 = 1.420 m dN = 2,27 mm x 50.000 = 1.465 m Os valores obtidos devem ser somados às coordenadas da quadrícula: 672.000 m para E 7.536.000 para N, fornecendo as coordenadas desejadas EP = 672.000 + 1.420 = 673.420 m NP = 7.536.000 + 1.465 = 7.537.465 m NxdEdE CT NxdNdN CT Medida a Escalímetro As medidas com o escalímetro fornecem diretamente as coordenadas, uma vez que ele funciona como uma escala gráfica Plotagem de Coordenadas UTM na carta Definição do problema inverso: dado um ponto do terreno (superfície terrestre), por suas coordenadas E e N, localizar na folha da carta correspondente. Passos necessários: - identificar a escala da carta; - identificar a quadrícula que conterá o ponto, verificando as suas coordenadas inteiras em quilômetros; - decompor as coordenadas, retirando a parte quilométrica; - transformasr o valor que sobrar para a escala, em cm ou mm; - marcar na quadrícula o dEC e NC respectivamente, pelos valores obtidos pelo cálculo ou pelo escalímetro. Exemplo Escala 1/25.000 P ( 649.385,3; 7.744.726,8 m) Quadrícula (649, 7744) = 649.000 m; 7.744.000 m dET = 649 385,3 – 649 000 = 385,3 m dNT = 7 744 726,8 – 7 744 000 = 726,8 m NdEdE TC / NdNdN TC / dEC = 385,3 m / 25000 = 15,412 mm 15,4 mm dNc = 726,8 m / 25000 = 29,072 mm 29,1 mm 7745 7744 649 650 P 15,4 mm 29,1 mm Exercício Folha CAVA a) Obter as coordenadas dos pontos 1 e 2 b) Plotar as coordenadas 3 (654326,2m; 7484574,7m) 4 (655775,3m; 7485909,6m) 1 2 AZIMUTES E RUMOS NA CARTA TOPOGRÁFICA Azimute entre Dois Pontos Ângulo formado entre a direção do Norte passando pelo ponto estação e a direção considerada entre este e o outro ponto, contada em sentido horárioB N Ângulo Azimutal Θ Norte magnético como direção base, o azimute será magnético. O norte magnético é a direção determinada pela agulha magnética, livre de influência de massas metálicas Campo magnético terrestre. Norte geográfico como base, o azimute pode ser geográfico, geodésico ou verdadeiro O norte geográfico ou verdadeiro é o ponto de convergência de todos os meridianos. Norte da carta como base, azimute da quadrícula ou da carta. O norte da quadrícula é definido pela direção das linha de coordenadas paralelas ao meridiano central, linhas verticais que estabelecem as coordenadas N. Azimute Magnético Declinação Magnética Ângulo formado entre o plano do meridiano geográfico e o plano do meridiano magnético que passa pelo lugar Diferença entre o azimute magnético e verdadeiro = Az mg - Az v Az mg = Az v + (soma algébrica) NM NM NV Ocidental Oriental NV A declinação pode ser ocidental, caso o norte geográfico esteja a direita do norte magnético, sendo então a declinação positiva. Az mg Az v A declinação pode ser oriental, caso o norte geográfico esteja a esquerda do norte magnético, sendo então a declinação negativa. Az v Az mg A declinação é determinada com rigor por meio de magnetômetros e com precisão compatível com trabalhos topográficos, comparando-se valores lidos com bússolas de boas qualidade e determinações astronômicas executadas a teodolitos. Variações periódicas e acidentais. Variações periódicas são de ocorrência secular, anual e diurna. Secular é resultante da movimentação dos pólos magnéticos. Anual é decorrente da secular. Diurna é resultante de um movimento oscilatório. Não é levado em conta para a topografia Variações acidentais: climáticas (tempestades magnéticas) espaciais (presença de grandes massas magnéticas - jazidas de ferro, estruturasmetálicas , etc) O valor básico da declinação em um lugar e época, é extraído dos mapas isogônicos que contém: - graticulado de meridianos e paralelos; - linhas isogônicas (igual declinação); - linhas isopóricas (igual variação anual); - linhas referentes à perturbações magnéticas Mapas Magnéticos - Mapas Isogônicos São produtos cartográficos confeccionados, no Brasil, pelo Observatório Nacional, para possibilitar a determinação da declinação magnética em qualquer ponto do território brasileiro, seja em época anterior ou posterior a sua confecção. É composto pelas curvas isogônicas e curvas isopóricas, que cobrem todo o território nacional. Para o cálculo da declinação magnética (d) é utilizada a expressão Declinação magnética Para o local e ano indicado – Valor isogônico Variação anual para o local e ano indicado – Valor isopórico -Locação do local no mapa isogônico. -O mapa fornece as linhas isogônicas (igual declinação) para o dia 01 de janeiro do ano, bem como as linhas isopóricas, linhas de igual variação anual. -Precisão da bússola é da ordem de 15', basta proceder a determinação por simples interpolação, obtendo-se: - a declinação entre as isogônicas que enquadram o lugar; - a variação anual entre as isopóricas correspondentes. Exemplo: Obter a declinação magnética e a respectiva variação anual, para a cidade de Belo Horizonte, através do Mapa Isogônico do Observatório Nacional. Determinação da Declinação Magnética Atualização da Declinação Magnética em uma Carta Topográfica A carta topográfica apresenta a declinação magnética e a variação anual para o ano da sua edição, deve-se realizar a atualização da declinação para o ano de utilização. Exemplo Considera-se a diferença entre o ano atual para o ano indicado pela carta Ano atual = 1998 Ano da declinação = 1991, 1998 – 1991= 7 anos. Para se corrigir o numero de meses para o ano em curso, conta- se até o mês considerado menos um, Para o mês de setembro, conta-se até agosto, no caso 8. Entra-se com os valores na fórmula mesesNx va anosNxva ooCARTAAT 12 Convergência Meridiana Ângulo entre o norte da quadrícula e o norte geográfico ou verdadeiro. É invariante para cada ponto, dentro da projeção UTM 12 = 12 + ou Azv = Azq + 12 = 21 180 , onde é a convergência meridiana elipsóidica Relação entre Azimute verdadeiro e o contra-azimute A convergência será ocidental ou negativa se o azimute plano for maior que o verdadeiro, e oriental ou positiva, se o azimute plano for menor que o verdadeiro (respectivamente se o norte geográfico estiver à direita e à esquerda do norte da quadrícula) Ocidental Oriental NQ NQNV NV Fórmula Aproximada C = . Sen diferença meridiano do ponto e meridiano central do fuso em minutos; latitude do ponto. Determinação de Azimute de Quadrícula O azimute de quadrícula é resultado do relacionamento trigonométrico, determinado entre as diferenças de coordenadas E e N A (EA; NA) B (EB; NB) N E Azq(AB) Relação entre coordenadas Quadrante Valor do Azimute EbEa NbNa 10 = arc tg EbEa NbNa 20 = arc tg + 900 EbEa NbNa 30 = arc tg + 1800 EbEa NbNa 40 = arc tg + 2700 N E N E E N E N Rumos Denomina-se rumo de um alinhamento o ângulo que ele forma com a ponta da agulha magnética que lhe fique mais próxima. Os rumos são contados para a direita ou para a esquerda, conforme se achem mais próximos de E ou de W, variando sempre de 00 a 900 N S EW A B C D RR N R R 4 1 2 3 Ângulo NOA = 600 Rumo OA = 600 NE Ângulo SOB = 700 Rumo OB = 700 SE Ângulo SOC = 200 Rumo OC = 200 SW Ângulo NOD = 680 Rumo OD = 68 NW Para converter um rumo em azimute, são válidas as relações: - 10 Quadrante R = Az - 20 Quadrante R = 1800 - Az - 30 Quadrante R = Az - 1800 - 40 Quadrante R = 3600 - Az Orientação e Bússolas A Terra pode ser considerada como um gigantesco imã, devido a circulação da corrente elétrica em seu núcleo formado de ferro e níquel em estado líquido, criando um campo magnético. Este campo magnético ao redor da Terra tem a forma aproximada do campo magnético ao redor de um imã de barra simples. Exerce uma força de atração sobre a agulha da bússola, fazendo com ela entre em movimento e se estabilize quando sua ponta imantada estiver apontando para o Norte magnético e na direção Norte/ Sul magnética. Azimute (Para recordar) Azimute de uma direção é o ângulo formado entre o meridiano que passa pelo ponto origem, magnético ou geográfico, e a direção considerada. Medido a partir do Norte, no sentido horário e varia de 0º a 360º Transformação do Azimute Magnético em Geográfico e Vice-versa A transformação de elementos (rumos, azimutes) com orientação pelo Norte verdadeiro ou magnético é um processo simples, basta somar ou subtrair da declinação magnética a informação disponível. Atualmente no Brasil a declinação magnética é negativa; o azimute verdadeiro é igual ao azimute magnético menos a declinação magnética, conforme será demonstrado a seguir. A figura A mostra quando a declinação magnética é positiva e o azimute verdadeiro é calculado por: Azv = Azm + δ Para o caso do Brasil, onde a declinação magnética é negativa (figura), o azimute verdadeiro será obtido da seguinte forma: Azv = Azm +(- δ) Sabe-se que o azimute verdadeiro da torre de uma antena no Rio de Janeiro (φ = - 23º25’ , λ = - 43º13’) é 45º 21’ no dia 25 de agosto de 2009 e a declinação magnética correspondente é igual a - 24º 32’ . Calcular o azimute magnético para a direção em questão. Azm = Azv - δ Azm = 45º 21’ - (-24º 32’) Azm = 69º 53’ Exercício BÚSSOLAS São instrumentos que permitem observar a direção do Norte Magnético e medir o ângulo azimutal para uma direção. Existem modelos de bússolas para as mais diferentes aplicações, navegação marítima, navegação aérea, navegação terrestre, geologia, topografia, mergulho, etc. A bússola é composta de uma agulha metálica imantada, equilibrada horizontalmente sobre um eixo com um atrito insignificante. A agulha da bússola, estimulada pelo campo magnético terrestre, gira até alcançar sua posição de equilíbrio, ficando alinhada com o campo magnético terrestre no local, indicando a direção Norte-Sul Possui uma escala graduada giratória para a leitura dos ângulos que a origem desta escala faz com a agulha da bússola, que expressa uma direção numericamente, como um ângulo Tipos de Bússolas Dois tipos básicos: -Limbo fixo: A agulha é independente do limbo graduado - Limbo móvel: A agulha é o próprio limbo e este gira em torno de um eixo A bússola de campo é uma bússola de base plana transparente cujo desenho básico surgiu na Suécia, na década de 1930. A sua concepção combina vários recursos com uma grande facilidade de operações, tais como trabalhos de campo e competições. Técnicas de uso da bússola: procedimentos básicos A principal característica da bússola é servir como uma referência de para a determinação de uma direção constante Todas as técnicas de uso da bússola têm por base primária esta característica fundamental As técnicas de uso da bússola são baseadas na combinação de dois procedimentos básicos: determinar a direção correspondente a um azimute; determinar o azimute correspondente a uma direção. O primeiro procedimento (direção) possibilita efetuar um deslocamento em uma direção especificada numericamente. A distância deste deslocamento pode ser medida, por exemplo, utilizando técnicas de medidas de distância (trena, passo duplo, etc). • O segundo procedimento (azimute) permite obter numericamente a direção de um deslocamento a ser efetuado ou direções de objetos notáveis, importante na identificação de pontos a atingir e pontos de controle em deslocamentos. Estes procedimentos básicos permitem a navegação em terrenos sem o uso de mapas detalhados ou cartas topográficas Determinando adireção correspondente a um azimute 1. Girar a cápsula até que o azimute especificado na escala graduada coincida com a marca do ponteiro; 2. com a bússola em posição plana e horizontal, girá-la juntamente com o próprio corpo até que a agulha esteja centrada na seta orientadora com as cores emparelhadas, vermelho com vermelho e preto com preto; 3. nestas condições, a marca do ponteiro indicador, em conjunto com as outras marcas auxiliares alinhadas com ele indicam a direção correspondente ao azimute especificado; 4. para efetuar um deslocamento no terreno seguindo esta direção, escolher um ponto de referência no terreno localizado na direção do azimute desejado e caminhar em direção a ele sem olhar para a bússola. Determinando o azimute correspondente a uma direção 1. escolher um ponto de referencia no terreno que seja alinhado com a direção especificada; 2. com a bússola em posição plana e horizontal, girá-la juntamente com seu corpo até que a marca do ponteiro indicador, em conjunto com as outras marcas auxiliares alinhadas com ela, aponte para a direção especificada; 3. mantendo a bússola na posição descrita, girar a cápsula até que a agulha esteja centrada na seta orientadora com as cores emparelhadas, vermelho com vermelho e preto com preto; 4. ler, na marca do ponteiro indicador, valor do azimute correspondente à direção especificada. Método da Triangulação para Determinar uma Posição na Carta Este método permite-nos localizar, com bastante precisão, a posição na carta. Exemplo de como utilizar este método: - Identificar, no terreno e na carta, dois pontos. Foi escolhido um marco e um cruzamento à vista do observador e facilmente identicáveis na carta através dos seus símbolos. com a bússola determinam-se os azimutes dos dois pontos, 340º e 30º, respectivamente para o Marco e para o cruzamento Conhecidos os azimutes, passa-se a calcular os azimutes inversos respectivos: 160º é o azimute inverso de 340º e 210º o de 30º. Na carta, e com o auxílio de um transferidor, traçam-se os azimutes inversos a partir de cada um dos pontos (160º para o marco e 210º para o cruzamento). O ponto onde as linhas dos dois azimutes inversos se cruzam corresponde à localização do ponto.
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